Você está na página 1de 2

O que é?

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica que busca identificar
e modificar padrões de pensamento negativos ou distorcidos que contribuem para problemas
emocionais e comportamentais. Ela ajuda as pessoas a substituírem pensamentos disfuncionais
por pensamentos mais saudáveis e realistas, além de promover mudanças comportamentais e
estratégias de enfrentamento eficazes.

TCC Infantil
A TCC infantil enfoca a interação entre terapeuta e criança, usando entrevistas, observação,
atividades lúdicas e leituras. Trata problemas comportamentais ligados à dinâmica familiar,
aplicando estratégias cognitivo-comportamentais para tratar transtornos psicológicos
relacionados a conflitos familiares. Embora seja um campo menos explorado, é crucial
estabelecer uma aliança terapêutica sólida com a criança e os pais para alcançar resultados
positivos.

História da paciente
Resumidamente, a paciente B. teve um desenvolvimento cognitivo e emocional normal até os 3
anos de idade. Após a separação dos pais, ela começou a ter problemas de linguagem que se
intensificaram. Presenciou discussões e agressões durante esse período, o que afetou sua
segurança emocional. Aos 6 anos, iniciou terapia para lidar com agressividade e revolta em
relação à mãe, com quem tinha dificuldade de interação. Durante o tratamento, a mãe passou a
ficar menos presente devido ao trabalho, fazendo com que B. passasse mais tempo com a tia. No
entanto, o relacionamento com a tia era conturbado, e a avó paterna a tratava de forma
infantilizada. Após um ano, a mãe se casou novamente, causando ciúmes por parte do pai e
aumentando as brigas entre os pais, inclusive com ameaças físicas. B. tinha um relacionamento
afetuoso com o pai, mas sentia insegurança em relação ao padrasto.

Avaliação Inicial
Na primeira fase da terapia, ocorreu uma avaliação psicológica e conceitualização cognitiva.
Foram realizadas entrevistas com os pais e a avó, além de atividades lúdicas com a criança. Os
principais objetivos foram estabelecer uma aliança terapêutica, explorar emoções e pensamentos
relacionados à separação dos pais, avaliar padrões cognitivos em desenvolvimento e fornecer
educação sobre o problema e o tratamento. O diagnóstico incluiu Problema de Relacionamento
entre Pai/Mãe-Criança e Transtorno Fonológico. A conceitualização identificou crenças
desadaptativas de desconexão, rejeição, abandono, defectividade e inibição emocional. A terapia
visou melhorar a comunicação entre os pais, promover uma interação mãe-filha saudável e
trabalhar as crenças desadaptativas da criança.

Intervenção
Durante a terapia, a criança expressou emoções relacionadas à separação dos pais e interação
com a mãe, inicialmente desejando que eles ficassem juntos. Através de desenhos e entrevistas,
revelou segredos envolvendo a avó e o pai. A terapia permitiu a expressão e o processamento
desses sentimentos, além de abordar crenças de busca por aprovação. A criança compreendeu
que a separação não era culpa dela e expressou raiva e insatisfação em relação à mãe, desejando
a separação devido às brigas constantes. A terapeuta auxiliou na reparação emocional e na
reestruturação dos pensamentos disfuncionais sobre a separação.

Durante a terapia, a técnica de role-play foi utilizada para trabalhar os esquemas emocionais de
privação emocional e busca de aprovação e reconhecimento. A criança tinha dificuldade em
expressar sua raiva em relação à mãe durante as brigas com o pai. Por meio de jogos de faz de
conta, a terapeuta incentivou a criança a expressar seus pensamentos e sentimentos em relação à
mãe. Foi identificado que a falta de interação e apoio da mãe afetava negativamente a relação
mãe-filha, então sessões foram realizadas com a mãe para estabelecer horários e atividades que
promovessem uma interação mais saudável. Também foram conduzidas sessões com o pai para
abordar a expressão intensa de sentimentos negativos na presença da criança, relacionados a
temas de morte, que causavam medo na criança.

Considerações Finais
Este estudo de caso descreve o tratamento cognitivo-comportamental de uma criança com
Transtorno Fonológico e problemas emocionais devido à separação dos pais. Diversas
abordagens, como desenhos, role-play, jogos, livros e o baralho das emoções, foram utilizadas.
A relação terapêutica estabelecida com os pais e a criança foi fundamental para o progresso do
tratamento.

Após a intervenção, houve melhorias no relacionamento da criança com os pais e na


comunicação entre eles. Os pais compreenderam o impacto de seu comportamento na criança e
reconheceram a importância de um ambiente psicologicamente saudável. Essas mudanças
decorreram da intervenção nos esquemas cognitivos formados a partir das interações da criança
com a família e outros ambientes.

Foram identificados esquemas desadaptativos relacionados ao abandono/instabilidade, privação


emocional e defectividade/vergonha, associados à instabilidade emocional dos pais, falta de
apoio emocional e cuidados inadequados. A identificação dos fatores ambientais que
perpetuavam os comportamentos problemáticos foi essencial para uma intervenção eficaz.

O tratamento durante a infância é crucial, pois é nessa fase que os esquemas cognitivos estão se
desenvolvendo. Além de aliviar o sofrimento, a psicoterapia desempenha um papel preventivo,
ajudando a construir alternativas aos esquemas desadaptativos iniciais.

Você também pode gostar