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Universidade Federal do Delta do Parnaíba

Curso de Psicologia
Disciplina: Técnicas em Exame Psicológico
III

Profa Cyntia Mendes

Andressa Pereira de Jesus


Nauane Kaylane Pereira Gomes

Relatório de aula prática

Parnaíba - PI
2023
Sumário
1. Introdução
2. Fundamentação Teórica
3. Análises e Discussões
3.1 Florescimento Perma
3.2 Escala Adult Self Report Scale
3.3 Impulsividade de Barrat
4. Conclusão
5. Referências
Apêndice A - Protocolo de Observação
1. Introdução.
O presente trabalho tem por objetivo analisar os resultados obtidos na atividade
prática da matéria de Técnicas de Exame Psicológico III, que ocorreram na Universidade
Federal do Delta do Parnaíba, onde as alunas e observadoras Andressa Pereira de Jesus e
Nauane Kaylane Pereira Gomes entrevistaram uma a outra para coletar dados referentes às
escalas estudadas em sala de aula. Os testes aplicados foram: Escala de Florescimento
PERMA-Profiler, Escala de Impulsividade de Barrat e Escala Adult Self Report, feito para fins
de estudo, sem requerimento de um diagnóstico pós teste. A aplicação das escalas
aconteceram em dois dias distintos, ambas em sala de aula.
Por fim, é preciso reforçar que esse estudo não irá emitir diagnósticos, mas tem o
intuito de contribuir com estudos e prática na matéria de TEP III, relacionando com artigos
sobre a área e o que foi estudado em sala de aula.

2. Fundamentação Teórica.
Nas escalas aplicadas, duas dizem respeito a observação de Transtorno do Déficit de
atenção e Hiperatividade, que são a Escala de Impulsividade de Barrat e Escala Adult Self
Report, já a Escala de Florescimento PERMA-Profiler busca analisar o bem-estar através
dos scores em emoções positivas (P), engajamento (E), relacionamentos positivos (R),
sentido de vida (M) e realização (A), além de analisar saúde física, emoções negativas e
felicidade em geral.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o Transtorno


do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico de caráter
genético, que aparece na infância e pode vir a acompanhar o indivíduo por toda a sua vida.
É considerado o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para
serviços especializados, tendo um percentual de ocorrência de 3 a 5% das crianças,
podendo ter uma intensificação na idade escolar. Já no artigo “Transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade: atualização”, de Rohde e Halpern (2004), o TDAH é definido como
um transtorno que possui influência de fatores genéticos e ambientais, mas sem causas
precisas para sua ocorrência. Apesar das várias leituras em diferentes áreas, a ABDA
explica que esse transtorno é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), e, de acordo com Caliman (2008), esse reconhecimento
aconteceu em 1994, quando o quarto volume do Manual Estatístico e Diagnóstico de
Doenças Mentais - DSM IV (American Psychiatric Association [APA], 1994) foi publicado.
Caliman (2009) sintetiza o TDAH como um fenômeno constituído por política, moral e ciência
que estão relacionadas, mas que de alguma forma são ocultadas na versão neurobiológica
do transtorno.
O TDAH é caracterizado por sintomas de desatenção e comportamento, tais como
agitação, impulsividade e dificuldade de manter a atenção (Bukley, 2002). Para além disso,
ele é dividido em três subtipos, que são o subtipo da dificuldade de atenção, o subtipo da
hiperatividade, e o subtipo que combina os dois outros subtipos, sendo que o subtipo com
predomínio de sintomas de desatenção é mais frequente no sexo feminino (Couto, de
Melo-Junior, Gomes, 2010). De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, o sintoma mais característico do TDAH é um padrão persistente de
desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no
desenvolvimento (APA, 2014). A desatenção se manifesta no TDAH como se distrair durante
tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização. A
hiperatividade faz referência a movimentação constante ou conversar em excesso. A
impulsividade faz referência a ações precipitadas que ocorrem de forma inusitada, com
potencial para dano à pessoa e com consequências não levadas em consideração.
Contudo, existem características associadas que apoiam o diagnóstico, tais como
dificuldade de aprendizagem, perturbações motoras (equilíbrio, noção de espaço e tempo,
esquema corporal, etc.), desempenho acadêmico ou profissional prejudicado, baixa
tolerância à frustração, irritabilidade ou oscilação no humor.
O TDAH costuma ser identificado com mais frequência durante os anos do ensino
fundamental, pois é quando a desatenção fica mais evidente, já que na sala de aula é
necessário concentração. Já nos anos iniciais da adolescência, o transtorno tende a
estabilizar, porém alguns indivíduos possuem uma piora, com o desenvolvimento de
comportamentos antissociais e de isolamento, tendendo a não demonstrar muito dos
sintomas de hiperatividade motora, embora persistam dificuldades com planejamento,
inquietude, desatenção e impulsividade. Na pré-escola, a principal manifestação é a
hiperatividade, as crianças tendem a correr em todos os momentos. Com relação a gêneros,
o TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino na população em geral,
com uma proporção de cerca de 2:1 nas crianças e de 1,6:1 nos adultos (APA, 2014).
Para além dos conceitos apresentados do TDAH nas idades iniciais, o transtorno
persiste durante a vida adulta e os sintomas comportamentais continuam evidentes em cerca
de metade dos casos (APA, 2014). Em adultos, os sintomas incluem dificuldade de
concentração, dificuldade de concluir tarefas, oscilações de humor, impaciência e dificuldade
de manter relacionamentos, podendo ser mais difícil de diagnosticar durante a vida adulta.
Os sintomas podem ser semelhantes aos de transtornos do humor, de ansiedade e por uso
abusivo de substâncias nocivas (drogas).
A impulsividade é um dos fatores associados ao TDAH, mas que nem sempre está
relacionado a ele, pois pode se manifestar de forma intensa em outros transtornos. É
caracterizada por padrões distintos, que vão de cognitivos a comportamentais, e que levam a
consequências imediatas, a longo ou médio prazo (Diniz et al, 2010). De acordo com Moeller
et al, a impulsividade ocorre quando há mudanças no curso da ação sem que seja feito um
julgamento consciente prévio, ocorrem comportamentos impensados e se manifesta uma
tendência a agir com menor nível de planejamento em comparação a indivíduos com mesmo
nível intelectual (Diniz et al, 2010). Por fim, mesmo sem estar dentro de um quadro
patológico, a impulsividade pode trazer danos à vida das pessoas, mesmo quando não se
percebe esse fator fenotípico no dia-a-dia.
Outro ponto de caráter subjetivo estudado nas escalas foi o bem-estar. O bem-estar é
uma atitude, conduzida pelo afeto e cognição, e diz respeito à felicidade, satisfação, estado
de espírito e afeto positivo, de forma que objetifique como as pessoas avaliam suas vidas,
além de observar a qualidade de vida. É influenciado por classe social, gênero, raça, cultura,
entre outros (Giacomoni et al, 2004).
O estudo desse caso é pautado na entrevista e teste com universitários, por tanto, no
contexto dos graduandos, tendo em vista que os principais sintomas do TDAH, impulsividade
e bem-estar podem vir a interferir na vida do acadêmico. Discentes com TDAH geralmente
têm problemas com leitura, escrita, falta de socialização em dinâmicas nas aulas,
dificuldades em relacionamentos e autoestima baixa, geralmente apresentam problemas
como dificuldade de concentração nas aulas, falta de leitura e dificuldade em interpretação.
Duas queixas podem ser levantadas em função do TDAH no contexto universitário. A
primeira, é que sintomas de ansiedade e depressão em estudantes universitários com TDAH
aumentam por conta das dificuldades encontradas na formação acadêmica e no ambiente do
campus, e principalmente sem ajuda de colegas. A segunda é que, segundo Gorrere e
Santos (2020), no Brasil há a dificuldade em realizar a inclusão de indivíduos com TDAH,
mediada por professores, pois falta preparo desses profissionais nos aspectos psicológicos,
pedagógicos e técnicos.
Em síntese, o TDAH é um transtorno que afeta as pessoas em âmbito acadêmico
pois está ligado a um caráter de produção. Já a impulsividade em excesso pode prejudicar
na tomada de decisões, e comprometer a vida social e acadêmica das pessoas no geral,
gerando situações que tirem o foco. Por último, o bem-estar estando positivo, pode trazer
ganhos na vida cotidiana, e é importante para a manutenção interna do sujeito, que
compromete sua vida externa. Por tanto, é preciso ter um acompanhamento, e as escalas
aplicadas podem ajudar na manutenção de hábitos, comportamentos e saúde mental, até
para nível de informação.

3. Análises e discussões.

A atividade proposta através da matéria de Técnicas em Exames Psicológicos III,


ministrada pela professora Cyntia Mendes, teve como objetivo a aplicação de três escalas
durante duas datas, uma no mês de dezembro e as outras duas em uma mesma data no
mês de janeiro. Ambos os momentos foram realizados na sala de aula da UFdPar no
período da aula. Durante a atividade, uma aluna aplicava a escala na outra e depois
analisava a construção da escala e o seu resultado a partir da orientação dada pela
professora. Para os fins da atividade só utilizaremos as escalas e os resultados de uma das
alunas. No mês de dezembro, primeiramente, foi aplicada a Escala de Florescimento
PERMA-Profiler. Nessa ocasião, cada aluna explicava a outra os procedimentos, dava as
instruções iniciais de que se deveria marcar uma numeração que indicava a frequência nos
últimos seis meses para cada item e da finalidade daquela escala. Neste momento não
houveram dúvidas acerca do material aplicado.

Na segunda ocasião, foram aplicadas a Escala de Impulsividade de Barrat e a Escala


Adult Self Report. O mesmo procedimento se repetiu, como na primeira aplicação, a única
diferença é que nessas duas escalas não era utilizado um escalonamento numeral
correspondente a frequência, e sim a descrição da própria frequência. Nesse momento
também não houveram dúvidas acerca do material aplicado. Ao final dos dois dias as
escalas utilizadas eram corrigidas. Assim, primeiro vamos esboçar o conceito de escala e
depois nos a ter a cada uma em específico.

Nesse sentido, é importante se esclarecer que o teste psicológico segundo Pasquali


(2011) é um instrumento psicológico que serve para avaliar o indivíduo por alguma situação
específica, seja cognitiva ou de capacidade e habilidades e, geralmente, utilizam de correção
ou qualidade na sua avaliação. Assim, é um procedimento sistemático, que necessita de
planejamento e uniformidade, objetivando a coleta de amostras de comportamento para
entender o funcionamento cognitivo ou afetivo a partir de uma relação de significância
daquele teste, servindo, por fim, de comparação para certos padrões de regras
pré-estabelecidas e comuns a todas as amostras. Os testes abarcam vários instrumentos
como inventários, escalas e questionários, mas que se diferenciam na sua produção,
aplicação e métodos de análise e correção. (PASQUALI, 2011)

Desse modo, a atividade proposta utiliza de escalas, ou seja, grupos de itens que
estão sendo utilizados para falar sobre a mesma variável e são colocados em ordem de
dificuldade ou intensidade, também chamado de escalonamento (PASQUALI, 2011). As
escalas não foram usadas para tecer um diagnóstico ou laudo, tendo os objetivos focados
no aprendizado durante as aulas e na prática para possíveis futuras aplicações. Agora
analisaremos os instrumentos utilizados e seus resultados.

3.1 Escala de Florescimento PERMA - profiler.

Segundo Carvalho (2019), o florescer de Seligman tem a ver com a expressão de


emoções positivas a partir da sua interação com o meio e a comunidade ao redor. Isto se
refletiria de modo claro nos níveis de bem-estar e satisfação com a vida, além da promoção
de melhores condições de conforto e experiências.

O florescimento seria analisado por cinco dimensões: Emoções positivas (P),


Engajamento (E), Relacionamentos positivos (R), Sentido (M) e Realização (A), dando
origem a sigla PERMA, onde cada letra corresponde as palavras descritas anteriormente
traduzidas em inglês. Como cada dimensão é mensurável, a escala os expressa durante 23
itens, sendo três deles para os domínios PERMA e o restante divididos entre: três de saúde
física, três de emoções negativas, um de solidão e um de felicidade.

Cada item está escalonado numericamente de 0 a 10, representando a frequência de


cada situação demonstrada. Nesse sentido, 0 representaria as frequências nunca, terrível e
nada, e 10 as frequências sempre, excelente e completamente.

Quanto às críticas tecidas pela dupla, pôde-se observar que a linguagem utilizada é
de fácil entendimento. Apesar de alguns itens que utilizam a expressão “o quanto” não se
relacionarem de maneira totalmente encaixada com as suas respostas “nada” e
“completamente”. Um exemplo é no item 7 “em geral, o quanto você leva uma vida
significativa e com propósito?” A expressão “o quanto” se relaciona melhor com advérbios
de quantidade ou intensidade como muito e bastante ou pouco, quase nada e pouquíssimo.
Essa troca não alteraria o sentido do item e poderia se repetir nos itens 8, 9, 10, 11, 12, 19,
20, 21, 22 e 23. Além disso, apesar do florescimento ter uma grande relação com o meio e
as pessoas ao redor, há apenas o item 18 que expressa ideia de comparação ou o entorno
como análise do sujeito.
Tendo em vista isso, após o preenchimento dos itens faz-se a análise dos resultados.
Estes são obtidos a partir do somatório da pontuação dos itens que estão divididos entre os
fatores correspondentes e depois o cálculo de sua média aritmética. Os itens 3, 13 e 22
(soma igual a 21) se relacionam com as Emoções Positivas (P) e obtiveram média 7. Em
relação ao fator Engajamento (E), correspondente aos itens 2, 10 e 7 (soma igual a 20), a
média foi 6,6. Já para o fator Relacionamentos Positivos (R), equivalente aos itens 8, 20 e
21 (soma igual a 23), a média teve resultado 7,6. Sobre o fator Sentido de Vida,
correspondente aos itens 7, 9 e 19 (soma igual a 23), a média também foi de 7,6. Concluindo
o último fator PERMA, a Realização (A), referente aos itens 1, 5 e 15 (soma igual a 17),
obteve média de 5,6. O PERMA Geral (itens: 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 10, 13, 15, 17, 19, 20, 21, 22
e 23) somou 110 de escore, com média 6,8. Por fim, os itens Emoções Negativas nos itens
4, 14 e 16 (soma igual a 20) com média 6,6; Saúde Física nos itens 6, 12 e 18 (soma igual a
19) com média 6,3 e a Solidão de item 11 e pontuação 9, completam todos os fatores
analisados na escala.
Portanto, os resultados obtidos a partir da escala poderão auxiliar em uma
interpretação qualitativa. Essa análise pode ser feita a partir da comparação com outras
pontuações que se assemelham com o perfil de quem respondeu a escala. Um exemplo foi
que durante a sala de aula pudemos fazer análises a partir de um recorte específico de idade
que os escores obtidos foram maiores do que a média da sala. Porém, quando comparados
com outros recortes que levem rotinas como esportes e trabalho em conta, além de outra
faixa etária e gênero, o resultado pode-se apresentar de maneira diferente.

3. 2 Adult Self Report Scale


A segunda escala aplicada se trata da Adult Self-Report Scale. Esta se relaciona com
os sintomas desenvolvidos no TDAH e apresentados no critério A do DSM IV para o
diagnóstico de adultos. Nesse sentido, a escala é uma adaptação para o contexto adulto, já
que o campo de estudo inicial do TDAH era em crianças e adolescentes. Além disso, é
importante salientar que essa escala sozinha não é suficiente para o diagnóstico de TDAH,
mas pode se apresentar como parte importante do processo.
O instrumento está disposto em 18 itens e escalonado em cinco opções de
frequência: nunca, raramente, algumas vezes, frequentemente e muito frequentemente.
Também é necessário ressaltar que a escala está dividida em duas partes, onde a parte A se
relaciona com os sintomas de desatenção e a parte B com os de hiperatividade e
impulsividade. Por fim, como o instrumento apresenta o contexto da vida adulta em seus
itens, só poderá ser aplicado em adultos a partir dos 18 anos, sempre trazendo como recorte
os sentimentos e comportamentos dos últimos seis meses.
Em relação às críticas debatidas, pode-se observar que a escala apresenta fácil
entendimento, além de expressões que ajudam na compreensão como no item 5 da parte B
em que se utiliza a sentença “com um motor ligado” para exemplificar o sentimento de
atividade incessante. Também achamos os itens 1 e 2 da parte A muito generalistas, já que
são situações que muito facilmente podem acontecer com qualquer indivíduo, e que
poderiam ser substituídos por outros que trazem situações mais específicas para o
fortalecimento do resultado aplicado em relação aos critérios. Sobre o restante dos itens,
percebemos que todos cumprem a função adequada nas partes que foram dispostos.
Tendo em vista isso, após o preenchimento dos itens faz-se a análise dos resultados.
Estes são obtidos pela soma da quantidade de vezes em que frequentemente e muito
frequentemente são marcados na parte A (1 a 9) relativa a desatenção e o mesmo se repete
na parte B (10 a 18) relativa à impulsividade e hiperatividade. A aluna pontuou 6 dos 9 itens
na parte A, o que sugere que preenche o critério de desatenção. Entretanto, na parte B, a
aluna marca apenas 5 dos 9 itens, que apesar de uma frequência considerável não preenche
o segundo critério de hiperatividade-impulsividade.
Para um diagnóstico de TDAH efetivo, segundo o DSM-5 (2014), a Avaliação
Psicológica deve ser feita a partir de diversas análises, sendo a aplicação de um teste de
escala apenas uma delas. Como o intuito não é produzir uma Avaliação Psicológica, mas sim
auxiliar na didática para fins de aprendizado, podemos afirmar, portanto, que o resultado
acima da média apenas em desatenção não se mostra totalmente satisfatória para o
preenchimento do diagnóstico de TDAH. Porém, ainda assim seria necessário o
acompanhamento dos outros critérios e o aprofundamento de porque as perguntas relativas
a desatenção possuíram resultado acima da média, sendo interessante utilizar a escala
trabalhada para o entendimento, orientação e auxílio em fins terapêuticos.

3.3 Escala de Impulsividade de Barrat


Esta foi a última escala utilizada durante a atividade e tem como objetivo a análise da
impulsividade relacionada com possíveis quadros sintomáticos ou com seus prejuízos. Neste
instrumento, a impulsividade é apresentada em três âmbitos distintos, sendo eles:
impulsividade motora (falta de controle com respostas incoerentes com o contexto),
atencional (tomada de decisões) e falta de planejamento (comportamentos localizados no
presente). (DINIZ, 2010)
Além disso, esta é uma escala de autorrelato com o recorte adulto, ou seja, de 18 a
84 anos nos três âmbitos citados anteriormente com a análise do comportamento e
pensamento em determinadas situações. A escala está disposta em 30 itens que estão
escalonados pela frequência em que se ocorre os enunciados apresentados, sendo ela
dividida em raramente/nunca, às vezes, frequentemente e sempre ou quase sempre.

Quanto às críticas tecidas pela dupla, pôde-se observar que a linguagem utilizada é
de fácil entendimento, assim como nas duas escalas apresentadas anteriormente. Em
relação aos itens, achamos alguns gerais e ambíguos, como “meus pensamentos são
rápidos”, disposto no número 4, ou “eu falo rápido”, disposto no número 26, que se
relacionam apenas de maneira subjetiva com o sujeito. Além disso, os itens 11, 13 e 16
apresentam uma formulação que nos causou estranhamento. No 11, por exemplo, em que
possui a frase “eu quero ter um trabalho fixo para poder pagar minhas contas” se mostra
como um pouco vazio. Assim, mesmo que algumas pessoas desejem possuir bastante
flexibilidade quanto ao trabalho, em um contexto brasileiro e até mesmo mundial, onde o
trabalho e produção são supervalorizados, o desejo e a subjetivação do sujeito gira em volta
de se sustentar ou apenas tentar sobreviver com o seu trabalho, demonstrando parte de um
consenso geral e que para melhores fins da escala poderia ser trazido de outro modo. Algo
parecido acontece nos itens 13 (“eu gosto de ficar pensando em problemas complicados” e
16 (“eu me canso com facilidade tentando resolver problemas mentamente de cabeça”) , em
que situações incômodas são apresentadas e que pode-se pensar que a tendência geral é
se afastar destas.
Tendo em vista isso, após o preenchimento dos itens faz-se a análise dos resultados.
Estes são obtidos a partir do somatório da pontuação correspondente a frequência
assinalada em cada item, onde raramente/nunca é 1, às vezes é 2, frequentemente é 3 e
sempre ou quase sempre é 4. Além disso, os itens podem ser subdivididos entre os três
âmbitos da impulsividade descritos no começo do tópico. Quando retirada a pontuação total,
esta é comparada com os escores relativos a muito controlados (menor que 52), limites
normais de impulsividade (52 a 71) e altamente impulsivos (maior que 72).
Em relação a impulsividade motora, correspondente aos itens 2, 3, 4, 16, 17, 19, 21,
22, 23, 25 e 30, a pontuação total foi de 28. Já para impulsividade atencional,
correspondente aos itens 6, 5, 9, 11, 20, 24, 26 e 28, a pontuação total foi de 22. Por fim,
para impulsividade relacionada ao planejamento, correspondente aos itens 1, 7, 8, 10, 12,
13, 14, 15, 18, 27 e 29, a pontuação total foi de 30. Somando-se os três aspectos, obtemos
o escore 80, classificado como altamente impulsivo. Nesse sentido, pode-se perceber que há
um prejuízo em relação a tomada de decisão e controle, sendo necessário, assim como na
escala anterior, uma investigação se o motivo de tal resultado ter sido tão elevado faz parte
da sintomatologia de algum transtorno ou de alguma situação adversa.

4. Conclusão.
No presente trabalho foi possível observar a importância do entendimento de como
funciona a Avaliação Psicológica, principalmente no tocante à aplicação de escalas. Em
suma, a produção do presente trabalho proporcionou um grande aprendizado em relação
aos processos e técnicas em exames psicológicos, o uso da observação e a formatação de
um relatório. Além da atividade crítica acerca dos instrumentos utilizados e a importante
orientação da professora durante todo o processo. O contato direto proporcionou muitos
questionamentos e esclarecimentos acerca da prática como psicólogo clínico e
entendimentos sobre os fenômenos psicológicos relacionados ou não com transtornos
psicológicos e a importância de inserir um olhar despatologizante, desmedicalizante e ético
em todo o processo. Nesse sentido, um diagnóstico, propriamente dito, deve ser analisado
por cada caso a partir de equipes multidisciplinares, pensando o sujeito de maneira
completa, para, ao final, pensar planos de intervenção e o que seria terapêutico em cada
caso.
Referências

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OTIMIZAÇÃO DA ATENÇÃO. Psicologia em Estudo, Maringá, V. 13, N. 3, p. (559 – 566),
julho/setembro de 2008. Acesso em: 19 de setembro de 2022. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pe/a/dMWSQRntTwZwHpXBTswQHhv

Carvalho, T. F., Marot, T. A., & Natividade, J. C.. Evidências de validade da escala de
florescimento PERMA-Profiler para o contexto brasileiro. In: 49a Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Psicologia, 2019, João Pessoa. 49a Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Psicologia, 2019.

COUTO, Taciana de Souza; DE MELO-JUNIOR, Mário Ribeiro; GOMES, Cláudia Roberta


de Araújo. ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-5821201000
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DINIZ, et al. Tradução e adaptação cultural da Barrat Impulsiveness Scale (BIS-11) para
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DOS SANTOS, Edison Rebelo; GORRERE, Tainara Santos. TDAH E DESEMPENHO


ACADÊMICO: REFLEXÃO ACERCA DA INCLUSÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO.
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GIACOMONI, Claudia Hofheinz. Bem-estar subjetivo: em busca da qualidade de vida.


Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 12, n. 1, p. 43-50, jun. 2004 . Disponível em:
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Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre:


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Pasquali, L (2011). Psicometria: Teoria dos testes na Psicologia e na Educação (4.a


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ROHDE, Luis A.; HALPERN, Ricardo. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE


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de 2004. Acesso em: 19 de setembro de 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0021-75572004000300009
Apêndice A - Protocolo de Observação

1. Nome do Observador: Andressa Pereira de Jesus e Nauane Kaylane Pereira Gomes


2. Objetivo da Observação: Aplicação do teste para devolutiva acerca das escalas Escala
de Florescimento PERMA-Profiler, Escala de Impulsividade de Barrat e Escala Adult Self
Report.

3. Relato do ambiente físico: Sala de aula. A sala de coloração branca possui um formato
retangular e apresenta cadeiras escolares com apoio para escrita, que estão geralmente em
paralelo e uma mesa com cadeira para utilização do professor.
4. Descrição do sujeito observado: A, gênero feminino, 20 anos, solteira, natural de
Parnaíba, Estudante de Psicologia na UFDPar, classe média.
5. Relato do Ambiente Social: No ambiente estavam em torno de 30 alunos e a professora.
6. Técnica de registro: O registro foi de modo escrito apenas por uma das observadoras
enquanto a outra era entrevistada.
7. Registro: As estudantes Andressa Pereira de Jesus e Nauane Kaylane Pereira Gomes
fizeram a aplicação de escalas psicológicas uma com a outra. Foram feitas perguntas iniciais
do modelo de entrevista, onde ambas responderam que não possuem diagnóstico de
transtornos. Após aplicação dos testes em horário de aula, foi discutido os resultados das
escalas, e percebeu-se que os valores da A. eram mais elevados, e, por isso, decidiu-se
usar os questionários avaliativos que ela respondeu.

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