Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução.
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma síntese de algumas ideias
de filósofos existencialistas posteriormente estudados, e ligá-las a um questionamento
presente, tanto na filosofia, quando na psicologia, sendo esse a busca por sentido na
vida. Esse questionamento tem sido base de muitos estudos existenciais, pois engloba
outros paradigmas que acompanham o homem a séculos, como o suicídio, busca por
felicidade, angústia existencial, sofrimentos psíquicos de causas externas, entre outros.
Em um sistema capitalista que se alimenta da competição, que é comandado por homens
com capital que pré-determinam a trajetória dos demais, que toda hora se contradiz, e
que possui tantos problemas coletivos que perpassam o indivíduo, como ter um sentido
e ser feliz?
A seguir, serão apresentados conceitos que podem auxiliar na busca por uma
resposta mais clara, mesmo que ainda subjetiva e esparsa, nas visões dos filósofos
escolhidos para se pensar no tema proposto: Albert Camus e Heidegger.
Albert Camus: o Absurdo.
Albert Camus, filósofo franco-argelino do século XX, iniciou seus estudos sobre
o Absurdo nas obras O Mito de Sísifo, O Estrangeiro e Calígula. Camus viveu em um
século de muitas ideologias totalitárias, marcado pela individualidade e banalização da
vida. Ele não se considerava um existencialista, pois, para ele, o existencialismo
diviniza aquilo que o oprime, é pautado no niilismo e nutre uma esperança por aquilo
que falta, ao contrário de seu pensamento que ressalta a importância de não ter
esperança para que não se aprisione ao futuro.
Por fim, Sísifo, mesmo preso a uma condição que precedia ele mesmo, sua
liberdade estava em seu pensamento e consciência, e isso não poderia ser tomado pelos
deuses, que exerciam controle sobre seu corpo, mas não sobre sua consciência. Como
Camus, trago um exemplo em imagem, a obra A Vida É Bela, de 1997, que relata um
pai, que, mesmo estando preso em um campo de concentração, tenta transformar o
ambiente a sua volta em um jogo para que seu filho não sofra os horrores do nazismo.
Ele toma consciência de sua condição e abraça o Absurdo para salvar a vida do filho
com a imaginação.
Heidegger e a Autenticidade.
Nesse ínterim, na sua busca para alcançar o Desein, o homem precisa ser
autêntico. Contudo, com o avanço da internet, a autenticidade vem sendo substituída
pelo efeito rebanho, que categoriza todas as pessoas como algo sem identidade ou
opiniões próprias, o ambiente da internet se tornou muito propício para o apagamento
das subjetividades, a repetição de ideias iguais e as comparações a fim de igualar-se aos
demais, às tendências.
Uma pessoa inautêntica vai ser monótona, rasa, sem ideias próprias e guiada
pelo senso comum. Para além disso, esse indivíduo vai estar sempre à procura de
novidades, buscando vivenciar muitas situações pelo simples prazer de vivê-las, mas
que no fim não irá ter vivido nada. Um ser que se baseia no outro para existir, no novo,
não possui raízes. E por não ter raízes, ele não sabe quem é, não possui identidade, não
conhece a si e suas potências. Passa a vida inteira em busca do novo e atual, que não
pode ser alcançado.
Por outro lado, o ser autêntico responde por si, busca questionamentos, se
aprofunda na vida, se abre para o ambiente, faz escolhas, é livre diante das suas
possibilidades. Ele também vive a angustia sem fugir dela com distrações, Heidegger
vai trazer a questão da morte, o ser humano é inerente a morte, mas ele pode fugir desse
pensamento a vida toda e, assim, perder momentos importantes dela, ou vai aceitar o
que não depende dele e considerá-la uma possibilidade.
Referências:
CAMUS, A. O Mito de Sísifo, 1ª edição, Rio de Janeiro - RJ. Bestbolso, julho de 2010