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A razão entende e aceita, mas como explicar a ausência para o coração? Com qual filósofo
isso se encaixa?
“A vida é apenas uma camada fina de mofo sobre a superfície da Terra" e "uma alteração na
ditosa calma do nada"
“O homem nunca é feliz, passa a vida inteira lutando por algo que acha que vai fazê-lo feliz.
Não consegue e, quando consegue, fica desapontado: ele é um náufrago e chega ao porto de
destino sem mastros nem cordâmes. Não interessa mais se ele foi feliz ou infeliz, pois a vida foi
sempre apenas o presente, que estava sempre sumindo e agora terminou”.
Recortes de um de seus textos, “O vazio da existência” que retrata a falta de sentido da vida
e nossa eminente busca em evitar a dor e o vazio existencial.
"As cenas de nossa vida são como imagens em um mosaico tosco; vistas de perto, não
produzem efeitos — devem ser vistas à distância para ser possível discernir sua beleza."
"Conquistar algo que desejamos significa descobrir quão vazio e inútil este algo é; estamos
sempre vivendo na expectativa de coisas melhores, enquanto, ao mesmo tempo, comumente
nos arrependemos e desejamos aquilo que pertence ao passado."
"Aceitamos o presente como algo que é apenas temporário e o consideramos como um meio
para atingir nosso objetivo. Deste modo, se olharem para trás no fim de suas vidas, a maior
parte das pessoas perceberá que viveram-nas ad interim [provisoriamente]: ficarão surpresas
ao descobrir que aquilo que deixaram passar despercebido e sem proveito era precisamente
sua vida — isto é, a vida na expectativa da qual passaram todo o seu tempo. Então se pode
dizer que o homem, via de regra, é enganado pela esperança até dançar nos braços da morte!"
"A vida apresenta-se principalmente como uma tarefa, isto é, de subsistir de gagner sa vie
[para ganhar a vida]. Se for cumprida, a vida torna-se um fardo, e então vem a segunda tarefa
de fazer algo com aquilo que foi conquistado — a fim de espantar o tédio, que, como uma ave
de rapina, paira sobre nós, pronto para atacar sempre que vê a vida livre da necessidade. A
primeira tarefa é conquistar algo; a segunda é banir o sentimento de que algo foi conquistado,
do contrário torna-se um fardo."
"Mesmo a pompa e o esplendor dos ricos em seus castelos imponentes, no fundo, não passam
de uma tentativa fútil de escapar da essência existencial, a miséria."
"O caminho que divide ambas, no que concerne nosso bem-estar e deleite da vida, é a
bancarrota; os sonhos da infância, os prazeres da juventude, os problemas da meia-idade, a
enfermidade e miséria frequente da velhice, as agonias de nossa última enfermidade e,
finalmente, a luta com a morte — tudo isso não faz parecer que a existência é um erro cujas
consequências estão se tornando gradualmente mais e mais óbvias?"
Devemos encarar com tolerância toda loucura, fracasso e vício dos outros,
sabendo que encaramos apenas nossa própria loucura, fracasso e vício. Não
devemos nos indignar com os outros por esses vícios apenas por não
aparecerem em nós naquele momento.
Nietzsche uma vez escreveu que a maior diferença entre o homem e a vaca
era que a vaca sabia como existir, como viver sem angústia no bendito
presente, sem o peso do passado e nem a preocupação com o futuro. Mas
nós, humanos infelizes, somos tão perseguidos pelo passado e pelo futuro
que só podemos passar rapidamente pelo presente. Sabe por que sentimos
tanta saudade da maravilhosa infância? Segundo Nietzsche, porque foi a
única época despreocupada, ou seja, sem preocupação antes de termos
lembranças tristes e graves do lixo do passado. Permita que eu acrescente
uma coisa: estou falando num ensaio de Nietzsche, mas essa idéia não era
dele. Como tantas outras, Nietzsche tirou-a de Schopenhauer.
Dizia, por exemplo, que a dor vem do erro de pensar que muitas
necessidades da vida são acidentais e, portanto, evitáveis. É melhor
perceber a verdade: que a dor e o sofrimento são inevitáveis, irreprimíveis e
essenciais à vida — "a única coisa que varia no sofrimento é a forma com
que se manifestar, e nosso atual sofrimento preenche um espaço (...) que,
na falta desse, seria ocupado por outro qualquer. Se essa reflexão se tornar
uma certeza de vida, pode provocar um grau considerável de tranquilidade
estoica.
Lições de Schopenhauer:
Temos que lidar com a vida como ela se apresenta a nós. “A vida é
apenas uma camada fina de mofo sobre a superfície da Terra" e uma
alteração na bendita calma do nada". Portanto, devemos dar menos
importância as mesquinhices e viver a vida da forma que nos dá prazer e
realização.
Romantismo Alemão
https://www.youtube.com/watch?v=LIvSQhRkW20
Ideias
Amplamente ignorado por filósofos alemães do seu tempo, Schopenhauer teve suas ideias
ofuscadas pela obra de Hegel. O maior legado de Schopenhauer, contudo, talvez esteja no
campo da psicologia, em que suas ideias sobre desejos básicos e frustação influenciaram as
teorias psicanalíticas de Sigmund Freud e Carl Jung.
Acreditava que "a vida é apenas uma camada fina de mofo sobre a superfície da Terra" e "uma
alteração na ditosa calma do nada", seguiu um rumo mais prático em sua última obra. Como
somos obrigados a viver, escreveu ele, devemos sofrer o menos possível. (Schopenhauer
sempre viu a felicidade como um fato negativo — era a falta do sofrimento — e valorizava a
máxima de Aristóteles: "O homem prudente não aspira ao prazer, mas à ausência da dor".)
Assim, Parerga e Paralipotnena ensina como pensar com independência, como manter o
ceticismo e a razão, como evitar buscar emolientes sobrenaturais, como pensar bem de nós
mesmos, ter ambições pequenas e evitar se apegar ao que se pode perder. Embora "todo
mundo deva atuar no teatro de marionetes da vida e sentir o arame que nos mantém em
movimento", há certo consolo na perspectiva sublime do filósofo de que, em relação à
eternidade, nada importa. Tudo passa.
Poucas frases depois, ele acrescenta uma idéia que poderia servir também na abertura de um
livro de psicoterapia hoje. “Devemos encarar com tolerância toda loucura, fracasso e vício dos
outros, sabendo que encaramos apenas nossa própria loucura, fracasso e vício. Pois eles são os
fracassos da humanidade à qual também pertencemos e assim temos os mesmos fracassos em
nós. Não devemos nos indignar com os outros por esses vícios apenas por não aparecerem em
nós naquele momento.”
Assim falou Zaratustra e fiquei ao mesmo tempo calmo e inspirado, sobretudo pelo
comentário que celebra a vida, dizendo que devemos viver de forma que possamos
aceitar, se nos oferecerem viver outra vez e mais outra, exatamente do mesmo jeito. O
livro me ajudou a resolver como eu deveria viver o tempo que me restava:
continuando a fazer exatamente o que sempre deu prazer e teve sentido para mim.
Acho que sua visão do budismo é equivocada. Participei de retiros budistas cujo foco
estava no exterior, isto é, valorizavam a bondade e a ligação com os outros, e não para
dentro, a solidão. Um bom budista pode ser uma pessoa ativa, que está no mundo, até
politicamente ativa, só por amor aos outros.
Lembro de um dos meus supervisores citar um trecho de Epicuro onde diz que a
amizade é o ingrediente mais importante para uma vida feliz, e que fazer uma refeição
sem a presença de um amigo era viver como um leão ou um lobo. E a definição de
Aristóteles para amigo (aquele que incentiva e destaca o que o outro tem de melhor) é
parecida com a idéia que faço do terapeuta ideal.
Schopenhauer tinha outro método para afastar a angústia da morte: quanto mais
realização pessoal houver, menor será a angústia da morte. Se alguns acham que sua
idéia de unidade universal é fraca, esse outro argumento é, sem dúvida, forte. Médicos
que tratam de pacientes terminais já notaram que a angústia é maior nos que acham
que tiveram uma vida mal realizada. A sensação de completude, de ter "consumado a
vida", como diz Nietzsche, reduz a angústia da morte.
Obra