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Antes de se propor à reflexão do texto proposta por Bobbio da aproximação entre os princípios
indicados, é prudente tentarmos entender os conceitos de jusnaturalismo e positivismo
jurídico.
O Direito natural (ou jusnaturalismo) teria eficácia em todos os lugares e tempos. Já o Direito
positivo estaria centrado em normas culturais que regeriam determinadas comunidades. O
Direito positivo seria, portanto, variável no tempo.
• O Direito natural seria revelado pela razão ou até por uma ordem divina.
• O Direito positivo seria revelado pela vontade do soberano ou do povo.
• O Direito natural buscaria o bom;
• O Direito positivo, o útil.
• O Direito natural predicaria na justa razão.
• O Direito positivo, no poder civil.
Aristóteles considerava o direito natural como universal e imutável cujas ações teriam valor
geral independente do sujeito, e as ações determinadas seriam boas em si mesmas, enquanto
que, o direito positivo era o conjunto de normas cuja eficácia dependia da comunidade em
que o mesmo estaria inserido e, portanto, tendo validade particular e mutável.
Santo Tomás de Aquino admitia a mesma concepção dualista de direito, a saber, direito natural
e direito positivo, mas sustentava que a segunda classe de direito derivava da primeira por obra
do legislador, e no momento em que o direito positivo é posto pelo legislador o conteúdo passa
a valer. É importante destacar que esse filósofo admitia a superioridade do direito natural
sobre o direito positivo. Esta tese defendida por Santo Tomás foi também concebida pelos
jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, conhecida como a teoria da superioridade do direito
natural sobre o positivo.
Ainda com base no texto proposto, para Bobbio a concepção positivista define o direito como o
conjunto de normas positivas, também conhecida como a teoria da exclusão do direito natural.
Segundo Bobbio positivismo “é aquela doutrina segundo a qual não existe outro direito senão o
positivo”. Em outras palavras, podemos caracterizar o positivismo como a teoria, ou seja, a
redução de todo o direito ao positivo, excluindo a categoria de direito natural.
No entanto, a proposta no artigo do Bobbio é amenizar essa polarização, e mostrar que essas
afirmações são totalmente equivocadas. Para isso, ele observa a necessidade de redefinir o
conceito de direito a partir de três dimensões: como ideologia, teoria do direito e metodologia.
Com essa distinção será possível mostrar que alguém poderá concordar com os positivistas
jurídicos em algum dos aspectos e com os jusnaturalistas em outro.
Porém, diante dessas três concepções de jusnaturalismo, Bobbio procura demonstrar que é
possível apontar algumas críticas a partir da perspectiva positivista:
Conclusão
Por fim, entende-se a partir da leitura do texto, ser perfeitamente plausível a superação da
dicotomia entre jusnaturalismo e positivismo considerando a tese do pluralismo jurídico, onde
essa superação envolve a dialética do Direito com a moral, de modo que se afigura possível ao
Direito abarcar, além das regras e das leis, os princípios e a moral, ou seja, a dimensão axiológica
que o torna justo e que nasce não apenas do consenso e da possibilidade de um direito
alternativo, mas também da dialética entre o direito posto e o sentimento de justiça que impera
nas consciências dos cidadãos e que muito se aproxima – se é que não se identifica – do Direito
Natural, resultando dessa dialética o Direito como esfera do total.