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EEEFM “JOÃO NEIVA”

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
SRE LINHARES

Atividade de Filosofia - APNP 04 - 2º. Trimestre


Professor: Magno Vinícius Paterline
Aluno (a): Turma: 2º. M______
Valor: Data: ______/09 / 2021

FILOSOFIA ANTROPOLÓGICA
A natureza humana

A natureza humana é um típico problema filosófico. A


história da filosofia está permeada de propostas acerca deste
tema. Muitos filósofos, educadores, intelectuais e governos
baseiam suas obras e projetos em torno de uma determinada
idéia sobre o que é o homem. O próprio senso comum tem uma
certa idéia sobre isso, que varia de acordo com a região do
mundo, cultura, religião e momento histórico. Sem uma idéia
unívoca sobre o homem, estaremos sempre elaborando teorias,
políticas e projetos falhos.
“Conhece-te a ti mesmo”. Esta era a inscrição na entrada
do oráculo de Delfos e também umas das principais mensagens
dos diálogos platônicos. Para Sócrates, este conhecimento
seria de tamanho valor que valeria a pena dedicar toda sua vida
à filosofia.
A área da Filosofia que estuda a natureza humana é
conhecida como “ Antropologia Filosófica.”
Para compreender a importância da natureza humana para
a filosofia,selecionamos vários filósofos que, ao longo da
história, cons-truíram seus projetos baseados em uma
determinada concepção de homem.Contudo, apesar da longa
tradição de reflexão sobre o tema, a natureza humana
permanece um problema filosófico.

Heráclito de Éfeso (535 a.C – 475 a.C)

Os primeiros filósofos não diferenciavam o homem da natureza, o que


indicaria que a constante mutabilidade da natureza é também uma
característica humana.
Heráclito, um dos primeiros filósofos da tradição ocidental, afirmou que o
homem é tão mutável quanto o cosmos no qual está inserido, não havendo
distinção entre um e outro. Por isso afirmou que “o mesmo homem nunca se
banha no mesmo rio, pois outras são as águas, e outro é o homem“.Essa
mutabilidade constante do homem seria algo intrínseco, uma vez que a própria
natureza está em constante mutação. Os filósofos pré-socráticos, entre eles
Heráclito, não separavam o homem da natureza.

Platão (427 a.C – 347 a.C)

Platão mudou o rumo da filosofia ao se voltar para a investigação da


alma imortal do homem. O corpo seria um “túmulo da alma” que a aprisiona e
limita suas potencialidades. Somo apenas uma sombra do mundo das ideias
perfeitas; porém, tal mundo espiritual pode ser atingido pela razão.
A partir de Platão o homem torna-se o centro das investigações
filosóficas. Através da razão e da investigação interior o homem se elevaria até
o mundo das ideias perfeitas. Esse mundo espiritual que surgiu com Platão-que
foi posteriormente apropriado pelo cristianismo e outras dou-trinas espirituais
do ocidente-passou a considerar o ser humano apenas uma sombra de um
“outro mundo que é de fato real”.
A maldade e conflito do mundo seriam o resultado da ignorância acerca
do Bem. Em Platão existe um grande destaque à reflexão interior e observação
de si mesmo. Sem isso, o homem é escravo de seus instintos mais baixos.

Santo Agostinho (354-430)

Para Agostinho de Hipona, o homem nasce pecador. Apenas a


aceitação de Cristo poderia elevar nossa natureza humana degenerada. Tal é a
ideia do pecado original, que irá ganhar força com a filosofia de Agostinho e
influenciar toda a Idade Média.
Seguindo o pensamento espiritual de Platão, os filósofos medievais,
representados principalmente por Agostinho, irão afirmar que o Sumo Bem
platônico é Cristo, o Logos encarnado. Mas no que diz respeito à natureza
humana,Agostinho também considera que o homem é um ser degenerado,
decaído e nascido pecador.
Desta forma, pode apenas salvar-se aceitando Cristo, pois a razão seria
limitada e precária. Este mundo seria um mundo de sofrimento e expiação. Um
“vale de lágrimas” que pode apenas ser atravessado por meio da fé cristã, e
além dessa fé existe apenas sofrimento.

René Descartes (1596-1650)


Com René Descartes teremos o surgimento da dúvida metódica e da
visão mecanicista do mundo. “Penso, logo existo” define o homem uni-camente
através da razão, e a realidade deixa de ser uma “sombra de um mundo
espiritual” e passa a ser um vasto campo de pesquisa.O próprio homem torna-
se um objeto da investigação científica. O homem é uma máquina que pode ser
analisada e definida, ainda que Descartes considere que a natureza humana
possua uma percepção a priori de Deus, trata-se do “Deus dos filósofos”, um
ser infinito de suma inteligência mas radicalmente diferente do Deus revelado
da tradição judaico-cristã.
Descartes acreditava que a razão teria poder suficiente para orientar o
homem em direção a um caminho justo e digno.

Maquiavel (1469-1527)

Nicolau Maquiavel,filósofo italiano, um pouco antes de Hobbes,deta-


detalha uma ideia pessimista do homem.O governante,considerando que os
homens são egoístas, cruéis e traiçoeiros, deve se impor com violência para
que não seja traído ou perca sua liderança.Para isso, não deve hesitar em usar
todos os meios para manter sua posição. É desejável que o governante seja
amado. Porém, Maquiavel alerta que, antes de ser amado, o governante deve
ser temido. O poder não combina com a moral, e o governante deve se impor
diante de uma natureza humana implacável.Não apenas violento, mas também
traiçoeiro e dissimulado. Tal é o homem para Maquiavel.

Thomas Hobbes (1588-1679)

Como um filósofo empirista, acreditava na teoria da tábula rasa.


Thomas Hobbes declara que o homem é egoísta e se importa apenas
consigo mesmo e com aqueles que lhe são próximos. Como os bens são
escassos e difíceis, naturalmente somos levados à situação de “guerra de
todos contra todos”, e apenas o contrato social impediria esse conflito.
Este contrato social, contudo, é necessário justamente porque o homem
é essencialmente egoísta. Em sua obra Leviatã (1651), Hobbes desenvolve
toda sua filosofia política baseada nessa ideia pessimista do homem, onde
apenas o Estado (ou o monarca, no caso de Hobbes) poderia conter uma
situação de violência e conflito que tornaria a vida insuportável.

John Locke (1632 – 1704)

Considerava o homem uma tábula rasa.John Locke lança uma luz


mais otimista sobre a natureza humana. Para ele, o homem é bom e altruísta.
Ainda assim, Locke é um contratualista. Porém, o contrato social em Locke é
um consentimento dos homens em prol da ordem social, e não uma
necessidade para bloquear uma natureza humana egoísta.

Por isso mesmo Locke defende a democracia representativa, e não um


estado absoluto, como faz Hobbes.Se o governante não estiver cumprindo seu
objetivo, pode ser destituído pelo povo.Locke influenciou o surgimento dos
estados liberais.
David Hume (1711-1776)

Também considerava o homem uma tábula rasa, mas aprofundou suas


investigações fazendo um estudo detalhado da mente humana. O homem
seria apenas um amontoado de sensações desordenadas, sendo a razão
incapaz de guiá-lo em suas decisões morais. Para o homem, restaria apenas
as noções de prazer e dor para guiar suas ações morais.

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Jean-Paul Sartre, representante do existencialismo, afirmou que o


homem nasce sem essência e a constrói durante sua vida através de seus
atos. “O homem é condenado a ser livre. Condenado, pois não criou-se a si
mesmo, e livre, pois, uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo que
faz.”Esta perspectiva considera que o homem não nasce pronto, mas constrói
sua natureza ou essência através dos atos praticados. Independente da
natureza humana construída por cada homem, ele deve ser responsável por
sua ações, sendo elas boas ou más, não podendo mais culpar nem os outros e
nem a Deus pelas consequências.

Emmanuel Lévinas (1906-1995)

Para Lévinas,o filósofo Lituano, o homem é Alteridade.Há dois


significados para a palavra alteridade:
1)-Qualidade do que é distinto: alteração, assimetria, desproporção,
diferença,disparidade,distinção,diversidade,modificação,mudança, sepa--ração.
2)-Colocar-se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar
pensar no sofrimento do outro. Alteridade também é reconhecer que existem
culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade.
Tudo na natureza pode ser conhecido, menos o homem em sua
essência.Somos seres infinitamente separados e limitados.Incompre-ensíveis
uns para os outros.
Porém, o homem carrega dentro de si a ideia de infinito, pois no fundo
sabe que além de sua percepção limitada está uma infinidade de realidades e
possibilidades.Os grandes momentos de nossas vidas ocorrem quando,durante
a prática do acolhimento e da bondade, lembra-
mos do infinito e aceitamos os outros através de um diálogo de alteridades, e
não mais de conversão e redução do outro ao meu limitado “eu”.
O verdadeiro diálogo ético de aceitação dos outros apenas ocorre
quando “eu sou eu e tu és tu“. O que ocorre atualmente, infelizmente, é um
monólogo onde “eu sou eu e tu deverias ser eu“. O enigma da crueldade e da
violência,segundo Lévinas, está ligado ao pensamento totalizante.

Atividades de Compreensão do Texto:

1)-A Filosofia Antropológica é uma área da filosofia que estuda :


a)- A razão humana.
b)- A natureza humana
c)-O entendimento humano.
2)-A famosa frase “ Conhece-te a Ti mesmo”, famosa e singular nos estudos da
antropologia Filosófica, acredita-se que estava escrita:
a)- No templo, na entrada do oráculo de Delfos.
b)- No mercado, na ágora grega.
c)- Na entrada do fórum romano.

3)-Conhecido como um Filósofo da natureza, afirmou que o homem é tão


mutável quanto o cosmos. Estamos falando de:
a)- Sócrates de Atenas.
b)- Heráclito de Éfeso.
c)- Tales de Mileto.

4)- O primeiro filósofo que mudou o rumo da filosofia, ao afirmar que o homem
possui uma alma imortal, foi:
a) Demócrito.
b)-Pitágoras.
c)- Platão.

5)-Para Agostinho de Hipona, o homem nasce:


a)- Pecador.
b)- Puro.
c)- Perfeito.

6)- O filósofo que definiu o homem unicamente por possuir razão, foi:
a)- Thomas Hobbes.
b)- René Descartes.
c)-David Hume.

7)-Para o filósofo Nicolau Maquiavel, o homem essencialmente é:


a)- Pacifista, bom e ético.
b)-Tirano, responsável e cauteloso.
c)-Violento, traiçoeiro e dissimulado.

8)- O homem seria apenas um “amontoado de sensações desordenadas” segundo


o filósofo:
a)- Tomás de Aquino.
b)- Lévi-Strauss.
c)-David Hume.

9)-Filósofo que escreveu a obra “ O leviatã,” foi:


a)- Thomas Hobbes.
b)- Emanuel Kant.
c)- Albert Camus.

10)- Para o filósofo Emanuel Lévinas, o homem seria:


a)- Realidade.
b)-Alteridade.
c)- Falsidade.
Sucesso nos estudos !
Prof.Magno Vinícius Paterline

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