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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO - UniSales

ALUNO: Welington Antonio de Andrade Oliveira


Prof.: Suderlan Tozo Binda
Disciplina: Antropologia Filosófica I

Leitura e fichamento da Introdução e primeiro capítulo (antropologia antiga e


clássica) do livro: VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Antropologia Filosófica I. São
Paulo: Lo-yola, 1991

I. INTRODUÇÃO

“O QUE É O HOMEM?”
Nos diversos campos da vida, literatura, política, entre outros, o homem volta

o seu olhar para si mesmo e cria uma relação consigo de sujeito-objeto. O grande

ponto de interrogação sobre o que é o homem permeia toda filosofia: começa com

os sofistas e chega até às reflexões kantianas modernas.

Desde a filosofia naturalista, o homem, em seus perturbadores

questionamentos, entra numa crise que o faz buscar respostas para este sofrimento,

colocando seu desespero por respostas em causas últimas de explicação para a

existência do universo e dele mesmo.Já a outra vertente da crise antropológica é o

culturalismo, que divide o homem em um “ser natural” e “ser cultural”.

Dessa forma, a crise do homem pode ser respondida através de dois estudos:

natureza e cultura. O homem torna-se objeto de estudo entre várias vertentes que

buscam responder á máxima “o que é o homem?”.

A antropologia filosófica têm a responsabilidade de unificar todos esses

grandes estudos e achar o centro que dê as respostas necessárias, seja no estudo

das imagens do homem, a sua cultura, pluralidade que se estende pela história, tal

como a estrutura biológica do homem, por exemplo.

Apesar dos grandes estudos sobre o homem abrir um leque de

possibilidades de conhecimento, dentro da Antropologia Filosófica sempre haverá

reducionismos e tentativas de tornar única a resposta para a crise do homem.

Outrossim, o processo reducionista possibilitou a criação de métodos de estudos

seguidos ao longo da história. A filosofia deu ao homem em face de seu sofrimento


respostas através da natureza, a partir da história ou até mesmo da cultura, pelos

símbolos e manifestações culturais

A filosofia se desenvolve fundamentalmente através das experiências naturais e das

experiências científicas. Nas ciências da natureza, vê-se os primeiros filósofos que

justificam a origem do homem a partir de elementos naturais (água, fogo...) e após

esta época, os filosófos que desenvolvem uma teoria mais complexa, que gira em

torno da dualidade do ser humano (alma e corpo). Todas essas perspectivas da

gênese do homem e da estrutura dual do homem buscam alcançar uma síntese

adequeada da essência do homem.

Nas ciências hermenêuticas, objeto de estudos da Antropologia Filosófica,

vê-se o homem construído a partir da cultura, nas formas, em que ele exprime a sua

visão sobre a realidade e si mesmo (problema da cultura), o homem como um homo

socialis - homem sociável; ser sociável (problema da sociedade), o homem como um

ser zoon logikón - ser pensante (problema do psiquismo), a condição histórica do

homem que não é limitada ao tempo (problema da história), o hábito na forma

individual do homem e costume na forma social do homem na dimensão do agir

humano (problema do ethos).

II. PRIMEIRO CAPÍTULO

AS CONCEPÇÕES SOBRE O HOMEM

Os problemas apresentados neste capítulo seguem na metodologia

introdutória, qual buscava-se compreender o que era o homem,, quem era o homem

e qual é o papel dele no mundo. As raízes concepcionais da reflexão sobre o

homem se encontram na vivência e no modo grego de pensar.

1. Cultura Arcaica Grega

Esta é a raíz das concepções que já foram estudadas e das outras que

tornarão a aparecer ao longo do tempo, sobretudo no ocidente.


A religião traz em si a discussão sobre o homem, enquanto mortal, que deseja

ascender á mesma glória dos deuses, quais são imortais e felizes. O homem vive na

mortalidade e infelicidade, chamado de ‘seres de um dia’. A pretensão orgulhosa do

homem de ocupar o mesmo lugar dos deuses, querer ser como um deus, traz em

sua narrativa o castigo dos homens.

Outro ponto que marca profundamente a cultura grega antiga é a admiração

do homem pelo universo bem ordenado (kosmos). Daí nasceu a filosofia: da

contemplação do homem sobre a natureza. O interesse humano com a ordem do

universo tem origens bem antigas que vem se arrastando pelo ocidente há séculos.

Dessa forma, observando o seu entorno, o homem percebeu que diante de uma

ordem natural das coisas - um movimento - o seu viver enquanto sociedade deveria

também estar de acordo com essa ordem. É nessa organização da vida que a Ética

nasce e se desenvolve, como ciência do agir humano.

O homem também viveu uma dualidade baseada no conflito divino entre

Apolo e Dionísio, qual apolo é a parte racional, lógica e comedida do ser humano e

Dionísio é a parte irracional, erótica (eros) e mais selvagem do homem. Dessa

forma, a crença arcaica sobre a existência da alma e ela estar separada do corpo

perpassa grande parte da concepção grega antiga sobre o homem.

2. Filosofia Pré-Socrática

A primeira atribuição de uma visão conceitual na filosofia pré-socrática sobre

o homem é à Diógenes. Ele acreditava no homem como um animal superior aos

outros animais, pois o ser humano tinha o seu olhar voltado para o alto, mostrando a

aptidão do homem para a contemplação dos astros. Este interesse pelo kosmos veio

das raízes arcaica, onde o homem admirava a ordem do universo.

Diógenes fundamenta uma transição entre o pensamento mais antigo antes

de Sócrates até a vinda do grande filósofo com suas interrogações antropológicas: ‘a

tendência de pensar homem segundo a ordem da natureza encontra uma expressão

consagrada na homologia entre a ordem do mundo e a ordem da cidade [...]’ (p. 24).
Pouco a pouco, os problemas antropológicos foram tomando lugar dos problemas

cosmológicos que o homem tentava responder, fazendo assim a ‘decida do céu para

a terra’ (p. 25), ou seja, o homem deixa de contemplar os astros e passará a

contemplar a si mesmo.

Os Sofistas ingressam na história grega com importantíssimas indagações

sobre o homem, sendo si mesmo e suas capacidades o objeto de interesse sofista.

3. A Transição Socrática

Sócrates desenvolveu uma concepção de homem que perpassou toda a história da

filosofia e ainda influencia os estudos antropológicos contemporâneos. Para ele, o

homem apenas explica-se a partir de um elemento profundo e habitante do supra-

sensível humano. Ou seja, ele acredita na alma (psyche), antigo termo empregado

nas raízes filosóficas, dando-lhe um significado diferente do que era pregado

anteriormente. A “alma”, segundo Sócrates, é a sede de uma areté que permite

medir o homem segundo a dimensão interior na qual reside a verdadeira grandeza

humana (p. 28). A alma guia o ser humano em suas escolhas éticas, entre o justo e

o injusto, entre o bom e o mau.

Alguns pontos fundamentais de compreensão da visão socrática do homem:

A máxima de sócrates “conhece-te a ti mesmo” revela uma preocupação para voltar

o olhar para si. Conhecer seus próprios valores, o cuidado com a própria vida para o

bem de si...

A importância do saber racional do homem, chamado de intelectualismo socrático,

exaltando o homem dotado de logos e denominando-o como zoon logikón.

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