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Introdução

O presente trabalho, visa de forma simplória abordar a história da Antropologia, desde o


despontar da antropologia, momento conhecido também por pré-história da antropologia, ou seja,
os séculos XV e XVI, época na qual a história dobre outros povos era dada por viajantes,
considerada essa uma fase embrionária da antropologia, traremos no corpo deste trabalho a
própria etimologia do termo antropologia, traremos também os principais períodos da
antropologia, sendo eles os seguintes: período de formação, convergência, construção e de
crítica. Far-se-á uma breve descrição das principais correntes antropológicas, trata-se do
evolucionismo, o difusionismo, funcionalismo e estruturalismo. A quando da descrição dessas
correntes se vai mencionar os principais defensores das mesmas e o seu principal enfoque.
Objectivos

 Geral: Estudar a história do pensamento antropológico;

Específicos:

 Descrever a evolução do pensamento antropológico


 Identificar as principais correntes antropológicas
 Identificar os principais representantes das correntes antropológicas e seus enfoques
O despontar da Antropologia

A pré-história da antropologia tem origem nos séculos XV e XVI, nessa época as informações
acerca de outros povos distantes, eram dadas por viajantes. Nessa ocasião, cogitaram duas
ideologias adversárias.

 A primeira ideia defendia a ideia de que os povos primitivos eram selvagens, não tinham
história, nem costumes culturais. Eles não tinham tudo o que defensores apresentavam
ter;
 A segunda ideia ressaltava os aspectos desses povos em relação o que conseguiram
desenvolver e organizar, os sistemas políticos e económicos se apresentavam em
melhores condições e harmonia com a natureza que os outros não conseguiram.

No século XVI, alguns dos pensadores interrogaram se os bárbaros, não eram eles seres de
“ingenuidade original” do estado de natureza, (Francois Laplantine 2000).

Podemos perceber o quanto por trás dessas duas posições há uma visão sobre o ocidente, uma
visão negativa, de recusa do estranho. Aqueles que viam as virtudes dos povos tradicionais
tinham uma visão negativa do ocidente.

Para concluir o despontar da Antropologia como ciência, está relacionado ao contexto com a
intenção de buscar diferentes formas de vida, que ajude a ver as coisas do mundo como uma
relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Mas, este é
um aprendizado que deve ser executado a partir da problematização, analisando os pressupostos,
ideias, convenções, escrita, formas de representar a alteridade. O conceito ocidental de alteridade
girou nos últimos séculos entre dois polos:

 Se imagina uma alteridade, sobre o outro, e, logo sobre si mesmo, uma ilusória;
 O Outro é a referência tomada como motivo, para legitimar práticas de exploração
económica, militares, políticas, de conversão religiosa ou de emoção estética.
Ponto de eclosão da Antropologia

O espaço social da eclosão da Antropologia como disciplina científica, dotada de uma missão
investigativa com base em outras ciências, como a Biologia e a Física; situa-se no espaço
continental europeu, primordialmente, com a Alemanha, França e Inglaterra. Todavia a três
tradições de escrita antropológica atribui-se aos gregos o interesse primeiro de inspeccionar
directamente o Homem, colocar como causa da variedade das riquezas de vestimentas, das
culinárias, dos governos, dos costumes e os diferentes tipos de comportamentos.

Cabe o grego Heródoto (484 - 424 a. C.) a responsabilidade por fazer esta primeira investida de
colocar o comportamento como causa da diversidade e pluralidade entre os homens.

No entanto, de forma precisa, não podemos assegurar que com Heródoto se tenha formado um
plano de tradição do pensamento antropológico, similar ao que se produziu com a filosofia. Pois
a filosofia se firmou nas colónias gregas ao ponto de se consolidar em escolas filosóficas, com
força de implantar uma longeva tradição que se expandiu em torno de renomados filósofos como
Sócrates, Platão e Aristóteles, ao ponto destas escolas com suas reflexões servirem de base para
filosofia ocidental a qual conhecemos hoje nas salas de aulas.

Se os gregos não fundaram escolas antropológicas, não fundaram uma comunidade de


antropólogos, portanto não deixaram um conhecimento rigoroso nesta área. Talvez o mérito
deles, tenha sido de transmitir a inspiração, da percepção da alteridade, centrada na noção da
diferença entre “nós” e “eles”, que marcará o paradigma de explicação antropológica. Tal
paradigma é incorporado como um guia da Antropologia por revelar que a escrita dos textos
antropológicos é construída entre dois mundos o do antropólogo e do outro, cabe o desafio ao
conhecimento antropológico servir de ponte para ligar os dois mundos.

A individualização do conhecimento antropológico

No século XVIII, podemos afirmar que é o período em que o homem realmente lança sobre si
mesmo um arsenal de perguntas igual ou superior a que ele disseminou para sistematizar o
movimento dos corpos celestes ou da teoria da origem da vida, para construir um território de
saber a seu respeito, que espelhasse sua existência inteira por meio da Antropologia, não só por
meio da Filosofia ou da religião.
Com a ascensão do projecto antropológico estava em marcha uma revolução de mentalidade
equivalente a que Nicolau Copérnico que proporcionou com a teoria heliocêntrica. Pois a
Antropologia proporciona não o deslocamento do eixo imaginário da terra no universo, mas do
centro cognitivo que o homem estabeleceu sobre si, fundado apenas a percepção do sujeito do
conhecimento apto a investigar o objecto externo para agregar a representação que o próprio
sujeito do conhecimento é objecto a ser estudado a depender para onde se aplique o referencial
teórico-metodológico.

No sentido etimológico, o termo Antropologia deriva do grego άνθρωποςantrophos (homem) e


λόγος (logos - razão / pensamento, tratado). No sentido lato, a Antropologia costuma ser
definida como uma ciência social preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira
totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões.

Períodos da Antropologia

Como toda ciência, não existe uma data específica para o nascimento da Antropologia. Seu
nascimento se dá sempre por um processo lento que implica em criação, acumulação e
reformulação de conhecimento.

Período de formação

Este período começa com a própria cultura da humanidade. Diz respeito com toda reflexão do
homem sobre si e sobre o universo que o cerca. A preocupação com a origem, a realidade e o
destino do Homem sempre esteve presente em todos os povos e sociedades, das mais primitivas
às mais modernas.

Período de convergência

Mercier (1982), considera esse período como o período de construção. Ele considera que existe
uma unidade em torno do conceito de evolução, desde o segundo quartel do século XIX. Até o
limiar do século XX. Este conceito de evolução, entre 1830 e 1840, está sempre presente,
animando as pesquisas e reflexões nos domínios mais diversos como a Biologia, Sociologia e
Filosofia, o que dará a Antropologia o seu primeiro impulso e ao período que se estende até
quase o final do século sua unidade. Alguns autores ignorarão ou recusarão o evolucionismo,
deste modo surgirão temas menores que só tomarão amplitude no século seguinte, mas a maioria
o reenvidará.

Robert Harry Lowie (1946), deu-lhe um lugar de destaque entre os pais da Antropologia. Pode-se
situar o final deste período por volta de 1896, quando foi apresentada a comunicação de Franz
Boas (1896), intitulada The Limitations of Comparative Method in Anthopology (Limitações do
método comparativo na Antropologia). É a primeira contestação vigorosa aos métodos utilizados
até então, pela quase totalidade dos antropólogos, estreitamente ligados às teses evolucionistas; é
acompanhada de uma tentativa de definição de métodos mais realistas e seguros para a
abordagem do estudo dos fatos socioculturais.

A razão do título deste segundo período de (convergências), está no fenómeno que teve início no
terceiro decénio do século XIX. Na verdade, Barbachano, é quem levanta a questão no seguinte
enunciado: as variadas formulações sobre a sociedade e a cultura surgida na Europa, nos
séculos XVIII e XIX, convergem para três objectivos comuns ou seja: a origem, a idade e a
mudança.

Período da Construção

As associações e sociedades de Antropologia surgem em toda parte. O que distingue este período
do anterior é o fato de em 1869, haver aparecido a obra clássica sobre evolução biológica, a
origem das espécies, de Charles Darwin. Nesse período é que o evolucionismo alcança seu
apogeu como teoria. Convém notar que é aí onde nasce a moderna Antropologia, seu fundador,
Edward Tylor, é evolucionista e seus seguidores também.

Essa orientação teórica marca todo restante do século e ainda consegue tomar um certo alento no
segundo quartel do século XX, com nomes expressivos, como Gordon Childe e Leslie White.
Tylor inaugura esta fase com a publicação da obra em 1871, Cultura primitiva. Nesta obra Tylor
procura com a utilização do método comparativo, mostrar a evolução pela qual passou a religião
através dos tempos. Outra obra marcante foi a do norte-americano Lewis Morgan, A sociedade
Primitiva. Este procurou estabelecer o caminho seguido pela organização familiar através dos
vários estágios de desenvolvimento.
Edward Tylor é o nome mais importante da Antropologia Cultural desse período, foi ele quem
definiu o termo cultura e a apresentou-a como objecto da Antropologia, dando-lhe uma
sistematização tanto no seu objecto como no seu método. Lewis Morgan, também merece seu
realce, é dele o clássico esquema da evolução cultural (selvageria, barbárie e civilização),
igualmente importante é o nome de James George Frazer, que também se dedicou ao estudo do
fenómeno religioso.

Período da crítica

O período da crítica tem início em 1900, e se arrasta até hoje. É, sem dúvida, o período mais
fecundo da Antropologia, os cânones iniciais da Antropologia foram criticados, novas
abordagens foram propostas, houve um avanço formidável também nas ciências paralelas, os
meios de comunicação progrediram gradativamente permitindo, assim, uma divulgação e
comunicação de ideias mais eficientes, a educação foi mais democratizada, o movimento
universitário cresceu, a Antropologia passou a ser disciplina obrigatória em muitas
universidades. Em 1908, a Universidade de Liverpool introduz a primeira cátedra de
Antropologia Social na Grã-Bretanha.

A preocupação com o desaparecimento dos povos primitivos levou uma parcela de estudiosos a
se empenhar numa tarefa, aparentemente de menor importância, de colectar e registar dados sem
uma maior preocupação teórica. Este trabalho é conhecido como etnografia, que é a descrição
dos costumes dos povos. Sabe-se, no entanto que, dificilmente o trabalho etnográfico pode ficar
despido de uma conotação teórica. No momento em que se passa a registar os elementos da
cultura, mister se faz uma sistematização, exigindo uma compreensão do fenómeno cultural, uma
teoria a respeito da cultura.

Outra orientação estimulante na Antropologia foi a de orientação psicológica que encontrou nos
Estados Unidos, seu campo mais fértil. Alguns antropólogos também dedicaram parte de seus
esforços ao estudo da linguística. Ainda com respeito aos estudos antropológicos nos Estados
Unidos é de salientar o carácter de estudo e pesquisa de campo, isso não significa que na Europa
não tenha havido, na Inglaterra, por exemplo, o trabalho de campo encontrou em Malinwski um
grande expoente, foi certamente o maior e o mais metódico pesquisador de campo, este formou
muitos discípulos na difícil tarefa da pesquisa de campo, curiosos por observar e na Inglaterra,
foi muito comum a prática de estudos ou trabalho de campo servirem para a iniciação dos novos
antropólogos. Uma pesquisa de campo era o coroamento da formação do antropólogo.

Correntes da Antropologia

Evolucionismo

O evolucionismo foi influenciado pelo darwinismo e pela teoria da evolução das espécies. Esta
escola ou corrente antropológica afirma que a espécie humana evolui lentamente e que se podem
classificar todas as sociedades existentes em função do estádio de desenvolvimento alcançado. A
ideia parte do princípio enunciado por Charles Darwin, segundo o qual, o mundo vivo é
resultado de uma longa acumulação de mutações e evolução das espécies, isto é, na visão dos
autores representantes desta corrente antropológica, tal como as espécies animais evoluem, as
culturas também evoluem com o tempo. As culturas evoluem através de mutações, interagindo
ou não com o meio exterior.

Etward Taylor, Lewis Morgan e Herbert Spencer são alguns dos autores associados ao
evolucionismo oficial e as suas teorias constituíram-se como uma tentativa de formalizar o
pensamento antropológico com linhas científicas modeladas conforme a teoria biológica da
evolução, ou seja, se os organismos podem se desenvolver com o passar do tempo com leis
compreensíveis e deterministas, parece então razoável que sociedades também o possam. Assim
sendo, para MELLO, as principais características do evolucionismo resumem-se em:

 Vastidão do objecto: o objecto do evolucionismo é tão vasto que se confunde com o da


Antropologia no geral, pois, abrange a cultura como um todo ligado à espécie humana. O
evolucionismo não trata sobre manifestações culturais de um povo particular, mas diz
respeito à cultura como um património comum a toda a humanidade, procurando explicar
os aspectos culturais comuns aos povos.
 Factor tempo: o evolucionismo levou em consideração o factor cronológico, tendo
criado uma temporização nova designada “tempo cultural” por meio do qual são
caracterizados os estádios de cultura vividos pelos povos, daí resulta a utilização do
conceito “paralelismo cultural” que assenta no pressuposto de que tanto os povos
primitivos como os civilizados têm uma origem cultural simultânea, diferindo no facto de
os povos primitivos terem-se retardo na evolução cultural devido ao facto de se terem
apegado aos valores e tradições do passado.

 Uso do método comparativo: o evolucionismo faz interpretações das instituições do


passado através da reconstrução do próprio passado, por intermédio do método
comparativo, explicando o desconhecido por aquilo que se conhece.

 Introdução de novos temas e conceitos: os principais temas abordados pelo


evolucionismo são a religião e a família e em qualquer destes temas a preocupação é
explicar que a cultura obedece a uma evolução universal, isto é, que a cultura surgiu
simultaneamente em todas as partes.
Difusionismo ou historicismo
O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-se à corrente evolucionista
partindo da ideia segundo a qual, na história da humanidade, as verdadeiras inovações são em
número reduzido e propagam-se a partir de centros culturais, ou seja, sustenta que as inovações
são iniciadas numa cultura específica, para só então serem difundidas de várias maneiras a partir
desse ponto inicial.

A influência da escola difusionista foi, porém, efémera por causa dos exageros de alguns dos
seus promotores, que faziam da difusão o factor único da evolução das sociedades. Os principais
autores difusionistas são alemães ou austríacos (o padre Schmidt, 1868 – 1954; F. Graebner,
1877-1934; L. Frobenius, 1873 -1938), mas houve também um “hiperdifusionismo” inglês com
G. Elliot-Smith (1871-1937) e o seu discípulo W. J. Perry.

Os difusionistas tinham tendência para ignorar o fenómeno de convergência que faz com que
uma mesma instituição ou um mesmo traço cultural se encontre em civilizações diferentes, sem
que haja uma origem comum. Por exemplo, em todos os sistemas económicos de auto-
subsistência em que o parentesco é importante, o estatuto de um homem será menos avaliado
pelo número e raridade de bens que possui, do que pelo número maior ou menor de parentes
dedicados com que pode contar.
Funcionalismo

O funcionalismo opõe-se ao evolucionismo e ao difusionismo privilegiando, já não uma


abordagem diacrónica (ao longo do tempo), mas sim uma abordagem sincrónica da sociedade.
Trata-se de compreender como funciona uma sociedade. Para isso, o conhecimento da sua
história pode ser útil, mas não necessário. Para se compreender como funciona uma língua,
estuda-se a gramática, a fonética, a fonologia, etc.; mas não é necessário estudar a história das
palavras. Dois são os pólos mais salientes do funcionalismo: o funcionalismo de Bronislaw
Malinowski e o funcionalismo de Radcliffe-Brown.

O Funcionalismo de Bronislaw Malinowski


Bronislaw Malinowski foi um dos expoentes da antropologia funcionalista britânica da primeira
metade do século XX. Para ele, devido à influência de Wilhelm Wundt, cada sociedade deveria
ser estudada como um todo, como um organismo possuidor de uma lógica interna e singular,
subdividido através de uma complexa rede de relações entre os indivíduos. Ele também
acreditava que a análise antropológica deveria se realizar de forma sincrónica, imediata e
levando em conta os factores sociais, psicológicos e biológicos dos nativos.
Para compreender a complexidade social das diferentes sociedades o funcionalismo de
Malinowski, conhecido como biopsicológico, defende que as instituições sociais têm como
função satisfazer as necessidades biológicas dos indivíduos. Ou seja, cada pessoa possui um
conjunto de precisões, cabendo a cultura desenvolver diferentes maneiras de resolver essas
necessidades, de forma colectiva, através das instituições, (Laplantine 2003).

Malinowski (1970) no livro (Uma Teoria Científica da Cultura), afirma que a cultura representa
a totalidade social, o conjunto de todas as instituições, um ambiente artificial, uma forma de
resolver as necessidades humanas. O mesmo define função como uma acção colectiva
responsável por satisfazer uma necessidade (fome, procriação, protecção, etc.). Mas, para que
isso ocorra, é preciso que haja cooperação, organização entre os indivíduos. A organização, por
sua vez, precisa de um arranjo, de uma estrutura bem definida, a qual se chama instituição.

Para que uma instituição possa existir, um conjunto de valores tradicionais que dizem respeito a
essa instituição necessita ser aceite pela colectividade, bem como é necessário que haja uma
relação entre as pessoas e com o ambiente físico e com a cultura. Para o autor há um conjunto de
elementos que caracterizam a instituição, a saber:

 O Pessoal: pois toda a instituição funciona graças aos indivíduos que a compõem cada
um dos quais realizando uma função determinada;
 O Estatuto: é para o autor a posição que cada indivíduo ocupará na instituição e em
função da qual espera um certo reconhecimento por parte dos outros integrantes da
instituição;

 A Função: é justamente o papel que cada indivíduo irá desempenhar na instituição, isto
é, o conjunto de expectativas que os membros da instituição têm para com cada um dos
seus membros;
 As normas e sanções: Malinowski observa que qualquer instituição só cumpre os
propósitos para os quais foi criada se cada membro do grupo cumprir as suas funções,
isto é, se obedecer as normas da instituição. Observa ainda que fazer cumprir essas
funções, o grupo institui um conjunto de sanções ou de recompensas que orientam as
actuações dos seus membros.
O Funcionalismo de Radcliffe-Brown
Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881-1995) foi discípulo de Malinowski, os seus estudos
centram-se nos conceitos de estrutura e função em que apela para a analogia com os organismos
vivos. A estrutura deve ser entendida como uma série de relações entre entidades. Assim, como a
estrutura da célula realiza um sem-número de relações entre moléculas complexas, a estrutura da
sociedade também o faz em relação às várias partes que a compõem, cada uma das quais
cumprindo uma função específica.
Radcliffe-Brown fundou uma abordagem teórico-antropológica conhecida como estruturo-
funcionalismo. Cada sociedade estudada era considerada como uma totalidade, como um
organismo cujas partes eram integradas e funcionavam de um modo mecânico para manter a
estabilidade social. Como estruturo-funcionalista, as preocupações de Radcliffe-Brown estavam
ligadas à descoberta de princípios comuns entre as diversas estruturas sociais, o significado dos
rituais, dos tabus e mitos e suas funções exercidas na manutenção da sociedade.
Radcliffe-Brown introduziu dois conceitos básicos na literatura antropológica: significado e
função social. Segundo o autor, para compreender um determinado ritual é necessário,
inicialmente, encontrar seu significado, isto é, os sentimentos que ele expressa e as razões que os
nativos apontam, para em seguida identificar sua função social naquilo que é importante para
assegurar a coesão social necessária para a subsistência do grupo.
Estruturalismo
O termo estruturalismo procede do substantivo “estrutura”, e entende-se por estrutura a maneira
pela qual as partes de um todo estão dispostas entre si, oferecendo um carácter de sistema em que
a modificação de um dos elementos que a compõe acarreta a modificação do todo. A estrutura é
um sistema de transformações que têm leis próprias pelo facto de ser um sistema.
C. Lévi-Strauss foi sem dúvida nos anos sessenta o grande representante do estruturalismo em
antropologia. O autor, inspirou-se no método de análise estruturalista, inaugurado em linguística
por Ferdinand Saussure (1916) e sobretudo à imensa influência exercida, em particular, por
Jakobson, linguista americano, aplicou-o sistematicamente em antropologia.
Para Lévi-Strauss o próprio estruturalismo deve analisar a cultura como um todo, sem a
preocupação com os seus fundamentos individuais, pois é na sociedade e não no indivíduo que se
hão-de encontrar as posições essenciais aos indivíduos, aos grupos e às instituições, que são os
elementos que perfazem a cultura.
Conclusão
Após uma exaustiva leitura, concluiu-se que no que diz respeito ao historial da antropologia,
tem origem nos séculos XV e XVI, nessa época as informações acerca de outros povos distantes,
eram dadas por viajantes, deste modo, surgiram duas ideias controversas, a primeira ideia
defendia a ideia de que os povos primitivos eram selvagens, não tinham história, nem costumes
culturais. Eles não tinham tudo o que os defensores apresentavam ter, segunda ideia ressaltava os
aspectos desses povos em relação o que conseguiram desenvolver e organizar, os sistemas
políticos e económicos se apresentavam em melhores condições e harmonia com a natureza que
os outros não conseguiram. Foram trazidas no corpo do mesmo trabalho as principais correntes
da antropologia, ode por evolucionismo conclui-se que foi uma corrente influenciada pelo
darwinismo, ou seja, pela teoria da evolução das espécies. Esta escola ou corrente antropológica
afirma que a espécie humana evolui lentamente e que se podem classificar todas as sociedades
existentes em função do estádio de desenvolvimento alcançado. A ideia parte do princípio
enunciado por Charles Darwin, segundo o qual, o mundo vivo é resultado de uma longa
acumulação de mutações e evolução das espécies, isto é, na visão dos autores representantes
desta corrente antropológica, tal como as espécies animais evoluem, as culturas também evoluem
com o tempo. As culturas evoluem através de mutações, interagindo ou não com o meio exterior.
O difusionismo, também conhecido por historicismo, opunha-se à corrente evolucionista
partindo da ideia segundo a qual, na história da humanidade, as verdadeiras inovações são em
número reduzido e propagam-se a partir de centros culturais, ou seja, sustenta que as inovações
são iniciadas numa cultura específica, para só então serem difundidas de várias maneiras a partir
desse ponto inicial. O funcionalismo opõe-se ao evolucionismo e ao difusionismo privilegiando,
já não uma abordagem diacrónica (ao longo do tempo), mas sim uma abordagem sincrónica da
sociedade. Trata-se de compreender como funciona uma sociedade. Para isso, o conhecimento da
sua história pode ser útil, mas não necessário.
Referencias Bibliográficas
Gregório Zacarias Vilanculo, Manual de Antropologia Cultural de Moçambique, Universidade
Pedagógica/ Sagrada Família-Maxixe Inhambane-Moçambique
TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade
Pedagogica Sagrada Família, sd. Pgs. 47-57.
PEDRO FERNANDES DE QUEIROZ, ANTONIO GONÇALVES SOBREIRA, 1ª EDIÇÃO
Sobral/2016, ANTROPOLOGIA.

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