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Índice

Lista de Tabelas
Resumo

Segundo Piaget, o desenvolvimento do raciocínio se expressa nas seguintes etapas: Sensório – motora,
Pré – operacional, Operatória – concreta, Operatória – abstracta. A linguagem é nessa época um
acompanhamento da acção, baseada em imagem. Os símbolos disponíveis para a manipulação mental e
expressados em linguagem têm a propriedade de um preconceito. Este trabalho tenha a intenção de
conduzir uma avaliação das capacidades cognitivas dos educandos do Colégio Cantinho da Rose,
especificamente os do 4° ano, para tal, aplicaram-se duas provas, a de causalidade e a de conservaco de
líquidos. Devido ao número reduzido de educandos, os quais eram um total de 27, aptou-se por trabalhar
com todos eles em separado, e estas provas foram aplicadas durante 4 dias com o objectivo de garantir
maior confiabilidade dos resultados. Como conclusões, as Crianças em nível pré-operatório de
desenvolvimento parecem raciocinar apenas sobre estados ou configurações, desprezando as
transformações, por isso, elas observam o resultado final (estado) que é água no copo e na taça e
desprezam a transformação observada, que foi o derramar da água. Na fase pré-operacional, a criança é
incapaz de descentração, isto é, de centrar sua atenção em 2 ou mais aspectos da realidade ao mesmo
tempo. Quando focaliza a atenção na altura do copo, ela não consegue ficar atenta à sua largura. É
importante referir que embora a teoria piagetiana advogue as crianças desse estágio são incapazes de
centrar sua atenção em 2 ou mais aspectos da realidade ao mesmo tempo, ou seja de observar e conservar
as quantidades, percebendo que a mudança de recipiente não implica transformações na quantidade de
líquido, nem todas as crianças se mostraram incapazes, pois algumas superaram as espectativas,
mostrando um nível de desenvolvimento referente a conservação acima do padrão esperado.

Palavras-chave: desenvolvimento, estágio pré-operatório, conservação, causalidade,


Introdução

O presente trabalho, nasce como fruto de um semestre no qual se esteve discutindo assuntos
ligados ao desenvolvimento humano, sobre tudo, o da criança. Por tratar-se de uma cadeira
prática, nos propusemos não apenas a analisar o desenvolvimento de forma teórica, mas também,
de forma prática através da aplicação de provas, especificamente a prova de conservação de
líquido e a de causalidade. Embora as teorias aleguem que o desenvolvimento é linear e universal
aos seres humanos, é comum observar crianças no mesmo estágio de desenvolvimento, todavia,
com diferenças significativas no que diz respeito as habilidades adquiridas, estando essas
diferenças relacionadas com o meio ambiente no qual a criança nasce e se desenvolve, ou seja, o
desenvolvimento não está apenas ligado a factores genéticos, mas também, a factores ambientais
os quais são de extrema importância para explicar as diferenças individuais. Muito mais do que
apenas avaliar, pretende-se fazer uma analise critica dos resultados obtidos da aplicação das
provas, confrontando os resultados com as bases teóricas relacionadas com o tema em questão.
Para o presente trabalho, decidiu-se avaliar educandos do 4° ano no Colégio Cantinho da Rose,
dai que o objectivo central deste trabalho é a avaliação do nível de desenvolvimento das crianças
do 4° ano no colégio Cantinho da Rose.
Problematização

O desenvolvimento humano é um processo continuo de sucessivas transformações nos diferentes


aspectos da vida do individuo. Este processo se inicia logo após a concepção, e vai decorrendo
até o dia em que morremos.

Para cada fase ou estágio de desenvolvimento, Jean Piaget definiu padrões de características que
acompanham o individuo, as chamadas características universais, mas este também aponta para
possíveis diferenças no nível de desenvolvimento dos indivíduos, o que gera as chamadas
diferenças individuais. Após sucessivas aulas acerca do desenvolvimento humano, pudemos
constatar que indivíduos com mesmo nível de crescimento físico, podem apresentar níveis de
desenvolvimento diferente, ou seja, crianças no estágio pré-operatórios podem dar interpretações
diferentes envolvendo um evento de causalidade. Devidos estes e mais outros fenómenos, nos
propusemos a fazer a seguinte questão:

O que gera diferenças de desenvolvimento nas crianças do estágio pré-operatório?

Hipóteses

H1: As diferenças no desenvolvimento, estão relacionadas a factores ligados ao ambiente no qual


a criança se insere

H2: As diferenças no desenvolvimento, não estão relacionadas a factores ligados ao ambiente no


qual a criança se insere

Objectivos

Geral:

o Avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo de crianças do 4° ano

Específicos

o Aplicar as provas de conservação e causalidade de Piaget;


o Comparar as teorias e o nível de desenvolvimento das crianças;
o Interpretar os resultados adquiridos através dos testes
Justificativa

Das leituras feitas durante um semestre no qual tendia-se a discutir o desenvolvimento humano,
nasceu o entusiasmo de aprofundar o assunto de forma mais interventiva. Dai que do docente
veio a sugestão de realizar-se um trabalho de campo onde abordaríamos esse assunto.

Do ponto de vista pessoal, que este trabalho possa acrescentar-me como pesquisador desta área e
que me sinta concretizado com o término do mesmo.

Socialmente, que esta possa ser uma fonte útil para os pais, educadores e até mesmo para os
próprios educandos, no que concerne a entender de forma mais profunda a questão do
desenvolvimento humano.
Referencial Teórico

Segundo Piaget (1964), o desenvolvimento do raciocínio se expressa nas seguintes etapas:

o Sensório – motora;
o Pré – operacional;
o Operatória – concreta;
o Operatória - abstrata
Fase sensória - motora (0 a 2 anos)
Característica: por mecanismos sensórios-motores, no contacto com a realidade, com ausências
de manipulações simbólicas. Este período é caracterizado por 6 estágios:

I° Estágio: (0 a 1 mês)
o Imitação: Ex.: a criança é estimulada a chorar quando houve o choro de outras crianças (0
a 1 mês). As reacções circulares, isto é, repetições reflexas de acções geram satisfação
caracterizando-se por uma actividade equivalente ao brinquedo (a sucção, por exemplo);
o Conceitos de Objectos: os objectos são principalmente sensações, não diferencia o
objecto das suas sensações;
o Espaço: a criança não aprende um espaço unitário, mas uma colecção de espaços
desligados e organizados em torno das principais esferas sensório-motoras de actividade.
Portanto existe um espaço oral, um visual, um auditivo e um táctil, em vez de um espaço
comum, no qual todos os demais estão incluídos;
o Causalidade: de acordo com a interpretação adulta, a causalidade transcende ao que seria
viável nesse estágio. A génese da causalidade expressa através do sentimento de que algo
se reproduz, de eficiência ou de eficácia;
o Tempo: a criança vivencia o sentimento vago de duração, imanentes às suas próprias
acções. Nesse sentido, se confunde com as impressões de expectativas e de esforço, sem
distinção entre o antes e o depois.
II° Estágio: (1 a 4 meses)
o Imitação: é mais pré-imitativa do que imitativa. Nesse estágio, a criança jamais tenta
imitar um som, um movimento que lhe seja novo. A imitação ocorre apenas quando o
modelo imitou a criança;
o Brinquedo: há muito pouco indício de actividades lúdicas;
o Aparecem repetições de acções que são feitas posteriormente, buscando satisfação;
o Conceito de objecto/espaço/tempo semelhante ao estágio I.
III°. Estágio: (4 a 8 meses)
o Imitação: a criança é frequentemente vista imitando deliberada e sistematicamente sons e
movimentos feitos por outras pessoas. Mas só imita respostas presentes no seu repertório
e as que pode ver e ouvir;
o Brinquedos: há o uso da acção apenas pelo prazer da actividade e não pela necessidade de
acomodação;
o Conceito de objecto: o início da extrapolação transcende a percepção imediata. Antecipa
o objecto inteiro vendo apenas uma de suas partes; procura um objecto fora de seu campo
visual etc. Porém há uma desistência imediata quando não acha o objecto;
o Espaço: Enquanto o espaço próximo (do sujeito) começa a ser percebido em esquemas de
profundidade (busca visual de objectos, procura), o espaço amplo continua sendo a tela
plana que caracteriza os dois primeiros estágios. No espaço próximo começa a perceber a
si próprio (mão, braço, interagindo com os objectos), mas numa organização
indiferenciada onde a acção e o objecto se confundem;
o Tempo: percebe suas próprias acções e "seria" em relação aos efeitos ambientais que
causam. Tem uma consciência elementar do antes e depois na sequenciação-resultado.
Surge a capacidade de reter um fato que se deu no passado imediato.
o Causalidade: começa a discriminar o acto de seu resultado, quando ela se percebe agindo.
IV°. Estágio (8 a 12 meses)
o Imitação: imita modelos novos. Na imitação muitas vezes se diferencia do modelo;
o Brinquedos: a criança abandona as finalidades da acção para brincar com os meios
usados. Aparece também a ritualização (a criança encontra um estímulo conhecido que
usualmente está associado ao ato de ir dormir, travesseiro, lençol, etc. e por alguns
momentos, desenvolve o ritual de dormir, deita-se, chupa o dedo, etc.
o Conceito de Objecto: a criança começa a procurar activamente objectos ocultos, porém
com uma limitação no padrão da procura. O objecto deve ser escondido na presença da
criança. Só posteriormente ela levanta obstáculos;
o Espaço: o espaço não próximo deixa de ser um pano único e se torna organizado em
regiões de profundidades diferentes;
o Causalidade: a criança considera o sujeito (agente) como a causa do movimento;
o Tempo: a criança relaciona pela 1ª vez um objecto como meio (que ocorre antes) de um
fato que é fim (ocorre depois). Retém uma série de acontecimentos, na qual sua própria
acção não intervém directamente.
V°. Estágio: (1 ano a 1 ano e 6 meses)
o Imitação: a imitação torna-se mais deliberada e activa com mais habilidade e sutileza;
o Brinquedo: além de repetir e variar uma acção, ela complica pelo prazer de fazê-lo;
o Conceito de Objecto: aprende a procurar o objecto no local em que foi visto pela última
vez. A criança não consegue encontrar o objecto quando há deslocamentos invisíveis que
precisam ser inferidos ou imaginados;
o Espaço: há relações espaciais entre os objectos: empilhar objectos, colocar e retirar do
recipiente;
o Causalidade: ela agora não se considera como uma causa, mas como um receptor de
causas;

o Tempo: capacidade maior de seriar os próprios acontecimentos. Capacidade crescente de


reter os acontecimentos na memória e num tempo maior.
VI°. Estágio: (18 meses em diante)
o Imitação: imitação adiada: a criança reproduz de memória um modelo ausente;
o Brinquedo: aparece a simbolização. A criança é capaz de fingir e fazer de conta.
o Conceito de Objecto: imagina independente das suas acções uma série de objectos
concretos que existe permanentemente no espaço. É visto como definidamente isolado,
sujeito às suas próprias leis de deslocamento.
o Espaço: é capaz de controlar seus movimentos no espaço. É capaz de representar os
deslocamentos invisíveis no espaço.
o Causalidade: a capacidade de representação (imagens de memória) leva a criança a inferir
uma causa, a partir do efeito, e a antecipar um efeito, a partir da causa.
o Tempo: a capacidade de reter fatos e de formar imagens facilita a recordação de fatos
cada vez mais remotos: organização ordenada de acontecimentos relacionados com
acções.
Fase – pensamento pré-operatório (2 a 7 anos)

Característica: aparecimento acentuado das representações mentais, desenvolvendo as funções


simbólicas, capacidade de simbolizar um fato real.

1º Sub-estágio do nível pré-operatório:


o Aparecimento da linguagem – da função simbólica.
o Aparecimento da imagem.
A linguagem é nessa época um acompanhamento da acção, baseada em imagem. Os símbolos
disponíveis para a manipulação mental e expressados em linguagem têm a propriedade de um
preconceito. Preconceito é o intermediário entre o símbolo imaginado e o conceito propriamente
dito e é definido como ausência de inclusão dos elementos em um todo e identificação directa
dos elementos parciais entre si sem a mediação do todo. A criança é egocêntrica nas
representações mentais, desenvolvendo a percepção centrada, sem considerar o ponto de vista do
outro, pouco esforço faz em adaptar a sua linguagem às necessidades do ouvinte, não consegue
pensar sobre o seu próprio pensamento. O mecanismo de centração e a dificuldade de descentrar
leva esta criança a concentrar-se num único aspecto do objecto, o que produz a distorção do
raciocínio, ela é incapaz de considerar vários aspectos do elemento, Assimilam os aspectos
aparentes que mais chamam a sua atenção.
Equilíbrio: Ausência relativa de equilíbrio entre assimilação e acomodação, a criança é mais
submissa às mudanças do que controladora das mesmas não possui um sistema em equilíbrio
com o qual possa ordenar, formar com coerência o mundo que o cerca. Sua vida cognitiva com
sua vida afectiva tende a ser instável, descontínua e momentânea;
Acção: A criança já representa a realidade com imagens, mas essas representações estão mais
próximas das acções explícitas. Não há tentativa do esquematizar, ordenar e refazer. Piaget
denomina esta fase de realismo quando as coisas para a criança são aquilo que parecem ser, na
percepção imediata, egocêntrica;

Irreversibilidade: As transformações não podem ser reversíveis, isto é não podem a partir dela,
voltar ao que era. Isto não é percebido, principalmente porque na transformação não se percebe a
constância dos elementos;

Animismo e artificialismo: Em sua visão do mundo possui conceitos primitivos de moral e de


justiça e apresenta uma imaturidade generalizada nas tentativas de enfrentar intelectualmente
problemas relativos ao tempo, causalidade e espaço. Não distingue claramente a actividade
lúdica e a realidade como áreas cognitivas diferentes, com regras próprias. No animismo tudo
possui alma e vida.

2ª Subfase Intuitiva
Entre 4 e 7 anos assiste-se a uma nova estruturação dos esquemas cognitivos. Esta fase
intermediária se caracteriza por um esforço considerável de adaptação à ideia de uma forma
semi-simbólica de pensamento que é o raciocínio intuitivo. Já há uma exploração de vários
traços do objecto, na busca de um todo, mas ainda não há uma conservação de um todo. O erro é
de ordem perceptiva, há uma construção intelectual incompleta, ocorre progresso, entretanto, na
medida em que o sujeito examina as configurações do conjunto, de maneira a relacionar duas
dimensões, mas não amplia as suas conclusões sobre compensações e conservações porque ainda
está muito presa às imagens perceptivas.
Metodologia
A população deste estudo foi de 27 alunos do 4° ano. Por este ser um número que possibilita
trabalhar com todos eles, optou-se por não se seleccionar uma amostra.
1 – Quanto ao método a pesquisa é Indutiva. A pesquisa indutiva parte de premissas particulares,
a premissas universais (Lakatos, Marconi, 1993);
2 – Quanto a natureza a pesquisa é Aplicada. A pesquisa aplicada objectiva gerar conhecimentos
novos úteis para o avanço da ciência com aplicação prática prevista;
3 - Quanto a abordagem do problema a presente pesquisa é Qualitativa. A pesquisa qualitativa
considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido
em números. A interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. (Gil, 2008)
4 – Quanto aos objectivos a pesquisa é Explicativa. A pesquisa explicativa é aquela que objectiva
identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos. É o tipo
que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas,
por isso é o tipo mais complexo e delicado. (Gil, 2008);
5 – Quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa é Bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos. Não recomenda-se trabalhos oriundos da internet. (Gil, 2008)
Informações Referentes a Instituição
A instituição conta com 95 educandos. Destes 95, 43 são do sexo masculino e 52 do sexo
feminino.
Em cada sala, encontram-se em um número de 15 a 25 crianças.
Funcionários da Instituição
A instituição conta com 5 educadoras; 2 auxiliares, 2 cozinheiras, 1 auxiliar de cozinha, 2
técnicos de limpeza, 1 auxiliar técnico de limpeza e 2 seguranças. O que leva a um total de 15
Funcionários.
Análise e discussão dos resultados

Prova de conservação de líquidos

Esta prova foi aplicada no dia 20 de Outubro de 2022 na sala 4. Antes da aplicação desta prova o
estagiário teve de trazer o material e junto com as educadoras o avaliaram e fizeram algumas
correcções. Este material era necessariamente 1 garrafa de água de 2 litros, dois copos
transparentes e de mesmo tamanho, 1 copo mais alto (grande) que os dois primeiros, 1 copo mais
largo e pequeno que os demais.

Após o avaliador colocar o material na mesa, pediu as crianças que se sentassem como o
habitual, de seguida colocou água num dos dois copos idênticos e chamou a criança de nome
Nayla e a disse: consegues ver que a água deste meu copo tem água até a metade nem?, ela
respondeu sim, o avaliador pediu que ela pusesse a mesma quantidade de água no outro copo e
ela pôs.

O avaliador perguntou: se eu beber essa minha água e você beber a sua, qual de nós vai beber
mais água e porquê? Esta respondeu, nós os dois vamos beber mesma água porque os copos são
iguais e tem a mesma quantidade.

Muitas outras crianças deram respostas semelhantes, mas, algumas discordaram dizendo, que eu
vou beber mais água porque sou mais rápido, outros diziam, porque no meu copo tenho mais
água, etc.

Depois o avaliador colocou a água de um dos copos idênticos no copo cumprido ou grande, e
chamou outra criança e perguntou, onde tem mais água, e a criança disse no copo grande, tendo
perguntado o porquê, a criança disse, porque o copo grande entra mais água que o copo pequeno.
Todavia, houve crianças que responderam acertadamente, é o caso da Nayla, do Owen e Amaya,
que disseram que os dois copos têm a mesma quantidade de água porque tiramos a água do copo
pequeno para o grande e não mudamos a quantidade.

No final da avaliação, o avaliador esvaziou todos os copos e pediu que uma criança fosse para
frente, encheu os dois copos idênticos e pediu a criança que transferisse a água de um dos copos
idênticos para o copo largo, e logo perguntou, qual dos dois copos tem mais água agora, e a
criança respondeu os dois tem mesma quantidade.
Conclusões Piagetianas

Provas de Conservação da quantidade de líquido

Conclusões: Crianças em nível pré-operatório de desenvolvimento parecem raciocinar apenas


sobre estados ou configurações, desprezando as transformações.
Por isso, elas observam o resultado final (estado) que é água no copo e na taça e desprezam a
transformação observada, que foi o derramar da água.
Na fase pré-operacional, a criança é incapaz de descentração, isto é, de centrar sua atenção em 2
ou mais aspectos da realidade ao mesmo tempo. Quando focaliza a atenção na altura do copo, ela
não consegue ficar atenta à sua largura.

É importante referir que embora a teoria piagetiana advogue as crianças desse estágio são
incapazes de centrar sua atenção em 2 ou mais aspectos da realidade ao mesmo tempo, ou seja de
observar e conservar as quantidades, percebendo que a mudança de recipiente não implica
transformações na quantidade de líquido, nem todas as crianças se mostraram incapazes, pois
algumas superaram as espectativas, mostrando um nível de desenvolvimento referente a
conservação acima do padrão esperado.
Prova de causalidade

Esta prova foi aplicada na semana seguinte, na terça-feira. Consistiu em fazer perguntas as
crianças e aguardar por respostas, esta prova continha 7 questões, hierarquizadas por grau de
dificuldade.

Perguntas:

1. O almoço está quente. Como se faz para esfriar

2. Por que as nuvens se movem?

3. O que é uma cama?

4. O que é uma casa?

5. O que faz as ondas do mar se moverem?

6. Por que há sombra aqui?

7. O sol se movimenta porquê

Respostas

1. Para a primeira questão, houve muitas respostas, mas todas elas coincidiam, as crianças
responderam que quando o almoço está quente no refeitório, sopramos até arrefecer. Com
esta resposta, concluímos que, embora se esperassem respostas de carácter mágico-
fenomenista, as crianças responderam de forma lógica, o que levou a concluir que,
embora as teorias de Piaget advoguem que para esse estágio se esperem respostas de
carácter mágico fenomenista, nem todas as crianças assim se comportaram, mostrando
que é possível notar diferenças mesmo em crianças de mesma idade.
2. Na segunda questão, ouve muitas respostas, mas, a criança, muito introvertida de nome
Kianga, disse que as nuvens se movimentam porque querem se trocar de posição, uma sai
para dar lugar a outra. Baseado nessa resposta, as crianças do 4° ano, manifestam um
pensamento mecanicista, ou seja, acreditam que seres inanimados podem realizar tarefas
específicas.
3. Para esta pergunta as crianças responderam baseadas na utilidade ou finalidade que este
objecto tem. Tendo dito, a cama é um lugar para dormirmos, para descansarmos, para
guardarmos bonecas, etc. essa resposta mostra um nível de finalismo nas crianças, ou
seja, a ideia de que as coisas a sua volta são concebidas ou existem para as favorecerem,
neste caso, a cama existe para elas dormirem, guardarem bonecas, etc. para o estagio de
desenvolvimento das crianças, é aceitável a presença de finalismo nessa idade.
4. Nesta questão, as crianças responderam que uma casa é um lugar para vivermos como
família, para guardarmos louça, televisores, etc. o que novamente demonstrou um nível
de finalismo na criança, como o próprio terno ou palavra já sugere, as coisas a sua volta
tema finalidade de as servirem no satisfazer de suas necessidades.
5. Houve muitas respostas, algumas crianças diziam que as ondas se movem porque existem
seres na água que as movimentam, outras que os barcos é que fazem elas se
movimentarem. Mas importa trazer a resposta da Nayla e Owen que dizia, as ondas se
movem porque o vento sopra com força no mar. Baseado na resposta, a criança apresenta
um pensamento lógico, e as demais, um pensamento artificialista.
6. As crianças disseram que existia sombra na sala porque o sol brilhava e entrava luz na
sala de aulas, e que no escuro não é possível vermos sombra se não tiver luz. Isso indicou
claramente um nível de pensamento lógico, ou seja, as crianças responderam com
exactidão a questão, de forma racional.
7. Nesta questão, as crianças disseram que o sol se movimenta quando nós caminhamos, o
que traduzido em outras palavras significaria, o sol nos acompanha. Típico de um
pensamento animista, ou seja, a atribuição de qualidades humanas a seres inanimados.
Conclusão

Com a realização deste trabalho, foi possível concluir que, para um mesmo estagio de
desenvolvimento humano, e com crianças de mês faixa etária, podemos encontrar grandes
diferenças no seu pensamento, não apenas ligadas a factores genéticos, que reconhecemos nós
que desempenham forte influência para esse facto, mas as condições económicas da família dos
educando, o ambiente no qual crescem, podem também exercer muita influência nestas
diferenças.

Para Piaget, o estágio pré-operatório de desenvolvimento, tem por características o aparecimento


acentuado das representações mentais, desenvolvendo as funções simbólicas, capacidade de
simbolizar um facto real. A linguagem é nessa época um acompanhamento da acção, baseada em
imagem. Os símbolos disponíveis para a manipulação mental e expressados em linguagem têm a
propriedade de um preconceito. Preconceito é o intermediário entre o símbolo imaginado e o
conceito propriamente dito e é definido como ausência de inclusão dos elementos em um todo e
identificação directa dos elementos parciais entre si sem a mediação do todo. A criança é
egocêntrica nas representações mentais, desenvolvendo a percepção centrada, sem considerar o
ponto de vista do outro, pouco esforço faz em adaptar a sua linguagem às necessidades do
ouvinte, não consegue pensar sobre o seu próprio pensamento.
Referências Bibliográficas
GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2008.
PIAGET, Jean, INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1969. 135 p.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho imagem e
representação. 3º ed. Rio de Janeiro: LTC, 1964.
PIAGET, Jean,,Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães D’ Amorim e
Paulo Sergio Lima Silva - 24º Ed. Rio de Jneiro: FORENSE UNIVERSITARIA, 1965.

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