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Piaget: Estádios de Desenvolvimento

Piaget é provavelmente dos autores e investigadores mais reconhecidos e populares no


tema do desenvolvimento humano.

Uma das mais populares propostas de Piaget, é que segundo ele o desenvolvimento
ocorre por estádios. Cada estádio segundo este existe um “salto” qualitativo na
compreensão e apreensão da realidade.

Piaget propõe que o desenvolvimento ocorre mediante 4 estádios:

Estádio sensório-motor (0 até aos 2 anos)

Neste estádio, segundo Piaget, a criança não possui a capacidade mental de representar
objetos e/ou ações. Com esta ausência de capacidade, a criança não consegue prever a
consequência das suas ações. Neste período a “Inteligência” é essencialmente prática,
trabalhando diretamente através das perceções e das ações. A realidade que a criança vê
é a única que existe (para ele), por isso, no momento que um objeto ou pessoa sai do seu
campo visual, na perspetiva da criança, simplesmente deixou de existir (com o tempo a
permanência do objeto começa a existir).

Estádio pré-operatório (2 aos 6/7 anos)

Quando começam a dominar a linguagem e os nossos símbolos de comunicação,


começam também a imitar, representar, imaginar e classificar. 
Nessa fase, por exemplo, a palavra carro já pode gerar a imagem mental de um carro,
mesmo que não tenha nenhum na sua frente.
A criança ainda é egocêntrica (se vê no centro de tudo e entende o mundo a partir da sua
própria vivência) e não tem a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Esse é um
longo processo! 
Faz parte dessa visão egocêntrica achar que a natureza e os objetos agem de forma
independente (tudo tem vida própria). Se tropeçou, diz que a calçada é a culpada e não
ela própria. Zanga-se com o brinquedo por ter “se” estragado, ou responde um sincero
“não fui eu, foi a minha mão!”. Também pode confundir realidade e fantasia e ainda ter
dificuldade de distinguir certo e errado.
Começa aqui “a idade dos porquês”. A criança faz perguntas o tempo todo, tem ânsia de
compreender o mundo e a realidade à sua volta e dentro de si.

Estádio das operações concretas (7 aos 11 anos)


 Neste período são consolidados conceitos como o de peso, volume, número, etc.
O egocentrismo diminui e a criança passa a ter maior capacidade de se colocar no lugar
do outro e entender conceitos morais de certo e errado por volta dos 7 anos.
Nessa fase, as crianças apresentam maior capacidade de pensar soluções mentais para
problemas reais. As informações que receberam até aqui começam a se conectar num
raciocínio mais lógico, que considera vários aspetos ao mesmo tempo. 
Conseguem estabelecer relações e agrupar objetos ou símbolos por semelhança ou
diferença.
Outros aprendizados se constroem a partir da observação das coisas e pela tentativa e
erro.
Um exemplo clássico é a compreensão de que dois copos com diâmetros diferentes –
um cheio e outro até a metade – podem ter a mesma quantidade de líquido. É a noção
de espaço e volume se consolidando!
As operações matemáticas vão ficando cada vez mais complexas: se no início precisam
de objetos concretos para somar ou subtrair, no final deste estádio, já conseguem
fazer operações com grandes números. 

Estádio das operações formais (a partir dos 11 anos aos 16) 

último estádio de desenvolvimento segundo Piaget.


A inteligência torna-se mais lógica, conseguindo facilmente prever consequências,
ou visualizar objetos, sem a necessidade de executar as ações ou que os objetos
estejam presentes.
Capaz de chegar a consenso, através se pontos divergentes, podendo também trabalhar
com metáforas. Conseguindo estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.
O adolescente consegue fazer deduções e trabalhar com hipóteses mais elaboradas a
partir do pensamento lógico e também do abstrato. 
Começa a entender teorias, doutrinas e conceitos, sendo capaz de fazer leituras
críticas do mundo ao redor (e também criticar muito os pais!). Esse processo reforça a
vontade de independência e autonomia, enfim, de assumir suas
opiniões, personalidade e posição no mundo (egocentrismo intelectual).

Críticas
É importante referir que esta proposta de Piaget, é sujeita a inúmeras críticas, uma das
quais baseia-se que o desenvolvimento humano não termina aos 16 anos, por isso alguns
autores são adeptos de um estádio Pós Formal, que compreende a idade adulta e a
terceira idade.

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