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1.
a. Itália
b. Inglaterra
c. Portugal

2. Na primeira quadra é referida a Europa e faz-se uma particularização geográfica, mediante


a distinção entre Oriente e Ocidente, sendo esta a região em que o poema se vai focar; na
segunda apontam-se dois países europeus (Itália e Inglaterra); no final, o destaque afunila-
se em Portugal.

3. No poema, a Europa surge descrita como uma mulher, considerando-se que Portugal, em
termos geográficos, é o rosto do continente europeu, olhando o Ocidente. Estes aspetos
podem ser verificados na ilustração que acompanha o poema.
4. O verbo jazer remete para uma Europa moribunda, que é necessário despertar da letargia
em que se encontra, aspeto que surge no verbo fitar, também associado a Portugal e
representa a vocação marítima dos portugueses. Percebe-se, deste modo, a afirmação
“futuro do passado” (v. 11), pois o desvendamento foi futuro do passado e promete repetir-
se.

5. A missão profética pressente-se na caracterização do olhar, que é esfíngico e fatal, e que


aponta para uma atitude contemplativa e expectante, para o enigma e para o mistério que
envolve os Descobrimentos. Além disso, este olhar, que vem do rosto que é Portugal, fita o
Ocidente que é futuro do passado, depreendendo-se, assim, que este é o único país da
Europa moribunda capaz de fazer renascer o Velho Continente – é essa a sua tarefa
messiânica.

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1. “O mito é o nada que é tudo” porque, sendo mito, não tem existência concreta; porém,
como corresponde a uma crença/ fé, pode ser tudo, dado que as crenças alimentam/dão
sentido à realidade.

2. Para comprovar a tese, o sujeito poético serve-se de dois conjuntos de argumentos:

(1) o Sol, um elemento da realidade física, e um elemento transcendente, Deus, que é


“morto”, “vivo e desnudo”, apontando para a ressurreição e para o seu poder regenerador,
apesar de não ter existência física;

(2) a crença de que Ulisses aportou no local onde agora se situa Lisboa e aí terá fundado a
cidade.
3. Depois de ter fundamentado a sua tese, o sujeito poético passa para a generalização,
pondo a realidade na dependência da lenda, como se a primeira não fizesse sentido sem a
segunda, porque é a lenda que fecunda a realidade. Sem o mito, a vida seria um vazio.

4. Uma das metáforas presentes surge na utilização do verbo “fecundar”, que, no contexto,
sugere o poder regenerador do mito, a sua capacidade de dar sentido à vida e de fazer surgir
a realidade.

5. Em ambos os textos, a figura simbólica de Ulisses deu sentido à vida dos portugueses
porque, ao fundar a cidade de Lisboa, colocou a primeira pedra do império português.

6. “Este” e "aqui" têm referência deítica de natureza espacial; “aportou” é temporal e


pessoal.

7. O pronome “(l)a” tem como referente “a realidade” e exemplifica a coesão gramatical


referencial.

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1. D. Dinis escreve um “Cantar de Amigo”, uma alusão ao facto de o rei ter sido também
poeta (autor de cantigas trovadorescas). Além disso, é também referido como “o plantador
de naus a haver” (v. 2), numa clara menção à plantação do pinhal de Leiria por si ordenada.

2. O presente do indicativo contribui para a mitificação do herói, mostrando que, no seu


tempo, foi a sua ação que preparou involuntariamente o futuro dos Descobrimentos,
tornando o seu contributo intemporal.

3. Sugere-se no poema que a plantação do pinhal de Leiria teria sido preponderante para a
construção dos barcos a utilizar nos Descobrimentos (“O plantador de naus a haver”, v. 2),
daí que, involuntariamente, o rei tivesse preparado o futuro.

4. O poema integra a primeira parte da obra, “Brasão”, sendo o sexto poema da secção “Os
Castelos”. D. Dinis foi o sexto rei de Portugal e antecede o ciclo dos Descobrimentos.
Preparou o futuro, criando, no presente, condições para o alargamento do Império, que será
cantado na segunda parte da obra.

5. A expressão “E a fala dos pinhais, marulho obscuro” (v. 8) contém uma personificação e
sugere o caráter mítico de D. Dinis, uma espécie de intérprete de uma vontade superior, que
anunciava aos ouvidos do rei um novo ciclo de conquistas. A metáfora está patente em “um
trigo / De Império” (vv. 4-5) e sugere que a génese, a origem do futuro teve início em terra.
No fundo, tal como o trigo é a base do pão que alimenta os povos, também os pinheiros serão
a base da construção dos barcos que alimentarão os Descobrimentos. O trigo “ondula” ao
sabor do vento, os barcos ao sabor das ondas.

6.
a. Trovador; b. Plantador
A síntese do poema revela-se pertinente, uma vez que destaca a figura de D. Dinis e as
ideias-chave do poema. Associam-se a este rei duas atividades distintas, destacando-se
aquela que está mais diretamente relacionada com os Descobrimentos.

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1. A matriz épica evidencia-se no tom de exaltação heroica que se depreende da evocação
do fim trágico do herói, que tem uma forte dimensão histórica.

2. A primeira parte, que corresponde à primeira estrofe, apresenta a autocaracterização do


sujeito poético como louco. A segunda, relativa à segunda estrofe, faz a apologia da loucura,
elogiando-a e incitando outros a tomá-la, ou seja, a dar continuidade ao sonho que levou D.
Sebastião ao norte de África – o de ir mais além.

3. Como consequência da concretização do sonho, orgulhosamente assumido pelo sujeito


poético, este encontra a morte (“Ficou meu ser que houve”, v. 5), verificando-se a destruição
física. Porém, desse fim trágico, resultaram a sua mitificação e a sua imortalidade: o sonho
continua assim a fecundar a realidade.

4. O elogio da loucura é visível no repto lançado aos destinatários para que se deixem imbuir
pelo sonho, que é o motor da ação. O apelo lançado assume, assim, uma dimensão nacional
e universal. É pela loucura, pelo sonho, que o ser humano se distingue dos animais, da “besta
sadia, / […] que procria” (vv. 9-10).

5. A anáfora, presente em “Louco, sim, louco” (v. 1), “Minha loucura” (v. 6) e em “Sem a
loucura” (v. 8), permite ao sujeito poético enfatizar a ideia da loucura, uma vez que esse é o
seu traço caracterizador e o motor da ação humana. A metáfora, por sua vez, também pode
ser encontrada no vocábulo “loucura”, que assume aqui valores conotativos e uma dimensão
positiva. Só esta força será capaz de reerguer a nação.

6. O poema é constituído por duas estrofes, de cinco versos (quintilhas). Quanto à métrica,
os versos são irregulares, apresentando seis, oito ou dez sílabas métricas. A rima é cruzada e
emparelhada tal como se percebe pelo esquema rimático ababb / cdcdd.

7.1 Os dois textos enaltecem a ação e a determinação do rei D. Sebastião – surge como um
rei valente e dominador, que, por isso, alcançará a imortalidade. Esta dimensão mítica é
expressa pela jovem Maria da obra Frei Luís de Sousa, que enaltece a sua ousadia e rejeita a
possibilidade de o rei ter morrido “às mãos dos mouros”: “Não pode ser, não pode ser,
Deus não podia consentir em tal” (ato II, cena 1). Maria alude ainda às profecias que
transformarão esta crença num verdadeiro mito (“Pois não há profecias que o dizem? Há, e
eu creio nelas”, idem). Note-se que também o verso de Pessoa (“Ficou meu ser que houve,
não o que há”) remete também para a imortalidade que D. Sebastião alcançou.

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1. A realização da "obra" está, em primeiro lugar, condicionada pela vontade divina, e depois
pelo sonho do homem. Cumpridas estas duas fases, a obra nascerá.

2. Deus quis que a terra fosse apenas uma e que o mar fosse um fator unificador. Para tal,
seria necessário primeiro desvendá-lo para permitir a união entre continentes e povos.

3. Deus escolheu o Infante para cumprir a missão de unificação da terra através do mar. Este
é, assim, o símbolo do herói, o agente da vontade divina, predestinado para o grande feito
do domínio dos mares.
4. A forma verbal “Sagrou-te” é sugestiva, uma vez que semanticamente se associa à
predestinação, à eleição divina, assumindo, por isso, uma conotação religiosa.
Foneticamente, remete para o nome do eleito, conhecido como “Infante de Sagres” e
também para a escola de navegação que este fundou e que simboliza o início da expansão
marítima.

5. O apelo final é dirigido a Deus e justifica-se pelo desalento causado pelo fim do Império
marítimo. Torna-se, assim, urgente um novo sonho, que potencie a construção de um
império de outra ordem, mais completo porque integrará uma dimensão material e outra
espiritual.

6. A gradação, presente no primeiro verso, reflete as etapas que permitirão a concretização


da obra: querer, sonhar, nascer. A personificação, a sugerir a rapidez das descobertas, está
presente em “E a orla branca foi de ilha em continente, / Clareou, correndo, até ao fim do
mundo” (vv. 5-6). Emprega-se ainda a apóstrofe (“Senhor”, v. 12) para identificar o
interlocutor e a necessidade da intervenção divina para o nascimento de um novo império.

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1. O mostrengo apresenta-se como senhor dos mares do fim do mundo e como monstro
voador, semelhante ao morcego, que voa, chia e tem um aspeto aterrador, porque é "imundo
e grosso” (v. 13); mostra-se ainda arrogante e ameaçador. O homem do leme, por sua vez,
revela-se, inicialmente, amedrontado e intimidado, mas, num crescendo de coragem e de
determinação, mostra a sua ousadia e valentia, acabando por vencer o seu interlocutor.

2. O navegador muda de atitude quando se consciencializa de que está em representação de


um povo e a cumprir a missão que lhe foi incumbida pelo seu soberano, o rei de Portugal.
Trata-se, pois, de um herói simbólico, representativo de um povo – daí o caráter épico –, mas
que assume simultaneamente uma posição pessoal, carregada de dramatismo, o que lhe
confere a dimensão lírica.

3. O mostrengo simboliza o mar desconhecido, os obstáculos e perigos com que os


marinheiros se confrontaram e o medo do desconhecido. O homem do leme é símbolo da
coragem, da ousadia e da determinação do povo português, que, mesmo com medo, nunca
deixou de lutar para cumprir a missão dos Descobrimentos.

4. O tom dramático que se depreende do poema resulta do diálogo que se estabelece entre
os dois intervenientes e do ambiente de terror e de mistério que os envolve. A tensão entre
os dois interlocutores está também patente na pontuação expressiva, nomeadamente nos
pontos de interrogação e de exclamação, nas formas verbais que sugerem movimentos
violentos e nas expressões que remetem para apreensões sensoriais.
5.1
Semelhanças: O mesmo objetivo → engrandecimento dos portugueses; o conteúdo épico →
a luta com o mar e a coragem do marinheiro representante do povo português; o valor
simbólico → perigos e obstáculos que os marinheiros enfrentaram no desvendar dos mares;
o medo → as duas figuras provocam reações de terror nos marinheiros.
Diferenças: Mostrengo: aspeto animal, próximo do morcego; figura que aterroriza por voar
e chiar; derrotado pela coragem e determinação do marinheiro português; interlocutor:
homem do leme ao serviço do rei D. João II, reinado em que foi ultrapassado o cabo das
Tormentas; tom mais épico e dramático; texto mais curto, mas mais simbólico. Adamastor:
aspeto humano, embora medonho; figura aterrorizadora pelo tamanho e pelo aspeto;
interlocutor: Vasco da Gama, ao serviço do rei D. Manuel; tom mais lírico do que épico,
sobretudo na segunda parte do episódio.

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1. A apóstrofe inicial, presente em “Ó mar salgado”, permite interpelar e identificar o


responsável pelo drama e pelo sofrimento dos portugueses envolvidos nos Descobrimentos.

2. O valor metafórico dos versos deve-se ao facto de se sugerir que o sal do mar advém das
lágrimas vertidas pelos portugueses, as quais, por sua vez, simbolizam o sofrimento e a dor
inerentes aos Descobrimentos.

3. As expressões que se associam ao sofrimento são utilizadas para comprovar a afirmação


inicial, apresentada nos dois primeiros versos do poema. São elas: “lágrimas”, “cruzarmos”
(que remete para a palavra cruz, símbolo do sofrimento de Cristo), “choraram”, “rezaram”,
“noivas ficaram por casar” (devido à morte dos amados), “Bojador” (simbolizando os perigos
e obstáculos encontrados), “dor”, “perigo” e “abismo”.

4. A interrogação retórica introduz e enfatiza a reflexão posterior sobre a necessidade e a


utilidade dos sacrifícios.

5. A dimensão épica resulta da valorização e do entusiasmo perante a concretização do


sonho e de ideais elevados, como foram os Descobrimentos portugueses, capazes de
conduzir à imortalidade. A vertente lírica, por sua vez, decorre da expressão dos
sentimentos do “eu” poético perante os efeitos
1. A apóstrofe inicial, presente em “Ó mar salgado”, permite interpelar e identificar o
responsável pelo drama e pelo sofrimento dos portugueses envolvidos nos
Descobrimentos.

2. O valor metafórico dos versos deve-se ao facto de se sugerir que o sal do mar advém das
lágrimas vertidas pelos portugueses, as quais, por sua vez, simbolizam o sofrimento e a dor
inerentes aos Descobrimentos.

3. As expressões que se associam ao sofrimento são utilizadas para comprovar a afirmação


inicial, apresentada nos dois primeiros versos do poema. São elas: “lágrimas”, “cruzarmos”
(que remete para a palavra cruz, símbolo do sofrimento de Cristo), “choraram”, “rezaram”,
“noivas ficaram por casar” (devido à morte dos amados), “Bojador” (simbolizando os
perigos e obstáculos encontrados), “dor”, “perigo” e “abismo”.

4. A interrogação retórica introduz e enfatiza a reflexão posterior sobre a necessidade e a


utilidade dos sacrifícios.

5. A dimensão épica resulta da valorização e do entusiasmo perante a concretização do


sonho e de ideais elevados, como foram os Descobrimentos portugueses, capazes de
conduzir à imortalidade. A vertente lírica, por sua vez, decorre da expressão dos
sentimentos do “eu” poético perante os efeitos nefastos das descobertas e também da
descrição do sofrimento dos que foram afetados por este empreendimento.

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1. O tema do poema, tal como sugere o título, é a súplica a alguém (Senhor, Deus, D.
Sebastião…) para que devolva ao povo português a chama que as cinzas ocultaram.

2. A noite sobrepõe-se ao dia, ao tempo da grandeza, pelo que, neste contexto, a "noite"
corresponde ao abatimento, à destruição, à tristeza e ao desalento.

3. O uso da primeira pessoa do plural expressa o coletivo, o povo português aqui


representado pelo sujeito poético, que assume como seu o desalento dos outros. Por isso, a
sua súplica é também a dos restantes portugueses.

4. A metáfora e a personificação evidenciam a ideia de que a esperança pode ser novamente


avivada, porque, enquanto há vida, há esperança. Assim, tal como o fogo quase extinto pode
ser reavivado pelo vento, também o sonho pode vir a comandar de novo a ação dos
portugueses.

5. O desalento é assumido pelo sujeito poético em representação dos outros, porque, no


presente e após a conquista do mar, só restam o silêncio e a saudade. Porém, também
sobressai a ideia de que nem tudo está perdido – com uma atitude diferente, a situação pode
alterar-se, o que deixa antever a esperança, a fé na mudança.

6. O poema localiza-se no final da segunda parte (“Mar Português”), depois de ter sido
apresentado o percurso glorioso da nação, que se deveu ao poder do sonho, que é preciso,
agora, alimentar.

7. Complemento indireto.

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1. O sujeito poético critica a felicidade alcançada sem esforço e particularmente aqueles que
se contentam com pouco, sem que o sonho os mova, considerando “triste” todo aquele que
vive apenas por viver (1.ª estrofe).

2. O verso configura uma máxima através da qual se faz a apologia da inquietação, do


descontentamento e do sonho como meios para ultrapassar os limites e a finitude humanas.

3. O sonho é determinante para que a vida avance e para que o ser humano se realize. Por
isso, deve dominar “as forças cegas” (v. 14), ou seja, tudo aquilo que impeça o homem de
sonhar e de realizar os sonhos.

4. Os quatros impérios são a Grécia, Roma, a Cristandade e a Europa. De acordo com o sujeito
poético, estes serão esquecidos pelo surgimento de um novo império sob o comando de D.
Sebastião, o messias redentor que, tal como sugerido pela interrogação final, não terá
morrido.

5. A enumeração tem como função presentificar os quatro anteriores impérios que agora
darão lugar ao quinto. A interrogação final evidencia que o mito, a fé e o sonho foram
responsáveis pela grandeza dos portugueses de outrora. Uma vez que essas características
ainda não desapareceram, a interrogação funciona como um incentivo, que parte da lição
que os portugueses de agora deverão tirar da morte de D. Sebastião em nome de um ideal e
de uma quimera.

6. O poema é o segundo da terceira parte, onde a par do desalento pelo fim do império
surge a esperança na reconstrução e na afirmação da nação portuguesa, aqui projetada no
mito do Quinto Império.

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1. O sujeito poético encontra-se à beira do abismo, nos limites da mágoa, tendo necessidade
de se refugiar no mito de um redentor para preencher os seus “dias vácuos” (v. 6). Mostra-
se, assim, convicto da vinda de um messias, embora não saiba quando.
2. Na primeira parte, correspondente aos seis primeiros versos, o sujeito poético dá conta da
sua tristeza e do único alento que tem para viver; na segunda, que se inicia com a conjunção
"Mas" (v. 7), o “eu” lança uma série de perguntas introduzidas por "Quando" e dirigidas a
uma entidade mítica, designada por vários nomes (Rei, Hora, Cristo, Encoberto, Sonho,
Senhor), e apela à sua rápida vinda, porque só assim ele se libertará da incerteza e se realizará
o sonho de alcançar "A Nova Terra e os Novos Céus" (v. 12).

3. O uso sistemático das interrogações traduz o desespero e a ansiedade do sujeito poético,


que interroga o seu presumível interlocutor, com o objetivo de conhecer as circunstâncias
do seu regresso.

4. A “Nova Terra” e os “Novos Céus” simbolizam o novo império, uma nova realidade que
será construída com a ajuda do Sonho, do Senhor a quem o “eu” se dirige.

5. O salvador da Pátria moribunda recebe no poema várias designações, todas elas de caráter
místico. Sabendo-se que Fernando Pessoa foi um febroso cultor do sebastianismo e
designando este redentor por “Encoberto”, facilmente se pode associar a mensagem deste
texto ao culto sebástico.

6. É o único poema de Mensagem que não apresenta título. É constituído por cinco quadras
com regularidade métrica, já que todos os versos têm oito sílabas. Também apresenta
regularidade rimática, pois só existe rima cruzada.

7.1 No poema pessoano, o estado de desalento do poeta é despertado pela presença do


“Senhor” que ele evoca; na letra da canção, o “eu” também sairá da escuridão graças à voz
que chama por ele e o lembra que a noite terá fim, tal como a mágoa do sujeito poético do
texto pessoano será atenuada pela convicção na vinda do redentor. As constantes
interrogações visíveis no texto de Fernando Pessoa enfatizam a preocupação do sujeito que
procura saber quando virá o seu salvador; o mesmo se percebe no poema da canção,
quando o “eu” reafirma que procura por quem não esqueceu, pedindo apenas um sinal.

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1. A nação encontra-se numa situação de crise – indefinição política e social (v. 1); crise de
valores, “Nem o que é mal nem o que é bem” (v. 9); desorientação, “Ninguém sabe que coisa
quer” (v. 7). Em suma, a nação está a entristecer, a definhar, a perder o brilho de outrora.
2. Os últimos versos dão conta do estado da nação e são uma espécie de grito de alerta e de
esperança que funciona como um pedido de ação: o sujeito quer que se saia da letargia e
que se parta à conquista, cumprindo o sonho, o destino que foi traçado por Deus para o povo
predestinado, o povo português.

3. A metáfora sugere o estado de crise em que se encontra o país. O vocábulo “nevoeiro”


apresenta, assim, várias potencialidades semânticas: do oculto pode surgir a luz; quando o
nevoeiro se dissipa, o Sol brilha; do nevoeiro pode surgir o salvador. Porém, o que se destaca
é a letargia, a inércia e a tristeza que se abateram sobre Portugal.

4. Trata-se do poema que fecha a terceira parte – O Encoberto – e, por conseguinte, a obra
Mensagem. Simbolicamente, aponta para o fim, a morte, ainda que esta não possa ser
entendida como definitiva, pois dar-se-á o renascimento sugerido nos últimos versos.

5. A gradação, a que se associa a enumeração, é visível em “Ninguém sabe que coisa quer. /
Ninguém conhece que alma tem, / Nem o que é mal nem o que é bem” (vv. 7-9) e sugere o
estado de desnorte progressivo da nação, centrando-se inicialmente no domínio do saber,
depois no do conhecer, culminando num estado de não distinção entre o mal e o bem. O
mesmo efeito expressivo tem a anáfora, pois acentua o caráter negativo que paira sobre a
nação, reforçado pela utilização dos termos antitéticos “Ninguém” e “Tudo”, pronomes
indefinidos que intensificam a atmosfera de incerteza e de nebulosidade que a mensagem
do poema veicula.

6.1 Ambas as orações (“que coisa quer”; “que alma tem”) são subordinadas substantivas
completivas.

6.2 “Ninguém” é um pronome indefinido.

7. Valor imperfetivo.

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1. Segmentos como “Fernando Pessoa pretendeu que o seu livro estivesse acima de qualquer
género literário estabelecido, isto é, que, em vez de obedecer servilmente às regras que
definem os modos e os géneros, fundisse ‘toda a poesia lírica, épica e dramática em algo para
lá de todas elas’”, (ll. 2-5) “Mensagem é um poema épico-lírico-dramático” (l. 6), “Pessoa
enaltece através deles a ação de oito heróis” (ll. 13-14) respondem ao solicitado na questão.

2. Os heróis evidenciados na Mensagem assumem todos uma dimensão simbólica, dado


serem mitificados e presentificados como modelos e/ou símbolos que importa voltar a
impor num Portugal moribundo como o que existia na época em que esta obra de Fernando
Pessoa foi publicada.

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1.
a. No texto afirma-se que “o sebastianismo começa por ser um assunto que abrange o Quinto
Império e acaba por estar subordinado a este último numa etapa de escrita
cronologicamente posterior”, o que se compreende, bastando, para isso, ver o poema
“Quinto Império”, em que se fala no advento desta realidade espiritual e se refere
especificamente o mito sebastianista ao pôr-se em dúvida a morte do rei português. Também
neste texto se diz que “Nos primeiros anos da escrita sebastianista, Pessoa refere o Quinto
Império, o império definitivo e universal a ser alcançado após o regresso de D. Sebastião”,
entendido como figura simbólica.
b. D. Sebastião é visto como salvador, como garante da resolução do marasmo em que se
encontrava a nação, construindo “o império definitivo e universal”. Mas mais importante
ainda é que o rei português adquire um estatuto simbólico, ilustrando o caráter esotérico da
obra pessoana.

2. A unidade estrutural de Mensagem resulta da sua tripartição, na qual se representa o


ciclo da vida da nação. Com efeito, na Parte I salienta-se a dimensão profética de Portugal;
na Parte II, os grandes feitos náuticos; na Parte III “profetizam-se […] as realizações futuras
da pátria portuguesa”.

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