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“Brasão”
“D. Fernando, Infante de Portugal”:
D. Fernando mostra-se como uma representação do povo português, que se
encontra predestinado ao desempenho de uma missão ao serviço de Deus
(evangelizar o norte de África). Primeiro, dá-se a escolha divina e a sagração
do herói; depois, a aceitação da missão pelo herói; e, por fim, este entra em
ação.
Valorização de D. Fernando:
Discurso na 1ª pessoa;
Sujeito escolhido por Deus – as suas armas, a sua força e a sua vontade
são divinas.
“D. Dinis”:
Neste poema referem-se os dois ciclos da História de Portugal:
O da terra, já concretizado no reinado de D. Dinis – a conquista de
território aos Mouros estava encerrada; os limites/fronteiras de
Portugal, encontravam-se definitivamente traçados.
O do mar, do qual D. Dinis parece ter sido, segundo a perspetiva do
sujeito poético, o criador do gesto visionário – os pinhais que plantou
(pinhal de Leiria) transformam-se no trigo do Império, pois será a sua
madeira que servirá para construir as naus do futuro, constituindo,
assim, tal como o trigo é a base da alimentação, o elemento fundador
das Descobertas.
Todos os recursos estilísticos apontados evidenciam o cumprimento de um
destino mítico, previamente traçado para os Portugueses: os sons da terra
funcionam como a voz do destino.
“Quinto Império”:
O poema pretende interpelar a pessoa que vêm viver o sonho de D.
Sebastião, ou seja, que vêm reerguer o Quinto Império, que devolveria a
Portugal a glória que anteriormente teve. Assim, a morte de D. Sebastião
apresenta-se como o nascimento de um sonho que motiva o povo português
a sair da escuridão em que tinha mergulhado (povo adormecido, domado,
cego – perceção da casa na primeira estrofe) e a reencontrar a sua
esperança e força para voltar a ser glorioso.
“O dos Castelos”:
O poema apresenta uma Europa caracterizada pela inércia e pela atitude
contemplativa, encontrando-se à espera de algo. A sua descrição evidencia
as raízes culturais da identidade europeia, com as quais Portugal se
relaciona:
“românticos cabelos” – povos que habitaram na Península Ibérica:
espírito guerreiro e carácter emotivo;
“olhos gregos” – herdeiros;
“Itália” – império romano: língua;
“Inglaterra” – antigo aliado.
“Ulisses”:
Ulisses é, segundo a lenda, o fundador da cidade de Lisboa, que se destacou
como guerreiro e navegador. Ao escolher Ulisses, herói lendário, Pessoa
justifica o oximoro inicial – " O mito é o nada que é tudo", pois, embora
imaterial, Ulisses simboliza a grandeza, é aquele de quem herdámos a
capacidade heroica, assente na coragem e no sacrifício. Assim, é através
destas características que Portugal adormecido irá inverter o percurso do
presente e voltar a ter glória.
“O mostrengo”
O mostrengo corporiza o desconhecido e os perigos do mar, enfrentados
pelos marinheiros portugueses nos Descobrimentos – os homens do leme,
que representa a vontade indomável do povo português, através da
superação do medo e do enfrentar o perigo. É a vontade indomável de
cumprir um destino coletivo que o "ata ao leme", a certeza de que ali não se
representa apenas a si próprio, mas um coletivo determinado e
predestinado.