Você está na página 1de 5

Mensagem – resumo de todos os poemas

“Brasão”
“D. Fernando, Infante de Portugal”:
 D. Fernando mostra-se como uma representação do povo português, que se
encontra predestinado ao desempenho de uma missão ao serviço de Deus
(evangelizar o norte de África). Primeiro, dá-se a escolha divina e a sagração
do herói; depois, a aceitação da missão pelo herói; e, por fim, este entra em
ação.

 Caracterização psicológica do herói:


 Não teme a missão que lhe foi atribuída porque foi abençoado por Deus;
 Capaz de sacrificar a sua própria vida a fim de cumprir a missão para o
qual foi predestinado.

 Valorização de D. Fernando:
 Discurso na 1ª pessoa;
 Sujeito escolhido por Deus – as suas armas, a sua força e a sua vontade
são divinas.

 Aliteração em “s” – evidencia o sopro divino.


 Aliteração em “v” – traduz a força de vontade, a coragem de D. Fernando.

“D. Dinis”:
 Neste poema referem-se os dois ciclos da História de Portugal:
 O da terra, já concretizado no reinado de D. Dinis – a conquista de
território aos Mouros estava encerrada; os limites/fronteiras de
Portugal, encontravam-se definitivamente traçados.
 O do mar, do qual D. Dinis parece ter sido, segundo a perspetiva do
sujeito poético, o criador do gesto visionário – os pinhais que plantou
(pinhal de Leiria) transformam-se no trigo do Império, pois será a sua
madeira que servirá para construir as naus do futuro, constituindo,
assim, tal como o trigo é a base da alimentação, o elemento fundador
das Descobertas.
 Todos os recursos estilísticos apontados evidenciam o cumprimento de um
destino mítico, previamente traçado para os Portugueses: os sons da terra
funcionam como a voz do destino.

 O arroio simboliza a pequenez humana face à grandeza, imensidão do


oceano; o oceano representa o desconhecido, o perigo, os riscos
imensuráveis da missão atribuída aos Portugueses. O facto de o arroio,
apesar dessa imensurabilidade, prosseguir a sua busca, surge como uma
forma de evidenciar a grandeza espiritual de um povo, valorizando-se a
conquista dos mares.

“Prece” (mar português):


 O poema aponta para a repetição de um ciclo que erga a Pátria e a faça
conhecer de novo a glória. Para que tal aconteça, o sujeito dirige um apelo a
Deus, pois é necessário que a vontade divina se manifeste de novo, daí que o
poema evidencie um tom apelativo semelhante ao de uma prece.
 Primeira estrofe: Oposição entre o passado (esforço heroico dos
Descobrimentos) e o presente (crise/decadência existente, falta de
vontade).
 Segunda estrofe: Crença que “a mão do vento” ajudaria Portugal a
recuperar a sua glória.
 Terceira estrofe: Projeção dessa esperança para o futuro, dirigindo-se
um apelo a Deus – formas verbais no imperativo ou no conjuntivo com
valor imperativo; enumerações assindéticas; frase exclamativa final.

 As palavras "chama" e "cinzas" constituem metáforas.

“Horizonte” (mar português):


 O poema invoca a ideia da descoberta, tanto real (da Terra – contacto com
mares, terras e outros povos) como simbólica (da Verdade). Esta descoberta
é progressiva (imperfetivo), salientando-se que o desconhecido - a noite e a
cerração – se transformará em praias, arvoredos, flores – cor e luz.

 Divisão em três partes:


 1ª Estrofe – O caminho / a viagem para a descoberta;
 2ª Estrofe – A visão de um mundo novo, a descoberta, a revelação;
 3ª Estrofe – Interpretação simbólica do descobrir e impulso para o
conhecimento, referindo-se a recompensa daqueles que ousam
enfrentar o desconhecido e os perigos do mar (entidade integrante na
História de Portugal).

“Quinto Império”:
 O poema pretende interpelar a pessoa que vêm viver o sonho de D.
Sebastião, ou seja, que vêm reerguer o Quinto Império, que devolveria a
Portugal a glória que anteriormente teve. Assim, a morte de D. Sebastião
apresenta-se como o nascimento de um sonho que motiva o povo português
a sair da escuridão em que tinha mergulhado (povo adormecido, domado,
cego – perceção da casa na primeira estrofe) e a reencontrar a sua
esperança e força para voltar a ser glorioso.

“O dos Castelos”:
 O poema apresenta uma Europa caracterizada pela inércia e pela atitude
contemplativa, encontrando-se à espera de algo. A sua descrição evidencia
as raízes culturais da identidade europeia, com as quais Portugal se
relaciona:
 “românticos cabelos” – povos que habitaram na Península Ibérica:
espírito guerreiro e carácter emotivo;
 “olhos gregos” – herdeiros;
 “Itália” – império romano: língua;
 “Inglaterra” – antigo aliado.

 A sua postura assemelha-se à da Esfinge – guarda em e dentro de si um


enigma a desvendar, uma revelação. Esta revelação é, assim, a fundação e
construção de um império espiritual que se estenda universal e
intemporalmente – ação que será encabeçada por Portugal, predestinado a
restaurar a grandeza europeia.

“Ulisses”:
 Ulisses é, segundo a lenda, o fundador da cidade de Lisboa, que se destacou
como guerreiro e navegador. Ao escolher Ulisses, herói lendário, Pessoa
justifica o oximoro inicial – " O mito é o nada que é tudo", pois, embora
imaterial, Ulisses simboliza a grandeza, é aquele de quem herdámos a
capacidade heroica, assente na coragem e no sacrifício. Assim, é através
destas características que Portugal adormecido irá inverter o percurso do
presente e voltar a ter glória.

“D. Sebastião, rei de Portugal”:


 O poema apresenta um discurso de valorização do herói que sonha e ousa,
mesmo que o ousar implique a morte, projetando-se no futuro, pois se o
corpo morre, o espírito permanece para sempre. A loucura é, assim, algo
positivo, sinónimo de busca de grandeza, de superação do medo e da
condição humana.

“O Infante” (Mar Português):


 “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” – a realização da “obra”
depende da junção da vontade divina com o sonho humano.
 Tempo das Descobertas: o sopro divino ajudou o sonho humano no
cumprimento do projeto da unidade geográfica da terra.

 Graças ao impulso do herói individual (D. Henrique) e à coragem do coletivo


(povo português), cumpriu-se esse projeto, de forma progressiva. No
entanto, o projeto divino da unidade é, aos olhos do sujeito, um projeto
incompleto, pois falta cumprir a dimensão espiritual, ou seja, o Quinto
Império, pelo que o sujeito poético pede a Deus para os ajudar mais uma
vez.

“O mostrengo”
 O mostrengo corporiza o desconhecido e os perigos do mar, enfrentados
pelos marinheiros portugueses nos Descobrimentos – os homens do leme,
que representa a vontade indomável do povo português, através da
superação do medo e do enfrentar o perigo. É a vontade indomável de
cumprir um destino coletivo que o "ata ao leme", a certeza de que ali não se
representa apenas a si próprio, mas um coletivo determinado e
predestinado.

 Presença de um narrador – dimensão narrativa.


 Recurso a personagens (mostrengo e o homem do leme) e ao discurso direto
– dimensão dramática.

“Screvo meu livro à beira-mágoa”

Você também pode gostar