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que pode ter facilitado a confirmação de Pero Vaz por Dom

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Manuel, em 1496, como Mestre da Balança da Moeda do

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Porto. A nomeação acaba por explicitar que Caminha se

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mostra como alguém com conhecimentos contábeis e de
CARTA DE boa escrita, uma vez que, além do cargo, foi autor de uma

DE
série de documentos oficiais.
ACHAMENTO

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Em 1500, Caminha é nomeado escrivão e o responsável por
DO BRASIL

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contar os fatos da viagem que será empreendida por Cabral

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às Índias. O texto que nos deixa Caminha mostra singular in-
teresse pelo desconhecido e, em comparação com os outros

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textos do gênero, é considerado o mais vivo e estimulante.

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LC

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Caminha falece em Calicute, no mesmo ano em que parte
OBRA

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com a frota de Cabral, vítima do ataque dos árabes.
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1.1. A carta de achamento

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Pero Vaz de Caminha 1.1.1. Contexto

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A carta de Caminha é um texto comumente estudado nas

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aulas de Literatura como a "certidão de nascimento da
Literatura Brasileira", contudo, como documento, possui
1. O autor: Pero Vaz de Caminha PA
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sobretudo um valor histórico. Afinal, ela apresenta e con-
A carta é um meio de comunicar por escrito com o se- textualiza um momento histórico de suma importância na
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melhante. história do mundo: as grandes navegações.


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– Andrée Crabbé Rocha Para Portugal, que irá estabelecer uma relação direta com
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a construção do Brasil atual, o momento histórico corres-


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ponde aos anos de glória. Havia descoberto uma nova rota


para o comércio com o oriente, por meio da rota de Vasco
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da Gama, e, já em 1500, encontra, na Terra Brasilis, um


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espaço paradisíaco e com amplo potencial para o projeto


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expansionista.
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NEVOLUME 2  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

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Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro


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Álvares Cabral, o Frei Henrique de Coimbra e o mestre


João a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.
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Sabe-se, em fato, muito pouco a respeito da biografia de


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Pero Vaz de Caminha, autor do principal documento escrito


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em terras brasileiras no século XVI. Acredita-se que Cami-


nha tenha origem na cidade do Porto, perto de 1450. O
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pai de Pero Vaz de Caminha era funcionário da Coroa, algo Mapa do Brasil do Atlas Miller de 1519.
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Vale lembrar que, na Europa, vive-se o chamado Renasci-

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mento, um momento de maior racionalismo em compa- Na carta de Caminha, faz-se valer a alteridade entre

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ração aos anos da Alta Idade Média, em que se pese o Caminha e tudo aquilo que representa a figura do Rei,

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surgimento de uma nova classe social: a burguesia. Nesse entre um Caminha sujeito e um Caminha cidadão por-
ínterim, o mercantilismo passa a se desenvolver e a busca tuguês.

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pelo acúmulo de metais e riquezas é bastante estimulada.

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Na Europa, a Reforma Protestante começa a dar sinais de 1.1.2.2. Os valores lusitanos

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vida, o que também tem impactos nos modos de agir e

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Assim, ler a carta de Caminha é se atentar de que forma os

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pensar da Igreja Católica – que logo buscará a expansão
de seus domínios por meio da Companhia de Jesus, alian- valores da Coroa estão ali expressos, como o expansionismo

7E
do, assim, seus interesses aos interesses da Coroa. e o aceno ao fundamentalismo religioso católico que molda,

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nesse momento, a visão de mundo dos portugueses. O olhar

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1.1.2. Análise da Carta de Caminha para o Novo Mundo, então, é atravessado pela

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moral e pela língua portuguesa – deste último falaremos
1.1.2.1. Carta-documento

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mais adiante. A visão que é feita para os nativos, bem como

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Há de se pensar que o papel social da carta no ano de para o cenário natural, portanto, imbui-se de um pensamen-

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1500, com toda certeza, difere do papel social que temos to coerente tanto ao projeto de expansão territorial e sobera-
da carta hoje. Hoje, afinal, a carta é, para muitos, um item

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nia nacional quanto ao projeto de expansão da fé cristã. De

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memorialístico de um passado nem tão distante assim, os modo que a carta, embora possa expressar surpresa diante

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anos 90 e os anos 2000, por exemplo, ou, então, um item daquilo que se vê, não há registros que denotem um olhar
dos apaixonados que, como escreveu Fernando Pessoa,
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aberto ao diálogo para os nativos.
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"todas as cartas de amor são ridículas" e "só as criaturas
que nunca escreveram cartas de amor são ridículas". As A nudez indígena, por exemplo, é vista sob o prisma do
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cartas foram substituídas por e-mails e, em pouco tempo, pecado, o modo de vida, é encarado como inferior. Rapi-
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pelos aplicativos de mensagens instantâneas, ao menos, damente, os portugueses são transformados nos responsá-
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em sua função comunicativa. veis em "educar" os nativos que nada possuem – algo que
será muito bem representado em pinturas sobre o evento.
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No século de Caminha, contudo, com uma população em


É importante pensar, portanto, que a carta não configura
DE

grande parte analfabeta e com a língua portuguesa ainda


sem uma gramática oficial, as cartas aconteciam em um uma verdade sobre a situação, mas apenas a visão dos
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contexto de circulação totalmente distinto. Assim, adquiri- portugueses. A ingenuidade que Caminha descreve, ou a
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ram um valor de oficialidade e de importância muito supe- ideia de que eles, os nativos, não tivessem casa, tudo isso
não passa de achismo de um sujeito moralmente constituí-
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rior ao que se pensa hoje, bem como com regras e normas


do pelas máximas da Coroa portuguesa e da Igreja católica
7E

bem mais rígidas sobre o gênero.


– o que não deixa de excluir o deslumbre com o Novo que
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Na leitura da carta de Caminha, portanto, é importante se apresenta diante de Caminha.


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estar atento aos modos de se escrever da época, isto é,


Não apenas Caminha, mas os portugueses, estavam frente
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nas regras de composição da carta. Além disso, a carta não


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deixa de ser a tentativa de comunicação entre duas pes- a um cenário desconhecido o que, linguisticamente, resulta
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soas, por isso, não se deve excluir de uma leitura tanto os em uma série de questões: como nomear aquilo que nunca
VOLUME 2  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

foi visto? Como contar para aqueles da Península Ibérica


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interesses do emissor quanto do receptor.


que os papagaios coloridos são araras, se a palavra arara
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ainda não se apresentara para eles? Por isso, um segundo


IV

Breve teoria da carta


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fator interessantíssimo da carta de Caminha é tentar per-


Creio que as cartas sejam uma cena de interpelação cons- ceber como ele traça comparações com elementos conhe-
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ciente. Quando alguém envia uma carta, ela está ciente


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cidos pelos portugueses.


de que coloca ali uma carga de responsabilidade e que
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outra pessoa (constituída por suas prévias interpelações) 1.1.2.3. O final da carta e o pedido de Caminha
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a lerá. O interlocutor é sempre uma imagem, para a qual


delegamos, sobretudo, uma premissa de resposta, não da Caminha encerra a sua carta com um pedido ao rei. Nota-
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imagem, mas do corpo e, assim, a carta tece essa alteri- -se, nesse momento, um contraponto ao que ocorre duran-
AR

dade que destitui um pouco, ao meu ver, o poder de um te toda a carta, em que pronomes dêiticos pessoais atuam
a destituir a subjetividade de Caminha – fala-se para o Rei,
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sujeito autocentrado.
fala-se em nome do Rei, fala-se como se fosse Portugal. O
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último trecho, contudo, apresenta um pedido pessoal de não se adapta ao ente descoberto”.

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Caminha, a remoção de seu genro do Exílio – petição que – Carlos Jorge Figueiredo Jorge, “A Conflitualidade do Saber ou a

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é acatada, o que indica que, de fato, a Coroa portuguesa Luta pela Informação Perante a Alteridade Inesperada”, in Actas do
Congresso Internazionale Il Portogallo e i Mari: un Incontro tra

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se alegrou com a carta de Caminha. Culture (coordenação de Maria Luisa Cusati), volume 1, Nápoles,
Liguori Editore, 1997, pp. 331-42 (a citação é feita da p. 332).

DE
2. A partir da leitura do trecho de Figueiredo Jorge, faça

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o que se pede.

LE
a) estabeleça historicamente os motivos para as no-

I
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ções de exótico residirem na imagem do oriental e
do africano.

7E
b) tomando como base a Carta de Achamento escrita
multimídia: site

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por Pero Vaz de Caminha, aponte em que medida o

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autor parece perceber a insuficiência linguística para

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se tratar da novidade. Busque descrever o que é a no-
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheO-

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vidade e apontar recursos utilizados pelo autor para
braForm.do?select_action=&co_obra=17424 tentar driblar o problema descritivo.

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Leia o texto a seguir.
Aplicando para aprender (A.P.A.)

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(Ufsm 2015) Os hábitos alimentares estão entre os principais tra-

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ços culturais de um povo. Era de se esperar, portanto, que hou-

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Leia o trecho a seguir, retirado da Carta de Caminha so-
vesse alguma menção sobre o assunto no primeiro contato entre
bre o achamento do Brasil.
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os portugueses e os nativos, conforme relatado na Carta de Pero
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[...] Vaz de Caminha. De fato, Caminha escreve a respeito da reação
de dois jovens nativos que foram ate a caravela de Cabral e que
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Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da fro- experimentaram alimentos oferecidos pelos portugueses:
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ta Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou


contrário para poder ser! Deram-lhe[s] de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos,
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mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada de tudo


Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras
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aquilo. E se provavam alguma coisa, logo a cuspiam com nojo.


partes. Mas... não apareceu mais! Trouxeram-lhes vinho numa taça, mas apenas haviam provado
DE

[...] o sabor, imediatamente demonstraram não gostar e não mais


quiseram. Trouxeram-lhes água num jarro. Não beberam. Apenas
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1. No início da carta, vê-se que uma das estratégias para bochechavam, lavando as bocas, e logo lançavam fora.
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elaboração da carta, adotada por Caminha ao retomar


Fonte: CASTRO, Silvio (org.) A carta de Pero Vaz de
fatos anteriores à data em que se escreve, é:
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Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 93.


a) a composição ficcional da obra, na escolha ao aca-
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so de datas, uma vez que não havia tecnologia para 3. A partir da leitura do fragmento, são feitas as seguin-
tes afirmativas:
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marcação do tempo em alto mar.


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b) a composição diarística da narrativa, ao segmentar I. No fragmento, ao dar destaque as reações dos nativos
frente à comida e a bebida oferecidas, Caminha registra
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a carta, mesmo que indiretamente, em uma cronolo-


o comportamento diferenciado deles quanto aos itens
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gia pautada no tempo de um dia.


básicos da alimentação de um europeu.
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c) a composição épica da carta, ao descrever com de-


NEVOLUME 2  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

talhes o nascer do sol, indicando estupefação diante II. No fragmento, percebe-se a antipatia de Caminha pe-
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do Novo Mundo. los nativos, o que se confirma na leitura do restante da


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d) a composição jornalística do texto, prezando por carta quanto a outros aspectos dos indígenas, como sua
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informações objetivas a respeito da nova terra, indi- aparência física.


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cando sempre o momento em que elas aconteceram. III. O predomínio de verbos de ação, numa sequência
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de eventos interligados cronologicamente, confere um


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Leia o excerto a seguir teor narrativo ao texto.


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“O que a Carta nos vem formular, de modo lapidar e com poucas Está(ão) correta(s)
margens para dúvidas, é que o objecto desejado não correspon-
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a) apenas I.
de a nenhum dos dados informativos prévios e que o outro não
b) apenas II.
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faz parte de nenhum tipo de alteridade de quantas já estavam


c) apenas II e III.
integradas na enciclopédia dos navegadores ocidentais. O índio,
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ao contrário do que se esperava, não é um oriental (o seu nome d) apenas I e III.


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é um equívoco) e todo o saber sobre o exótico, seja ele o do mais e) I, II e III.


familiar, africano, ou mais estranho (apenas noticiado), oriental,
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Leia o texto a seguir. A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato so-

LE
bre a terra que viria a ser chamada de Brasil. Ali, perce-
(Upe 2014) “Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao lon-

EA
be-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo,
go dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e mas também seu pasmo diante da exuberância da natu-

AR
de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há en- reza da nova terra, que, hoje em dia, já se encontra de-
tre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.” gradada em muitos dos locais avistados por Caminha.

DE
“Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse

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e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.

LE
não têm, nem entendem nenhuma crença. E, portanto, se os de- Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul
gredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os

I
vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste

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entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou

7E
Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas
qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gen-

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partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a
te é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De

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qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.

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lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por

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Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a
aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.”
estender d’olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos,

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“Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem que nos parecia muito longa.

RA
cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária,
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata,

EI
que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão
nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra

IV
desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que
em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de

OL
a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão
Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os acháva-
rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo
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mos como os de lá.
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e legumes comemos.”
As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que,
AO

4. Partindo da leitura das três citações da Carta de Pero querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
Vaz de Caminha, analise os itens a seguir:
LE

CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de


I. Trata-se de um documento histórico que exalta a terra Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 115-6.
EA

descoberta mediante o uso de expressões valorativas


5. (Ufsm 2014) Esse fragmento apresenta-se como um texto
AR

dos hábitos e costumes de seus habitantes, o que, de


um lado, revela a surpresa dos portugueses recém-che- a) descritivo, uma vez que Caminha ocupa-se em dar um
DE

gados, de outro, tem a intenção de instigar o rei a dar retrato objetivo da terra descoberta, abordando suas ca-
início à colonização. racterísticas físicas e potencialidades de exploração.
NE

II. Ao afirmar que os habitantes da nova terra não têm b) narrativo, pois a “Carta” é, basicamente, uma nar-
ILE

nenhuma crença, Caminha faz uma avaliação que deno- ração da viagem de Pedro Álvares Cabral e sua frota
até o Brasil, relatando, numa sucessão de eventos,
UZ

ta seu desconhecimento sobre a cultura daqueles que


habitam a terra descoberta, pois todos os grupos so- tudo o que ocorreu desde a chegada dos portugueses
7E

ciais, primitivos ou não, têm suas crenças e mitos. até sua partida.
c) argumentativo, pois Caminha está preocupado em
38

III. Caminha usa a conversão dos gentios como argumen-


apresentar elementos que justifiquem a exploração
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to para atrair a atenção do Rei Dom Manuel sobre a terra


da terra descoberta, os quais se pautam pela confia-
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descoberta, colocando, mais uma vez, a expansão da fé


bilidade e abrangência de suas observações.
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cristã como bandeira dos conquistadores portugueses.


d) lírico, uma vez que a apresentação hiperbólica da
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IV. Ao afirmar que os habitantes da terra descoberta


VOLUME 2  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

terra por Caminha mostra a subjetividade de seu re-


não lavram nem criam, alimentam-se do que a nature-
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lato, carregado de emotividade, o que confere à “Car-


za lhes oferece, Caminha tece uma crítica à inaptidão e ta” seu caráter especificamente literário.
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inércia daqueles que vivem mal, utilizando, por desco- e) narrativo-argumentativo, pois a apresentação se-
IV

nhecimento, as riquezas naturais da região. quencial dos elementos físicos da terra descoberta
OL

V. As citações revelam que a Carta do Achamento do serve para dar suporte à ideia defendida por Caminha
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Brasil tem por objetivo descrever a nova terra de modo de exploração do novo território.
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a atrair os que estão distantes pela riqueza e beleza de


que é possuidora. Leia os textos a seguir.
AO

Estão CORRETOS, apenas,


LE

TEXTO I
a) I, II e IV.
EA

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a


b) I, II, III e V.
pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia,
AR

c) I, II e III. à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns de-


d) II e IV.
DE

les traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças


e) I e II. ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão
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bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que de terra, os quais eram muita quantidade de 5ervas compridas, a

LE
muito agradavam. que os 4mareantes chamam 6botelho [...]. E quarta-feira seguinte,

EA
CASTRO, S. “A carta de Pero Vaz de Caminha”. pela manhã, topamos aves a que chamam 7fura-buxos. Neste
Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento). dia, a horas de véspera, 2houvemos vista de terra!

AR
TEXTO II Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo [...]; ao
9

DE
monte alto o capitão pôs o nome de 3O Monte Pascoal, e à terra,
A Terra de Vera Cruz.

NE
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal

LE
I
TEXTO II

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7E
A descoberta

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Seguimos nosso caminho por este mar de longo

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Até a oitava Páscoa

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Topamos aves

05
E houvemos vista de terra

73
Oswald de Andrade, “Pero Vaz Caminha”

RA
7. (Mackenzie 2009) Assinale a alternativa CORRETA

EI
acerca do texto I.

IV
a) No contexto em que se inserem, as expressões "to-

OL
pamos alguns sinais de terra" (ref. 1) "e houvemos
vista de terra" (ref. 2) têm o mesmo sentido: "enxer-
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gamos o continente americano".
b) As nomeações referidas na carta - "O Monte Pas-
AO

6. (Enem 2013) Pertencentes ao patrimônio cultural bra- coal" e "A Terra de Vera Cruz" (ref. 3) - refletem valo-
sileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Por-
LE

res ideológicos da cultura portuguesa.


tinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da
c) "Os mareantes" (ref. 4), por influência da cultura in-
EA

leitura dos textos, constata-se que


dígena, apelidaram as "ervas compridas" (ref. 5) "de
AR

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma botelho" (ref. 6) e as aves de "fura-buxos" (ref. 7).
das primeiras manifestações artísticas dos portugue- d) A expressão "dita ilha" (ref. 8) indica que os nave-
DE

ses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a gantes portugueses confundiram a Ilha de S.Nicolau
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estética literária. com o Brasil.


b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com cor- e) Embora se apresente em linguagem objetiva, o
ILE

pos pintados, cuja grande significação é a afirmação trecho da carta revela, devido ao excesso de adjetiva-
UZ

da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma ções (ref. 9, por exemplo), a euforia dos portugueses
linguagem moderna.
7E

ao descobrirem o tão sonhado "Eldorado".


c) a carta, como testemunho histórico-político, mos-
38

tra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e


Gabarito
07

a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação


04

dos nativos.
1. B
05

d) as duas produções, embora usem linguagens dife-


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rentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma 2.


NEVOLUME 2  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

função social e artística.


RA

a) espera-se que o aluno possa relacionar o comentá-


e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações rio com o expansionismo português dado a partir das
EI

de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mes- grandes navegações.


IV

mo momentos histórico, retratando a colonização. b) espera-se que o aluno entenda a novidade como o
OL

"Novo Mundo" em que aportara a frota de Cabral. Nessa


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Z

direção, a insuficiência diante do exótico é, por Caminha,


PA

um desafio a ser suprido por meio de comparações com o


TEXTO I
padrão já existente de exotismo: o oriente e a África.
AO

A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira,


LE

9 de março. [...] E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco


3. D 4. B 5. A 6. C 7. B
EA

mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou me-


lhor, da ilha de S. Nicolau [...]. E assim seguimos nosso caminho
AR

por este mar de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa,
DE

que foram vinte e um dias de abril, estando da 8dita ilha obra de


660 léguas, segundo os pilotos diziam, 1topamos alguns sinais
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