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Numa manhã em que Carlos vai ver o correio nos Olivais, depara-se com uma
carta de Ega acompanhada de um artigo de jornal, no “ Corneta do Diabo “, que
Ega lhe pede para ler. Esse artigo, de teor difamatório, aludia, num tom infame e
em calão, aos amores de Carlos com Maria Eduarda e expunha, em termos
degradantes, a sua relação. Assim, acompanhado de Carlos, Ega vai falar com
Palma Cavalão, diretor do jornal onde teria sido publicada a carta, este
caracterizado pelos temas escandalosos.
Sendo este Neves, personagem que tal como Palma Cavalão representa o meio
jornalístico decadente lisboeta, este que, concretamente, influencia
politicamente os seus ignorantes leitores. Neves para além de diretor do jornal é
político e deputado do partido de Dâmaso Guedes, e recusa-se inicialmente a
publicar a carta de Dâmaso Salcede por pensar que fora escrita pelo seu amigo e
líder de partido Damaso Guedes, revelando-se aqui parcialidade por parte do
diretor.
Nesta época, podemos concluir que o jornalismo era encarado não só como um
meio de estratégia de propaganda política, pouco rigoroso, corrupto, com vista ao
lucro e repleto de interesses económicos, como também não seguia os valores
éticos e morais patentes na época, onde as notícias e informações transmitidas
aos leitores, muitas vezes não tinham um caráter verídico.
Sem dúvida nenhuma, fatos relevantes são notícias que a população quer ver, mas
nem sempre o que as emissoras de TV, rádios, jornais e revistas divulgam são
necessariamente verdades jornalisticamente éticas e incontestáveis. Segundo o
art. 6º do Código de Ética, a conduta profissional do jornalista, o exercício da
profissão do jornalista é uma atividade de natureza social e com finalidade
pública, subordinada, portanto, ao Código de Ética, no entanto, este é
constantemente desrespeitado. Vivemos um tempo de enorme disrupção e
turbulência no mundo da informação, não apenas no meio jornalístico em Portugal
como também no mundo inteiro. E, atualmente, um dos maiores problemas
existentes no meio jornalístico são as tão conhecidas “Fake News”, estas que
sempre existiram ao longo dos tempos, sobretudo na economia e na política, em
que "funcionam muito bem", mas que tiveram um aumento explosivo com a ajuda
das redes sociais. O ditado popular diz que “mais depressa se apanha um
mentiroso do que um coxo”, mas na era das redes sociais, as notícias falsas
propagam-se tão rápido e tão bem, que passam muitas vezes por verdadeiras. Um
amigo dá por certo algo que outro amigo partilhou, e por aí fora forma-se uma
imensa bola de neve de desinformação, tendo sido 2018 o ano prodígio das Fake
News. O problema é que não são muitos os instrumentos que os cidadãos têm
para se proteger, a não ser a tentativa de tentar entender a origem e,
sobretudo, as fontes e os meios que divulgam tais notícias. "Se o público tem de
auferir o trabalho que o jornalista faz, porque pode ser levado por um caminho
que não é a verdade, é um sinal preocupante para o futuro do jornalismo”
Assim, podemos concluir que a crítica presente nesta parte da obra continua
muito atual, até demasiado, onde como foi explicado, reina a falta de ética, a
corrupção, os interesses económicos/políticos e infelizmente o crescente
fenómeno das Fake News. Na realização deste trabalho deparámo-nos com
situações da qual já tínhamos conhecimento mas que ainda não tínhamos
aprofundado, principalmente em relação ao jornalismo na atualidade e a sua
compatibilidade com a crítica que se faz neste momento da obra.