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O que você precisa saber

para começar hoje mesmo


no Jornalismo Esportivo
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GUSTAVO BERTON
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#FAZERDIFERENTE
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Todos os dias as grandes emissoras de TV recebem uma
enorme quantidade de currículos. Claro que eles são importantes,
mas se você quer mesmo trabalhar com jornalismo esportivo é
preciso ter um diferencial.
Meu nome é Gustavo Berton e estou no Jornalismo Esportivo há 13
anos. Em todo esse tempo nas redações de TV já vi centenas de
jovens aparecendo com o sonho de começar a trabalhar com o
esporte. E sabe como os chefes escolhem quem vai entrar?

Na prática. Isso mesmo. Eu mesmo já conduzi alguns testes assim.


Os jovens são enviados para uma pauta real com um repórter e
precisam entregar algo para a avaliação. Por isso ter alguma
experiência ou um pouco de prática pode ajudar bastante. Elenquei
10 itens que percebi que muitos candidatos têm dificuldades na
hora do teste final. Técnicas que você pode começar a treinar agora
mesmo para chegar mais preparado que seu concorrente.
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1.OLHE DIRETAMENTE PARA A
CÂMERA
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Parece óbvio mas é pra dentro das lentes da câmera que você
precisa direcionar o seu olhar. Porque? Porque quando se fala com
alguém se olha para o rosto, mais precisamente, para os olhos de
quem está ouvindo. Pense que seu telespectador está olhando para
tela, por isso é preciso olhar para ele. Passo essa orientação adiante
porque essa a primeira dica que me deram quando fiquei frente a
frente com uma câmera pela primeira vez. Estava ainda na
faculdade e minha professora armou um “link” no pátio externo.
Quando sai da sala não só vi aquela câmera enorme
posicionada, como também todos os alunos da Faculdade de
Comunicação da PUCRS caminhando em torno dela. Não sabia o
que fazer, e ela me disse: olhe no fundo da câmera, e esqueça o
resto”. Foi o que fiz, e deu certo. Caso você nunca tenha parado na
frente de uma câmera , funciona assim: as lentes sobrepostas criam
vários círculos, um menor que o outro, até ficar um bem pequeno
no fundo. É nele que você precisa se concentrar.
Se você estiver olhando diretamente para esse circulo pequeno
no fundo das lentes, então você estará olhando para os olhos de
quem está do outro lado. IMPORTANTE: não olhar diretamente para
o fundo das lentes passa insegurança e isso desvia a atenção. Claro
que é permitido desviar o olhar para algumas anotações, por
exemplo, mas é indicado que você faça isso de forma rápida, e volte
a olhar para câmera. Isso vale para toda a vez que você for
apresentar um programa, fazer uma PASSAGEM em uma
reportagem, ou uma entrada AO VIVO.
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2. ESTEJA RELAXADO
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Não é fácil encarar uma câmera, principalmente nas primeiras
vezes. A maioria das pessoas ficam tensas nessa hora, e isso é
percebido por quem está assistindo. Então toda a vez que você
parar na frente de uma câmera preste a atenção no seu corpo.
Relaxe os ombros. Respire fundo. Alivie as expressões faciais. U m
dos meu mentores no jornalismo, Ribeiro Neto, tinha uma frase a
cada vez que íamos começar um programa, ele me olhava e dizia:
“divirta-se”. É isso mesmo! É preciso se divertir com momento,
aproveita-lo, só assim você vai estar totalmente relaxado e passando
credibilidade. Isso não é fácil no começo, por isso é muito
importante que você treine. Quando comecei a trabalhar frente as
câmeras ensaiava quase todos os dias no espelho. Controles
remotos, e escovas de cabelo viravam microfones. Foi legal porque
pude corrigir minha postura e prestava atenção em cada detalhe.
Hoje em dia é ainda mais fácil pois você pode encarar
literalmente uma câmera a qualquer hora. Como? no seu celular.
Grave uma, duas, várias vezes. Isso vai fazer você perder o medo da
câmera, e agir e interagir naturalmente com ela. Tudo isso vai passar
mais segurança para quem está do outro lado.
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3. FALE COM SEGURANÇA
Quando fui fazer minha primeira transmissão esportiva no
rádio como narrador, meu coração batia a mais de mil por hora.
Fiquei nervoso, óbvio, e todos os medos vêem a cabeça. E se eu
errar? Se falar bobagem? Se engasgar? Quando estava subindo a
serra gaúcha, de Porto Alegre para Caxias do Sul, recebi um
telefonema. Era um colega de Band, que tinha alguns anos a mais
experiência, e me deu um sábio conselho. Ele me disse para
acreditar em cada palavra que eu dissesse naquela noite, para não
titubear na hora de falar, e que tudo que falasse com segurança iria
ser muito mais aceito, mesmo que fosse uma bobagem.

Veja, ele não me disse pra sair falando bobagens e mentiras


com a maior cara de pau, mas para que se em algum momento eu
me sentisse inseguro sobre algo, que não deixasse aquilo
transparecer. Segui o conselhos e deu certo. Não foi a melhor
transmissão da minha vida, lógico, mas pude fazer bem feito. Então
quando você for fazer uma entrada AO VIVO, ou algum comentário,
procure falar de forma clara, objetiva, e com o máximo de segurança
que você conseguir.

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4. TREINE
Falei anteriormente o quanto é importante treinar, mas preciso
enfatizar esse fato. Não esqueça que em alguns testes para
admissão você será testado na prática. Não espere chegar para ver
que você não sabe fazer algo. Quando bati na porta na rádio
Bandeirantes para pedir um estágio levei um fita cassete no bolso.
Ali estavam algumas das minha narrações que tinha feito
anteriormente. E não foram poucas.

Pegava o gravador, parava na frente da TV, apertava o rec e


narrava os jogos, Muitos jogos. Treinava minha dicção, meu poder
de raciocínio, meu grito de gol, enfim, treinava, treinava, treinava.
Claro que para ir ao AR precisei treinar ainda mais, pois uma
narração profissional é muito diferente da narração que eu fazia no
meu quarto, mas o treino que fiz bem antes de ser contratado me
ajudou a ser um candidato (e escolhido) para a vaga. O treino pode
ser feito para qualquer área que você deseja atuar. Se quiser
repórter de TV, treine com o celular ou na frente do espelho. Se
quiser ser narrador ou comentarista, sente na frente da TV e
imagine que está participando daquela transmissão e exercite ao
máximo.

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5. AO VIVO
Entradas AO VIVO são sempre uma tensão e todo mundo fica
nervoso em algum momento, principalmente no começo. Várias
coisas influenciam para isso. Para começar na sua “escuta”- nome
que se dá para o áudio de retornos que o repórter se comunica com
emissora - fica um editor, normalmente bastante nervoso com o
programa berrando no ouvido. Além disso entradas AO VIVO nunca
são feitas em um lugar reservado, tranquilo, na maioria das vezes é
um local bastante movimentado. Sim, com muita gente passando,
olhando, e se dê por agradecido se eles não resolverem
“interagir”sem serem convidados.

Eu sei, dá um frio no estômago. A boa notícia é que existem


técnicas para minimizar os erros. Primeiro domine o conteúdo.
Estude bem o assunto, e armazene o máximo de informações que
conseguir, isso vai deixa-lo(a) mais seguro. Depois anote tópicos
com os assuntos mais importantes. Você pode até escrever o texto,
para ajudar a contar o tempo, e ajudar a fixar as informações, mas
eu não aconselho a levar um texto escrito para entrada AO VIVO.
Como você não vai olhar para o papel a todo o momento você pode
ser perder na leitura. Importante você abrir a entrada com o que
você tem de melhor. Dê a principal informação logo na abertura, e
depois vá para aquelas menos importantes. E por último, seja breve.

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6. VOCÊ NÃO É MAIS UM
(DIS)TORCEDOR
“O jornalista esportivo pode torcer, ele não pode distorcer” - a
brilhante frase foi dita a mim pelo jornalista Mauro Betting. Ela
ilustra bem a postura que devemos ter no nosso trabalho. Ninguém
deixa de torcer para um time, mas esse emoção não pode entrar em
campo. Não deixe o seu lado torcedor influenciar nas suas opiniões,
e principalmente na forma como você vai relatar os acontecimentos.
Um dos maiores comentaristas esportivos que conheci, chamado
Cláudio Cabral, era identificado com Internacional, um torcedor
declarado, porém um cara de opiniões muito respeitadas pelos
torcedores gremista. E isso acontecia por um único fato: ele era
coerente, tanto nas opiniões envolvendo o Grêmio, e principalmente
nas que disparava em relação ao Inter.

Portanto o que vai decepcionar sua carreira é a sua


imparcialidade nas atitudes e comentários. Se tiver que criticar
critique, se tiver que elogiar elogie, mas tudo com coerência de
acordo os fatos. E vai por mim, as pessoas notam e respeitam muito
mais quem está sendo imparcial.

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7. O OFF
Esse é um ponto que muita gente falha no começo - a
gravação do off (parte da reportagem onde o repórter lê o texto e
aparecem imagens na tela). A entonação nesse caso é o mais
importante. O normal no inicio é ter uma gravação sem muita
empolgação, com pouca vida. Isso influencia diretamente na sua
reportagem. Você pode tender a acreditar que isso não é um
problema para você, mas cuidado. No inicio da minha carreira
achava que estava fazendo ótimas reportagens, e que minha voz era
espetacular. Hoje quando pego algo gravado lá atrás não acredito
que aquilo tenha ido pro AR.

Uma vez fiz uma matéria sobre o título do Internacional na


Recopa Sul Americna. Ficou boa do ponto de vista de imagens e
texto, mas quando escuto o OFF gravado… Meu Deus! Algo
completamente sem clima. Era como se a partida da final estivesse
lá, no estádio, e eu dentro de uma igreja, com missa rolando. Uma
boa entonação prende a atenção de quem está do outro lado da
tela, e ajuda a informar. Mas tome cuidado, entonar a voz não é
gritar, não confunda. O ideal é achar um ponto onde sua voz fique
bem colocada, forte e adequada para o entendimento da
informação.

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8. ENTREVISTA
Tirar uma boa declaração de alguém nem sempre é fácil. As
vezes damos sorte do personagem ser uma figura descontraída,
que se dá bem com os microfones, e dispara boas frases, mas
muitas vezes, e não são poucas, precisamos tirar leite de pedra.
Aprendi que a entrevista é uma briga de espadas. Você ataca, o
outro defende, você insiste, toma um contra-golpe e por ai vai. O
fato é que assim como com as espadas, é preciso mesmo ter muita
habilidade na hora de conduzir uma entrevista.

A boa notícia é que existem algumas técnicas. Se a sua pauta


girar pro lado do humor, for mais leve, e você precisar de um sorriso
do entrevistado, ria junto na pergunta, ou seja, já faça a pergunta
sorrindo. Funciona. A chance de você receber um sorriso de volta, e
a pessoa entender que isso é uma “brincadeira”são bastante
grandes.

Agora se for algo mais sério, alguma crise, não comece


perguntando logo de cara o assuntou você quer abordar. Faça um
pequeno rodeio, pergunte algo mais leve, e devagar introduza o
assunto delicado. As chances de você se dar bem na resposta
também crescem.

Lembre-se o mais importante é você estar sempre bem informado,


assim saberá exatamente o que perguntar.

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9. NARRAÇÃO RÁDIO/TV
Muita gente me pergunta as diferenças entre as narração de
rádio e a narração de TV, e se uma é mais fácil que a outra. Bom,
primeiro quero dizer que não há uma mais fácil, as duas tem seu
grau de dificuldade. A principal diferença pra mim é que no rádio o
narrador é a estrela, ele é a bola, então cabe a ele puxar a
responsabilidade pra si e conduzir a transmissão. Já na Televisão a
“estrela” é a imagem. Cabe ao narrador encontrar um ponto de
equilíbrio entre dar emoção e não atrapalhar quem está assistindo
ao jogo.

Se o seu sonho é ser narrador(a), você vai precisar de duas


coisas: 1- talento. 2 - muito treino. Então se você acredita ter aptidão
pra isso comece a treinar agora mesmo. Narração é ritmo e
sequência. Treine e a tendência de estar preparado será boa.

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10. COMENTARISTA
Já parou para pensar porque as emissoras contratam muitos
ex atletas (seja qual for o esporte) para ser comentarista? É por um
simples fato: eles conhecem o esporte. Claro que não é necessário
ser um atleta ou ex atleta para ser comentarista, mas você já
entendeu o que vai precisar né? Muito, mas muito conhecimento.
Conhecer as regras, as táticas, as jogadas e maneira como o esporte
funciona. Além disso precisa ter uma boa técnica de raciocínio, e
desenvolver bem aquilo que pretende dizer, em outras palavras, ser
bem compreendido. Tenha opinião, não fique em cima do muro.
Marque um posição, e diga com clareza, caso queira ser um
comentarista levado a sério.

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