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CONTOS – MACHADO DE ASSIS

• José Maria Machado de Assis: um gênio, grande autor da literatura brasileira;


o Escreveu uma série de clássicos: Dom Casmurro, O Alienista, Memórias Póstumas
de Brás Cubas...;

Biografia:

• Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 21 de julho de 1839;


o Era filho de um mulato carioca pintor e de uma mãe açoriana, a qual faleceu quando
Machado era bem pequeno;
o Criado no Morro do Livramento, desde muito cedo precisou trabalhar pelas ruas do
Rio de Janeiro a fim de ajudar com as contas de casa;
▪ Vivia com sua madrasta, com quem não detinha uma relação harmoniosa e,
provavelmente, o que ocasionou sua saída do lar aos 15 anos de idade;
o Sem recursos suficientes para estudar, tornou-se autodidata e ambicioso, publicando
em outubro de 1854 seu primeiro soneto no Periódico dos Pobres “À Ilma, Sra.
D.P.J.A.”;
▪ Em 1855, seu poema “Ela” foi publicado na revista Marmota Fluminenses;
o Todavia, suas primeiras obras formais foram apenas produzidas anos depois, após
seu ingresso no Diário do Rio de Janeiro onde trabalhou com tipografia e livraria;
▪ Seu primeiro livro publicado foi a tradução da obra “Queda que as mulheres
têm para os tolos”;
▪ Originalmente, seu trabalho autônomo iniciou-se com “Crisálidas”, em 1864;
• Detinha enorme apreço pelo teatro, integrando o Conservatório Dramático Nacional;
o Suas peças teatrais eram, sobretudo, irônicas e dotadas de um tom realista e
pessimista acerca da realidade;
▪ Usufruíam do gênero comédia para tecer críticas sociais;
• Casou-se, em 1869, com Carolina Augusta Xavier de Novais, senhora portuguesa que lhe
prestou auxílio na revisão de diversos livros e com quem esteve junto por mais de 35 anos;
• Apesar de ter iniciado sua atividade literária em pleno Romantismo, Machado de Assis
tornou-se o autor mais importante da nova estética Realista e foi ainda contemporâneo do
Parnasianismo e do Simbolismo;
o Seu primeiro romance, “Ressurreição”, ainda detinha traços sentimentais;
o “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que promoveu uma revolução formal na
literatura brasileira, já se enquadrava no Realismo psicológico, no qual o autor mostra
a ambiguidade fundamental do ser humano, a incapacidade humana de conhecer
verdadeiramente o real e substitui-lo, por conseguinte, por uma mistificação;
• Faleceu em 1908, em decorrência de sérios problemas de saúde (epilepsia, convulsões,
infecções nas mucosas, problemas de visão...);
o Tornou-se depressivo após a morte de sua amada Carolina, em 1904, em decorrência
de um câncer no estômago;
▪ Nesse período, Machado incorporou a sua face mais conhecida atualmente:
de um senhor recluso, pessimista, melancólico, amargo em relação à vida;

O Gênero Conto:

• Não é exata a fixação do marco do início do gênero conto na literatura brasileira;


o Razões:
▪ As características desse gênero tiveram uma delimitação traiçoeira devido à
falta de prestígio que o mesmo detinha no momento da criação do romance;
▪ Dificuldade inerente de classificar e determinar um texto como sendo um
conto propriamente dito;
• As origens do conto estão intimamente envolvidas com um tipo de produção que se dava no
jornal em meados do século XIX. Possuindo ou não “qualidade literária”, tais textos de cunho
ficcional delimitaram os modos e o estilo de como o conto moderno seria praticado
posteriormente;
• “...estreita vinculação existente entre as duas atividades, a do
jornalista e a do conteur, vinculação com que se documenta a
poderosa influência do periódico na expansão e multiplicação do
conto moderno, aquêle que se dirige, não mais aos círculos
palacianos ou a uma nobreza restrita, mas ao grande público, que se
vai acumulando nas cidades de nosso tempo e, sobretudo, a essa
burguesia numerosa, que as indústrias e as atividades urbanas
despertam para uma missão política (LIMA SOBRINHO, 1960.
p.16)”.
o A aproximação entre o jornalismo e a literatura se deu não apenas em termos
estilísticos, mas também no que diz respeito ao público-alvo, ao leitor implícito, à
circulação e ao contexto social em que o fenômeno se deu;
▪ A primeira impressão de que se tem é a de que os jornalistas, habituados com
os moldes europeus e interessados em transportar ao Brasil um tipo de ficção,
iniciaram a produção de pequenas estórias ficcionais que circulavam nos
periódicos literários e políticos do Velho Mundo;
o Apesar de sua contribuição, os jornalistas preferivelmente se dedicavam à sua
atividade laboral jornalística, colocando a produção literária como segundo plano,
fato esse que postergou o aparecimento do conto propriamente dito;
▪ Tal fator é importante para entender a importância do marco do conto ter
acontecido em 1841, por Edgar Cavalheiro, mediante a publicação de “Duas
Órfãs”, de Noberto de Souza e Silva; ou, ainda, por Barbosa Lima Sobrinho
ter especificado dois marcos: o precursor romântico (um gênero
intermediário entre a crônica e o conto) com “A Caixa e o Tinteiro”, de
Justiniano José da Rocha, e o conto dotado de qualidades literárias louváveis
com “Três Tesouros Perdidos”, de Machado de Assis;
• Ainda que se tenham divergências quanto ao início, o fato é que
Machado de Assis, senão o criador do conto no Brasil, deteve uma
participação excepcional para a divulgação e o aprimoramento de tal
gênero na literatura;
• Machado de Assis, em seu primeiro de livro de contos (“Contos Fluminenses”) inclui junto
às histórias (aos contos) um texto que o mesmo denomina “romance”; neste caso, corresponde
à “Miss Dollar”, dividido em capítulos. Essa espécie meio híbrida aparece outras vezes em
suas produções, como em “O Alienista” e “Igreja do Diabo”;
o Essas questões evidenciam a instabilidade inerente do gênero em suas manifestações
mais precoces;
o Contudo, a maior parte da produção de contos de Machado segue um formato estrito
que o aproxima do conto moderno;
o Em vários de seus textos, Machado de Assis se preocupou em defender esse gênero
não consolidado;
▪ Na abertura de “Histórias da Meia-Noite”, por exemplo, segundo livro de
contos do autor, ele escreve: “Não digo com isto que o gênero seja menos
digno da atenção dele [do leitor], nem que deixe de exibir predicados de
observação e de estilo” (ASSIS, 2008)”, dando a entender que o gênero, na
época, não era provido de qualidades;
o Machado, na abertura de “Várias Histórias” (1896), cita os contos Poe e Merimée
como obras-primas, de modo a deliminar e especificar uma preferência por literatura
fantasiosa;
▪ Conforme Afrânio Coutinho relata: “...êsse elemento, de tanta importância
indireta, como se vê, na evolução do conto brasileiro, pela fixação primordial
de alguns dos seus fatôres preponderantes, em especial quanto à forma,
apresentação das personagens, exposição dos episódios, preparação do
clímax... (COUTINHO, 1971. p. 42)”;
• Em outras palavras, é importante frisar que Machado de Assis não escreveu sua própria teoria
do conto e tampouco deixou reflexões vastas sobre o tema. No entanto, sua contribuição ao
gênero foi tão indispensável que possibilitou aos pesquisadores estabelecerem um limite para
este, compreenderem sua organicidade e entenderem seu real valor. Desse modo, criar conto
na literatura brasileira pode ser descrito como um processo baseado no pensamento e nas
influências machadianas;

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