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CONTOS

Machado de Assis
VÁRIAS
HISTÓRIAS(1896)
MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS
http://www.vestibular1.com.br/resumos_livros/varias_historias.htm
<acesso 21/02/14 às 19:32h>
OBRA ANALISADA VÁRIA HISTÓRIAS

GÊNERO CONTOS

ÍNDICE 16 CONTOS

AUTOR JOAQUIM MARIA MACHADO


DE ASSIS

DADOS BIOGRÁFICOS * 21/06/1839 - RJ


+29/09/1908- RJ
BIBLIOGRAFIA
• Comédia
• Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
BIBLIOGRAFIA
• Poesia
• Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.
BIBLIOGRAFIA
• Romance
• Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.
BIBLIOGRAFIA
• Conto:
• Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.
BIBLIOGRAFIA
• Teatro
• Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
BIBLIOGRAFIA

Algumas obras póstumas Algumas obras póstumas


• Crítica, 1910. • Crítica literária, 1937.
Teatro coligido, 1910. Crítica teatral, 1937.
Outras relíquias, 1921. Histórias românticas, 1937.
Correspondência, 1932. Páginas esquecidas, 1939.
A semana, 1914/1937. Casa velha, 1944.
Páginas escolhidas, 1921. Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Novas relíquias, 1932. Crônicas de Lélio, 1958.
Crônicas, 1937. Conto de escola, 2002.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
BIBLIOGRAFIA
• Antologias
• Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
BIBLIOGRAFIA
• Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída
pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e
publicou as Edições críticas de obras de Machado
de Assis, em 15 volumes.
• Seus trabalhos são constantemente republicados,
em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação
de alguns textos para o cinema e a televisão.
Tema: A sociedade
Professora Elis
“O homem é lobo do homem”
Thomas Hobbes

Thomas Hobbes, filósofo inglês, afirma


em LEVIATÃ que é impossível ao homem
viver plenamente seu instinto, pois isso
equivaleria a ação de todos contra todos
e prevaleceria a lei do mais forte.
Para sobrevivência de maior número
de homens, foi criado um pacto no qual
nasce o Estado para proteger os mais
fracos.
O Leviatã
• O Leviatã é uma criatura mitológica, geralmente de grandes
proporções, bastante comum no imaginário dos navegantes europeus
da Idade Moderna. Há referências, contudo, ao longo de toda a
história, sendo um caso recente o do Monstro de Lago Ness.
• Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil,
comumente chamado de Leviatã, é um livro escrito por Thomas
Hobbes e publicado em 1651. Ele é intitulado em referência ao 
Leviatã bíblico. O livro diz respeito à estrutura da sociedade e do 
governo legítimo, e é considerado como um dos exemplos mais
antigos e mais influentes da teoria do contrato social.  (Barsa
Enciclopédia)
TÉCNICA DE ESCRITA
Machado de Assis notabilizou-se por :

• dominar a análise psicológica;


•dissecar a alma humana em busca de sua essência( PORTADORA DE
DILEMAS- expressa o conflito e muitas vezes a conciliação entre
elementos opostos);
TÉCNICA
Machado de Assis notabilizou-se por :

•criar narrativas com ações (paradoxais) como no caso do usurário de


“Entre Santos”, que, em pleno desespero por causa da possibilidade da
perda de sua esposa, faz uma promessa fervorosa que tanto revela seu
amor à mulher quanto seu apego à noção de lucro, pois se perde em
delírios diante da cifra de orações que se propõe a rezar.
Visão de homem
• A complexa visão machadiana sobre o homem vai muito além do que
os seus contemporâneos faziam. Não o retrata apenas como ‘lobo’
consciente (Thomas Hobbes) , coloca-o como ‘lobo consciente’ já que
percebe seus instintos naturais e camufla-os ou sofre por eles.
• Imprime ao caráter psicossocial uma intensidade poucas vezes vista
em outros autores.
Visão de homem
• Entende a personalidade humana como fruto de forças da sociedade,
principalmente aquelas que valorizam o status, o prestígio social.
• O status é um elemento ricamente abordado em obras-primas
como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom
Casmurro.
VÁRIAS HISTÓRIAS

• Esses contos constituem rico material para um estudo da psicologia


do homem e de como ele se comporta no grupo em que vive.
• Vê-se neles a análise das fraquezas humanas, quase sempre
orientadas pela preocupação com a opinião alheia.
VÁRIAS HISTÓRIAS

• Em inúmeros casos, as personagens mentem, usam máscaras, para


não entrar em conflito com o meio em que estão e, portanto,
conviver em sociedade.
• Por vezes, chegam até a enganar a si mesmas, acreditando na
‘máscara’ como a personalidade real.
Peculiaridade machadiana

• Os contos tradicionalmente, por seu caráter inerente de brevidade,


são rápidos e econômicos.
• Neste espaço curto, Machado opta por explorar o lado psicológico, o
que abre caminho para características marcantes do escritor, como
intertextualidade, metalinguagem e até a digressão, entre tantas,
tornando a leitura muito mais saborosa.
RESUMO DO ENREDO

Observando-se:
• Espaço psicossocial,
• História dentro de histórias;
• Ponto dilemático;
• Preocupação com ‘status quo’; e
• Uso de máscaras as quais por vezes enganam ao próprio personagem
que as usa, pode-se apresentar a seguir o resumo dos contos
de Várias Histórias.
VÁRIAS HISTÓRIAS
• http://www.passeiweb.com/estudos/livros/varias_historias <acesso
22/02/14 às 06:13h>
1- A Cartomante
O enredo apresenta o casal Rita e Vilela. Ele é advogado e reencontra Camilo, um de seus
amigos de infância, que contrata seus serviços para tratar dos processos judiciais que
envolvem a morte de sua mãe. Porém, Rita envolve-se com Camilo e é criado um
triângulo amoroso na história.
Misteriosamente, alguém começa a enviar cartas sem identificação para Camilo. Nos
bilhetes, alguém o chama de adúltero, o que faz com que Camilo comece a ficar mais
cauteloso em relação à Rita. Esta, por sua vez, em dúvidas sobre o amor de Camilo,
começa a visitar uma cartomante.
Após algum tempo, Vilela envia uma carta para Camilo, em que chama o amigo para ir com
urgência até a sua casa, mas não explica o motivo do convite. Preocupado, Camilo que
zombara da ida de Rita à cartomante, vai até à advinha, que lhe faz uma revelação que
pode mudar sua vida.
O tempo em que o conto ocorre é o ano de 1869 e o local é o Rio de Janeiro. O escritor
ainda cita locais como a Rua da Guarda Velha e a Rua dos Barbonos.
Neste trecho do conto, o escritor mostra como era o relacionamento entre Rita e Camilo:
A Cartomante
• “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo,
não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por
mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era
na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita”.

• Narrando-o em terceira pessoa, neste conto, Machado de Assis caracteriza os personagens


da seguinte forma: Camilo, rapaz de 26 anos, é descrito como inexperiente e sem intuição.
Ele trabalha como funcionário público. Já Rita, é apresentada como uma mulher de 30 anos,
curiosa, graciosa, tonta e de gestos vivos. Vilela, o marido, é um homem de 29 anos,
advogado, que, apesar da idade, aparenta ser mais velho do que Rita. A cartomante é uma
mulher de grandes olhos, na casa dos 40 anos, italiana e magra.
• O desfecho do conto é bastante pessimista. Em seus primeiros encontros com Rita e, até
mesmo, depois da carta que recebe de Vilela, Camilo crê piamente que o marido não
desconfia do romance dos dois. Então, vai até a casa de Vilela. Quando chega, encontra Rita
morta e é eliminado por um tiro dado por seu amigo de infância.
2-  Entre Santos

Trata-se de uma narrativa dentro de outra narrativa, que em determinado momento dá


caminho para mais outra.
Um discreto narrador em terceira pessoa abre, já no primeiro parágrafo, espaço para um
narrador em primeira pessoa, testemunha de um acontecimento surpreendente. 
Enquanto era capelão na igreja de São Francisco de Paula, pôde surpreender, numa noite,
o diálogo entre santos que durante o dia eram estátuas no templo. Discutiam o caráter
humano, deslindado nas pessoas que vinham rezar diante deles. S. João Batista e S.
Francisco de Paula eram os autores dos comentários mais ácidos em relação ao gênero
humano. Um deles faz questão de lembrar uma adúltera que vinha pedir ajuda para se
afastar de tal relacionamento, mas que, enquanto orava, rememorava momentos
ardorosos, o que diminuía a fé a ponto de fazê-la abandonar o recinto sem nem mesmo
completar seu pedido. Tudo isso se contrapõe aos comentários de São Francisco de Sales. 
João Batista
• João Batista (Judeia, 2 a.C. — 27 d.C.) foi um pregador judeu do início do século I,
citado pelo historiador Flávio Josefo e os autores dos quatro Evangelhos da Bíblia.
• Segundo a narração do Evangelho de São Lucas, João Batista era filho do
sacerdote Zacarias e Isabel , prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e é
considerado, principalmente pelos cristãos ortodoxos, como o "precursor"1 do
prometido Messias, Jesus Cristo.
• A importância do seu nome João advém do seu significado que é "Deus é
propício" e apelidaram-no "Baptista" pelo facto de pregar um baptismo de
penitência (Lucas 3,3)2 . Batizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio Jordão, e
introduziu o batismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde
foram adaptados pelo cristianismo.
• É o único santo cujo nascimento e martírio, em 24 de Junho e em 29 de Agosto
 respectivamente, são evocados em duas solenidades pelos cristão
São Francisco de Paula
• São Francisco de Paula (Paola, 27 de março de 1416 — Tours, 2 de abril de 1507) foi um 
eremita, fundador da Ordem dos Mínimos e santo daIgreja Católica.
• É também conhecido como "O Eremita da Caridade", por sua opção de desprezo
absoluto pelos valores transitórios da vida e dedicação integral ao socorro do próximo.
Consta que num só dia o venerado de Paula atendeu em seu Mosteiro a mais de 300
pessoas necessitadas do espírito e do corpo, realizando curas prodigiosas.
• Francisco de Paula fundou a "Ordem dos Mínimos", uma fraternidade que exige do
interessado em nela ingressar uma única condição: que se considere um "mínimo", pois
Jesus dissera que se alguém quer ser o primeiro, que seja o último e o servo de todos...
• Venerado pelos pobres, pelos reis e pelos nobres de seu tempo, Francisco de Paula deu o
exemplo numa época em que prosperavam os abusos eclesiásticos quando se cultivava
os prazeres efêmeros e subalternos da vida. Por essa razão, foi considerado um 
missionário especial por sua capacidade extraordinária de resgatar os mais puros e
preciosos valores evangélicos, tal qual seu mais famoso herói, o outro Francisco, de Assis
, que vivera dois séculos antes.
São Francisco de Sales
• Este santo nasceu no Castelo de Sales em 1567. Sua mãe, uma condessa, buscou formá-lo muito bem com
os padres da Companhia de Jesus, onde, dentre muitas disciplinas, também aprendeu várias línguas. Muito
cedo, fez um voto de viver a castidade e buscar sempre a vontade do Senhor. Ao longo da história desse
santo muito amado, vamos percebendo o quanto ele buscou e o quanto encontrou o que Deus queria.
• Anos mais tarde, São Francisco escreveu “Introdução à vida devota” e, vivendo do amor de Deus, escreveu
também o “Tratado do amor de Deus”.
• Certa ocasião, atacado pela tentação de desconfiar da misericórdia do Senhor, ele buscou a resposta dessa
dúvida com o auxílio de Nossa Senhora e, assim, a desconfiança foi dissipada. Estudou Direito em Pádua,
mas, contrariando familiares, quis ser padre. E foi um sacerdote que buscou a santidade não só para si, mas
também para os outros.
• No seu itinerário de pregações, de zelo apostólico e de evangelização, semeando a unidade e espalhando,
com a ajuda da imprensa, a sã doutrina cristã, foi escolhido por Deus para o serviço do episcopado em
Genebra. Primeiro, como coadjutor, depois, sendo o titular. Um apóstolo do amor e da misericórdia. Um
homem que conseguiu expressar, com o seu amor e a sua vida, a mansidão do Senhor.
• Diz-se que, depois de sua morte, descobriu-se que sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo,
porque, com seu temperamento forte, preferia arranhar a mesa a responder sem amor e sem mansidão
para as pessoas.
3- Uns Braços
• É a história de Inácio, jovem de 15 anos que vai trabalhar como ajudante
do ríspido solicitador (funcionário do Judiciário, algo entre procurador e
advogado) Borges, morando na casa deste. É lá que acaba se encantando
com os braços de D. Severina, companheira do seu patrão.
• Deve-se lembrar que na época em que se passa a história, 1870, não era
comum uma mulher exibir tal parte do corpo. Mas, antes que se pense que
ela era despudorada, deve-se ressaltar também que só o fazia por passar
por certas dificuldades que tornava o seu vestuário falto de peças mais
adequadas.
• Ainda assim, os breves momentos em que via a mulher e principalmente
os braços dela eram, para Inácio, o grande alívio diante de um cotidiano
tão massacrante.
Uns Braços
• Até que um dia D. Severina percebe o interesse que desperta no moço.
Demora a aceitar, pois considera-o apenas uma criança. Mas, quando vê o
homem já na forma do menino, entra num sentimento conflitante, misto
de vaidade e pudor. Por isso oscila entre tratar mal o rapaz e mostrar
preocupação com o seu bem-estar.
• Até que, num domingo, ocorre a cena mais importante da história. D.
Severina encontra Inácio dormindo na rede. Dá-lhe um leve beijo na boca.
A senhora não sabe que naquele exato instante o garoto sonhava com o
beijo dela e ele não sabe que era beijado realmente enquanto estava
mergulhado na fantasia do seu sono.
• Pouco tempo depois, Borges dispensa o garoto de forma admiravelmente
amistosa. O menino não vê mais D. Severina, guardando a sensação
daquela tarde como algo que não ia ser superado em nenhum
relacionamento de sua existência.
4- Um homem célebre
• Machado de Assis mais uma vez não se atém somente ao aspecto
historicista do Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX, invadido
que foi pela música, ouvida nas ruas, advinda das casas, onde havia saraus,
ou mesmo assobiada por transeuntes que passeavam nelas.
É a história da frustração de um compositor de polcas cujo maior desejo
era criar obras clássicas. Conto repleto de humor, mostra a cruel ironia do
destino, que persegue o pobre Pestana com as composições efêmeras de
gosto popular, imediatamente "consagradas pelo assobio". Morre "bem
com os homens e mal consigo mesmo".
Um homem célebre
• A temática básica desse conto é a oposição entre vocação e ambição. Sua
personagem principal, Pestana, é um famoso compositor de polcas, um
estilo bastante popular de música, conhecido e louvado por todos que o
cercam.
• Mas ele vive um dilema pessoal: odeia suas composições e toda a
popularidade que elas lhe proporcionam. Seu grande sonho é produzir
música erudita no nível dos grandes mestres, como Chopin, Mozart,
Haydn, é “compor uma peça erudita de alta qualidade, uma sonata, uma
missa, como as que admira em Beethoven ou Mozart”. A busca pela
perfeição estética marca a trajetória do famoso músico, que vê todas as
alternativas lhe serem negadas no decorrer da vida: “Aspira ao ato
completo, à obra total”. No entanto, eram as polcas, sempre as polcas, que
lhe vinham à cabeça durante os momentos de composição
Polca
• A Polca é uma dança popular oriunda da República Tcheca, da região
da Boêmia. No século XIX esta região fazia parte do antigo Império
Austro-Húngaro. A dança foi introduzida nos salões europeus da era
pós-napoleônica com o atrativo da aproximação física dos dançarinos,
ao prever duas possibilidades de evolução do par enlaçado: rodeando
(um giro após seis passos, com meio giro no terceiro, e outro depois
dos três últimos), ou, mais animadamente, com rápidos pulinhos nas
pontas dos pés.
5- A DESEJADA DAS GENTES
• Conto em que o protagonista rememora a um interlocutor a história
de Otília, cobiçada dama da sociedade que costumava desenganar
todos que tentavam estabelecer uma relação com ela. O narrador
lembra que chegou a fazer uma aposta com seu grande amigo, sócio
de uma banca de advocacia, para ver quem angariaria o coração da
mulher. 
A primeira consequência é o final da amizade tão forte e o autoexílio
do companheiro em um grotão do país, onde acabara morrendo
cedo.
• A outra consequência é o narrador perder o controle de seus
sentimentos.
A Desejada das Gentes
• No entanto, apesar da maneira diferente com que o tratava, destacando-o dos
demais pretendentes, deseja deste apenas amizade.
• Houve um momento em que o quadro parecia ter mudado. Primeiro, o narrador
havia ficado abatido com a morte de seu pai. Otília conforta-o, o que os
aproxima. Pouco depois, era o tio dela, praticamente um tutor, quem falece.
Com a equivalência garantida pela dor, o apaixonado imagina ter caminho aberto
para o casamento. Mas seu pedido é recusado. Some por alguns dias, um pouco
por despeito, um pouco porque mergulhado em compromissos burocráticos
referentes à morte do seu parente.
• Quando volta, encontra uma carta de Otília, instando que a amizade se reatasse.
Promete, em troca, não se casar com ninguém. E tudo fica nesse pé, até que a
dama adoece, definhando aos poucos. Dois dias antes de morrer, casa-se com o
narrador. O único abraço que se dão foi durante o último suspiro dela, como se
quisesse não o aspecto corporal da união, mas algo próximo do espiritual.
6- A Causa Secreta
• A análise do conto A Causa Secreta, mostra que na perfeita
normalidade social de Fortunato - um senhor rico, casado e de meia-
idade, que demonstra interesse pelo sofrimento, socorrendo feridos
e velando doentes - reside, na verdade, um sádico, que transformou a
mulher e o amigo num par amoroso inibido pelo escrúpulo.
• Este escrúpulo, que gera o sofrimento do par, é a causa secreta do
prazer de Fortunato e de sua atitude de manipulação de que o rato,
no conto, é símbolo
A Causa Secreta
• Garcia, o protagonista, estaca perante a representação do horror na
forma de experimento com um rato. Fascinado perante o gesto frio
de Fortunato, Garcia não faz sequer um gesto. Apenas contempla o
sócio torturar lentamente o animal. Cortes meticulosos, pata a pata,
precediam a queima do mesmo no fogo. O lento ritual prolongava o
prazer. O narrador não resume a cena, mostrando-a por inteiro ao
leitor.

Assim, de um narrador onisciente, principia- nos o relato de um


triângulo amoroso, trama comum a diversas ficções machadianas,
enriquecida aqui de uma novidade incomum nas demais, o sadismo.
7-Trio em Lá Menor
• Este é um conto alegórico que apresenta a história de Maria Regina, sofredora de
um dilema, pois não consegue decidir-se entre dois homens, Miranda e Maciel.
Este se apresenta como cheio de vivacidade, alegria, mas que logo se transforma
em futilidade, pois está apegado a aspectos mundanos, como fofocas e moda.
Aquele é mais velho e, portanto, mais sério e circunspeto. Não tem a vivacidade
do primeiro, mas é uma companhia de mais conteúdo, que não enfastia.
É um conflito que lembra Esaú e Jacó. No final a heroína se perde nos sonhos, em
que vê, como uma metáfora de sua situação, a encantadora imagem de uma
estrela dupla que se aparenta com um único astro. Termina por ouvir uma voz
fantástica que lhe diz: “É a tua pena, alma curiosa de perfeição; a tua pena é
oscilar por toda a eternidade entre dois astros incompletos, ao som desta velha
sonata do absoluto: lá, lá, lá...” Fica a tese de que a conciliação de opostos é
impossível e a busca da perfeição, conciliadora dessas contradições, só faz
mergulhar na angústia da indecisão. 
8- Adão e Eva

•  Outro conto que apresenta o esquema de história dentro de história. Em meio à


degustação de doces, começa a discussão sobre quem é mais curioso: o homem ou a
mulher? Um dos convivas apresenta uma narrativa com um quê de enigmático e que
vem de um livro apócrifo (livro que não é reconhecido pela Igreja e que, portanto, está
fora da Bíblia) da Bíblia. 
É um relato que inverte a história de Adão e Eva. Primeiro porque apresenta a criação do
Universo como fruto da ação do Diabo – Deus é que ia consertando as falhas provocadas
pela malignidade. Dentro desse aspecto está a criação do homem e da mulher. Na forma
crua, estavam dominados por instintos ruins. O toque divino atribui-lhes alma, tornando-
os sublimes, sendo levados para o Paraíso. Inconformado com a destruição de sua obra,
mas impossibilitado de entrar no campo divino, convence sua criação dileta, a serpente,
a tentar Adão e Eva a comerem o fruto proibido. De pronto o animal o atende, mas, por
mais que insistisse, não obteve sucesso. Satisfeito com tal proeza de caráter, Deus
conduz os dois para o caminho da glória. 
Adão e Eva
• Termina assim o relato que deixa incrédulos entre a plateia, a maioria
achando que tudo não passava de brincadeira do seu narrador. No
entanto, o comentário final de um dos convivas é bastante
interessante: “Pensando bem, creio que nada disso aconteceu; mas
também, D. Leonor, se tivesse acontecido, não estaríamos aqui
saboreando este doce, que está, na verdade, uma coisa primorosa”.
Além de o conto apresentar o oposto (mais uma vez a visão
dilemática machadiana!) de uma questão, ou seja, uma outra história
da criação, há uma ideia já desenvolvida, por exemplo, em Dom
Casmurro: a graça de nossa existência está justamente na
imperfeição em que se processa.
9- O ENFERMEIRO
•  Narrado em primeira pessoa a um interlocutor imaginário, é a história do último
enfermeiro do rabugento coronel Felisberto, o enfermeiro esgana seu indócil
paciente. 
Depois, sofre o drama de consciência, intensificado pela herança do pecúlio do
velho, mas a culpa arrefece quando se vê reconhecido por sua dedicação
extrema. São todos exemplos maduros do realismo machadiano.
 
O narrador nos relata a história de uma vez em que tinha ido trabalhar como
enfermeiro para um riquíssimo senhor de nome Felisberto. Era tão rico quanto
ranheta, o que havia motivado os inúmeros pedidos de demissão de enfermeiros
anteriores. Por causa disso, o narrador é tratado pelo padre da pequena cidade
do interior, com toda a atenção, já que é quase a última esperança. 
O ENFERMEIRO
• Corre a seu favor o fato de o senhor estar muito doente e, portanto, à
beira da morte. Por sorte, o protagonista se mostra como o mais
paciente que já havia sido contratado, o que angaria alguma simpatia
do velho. Mas a lua-de-mel durou pouco tempo: logo o doente
mostrou o seu gênio e começou a tratar rispidamente o enfermeiro.
De primeira, aguentou, até que atingiu seu limite e pediu demissão.
Surpreendentemente, o oponente amansou, pedindo desculpas e
confessando que esperava do enfermeiro tolerância para o seu gênio
de rabugento. As pazes voltaram, mas por pouco tempo. A tortura
retoma, até o momento em que o idoso atira uma vasilha d’água que
acerta a cabeça do enfermeiro. Este, cego com a dor, voa sobre o
velho, terminando por matá-lo esganado. 
10- O Diplomático
• Outro conto que trata das fraquezas humanas. Trata-se da história de Rangel, homem de
sonhos gigantescos e ações minúsculas, quase nulas. Tanto que alcança a meia idade
sem ter casado, pois sempre procurava uma mulher de posição. 
É mais uma personagem machadiana, pois, preocupada com status, prestígio social, não
enxergando o prejuízo que tal comportamento trazia para si mesma.
• Até que a flagramos em um encontro de amigos. Tentará seu último golpe, considerado
pelo narrador um amor de outono, dessa vez sobre a jovem Joana. Mas, típico de seu
comportamento, vacila muito entre a ideia e a ação. Até que surge um furacão em meio
à festa: Queirós. Chega de forma repentina e da mesma maneira consegue a atenção e o
carisma de todos os presentes, menos do protagonista, que sente um misto de ciúme e
inveja, piorado quando seu alvo afetivo, Joana, torna-se mais uma das conquistas do
novo conviva. Derrota fragorosa, que fica clara quando o protagonista mergulha no
choro no instante em que está sozinho, de volta à sua casa.
• É o resultado da inércia inutilizando toda uma vida.
11-Mariana  

• É um conto de lição cruel, mas realista, ao narrar as mudanças por que passou uma
paixão no espaço de 18 anos. 
Evaristo e Mariana mantiveram uma relação tórrida e difícil, entrando em crise no
momento em que, por pressões, ela estava para se casar com Xavier. Diante do
amante, nosso protagonista, jura que a união “oficial” não iria diminuir a intensidade
do enlace que, clandestinamente, estabeleciam. Pouco depois, por meio
de flashback, sabemos que Mariana havia tentado suicídio, provavelmente em nome
do sentimento que tinha por Evaristo, conflitante com a união que iria contrair. Este
é impedido de vê-la. Parte, então, para a Europa num autoexílio, desligando-se
quase que por completo das coisas do Brasil. 
Mariana
• Sem grande explicação, 18 anos depois, sente necessidade de voltar à
pátria. Ao chegar, visita Mariana, encontrando-a mergulhada na dor de ter
o marido, Xavier, doente terminal. É o que o impede de um contato mais
aprofundado. Com a morte do moribundo, fica sabendo por meio de várias
pessoas da intensidade do amor que havia entre o casal, o que já tinha
sido indicado pela dor dela quando do último suspiro do esposo. Pouco
depois, flagra-a voltando da igreja e percebe que ela fez de conta que não
o havia visto. 
Uma paixão tão fulminante fora esmagada pelo tempo, pois terminava de
forma tão fria, ela o evitando, ele encarando o fato num misto de
indiferença e chiste.
12- Conto de Escola
• O narrador-protagonista, Pilar, tem uma inteligência superior à dos seus
companheiros de sala. O problema é que o seu comportamento não é nada
recomendável, principalmente pelo fato de estar acostumado a cabular aula. No
momento tratado pela narrativa, só não tinha ido cabular, porque havia
apanhado do pai, que descobrira essa falha.
Interessante é notar, neste conto, que a escola é apresentada como prisão, algo
sufocante, mas que acaba preparando de fato a personagem para a vida, mesmo
que de forma torta.
Como visto, tudo começa quando Raimundo, o angustiado corruptor, filho do
mestre, oferece uma moeda a Pilar, seu colega de classe, em troca de umas
lições de sintaxe. Curvelo, o delator que era um pouco levado do diabo, os
denuncia ao professor e ambos, Raimundo e Pilar, são violentamente castigados
com doze bolos de palmatória cada.
Conto de Escola
• Conto de escola não é de estilo propriamente machadiano, pois em seu
conteúdo destaca-se a esperança. Isto é, existe a possibilidade de que, na
inocência das crianças, o rumo ético e político da nação possa ser mudado,
seria a representação da ideia de que as gerações seguintes poderiam vir a
ser mais honestas e de bom caráter. O autor demonstra tal
posicionamento a partir do instante em que descreve o fato de o som de
um tambor, juntamente da marcha militar, se tornar mais importante, aos
olhos de Pilar, do que uma moeda de prata, de doze vinténs ou dois
tostões.
• Dessa forma, Machado deu um final puramente lírico ao conto, fazendo
com que a batida do tambor induzisse o herói a abandonar a ideia de
vingança contra Curvelo e desistir de encontrar a moeda, representando
assim a alegria e a inocência da criança.
13-O Apólogo
• Famoso conto que narra o desentendimento entre a agulha e a linha. 
A primeira vangloriava-se por ser responsável pela abertura do caminho para a segunda.
Tudo isso ocorre enquanto a costureira ia preparando o vestido de uma baronesa. 
No final, com a ida da nobre para a festa, a linha joga na cara que, se a agulha abrira
caminho, agora iria voltar para a caixa de costura, enquanto o fio iria no vestido
frequentar os salões da alta sociedade. 
A frase final do conto, de alguém que ouvira essa história (um professor de melancolia)
– “Também tenho servido de agulha a muita linha ordinária” –, é bastante sintomática.
Faz lembrar um aspecto muito comum na obra machadiana que é, na busca por status,
as pessoas acabarem sendo usadas e depois descartadas. 
É o que ocorre, por exemplo, em Quincas Borba, na relação entre o casal Palha e Rubião.
Ou mesmo em Memórias Póstumas de Brás Cubas, na conveniência do casamento entre
Eulália Damasceno de Brito (linha) e Brás Cubas (agulha).
14- D. Paula
• Em D. Paula, Machado descreve o ambiente propício às abordagens amorosas “...o
corredor, os pares que saíam, as luzes, a multidão, o rumor das vozes...”
Na obra em análise, o narrador faz uma focalização externa de Venancinha, com a intenção
de mostrar ao leitor que algo estava acontecendo: “a sobrinha enxugava os olhos cansados
de chorar”, mas não revela o porquê de tantas lágrimas da moça, fazendo assim uma
paralipse (Figura de linguagem pela qual se finge que não quer tratar de um assunto, mas
vai falando dele; preterição.). 
Dessa forma a paralipse causa um breve enigma, pois não revela o motivo de tantas
lágrimas derramadas pela sobrinha quando D. Paula a encontra. Nesse instante o
enunciador volta-se para o leitor instigando-o a desvendar o que realmente teria
acontecido, “quando Venancinha atirou- -lhe aos braços, as lágrimas vieram-lhe de novo”.
Mas em seguida, o leitor recebe a informação de que quando a senhora envolveu a moça
em um jogo de gestos carinhosos e de palavras doces e confortáveis, Venancinha confiou à
tia tudo o que havia acontecido. Trata-se de uma briga que a moça teve com o marido
porque este achava que ela cometera adultério. 
D. Paula
• Esta crença do marido é revelada sumariamente: 
• “Desde muito que o marido embirrava com um sujeito; mas na véspera à noite, em casa
do C..., vendo-a dançar com ele duas vezes e conversar alguns minutos, concluiu que
eram namorados.”
O sumário aumenta a velocidade discursiva, distanciando o leitor dos fatos, pois não se
sabe até então se era “birra” do marido ou algo semelhante. 
D. Paula, agora envolvida na situação em que o casal encontrava-se, decide ajudá-los. A
princípio, ela vai ao escritório de Conrado para conversar e ver se há possibilidades,
entre o casal, de reconstituir a paz conjugal. Quando a senhora está de partida, a
sobrinha acrescenta-lhe que: “apesar de tudo” adorava-o, gerando aí uma ambiguidade,
permitindo ao leitor pensar que ela realmente traiu o marido ou estava dissimulando
para se mostrar arrependida de tal situação, diante da tia. Neste momento, o narrador
instiga o enunciatário a refletir se realmente houve ou não adultério, criando assim uma
postura depreciativa sobre a moça em relação ao seu caráter. Esta passagem pode ser
identificada quando a jovem jura que “apesar de tudo, adorava o Conrado”. 
15- Viver
• Conto de temática alegórica e grandiosa. Além disso, sua estrutura aproxima-o por
demais do teatro. Trata-se do diálogo entre Ahasverus e Prometeu. 
A primeira personagem recebera a maldição de, por menosprezar Cristo em seu calvário,
vagar pelo mundo sem encontrar abrigo e ser desprezada até que o último homem
desaparecesse. Sua longevidade, portanto, deu-lhe uma experiência massacrante sobre
o gênero humano. 
A segunda personagem pertence à mitologia clássica e havia criado o homem, sendo,
portanto, condenada pelos deuses a ter uma águia comendo seu fígado por toda a
eternidade.
• Diante dessa revelação, Ahasverus fica indignado e faz com que Prometeu volte para o
seu castigo, de onde havia escapado.  No entanto, a entidade mitológica declara que
faria de Ahasverus o início de uma nova espécie, mais forte do que a anterior, que estava
findando na figura do rejeitado, que agora se tornaria o rei dessa nova raça. Diante
desse futuro grandioso, Ahasverus mergulha em devaneios, feliz com sua nova condição,
esquecendo até o fato de estar morrendo para realizá-la. Como observam duas águias
que voavam por ali, ainda na morte mostra um enorme apego à vida.
O MITO DE AHSVERUS
• O judeu errante, também chamado Aasvero, Asvero,1
 Ahasverus, Ahsuerus ou Ashver,2 é um personagem mítico, que faz
parte das tradição oral cristã. Diz a lenda que Ahsverus foi
contemporâneo de Jesus e trabalhava num curtume ou oficina de 
sapateiro, em Jerusalém, numa das ruas por onde passavam os
condenados à morte por crucificação, carregando suas cruzes. Na 
Sexta-feira da Paixão, Jesus Cristo, passando por aquele mesmo
caminho, carregando sua cruz, teria sido importunado com ironias ou
agredido verbal ou fisicamente, pelo coureiro Ahsverus. Jesus, então,
o teria amaldiçoado, condenando-o a vagar pelo mundo, sem nunca
morrer, até a sua volta, no fim dos tempos.
O MITO DE AHSVERUS
• Na mitologia grega, é um titã, filho de Jápeto (filho de Urano e Gaia ) e irmão de 
Atlas, Epimeteu e Menoécio.   Algumas fontes citam sua mãe como sendo étis,
enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia , também
chamada de Clímene, filha de Oceano.
• Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência,
responsável por roubar o fogo de Zeus e dá-lo aos mortais.
•  Zeus tê-lo-á punido pelo crime, deixando-o amarrado a uma rocha durante toda
a eternidade enquanto uma grande águia comia, durante todo o dia, o
seu fígado - que crescia novamente no dia seguinte. O mito foi abordado por
diversas fontes antigas (entre elas dois dos principais
autores gregos, Hesíodo e Ésquilo.  ), nas quais Prometeu é creditado - ou
culpado - por ter desempenhado um papel crucial na história da humanidade.
• Pai de Deucalião, em algumas versões teria criado os homens
usando água e terra, além de ter-lhes dado o fogo.
16-O Cônego ou Metafísica do Estilo 
• Conto metalinguístico que em alguns aspectos antecipa as sondagens introspectivas e
intimistas da prosa modernista. 
É a história de um cônego que se dedicava à escritura de um sermão. Tem sua tarefa
interrompida porque não conseguia achar um adjetivo que se ligasse adequadamente ao
substantivo que havia colocado em seu texto. Esforçava-se, mas a palavra não vem. 
Enquanto o protagonista espairece, para descansar a mente e buscar inspiração, o
narrador mergulha no cérebro da personagem, defendendo a ideia de que as palavras
têm sexo. Assim, o substantivo, masculino, que é nomeado como Sílvio, está procurando
um adjetivo, feminino, designado Sílvia. É interessante nesse ponto como todo o
universo de elementos que povoam nossa mente – sonhos, impressões, sensações,
lembranças – é bem metaforizado ao ser apresentado como os obstáculos que o casal
tem de suplantar até que finalmente consiga efetuar o seu encontro. Concretizada a
união, o estalo mental surge para o cônego. Finalmente conseguia dar prosseguimento a
redação de seu sermão, terminando-o.

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