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Machado de Assis
VÁRIAS
HISTÓRIAS(1896)
MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS
http://www.vestibular1.com.br/resumos_livros/varias_historias.htm
<acesso 21/02/14 às 19:32h>
OBRA ANALISADA VÁRIA HISTÓRIAS
GÊNERO CONTOS
ÍNDICE 16 CONTOS
Observando-se:
• Espaço psicossocial,
• História dentro de histórias;
• Ponto dilemático;
• Preocupação com ‘status quo’; e
• Uso de máscaras as quais por vezes enganam ao próprio personagem
que as usa, pode-se apresentar a seguir o resumo dos contos
de Várias Histórias.
VÁRIAS HISTÓRIAS
• http://www.passeiweb.com/estudos/livros/varias_historias <acesso
22/02/14 às 06:13h>
1- A Cartomante
O enredo apresenta o casal Rita e Vilela. Ele é advogado e reencontra Camilo, um de seus
amigos de infância, que contrata seus serviços para tratar dos processos judiciais que
envolvem a morte de sua mãe. Porém, Rita envolve-se com Camilo e é criado um
triângulo amoroso na história.
Misteriosamente, alguém começa a enviar cartas sem identificação para Camilo. Nos
bilhetes, alguém o chama de adúltero, o que faz com que Camilo comece a ficar mais
cauteloso em relação à Rita. Esta, por sua vez, em dúvidas sobre o amor de Camilo,
começa a visitar uma cartomante.
Após algum tempo, Vilela envia uma carta para Camilo, em que chama o amigo para ir com
urgência até a sua casa, mas não explica o motivo do convite. Preocupado, Camilo que
zombara da ida de Rita à cartomante, vai até à advinha, que lhe faz uma revelação que
pode mudar sua vida.
O tempo em que o conto ocorre é o ano de 1869 e o local é o Rio de Janeiro. O escritor
ainda cita locais como a Rua da Guarda Velha e a Rua dos Barbonos.
Neste trecho do conto, o escritor mostra como era o relacionamento entre Rita e Camilo:
A Cartomante
• “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo,
não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por
mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era
na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita”.
• É um conto de lição cruel, mas realista, ao narrar as mudanças por que passou uma
paixão no espaço de 18 anos.
Evaristo e Mariana mantiveram uma relação tórrida e difícil, entrando em crise no
momento em que, por pressões, ela estava para se casar com Xavier. Diante do
amante, nosso protagonista, jura que a união “oficial” não iria diminuir a intensidade
do enlace que, clandestinamente, estabeleciam. Pouco depois, por meio
de flashback, sabemos que Mariana havia tentado suicídio, provavelmente em nome
do sentimento que tinha por Evaristo, conflitante com a união que iria contrair. Este
é impedido de vê-la. Parte, então, para a Europa num autoexílio, desligando-se
quase que por completo das coisas do Brasil.
Mariana
• Sem grande explicação, 18 anos depois, sente necessidade de voltar à
pátria. Ao chegar, visita Mariana, encontrando-a mergulhada na dor de ter
o marido, Xavier, doente terminal. É o que o impede de um contato mais
aprofundado. Com a morte do moribundo, fica sabendo por meio de várias
pessoas da intensidade do amor que havia entre o casal, o que já tinha
sido indicado pela dor dela quando do último suspiro do esposo. Pouco
depois, flagra-a voltando da igreja e percebe que ela fez de conta que não
o havia visto.
Uma paixão tão fulminante fora esmagada pelo tempo, pois terminava de
forma tão fria, ela o evitando, ele encarando o fato num misto de
indiferença e chiste.
12- Conto de Escola
• O narrador-protagonista, Pilar, tem uma inteligência superior à dos seus
companheiros de sala. O problema é que o seu comportamento não é nada
recomendável, principalmente pelo fato de estar acostumado a cabular aula. No
momento tratado pela narrativa, só não tinha ido cabular, porque havia
apanhado do pai, que descobrira essa falha.
Interessante é notar, neste conto, que a escola é apresentada como prisão, algo
sufocante, mas que acaba preparando de fato a personagem para a vida, mesmo
que de forma torta.
Como visto, tudo começa quando Raimundo, o angustiado corruptor, filho do
mestre, oferece uma moeda a Pilar, seu colega de classe, em troca de umas
lições de sintaxe. Curvelo, o delator que era um pouco levado do diabo, os
denuncia ao professor e ambos, Raimundo e Pilar, são violentamente castigados
com doze bolos de palmatória cada.
Conto de Escola
• Conto de escola não é de estilo propriamente machadiano, pois em seu
conteúdo destaca-se a esperança. Isto é, existe a possibilidade de que, na
inocência das crianças, o rumo ético e político da nação possa ser mudado,
seria a representação da ideia de que as gerações seguintes poderiam vir a
ser mais honestas e de bom caráter. O autor demonstra tal
posicionamento a partir do instante em que descreve o fato de o som de
um tambor, juntamente da marcha militar, se tornar mais importante, aos
olhos de Pilar, do que uma moeda de prata, de doze vinténs ou dois
tostões.
• Dessa forma, Machado deu um final puramente lírico ao conto, fazendo
com que a batida do tambor induzisse o herói a abandonar a ideia de
vingança contra Curvelo e desistir de encontrar a moeda, representando
assim a alegria e a inocência da criança.
13-O Apólogo
• Famoso conto que narra o desentendimento entre a agulha e a linha.
A primeira vangloriava-se por ser responsável pela abertura do caminho para a segunda.
Tudo isso ocorre enquanto a costureira ia preparando o vestido de uma baronesa.
No final, com a ida da nobre para a festa, a linha joga na cara que, se a agulha abrira
caminho, agora iria voltar para a caixa de costura, enquanto o fio iria no vestido
frequentar os salões da alta sociedade.
A frase final do conto, de alguém que ouvira essa história (um professor de melancolia)
– “Também tenho servido de agulha a muita linha ordinária” –, é bastante sintomática.
Faz lembrar um aspecto muito comum na obra machadiana que é, na busca por status,
as pessoas acabarem sendo usadas e depois descartadas.
É o que ocorre, por exemplo, em Quincas Borba, na relação entre o casal Palha e Rubião.
Ou mesmo em Memórias Póstumas de Brás Cubas, na conveniência do casamento entre
Eulália Damasceno de Brito (linha) e Brás Cubas (agulha).
14- D. Paula
• Em D. Paula, Machado descreve o ambiente propício às abordagens amorosas “...o
corredor, os pares que saíam, as luzes, a multidão, o rumor das vozes...”
Na obra em análise, o narrador faz uma focalização externa de Venancinha, com a intenção
de mostrar ao leitor que algo estava acontecendo: “a sobrinha enxugava os olhos cansados
de chorar”, mas não revela o porquê de tantas lágrimas da moça, fazendo assim uma
paralipse (Figura de linguagem pela qual se finge que não quer tratar de um assunto, mas
vai falando dele; preterição.).
Dessa forma a paralipse causa um breve enigma, pois não revela o motivo de tantas
lágrimas derramadas pela sobrinha quando D. Paula a encontra. Nesse instante o
enunciador volta-se para o leitor instigando-o a desvendar o que realmente teria
acontecido, “quando Venancinha atirou- -lhe aos braços, as lágrimas vieram-lhe de novo”.
Mas em seguida, o leitor recebe a informação de que quando a senhora envolveu a moça
em um jogo de gestos carinhosos e de palavras doces e confortáveis, Venancinha confiou à
tia tudo o que havia acontecido. Trata-se de uma briga que a moça teve com o marido
porque este achava que ela cometera adultério.
D. Paula
• Esta crença do marido é revelada sumariamente:
• “Desde muito que o marido embirrava com um sujeito; mas na véspera à noite, em casa
do C..., vendo-a dançar com ele duas vezes e conversar alguns minutos, concluiu que
eram namorados.”
O sumário aumenta a velocidade discursiva, distanciando o leitor dos fatos, pois não se
sabe até então se era “birra” do marido ou algo semelhante.
D. Paula, agora envolvida na situação em que o casal encontrava-se, decide ajudá-los. A
princípio, ela vai ao escritório de Conrado para conversar e ver se há possibilidades,
entre o casal, de reconstituir a paz conjugal. Quando a senhora está de partida, a
sobrinha acrescenta-lhe que: “apesar de tudo” adorava-o, gerando aí uma ambiguidade,
permitindo ao leitor pensar que ela realmente traiu o marido ou estava dissimulando
para se mostrar arrependida de tal situação, diante da tia. Neste momento, o narrador
instiga o enunciatário a refletir se realmente houve ou não adultério, criando assim uma
postura depreciativa sobre a moça em relação ao seu caráter. Esta passagem pode ser
identificada quando a jovem jura que “apesar de tudo, adorava o Conrado”.
15- Viver
• Conto de temática alegórica e grandiosa. Além disso, sua estrutura aproxima-o por
demais do teatro. Trata-se do diálogo entre Ahasverus e Prometeu.
A primeira personagem recebera a maldição de, por menosprezar Cristo em seu calvário,
vagar pelo mundo sem encontrar abrigo e ser desprezada até que o último homem
desaparecesse. Sua longevidade, portanto, deu-lhe uma experiência massacrante sobre
o gênero humano.
A segunda personagem pertence à mitologia clássica e havia criado o homem, sendo,
portanto, condenada pelos deuses a ter uma águia comendo seu fígado por toda a
eternidade.
• Diante dessa revelação, Ahasverus fica indignado e faz com que Prometeu volte para o
seu castigo, de onde havia escapado. No entanto, a entidade mitológica declara que
faria de Ahasverus o início de uma nova espécie, mais forte do que a anterior, que estava
findando na figura do rejeitado, que agora se tornaria o rei dessa nova raça. Diante
desse futuro grandioso, Ahasverus mergulha em devaneios, feliz com sua nova condição,
esquecendo até o fato de estar morrendo para realizá-la. Como observam duas águias
que voavam por ali, ainda na morte mostra um enorme apego à vida.
O MITO DE AHSVERUS
• O judeu errante, também chamado Aasvero, Asvero,1
Ahasverus, Ahsuerus ou Ashver,2 é um personagem mítico, que faz
parte das tradição oral cristã. Diz a lenda que Ahsverus foi
contemporâneo de Jesus e trabalhava num curtume ou oficina de
sapateiro, em Jerusalém, numa das ruas por onde passavam os
condenados à morte por crucificação, carregando suas cruzes. Na
Sexta-feira da Paixão, Jesus Cristo, passando por aquele mesmo
caminho, carregando sua cruz, teria sido importunado com ironias ou
agredido verbal ou fisicamente, pelo coureiro Ahsverus. Jesus, então,
o teria amaldiçoado, condenando-o a vagar pelo mundo, sem nunca
morrer, até a sua volta, no fim dos tempos.
O MITO DE AHSVERUS
• Na mitologia grega, é um titã, filho de Jápeto (filho de Urano e Gaia ) e irmão de
Atlas, Epimeteu e Menoécio. Algumas fontes citam sua mãe como sendo étis,
enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia , também
chamada de Clímene, filha de Oceano.
• Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência,
responsável por roubar o fogo de Zeus e dá-lo aos mortais.
• Zeus tê-lo-á punido pelo crime, deixando-o amarrado a uma rocha durante toda
a eternidade enquanto uma grande águia comia, durante todo o dia, o
seu fígado - que crescia novamente no dia seguinte. O mito foi abordado por
diversas fontes antigas (entre elas dois dos principais
autores gregos, Hesíodo e Ésquilo. ), nas quais Prometeu é creditado - ou
culpado - por ter desempenhado um papel crucial na história da humanidade.
• Pai de Deucalião, em algumas versões teria criado os homens
usando água e terra, além de ter-lhes dado o fogo.
16-O Cônego ou Metafísica do Estilo
• Conto metalinguístico que em alguns aspectos antecipa as sondagens introspectivas e
intimistas da prosa modernista.
É a história de um cônego que se dedicava à escritura de um sermão. Tem sua tarefa
interrompida porque não conseguia achar um adjetivo que se ligasse adequadamente ao
substantivo que havia colocado em seu texto. Esforçava-se, mas a palavra não vem.
Enquanto o protagonista espairece, para descansar a mente e buscar inspiração, o
narrador mergulha no cérebro da personagem, defendendo a ideia de que as palavras
têm sexo. Assim, o substantivo, masculino, que é nomeado como Sílvio, está procurando
um adjetivo, feminino, designado Sílvia. É interessante nesse ponto como todo o
universo de elementos que povoam nossa mente – sonhos, impressões, sensações,
lembranças – é bem metaforizado ao ser apresentado como os obstáculos que o casal
tem de suplantar até que finalmente consiga efetuar o seu encontro. Concretizada a
união, o estalo mental surge para o cônego. Finalmente conseguia dar prosseguimento a
redação de seu sermão, terminando-o.