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Terror (gênero)

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Terror ou horror é um gênero literário, cinematográfico ou


musical, que está sempre muito ligado à fantasia e à ficção
especulativa,[1] e é criado com intuito de causar medo,
aterrorizar. Também pode ser verificado na pintura, no desenho,
nos filmes e fotografia. A abstrata ideia de terror ou o ato de
transmitir o sentimento de terror ou horror pode ser verificado
em todas as formas de arte. Ao decorrer da década de 1990, até
os dias de hoje, o gênero também compreende um estilo de
desenvolvimento de jogos eletrônicos.

Índice
Terror na Literatura
História
Terror Gótico no Século XVIII
Terror Gótico no Século XIX
Terror Gótico no Século XX Uma ilustração de O Corvo de
Terror Contemporâneo Edgar Allan Poe, feita por Gustave
Estereótipos da literatura do horror Doré.

Principais Autores
Obras
Características
Terror na Música
Camille Saint-Saëns
Franz Liszt
Ver também
Referências
Ligações externas

Terror na Literatura
A literatura de terror é um gênero literário e é comum que as obras ligadas ao horror sejam
confundidas com as de terror, pois tanto nas livrarias e bibliotecas como na mente de grande parte
dos leitores e dos críticos, ficam na mesma seção. A verdade é que as duas possuem uma enorme
diferença.

De fato, a Literatura de terror (encontrada em muitos dos contos de Poe) volta-se para a criação de
uma atmosfera de suspense cuja explicação nada possui de sobrenatural, sendo essencialmente
psicológica. É por exemplo o caso de O barril de Amontillado, do citado autor. Nada existe ali de
sobrenatural: é apenas o relato da vingança de Montresor, que empareda vivo ao desafortunado
Fortunato. O livro Cujo, do consagrado escritor Stephen King, traduzido no Brasil como Cão Raivoso,
é a história, evidenciada pelo título, de uma família, aterrorizada por um cão da raça São-bernardo
chamado Cujo, quando ele é mordido por um morcego portador de Hidrofobia.

Por seu lado, a Literatura de horror contém indissociavelmente elementos do sobrenatural, muitas
vezes associados a componentes típicos, por exemplo, da ficção científica. É o caso de Frankenstein,
no qual um cientista (no caso, um médico) decide criar um ser (um Novo Prometeu) unindo partes
retiradas de cadáveres e usando a eletricidade como fluido vital. Mas ela também recorre ao folclore e
à cultura tradicional (é o caso de Drácula e Carmilla), à religião (Aprisionado com os faraós, de
Lovecraft), isto é, ao sobrenatural - ou mesmo a supostos poderes latentes no ser humano: leia-se o
conto O estranho caso do Sr. Waldemar (Poe), no qual o dito Sr. Waldemar, prestes a morrer, é
mesmerizado e permanece vivo enquanto dura o transe. A ideia de escapar à morte é recorrente na
Literatura de horror; além do óbvio Frankenstein, temos Vento frio, de Lovecraft, cujo personagem
principal, mesmo estando morto, consegue se manter vivo mediante sistema de refrigeração instalado
em seu apartamento. Também de Lovecraft, existe O caso de Charles Dexter Ward, com a ideia da
reencarnação premeditada.

O gênero de terror ou horror na literatura tem a intenção ou capacidade de atemorizar ou assustar os


seus leitores, através da inclusão de sentimentos de horror e terror. Em suas diversas manifestações,
é natural a existência de uma assustadora atmosfera de estranheza. O terror pode ser tanto
sobrenatural, como não-sobrenatural. Comumente a central ameaça por trás de uma obra de ficção
de terror pode ser interpretada como uma metáfora para os grandes medos da sociedade. As antigas
origens do gênero foram reformuladas no século XVIII como terror gótico, com a publicação de O
Castelo de Otranto (1764) de Horace Walpole.

História

O terror na literatura tem suas origens no folclore e em tradições religiosas, focando na morte, na
ideia de vida após a morte, no mal, em demônios e no princípio de algo incorporado à pessoa.[2]
Estes manifestaram-se em histórias de bruxas, vampiros, lobisomens, fantasmas e pactos com
demônios, tais como o que verifica-se no Fausto de Goethe.

Terror Gótico no Século XVIII

O terror gótico do décimo oitavo século teve suas origens com o


seminal e controverso O Castelo de Otranto (1764) de Horace
Walpole. Este marcou a primeira vez em que um romance
moderno incorporou elementos do sobrenatural ao invés de
elementos do realismo. Na realidade, a primeira versão foi
publicada disfarçadamente como um romance medieval italiano
que fora supostamente descoberto e posteriormente republicado
por um fictício tradutor. Uma vez revelado como sendo um autor
contemporâneo, muitos o consideraram anacrônico, reacionário
ou simplesmente como portador de mau gosto, mas o mesmo
provou-se como sendo popular imediatamente. Esta primeira
obra de terror gótico inspirou obras como Vathek (1797) de
Matthew Beckford, Os Mistérios de Udolpho (1794), O Italiano
(1796) de Ann Radcliffe e O Monge (1797) de Matthew Lewis.
Uma significante quantidade de obras do gênero de terror nesta Edgar Allan Poe, autor de The
era foram escritas por mulheres, o que fez com que tais obras Raven.
alcançassem uma maior audiência feminina, devido ao fato de as
engenhosas protagonistas femininas comumente sofrerem em
soturnos castelos.[3]
Terror Gótico no Século XIX

A tradição gótica floresceu ao gênero moderno que os leitores


chamam de "terror literário" a partir do século XIX. Influentes
obras e personagens que continuam a ressoar através do cinema
nos dias de hoje viram seu genesis em obras como o
Frankenstein de Mary Shelley (1818), os contos de Edgar Allan
Poe, os trabalhos de Sheridan Le Fanu, o Strange Case of Dr
Jekyll and Mr Hyde (1886) de Robert Louis Stevenson e o
Drácula de Bram Stoker (1897). Cada uma destas obras criaram
um contínuo ícone de horror que fora visto em modernas re-
imaginações manifestadas em palco ou em tela de cinema.[4]

Terror Gótico no Século XX

Mary Shelley (Autora de A proliferação de baratas


Frankenstein) por Richard Rothwell revistas periódicas na virada
(1840–1841). do século popularizou a ideia
de escrever obras do gênero
de terror. Um autor que
especializou-se em terror às massas através de revistas como a
All-Story Magazine foi o Tod Robbins, cuja ficção lidou com
temas de loucura e crueldade.[5] [6] Posteriormente, publicações
especializadas emergiram para dar aos escritores do gênero de
terror uma saída, entre estas, a Weird Tales[7] (Revista na qual
H.P Lovecraft publicou seus primeiros trabalhos) e Unknown
Worlds.[8]

Influentes autores do gênero


de terror do início do século
XX tiveram o início de suas
H.P. Lovecraft, autor de O Chamado
carreiras através destes
de Cthulhu.
meios. Especialmente, o
venerado autor de terror
fantástico H.P Lovecraft, que com seu duradouro Cthulhu
Mythos, foi pioneiro no gênero de horror cósmico, e M. R. James
é creditado por redefinir as estórias do sobrenatural daquele
tempo. O início do cinema foi inspirado por muitos aspectos do
horror na literatura, e o começo do terror no cinema deu início a
uma forte tradição de filmes de horror e subgêneros baseados em
ficção de terror que continua até os dias de hoje. Do início,
subindo até as representações de violência e demasiada
quantidade de sangue na tela, comumente associadas com os
filmes e histórias em quadrinhos, tais como os publicados pela
EC Comics, famosa por séries como a Tales From The Crypt na
década de 1950, alvo de críticas do psiquiatra Fredric Wertham
Revista em quadrinhos This
em seu livro Seduction of the Innocent (1954)[9] e a Warren
Magazine is Haunted # 4, Fawcett
Comics (Abril de 1952). Arte de Publishing nas década de 1960 e 1970,[10][11] leitores
Sheldon Moldoff. satisfizeram-se em suas buscas por imagens de horror que a
prateada tela de cinema não podia proporcionar, graças a estes
quadrinhos.
Muitas obras modernas que transmitem uma descrição de "mortos vivos" podem ter sua origem em
contos de H.P Lovecraft, tais como Cool Air (1925), In The Vault (1926) e The Outsider (1926). O
romance I Am Legend de Richard Matheson de 1954 também influenciou uma inteira geração de
ficção apocalíptica relacionada a ideia de "zumbis", emblemática dos filmes de George A. Romero.

Terror Contemporâneo

Um dos mais populares escritores de terror contemporâneo é o


Stephen King, conhecido por ter escrito as famosas obras Carrie,
O Iluminado, It, Misery e muitas outras.[12] Tendo iniciado o seu
trabalho na década de 1970, King conseguiu atrair uma enorme
audiência, motivo este que fez com que a U.S. National Book
Fundation o premiasse em 2003.[13] Brian Lumley, James
Herbert, Dean Koontz, Clive Barker,[14] Ramsey Campbell[15] e
Peter Straub também são autores de horror contemporâneo
populares. Sequências de livros best-selling de tempos
contemporâneos estão relacionadas com ficção de horror, tais
como a fantasia urbana de lobisomens Kitty Norville de Carrie
Vaughn, e a ficção gótica e erótica de Anne Rice. Elementos do
gênero de horror continuam a se expandir para além do gênero
de terror em si.
Stephen King, autor de O Iluminado,
Estereótipos da literatura do horror na Comicon.

Desde o surgimento de O castelo de Otranto (1765), parece ter se


tornada obrigatória a presença, em maior ou menor grau, de cenários, personagens e outros
constituintes que, de tão usados, chegam a formar um conjunto de lugares-comuns. Por exemplo: o
cenário, por excelência, é o castelo medieval em ruínas, com seus corredores sombrios, masmorras
com esqueletos, passagens secretas, retratos que observam os personagens. O herói muitas vezes é
um 'vingador' cuja família sofreu uma injustiça nas mãos de um antepassado do senhor do castelo ou
de seus antepassados... É fácil usar estes personagens e criar uma história repetitiva e nada original.
Difícil é subverter os personagens e ser criativo, como fez Lovecraft em The sorcerer.

Principais Autores
Edgar Allan Poe
Stephen King
Clive Barker
Lovecraft
Bram Stoker
Mary Shelley
Horace Walpole
Sheridan Le Fanu
Robert Louis Stevenson
Anne Rice
Diane Hoh
R.L. Stine
Richard Matheson
Robert Bloch
Dean Koontz
James Herbert
Peter Straub
Algernon Blackwood

Obras

Romances

O castelo de Otranto
Drácula
Frankenstein
Vatekh
O monge
Carmilla
O estranho caso do doutor Jekyll e do Sr. Hyde (O médico e o monstro)
O caso de Charles Dexter Ward
Eu sou a lenda
O demônio do Gólgota
A hora do Vampiro

Contos ou novelas

A coisa maldita - Ambrose Bierce


"Viy" (Вий) - Nikolai Gogol
O horla - Guy de Maupassant
A mão do macaco - W. W. Jacobs
Nas montanhas da loucura - Lovecraft
O chamado de cthulhu - Lovecraft
A máscara da morte rubra - Edgar Allan Poe
O estranho caso do Sr. Waldemar - Edgar Allan Poe

Características
Um dos traços definitivos do gênero de horror é que o mesmo provoca uma resposta emocional,
psicológica ou física nos leitores que faz com que os mesmos reajam com medo. Uma das citações
mais famosas de Lovecraft em relação ao gênero é: "A emoção mais antiga e mais forte da
humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."; a
primeira sentença de seu ensaio seminal, O Horror Sobrenatural na Literatura.

Terror na Música
A atmosfera abstrata de estranheza e mistério que o gênero de terror evoca pode ser encontrada na
música já no século XIX. Geralmente estas obras que evocam este sentimento possuem temas
associados à morte. Entre renomados compositores que compuseram obras utilizando-se do tema da
figura da morte ou seu conceito, estão Camille Saint-Saëns, Franz Liszt e Frédéric Chopin.

Camille Saint-Saëns
O compositor francês Camille Saint-Saëns (1835–1921) terminou
de compor em 1874 a sua Dança Macabra (Danse Macabre), obra
esta que foi baseada em uma antiga superstição francesa
(Superstição esta que diz que a figura da morte aparece à meia-
noite de Halloween). Na obra, a figura da morte chama os mortos
de suas tumbas para dançarem ao som de seu violino.

Danse macabre: partituras livres no International Music


Score Library Project.

Harold Dexter Hoopes produziu uma animação de Halloween da


Danse Macabre baseada na superstição original que inspirou o Camille Saint-Saëns (1835–1921).
compositor.[16]

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Franz Liszt
Trecho da Danse Macabre.

Alguns dos títulos das peças de Franz Liszt, como Totentanz,


Funérailles, La Lugubre Gondola, Pensée des Morts, mostram a
fascinação que o compositor tinha com o tema da morte. Quando
jovem, Liszt já apresentava esta fascinação através da religião,
demonstrando interesse em temas como céu e inferno. Segundo
Alan Walker,[17] Liszt frequentava hospitais, casinos e sanatórios
parisienses no início da década de 1830, e ele até visitou
masmorras de prisioneiros para observar os condenados que
estavam prestes a morrer.

Ver também
Queer Horror
Terror psicológico
Filme de suspense
Franz Liszt em 1869 por Franz
Seraph Hanfstaengl.
Referências
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1. "About Speculative Fiction" (http://www.gradesaver.com/the-h
andmaids-tale/study-guide/section9/), em The Handmaid's Totentanz de Liszt.
Tale Study Guide, Gradesaver, Gradesaver LLC, 1999–2009,
22 de Maio 2009.
2. Rosemary Jackson (1981). Fantasy: The Literature of
Subversion. London: Methuen. pp. 53–5, 68–9
3. Richard Davenport-Hines (1998). Gothic: 1500 Years of
Excess, Horror, Evil and Ruin. London: Fourth Estate
4. Christopher Frayling (1996). Nightmare: The Birth of Horror.
London: BBC Books
5. Brian Stableford, "Robbins, Tod", in David Pringle, ed., St.
James Guide to Horror, Ghost & Gothic Writers (London: St.
James Press, 1998) ISBN 1558622063 (pp. 480-1).
6. Lee Server. Encyclopedia of Pulp Fiction Writers. New York:
Facts On File, 2002. ISBN 978-0-8160-4578-5 (pp. 223-224).
7. Robert Weinberg, "Weird Tales" in M.B Tymn and Mike
Ashley, Science Fiction, Fantasy, and Weird Fiction
Magazines. Westport, CT: Greenwood, 1985.ISBN 0-313-
21221-X (pp. 727-736).
8. "Unknown". in: M.B. Tymn and Mike Ashley, Science Fiction,
Fantasy, and Weird Fiction Magazines. Westport: Greenwood,
1985. pp.694-698. ISBN 0-313-21221-X
9. Jones, Gerard. Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o
nascimento dos gibis. [S.l.]: Conrad Editora, 2006. ISBN 85-
7616-160-5
10. Sérgio Codespoti (8 de maio de 2008). «Quando a
nomenclatura faz a diferença» (https://web.archive.org/web/2
0100829164910/http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/
chiaroscuro_nomenclatura.cfm). Universo HQ. Consultado
em 16 de maio de 2010
11. Roberto Guedes (6 de outubro de 2004). «Warren - O melhor
terror do mundo!» (http://hqmaniacs.com.br/principal.asp?aca
o=materias&cod_materia=275). HQManiacs
12. Richard Bleiler, "Stephen King" in: Bleiler, Ed. Supernatural
Fiction Writers: Contemporary Fantasy and Horror. New York:
Thomson/Gale, 2003, ISBN 9780684312507. (pp. 525-540).
13. Hillel Italie (18 de setembro de 2003). «Stephen King receives
honorary National Book Award» (http://news.google.com/new
spapers?id=Uj4fAAAAIBAJ&sjid=kscEAAAAIBAJ&pg=1529,1
684719&dq=national+book+award+stephen+king&hl=en).
Ellensburg Daily Record. Consultado em 12 de setembro de
2010. "Stephen King, brand-name writer, master of the horror
story and e-book pioneer, has received an unexpected literary
honor: a National Book Award for lifetime achievement."
14. K.A. Laity,"Clive Barker" in Richard Bleiler, ed. Supernatural
Fiction Writers: Contemporary Fantasy and Horror. New York:
Thomson/Gale, 2003. ISBN 9780684312507 (pp. 61-70).
15. K.A. Laity, "Ramsey Campbell",in Richard Bleiler, ed.
Supernatural Fiction Writers: Contemporary Fantasy and
Horror. New York: Thomson/Gale, 2003. ISBN
9780684312507 (pp. 177-188.)
16. Rare Halloween Videos Blog (http://rarehalloweenvideos.blog
spot.nl/2011/10/1980s-danse-macabre-from-pbs.html)
17. Walker, Alan (1983). Franz Liszt: The Virtuoso Years 1811-
1847. [S.l.]: Faber and Faber. p. 152

Ligações externas
Horror Films (http://www.filmsite.org/horrorfilms2.html) (em inglês)

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