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Bibliografia
O Mistério da Estrada de Sintra 1870
O Crime do Padre Amaro 1875
A Tragédia da Rua das Flores 1877-78
O Primo Basílio 1878
O mandarim 1880
A Relíquia 1887
Os Maias 1888
Uma Campanha Alegre 1890-91
Correspondência de Fradique Mendes 1900
Dicionário de Milagres 1900
A Ilustre Casa de Ramires 1900
Publicado depois da morte do autor:
A Cidade e as Serras 1901
Contos 1902
Prosas Bárbaras 1903
Cartas de Inglaterra 1905
Ecos de Paris 1905
Cartas familiares e bilhetes de Paris 1907
Notas contemporâneas 1909
Últimas páginas 1912
A Capital 1925
Etc.
As Farpas
Eça identifica como terrível a falta de educação da população, o que depois se torna
tema muito explorado, nomeadamente n’As Farpas, que correspondem à transição entre
o 1º e o 2º período da produção literária de Eça. São publicadas ainda antes das
Conferências de Casino.
Eça e Ramalho Ortigão, seu grande companheiro, decidem criar uns folhetos de sátira
política e social. São textos muito irreverentes, sem grande pretensão senão a de fazer
rir. E rir sempre foi a melhor maneira de educar e de consciencializar.
Durante cerca de um ano, As Farpas foram saindo periodicamente, mas, entretanto, Eça
teve de ir trabalhar para Cuba como cônsul e foi Ramalho Ortigão quem aguentou,
durante vários anos as publicações, por isso a maioria dos textos são da sua autoria.
Já vários anos mais tarde, Eça compilou os seus textos num volume a que deu o nome
Uma Campanha Alegre, publicada em dois volumes em 1890/91.
Todos os textos têm um caráter cómico, exceto dois que apresentam um caráter mais
sério, mais doutrinário. Um deles é sobre as meninas solteiras e o outro é sobre o
adultério, os vícios da vida familiar da burguesia de Lisboa.
A capa original d’As Farpas é representada por um diabrete a olhar por um óculo a
sociedade, de modo a conseguir observá-la detalhadamente, no sentido de a criticar,
apontar os seus defeitos e ridicularizá-la. Os autores convidam também o leitor a
observar a sociedade para além das aparências para perceberem o estado “deficiente”
em que se encontra o país.
Em suma:
Publicações periódicas em forma de crónica satírica;
1871/72 foi a data da sua publicação;
Escritas juntamente com Ramalho Ortigão, que aguentou as publicações
enquanto Eça estava em Cuba, como cônsul;
Objetivo: mostrar o estado decadente em que se encontrava o país, tinham uma
intenção político-ideológica;
Capa: diabrete a espreitar por um óculo, a avaliar a sociedade;
Escritas para um público alargado, requerem apenas que o leitor tenha bom
senso.
As crónicas são irónicas (ligado à ideia de crítica), alegres (não são textos de
tom moralizante) e justas;
Os escritores chamam o leitor, convidam-no a “espreitar”, num clima de
proximidade conferido pelo pronome “tu” - estratégia discursiva de proximidade
ou aproximação com o leitor;
Alvos da sátira:
- Imprensa: nulidade, insuficiência, superficialidade, clientelismo, demagogia
-Política: nulidade, insuficiência, superficialidade, clientelismo, demagogia,
corrupção
-Educação: carência, atraso, conservadorismo
É feita uma crítica à imoralidade (o cidadão não tem valores morais/éticos,
princípios), ao individualismo (falta de solidariedade), à falta de ética, à
decadência moral e à desonestidade. As pessoas tomam decisões com base no
poder económico e na vantagem social que lhe transmite.
Crítica à literatura: não tem ideias nem originalidade, é convencional, hipócrita,
falsa e inexpressiva.
Os autores utilizam a expressão “progresso da decadência” com o intuito de
ridicularizar os políticos e a sua prestação, pois eles utilizam diversas vezes a
palavra “progresso” nos seus discursos e o país não evolui.
As Farpas não vão criar uma revolução nem provocar alterações no funcionamento do
país ou do governo, vão sim tentar alertar e consciencializar a sociedade.
Conferências do Casino
O contexto das Conferências de Casino
As conferências de casino foram criadas para discutir aspetos importantes.
Objetivos: abrir uma tribuna onde se possa falar, discutir, comunicar para agitar a
opinião.
Os autores de As Farpas e os conferencistas partilham a mesma opinião: Portugal
encontra-se atrasado relativamente a outros países (França, por exemplo).
Programa das Conferências de Casino:
Abrir uma tribuna onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caraterizam este
momento do século, com principal preocupação com a transformação social,
moral e política dos povos.
Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se dos
elementos essenciais para uma sociedade civilizada;
Agitar a opinião pública e as grandes questões da filosofia e das ciências
modernas;
Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da
sociedade portuguesa.
Realismo
A divulgação dos princípios do Realismo, a ilustração com exemplos e a explicação
do seu sentido pedagógico do Realismo
O realismo é uma forma de expressão artística que procura reproduzir de forma mais ou
menos evidente e naturalista o mundo e os objetos da realidade envolvente, surgindo de
forma cíclica ao longo da história e tendo como principal impulsionador a França.
É uma arte que reforma, moralizando, quando expõe os podres de uma sociedade que a
arte dos clássicos e o sentimento dos românticos tinham deixado camuflados. É evidente
a preferência pelo pormenor descritivo.
Oposição razão/sentimento: oposição estratégica do movimento realista em
contrapartida do movimento anterior (romantismo). O realismo quer mostrar de forma
verdadeira a sociedade e não “romantizá-la”.
Estratégias compositivas:
Lógica causal e ordem narrativa adequada conduzem a intriga disfórica.
Percebe-se que no final da trama as personagens não atingem o sucesso que
poderiam atingir.
Personagens-tipo, temas de crítica social, descrição enumerativa e em pormenor.
Polifonia-contexto que possui uma pluralidade de vozes, de discursos, sem uma
voz que se sobreponha às demais. O narrador omnisciente conta a história e as
personagens estabelecem diálogos, fazendo entender ao leitor os
acontecimentos.
Mudanças de ponto de vista, sátira, caricatura e ironia.
Intenção pedagógica da qual os elementos anteriores são suporte. O leitor tem
que tirar lições sobre o que acontece na obra.
Este conto pertence a uma fase do Eça em que o escritor pretende representar a
sociedade de então e mostrar o panorama em que ela se encontra, as chamadas “Cenas
Portuguesas”.
Cenas Portuguesas: construção de uma série de romances que fizessem a análise da
sociedade portuguesa moderna.
Para além da analepse, verifica-se que a história tem uma estrutura repetitiva: por duas
vezes Macário fica pobre e por duas vezes consegue vencer esta situação seja com uma
partida em trabalho para Cabo Verde, seja com o regresso ao primeiro local de trabalho
porque o tio Francisco lhe perdoa a teimosia em casar. A composição do conto serve-se,
portanto, do paralelismo de situações e o conto evolui porque estas situações
semelhantes apresentam também alguns avanços. Com efeito, na primeira vez que
Macário, sem dinheiro, vai falar com o tio, encontra uma resposta negativa e, em
contrapartida, na segunda vez, o tio reconhece o caráter honrado do sobrinho e permite-
lhe regressar ao seu emprego inicial. O conto vai assim progredindo dentro do
paralelismo.
Há alguns indícios do desenlace: O pormenor do vistoso leque usado por Luísa, objeto
com demasiado valor para ser usado por pessoas com poucos recursos financeiros. O
desaparecimento dos lenços da Índia na loja e, mais tarde, de uma peça de ouro de um
jogo numa noite de convívio na casa de Luísa.
É nesta altura que o narrador reintroduz o diálogo, regressando ao tempo da narração de
Macário. “Foi neste ponto que Macário me disse com a sua voz singularmente sentida: -
Enfim, meu amigo, (…) resolvi-me casar com ela. – Mas a peça? - Não pensei mais
nisso.”
Após este diálogo, o narrador apodera-se novamente da narração em terceira pessoa.
Este corte funciona como uma chamada de atenção para o leitor que, mais tarde, acabará
por perceber o porquê do desaparecimento da peça do jogo e dos lenços da Índia.
Já noivos, Macário leva Luísa a escolher um anel e, enquanto escolhem um, Luísa tira
outro anel. Este elemento do roubo funciona como elemento surpresa que precede o
final do conto, com a conclusão que Macário enuncia “És uma ladra!”.
O conto compõe-se de duas partes: a primeira é mais descritiva, através da qual se
configuram as personagens e o contexto em que se movem e na segunda parte abunda o
diálogo. Portanto, compositivamente, este conto apresenta dois andamentos narrativos
de extensão desigual: o tempo dos eventos narrados que compõem a intriga e o tempo
de encontro entre o narrador e o protagonista, onde é suposto o primeiro ter
conhecimento dos eventos.
Para além da duplicidade temporal, o conto também se servo do paralelismo das
situações para permitir a evolução do enredo. Este tipo de composição permite um
maior distanciamento do leitor relativamente à história contada, sugerindo que o leitor
acione o seu espírito crítico de modo a não se deixar levar pelas aparências como
aconteceu com Macário. À boa maneira realista, o caso de Macário deve funcionar
como uma lição e evitar que o leitor incorra num erro semelhante.
A Relíquia
Temas: enriquecimento, hipocrisia, luxúria, quebra da palavra e do valor da honra.
Motivos (aquilo que move as personagens, motor da intriga): ganância, dependência,
enganos, viagens.
Outras caraterísticas: atitude anti-heroica do narrador, esteriotipização de personagens.
Prólogo
Cruzamento entre a verosimilhança (relatam-se acontecimentos como se fossem
verdadeiros, possíveis de serem encontrados na sociedade de então) e do registo
“fantasista” (dimensão da imaginação, transposição do século atual para o tempo de
Jesus Cristo).
Texto escrito na primeira pessoa, é autobiográfico, com a intenção das memórias
servirem de exemplo para alguém. O autor escreve as memórias para que estas
fiquem registadas como se fosse uma obra literária.
O narrador, de nome Teodorico, narra a sua própria vida. As memórias relatam uma
grande mudança na vida dele, fez uma viagem à Palestina (enviado pela sua tia
Dona Patrocínio das Neves). A história dá-se em 1875, mas aquando da viagem à
Palestina há um recuo temporal à época de Jesus Cristo (“Testemunhei,
miraculosamente” - não testemunhou verdadeiramente).
A imagem de Jerusalém traçada no livro contrasta com as idealizações que poderia
haver na altura. Não é uma obra que consiste num guia pitoresco de Jerusalém (tal
como o narrador deixa explícito). O companheiro de viagem do narrador (doutor
Topsius) escreveu esse guia que pinta Teodorico como um crente (beato).
No prólogo do livro, o narrador explica o seu objetivo: narrar a sua viagem e
mostrar que a versão narrada por Topsius não é verdadeira e que o desacredita
perante a burguesia liberal.
As memórias vão ser contadas com realismo, mas também com algumas
caraterísticas da farsa.
Farsa: Texto dramático com um teor satírico/caricatural. É uma peça curta,
normalmente possui apenas um ato, e com poucas personagens (personagens-tipo).
Capítulo 1
Conhecem-se os antecedentes familiares de Teodorico Raposo. O seu avô era o
padre Rufino da Conceição (padre católico, supostamente não poderia ter
relações. Dimensão crítica relativamente à Igreja Católica enquanto instituição).
O pai, Rufino da Assunção Raposo, era “afilhado de Nossa Senhora da
Assunção”, uma vez que os padres não podiam ter filhos.
Hagiografia: descrição da vida dos santos.
Rufino da Assunção Raposo vivia em Évora com a mãe (avó de Teodorico) e
escrevia no “Farol do Alentejo”, jornal de província com caraterísticas
românticas.
A avó chamava-se Filomena Raposo, conhecida como “repolhuda”
(rechonchuda), o que demonstra um bom estatuto económico. Era doceira e teve
uma relação com o padre (Rufino da Conceição).
Teodorico perde a mãe Dona Rosa, irmão de Dona Patrocínio das Neves, muito
cedo e mais tarde acaba por perder também o pai, que morre com uma
apoplexia.
O protagonista teve uma breve paixão pela criada da tia (Vicência).
A Titi tinha problemas de fígado.
Princípio de obediência: Teodorico tinha de concordar com tudo o que a titi
dissesse pois iria herdar a sua fortuna.
Parte da educação do protagonista foi feita no colégio dos Isidoros (formação
religiosa, de seminário). Não havia escolas públicas, a Igreja era responsável
pela maior parte da educação que existia em Portugal. Era uma educação
tradicional, baseada na memória e avessa às novas ideias. Era uma educação
baseada em temer o castigo de Deus em caso de pecado.
Crispim era um amigo de infância/adolescência de Teodorico, era um burguês
suficientemente favorecido para poder estudar no seminário.
Em Coimbra, onde estudou Direito, Teodorico vive uma vida de boémia
estudantil, demora imenso tempo a acabar o curso e só o acaba por medo da tia.
Teodorico “Raposão” é mentiroso e hipócrita. Vive uma vida dupla, é religioso
à frente da tia e é boémio sem a sua presença. Imagina muitas vezes a morte da
tia.
Tia Patrocínio/Titi: Apresenta uma religiosidade superficial pois não segue os
princípios em que acredita. Tem falta de caridade e solidariedade, é
supremamente hipócrita, despreza as relações carnais e valoriza as espirituais.
Em Lisboa, numa das visitas à Titi, Teodorico conhece Adélia, com que
manteve um caso. Quando acabou o curso e se mudou definitivamente para
Lisboa, para agradar a tia, passou a ser profundamente beato (ia todos os dias à
igreja, rezava, levava uma vida de devoto convicto). No entanto, tudo isto não
passava de um plano para herdar a fortuna da tia. Como consequência da
devoção exacerbada do rapaz, ele acaba por deixar Adélia de lado e ela, farta de
não receber a atenção que estava habituada, desistiu de Raposão e envolveu-se
com outro homem, o senhor Adelino.
Na verdade, Teodorico deseja conhecer Paris, mas a Titi nunca o permitiria uma
vez que é a cidade das “relaxações”. A hipótese de viagem posta pelo Doutor
Margaride é o principal motivo da viagem de Teodorico, com a possibilidade
comprar o perdão (crítica ao catolicismo). A Titi pede a Teodorico que este lhe
traga uma relíquia milagrosa de Jerusalém para que ela a guarde e que a salve
das aflições e doenças.
Capítulo 2
O capítulo inicia com Teodorico e Topsius em Alexandria, no Egito. Topsius e
Teodorico conheceram-se em Malta e, dando-se conta que ambos iam para
Jerusalém, tornam-se companheiros.
Topsius e Teodorico tornaram-se companheiros na viagem. Topsius corresponde
à figura caricatória do investigador científico, acentuando os seus defeitos. A
figura de Topsius indica-nos vários elementos acerca da relação do protagonista
com ele: inteligência vs ignorância (saber histórico de Topsius vs o catolicismo
decorado de Teodorico).
Miss Mary: Tem um caso amoroso com Teodorico. O episódio da camisa é
fundamental neste capítulo. Miss Mary dá a Teodorico a sua primeira relíquia, a
sua camisa de dormir para que ele se lembre das noites que passaram juntos,
juntamente com uma carta de amor. Esta sua primeira relíquia revela a sua
essência e, por isso, deve ser escondida do mundo.
Os companheiros chegam finalmente a Jerusalém após uma viagem repleta de
aventuras.
Aborrecido, Teodorico observa uma moça ruiva a tomar banho. O pai dela,
agressivo, vê-o com os olhos postos no buraco da fechadura e dá-lhe uma sova.
Assim foi a primeira noite do protagonista em Sião: espancado.
A figura de Jesus aparece como alguém que vem pregar uma nova religião, uma
rebeldia contra a ordem que estava estabelecida.
Teodorico quer encontrar uma relíquia para a titi e encontra o galho de uma
árvore, acreditando que essa mesma árvore foi utilizada para fabricar a Coroa de
Espinhos. Vai falar com Topsius para confirmar a sua dúvida e este pensa em
contestar dizendo que a Coroa de Espinhos foi criada a partir de uma silva, mas
lembra-se das “Razões de Família” de Teodorico e confirma o que o
protagonista lhe havia dito. A ideia de Teodorico era colocar o galho no formato
de uma coroa de espinhos e dar à tia, considerava o presente perfeito para
conquistar o seu coração e garantir a herança que tanto desejava. Esta segunda
relíquia revela a sua aparência, por isso deve ser mantida à vista.
O protagonista mostra a sua vontade na morte da tia para herdar a sua fortuna.
As verdades científicas são alcançadas a partir de raciocínios e experiências,
mas podem ser contestadas, é necessário a constante procura de novas ideias e
hipóteses.
Capítulo 3
Teodorico adormece e sonha com o tempo de Jesus Cristo. São postos em causa
alguns dogmas da Igreja Católica, nomeadamente a Imaculada Conceição e a
Santíssima Trindade.
(Imaculada Conceição: A Virgem Maria foi preservada do pecado original desde
o momento da sua conceção, toda a sua vida foi completamente livre de pecado.
Santíssima Trindade: Define Deus como 3 pessoas consubstanciais, Pai, Filho e
Espírito Santo, três pessoas distintas que são concebidas como um todo).
Templo de Salomão (IX a.C.): edifício religioso desaparecido, destruído ou
demolido. Construído no reinado de Salomão (rei de Israel e da Judeia).
Segue-se de perto a figura bíblica de Jesus, mas é descrita de forma
humanizada.
Herodes pergunta “O que é a verdade?”, mas Jesus não responde. Não há uma
verdade absoluta.
Os judeus vão condenar Jesus Cristo. Os judeus têm um estereótipo de serem
espertos, possuírem boa retórica e boa argumentação, serem cultos e
inteligentes.
Este capítulo marca um devaneio de sono ou a presença do fantástico dentro do
realismo. Esta estrutura é a forma pela qual Eça de Queirós foge do presente e
vai até à época de Cristo para dessacralizar a história ideologicamente
construída pela manipulação católica dos dados que se referem ao nazareno.
Estavam, então, em Jericó do século I, era sexta-feira da paixão de Cristo e este
iria ser crucificado.
O trecho vivenciada em sonho por Teodorico é uma amostra de que participou
na história e de que o relato dela, por ter elementos que se diferenciam da que é
tomada como oficial, é uma prova de que o papel pode aceitar diversas versões
e os Homens aproveitam-se daquela que mais lhes convém. Assim, a viagem no
tempo (farsa) pode provar a verdade escondida na farsa criada pela Igreja,
segundo a obra.
Enfim, Cristo passou pelo julgamento contra Barrabás e foi condenado à
crucificação após Pôncio Pilatos lavar as mãos. Segundo a visão desta obra,
José de Arimateia deu-lhe uma bebida anestésica que seria anulada após o
enterro. Retiraram, então, o corpo de Messias e deixaram a porta do sarcófago
onde o depositaram aberta. No entanto, o antídoto não fizera efeito e Jesus
acabou por morrer. A noite termina. Têm de voltar para Jerusalém.
Capítulo 4
Rumaram para Jerusalém e visitam alguns locais de lá. Teodorico está farto de
tanta religião e o seu corpo reclama por satisfação carnal. Em Jerusalém, ocupa-
se a embalar as relíquias menores para a Titi. Despede-se de Topsius, que parte
para o Egito.
Capítulo 5
Uma semana depois, chega a Lisboa. O seu interesse maior, a herança, ainda
estava longe pois a Titi ainda se encontrava de boa saúde. Mas a grande hora
chegou, Teodorico ia entregar a coroa de espinhos a coroa de espinhos, a grande
relíquia que lhe prometera. O ritual fez-se na presença de padres e o pacote foi
colocado num altar, entre Jesus e Maria. Esta cena é a maior ironia da obra pois
o protagonista engana-se nos pacotes, deitou fora o pacote que tinha a coroa de
espinhos e ficou com a prenda de Miss Mary. A camisola de uma prostituta
mistura-se com a santidade de Titi. É como se o autor quisesse demonstrar que
não é possível esconder sob um manto diáfano (a camisola) a verdade.
Teodorico é expulso de casa e vive do dinheiro que fez com a venda das
relíquias menores que trouxera da viagem. Viveu meses assim, a falsificar as
relíquias e a comercializá-las. A Titi morre finalmente com uma congestão nos
pulmões. A herança foi direcionada ao padre Negrão, que mais tarde o
protagonista descobre que está junto com Adélia, e Teodorico ficou apenas com
uns óculos da sua tia, o que corresponde a uma grande ironia, pois ele só
conseguiria ter uma imagem daquilo que queria.
A revolta do protagonista foi tanta que ele evocou a sua consciência para, na
voz de Cristo, explicar-lhe a inutilidade da hipocrisia. Desta forma, mentir era
um ato inocente, porém outro ensinamento lhe era dado no mesmo instante: se
começar uma mentira, tem de ir com ela até ao fim e nunca recuar. E é com este
último ensinamento que ele lamenta ter dito a verdade à Titi, devia ter-lhe dito
que a camisola não era de Miss Mary, com a desculpa que pertencia a Maria
Madalena (aproveitando as iniciais com que a carta fora terminada “M.M.”) e,
desta forma, funcionaria como uma prova que ele resistiu ao pecado das
“relaxações”.
O protagonista reencontra o seu velho amigo Crispim. Falido, Teodorico aceita
o emprego que ele lhe oferece, conhece a sua irmã, Dona Jesuína, e ambos se
apaixonam e acabam por se casar. Ele consegue comprar o mosteiro onde
morava a Titi e é de lá que, calmamente, relata as suas memórias sem a
necessidade de esconder nada, sem o “manto diáfano da fantasia”.
Paródia (caraterísticas)
Procedimento estilístico na composição de uma obra de arte. É inclusiva (vai buscar
aspetos antigos), diferencial (recria-os), relacional (relacionam-se uns com os outros),
dialógica (dialogam entre si) e multidimensional (diferentes dimensões das obras). Toda
a paródia é híbrida e de voz dupla.
Fradique Mendes
A personagem Fradique Mendes tem a sua origem nos textos de “O Distrito de Évora”
como Manuel Eduardo, protofigura de Fradique Mendes. Esta figura é já apresentada
com alguns dados biográficos e os mais importantes encontram-se intimamente ligados
ao tema da viagem: Manuel Eduardo é um viajante “a pé” que irá aparecer na realização
da sua tão sonhada viagem. Manuel Eduardo também é reconhecido por terceiras
pessoas. Porém, estas não aparecem totalmente identificadas.
Em 1869, nasce o heterónimo coletivo Carlos Fradique Mendes, cujos autores são Jaime
Batalha Reis, Antero de Quental e Eça de Queirós.
Fradique Mendes nasce com o objetivo de corresponder a uma figura representante do
romantismo satânico (à moda de Boudelaire). Antero de Quental, Jaime Batalhas Reis e
Eça de Queirós escreviam textos em nome dessa figura e publicavam-nos no folhetim
do jornal “A Revolução de setembro”.
Os dados biográficos que foram apresentados, o conhecimento e reconhecimento de
terceiras pessoas (nomeadamente de personalidades literárias conhecidas), produzem
um “efeito de real” que o conduz o leitor a aceitar Fradique como uma personagem real
e que realmente existiu.
Carlos Fradique Mendes aparece na obra Mistério da Estrada de Sintra (1870). Com o
seu aparecimento nesta obra, salienta-se o alargamento do leque de informações
biográficas a que Fradique é submetido. Curiosamente, algumas dessas informações
aproximam-se da caraterização de Manuel Eduardo, nomeadamente a excentricidade e o
fascínio pelo Mar do Norte.
A singularidade do Fradique queirosiano de 1888 n’A Correspondência de Fradique
Mendes
Subtítulo da obra: Memórias e notas
A Correspondência de Fradique Mendes foi publicada em 1888, mas idealizada por Eça
em 1885. É uma obra ficcional que se divide em duas partes: uma narração
autobiográfica e as cartas de Fradique Mendes.
Na primeira parte da obra, um narrador em primeira pessoa apresenta a personagem de
Fradique Mendes: grande homem, poeta visionário e detentor de uma grande sabedoria.
É um narrador anónimo (atípico do Realismo): Narrador-testemunha, homodiegético,
presenciou/testemunhou/ contaram-lhe o que está a narrar.
Num primeiro momento, o narrador encontra-se num café enquanto lê o jornal
“Revolução de setembro”, que contém uma coletânea de poemas de Fradique Mendes:
as “Lapidárias”. Para o narrador, o poeta seria uma figura extremamente original (temas
novos e modernos). Após isto, surge uma nova figura: Marcos Vidigal, amigo de
faculdade do narrador, que sendo parente de Fradique Mendes, promete apresentar os
dois. Vidigal passa a narrador (narrador omnisciente) e conta a história da vida de
Fradique.
É filho de uma família rica dos Açores. É educado pela sua madrinha. Estuda
Direito em Coimbra e, após a morte da sua madrinha, permanece em Paris
onde espera atingir a maioridade para poder receber uma enorme herança.
Livre e rico, participa em vários acontecimentos históricos e trava contacto
com grandes personalidades, por exemplo Victor Hugo.
Terminado o relato de Vidigal, volta o narrador inicial. Este é apresentado a Fradique
Mendes e inicia-se uma certa amizade. Os dois conversam sobre a arte, literatura e
questões sociais. Acabam por se encontrar no Cairo onde discutem as diferenças entre o
Ocidente e o Oriente (Fradique acredita que estão ambos em decadência). No restante
da primeira parte, são contados vários factos sobre Fradique, criando a ilusão que a
personagem existiu realmente. O narrador conta que não sobrou nenhuma obra impressa
de Fradique e especula-se que tenha deixado uma marca perdida que contém
manuscritos. De concreto, só restam cartas.
Começa então a segunda parte da obra, a parte epistolar que consiste em cartas que
Fradique escreveu aos amigos, aos intelectuais da época. As cartas são endereçadas
tanto a pessoas reais (Oliveira Martins, Ramalho Ortigão) quanto a personagens fictícias
(quase se acreditava que elas existiam também).
As cartas de Fradique à sua amante Clara servem de contraponto às demais, uma vez
que, nas outras, Fradique é uma personagem intelectual e distante, mas, nas que são
direcionadas a Clara ele fala com um sentimento amoroso.
As cartas são um tipo de texto que têm como objetivo comunicar algo a outrem
(destinador, destinatário).
Carta I: Visconde. Pressupõe a troca de correspondência entre os dois.
Carta III: Oliveira Martins. A história e os homens poderosos que a fazem.
Carta V: Guerra Junqueiro. A religião.
Carta VI: Ramalho Ortigão. O adultério.
O uso de personagens de apoio, tanto ficcionais quanto verídicas, a alternância entre
narradores, o discurso direto e o discurso indireto servem para dar veracidade ao texto
de modo a fazer o leitor acreditar que Fradique é uma personagem real.
Através da personagem Fradique Mendes, o descontentamento com a decadência em
Portugal no final do século XIX ganha voz. Fradique teria sido um grande homem,
detentor de ideias originais, preocupado com valores morais e sociais do seu povo, um
verdadeiro nacionalista. Desiludido com a situação de Portugal, resolve sair pelo mundo
para se tentar entender a si mesmo a sua nação. É nesse contacto com o estrangeiro que
Fradique volta para o Portugal das grandes navegações, o Portugal de um passado
glorioso, a fim de resgatar as raízes da sua nação.
Fradique Mendes é considerado como um semi-heterónimo de Eça de Queirós. O termo
é polémico uma vez que se está a aplicar um conceito que só surgiu mais tarde, com
Fernando Pessoa, no século XX. O estilo de escrita de Fradique é muito semelhante ao
de Eça de Queirós.
Do ponto de vista da linearidade do discurso, esta obra consiste numa analepse. As
analepses são muito frequentes no realismo com um propósito determinista (dar a
conhecer as origens, a família e o percurso do protagonista).
Conto “A civilização”
Neste conto é relatada a vida de Jacinto, um homem novo e culto que vivia
luxuosamente rodeado das mais sofisticadas e recentes invenções e das mais belas
obras-primas da literatura. Porém, toda essa vida cheia de regalias não fez dele uma
pessoa feliz. Vivia entediado devido à civilização material. Jacinto procurava fugir ao
tédio e à carência através da incorporação das invenções científicas na sua vida
quotidiana. Era fortemente influenciado pela corrente positivista, valorizando
supremamente a ciência e o progresso.
Para superar o tédio e recuperar o ânimo de viver, Jacinto decide abandonar a
civilização. Escolhe um lugar longe da sua cidade, partiu para o Norte, para Torges, e
separa todos os utensílios que considera essenciais para viver bem, posteriormente
envia-os para a sua nova morada. No entanto, quando chega ao seu destino, percebeu
que todos os utensílios que o deixariam com uma vida luxuosa não chegaram à casa,
foram perdidos. Jacinto considera este acontecimento uma enorme tragédia, sentindo-se
desmoralizado por vir para um lugar tao longe de todos os seus pertences.
Jacinto é subitamente invadido e transformado pela beleza e simplicidade da vida
campestre e pouco a pouco, vai-se integrando neste estilo de vida. Retoma a alegria de
viver e o prazer que as coisas simples trazem aos seres humanos.
Ao contrapor a vida moderna com o estilo rural, Eça faz uma crítica à sociedade
burguesa, materialista e industrial.
Algumas partes da narrativa vão além da descrição naturalista e assiste-se à dura sátira
por parte do autor. Toda a sociedade burguesa é alvo de crítica em episódios cómicos,
tal como as grandes invenções que prometem facilitar o estilo de vida do ser humano.
O leitor depara-se com a contradição dos dois modos de viver. A princípio, a tecnologia
e as facilidades da civilização parecem estar ligadas aos sentimentos positivos, mas,
mais tarde, apercebe-se que a felicidade e o prazer não dependem disso, mas sim das
coisas simples. Eça mostra como, afastando-se do mundo moderno, Jacinto é curado do
lixo da civilização que acomete o homem. Este vivia focado em obtenções matérias,
mas todo o horror que tinha pela vida do campo, no final do conto acaba por passar para
a cidade. Apercebe-se dos excessos e da artificialidade da mesma.
Conto “Refluxo”
“Refluxo” é um conto que parte de um hipotético reino e de um hipotético rei temente à
morte, que vê na presença de cemitérios ou em rituais fúnebres o anúncio da sua própria
morte. O rei simboliza o poder, não é necessariamente um rei específico. Expõe uma
realidade em que o poder soberano dita o confinamento da morte física através da
construção de um cemitério de proporções gigantescas. A construção deste projeto não
implica apenas o depósito de cadáveres futuros, mas também de cadáveres passados. A
construção foi mandada construir pelo rei, mas é graças ao dinheiro do povo que é
construído.
O progressivo afastamento da dor e da morte é problemático. Evolução através da dor.
O narrador chama à atenção aos personagens mais desfavorecidos (caraterística típica
de Saramago) pois não existe o poder sem eles sofrerem:
Pagam impostos e a construção do cemitério só é possível graças a esse dinheiro.
Dedicam-se à construção do cemitério e que acabam por sofrer acidentes no
trabalho e alguns acabam mesmo por morrer.
A imposição do poder acontece pela apropriação dos despojos humanos existentes desde
que o país se instituiu. Em causa está a posse do que resta de um passado, para além da
dor causada. O desrespeito pelo descanso dos mortos mostra-se também pelo
desrespeito pela vontade dos vivos, que se veem “obrigados” a cumprir desígnios
alheios. Apesar de a ordem do rei não ter sido contestada, há uma crítica inerente à
apropriação dos corpos, da movimentação dos mesmos, sem a vontade dos mortos e dos
vivos ter sido analisada.
A construção do cemitério implica que todos os caminhos, uma vez que se construíram
quatro estradas em cada um dos pontos cardeais que se encaminham para o mesmo, vão
dar, metaforicamente, para a morte.
A intriga evolui segundo uma lógica de problema/solução, uma vez que para a
construção do cemitério, mais especificamente para a recuperação dos cadáveres
antigos, é posto em causa por alguns problemas que surgem:
Após se retirarem os corpos dos antigos cemitérios, aperceberam-se que há
morte por todo o país e inventaram uma máquina que sinalizava quando
encontrava corpos.
A máquina não distinguia os corpos mortos dos corpos vivos, logo introduziu-se
uma ideia fixa de que só poderia encontrar corpos mortos ou restos.
A máquina não distinguia os cadáveres humanos dos animais. Isto mostrou-se
benéfico pois o rei percebeu que não valia retirar a morte humana se os animais
mortos continuassem espalhados.
O nome do conto, “Refluxo”, pressupõe a existência de movimentos contrários: o
ordenado (cemitério, morte) e o caótico (vida, movimentação). A cidade vai surgindo à
medida das necessidades, de forma caótica. Há um contraste, o cemitério surge de forma
planeada enquanto a cidade em redor nasce de forma natural.
O conto funciona como uma alegoria, tem um sentido para lá do que está escrito. A
alegoria é um procedimento artístico (presente na literatura, mas também em outras
artes) que implica um jogo de representação onde o significado parte de elementos
concretos para alcançar sentido abstratos ou espirituais.
As Intermitências da Morte
A obra As Intermitências da morte, de 2005, constrói uma utopia da eternidade e
desmitifica esse sonho que se tornaria num enorme pesadelo.
“No dia seguinte ninguém morreu” é a frase que inicia o livro. Através de um cenário
irreal, a morte deixa de desempenhar a sua função, deixa de matar e as pessoas param de
morrer.
Num determinado país e no primeiro dia do ano, as pessoas deixam de morrer. Até
mesmo aqueles que, segundo diagnóstico médico, não teriam qualquer salvação, como
por exemplo os que sofreram acidentes de aviação gravíssimos. Segundo as leis da
física, os acidentados deveriam estar mortos. Greve da morte. Um caso que comprova o
assunto é o da rainha-mãe (figura importantíssima) que se encontrava às portas da
morte, sem qualquer esperança de salvação, e não morreu, ficando como suspensa no
tempo.
O boato da ausência da morte começou a espalhar-se e chegou aos meios de
comunicação. Espalham-se pelas ruas imensos jornalistas curiosos com esta situação
atípica. Uma jornalista encontrou um jovem que lhe contou um caso muito parecido
com o da rainha-mãe, o seu avô encontrava-se às portas da morte, sem qualquer
esperança de vida, e não morreu, “como se se tivesse arrependido”.
Com isto, a jornalista insistiu para que o jovem desse o seu testemunho na televisão,
porém ela estava enganada pois acreditava que o avô se tinha realmente arrependido, em
sentido literal. A ignorância das pessoas, nomeadamente da jornalista, em relação à
sintaxe resultou num quiproquó, engano com as palavras.
O escritor tece uma crítica às notícias atuais e ao jornalismo sensacionalista: as notícias
são rasas, existe uma falta de estudo e de trabalho. Caricatura do jornalismo fácil, mas
que comete grandes erros.
No meio desta situação toda, o governo ainda não tinha tomado nenhuma atitude,
apenas o ministro da saúde deu a cara, mas acabou por não o fazer da maneira correta.
Prudência dos ministros em relação à greve dos mortos: Com o intuito de apaziguar as
vozes de protesto, o ministro faz questão de pedir calma às populações, uma vez que o
governo tinha tudo sob controlo. Esta tendência de mandar as pessoas manterem a
calma é compara, por Saramago, a um redil (onde se guardam as ovelhas, que são
sossegadas tal como as pessoas, não pensam fora do que lhes dizem).
No comunicado oficial do primeiro-ministro, este lembra que se poderia tratar de uma
casualidade acidental. Termina o mesmo afirmando que o governo está preparado para
todas as eventualidades. Este comunicado tinha como objetivo tranquilizar a população
alvoraçada.
O cardeal entra em contacto com o primeiro-ministro pois, sendo ele o representante da
Igreja, tem o dever de reclamar. Sem morte, a lógica religiosa deixa de fazer sentido,
pois não existe a ressurreição.
Durante a noite, o cardeal teve um ataque de apendicite aguda e até pensou em pedir a
morte a Deus, uma vez que assim iria ser considerado o vencedor da morte.
As pessoas começaram a pendurar bandeiras nas suas casas, quem não as pusesse
significava que se tinha vendido à morte. Eram poucas as pessoas que tinham a coragem
de ir contra a força da opinião geral, dizendo que esta exposição de bandeiras não fazia
sentido, o que lhes trouxe consequências.
Saramago vai enumerando, humoristicamente, os problemas causados pela greve da
morte:
1. As primeiras reclamações vieram das agências funerárias.
Solução: enterrar os animais domésticos.
2. Os hospitais, tanto públicos como privados, não tardaram a ir bater à porta do
ministério.
Solução: os doentes devem ficar encarregues aos seus familiares.
3. Os problemas dos lares de terceira e quarta idades.
Solução: Abrir mais lares.
4. As companhias de seguro também se viram com problemas. As pessoas não
viam sentido algum em continuar com os seus seguros de vida, uma vez que não
iam morrer.
Solução: os clientes deviam continuar a pagar o seguro até aos seus 80 anos.
Estratégias do fantástico
1. Acronia: não consideração do fator tempo. Intemporalidade. Mistura
contraditória do natural e do sobrenatural.
2. Casualidade inexplicável: acontece algo que não tem explicação lógica. Magia,
encantamento. Conceção anormal do espaço-tempo. Mudanças na natureza.
Metamorfoses.
3. Fusão paradoxal do dissemelhante. Incerteza. Coalescência real-fantástico.
4. Redução ao absurdo do real quotidiano. Transfiguração do real. Conceção
anormal do espaço-tempo. Ambiguidade.
5. Referência do irreferente (algo inventado). Deuses, entes fabulosos, objetos
mágicos, monstros, fantasmas.