Você está na página 1de 1

Ao subtítulo de “Os Mais”, Episódios da Vida Romântica, corresponde a crónica de

costumes. Estes episódios, descritos ao longo da obra, têm como objetivo fazer o relato da
sociedade portuguesa na segunda metade do século XIX. Eça utiliza um desfile de
personagens (personagens tipo) que representam grupos, classes sociais ou mentalidades
por forma a mostrar aos leitores o estado de corrupção, providencialismo e parasitismo da
sociedade portuguesa, bem como, seus costumes e vícios.
A corrida de cavalos é uma sátira ao desejo de imitar o que se faz no estrangeiro, por um
esforço de cosmopolitismo, e ao provincianismo do acontecimento. As corridas de cavalos
permitem apreciar de forma irónica e caricatural uma sociedade que vive de aparências. Da
mesma forma, o comportamento das mulheres é naturalmente caricaturado. A forma de
vestuário à ocasião parece não ser a melhor e acaba por traduzir a falta de gosto e,
sobretudo, o ridículo de uma situação que se pretende requintada sem o ser. As corridas
servem, para Eça, criticar a mentalidade e o comportamento da alta burguesia.
Na “A Corneta do Diabo” critica-se a decadência do jornalismo português, pois os jornalistas
deixavam-se corromper, motivados por interesse económicos, como o caso de Palma
Cavalão que revela o nome do autor da carta e mostra aos dois amigos o original, escrito
pela letra de Dâmaso Salcede, a troco de "cem mil réis" ou evidenciam uma parcialidade
comprometedora, originada por motivos políticos, como o caso de Neves, director do Jornal
A Tarde, que acede em publicar a carta em que Dâmaso Salcede se confessa embriagado ao
redigir a carta insultuosa, mencionando a relação de Carlos e de Maria Eduarda, por concluir
que, afinal, não se tratava do seu amigo político Dâmaso Guedes, o que o teria levado a
rejeitar a publicação.
Concluindo, é feita uma caricatura à sociedade portuguesa do seculo XIX no romance “Os
Maias”, através de crónicas de costumes e personagens tipo em dois episódios.

Você também pode gostar