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Almeida Garrett

Garrett, nasceu em 4 de Fevereiro de 1799, no Porto. Foi um notável


estudante de Direito em Coimbra, exilou-se em Inglaterra para fugir ao
absolutismo e escreveu, em França, os poemas inaugurais do romantismo
Português: “D. Branca e Camões”.

De regresso a Portugal, fundou jornais contra o poder político, bateu-se


por várias causas, tornando a literatura um espaço de afirmação social. Foi
um dos políticos portugueses mais decisivos do século XIX. Morreu em
1854.

Viagens na Minha Terra

"Viagens na Minha Terra", de Almeida Garrett, relata uma viagem de


Lisboa a Santarém. Muito mais do que uma crónica de viagem, é
sobretudo uma reflexão sobre Portugal do século XIX e um marco na
literatura portuguesa.

Publicada em 1846 a obra aborda a jornada a Santarém em diferentes


planos e, por isso, Garrett chamou-lhe “Viagens” e não “Viagem”. Para
além do percurso físico, narra a história de quatro personagens que
retratam o próprio país dividido por uma guerra civil. A obra sintetizou, a
propósito de um percurso físico, uma reflexão sobre a história de
Portugal.

Com uma linguagem inovadora e uma narrativa desconexa, estas Viagens


na Minha Terra de Garrett marcam o princípio da literatura moderna
portuguesa.

Resumo breve: Carlos estuda em Coimbra, parte para Inglaterra e regressa


a Portugal para se juntar a um dos exércitos em confronto numa guerra
fratricida. Joaninha, prima de Carlos, com uma beleza suave, é o símbolo
da pureza e uma bandeira de paz entre os combatentes. A avó de ambos,
Francisca, simboliza o país envelhecido, que ama os seus filhos, mas é
incapaz de fazer alguma coisa por eles a não ser sofrer. Frei Dinis, entre o
bem e o mal, e que, no auge do drama, se descobre ser pai de Carlos.

Durante sua jornada, Carlos encontra vários personagens interessantes,


incluindo Joaninha, uma jovem idealista e determinada, e o padre José
Dias, que representa a corrupção e a hipocrisia da sociedade portuguesa
da época.
Ao longo da viagem, Carlos e Joaninha apaixonam-se, mas enfrentam
muitos desafios, incluindo a oposição da família de Carlos e as
complexidades da sociedade portuguesa.
Além do enredo romântico, "Viagens na Minha Terra" também aborda
questões políticas, sociais e culturais de Portugal do século XIX, incluindo
críticas à corrupção, à injustiça social e à falta de progresso.

O romance é conhecido pela sua linguagem rica e descritiva, bem como


pelo seu humor sutil e, ainda, pela ironia. Ele captura vividamente a
essência da sociedade portuguesa da época e oferece insights profundos
sobre a condição humana.

1. Viagem como Metáfora: A viagem física dos personagens na obra


reflete uma jornada interior, comum no romantismo. O viajante
explora não apenas o espaço geográfico, mas também seu próprio
eu interior e os valores da sociedade em que vive.
2. Nacionalismo e Patriotismo: Garrett mostra um forte sentimento
de amor por Portugal e sua cultura ao descrever as paisagens,
tradições e história do país. Ele procura resgatar e exaltar a
identidade nacional, característica típica do romantismo.
3. Idealização do Passado: A obra faz frequentes referências à história
e à cultura portuguesas, idealizando períodos passados, como a
época dos descobrimentos e a Idade Média. Garrett retrata esses
momentos como fontes de inspiração e orgulho nacional.
4. Natureza e Sentimentalismo: Descrições detalhadas da natureza
são usadas para criar atmosferas emocionais e refletir os estados de
espírito dos personagens. O sentimentalismo também está presente
nas relações entre os personagens e nas emoções que eles
expressam.
5. Crítica Social e Política: Garrett critica indiretamente a sociedade
portuguesa de sua época, expondo suas injustiças e desigualdades.
Ele aborda questões como corrupção, hipocrisia e falta de
progresso, refletindo a insatisfação romântica com o status quo.
6. Estilo e Linguagem: O estilo de escrita de Garrett em "Viagens na
Minha Terra" é caracterizado pela sua prosa fluida e pela mistura de
gêneros, como ensaio, crônica, romance e autobiografia. Ele utiliza
uma linguagem rica e descritiva para criar imagens vívidas e
envolventes.

Estes elementos tornam "Viagens na Minha Terra" uma obra emblemática


do romantismo português, destacando-se pela sua combinação de
idealismo, nacionalismo, crítica social e uma profunda conexão com a
cultura e a história de Portugal.

O romantismo na sua essência

Literatura
O Romantismo entra na Literatura portuguesa com a publicação do
poema D. Branca (1826) de Almeida Garrett. O ambiente político (lutas
entre liberais e absolutistas), o exílio deste, o seu temperamento, a época
em que viveu, transformam o árcade que durante muito tempo se afirmou
em Catão, na Lírica de João Mínimo, no Retrato de Vénus, quanto ao seu
conteúdo, e nos poemas Camões e D. Branca, na linguagem, no grande
romântico das Folhas Caídas e no grande pioneiro de uma linguagem
coloquial, moderna, de Viagens na Minha Terra. (...)

Ao Romantismo interessam os temas grandiosos. Mas, por vezes, essa


ânsia de infinito debate-se dolorosamente, dramaticamente, com as suas
limitações humanas, o que dá lugar ao desânimo. A mesma ânsia de
liberdade artística projeta-se na busca ansiosa de um mundo melhor, um
mundo onde os homens sintam o domínio da justiça e se encontrem como
irmãos.

Todas as circunstâncias que propiciaram a nova corrente arrastaram


consigo um acentuado pendor para a insegurança, para a inquietação,
para o desajustamento que os mergulha, ora num estado de melancolia, a
qual, com Schopenhauer, conduz ao pessimismo niilista, ora num estado
de revolta (Byron). Daí, portanto, um mundo literário cheio de paixões
exaltadas, de traições, de malfeitores, de ambientes terríficos e mórbidos,
ou um mundo de sonho, vivido na solidão, em contacto com uma natureza
turbulenta, alvoroçada, sombria, ao pôr do sol, durante a noite, nas
estações românticas (outono e inverno), povoada de receios, de
fantasmas, de visões terríficas,em oposição à natureza resplendente dos
clássicos, com ninfas e faunos. De fundo de cenário que era, no
Classicismo, a natureza, nos românticos, participa, determina estados de
alma. O "locus amoenus" cede lugar ao "locus horrendus".

Garrett foi uma figura central no movimento romântico português, que


ocorreu no início do século XIX. Características dos românticos:

Nacionalismo e Patriotismo
Exaltação do Passado
Subjetividade e Individualismo
Natureza e Sentimentalismo
Libertação e Idealismo

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