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LINGUA PORTUGUESA
ADRIANA RODRIGUES
Figuras de linguagem
São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som,
figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de construção.
Observe:
1) Fernanda acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia.
Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na terceira frase, um
termo citado anteriormente - o verbo acordar. Repare que a segunda e a última frase do primeiro exemplo
devem ser entendidas da seguinte forma: "Renata acordou às nove horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa
forma, temos uma figura de construção ou de sintaxe.
Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as palavras fecha e abre, que possuem
significados opostos. Temos, assim, uma figura de pensamento.
Exemplo 3: a força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes brilhantes. Essa
associação nos permite uma transferência de significados a ponto de usarmos "olhos" por "luzes brilhantes".
Temos, então, uma figura de palavra.
Figura de palavra
A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico,
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma
similaridade. Esses dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - permitem-nos reconhecer dois tipos
de figuras de palavras: a metáfora e a metonímia.
Metáfora
A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação
real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas
semelhanças.
É importante notar que a metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar,
deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da
mesa", "braço da cadeira").
Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora:
Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente inútil), há uma comparação subentendida:
Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de terra que leva a lugar algum.
A diferença entre metáfora e comparação é bem clara. Na comparação, há, entre os termos comparados, uma
conjunção ou locução conjuntiva comparativa, isto é: “como”, “tal como”, “assim como”, “bem como”, “qual”,
“tal qual”, “que”, “do que”, “tanto quanto” etc. O que não acontece com a metáfora, pois a comparação é
implícita.
Veja que, na letra “Amor e sexo”, se colocamos uma conjunção comparativa entre os substantivos “amor” e
“sexo” e seus elementos de comparação, obtemos a figura de linguagem comparação; não temos mais,
portanto, metáforas:
Metonímia
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou
relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:
Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)
Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.)
Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas
uma mulher.)
Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
Saiba que:
Atualmente, não se faz mais a distinção entre metonímia e sinédoque (emprego de um termo em lugar de
outro), havendo entre ambos relação de extensão. Por ser mais abrangente, o conceito de metonímia
prevalece sobre o de sinédoque
ATIVIDADES
Questão 1
b) Serraram o pé na mesa.
Questão 2
QUESTAO 03
A definição de metonímia é:
a) ( ) é uma figura de palavra que ocorre quando, na falta de um termo específico para designar algo, utiliza-se
outro por empréstimo a partir de alguma semelhança de conceito.
d) ( ) é uma figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra no lugar de outra, com a qual haja
uma relação de sentido.
Questão 4
(Nosso Rumo) Na sentença, “Este seu Guignard é falso ou verdadeiro?”, o nome do pintor Guignard é
empregado como uma referência para um quadro do mesmo pintor, ou seja, uma metonímia. Sendo assim,
assinale a alternativa em que o uso desse nome tem a mesma função.
d) “Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...”
Questão 5 - (Enem)
O autor do texto seguinte critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação
aos seus hábitos alimentares.
“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da
esquina? [...]
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso
porque agora mesmo peguei um pacote de leite — leite em pacote, imagina, Tereza! — na porta dos fundos e
estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi
enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água,
proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5000
anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo
serve pra fazer outra galinha [...]. O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem
serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não
gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!”
a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para a economia nacional.
b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que têm substituído os produtos
naturais por produtos artificiais.
c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sabor.
e) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto perecível e que necessita de
aperfeiçoamento tecnológico.
QUESTAO 06
Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua amiga dos olhos verdes. Verdes. Às vezes quando você
sai do escritório você quer se distrair um pouco. Você não suporta mais seu trabalho de desenhista. Cópias
plantas réguas milímetros nanquim compasso 360º de cercado cerco. Antes de dormir você quer estudar para
a prova de história da arte mas sua menina menor tem febre e chama você. A mão dela na sua mão é um peixe
sem sol em irradiações noturnas. Quentes ondas. Seu marido se aproxima os pés calçados de meias nos
chinelos folgados. Ele olha as horas nos dois relógios de pulso. Ele acusa você de ter ficado fora de casa o dia
todo até tarde da noite enquanto a menina ardia em febre. Ponto e ponta. Dor perfume crescente...
QUESTAO 07
Texto I
Chão de esmeralda
Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas
À Mangueira
E tinge um tapete
Pra ela sambar
Soberba, garbosa
É verde, é rosa
BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola Edições Musicais Ltda. BMG. 1997.
Disponível em: www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.
Texto II
Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí, a plateia delira, o coração dos componentes bate
mais forte e o que vale é a emoção. Mas, para que esse verdadeiro espetáculo entre em cena, por trás da
cortina de fumaça dos fogos de artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costureiras, aderecistas,
diretores de ala e de harmonia, pesquisador de enredo e uma infinidade de profissionais que garantem que
tudo esteja perfeito na hora do desfile.
AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores. Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de Janeiro:
Estação Primeira de Mangueira, 2010.
Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromisso dos dirigentes e de todos os
componentes com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Uma das diferenças que se estabelece
entre os textos é que
a) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais do que a letra de música.
b) a letra de música privilegia a função social de comunicar a seu público a crítica em relação ao samba e aos
sambistas.
c) a linguagem poética, no Texto I, valoriza imagens metafóricas e a própria escola, enquanto a linguagem, no
Texto II, cumpre a função de informar e envolver o leitor.
d) ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto I acende a rivalidade entre escolas de samba,
enquanto o Texto II é neutro.
e) o Texto I sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto II destaca o trabalho na escola de
samba.