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Metáfora
Met áfora é uma figura de linguagem em que se verifica uma comparação implícit a, ist o é, sem a
presença de conjunção ou locução conjunt iva comparat iva.

Metáfora é uma figura de linguagem em que se verifica uma comparação


implícita, isto é, sem conjunção ou locução conjuntiva comparativa. Desse modo,
existem metáforas impuras (mais simples, por serem diretas) e puras (mais
complexas, por serem indiretas). Portanto, se houver, entre os elementos
comparados na frase, uma conjunção ou locução conjuntiva comparativa, isso não
se configura em uma metáfora, mas sim na figura de linguagem comparação.

Leia também: O que é elipse?

Salon Lin e
O que é metáfora?
É todecacho você vai amar ABRIR
Metáfora é uma figura de linguagem; mais particularmente, uma figura de palavra,
pois apresenta uma palavra (ou expressão) com sentido figurado . Assim,
podemos definir metáfora como sendo uma espécie de comparação, porém uma
comparação implícita, pois não exige conjunção ou locução conjuntiva
comparativa.

A expressão “Tempo é dinheiro” é uma met áfora.


Assim, Gustavo Bernardo, doutor em Literatura Comparada, afirma:

Folheando nossos antigos cadernos escolares, lembramos que a metáfora diz


uma coisa por outra, designando um objeto mediante uma palavra que designa
outro objeto , que, por sua vez, teria com o primeiro uma relação de semelhança.
Por exemplo: “ele tem uma vontade de ferro” fala de uma vontade tão forte quanto
se supõe que seja o ferro. [...]. Descobrir a metáfora adequada facilita se aproximar,
por expressão o mais semelhante possível, daquele elemento da realidade que nos
interessa.

Usos da metáfora
A metáfora pode ser pura ou impura. O que vai diferenciar uma da outra é a
presença ou não, na frase, de todos os termos de comparação.

Exemplo de metáfora impura

Para ilustrar, vamos ler, a seguir, trechos da letra de música “Amor e sexo”, de Rita
Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor, do álbum Balacobaco (2003). Essa letra é
composta de várias metáforas impuras, ou seja, mais simples por serem diretas.
Nesse caso, as metáforas são usadas para tentar definir o que é o amor e o que é
o sexo bem como a diferença entre ambos:

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento , teorema


Amor é novela
Sexo é cinema
Sexo é imaginação , fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna patéticos


Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa-nova
Sexo é carnaval

[...]

Dessa forma, o amor é comparado a: livro, sorte, pensamento, teorema, novela,


prosa, latifúndio e bossa-nova; e o sexo é comparado a: esporte, escolha, cinema,
imaginação, fantasia, poesia, uma selva de epiléticos, invasão e carnaval. Assim,
para entender cada metáfora, basta que você conheça cada um desses elementos
de comparação e associe suas características ao amor ou ao sexo .

Exemplo de metáfora pura

Na metáfora pura, um dos elementos de comparação não está explicitado.


Portanto, ela é indireta e necessita ainda mais do conhecimento de mundo do
leitor ou ouvinte para ser identificada. Vamos ver, a seguir, um soneto de Mario
Quintana (1906-1994), em que podemos observar algumas metáforas puras:

Da vez primeira em que me assassinaram


Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou


O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de vela, amarelada.
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!


Que a luz , trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

Assim, podemos apontar as seguintes metáforas puras: “assassinaram” e


“mataram” (podem significar o ato de magoar), “cadáveres” (pode significar uma
pessoa magoada, ferida), “vela” (pode significar a própria vida, que se desgasta),
“corvos” (pode significar pessoas agourentas), “chacais” (pode significar pessoas
exploradoras), “a luz sagrada” (pode significar vida, esperança ou fé), além de “aves
da noite” e “asas do horror” (podem significar ameaças). Portanto, há uma
comparação indireta entre esses termos destacados e seus possíveis
significados.

Leia também: O que é metonímia?

Diferenças entre metáfora e comparação

A met áfora é um t ipo de comparação.

A diferença entre metáfora e comparação é bem clara. Na comparação , há, entre


os termos comparados, uma conjunção ou locução conjuntiva comparativa, isto
é: “como”, “tal como”, “assim como”, “bem como”, “qual”, “tal qual”, “que”, “do que”,
“tanto quanto” etc. O que não acontece com a metáfora, pois a comparação é
implícita.

Veja que, na letra “Amor e sexo”, se colocamos uma conjunção comparativa entre
os substantivos “amor” e “sexo” e seus elementos de comparação, obtemos a
figura de linguagem comparação; não temos mais, portanto, metáforas:

Amor é [como] um livro


Sexo é [como] esporte
Sexo é [como] escolha
Amor é [como] sorte

Veja também: O que é catacrese?

Exercícios resolvidos
Questão 1 - (Enem)

O autor do texto seguinte critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade


contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.

“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em
garrafa, na leiteria da esquina? [...]

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o
que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite —
leite em pacote, imagina, Tereza! — na porta dos fundos e estava escrito que é
pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela
embromatologia, foi enriquecido e o escambau.

Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido
branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém
botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5000 anos. É o único alimento só
alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo
serve pra fazer outra galinha [...]. O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.

Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem
mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por
trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas,
como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!”

FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999.

A crítica do autor é dirigida:

a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para


a economia nacional.

b) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que


têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais.

c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para


julgar sua qualidade e sabor.

d) à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da


domesticação de animais iniciada há 5000 anos.

e) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto


perecível e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.

Resolução

Alternativa C.

No texto, há uma crítica à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, como o


leite. Portanto, o leite é usado, metaforicamente, para referir-se aos demais
alimentos tradicionais. Além disso, o autor constata a perda de critério dos
consumidores para julgar sua qualidade e sabor.

Questão 2 - (Enem)

As doze cores do vermelho

Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua amiga dos olhos verdes.
Verdes. Às vezes quando você sai do escritório você quer se distrair um pouco.
Você não suporta mais seu trabalho de desenhista. Cópias plantas réguas
milímetros nanquim compasso 360º de cercado cerco. Antes de dormir você quer
estudar para a prova de história da arte mas sua menina menor tem febre e chama
você. A mão dela na sua mão é um peixe sem sol em irradiações noturnas.
Quentes ondas. Seu marido se aproxima os pés calçados de meias nos chinelos
folgados. Ele olha as horas nos dois relógios de pulso. Ele acusa você de ter ficado
fora de casa o dia todo até tarde da noite enquanto a menina ardia em febre. Ponto
e ponta. Dor perfume crescente...

CUNHA, H. P. As doze cores do vermelho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.

A literatura brasileira contemporânea tem abordado, sob diferentes perspectivas,


questões relacionadas ao universo feminino. No fragmento, entre os recursos
expressivos utilizados na construção da narrativa, destaca-se a

a) repetição de “você”, que se refere ao interlocutor da personagem.

b) ausência de vírgulas, que marca o discurso irritado da personagem.

c) descrição minuciosa do espaço do trabalho, que se opõe ao da casa.

d) autoironia, que ameniza o sentimento de opressão da personagem.

e) ausência de metáforas, que é responsável pela objetividade do texto.

Resolução

Alternativa B.

No texto, está evidente a ausência de vírgulas. No entanto, para a exclusão de


alternativas, é preciso saber que a alternativa E está equivocada, já que menciona
a ausência de metáforas; no entanto, o texto apresenta metáfora, como: “peixe
sem sol”.

Questão 3 - (Enem)

Texto I

Chão de esmeralda

Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas
Quando levo meu coração
À Mangueira
Sob uma chuva de rosas
Meu sangue jorra das veias
E tinge um tapete
Pra ela sambar
É a realeza dos bambas
Que quer se mostrar
Soberba, garbosa
Minha escola é um cata-vento a girar
É verde, é rosa
Oh, abre alas pra Mangueira passar

BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola Edições


Musicais Ltda. BMG. 1997. Disponível em: www.chicobuarque.com.br. Acesso em:
30 abr. 2010.

Texto II

Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí, a plateia delira, o coração


dos componentes bate mais forte e o que vale é a emoção. Mas, para que esse
verdadeiro espetáculo entre em cena, por trás da cortina de fumaça dos fogos de
artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costureiras, aderecistas,
diretores de ala e de harmonia, pesquisador de enredo e uma infinidade de
profissionais que garantem que tudo esteja perfeito na hora do desfile.

AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores. Revista de Carnaval 2010:


Mangueira. Rio de Janeiro: Estação Primeira de Mangueira, 2010.

Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromisso dos


dirigentes e de todos os componentes com a escola de samba Estação Primeira
de Mangueira. Uma das diferenças que se estabelece entre os textos é que

a) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais


do que a letra de música.

b) a letra de música privilegia a função social de comunicar a seu público a crítica


em relação ao samba e aos sambistas.

c) a linguagem poética, no Texto I, valoriza imagens metafóricas e a própria escola,


enquanto a linguagem, no Texto II, cumpre a função de informar e envolver o leitor.

d) ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto I acende a rivalidade


entre escolas de samba, enquanto o Texto II é neutro.

e) o Texto I sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto II destaca o


trabalho na escola de samba.

Resolução

Alternativa C.
No Texto I, é possível apontar imagens metafóricas, como “chão de esmeraldas”,
“chuva de rosas” e “cata-vento a girar”, além da valorização da escola de samba. Já
o Texto II é utilitário, não literário e informativo, mas usa elementos subjetivos para
envolver o leitor, como: “o coração dos componentes bate mais forte”.

Por Warley Souza


Professor de Literatura    

Gost aria de fazer a referência dest e t ext o em um t rabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Met áfora"; Brasil Escola . Disponível em:


ht t ps://brasilescola.uol.com.br/gramat ica/met afora.ht m. Acesso em 23 de maio de 2023.

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