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Figuras de linguagem são formas de expressão “razão” e “luz”.

Já na metáfora pura, isso não


que destoam da linguagem comum ou denotativa. acontece:
Elas dão ao texto um significado que vai além do Pensem nas crianças
sentido literal, portanto permitem uma Mudas telepáticas
plurissignificação do enunciado. Por exemplo, na Pensem nas meninas
frase “Fabiano tem muita cara de pau em aparecer Cegas inexatas
aqui depois de tudo que ele me fez”, a expressão Pensem nas mulheres
“cara de pau” indica que Fabiano não tem vergonha Rotas alteradas
na cara e não que a cara dele, literalmente, é feita Pensem nas feridas
de madeira. Como rosas cálidas
Assim, temos as figuras: Mas oh não se esqueçam
 de palavras ou semântica; Da rosa da rosa
 de sintaxe ou construção; Da rosa de Hiroshima
 de pensamento; A rosa hereditária
 de som ou harmonia. A rosa radioativa
Leia também: Ambiguidade – construção linguística Estúpida e inválida
que expressa duplo sentido A rosa com cirrose
O que é figura de linguagem?Uma escultura de A antirrosa atômica
madeira pode ter, literalmente, uma cara de pau. Sem cor sem perfume
A figura de linguagem é uma forma de expressão Sem rosa sem nada
que se distancia das regras da linguagem No poema A rosa de Hiroshima, de Vinicius de
denotativa. Assim, ela pode ser plurissignificativa. Moraes (1913-1980), a “rosa” a que o eu lírico se
Queremos dizer com isso que, ao empregar uma refere é uma metáfora para a bomba atômica, ou
figura de linguagem, o enunciador possibilita uma seja, ela é comparada a uma rosa. No entanto, em
interpretação para o seu enunciado que extrapola o nenhum momento, a bomba é explicitamente
sentido original, este associado a uma leitura mencionada no poema. Para saber mais sobre essa
literal dos fatos, isto é, não interpretativa. Por figura de linguagem, acesse: metáfora.
exemplo:  Metonímia
A pedra chorou de tristeza. Substituição de um termo por outro, desde que haja
Nesse exemplo, o sentido denotativo (original) é que uma relação entre eles.
uma pedra verteu lágrimas de seus olhos porque Assim, pode haver a substituição:
estava triste. Porém, sabemos que pedras não têm  do autor pela obra:
olhos e, portanto, não podem chorar. Assim, essa Você não vai acreditar: comprei um Caravaggio.
expressão afasta-se das regras da linguagem (isto é: comprar um quadro do Caravaggio.)
denotativa para assumir outro sentido.  do possuidor pelo possuído:
Desse modo, o fato de a pedra chorar mostra o Amanhã, vou ao médico e não se fala mais nisso!
quanto determinada situação é triste. É tão triste (isto é: ir ao consultório do médico.)
que até uma pedra poderia chorar. Nesse exemplo,  do lugar pelo produto:
a pedra foi personificada, foi tratada como se fosse Ela só fumava havana e nada mais.
um ser humano, portanto capaz de chorar e sentir (isto é: fumar charuto produzido em Havana.)
tristeza.As figuras de linguagem são amplamente  do efeito pela causa:
utilizadas em textos literários. Aqueles líderes insuflaram a guerra no coração dos
Figuras de palavras ou semântica jovens.
 Comparação (isto é: insuflar o ódio, causa da guerra.)
Uma relação de comparação explícita entre dois  do continente pelo conteúdo:
termos, marcada pela presença de conjunção Todos os dias, bebo uma xícara de chá de boldo.
comparativa. (isto é: beber o chá que está na xícara.)
O pensamento é como um diamante bruto.  do instrumento pelo agente:
O pensamento é tal qual um diamante bruto. Amanda é um bisturi excepcional.
O pensamento é igual a um diamante bruto. (isto é: é uma cirurgiã excepcional.)
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 Metáfora Ninguém fala mal da minha terra sem antes me
Comparação implícita. pedir permissão.
A razão é a luz na escuridão. (isto é: falar mal do país, estado ou cidade.)
Observe que a “razão” está sendo comparada com  do inventor pelo invento:
a “luz”. No entanto, não há nenhuma conjunção O Linux é um sistema operacional gratuito.
comparativa explicitada entre os dois termos. (isto é: linux é a invenção de Linus Torvalds; a
Portanto, se a frase fosse “A razão é como a luz na palavra vem da união do nome de seu inventor
escuridão”, não teríamos mais uma metáfora, mas “Linus” com “Unix”.)
sim uma comparação.  do concreto pelo abstrato:
No primeiro exemplo, temos uma metáfora impura, Na minha vida, encontrei muita gente sem coração.
assim classificada quando os dois elementos da (isto é: gente sem sentimento.)
comparação implícita estão explicitados – no caso,
Uma pessoa “sem coração” não se importa com o Ocultação de palavra ou expressão na estrutura do
sofrimento alheio. enunciado.
 da parte pelo todo: — Vou te ligar. Qual o seu número?
Este foi um livro escrito a quatro mãos. Nesse exemplo, foi omitida a expressão “de
(isto é: escrito por duas pessoas.) telefone”: Qual o seu número de telefone?
 da qualidade pela espécie:  Zeugma
Os irracionais também têm seus direitos. Um tipo de elipse caracterizado pela omissão de um
(isto é: os animais também têm seus direitos.) termo mencionado anteriormente.
 do singular pelo plural: Preferia os caminhos difíceis aos fáceis.
O artista é livre para expressar pensamentos e Ou seja: Preferia os caminhos difíceis aos
emoções. (caminhos) fáceis.
(isto é: os artistas são livres.)  Anáfora
 da matéria pelo objeto: Repetição de uma ou mais palavras no início dos
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido.” versos ou orações.
(isto é: ferir com espada.) Eu não devo ter medo. Eu não devo parar. Eu não
 do indivíduo pela classe: devo retroceder.
Era mais um camões incompreendido.  Pleonasmo
(isto é: ser mais um poeta incompreendido.) É o uso de algum termo dispensável, repetitivo, com
 Catacrese o objetivo de enfatizar determinada ideia.
Emprego inadequado de um termo devido à perda — Vi a abdução com meus próprios olhos — ele
de seu sentido original. afirmou. — Você precisa acreditar em mim!
A quarentena já dura dois meses. Atenção! Esse tipo de ênfase é aceitável quando
Não podíamos embarcar no ônibus sem tirar utilizado para melhor expressar uma ideia; do
aquelas fotos. contrário, é apenas uma redundância, um vício de
No primeiro exemplo, a palavra “quarentena”, em linguagem. A fim de conhecer mais detalhes sobre
seu sentido original, refere-se a um período de essa figura de linguagem, acesse: pleonasmo.
quarenta dias. No entanto, o termo passou a ser  Anacoluto
empregado com o sentido de “isolamento”. O Falta de conexão sintática entre o início de uma
mesmo fenômeno acontece no segundo exemplo, frase e a sequência de ideias.
em que “embarcar” deixou de ser apenas o ato de Aquela atriz não sei de quem você está falando.
entrar em uma embarcação e teve seu sentido  Silepse
ampliado para o ato de entrar em qualquer veículo Concordância ideológica, ou seja, com a ideia, e
de transporte. não com o termo expresso.
 Perífrase ou antonomásia Existem três tipos:
É a substituição de um termo por outro que o  Silepse de gênero:
caracterize, como se fosse uma espécie de apelido. A gente ficou chocado com o que aconteceu
O leão é considerado o rei das selvas. ontem.
O rei das selvas ainda não é uma espécie em Nesse caso, o enunciador é masculino e refere-se a
extinção. pessoas do gênero masculino, então faz a
O Boca do Inferno não tinha papas na língua. concordância com a ideia, e não com o sujeito
No primeiro exemplo, “rei das selvas” é uma “A gente”: A gente ficou chocada com o que
expressão que se refere ao leão. Já “Boca do aconteceu ontem.
Inferno”, no segundo exemplo, era como o poeta  Silepse de número:
barroco Gregório de Matos (1636-1695) era O povo exigiu uma satisfação, pois não
chamado. suportavam mais aquele silêncio.
É importante fazer uma distinção: a perífrase Nesse exemplo, o verbo “suportavam” tem como
refere-se a coisas ou animais, já a antonomásia sujeito “eles/ elas” (não expresso no período), pois o
refere-se a pessoas. Nessa perspectiva, o primeiro enunciador pensa em povo como uma
exemplo é uma perífrase; e o segundo, uma quantidade de pessoas. Assim, em vez de fazer a
antonomásia. concordância com a palavra, no singular, “povo” (O
 Sinestesia povo não suportava mais aquele silêncio), o
Combinação de dois ou mais sentidos, ou seja, enunciador faz a concordância com a ideia, ou seja,
visão, olfato, audição, paladar e tato. “eles/ elas”, uma quantidade de pessoas chamadas
No doce caminho que percorri, ouvi cantarem os de “povo”, portanto no plural.
pássaros no calor da manhã.  Silepse de pessoa:
Perceba que a palavra “doce” aciona o paladar; o Os ciclistas corremos grande perigo no trânsito.
verbo “cantarem”, a audição; e o substantivo “calor”, Observe que, ao conjugar o verbo “correr” na
o tato. Se quiser saber mais sobre essa figura, leia o primeira pessoa do plural (nós), o enunciador
nosso texto: sinestesia. coloca-se na categoria de ciclista, o que não ficaria
Leia também: Simbolismo – estética literária evidente se ele fizesse a concordância
caracteriza pelo uso de sinestesia gramaticalmente esperada: Os ciclistas correm
Figuras de sintaxe ou construção grande perigo no trânsito.
 Elipse
A imprudência é uma das causas de acidentes com
ciclistas.
 Hipérbato
Inversão da ordem direta dos elementos de uma
oração ou período.
A ordem direta é composta de sujeito, verbo,
complemento ou predicativo:
As manifestações culturais brasileiras são muito
valorizadas no exterior.
Assim, temos:
Sujeito: As manifestações culturais brasileiras.
Verbo: são.
Predicativo: valorizadas.
Se ocorrer o hipérbato, a inversão, temos:
Muito valorizadas são as manifestações culturais
brasileiras no exterior.
 Polissíndeto
Repetição da conjunção “e”.
E o cachorro latia, e corria, e babava em tudo que
via pela frente.
Veja também: Conjunções coordenativas –
palavras responsáveis por estabelecer coesão
Figuras de pensamento
 Hipérbole
Exagero na declaração.
Estava com tanta fome que podia comer um boi
inteiro.
Comer um boi inteiro, de uma só vez, por ser
humanamente impossível, é um exagero.
 Litotes
Afirmação realizada pela negação do contrário.
Ariosto não é nada bonito, mas gosto dele mesmo
assim.
Nesse exemplo, o enunciador afirma que Ariosto é
feio a partir da negação do adjetivo contrário a feio,
ou seja, bonito: não é nada bonito. Se quiser se
aprofundar melhor nessa figura de linguagem,
acesse: litotes.
 Eufemismo
Palavras ou expressões agradáveis para amenizar a
declaração.
Segundo o juiz, a deputada faltou à verdade em
seu depoimento.
Note que, em vez de dizer que a deputada mentiu, é
usada a expressão “faltou à verdade”, o que torna a
afirmação menos desagradável.

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