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Professora Patrícia Franco

Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras


de pensamento e figuras de palavras.
Metáfora
Comparação
Catacrese
Figuras de Personificação
Sinestesia
semântica Gradação
Metonímia
Ironia
Hipérbole
Eufemismo
Antítese
Paradoxo
Pleonasmo
Silepse
Elipse
Figuras de Zeugma
sintaxe Assíndeto
Polissindeto
Anáfora
Hipérbato
Anacoluto
Aliteração
Figuras de Assonância
fonética Paranomásia
Onomatopéia
É uma comparação subentendida.
As gotas geladas escorrendo pela garrafa de cerveja subentendem o suor
do trabalhador.
Comparação ou símile
A sinestesia ocorre quando há o uso de
sensações de diferentes órgãos do sentido em
uma expressão.
Ou seja, essa figura de linguagem está ligada aos
sentidos: audição, visão, tato, paladar e olfato.
“Palavras não são más / palavras não são
quentes / palavras são iguais / sendo diferentes”
(Palavras — Sérgio Britto e Marcelo Fromer)

Dirigiu-me um comentário duro e amargo.

Já sinto o cheiro doce das férias.

O sabor quente do seu amor nos unia.


Propagandas de bebidas, por exemplo, costumam utilizar bastante esse recurso,
estimulando os sentidos da visão, do paladar e do tato ao passar a ideia de
“gelado” utilizando uma garrafa.
Gradação
A gradação é a apresentação de ideias que
progridem de forma crescente (clímax) ou
decrescente (anticlímax).
Gradação
• Por mais que me procure, antes de tudo ser feito, eu era amor. Só isso encontro./Caminho,
navego, voo,/- sempre amor.

• Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensangüentados (…).

• Em cada porta um freqüentado olheiro,/que a vida do vizinho, e da vizinha/pesquisa, escuta,


espreita, e esquadrinha,/para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Metonímia
A metonímia é mais uma figura de linguagem
que tem a ver com semelhanças.
Metonímia
Assim, pode haver a substituição:

do autor pela obra:


Você não vai acreditar: comprei um Caravaggio.
(isto é: comprar um quadro do Caravaggio.)

do possuidor pelo possuído:


Amanhã, vou ao médico e não se fala mais nisso!
(isto é: ir ao consultório do médico.)

do lugar pelo produto:


Ela só fumava havana e nada mais.
(isto é: fumar charuto produzido em Havana.)
Metonímia
 do efeito pela causa:
Aqueles líderes insuflaram a guerra no coração
dos jovens.
(isto é: insuflar o ódio, causa da guerra.)

 do continente pelo conteúdo:


Todos os dias, bebo uma xícara de chá de boldo.
(isto é: beber o chá que está na xícara.)

 do instrumento pelo agente:


Amanda é um bisturi excepcional.
(isto é: é uma cirurgiã excepcional.)
Metonímia
 da coisa pela sua representação:
Ninguém fala mal da minha terra sem antes me pedir
permissão.
(isto é: falar mal do país, estado ou cidade.)

 do inventor pelo invento:


O Linux é um sistema operacional gratuito.
(isto é: linux é a invenção de Linus Torvalds; a
palavra vem da união do nome de seu inventor
“Linus” com “Unix”.)

 um nome próprio para um nome comum que


contenha uma característica que remeta ao nome
próprio – antonomásia
(= Pelé ainda não perdeu a majestade)
Metonímia
 do concreto pelo abstrato:
Na minha vida, encontrei muita gente
sem coração.
(isto é: gente sem sentimento.)

 da parte pelo todo - Sinédoque


Este foi um livro escrito a quatro mãos.
(isto é: escrito por duas pessoas.)

 da qualidade pela espécie:


Os irracionais também têm seus direitos.
(isto é: os animais também têm seus direitos.)
Metonímia
 do singular pelo plural:
O artista é livre para expressar pensamentos e
emoções.
(isto é: os artistas são livres.)

 da matéria pelo objeto:


“Quem com ferro fere, com ferro será ferido.”
(isto é: ferir com espada.)

 do indivíduo pela classe:


Era mais um camões incompreendido.
(isto é: ser mais um poeta incompreendido.)
As placas de sinalização também são exemplos de metonímia.
SINÉDOQUE E ANTONOMÁSIA
Sinédoque e antonomásia são tipos de metonímia.

A sinédoque é a parte pelo todo: “Em que onde falta pão, todos
falam e ninguém tem razão”. Pão, aqui, simboliza a comida
comprada com dinheiro fruto do trabalho.

Ocorre antonomásia quando se transfere o valor semântico de um


nome próprio para um nome comum que contenha uma
característica que remeta ao nome próprio.
Por exemplo: “O bruxo do Cosme Velho escreveu histórias
maravilhosas.” (= Machado de Assis escreveu histórias
maravilhosas).
A palavra ironia tem origem grega
(euroneia) e significa dissimulação,
fingimento.
Silepse
Figura de linguagem em que a palavra ou expressão
empregada tem a concordância associada à conotação da
frase.

Não quer dizer que está errado, em termos


gramaticais, é apenas um recurso estilístico.
 Silepse de pessoa
A silepse de pessoa ocorre quando o verbo da frase não faz a
concordância esperada com o sujeito expresso, e sim com um
sujeito oculto na sentença.

"Nos anos 80, os brasileiros tínhamos receio de investir no mercado".

 Silepse de gênero
A silepse de gênero ocorre quando há diferença entre o emprego do
feminino e do masculino nos adjetivos relacionados ao sujeito.

"Ele contava os dias para chegar à sua amada Belo Horizonte".

 Silepse de número
A Silepse de Número acontece quando o verbo concorda com o sujeito
oculto no singular ou plural, mas que é diferente do sujeito que
consta na frase.

"A fome chegou ao grupo e atacaram logo o buffet".


Caracterizada pela omissão de um termo no
enunciado; porém, esse termo pode ser
subentendido pelo contexto.
Elipse

“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (Machado de


Assis) – omissão do verbo “haver”. (Na sala havia apenas
quatro ou cinco convidados)

“Onde se esconde a minha bem-amada?/Onde a minha


namorada...” (música “Canto triste” Edu Lobo) – omissão do
verbo “está”. (Onde está a minha namorada...)
Elipse x Zeugma

Elipse: Andei por todo o parque. (Eu)

Zeugma: Anne comprou banana, eu, maçã.


(Comprei)

Quando a zeugma é empregada, o uso da vírgula, do ponto e


vírgula ou do ponto final é obrigatório.
Assíndeto
Omissão de conectivos, sendo o contrário do
polissíndeto.
Polissíndeto
Uso repetido de conectivos.
A festa foi um desastre, pois nem o DJ compareceu, nem os
principais convidados, nem havia comida farta, nem as luzes
conferiam charme ao ambiente, nem as flores da decoração
estavam vivas.

“Enquanto os homens exercem seus podres poderes /


Índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes
fazem o carnaval” (Caetano Veloso)

“Não é este edifício obra de reis, ainda que por um rei me fosse
encomendado seu desenho e
edificação, mas nacional, mas popular, mas da gente
portuguesa [...]” (Alexandre Herculano)
A anáfora é a repetição da mesma palavra, que pode ter
a mesma ideia ou não, no início de cada frase.

Muitos confundem sua definição com o pleonasmo, porém


essa figura de linguagem é a repetição da mesma ideia
por meio de palavras diferentes em uma mesma frase.
“Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo o ouro que entreguei a
quem…/
Quem me dera ao menos uma vez esquecer que acreditei que era por
brincadeira…/
Quem me dera ao menos uma vez explicar o que ninguém consegue
entender…/
Quem me dera ao menos uma vez provar que quem tem mais do que
precisa ter…/
Quem me dera ao menos uma vez que o mais simples fosse visto como o
mais importante…/
Quem me dera ao menos uma vez entender como um só Deus ao mesmo
tempo é três…/ Quem me dera ao menos uma vez acreditar por um
instante em tudo que existe…/
Quem me dera ao menos uma vez fazer com que o mundo saiba que seu
nome…/
Quem me dera ao menos uma vez como a mais bela tribo…/”.
Legião Urbana
“Semsacar que o espinho é seco.
Sem sacar que seco é ser sol.
Sem sacar que algum espinho seco secará.

Se acabar não acostumando.


Se acabar parado calado.
Se acabar baixinho chorando.
Se acabar meio abandonado”.

Segue Seco (Marisa Monte).


Trata-se de uma inversão da ordem direta dos termos
da oração.

Na língua portuguesa, a ordem tradicional das orações é


sujeito + complementos + adjuntos adverbiais.
“É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa…” (Gregório de
Matos)
(Na ordem direta seria: “Fabio, nesta vida, a vaidade é
rosa…”)

“Tão fatigada vinhas e tão cansada” (Olavo Bilac)


(Na ordem direta seria: “Vinhas tão fatigada e tão cansada”)

“Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus.”


(Zé Ramalho)

“Seguiu-se um daqueles silêncios, a que, sem mentir, se


podem chamar de um século, tal é a extensão do tempo nas
grandes crises.” (Machado de Assis)
A anástrofe e a sínquise também participam do processo de
alteração da ordem dos elementos do período, configurando
tipos de hipérbato, conforme afirmam alguns estudiosos.

Na anástrofe, a inversão é mais branda; na sínquise, a


inversão é tão intensa que o sentido da frase torna-se
obscuro.

Já na perspectiva de quebra ou desvio de construção, temos


o anacoluto, que consiste em abandonar (inserir) um termo
solto na frase.
Anástrofe
“Da pátria formosa distante e saudoso”. (Casimiro de Abreu)
Na ordem direta seria: “Distante e saudoso da pátria formosa”.
Veja que “da pátria” é o determinante de “formosa”, o termo
determinado.

“Tão leve estou, que nem sombra tenho.” (Mário Quintana)


Perceba que o verbo estar apresenta-se conjugado em
primeira pessoa e é posposto pelo predicativo do sujeito “tão
leve”, ou seja, trata-se de inversão de palavras relacionadas
sintaticamente dentro de um mesmo sintagma.
Sínquise
“Tu de amante o teu fim hás encontrado.” (Gregório de Matos)
Na ordem direta seria: “Tu hás encontrado o teu fim de amante.”.

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o


brado retumbante”
Na ordem direta seria: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o
brado retumbante de um povo heroico.

Perceba que essa construção pode favorecer diversas compreensões,


entre elas, a de que o verbo ouvir remete a um sujeito oculto
(ouviram), quando, na verdade, construindo o período na forma direta,
percebemos que “as margens plácidas do Ipiranga” é o sujeito do
verbo ouviram, conforme segue o exemplo abaixo. Dessa forma, é
notável a aparente ambiguidade em construções que ocorrem
inversão por sínquise.
Anacoluto
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
(Casimiro de Abreu)

Note que a oração iniciada por no berço não teve continuidade


normal no 3º verso (Quem é esse berço com todo cuidado),
consequentemente, a expressão ficou solta no período.
A paronomásia (ou paranomásia) é uma figura
de linguagem caracterizada pela utilização de
palavras parônimas, ou seja, palavras com
significados diferentes que se escrevem e se
pronunciam de forma parecida.
“Com tais premissas, ele sem dúvida leva-nos às
primícias.” (Padre Antônio Vieira)

“Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)

O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.

Se o dirigente fosse diligente, não haveria tanto


incumprimento de prazos…

Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a


despensa.

Você tem que ler muito, sobretudo se quiser escrever


sobre tudo.
Onomatopeia

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