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Figuras

de linguagem
À procura de melhor
expressar seus sentimentos,
emoções e pensamentos, a fim
de procurar uma linguagem
que seja mais expressiva,
original ou criativa, os
trabalhadores da palavra valem-
se de figuras estilísticas.
Eis algumas :
Metáfora - Gilberto Gil
Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: LATA
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma META existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: META
Pode estar querendo dizer o inatingível. Por isso não se
meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta TUDO/NADA cabe
Porque o poeta sabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível.
Deixe a lata do poeta. Não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
META dentro e fora
LATA absoluta
Deixe-a simplesmente: METÁFORA.
Metáfora
Metáfora é uma figura de estilo, em que há a substituição
de um termo por outro, criando-se uma dualidade de
significado.

“Amor é fogo que arde sem se ver”


Luis de Camões
“Meu coração é um balde despejado”
Fernando Pessoa
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”
Carlos Drummond de Andrade
Alguns outros exemplos:

A vergonha queimava-lhe o rosto.


O rapaz é difícil de engolir.

As suas palavras cortaram o silêncio.

O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosamente.

Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.

Meu coração ruminava o ódio.


As vaidades da vida
humana
Metonímia
Chama-se de metonímia a figura de linguagem que
consiste no emprego de um termo por outro, dada a
relação de equivalência entre eles.
Formas de usos:
• Efeito pela causa:
Sócrates tomou a morte. (O efeito é a morte, a
causa é o veneno).

• Causa pelo efeito:


Por favor, não fume dentro de casa: sou alérgica a
cigarro. (O cigarro é a causa: a fumaça, o efeito.
Podemos ser alérgicos a fumaça, mas não ao
cigarro).
• Marca pelo produto:
O meu irmãozinho adora danone.(Danone é a marca de
um iogurte; o menino gosta de iogurte)
• Autor pela obra:
Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na
verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral.)
• Continente pelo conteúdo:
Bebeu o cálice da salvação. (Ninguém engole um cálice,
mas sim a bebida que está nele.)
• Possuidor pelo possuído:
Ir ao barbeiro. (O barbeiro trabalha na barbearia,
aonde se vai - de fato, ninguém vai a uma pessoa, mas
ao local onde ela está).
• O lugar pela coisa:
Uma garrafa de Porto. (Porto é o nome da cidade
conotada com a bebida - mas não é a cidade que fica
na garrafa, mas sim a bebida).

• O instrumento pela causa ativa:


Sou bom de garfo. (em substituição de "alguém que
come bastante").

• Parte pelo todo:


A mão empurrou o carrinho do bebê. (na verdade
quem empurra o carrinho é a pessoa e não só a mão).
Antítese
A antítese é recurso que consiste na aproximação de
palavras que se opõem violentamente pelo sentido.
"Alma minha gentil que te partiste
tão cedo desta vida descontente
repousa lá no Céu, eternamente,
e viva eu cá na Terra, sempre triste." Camões
"Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as mulheres." Drummond
“Onde queres prazer sou o que dói,
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói.” Caetano Veloso
Paradoxo
Paradoxo ou oxímoro é uma figura de linguagem que
harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão,
formando assim um terceiro conceito que dependerá da
interpretação do leitor.
Dado que o sentido literal de um paradoxo (por exemplo,
um instante eterno) é absurdo, força-se ao leitor a
procurar um sentido metafórico (neste caso: um instante
que, pela intensidade do vivido durante o mesmo, faz
perder o sentido do tempo).
• inocente culpa
• lúcida loucura
• silêncio eloquente
• gelo fervente
• ilustre desconhecido
Eufemismo

Figura de estilo que emprega termos mais agradáveis


para suavizar uma expressão.
• "Quando a indesejada da gente chegar" (Em lugar de a
morte)
• “Ele subtraiu os bens de tal pessoa.” (Em vez de furtou)
• "...Para o porto de Lúcifer." (Em vez de inferno)
• "Verdades que esqueceram de acontecer" (em lugar de
mentira)
• “Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo cão...
” (Em lugar de fezes)
Hipérbole

Ocorre quando há exagero intencional numa ideia


expressa, de modo a acentuar de forma dramática aquilo
que se quer dizer, transmitindo uma imagem ampliada
do real.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares!" Olavo Bilac
• "Um quarteirão de perucas para Clodovil Pereira". José
Cândido Carvalho
• "Assim esperamos - disse a plateia, já agora morrendo de
rir." Caetano Veloso
Sinestesia

Relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o


gosto com o cheiro, ou a visão com o olfato.

• "O brilho macio do cetim." (visão + tato)


• "O doce afago materno." (paladar + tato)
• "Verde azedo." (visão + paladar)
• "Aroma gritante." (olfato + audição)
• "O delicioso aroma do amor" (Paladar + Olfato)
• "Beleza áspera" (Visão + tato)
Prosopopeia
Também chamada de Personificação ou Animismo, ocorre
quando se atribui vida, ação, voz a seres mortos,
inanimados ou ausentes.
"Um pequeno grão de areia, que era um pobre sonhador”
Onomatopeia

A palavra designa expressões ou palavras cuja


sonoridade imita a voz, ruídos de objetos ou animais.
Exemplos: tilintar, grasnar, piar,cacarejar, zurrar, miar...
Ironia
A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica
que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa,
deixando entender uma distância intencional entre
aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos.
Na Literatura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou
de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor,
ouvinte ou interlocutor.

• Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra


como uma porta: um amor! (Mário de Andrade)
• -Você está intolerante hoje
-Não diga, meu amor!
Catacrese
Figura de linguagem que consiste na utilização de uma
palavra ou expressão que não descreve com exatidão o
que se quer expressar, mas é adotada por não haver
palavra apropriada - ou a palavra apropriada não ser de
uso comum.
Quando embarquei no avião, fui dominado pelo o medo.
Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.
O pé de mesa estava quebrado.
Aliteração
Figura de linguagem que consiste em
repetir fonemas consonantais num
verso ou numa frase.

Vozes veladas, veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas
Cruz e Sousa (aliteração em
V)
Auriverde pendão de minha terra
que a brisa do Brasil beija e balança
Castro Alves (aliteração em B)
Não sou mais disso
Não traio e nem troco a minha
patroa
Assonância
Figura de linguagem que consiste em repetir fonemas
vocálicos num verso ou numa frase.
Anule aliterações altamente abusivas
manual de redação humorístico (assonância em
A)
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
Cruz e Sousa (assonância em A)
A mágica presença das estrelas!
Mario Quintana (assonância em A)
Anáfora

Repetição da mesma
palavra ou grupo de
palavras no princípio de
frases ou versos
consecutivos.

Nem tudo que ronca é


porco,
Nem tudo que berra é
bode,
Nem tudo que reluz é
ouro,
Nem tudo falar se
Pleonasmo
Figura de linguagem que enfatiza algo em um texto.
Grandes autores usam muito este recurso. Nos seus
textos os pleonasmos não são considerados vícios de
linguagem, e sim, pleonasmos literários.
"Morrerás morte vil na mão de um forte."
Gonçalves Dias

"Ó mar salgado, quanto do teu sal


São lágrimas de Portugal"
Fernando Pessoa

"E rir meu riso"


Vinícius de Moraes
Assíndeto

Figura que consiste na omissão das conjunções ou


conectivos, resultando no uso de orações justapostas
separadas por vírgulas.

• "Soltei a pena, Moisés dobrou o jornal, Pimentel roeu as


unhas" Graciliano Ramos

• Peguei o exercício, levei-o para casa, li e reli, voltei à


escola, briguei com a professora, fui à direção, reclamei
a falta de conectivo.
Polissíndeto

Emprego repetitivo da conjunção entre as orações de


um período ou entre os termos de oração.

"Tudo é seco e mudo e de mistura".


Sá de Miranda
"E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito"
Carlos Drummond de Andrade
Perífrase
Designa qualquer expressão mais desenvolvida que
substitui outra.

"a última flor do Lácio", termo empregado por Olavo


Bilac para referir-se à Língua portuguesa.

"O país do futebol acredita em seus filhos." (a expressão


país do futebol expressa o termo Brasil)

"A dama do teatro brasileiro foi indicada para o Oscar."


(a dama do teatro brasileiro expressa o termo Fernanda
Montenegro)
Apóstrofe

Figura caracterizada pela


evocação de determinadas
entidades, de acordo com o
objetivo do discurso, que
pode ser poético, sagrado ou
profano. Caracteriza-se pelo
chamamento do receptor,
imaginário ou não, da
mensagem.

“Pai Nosso, que estais no céu”


“Ave Maria" Ó céus, ó vida, ó
"Ó Leonor, não caias!". azar!
Gradação

Figura relacionada com a enumeração, onde são


expostas determinadas ideias de forma crescente (em
direção a um clímax) ou decrescente (anticlímax).

• Tudo começou no meu quarto, onde concebi as ideias


que me levariam a dominar o bairro, a cidade, o país, o
mundo... E a desejar o próprio Universo...

• Meu caro, para mim, você é um simples roedor. Que


digo? Um verme... Menos que isso! Uma bactéria! Um
vírus!...
Hipérbato

Consiste na troca da ordem direta dos termos da


oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de
nomes e seus determinantes

Dança, à noite, o casal de apaixonados no clube.


Aves, desisti de ter!
Das minhas coisas cuido eu!
Elipse

É uma supressão de uma palavra facilmente


subentendida. É a omissão intencional de um termo
facilmente identificável pelo contexto ou por elementos
gramaticais presentes na frase. Essa omissão torna o
texto conciso e elegante.

• "No mar, tanta tormenta e tanto dano." (em "Os


Lusíadas" de Camões) - onde se omite o verbo "haver" ,
ainda que seja óbvia a intenção do autor.
• "Na sala, apenas quatro ou cinco convidados" (Machado
de Assis)
• Quanta maldade na Terra. (Quanta maldade há na
Terra)
Zeugma
É uma figura que consiste na omissão de um ou mais
elementos de uma oração, já expressos anteriormente.
A zeugma é uma forma de elipse.

Ela gosta de história; eu, de física.

Na terra dele só havia mato; na minha, só prédios.

Meus primos conheciam todos. Eu, poucos.


Paronomásia

É o emprego de palavras parônimas (com sonoridade


semelhante) numa mesma frase, fenômeno que é
popularmente conhecido como trocadilho. Os
trocadilhos constituem um dos recursos retóricos mais
utilizados em discursos humorísticos.

• "Com os preços praticados em planos de saúde, uma


simples fatura em decorrência de uma fratura pode
acabar com a nossa fartura" (Max Nunes)
Silepse

Figura de construção que trata da concordância que


acontece não com o que está explícito na frase, mas com
o que está mentalmente subentendido, com o que está
oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que
ocorre com a ideia que o falante quer transmitir.
Silepse de pessoa
"Todos nesta sala somos pernambucanos".
Silepse de número
"O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta".
Silepse de gênero
Cachoeiro de Itapemirim é linda.
Figuras de linguagem como recurso da enunciação
humorística.

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