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LINGUAGENS, CÓDIGOS E

SUAS TECNOLOGIAS
Professora Graciana Oliveira
Cidade de Guernica, Espanha (1937)
Quadro de Guernica, Pablo Picasso (1937)
Diferença entre denotação e conotação
Figuras de linguagem

◦ São estratégias literárias que um escritor pode aplicar


em determinado texto com o objetivo de fazer um
efeito determinado na interpretação do leitor;
◦ Recurso expressivo.
É uma transferência de significado de uma termo para outro e
se baseia em semelhanças.

Metáfora

“O inferno são os outros.” Satre


“O homem é o lobo do homem”.  Thomas Hobbes
Artista italiano Joey Guidone
É mais facilmente entendida como a aproximação de dois termos
que se assemelham.

Comparação
Obs.: Há presença de conjunção (como, igual a, semelhante a, tal
qual)
.
Metonímia

Consiste na substituição de um termo por outro, por haver certa


relação externa eles.

Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a


obra literária de Machado de Assis.)
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a  morte. (= Sócrates tomou
veneno.)
Continente pelo conteúdo: Bebeu o copo todo. (= Bebeu todo o
líquido que estava no copo.)


◦ Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (=
Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
◦ Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado.
(= A justiça ficará do teu lado.)
◦ Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas
foram à Lua.)
◦ Instrumento pela pessoa que o utiliza: “Quantos quilos ela come
por dia? Quilos? Não sei, mas ela é boa de garfo” (= instrumento
usado para comer) (Luiz Vilela)
A marca pelo produto:

Cotonete – “Cotonete” é uma marca criada pela Johnson & Johnson. O


nome correto é hastes de algodão flexível. Ninguém pede uma haste
flexível.

Band-Aid – a Johnson & Johnson deve ter uma divisão bem remunerada
para criar esses nomes-marcas. Band-Aid é sinônimo de curativo adesivo.
Prosopopeia (ou personificação)

É a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a animais


ou seres inanimados.

“Choram as rosas” Bruno e Marrone


Sinestesia
É uma figura de estilo que designa a união ou junção de planos
sensoriais diferentes (visão, audição, olfato, paladar, tato)
O brilho macio do cetim. (visão + tato)
O doce afago materno. (paladar + tato)
Verde azedo. (visão + paladar)
Aroma gritante. (olfato + audição)
“Moça linda bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor!
(Mário de Andrade)
Hipérbole

É a figura de linguagem que consiste em expressar uma ideia


com exagero.

Estou morrendo de fome. Só tomei um suco no café da manhã.

“Por você eu bebo o mar de canudinho,


E atravesso o Polo Norte de shortinho
Entro descalço num vulcão em erupção
Faço de tudo pra ganhar seu coração” (Henrique e Diego)
Pleonasmo

Figura de repetição ou redundância. Usado para realçar uma


ideia.

“E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)

“E quem sabe sonhavas meus sonhos” (Cartola)


Onomatopeia

Reproduz fonemas ou palavras que imitam os sons naturais, quer


sejam de objetos, de pessoas ou de animais.
Anáfora

Repetição de uma ou mais palavras no início de versos seguidos.


“A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
Segue o seco sem sacar que o caminho é seco
Sem sacar que o espinho é seco
Sem sacar que seco é o ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino seca
Ô chuva vem me dizer
Se posso ir lá em cima prá derramar você
Ó chuva preste atenção
Se o povo lá de cima vive na solidão
Se acabar não acostumando
Se acabar parado e calado
Se acabar baixinho chorando
E se acabar meio abandonado” (Carlinhos Brown)
Paradoxo (ou oxímoro)

Há duas ideias antagônicas que se excluem mutuamente, mas que


aparecem em uma única estrutura frasal.

“Marmelada de banana
Bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Pica-pau
amarelo” Gilberto Gil
Antonomásia (ou perífrase)
No lugar de um nome próprio, é usada uma característica
conhecida.

“O rei do reggae espalhou uma mensagem de amor e paz


enquanto esteve neste mundo.”

Cidade maravilhosa = Rio de Janeiro


Antítese

Realça uma ideia ou conceito por meio de palavras de sentido


oposto.

“Não existiria som se não fosse o silêncio


Não existira luz se não fosse a escuridão”
(“Certas Coisas", Lulu Santos)

“Era o porvir – em frente do passado,


A liberdade – em face à Escravidão” (Castro Alves)
Aliteração

Repetição de um mesmo fonema para destacar determinado


som ou para imprimir ritmo à frase.
“Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro”
Belchior
Gradação

Na gradação, existe uma hierarquia que pode ocorrer na forma crescente ou


decrescente.

No restaurante, sentei, pedi, comi, paguei.

Ana estava pelo mundo e chegou no país, no estado, na cidade, no bairro.

“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)


Hipálage

A hipálage é caracterizada pela atribuição de uma característica de


um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se encontra próximo ou
relacionado com ele. Assim, é atribuído um adjetivo a um
substantivo quando na realidade esse adjetivo se refere lógica e
naturalmente a outro substantivo.

Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.

(Eu) Olhei por uma janela atenta e fiquei esperando que algo
acontecesse.

“Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)


Zeugma
O zeugma é caracterizada pela omissão de um termo no
enunciado. No entanto, esse fenômeno está limitado à ocultação
de um termo expresso anteriormente na frase:

O bebê aprendeu a andar. E depois, a falar.


(O bebê aprendeu a andar. E depois, aprendeu a falar.)

Nunca desista dos seus sonhos; mas de suas ilusões.


(Nunca desista dos seus sonhos; mas desista de suas ilusões.)

Danilo cuidava do avô; e Jéssica, da avó.


(Danilo cuidava do avô, e Jéssica cuidava da avó.)
Elipse
A elipse é caracterizada pela omissão de um termo no enunciado;
porém, esse termo pode ser subentendido pelo contexto. Por isso,
embora o elemento esteja omitido, o contexto nos ajuda a perceber
qual elemento é esse.

Ele fez isso e eu: “Você está louco?”


Chove muito e não podemos sair de casa agora.
Casa de ferreiro, espeto de pau.

Ele fez isso e eu [perguntei]: “Você está louco?”


Chove muito e [nós] não podemos sair de casa agora.
 [Em] casa de ferreiro, [o] espeto [é] de pau.
Reticências
É um sinal gráfico. Elas indicam interrupção de pensamento, incerteza
ou algum tipo de sugestão, indica realce ou sinalizar sentimentos ou
emoções.
Quanto às tarefas... Fico cansado só de pensar em tudo o que preciso fazer...
Talvez... Amanhã me organizo mais.

Não sei se devo aceitar o convite... Quero ir, mas tenho os meus receios.

Mas virão outros.


Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.
(Trecho de Consolo na Praia, de Carlos Drummond de Andrade)

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