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Pleonasmo

No pleonasmo (ou redundância) ocorre repetição de ideias, havendo um uso


excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem. Sendo um pleonasmo
literário, a repetição de ideias é intencional, visando intensificar o valor
expressivo das palavras.

 “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” (Fernando


Pessoa)
 “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)

Metáfora
Na metáfora ocorre uma comparação entre dois elementos com características
em comum. Essa característica não se encontra, contudo, salientada, estando a
comparação implícita.

 “As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.”
(Mário Quintana)
 “Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice
Lispector)

Metonímia
Na metonímia ocorre a substituição de palavras com sentidos próximos, ou seja,
que partilham uma relação de contiguidade ou proximidade de sentido. Pode
haver troca do efeito pela causa, da parte pelo todo, do autor pela obra, da
marca pelo produto,...

 “E o médico veio de Chevrolé” (Oswaldo de Andrade)


 “Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos deCzerny.”
(Murilo Mendes)

Eufemismo
No eufemismo ocorre a utilização de palavras agradáveis em substituição de
outras mais chocantes, de forma a suavizar o discurso e evitar assuntos
desagradáveis.

 “Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira)


 “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim...
Descolorirá”. (Vinicius de Moraes)
Elipse
Na elipse ocorre a omissão de termos da oração. Essa omissão não prejudica,
contudo, a compreensão da mensagem. Pode haver elipse de sujeito, elipse de
verbos, elipse de preposições,...

 “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões)


 “Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (Antônio Olavo Pereira)

Onomatopeia
Onomatopeias são palavras que reproduzem sons, indicando de forma escrita os
ruídos produzidos pelo ser humano, pelos animais, por objetos e na natureza.

 O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade.


 O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.

Ironia
Através da ironia transmite-se, de forma intencional, o oposto do que se
pretende realmente transmitir, visando satirizar uma determinada situação.

 “Moça linda bem tratada,/três séculos de família,/burra como uma porta:


um amor!” (Mário de Andrade)
 “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.”
(Monteiro Lobato)

Hipérbole
Na hipérbole ocorre a intensificação de uma sentimento ou ação, que se traduz
num grande exagero da realidade.

 “Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac)


 Já te disse um milhão de vezes para irmos embora.
 Estou morrendo de fome.

Sinestesia
Na sinestesia ocorre a combinação de diferentes sensações numa só sensação,
ou seja, ocorre a mistura de sensações provenientes de diferentes sentidos
(visão, tato, olfato, paladar e audição).

 “É uma sombra verde, macia e vã.” (Carlos Drummond de Andrade)


 “Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.” (Carlos Drummond
de Andrade)
Antítese
Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo enfatizada essa
relação de antagonismo.

 “Tristeza não tem fim,/Felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes)


 “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

Prosopopeia ou personificação
Na prosopopeia ou personificação ocorre a atribuição de características,
sentimentos e ações humanas a seres inanimados e/ou irracionais.

 “O cipreste inclina-se em fina reverência/e as margaridas estremecem,


sobressaltadas.” (Cecília Meireles)
 “A água não pára de chorar.” (Manuel Bandeira)

Comparação
Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação entre
elementos que apresentam uma característica em comum. São utilizados
conectivo comparativo (como, feito, tal qual, que nem, igual a,…).

 “Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de


um caçador.” (Cecília Meireles)
 “A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro de lágrimas ardentes.”
(Olavo Bilac)

Aliteração
Na aliteração ocorre a repetição ritmada e harmônica de sons consonantais.
Aparece, predominantemente, nos fonemas iniciais das palavras.

 “Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” (Eugênio de Castro)


 “Chove chuva, chove sem parar.” (Jorge Bem Jor)
 O rato roeu a roupa do rei de Roma. (Trava-língua popular)

Catacrese
Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de outra
palavra que corresponda ao conceito que se pretende nomear. Frequentemente
são atribuídas características de seres vivos a seres inanimados.

 “Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos)


 Você não retirou a pele do tomate?
Silepse
Na silepse ocorre uma concordância com termos subentendidos ou com a ideia
que se pretende transmitir, não com as palavras que compõem a frase. Pode
haver silepse de gênero, silepse de número e silepse de pessoa.

 “Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele.”


(Almeida Garret)
 “O casal de patos nada disse, (…). Mas espadanaram, ruflaram e voaram
embora.” (Guimarães Rosa)

Anacoluto
O anacoluto é uma frase partida, ou seja, que apresenta uma quebra na sua
estrutura sintática, sendo concluída de forma alternativa.

 “Eu, porque sou mole, você fica abusando.” (Rubem Braga)


 Crianças, como ter paciência para elas?

Zeugma
No zeugma ocorre a omissão de um termo da oração anteriormente
mencionado. Assim, essa omissão não prejudica o entendimento da oração.

 “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô,


mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
 “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de
selos (...)” (José Lins do Rego).

Gradação
Na gradação (ou clímax) ocorre a intensificação ou suavização progressiva da
mensagem através do encadeamento crescente ou decrescente de ideias.

 “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz,
outros ensanguentados.” (Machado de Assis)
 “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)

Hipérbato
No hipérbato ocorre uma inversão brusca na ordem normal das palavras numa
frase.

 “Mas, como o dele, batia/Dela o coração também.” (Manuel Bandeira)


 “Não te esqueças daquele amor ardente/que já nos olhos meus tão puro
viste.” (Camões)

Anáfora
Na anáfora ocorre a repetição de palavras no início de versos, orações ou
períodos.

 “É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o


anzol.” (Tom Jobim)
 “Era uma estrela tão alta!/Era uma estrela tão fria!/Era uma estrela
sozinha/Luzindo no fim do dia.” (Manuel Bandeira)

Assonância
Na assonância ocorre a repetição harmônica e regular de sons vocálicos.
Aparece, predominantemente, na sílaba tônica da palavra.

 A pálida lágrima da Flávia.


 “Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” (Eugênio de Castro)

Apóstrofe
A apóstrofe é o chamamento ou invocação de alguém ou de algo personificado.
Equivale, sintaticamente, ao vocativo.

 “Pai, afasta de mim esse cálice, Pai” (Chico Buarque de Holanda)


 “É, Senhor, o contrário que mais temo!” (Bocage)

Polissíndeto
No polissíndeto ocorre o uso excessivo e repetitivo de conjunções entre palavras
e orações.

 “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem
muge.” (Rubem Braga)
 “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses
de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o esmagamento das
ruínas..." (Euclides da Cunha)
Assíndeto
No assíndeto ocorre a ausência marcada de elementos de ligação entre palavras
e orações, como conectores e conjunções.

 “Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores,


bradava com desespero, até ouvia duas notas estridentes, localizava o
fugitivo, saía de casa como (…)” (Graciliano Ramos)
 “A tua raça quer partir,/guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília
Meireles)

Sinédoque
Na sinédoque ocorre a substituição de um termo por outro com sentido mais
reduzido ou mais amplo, havendo uma substituição desigual, como o singular
pelo plural, a classe pelo indivíduo,...

 O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca.


 Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói.

Paronomásia
Na paranomásia são utilizadas palavras parônimas na realização de jogos de
palavras.

 “Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)


 O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.

Perífrase
Na perífrase (ou antonomásia) ocorre a identificação indireta de um ser ou
objeto através da sua caracterização, que é mais extensa e simbólica do que a
simples utilização do termo correto.

 “Cidade maravilhosa/Cheia de encantos mil/Cidade


maravilhosa/Coração do meu Brasil.” (Rio de Janeiro, por Caetano
Veloso)
 “Leia mais repercussões sobre a morte da Dama de Ferro.” (Margaret
Alegoria
A alegoria é conjunto simbólico que visa transmitir uma mensagem com um
segundo sentido, além do sentido literal das palavras.
 “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. [...] Há coros numerosos,
muitos bailados, e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis)
 Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. (provérbio popular)

Anástrofe
Na anástrofe (ou inversão) ocorre uma leve inversão na ordem normal das
palavras numa frase.

 “Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)


 “Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)

Hipálage
Na hipálage ocorre a atribuição de uma característica de um ser ou objeto a
outro ser ou objeto que se encontra relacionado com ele ou próximo dele.

 “Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de Queirós)


 “O silêncio desaprovador dos meus colegas.” (Camilo Castelo Branco)

Sínquise
Na sínquise ocorre uma inversão de tal forma violenta na ordem normal das
palavras na frase que leva à desconstrução dessa frase.

 “A grita se alevanta ao Céu, da gente.” (Camões).


 “Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de
rosas.” (Camões)

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