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São estratégias que o orador (ou escritor) pode aplicar ao texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do
ouvinte (ou leitor). Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas. As figuras de
linguagem são recursos capazes de tornar o texto, falado ou escrito, mais expressivo. São divididas em: figuras de som, figuras de
palavras, figuras de pensamento e figuras de construção.
A essência da arte literária está no poder da palavra. Quando usada por escritores, poetas ou até por nós mesmos, a palavra
possui uma capacidade significativa de estabelecer uma relação entre um autor e seus leitores/ouvintes. Cada frase possui uma
característica distinta, que foi colocada segundo o desejo de quem a construiu. Para que seja possível classificá-las em todas as suas
vertentes, temos as figuras de linguagem.
Antes disso, é preciso compreender uma pequena diferença, que facilitará a compreensão desse assunto. Para isso, têm-se as
definições de sentido conotativo e denotativo:
O sentido conotativo é aquele que as palavras e expressões adquirem em um dado contexto, quando o seu sentido literal é
modificado. Já quando ocorre a denotação, dizemos que uma palavra foi utilizada em sentido literal quando é tomada em seu significado
‘básico’, que pode ser apreendido sem ajuda do contexto (ABAURRE; PONTARRA, 2005, p. 21).
Voltando à discussão anterior, tem-se por definição:
As diferentes possibilidades do emprego conotativo das palavras constituem um amplo conjunto de recursos expressivos a que damos o
nome de figuras de linguagem. (…) Elas nascem da intenção ou necessidade de nos expressarmos de maneira nova, diferente e criativa
(FERREIRA, 2011, p. 64).
1. FIGURAS DE SOM
b) Assonância: consiste na repetição regular de um som de uma vogal, seja ela aberta ou fechada, realçando a sonoridade do
texto.
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela; Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe
com ela – Chico Buarque (repetição das vogais “a”, “e” e “o”).
2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
a) Elipse: é a omissão de uma palavra ou de uma expressão que o contexto permite ao leitor/ouvinte identificar com
facilidade.
Se chegar depois das três, a casa fechada. A mala na varanda. E o táxi na porta. (o verbo “estar” fica subentendido
nas três orações).
b) Zeugma: é um tipo particular de elipse que consiste na omissão de uma palavra ou expressão que já foi empregada
anteriormente.
Na escola, Bia leu a primeira parte do conto; em casa, a segunda (a vírgula omite o sujeito “Bia” e o verbo “leu”, que
já tinham sido citados).
c) Pleonasmo: consiste em intensificar o significado de um elemento textual, por meio de uma palavra que expressa uma
redundância (repetição) da ideia já expressa.
Em sua velhice, ele viveu uma vida solitária e difícil (“viveu” e “vida”).
d) Polissíndeto: é o emprego repetitivo de uma conjunção (geralmente e ou nem) entre as palavras dentro de uma frase ou
entre as frases de um texto.
Não tinha havido pássaro nem flores o ano inteiro; Nem guerras, nem aulas, nem missas, nem viagens; E nem barca
e nem marinheiro – Cecília Meireles (repetição de “nem”).
e) Assíndeto: o oposto do polissíndeto, consiste na ausência de conjunções, sendo estas substituídas por pontuação
(geralmente vírgulas e pontos).
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce – Fernando Pessoa (substituição por vírgula).
f) Anáfora: é a repetição de uma palavra ou expressão no início de uma sequência de orações ou de versos.
Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que
desatina sem doer – Luís de Camões (repetição do “é”).
g) Silepse: consiste na concordância não com aquilo que vem expresso, mas com o que se subentende, com o implícito.
Vossa Majestade está preocupado (silepse de gênero); Os Lusíadas glorificou nossa literatura (silepse de número).
h) Anacoluto: é bastante normal na fala dos brasileiros. Consiste em deixar um termo solto na frase e normalmente
acontece quando se inicia com uma determinada construção sintática e de repente se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa (termo “vida”).
3. FIGURAS DE PENSAMENTO
a) Comparação: acontece quando se estabelece uma relação de semelhança entre dois seres ou fatos, atribuindo a um deles
alguma(s) característica(s) presente(s) no outro.
As garças descem nos brejos que nem brisas – Manoel de Barros (“garças” e “brisa”)
b) Metáfora: é uma espécie de comparação, porém emprega uma palavra com sentido diferente do seu sentido usual,
baseado em relação implícita entre dois elementos.
O show de ontem parecia mais um formigueiro de tão cheio (sentido diferente para “formigueiro”).
c) Ironia: apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo, assim, um efeito crítico ou humorístico
intencionalmente.
A excelente Dona Inácia era mestre na arte de judiar de crianças (mestre).
d) Eufemismo: consiste na tentativa de suavizar, tornar menos chocantes palavras ou expressões normalmente
desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.
Lamentamos informar que nossa empresa está impossibilitada de honrar os compromissos financeiros assumidos
com a senhora (não pagar dívidas, dar calote).
f) Prosopopeia ou personificação: consiste na atribuição de características próprias de seres animados a seres inanimados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada (jardim “olhando”).
g) Antítese: é o uso de palavras ou expressões com significados opostos, com a intenção de realçar a força expressiva de
cada uma delas.
Aqui viajam 12 pneus cheios e um coração vazio (“cheios” e “vazio”).
h) Paradoxo: é um tipo especial de antítese em que as palavras opostas exprimem ideias que se negam reciprocamente.
Espia a barriga estufada dos meninos, a barriga cheia de vazio, de Deus sabe o quê – Carlos Drummond de Andrade
(cheia de vazio).
i) Gradação: consiste na colocação de uma série de palavras ou expressões em que o sentido vai se intensificando ou
enfraquecendo continuamente.
Um coração chagado de desejos; Latejando, batendo, restrugindo – Vicente de Carvalho.
a) Metonímia: é bem próxima da metáfora, porém, aqui, há a troca de uma palavra por outra quando, entre elas, existe uma
contiguidade de sentidos (semelhança).
Ao final do concerto, o teatro inteiro aplaudiu a orquestra (“pessoas” substituído por “teatro”).
b) Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um determinado conceito, toma-se outro por
empréstimo. Com o uso contínuo, nem percebemos que ele está sendo usado com o sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado quando cheguei em casa (pé da mesa).
c) Antonomásia: consiste na substituição de um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
A Rainha dos Baixinhos estava na televisão hoje de manhã (“rainha dos baixinhos” ao invés de “Xuxa”).
d) Sinestesia: é a mescla, em uma expressão, entre sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Um hálito adocicado saía de sua boca aveludada enquanto pronunciava as palavras devagar (“adocicado” e
“aveludada”).
As figuras de linguagem podem ser compreendidas das mais diversas formas e são bem abrangentes já que é possível
construir um número infinito de sentenças dentro da língua portuguesa. É preciso sempre ter atenção às peculiaridades de
cada uma para que não haja confusão na hora de marcar itens em provas de vestibulares, considerando que é um assunto
que tem se tornado muito comum nessa área.
ATIVIDADE
1. Leia o trecho da música Águas de março, de Tom Jobim, e marque a alternativa que corresponde à figura de linguagem
que se destaca no trecho.
“É pau, é pedra, é o fim do caminho”.
2. Em qual das alternativas há uma frase na qual predomina a figura de som onomatopeia?
a) O pé da cadeira quebrou de novo. b) Nem acredito que encontrei o Totó, o meu melhor amigo.
c) A Tatá me ligou ontem para dizer que não viria. d) Estava dormindo ainda quando ouvi: cocoricóóóóóó.
3. Leia o trecho da música: “O que é, o que é”, de Gonzaguinha, e indique a alternativa na qual esteja escrita a figura de
linguagem presente no trecho.
“É bonita, é bonita e é bonita!”.
4. Observe o texto publicado no Jornal O E Estado de S. Paulo de 1998. Assinale a figura de linguagem que colabora para o
efeito de sentido presente no pedido da mulher:
a) Metáfora
b) comparação
c) metonímia
d) ironia
e) eufemismo
5. No fragmento:
“Esses brasileiros se sentirão como a geração de 1968, que ainda cultiva as lembranças das heroicas passeatas
contra a ditadura, como os manifestantes de 1984, que se emocionam com as imagens dos comícios das Diretas-
já, e como os caras-pintadas de 1992, que decretaram o fim de um governo corrupto”.
As três ocorrências do termo “COMO” marcam a presença do recurso de linguagem
a) ironia. b) metonímia. c) metáfora. d) comparação.
a) Antítese
b) Comparação
c) Onomatopeia
d) Catacrese
e) Eufemismo
7. Leia o fragmento de texto abaixo e assinale a ÚNICA alternativa CORRETA sobre o trecho destacado:
Sabemos que todo e qualquer serviço que oprime o trabalhador de sua liberdade é considerado trabalho escravo. Mas, o que
mais preocupa é dizerem que o tempo da escravidão já acabou. Será que na atualidade não é encontrada pessoas sendo obrigadas a
fazer esse tipo de trabalho? É inaceitável esse tipo de crime ainda insistir em perdurar em nosso meio.
Em primeiro lugar, quando ouvimos falar "escravidão" no nosso pensamento vem logo pessoas de cor negra, pobres de origem
africana, que eram comercializadas como animais. Porém, na atualidade esses acontecimentos não são diferentes, ainda infelizmente
existem sim trabalho escravo no Brasil.
2. Examine a imagem abaixo e sobre o diálogo presente assinale a única alternativa CORRETA:
3. Ao analisar o novo slonga 2019 da montadora Chevrolet, compreende-se que seu efeito de sentido é produzido por
meio da figura de linguagem denominada
de:
a) antítese
b) paradoxo
c) metáfora
d) metonímia
5. Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que NÃO está classificada corretamente:
6. Assinalar a alternativa que contém as figuras de linguagem CORRESPONDENTES AOS PERÍODOS a seguir:
8. Indique as alternativas que apresentam a figura de linguagem personificação, também chamada de prosopopeia.
Leia.
I. "À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência..."
II. "... se se queria que estivesse sério, desatava a rir..."
III. "... parece que uma mola oculta o impelia..."
IV. "... e isto (...) dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode imaginar."
Leia.
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)
12. Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que NÃO está classificada corretamente:
14. Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças ao conflito de duas visões antagônicas:
Leia.
POÇAS D’ÁGUA
15. Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica
porque as poças
a) estimulam a imaginação.
b) permitem ver as estrelas.
c) são iluminadas pelo Néon.
d) se opõem à tristeza das estrelas.
e) revelam a realidade como espelhos.
16. Assinale a alternativa que indica a correta sequência das figuras encontradas nas frases abaixo.
Leia.
Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a audiência da novela Celebridade.
Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a ignóbil
Laura (Cláudia Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela das 8 da Globo. (…)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua
fortuna, deixou de ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra e mostrou
que não tem sangue de barata. Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas: continuou com suas
perfídias mesmo depois de conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por tripudiar tanto assim sobre a inimiga, atraiu o
ódio dos noveleiros.
(Veja, 05.05.2004.)
17. Em “QUANTO À LAURA, FICOU CLARO QUE SUA MALDADE TEM PROPORÇÕES OCEÂNICAS”, a figura de linguagem presente é
18. Quando você afirma que: enterrou “no dedo um alfinete”, que embarcou “no trem” e que serrou “os pés da mesa”,
recorre a um tipo de figura de linguagem denominada:
Leia.
Frutas no pé
No canteiro central da grande avenida, pessoas de várias idades, condições e ocupações esticam-se na ponta dos
pés e puxam galhos das pitangueiras e amoreiras, que ladeiam a pista de cooper, para colher frutas maduras. Não foram ali
com esse propósito, são passantes que ao vê-las vermelhas e roxas no pé não conseguiram resistir à tentação. Nem ligam
para os olhares dos que passam de automóveis, estão momentaneamente entregues à natureza, parceiros dos sabiás e bem-
te-vis da região. (…)
Fonte: (Ivan Ângelo, Veja, Veja São Paulo, 10 nov. 2004, p. 186).
a) catacrese
b) metáfora
c) onomatopeia
d) antítese
ALITERAÇÃO
ASSONÂNCIA
IRONIA
PARANOMÁSIA
ONOMATÓPEIA
HIPÉRBATO PLEONASMO
POLISSÍNDETO
ANACOLUTO
ANÁFORA