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A linguagem possibilita-nos exprimir não só nossa compreensão

de mundo (ideias, conceitos, opiniões...), mas também nosso


mundo psíquico (emoções e “estado de espírito”).
Quando dizemos, por exemplo, “Aquele restaurante é um
chiqueiro”, estamos afirmando que o lugar é sujo e,
simultaneamente, revelando que o lugar nos causa repulsa, nojo.
Às diferentes possibilidades de usar a linguagem para revelar
nosso mundo psíquico damos o nome de recursos estilísticos.
Uma adjetivação sugestiva, a associação original de um
substantivo a um adjetivo, o uso de processos enfáticos são alguns
exemplos de recursos estilísticos que podem ser utilizados.
O QUE É POLISSEMIA?

o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades de várias


interpretações levando-se em consideração as situações de aplicabilidade.

Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!


Vamos! Coloque logo a mão na massa!
As crianças estão com as mãos sujas.
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. 
Os tipos sentidos que uma palavra pode apresentar:
• DENOTATIVO: sentido real (dicionário)

Ex: Minha geladeira quebrou.


O passarinho foi atingido no bico. 
Dizem que o gato possui sete vidas.

• CONOTATIVO: sentido figurado

Ex: Minha namorada é uma geladeira.

O rapaz é um tremendo gato.


Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. 
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua sobrevivência.
A denotação se refere ao significado mais objetivo e
comum de uma palavra. O sentido denotativo é também
conhecido como sentido literal ou próprio. A conotação se
refere a sentidos, associações e ideias que vão além
do sentido original da palavra. O sentido conotativo é
também conhecido como sentido figurado. Entretanto, não
é um absurdo pensarmos que, como parte inerente à
linguagem, os conceitos aqui citados transcendem a
verbalidade. Em outras palavras, uma imagem, por
exemplo, pode expressar significados tanto denotativos
quanto conotativos, ainda que não seja exemplo de
linguagem verbal.
Uma mesma mensagem, a depender do sentido que apresente, pode ser expressa
de forma conotativa ou denotativa, conforme a intenção comunicativa do emissor.

SENTIDO DENOTATIVO SENTIDO CONOTATIVO


A imagem captada pelo artista se apresenta de forma informativa, objetiva e realista,
portanto, expressa sentido denotativo. Contudo, ao reproduzi-la, faz-se uma escolha
não pela realidade, mas pela arte, pela subjetividade. A partir de então, essa imagem
passa a expressar não mais a realidade vista, mas aquela sentida e imaginada elo
artista, expressando conotatividade.

SENTIDO DENOTATIVO SENTIDO CONOTATIVO


FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de linguagem, figuras de estilo ou figuras de


retórica são recursos estilísticos que o orador pode aplicar
ao texto para conseguir um determinado efeito na
interpretação do ouvinte. Podem relacionar-se com aspectos
semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas.
É o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação
de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.

• "Não sei que nuvem trago neste peito


que tudo quanto vejo me entristece..."
(Alexandre de Gusmão)

• " Sua boca é um cadeado


E meu corpo é uma fogueira"
(Chico Buarque de Holanda)
• ‘‘Não fique pensando que o povo é nada, carneiro, boiada, débil mental pra lhe
entregar tudo de mão beijada.’’ (Chico Buarque de Holanda)
METÁFORA
É a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de
semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um
conectivo e busca realçar determinada qualidade do primeiro termo.
• A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido.

• "E há poetas que são artistas


E trabalham nos seus versos
como carpinteiro nas tábuas!..."   (Alberto Caeiro)

• Como um grande borrão de fogo sujo


O sol posto demora-se nas nuvens que ficam."  (Alberto Caeiro)
COMPARAÇÃO
É o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para designar
determinadas coisas. É uma metáfora desgastada pelo uso excessivo.

• Sentou-se no braço da poltrona para descansar.

• Não me lembro do seu nome, mas ainda vejo as suas eternas


maçãs do rosto avermelhadas.

• A asa da xícara quebrou-se.


Usamos a catacrese em expressões como “orelha de livro” ou
“dente de alho”.
O termo “engarrafamento”, usado para designar o
congestionamento de automóveis, ou o verbo “embarcar”, usado no
sentido de entrar no carro, no avião ou no trem, são exemplos de
catacrese.
Na expressão “casal gay”, curiosa porque “casal”, ao pé da letra, é
um par formado por macho e fêmea, apagou-se o sentido de
heterossexualidade e avivou-se o sentido de par unido por laços de
afetividade.
É a substituição do sentido de uma palavra ou expressão por outro sentido,
havendo entre eles uma reação lógica.

O autor pela obra.


• Ouvi Mozart com emoção. (a música de Mozart)

• Leio Graciliano Ramos porque ele fala da realidade brasileira.


(obra de Graciliano Ramos)

O continente (o que contém) pelo conteúdo (o que está contido).


• Ele comemorou tomando um copo de caipirinha.
(Continente: um copo; Conteúdo: caipirinha contida no copo)
A parte pelo todo.
• " o bonde passa cheio de pernas." (Drummond) (pernas =
pessoas)
• São muitas as famílias que procuram um teto para morar.
(teto = casa)
O singular pelo plural.
• " Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal.“ (Art.3º-Declaração Universal dos Direitos Humanos)
(homem = Humanidade)
• A mulher foi chamada para ir às ruas na luta contra a
violência. (mulher = todas as mulheres)
o instrumento pela pessoa que o utiliza.
• Os microfones corriam atropelando até o entrevistado.
(microfone = repórteres)
• Ele é um bom pincel, o problema é que seus quadros são caros.
(pincel = pintor) 
• Ele é um bom garfo.
(garfo = come de mais)

o abstrato pelo concreto.


• A juventude é corajosa e nem sempre conseqüente.
(juventude = jovens)
• A infância é saudavelmente desordeira.
(infância = crianças)
o efeito pela causa
• Com muito suor o operário construiu sua casa.
(suor = trabalho)
• As industrias despejam a morte nos rios.
(morte = detritos, poluição)

a matéria pelo objeto


• Os bronzes tangiam avisando a hora da missa:
(bronze = sino)
• Os cristais tiniam na bandeja de prata.
(cristais = copos)
O sinal pela coisa significada
A coroa espanhola está sendo comentada nas redes sociais.
(a família real espanhola)

O proprietário pela propriedade


Vou ao veterinário com minha cadela.
(ao consultório do veterinário)

O lugar pelo produto


Vamos beber um Porto?
(vinho do Porto)
A marca pelo produto
Vou pedir à empregada para arear essas panelas com bombril.
(esponja de aço)

A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)


Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói.
(os seres humanos)
SINÉDOQUE E METONÍMIA
Muito semelhante à metonímia, a sinédoque é considerada por diversos autores como
sendo um tipo de metonímia. Alguns defendem que na sinédoque ocorre uma relação
quantitativa entre os termos da frase, ocorrendo redução ou ampliação, e na metonímia
ocorre uma relação qualitativa, havendo contiguidade entre os termos da frase. Outros,
contudo, afirmam ser conceitos tão próximos que consideram desnecessária a distinção
entre os dois termos.
TIPOS DE SINÉDOQUE:

 A parte pelo todo (ou o todo pela parte)


Exemplo: Vou sair de casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)

 A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)


Exemplo: Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)

 O singular pelo plural (ou o plural pelo singular)


Exemplo: O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)
É uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais
diferentes.

• O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda, para onde nunca
mais retornou.
(cheiro = sensação olfativa; doce = sensação gustativa; verde = sensação visual)

• Um doce abraço indicava que o pai desculpara.


(doce = sensação gustativa; abraço = tátil)

• Dia de luz , festa de sol


Um barquinho a deslizar no macio azul do mar...
(O barquinho - Tom Jobim)
(azul = sensação visual; macio = sensação tátil)
Expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou
atributos, ou de um fato que celebrizou. Em termos gerais, perífrase designa
qualquer sintagma ou expressão idiomática (e mais ou menos óbvia ou direta) que
substitui outra.
A Cidade Luz continua atraindo visitantes do mundo todo. 
(cidade luz = Paris)

A Cidade Maravilhosa segue cheia de sol.


(cidade maravilhosa = Rio de Janeiro)

O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente.


(povo lusitano = os portugueses)
Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de
ANTONOMÁSIA.

• O Príncipe dos poetas também teve outras atividades que o


tornaram famoso; por exemplo: a luta pelo serviço militar obrigatório.
(Príncipe dos poetas = Olavo Bilac)
• O Presidente dos Pobres suicidou-se em 1954.
(Presidente dos Pobres = Getúlio Vargas)
• "A dama do teatro brasileiro foi indicada para o Oscar." (dama do
teatro brasileiro = Fernanda Montenegro)
Consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres.

• "Sem o coaxar dos sapos ou o cricri dos grilos como que é que
poderíamos dormir tranqüilos a nossa eternidade?" (Mário Quitanda)

• "No Tic Tic Tac do meu coração, renascerá..." (Timbalada)


Também chamada personificação ou animismo, é uma espécie de
metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres .

• "Ah! cidade maliciosa


de olhos de ressaca
que das índias guardou a vontade de andar nua".
(Ferreira Gullar)

• Com a passagem da nuvem, a lua se tranqüiliza.


Figura que consiste no emprego de termos com sentidos opostos.

• " Tristeza não tem fim.


felicidade sim ...." (Vinícius de Moraes)

• " Eu preparo uma canção


que faça acordar os homens
e adormecer as crianças". (Drummond)

• "Há de surgir uma estrela no céu cada vez que você sorrir,
há de apagar uma estrela no céu cada vez que você chorar"
(Gilberto Gil)
É uma proposição aparentemente absurda, resultante da reunião de
idéias contraditórias.

• "Pra se viver do amor


Há que esquecer o amor."
(Chico Buarque de Holanda)

• No discurso, sindicalista afirmou que o operário quanto mais


trabalha mais tem dificuldades econômicas.
PARADOXO
Figura que consiste no abrandamento de uma expressão de sentido
desagradável.

• Aqueles homens públicos apropriam-se do dinheiro.


(apropriar-se = roubar)

• Cássia Eller partiu dessa para melhor.


(partiu dessa para melhor = morrer)
EUFEMISMO
EUFEMISMO
O disfemismo é uma figura de estilo que consiste em empregar
deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou
grosseiras para fazer referência a um determinado tema, coisa ou
pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Expressões disfêmicas são
frequentemente usadas para criar situações de humor. .
Figura que através do exagero procura tornar mais expressiva uma ideia.

• Na época de festa junina, sempre morro de medo de fogos de


artifício.

• Ela gastou rios de dinheiro.

• "Será que eu tenho sempre que te lembrar


todo dia, toda hora.
Eu te imploro,
Por favor. " (Alice, Kid Abelha)
Consiste na inversão de sentido: afirma-se o contrário do que se pensa,
visando à sátira ou à ridicularização.
“Cada vez que você interrompe
seu colega, sem pedir licença,
percebo como é bem-educado”

Na charge, na verdade, o pobre fica sem comer,


porque não pode comprar. Logo, nem paga imposto.
IRONIA
Também conhecida como CLÍMAX, Consiste numa sequência de palavras,
sinônimas ou não, que intensificam uma mesma ideia. Pode ser da menos
intensa para a mais intensa e vice-versa.

• O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se.


(Padre Vieira)
 
• Ele chorou, berrou, esperneou.
Consiste no chamamento ou interpelação a uma pessoa ou coisa que pode
ser real ou imaginária, pode estar presente ou ausente; usada para dar
ênfase. Um tipo de VOCATIVO.
• Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!

• Senhor, Deus dos desgraçados!


Dizei-me vós, Senhor Deus!

• Deus! Deus! Onde estás que não respondes?


É uma figura de linguagem, mais precisamente uma figura de
pensamento. Ele é usado para abrandar uma expressão por
meio da negação do contrário. Ele permite afirmar algo por meio
da negação. Ex:

Eu não estou feliz com a notícia da prefeitura. Nesse exemplo,


a expressão “não estou feliz” atenua a ideia de “ficar triste”.

Ele não está em seu juízo perfeito. (por estar maluco) 


Os jogadores de vôlei não são nada baixos. (por ser muito alto ).
Figura que consiste na expressão do pensamento por meio de
interjeições, quando se está sobre a influência de qualquer
sentimento. Ex:

Ó glória de mandar Ó vã cobiça!


Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
(Camões. Os Lusíadas, canto IV.)

“Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome!”


(Madame Roland, ao caminhar para o cadafalso onde seria decapitada durante a Revolução Francesa)
Figura que consiste numaa pergunta estilística, sem intenção de
resposta. Ex:

“Quanta mentira não há num beijo?


Quanto veneno? Quanta traição?
Um beijo envenena sempre.
Alguns há que envenenam a vida inteira”.
(Albino Forjar de Sampaio)
    É a repetição de vogais na mesma frase.

• - "Sou um mulato nato no sentido lato


mulato democrático do litoral"       
(Caetano Veloso  - Araçá Azul)
• Anule aliterações altamente abusivas
• — manual de redação humorístico (aliteração em A)

Ka/Ko –
aliteração e
Na publicidade
assonância
A assonância na vogal e dá cadência ao verso quando pronunciado. Sem essa cadência, o
verso, nem teria a mesma harmonia, nem o mesmo brilho
Consiste na repetição de fonemas no início ou interior das
palavras.

• O rato roeu a roupa do rei de Roma.

• “Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem/ Manhã parece,


carece de esperar também/ Para o bem de quem tem bem
de quem não tem vintém”. Chico Buarque (várias figuras)

Aqui também há
assonância em E
ALITERAÇÃO

“Velho vento vagabundo!


No teu rosnar sonolento
leva ao longe este lamento”.
(Cruz e Sousa)
“Cassiano pensou, fumou,
imaginou, trotou, cismou,
e, já a duas léguas do
arraial, os seus cálculos
acharam conclusão.”
Também conhecida como eco, é uma figura que consiste na
identidade fonética das terminações ou desinências das palavras
finais de uma oração ou verso.

“...Nos desata, dos desvela, nos revela.


...a importância do poeta: porque ele anuncia, denuncia...”
Figura de linguagem em que se repete a mesma palavra, porém com
significados diferentes.

"Uma meia meia feita,


outra meia por fazer,
digam lá se conseguirem,
quantas meias vêm a ser?"
A antanáclase está próxima da paronomásia e do trocadilho e pode ser sinónima
da diáfora. Aristóteles estuda a antanáclase na Retórica, chamando a atenção para
o efeito de surpresa que se pode obter com o bom uso desta figura. Isso soube fazer
com mestria D. Francisco Manuel de Melo com as variantes e homonímicas e
paronímicas possíveis para a palavra “pelo”: “Meus amigos, digo que me pelo por ouvir
quatro equívocos. Se eles caem a pêlo, têm a sua galantaria; não já como muitos, que
vêm pelos cabelos; apelo eu, que os dissesse.” (Feira de Anexins, I, 1).
É uma figura que emprega palavras parônimas numa mesma frase, fenômeno este
que é popularmente conhecido como trocadilho. É o emprego de palavras
semelhantes na forma ou no som, mas de sentidos diferentes, próximas umas das
outras.

• Eu vou te delatar se você não dilatar a pupila.


• Aprendeu nas aulas por meio da apreensão dos conhecimentos.
• José é um cavaleiro da fazenda muito cavalheiro.
• O docente aplicou a prova essa tarde para os discentes.
• Durante seu descanso o peão jogava pião com seus colegas.

"Fia, fio a fio, fino fio, frio a frio".


Ocorre quando há omissão de um termo, que fica subentendido
pelo contexto e que é facilmente identificado.

• À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva.


(omissão da forma verbal estava: estava o sol, estava chuva)

• " Na rua deserta, nenhum sinal de bonde." (Clarice Lispector)


(omissão de não havia)
ELIPSE
Omissão de um termo (verbo) já enunciado antes. Pode-se considerar
zeugma como uma forma de elipse.
• “Ele prefere um passeio pela praia; eu, cinema.”
(omissão de prefiro)
• "Levou seu retrato,
seu trapo,
seu prato,
que papel!
Uma imagem de São Francisco e um bom disco de Noel"
(omissão de levou)
(A Rita – Chico Buarque de Holanda)
É a inversão da ordem natural (direta) dos termos na oração, ou
das orações no período.
• Viajam cansados os pescadores de ilusões.
( Os pescadores de ilusões viajam cansados)
• Acompanhando o som da torcida, dançava com a bola o atleta.
(O atleta dançava com a bola acompanhando som da torcida)
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
(Gregário de Matos)
É a repetição de um termo, ou reforço de seu significado
• Choramos um choro sentido, mas nos refizemos logo.
• A ele resta-lhe a boa oportunidade de provar sua inocência.
• "Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho"
Flores ( Titãs )
• “Vi, claramente visto, o lume vivo”. (Luiz Vaz de Camões)
• “E rir meu riso e derramar meu pranto”. (Vinícius de Moraes)
Ocorre quando há a supressão (retirada) do conectivo (conjunção)

• O cantor interpretava a canção, o público vaiava. Ele


insistia, o público continuava. Ele parou, quebrou o violão,
saiu do palco.

• O vento zunia, as folhas caíam.


Ocorre quando há repetição do conectivo (conjunção).
• E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda, mas
ninguém parou para socorrer o gato acidentado.

• E a noite é negra
e estrelas não brilham
e pessoas mascaram a voz
e a dor
e expõem o rosto ao risco
e à solidão.
Ocorre quando há uma interrupção da construção sintática para
se introduzir uma outra ideia.
• Umas moedas velhas caídas no fundo da gaveta, nós
descobrimos o seu valor depois que o colecionador as quis
comprar.

• Os nordestinos quando chegam, em família, entre sacos e


sacola, na estação central, eu acho que merecem mais do
que uma reportagem: merecem um livro que conte a luta e
a resistência dessa brava gente.
Ocorre quando se realiza a concordância com a idéia e não com os termos
expressos.
A silepse pode ser:
de gênero
• Vossa Excelência ficou cansado com o discurso.

de número
• A família do réu procurou advogado e queriam saber se ele
poderia ficar em liberdade durante o processo.
de pessoa
• Os brasileiros somos muito crédulos.
É a repetição de termos no início de cada verso ou
frases.
     
:

• "Era a mais cruel das cenas. Era a mais cruel das


 
situações. Era a mais cruel das missões..."
O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE)
 
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces, e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
Chico Buarque de Holanda
"Na solidão solitude,
Na solidão entrei,
Na solidão perdi-me,
Nunca me alegrei." (Mário de Andrade)

"Vários tons de vermelho dançam para mim,


o vermelho da guerra,
o vermelho das terras,
o vermelho do nada." (Kátia Maristela Ongaro)
Figura que consiste em repetir no começo de um verso ou frase a
última palavra da frase ou verso anterior. Ex:

Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,


É verdade, Senhor, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
(Gregório de Matos)
Figura que consiste na repetição da mesma palavra no fim do membro
da frase ou das frases. Ex:

•"Parece que eles vieram ao mundo para ser ladrões: nascem


de pais ladrões, criam-se em meio a ladrões, morrem como
ladrões." (Heitor Pinto)
• "Os animais não são criaturas? As árvores não são
criaturas? As pedras não são criaturas?" (Vieira)
• "Não sou nada / Nunca serei nada / Não posso querer ser
nada" (Álvaro de Campos)
Figura que consiste na simultaneidade da anáfora e da epístrofe.
Ex:

Hoje, não quero pensar senão na arte nova; 


hoje não me agrada cantar senão a canção nova.

Quando se perde a fortuna, nada se perde;


quando se perde a saúde, algo se perde;
quando se perde o caráter, tudo se perde.
Também conhecida como conversão, é a figura de linguagem
que consiste na repetição simétrica, cruzando as palavras em
forma de X.. Ex:
Bibliografia
• ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua
Portuguesa. 44ª edição. Editora Saraiva. São Paulo. 2001

• CUNHA, Celso & CINTRA, Luís F. Lindley. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 3ª edição. Editora Nova Fronteira.
Rio de Janeiro. 2001
___EXERCITANDO!
___
Identifique as figuras de linguagem destacadas nos textos a seguir.
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar

Eu sou o medo do fraco


A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou
Entre no meu carro
Nós vamos rodar
E seremos passageiros à noite
E veremos a cidade em trapos
E veremos o vazio do céu
Sob os cacos dos subúrbios daqui
Mas essa noite tudo soa tão bem
Muda,
que quando a gente muda
o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se
mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro,
na mudança do presente a gente molda o futuro!
Jackie foi nascer numa cabana em Noa Noa

Sol do Taiti na pele, now boa

Seu pai cruzou o mar, duas filhas na canoa

Côco pra beber e leite de leoa

Jackie é uma menina tão bonita que enjoa

Enjôo de vertigem, viagem de avião

Hálito de virgem, dois olhos de amêndoa

Vaca, cadela, macaca, gazela

Linda toda, toda linda ela

Toda beleza se reconhece nela

Jackie Tequila coca-cola e água

Égua, língua, mingua minha mágoa oh oh yeh


“Ó Formas alvas, brancas, Formas
claras” (Cruz e Souza)
Vamos celebrar nossa justiça
ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:É a festa da
torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração
Há soldados armados, amados ou não
quase todos na rua, indeciso cordão
É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como no Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Ignorar que a tarde vai vadia e mítica
E como ver televisão e não dormir
Ver um bichano pelo chão e não sorrir
É como não provar o nectar de um lindo amor
Depois que o coração detecta a mais fina flor
Não alimento
amor por telefone
Isso é ilusão
Não adianta falar de
amor ao telefone
Isso é ilusão
(Tele-fome)
E, SÃO PAULO
E, SÃO PAULO
SÃO PAULO TERRA BOA
SÃO PAULO DA GAROA
Complicada e perfeitinha
você me apareceu
era tudo que eu queria
estrela da sorte
Quando à noite ela surgia
meu bem você cresceu
meu namoro é na folhinha
mulher de fases
Você é a escada na minha subida
Você é o amor da minha vida

É o meu abrir de olhos o amanhecer


Verdade que me leva a viver
Você é a espera na janela
A ave que vem de longe tão bela

A esperança que arde em calor


Você é a tradução do que é o amor
Teus sinais me confundem da cabeça
aos pés
mas por dentro eu te devoro.
Teu olhar não me diz exato quem tu és
mesmo assim eu te devoro,

Te devoraria
a qualquer preço porque te ignoro ou te
conheço
quando chove ou quando faz frio
EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida

Quando não houver esperança

Quando não restar nem ilusão

Ainda há de haver esperança

cada um de nós, algo de uma


criança

Enquanto houver sol, enquanto


houver sol
Ainda haverá

Enquanto houver sol, enquanto


houver sol
CONTROLANDO A
MINHA MALUQUEZ

MISTURADA COM
MINHA LUCIDEZ
Penso no que faço
no que fiz
e no que vou fazer
Hoje o seu retrato
só me mostra o que eu quero
esquecer
Quando o sol se for meu amor vou
onde você for
Quando o sol se for a luz indicará
você pra mim
Então já era
Eu vou fazer de um jeito
que ela não vai esquecer
Se for já era
Eu vou fazer de um jeito
que ela não vai esquecer

Se for já era
Eu vou fazer de um jeito
que ela não vai esquecer
01. (VUNESP) No trecho: "...dão um jeito de mudar o mínimo para
continuar mandando o máximo", a figura de linguagem presente é
chamada:

a) metáfora
b) hipérbole
c) hipérbato
d) anáfora
e) antítese
01. (VUNESP) No trecho: "...dão um jeito de mudar o mínimo para
continuar mandando o máximo", a figura de linguagem presente é
chamada:

a) metáfora
b) hipérbole
c) hipérbato
d) anáfora
e) antítese
02. (PUC - SP) Nos trechos: "O pavão é um arco-íris de plumas" e
"...de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira..."
enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente: 

a) metáfora e polissíndeto;
b) comparação e repetição;
c) metonímia e aliteração;
d) hipérbole e metáfora;
e) anáfora e metáfora.
02. (PUC - SP) Nos trechos: "O pavão é um arco-íris de plumas" e
"...de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira..."
enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente: 

a) metáfora e polissíndeto;
b) comparação e repetição;
c) metonímia e aliteração;
d) hipérbole e metáfora;
e) anáfora e metáfora.
03. (PUC - SP) Nos trechos: "...nem um dos autores nacionais ou
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major" e "...o
essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja"
encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:

a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopéia.
03. (PUC - SP) Nos trechos: "...nem um dos autores nacionais ou
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major" e "...o
essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja"
encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:

a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopéia.
04. (VUNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse
ontem um camelô", encontramos a
figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número
04. (VUNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse
ontem um camelô", encontramos a
figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número
05. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?

a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro


sono." (eufemismo)
b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.
(prosopopéia)
c) Já não são tão freqüentes os passeios noturnos na
violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..."
(aliteração)
e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia)
05. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?

a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro


sono." (eufemismo)
b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.
(prosopopéia)
c) Já não são tão freqüentes os passeios noturnos na
violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..."
(aliteração)
e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia)
06. (UM - SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância realizada por
silepse:
 
a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta pacata região,
precisaremos de muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às opiniões dadas neste
relatório.
c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no combate às
dificuldades.
d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você obtenha
resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a cura desse vírus
insubordinável a qualquer tratamento.
06. (UM - SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância realizada por
silepse:
 
a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta pacata região,
precisaremos de muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às opiniões dadas neste
relatório.
c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no combate às
dificuldades.
d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você obtenha
resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a cura desse vírus
insubordinável a qualquer tratamento.
07. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente à figuras de linguagem, presentes nos
fragmentos abaixo:

I.   "Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste." 

II.  "A moral legisla para o homem; o direito para o cidadão."

III. "A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, discordavam."

IV. "Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um, pára, ergues a mão em viseira, firma os olhos."

a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;


b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma. 
07. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente à figuras de linguagem, presentes nos
fragmentos abaixo:

I.   "Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste." 

II.  "A moral legisla para o homem; o direito para o cidadão."

III. "A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, discordavam."

IV. "Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um, pára, ergues a mão em viseira, firma os olhos."

a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;


b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma. 
08. (FEBA - SP) Assinale a alternativa em que ocorre aliteração:
 
a) "Água de fonte .......... água de oceano ............. água de pranto.
(Manuel Bandeira)
b) "A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia." (Chico Buarque)
c) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então." (Clarice
Lispector)
d) "Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor." (Mário
Quintana)
e) N.d.a.
08. (FEBA - SP) Assinale a alternativa em que ocorre aliteração:
 
a) "Água de fonte .......... água de oceano ............. água de pranto.
(Manuel Bandeira)
b) "A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia." (Chico Buarque)
c) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então." (Clarice
Lispector)
d) "Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor." (Mário
Quintana)
e) N.d.a.
09. (CESGRANRIO) Na frase "O fio da idéia cresceu, engrossou e
partiu-se" ocorre processo de gradação. Não há gradação em:

a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.


b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.
09. (CESGRANRIO) Na frase "O fio da idéia cresceu, engrossou e
partiu-se" ocorre processo de gradação. Não há gradação em:

a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.


b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.
10. (FATEC) "Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em
que aparece a mesma figura de linguagem que há na frase acima:
 
a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes."
b) "Nasci na sala do 3° ano."
c) "O bonde passa cheio de pernas."
d) "O meu amor, paralisado, pula."
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco."
10. (FATEC) "Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em
que aparece a mesma figura de linguagem que há na frase acima:
 
a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes."
b) "Nasci na sala do 3° ano."
c) "O bonde passa cheio de pernas."
d) "O meu amor, paralisado, pula."
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco."

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