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” (Chico Buarque)
Ex.: “Um deles queria saber dos meus estudos;
Figuras de Linguagem, também chamadas outro, se trazia coleção de selos (...)” (José Lins do
de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados Rego).
para dar maior ênfase à comunicação e torná-la Ex.: Ele vai bastante à praia, mas também às
mais bonita. montanhas.
Consistem em “fugas” discursivas da língua,
uma vez que nem sempre uma ideia pode (ou Antítese
precisa) ser comunicada literalmente. A criatividade Na antítese, ocorre a aproximação de
humana permite uma comunicação fluida e que, conceitos contrários, sendo enfatizada essa relação
muitas vezes, não se adapta à literalidade ou à de antagonismo.
realidade palpável do mundo. Ex.: “Tristeza não tem fim,/Felicidade, sim.”
(Vinicius de Moraes)
Pleonasmo Ex.: “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando
No pleonasmo (ou redundância) ocorre Pessoa)
repetição de ideias, havendo um uso excessivo de Ex.: “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” (Ditado
palavras na transmissão de uma mensagem. Sendo popular)
um pleonasmo literário, a repetição de ideias é
intencional, visando intensificar o valor expressivo Paradoxo
das palavras. No paradoxo (ou oxímoro), ocorre a
Ex.: “E rir meu riso e derramar meu pranto” associação de conceitos contraditórios que levam a
(Vinicius de Morais) expressão ao absurdo.
Ex.: Joana teve uma hemorragia de sangue. Ex.: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é
Ex.: Aquela carta, eu a releio sempre. bom.
Ex.: Não tenho inimigos íntimos...sou feliz!!!
Eufemismo Ex.: Ela achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.
No eufemismo ocorre a utilização de
palavras agradáveis em substituição de outras mais Hipérbole
chocantes, de forma a suavizar o discurso e evitar Na hipérbole, ocorre a intensificação de um
assuntos desagradáveis. sentimento ou ação, que se traduz num grande
Ex.: “Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” exagero da realidade.
(Manuel Bandeira) Ex.: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!.”
Ex.: “Vamos todos numa linda passarela de uma (Olavo Bilac)
aquarela que um dia enfim... Descolorirá”. Ex.: Já te disse um milhão de vezes para irmos
(Vinicius de Moraes) embora.
Ex.: Ele estava muito doente e, por fim, dormiu o Ex.: Estou morrendo de fome.
sono dos justos.
Sinestesia
Elipse Na sinestesia, ocorre a combinação de
Na elipse, ocorre a omissão de termos da diferentes sensações numa mesma expressão, ou
oração. Essa omissão não prejudica, contudo, a seja, ocorre a mistura de sensações provenientes de
compreensão da mensagem. Pode haver elipse de diferentes sentidos (visão, tato, olfato, paladar e
sujeito, elipse de verbos, elipse de preposições... audição).
Ex.: “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís Ex.: “É uma sombra verde, macia e vã.” (Carlos
de Camões) Drummond de Andrade)
Ex.: Naquele horrível lugar, vários objetos Ex.: “Vem da sala de linotipos a doce música
quebrados. mecânica.” (Carlos Drummond de Andrade)
Ex.: Começamos o namoro há um mês. Ex.: Com aquele olhos frios, disse que não gostava
mais da namorada.
Zeugma
Ocorre a omissão de um termo da oração Prosopopeia ou personificação
anteriormente mencionado. Assim, essa omissão Na prosopopeia ou personificação, ocorre a
não prejudica o entendimento da oração. atribuição de características, sentimentos e ações
Ex.: “O meu pai era paulista/Meu avô, humanas a seres inanimados e/ou irracionais.
pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu Ex.: “O cipreste inclina-se em fina reverência/e as
margaridas estremecem, sobressaltadas.” (Cecília → do efeito pela causa:
Meireles) Ex.: Aqueles líderes insuflaram a guerra no coração
Ex.: “A água não para de chorar.” (Manuel dos jovens. (isto é: insuflar o ódio, causa da guerra.)
Bandeira)
Ex.: O jardim olhava as crianças sem dizer nada. → do continente pelo conteúdo:
Ex.: Todos os dias, bebo uma xícara de chá de
Comparação boldo. (isto é: beber o chá que está na xícara.)
Na comparação (ou símile), ocorre, como o
nome indica, a comparação entre elementos que → do instrumento pelo agente:
apresentam uma característica em comum. São Ex.: Amanda é um bisturi excepcional. (isto é: é
utilizados conectivo comparativo (como, feito, tal uma cirurgiã excepcional.)
qual, que nem, igual a,…).
Ex.: “Meu coração tombou na vida/tal qual uma → da coisa pela sua representação:
estrela ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília Ex.: Ninguém fala mal da minha terra sem antes me
Meireles) pedir permissão. (isto é: falar mal do país, estado ou
Ex.: “A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro cidade.)
de lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac)
Ex.: Seus olhos são como jabuticabas. → do inventor pelo invento:
Ex.: O Linux é um sistema operacional gratuito.
Metáfora (isto é: linux é a invenção de Linus Torvalds; a
Na metáfora, ocorre uma comparação entre palavra vem da união do nome de seu inventor
dois elementos com características em comum. “Linus” com “Unix”.)
Essa característica não se encontra, contudo,
salientada, estando a comparação implícita. → do concreto pelo abstrato:
Ex.: “As mãos que dizem adeus são pássaros que Ex.: Na minha vida, encontrei muita gente sem
vão morrendo lentamente.” (Mário Quintana) coração. (isto é: gente sem sentimento.)
Ex.: “Mas a girafa era uma virgem de tranças
recém-cortadas.” (Clarice Lispector) → da parte pelo todo:
Ex.: Minha vida é uma colcha de retalhos. Ex.: Este foi um livro escrito a quatro mãos. (isto é:
escrito por duas pessoas.)
Metonímia
Na metonímia, ocorre a substituição de → da qualidade pela espécie:
palavras com sentidos próximos, ou seja, que Ex.: Os irracionais também têm seus direitos. (isto
partilham uma relação de contiguidade ou é: os animais também têm seus direitos.)
proximidade de sentido. Pode haver troca do efeito
pela causa, da parte pelo todo, do autor pela obra, → do singular pelo plural:
da marca pelo produto,... Ex.: O artista é livre para expressar pensamentos e
Ex.: Paulo chutou o couro e fez o gol. emoções. (isto é: os artistas são livres.)
Ex.: O jardineiro destruiu todas as sombras da rua.
Ex.: O esforço lhe molhou o rosto. → da matéria pelo objeto:
Ex.: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido.”
Assim, pode haver a substituição: (isto é: ferir com espada.)
→ do autor pela obra:
Ex.: Você não vai acreditar: comprei um → do indivíduo pela classe:
Caravaggio. (isto é: comprar um quadro do Ex.: Era mais um camões incompreendido. (isto é:
Caravaggio.) ser mais um poeta incompreendido.)
Paronomásia Preterição
Na paronomásia, são utilizadas palavras Figura pela qual se declara não querer falar
parônimas na realização de jogos de palavras. de um assunto, mas se vai dele falando, ou seja,
Ex.: “Exportar é o que importa.” (Delfim Netto) afirma que não vai dizer algo, mas, ao mesmo
Ex.: O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma tempo, o diz.
águia. Ex.: Sem contar que o fato está vinculado à divida.
Ex.: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a Ex.: "Custa-me dizer que eu era dos mais
donzela. adiantados da escola; mas era. Não digo também
que era dos mais inteligentes, por um escrúpulo
Hipálage fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas
Na hipálage, ocorre a atribuição de uma não tenho outra convicção." (Machado de Assis)
característica de um ser ou objeto a outro ser ou Ex.: "Sem querer interromper e já
objeto que se encontra relacionado com ele ou interrompendo...”(Fausto Silva)
próximo dele.
Ex.: “Fumando um pensativo cigarro.” (Eça de
Queirós)
Ex.: “O silêncio desaprovador dos meus colegas.”
(Camilo Castelo Branco)
Ex.: O voo branco das garças.
Onomatopeia
Onomatopeias são palavras que reproduzem
sons, indicando de forma escrita os ruídos
produzidos pelo ser humano, pelos animais, por
objetos e na natureza.
Ex.: O bum da explosão foi ouvido em toda a
cidade.
Ex.: O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.
Ex.: “Do berro, do berro que o gato deu: miau!”
(Cantiga popular)
Ironia
A ironia ocorre quando se expressa uma
ideia por meio de uma construção que diz o oposto
do que realmente se quer dizer.
Ex.: Não para de chover: que ótima ideia vir hoje