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Fascículo 04
Carlos Alberto C. Minchillo
Izeti Fragata Torralvo
Marcia Maísa Pelachin
Índice
Gramática
Resumo Teórico ..................................................................................................................................1
Exercícios............................................................................................................................................7
Gabarito.............................................................................................................................................9
Literatura
A ilustre casa de Ramires, Eça de Queirós..........................................................................................11
Exercícios..........................................................................................................................................14
Gabarito...........................................................................................................................................16
Gramática
Resumo teórico
Objetivo: treinar não só a identificação das figuras de linguagem, mas também o reconhecimento
de sentido dentro de contextos específicos.
Figuras de linguagem
I. Figuras de palavras
II. Figuras de pensamento
III. Figuras de construção
IV. Recursos fonológicos
Figuras de linguagem
Toda língua possui normas que regulam o emprego de palavras, de estruturas de frases,
de formas de formular as idéias. Cada vez que ocorre um desvio dos padrões, pode-se supor duas
situações distintas: por desconhecimento de alguma norma ocorreu um erro ou, de modo proposital,
fez-se um desvio dos padrões, que determinou uma construção lingüística mais expressiva.
Uma figura de linguagem consiste em um desvio dos padrões de linguagem, com o
objetivo de tornar o texto mais expressivo.
As figuras de linguagem podem estar relacionadas à escolha de palavras, à estruturação
da frase, à formulação das idéias ou à escolha de fonemas de um texto (expressão, frase...).
Não se espera de um aluno de nível médio que saiba de cor todos os nomes das figuras
de linguagem. Espera-se, em primeiro lugar, que consiga perceber um desvio da norma e, além disso,
que saiba identificar a diferença de sentido resultante desse desvio. Assim, os vestibulares têm
trabalhado, por exemplo, com a apresentação de frases em que ocorrem figuras de linguagem para
que o aluno, dentre alternativas propostas, reconheça frase(s) em que a mesma figura está presente.
Figuras de palavras
São determinadas por uma escolha vocabular expressiva.
Comparação
Estabelece a aproximação de dois seres (objetos, idéias, realidades), por se perceber entre
eles uma característica comum. Gramaticalmente, a comparação é caracterizada pela presença de
conectivos e / ou advérbios de intensidade.
Exemplo:
“O mar
canta como um canário"
Oswald de Andrade
Metáfora
1
Exemplo:
“Sobre o leito frio,
sou folha tombada
num sereno rio.”
Cecília Meireles
Metonímia
Uma palavra pode ser substituída por outra, por existir entre elas um “vínculo lógico”,
que pode ser de natureza diversa, tal como: autor e obra, parte e todo, causa e conseqüência, marca
característica e produto, característica concreta e nomeação abstrata dessa característica.
Exemplo:
“(— Essa cova em que estás)
— É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca."
João Cabral de Melo Neto
Catacrese
Algumas vezes, uma ausência vocabular determina um emprego metafórico que acaba
por se cristalizar, por fixar-se em seu emprego. A esse emprego metafórico cristalizado, dá-se o nome
de catacrese.
Exemplos: pé da mesa, céu da boca, asa do nariz
Sinestesia
Érico Veríssimo
Figuras de pensamento
Constituem formulações especiais.
Antítese
Como forma de enfatizar uma oposição, duas realidades (dois seres, duas idéias) opostas
são confrontadas.
2
Exemplo:
“Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isto, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam“
Drummond
Paradoxo
Eufemismo
Construção que visa a atenuar uma idéia considerada (cultural ou socialmente) como
negativa. Muitas vezes, o eufemismo relaciona-se à idéia de morte ou de doenças.
Exemplo:
O doente não estava muito bem. Mandaram chamar o vigário.
Hipérbole
Ironia
Gradação
3
Prosopopéia ou personificação
Figuras de construção
Resultam da estruturação especial de uma frase, ou de um texto.
Inversão
Elipse
Supressão de um termo da frase que, pelo contexto, pode ser facilmente recuperado.
Exemplo:
Fizesse um dia de sol, iríamos à praia. (Se fizesse um dia de sol, iríamos à praia)
Zeugma
Pleonasmo
De modo enfático, pode-se repetir um termo sintático (pleonasmo sintático) ou uma idéia
(pleonasmo semântico).
Exemplo:
“Dói-me no coração
Uma dor que me envergonha...”
Fernando Pessoa
4
Epíteto
Exemplo:
“Só a rapariga o aquecer ao colo quando pequeno, e, depois, pelos anos fora, o consentira ao
lume, enroscado a seus pés, enquanto a neve, branca e fria, ia cobrindo o telhado.“
Miguel Torga
Polissíndeto
Assíndeto
Anáfora
Como forma de organizar o texto, repete-se, a espaços regulares, uma palavra, uma
expressão, uma frase.
Exemplo:
“São cinco horas da tarde. Hora elegante, hora do chá inglês que o mundo adotou, hora
clara em que estão presos todos os demônios e atadas as mãos das feiticeiras e dos elfos.”
Oswald de Andrade
Anacoluto
Pode-se topicalizar (colocar como tópico, no início de uma frase) uma palavra ou
expressão que, dentro da estrutura da oração não possui função sintática.
Exemplo:
A dona da casa, ninguém é melhor cozinheira!
Silepse
Silepse de número
O verbo pode se apresentar no plural, apesar de um sujeito coletivo singular, desde que
se apresente afastado dele.
5
Exemplo:
“A mãe ficara na porta, chorando sempre, exclamando bobagens, escorada nas outras
mulheres todas, que ajudavam a chorar... E o resto do povo tinham feito o pelo-sinal e virado as
costas, porque faz mal a gente ficar espiando um enterro até ele se sumir.”
Silepse de pessoa
O verbo pode estar em uma pessoa gramatical diferente do sujeito, se o contexto indicar,
por exemplo, a inclusão do falante entre os seres identificados como sujeito.
Exemplo:
Coubemos todos no pequeno fusca da Marta.
↓ ↓
Verbo:1.a p. do plural Sujeito: 3.a p. do plural
Silepse de gênero
Uma palavra adjetiva pode concordar com uma idéia relacionada a um nome e não
necessariamente com o gênero desse nome.
Exemplo:
Sua Santidade está velhinho e cansado.
↓ ↓
Feminino Masculino
Recursos fonológicos
Aliteração
Assonância
Paronomásia
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Onomatopéia
Exercícios
01. A metonímia é uma figura de linguagem que se caracteriza pelo emprego de uma palavra que
substitui outra por manter entra ela uma relação de contigüidade. A metonímia está presente em:
“O Borba já havia morrido, a fazenda passara a outras mãos(...)”
Cyro dos Anjos
Também se encontra exemplo de metonímia, na alternativa:
a. “E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.”
Drummond
b. “E quem foi que o emboscou,
irmão das almas,
quem contra ele soltou
essa ave-bala?”
João Cabral de Melo Neto
c. “Gostava era da voz cristalina da dona nova, da índole daimosa da patroa velha e
da mão calejada do velhote.”
Miguel Torga
d. “A Avenida se abana com as folhas miúdas
Do Pau-Brasil”
Oswald de Andrade
e. “— Esse chão te é bem conhecido
(bebeu teu suor vendido)”
João Cabral de Melo Neto
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d. A palavra “despido” forma uma anáfora em: “Despido vieste no caixão, / Despido
também se enterra o grão” (João Cabral de Melo Neto).
e. Só existe um recurso fonológico, uma assonância, em: “Espera as pequenas
ingênuas / Que passam de braços / De bruços” (Oswald de Andrade).
04. O anacoluto, figura de construção que se observa na frase “ Aquele amor / Nem me fale” (Oswald de
Andrade) também ocorre em:
a. “O meu primeiro amor sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre nossas casas.”
Mário Quintana
b. “É brando o dia, brando o vento.
É brando o sol e brando o céu.”
Fernando Pessoa
c. “O vento voa,
a noite toda se atordoa,
a folha cai.”
Cecília Meireles
d. “Repousa sobre o trigo
Que ondula um sol parado.”
Fernando Pessoa
e. “As solidões do mundo
conheço-as todas de cor.”
Cecília Meireles
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Texto para a questão 5
"Rubião fitava a enseada, — eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares
metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava
aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o
passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para
as chinelas, (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o
jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra
na mesma sensação de propriedade.
— Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem
casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
aqui está tudo comigo; de modo que parecia uma desgraça..."
Machado de Assis
Gabarito
01. Alternativa e.
Suor foi empregado com o sentido de trabalho.
Nas outras alternativas, encontra-se:
a. comparação;
b. metáfora (“ave-bala”);
c. sinestesia (“voz cristalina”);
d. personificação (”a avenida se abana”).
02. Alternativa e.
Além da assonância (repetição do som vocálico “e” em espera, pequenas, ingênuas),
verifica-se também uma paronomásia em “braços” e “bruços”.
03. Alternativa b.
Não há hipérbole, não há exagero, na expressão destacada. Trata-se de uma expressão
denotativa, isto é, uma expressão em que não ocorre nenhuma construção especial, que constitua um
desvio de linguagem.
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04. Alternativa a.
A expressão inicial “o meu primeiro amor” não possui função sintática no restante da
oração.
Nas outras alternativas, encontram-se as seguintes figuras de construção:
b. anáfora (expressão que se repete a espaços regulares no texto);
c. assíndeto (ausência de conectivo);
d. inversão. Na ordem direta, a oração seria: Um sol parado repousa sobre o trigo que
ondula. Personificação (um sol repousa).
e. pleonasmo: solidões, as, todas.
05. Alternativa d.
Comentários das outras alternativas:
• na alternativa “a”, não há anacoluto; são duas orações coordenadas;
• a frase presente em “b” não possui comparação, embora seja a idéia a partir da qual se constrói uma
das imagens do texto;
• não há hipérbole na expressão transcrita. Há uma “mania de grandeza” da personagem;
• As reticências indicam que a conclusão é desnecessária. Não há apenas um termo elíptico, há uma
conclusão que não se formaliza.
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Literatura
1. Eça de Queirós produziu entre os anos de 1871 a 1880 os chamados romances de tese, de inspiração realista e
naturalista, em que focaliza os vícios da sociedade lusitana. Durante essa época, condena especialmente a hipocrisia
burguesa, a mediocridade de políticos, a falsidade do clero e a ruína moral da família. O crime do padre Amaro e O primo
Basílio são os mais significativos exemplos desse gênero de romance.
2. A decadência da sociedade portuguesa acentua-se com a independência do Brasil e a perda de diversas colônias. Numa
fracassada investida contra o Império Britânico, Portugal é humilhado internacionalmente, em 1890, quando retira em
poucas horas tropas lusitanas que estavam no vale do Chire (Moçambique), cedendo a um ultimato do governo inglês.
3. A família Ramires inicia-se com o casamento de Ordonho Mendes com Elduara, filha do rei de Leão, no final do século X,
antes mesmo da constituição do reino português.
4. Gonçalo Ramires, último fidalgo de sua ilustre família, arrenda suas terras para poder sustentar-se.
5. Gonçalo Ramires pode ser entendido como um personagem que representa simbolicamente Portugal pela
correspondência estabelecida entre a história do ilustre fidalgo e a história portuguesa: o passado glorioso e o presente
em dificuldades.
6. Como ocorre em toda a narrativa, o narrador expõe em discurso indireto livre os questionamentos do protagonista,
procedimento que reforça o caráter onisciente do narrador.
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Esse sonho meio profético antecipa para o leitor o que ocorrerá na manhã seguinte,
quando é insultado e desafiado pelo arruaceiro Ernesto de Nacejas. Surpreendentemente, Gonçalo,
corajoso como seus avós, vence bravamente a luta contra o valentão do local, fere gravemente outro
rapaz que disparara uma arma de fogo e retorna à Torre revigorado em sua valentia. A partir desse
episódio, Gonçalo manifesta um processo ascendente de regeneração moral: rompe com André
Cavaleiro; recusa o título de nobreza que o governo lhe oferecera; repreende a conduta da irmã
adúltera; vence honestamente as eleições; entrega os originais da novela “Torre de D. Ramires” para o
editor Castanheiro.
Gonçalo Ramires, após ser eleito com expressiva votação e ser reconhecido bom escritor
pela crítica, arrenda as suas terras e parte para África, em companhia de seu criado Bento. Por quatro
anos dedica-se à exploração de uma vasta área em Moçambique, obtendo sucesso e riqueza com
plantação de coqueiros, cacau, com a extração de borracha e criação de galinhas. Retorna a Portugal,
orgulhoso de sua vitória, respeitado pelos parentes e amigos, como se tivesse readquirido a honra e a
oportunidade de começar de novo.
A recuperação do protagonista indica simbolicamente uma alternativa para a crise
econômica portuguesa. Essa proposta político-econômica, baseada na exploração colonialista,
corresponde a idéias defendidas por setores da sociedade portuguesa do final do século XIX. Tanto na
vida do personagem, quanto na vida pública portuguesa, o florescimento econômico equivaleria à
retomada das glórias do passado.
Narrativas entrelaçadas
7. Pode-se considerar a composição musical de Videirinha como uma terceira narrativa, embora o enredo desse fado não seja
inteiramente apresentado ao leitor.
8. Sancho I foi o segundo rei de Portugal. Reinou durante 1185 a 1211.
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Santa Irinéia. Lá propõe a Tructesindo que entregue sua filha Violante, com quem outrora fora
impedido de casar-se, em troca da libertação de Lourenço. Numa atitude exageradamente dramática,
Tructesindo nega o pedido, não cede às ameaças do Bastardo e vê o filho ser assassinado. Os
guerreiros inimigos fogem e Tructesindo parte em busca de vingança. Com o auxílio de tropas
castelhanas e de um plano criado por um conselheiro astuto, prepara-se uma emboscada a Lopo
Baião, que é preso e submetido a uma terrível morte: ser sugado por sanguessugas.
Inspirada nos romances históricos9, a novela “Torre de D. Ramires” estabelece um
paralelo com a vida de Gonçalo Ramires. Inicialmente, o comportamento covarde, desleal,
influenciável do protagonista se opõe à bravura e honradez do antepassado Tructesindo. A partir do
momento que Gonçalo vence Ernesto de Nacejas, a sua valentia resgata a coragem destemida, própria
dos primeiros Ramires, e, portanto, as duas narrativas espelham-se perfeitamente.
9. A novela de Gonçalo Ramires parodia o estilo dos romances medievalistas, muito em moda em certa fase do Romantismo
e cultivado por Walter Scott e Alexandre Herculano.
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Personagens
A única personagem
bem desenvolvida e analisada “E enfim Maria da Graça amava enlevadamente
profundamente é o protagonista aqueles reluzentes bigodes, os ombros fortes de
Gonçalo Ramires. Todas as outras Hércules bem educado, o porte ufano que lhe
personagens secundárias são encouraçava o peitilho e que impressionava. Ela, em
apresentadas superficialmente, na contraste, era pequenina e frágil, com uns olhos tímidos e
verdade são freqüentemente esverdeados que o sorriso umedecia e enlanguescia, uma
generalizações caricaturadas. transparente pele de porcelana fina, e cabelos magníficos
(...)”
André Cavaleiro: amigo de
O trecho, por exagerar tanto a masculinidade de
infância de Gonçalo, extremamente
André Cavaleiro quanto a delicada beleza de Gracinha,
vaidoso e artificial, torna-se um
compõe uma caricatura dos personagens.
namorador incorrigível e político
influente.
Gracinha e Barrolo: a irmã de Gonçalo, tendo sido desprezada por André Cavaleiro, aceita casar-se
com Barrolo, homem mais velho, rico, generoso e pacato. Vivem um casamento monótono no
palacete de Cunhais.
Titó, João Gouveia, Videirinha, Padre Soeiro: amigos próximos de Gonçalo Ramires.
Bento e Rosa: criados do solar de Santa Irinéia, onde mora Ramires.
Relho, José Casco, Manuel Pereira: tendo-se desentendido com Gonçalo, o arrendatário Relho é
expulso. O fidalgo promete arrendar suas terras a José Casco, mas trai sua palavra e afirma um novo
acordo com Manuel Pereira.
Sanches Lucena e Ana Lucena: deputado por Vila Clara, Sanches representa o burguês que ascende
econômica e socialmente. Casado com Ana Lucena, mulher de origem vulgar.
Irmãs Lousadas: habitantes de Oliveira, ocupam-se em bisbilhotar a vida alheia.
Exercícios
01. A complexidade do personagem Gonçalo Ramires é expressa pelas suas contradições psicológicas
reveladas, no plano do discurso, especialmente:
a. pelo emprego de metáforas e antíteses, que dominam os monólogos interiores.
b. pela presença do discurso indireto livre, que revela, sem intermediação do narrador, o mundo
interno do personagem.
c. pelo emprego do discurso indireto livre, que neutraliza as interpretações do narrador de 3.a pessoa.
d. pelas digressões que acrescentam comentários do narrador de 3.a pessoa.
e. por meio de diálogos vivos, densos, construídos em discurso direto.
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02. Considere as seguintes afirmações em relação ao texto.
I. O trecho caracteriza-se principalmente pelo tom irônico com que o narrador contrasta o desânimo
de Gonçalo com a tarefa que lhe exige fibra e entusiasmo.
II. O fato de Gonçalo Ramires entregar-se sem culpa à composição de um plágio constitui um disfarce
para sua falta de talento e ilustra a decadência moral do personagem.
III. A sujeição a uma tarefa árdua para a qual não tem talento nem vigor revela a disciplina e o caráter
obstinado de Gonçalo Ramires.
a. são verdadeiras as afirmações I e II.
b. são verdadeiras as afirmações I e III.
c. são verdadeiras as afirmações II e III.
d. somente a afirmação II é correta.
e. somente a afirmação III é correta.
03. O programa político de Gonçalo Ramires pode ser considerado como expressão:
a. de um ufanismo nacionalista, anacrônico para o final do século XIX.
b. da crença de que faltava a Portugal um plano de inspiração guerreira.
c. da tese de que o governo português deveria reconstruir o império colonial a partir da África.
d. do pensamento retrógrado de parte da sociedade que via nas colônias africanas a alternativa para a
crise econômica portuguesa.
e. de um sentimento patriótico que estava adormecido e que era a principal causa do atraso da
sociedade portuguesa do final do século XIX.
05. Observando-se os recursos de estilo presentes na composição desse trecho, é correto afirmar que:
a. O acúmulo de detalhes compõe uma descrição objetiva e revela a impessoalidade do narrador .
b. As comparações e metáforas empregadas na descrição conferem um caráter expressionista para a
cena.
c. O uso preciso de adjetivos, na sua maioria de caráter objetivo, compõe uma descrição rigorosa e fiel
da realidade apresentada.
d. As sugestões de cor, perfume, associadas ao emprego exagerado de adjetivos, salientam detalhes
que traduzem as impressões subjetivas do narrador.
e. A seleção vocabular, as comparações, metáforas e a carência de adjetivos colaboram para expressão
impessoal e objetiva da realidade, bem ao gosto de obras realistas.
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Gabarito
01. Alternativa b.
No plano do discurso, os pensamentos, dúvidas, sonhos, contradições do personagem
são expressos por meio do discurso indireto livre, que se caracteriza basicamente pela fusão da 1.a e
3.a pessoa.
02. Alternativa a.
Gonçalo Ramires não tem talento de escritor e plagia com dificuldade o poema do tio
Duarte. Entrega-se a essa árdua tarefa não porque seja disciplinado ou obstinado, mas porque
acredita que, com a publicação da novela, pode obter notoriedade e mais facilmente ingressar na vida
política.
Leia o trecho em que Gonçalo Ramires, ao retornar do encontro com André Cavaleiro, idealiza o seu
programa político.
“E lançaria então um brado à Nação, que a despertasse, lhe arrastasse as energias para
essa África portentosa, onde cumpria, como glória suprema e suprema riqueza, edificar de costa a
costa um Portugal maior!...”
03. Alternativa c.
O programa político idealizado por Gonçalo Ramires expressa a idéia compartilhada por
diversos setores da sociedade portuguesa, do final do século XIX. Acreditava-se que um plano de
ações firmes e direcionadas poderia resultar no desenvolvimento das ricas colônias portuguesas
africanas e solucionar a crise econômica que se instalara no país.
04. Alternativa a.
O trecho apresenta uma justificativa que Gonçalo encontra para apaziguar sua
consciência perturbada pelo risco de, em nome de interesses políticos particulares, aproximar sua irmã
Gracinha de André Cavaleiro, antigo namorado.
05. Alternativa d.
A comparação, a metáfora, o emprego excessivo de adjetivos, a sugestão de cor, de
perfume e de movimento compõem uma descrição carregada de subjetividade, pois expressam a visão
do observador.
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