Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Leitura
1. Lê os dois textos que se seguem, anotando, no teu caderno, tópicos que sintetizem a
Leitura informação mais relevante;
L8.1. Selecionar criteriosamente in-
aos ataques dos corsários ingleses, holandeses e franceses contra os quais as possibili-
dades de defesa eram mínimas por parte de navios mal conservados e pior armados.
Os relatos de naufrágio
A longa rota percorrida pelos navios portugueses desde a viagem de Vasco da Gama,
entre Lisboa e a Índia, por via do Cabo da Boa Esperança, transformou-se, por vezes,
num palco de catástrofes. De acordo com as estimativas feitas, admite-se que nos sécu-
los XVI e XVII naufragou um navio em cada cinco dos que partiram com destino à Índia.
5 Se limitarmos o período ao século XVI e à primeira metade do XVII, a percentagem de
dação. Nas páginas das narrativas enumeravam-se as causas dos naufrágios [ ... ]. Tam-
bém se revelavam as situações psicológicas dos tripulantes e passageiros desorientados
e desesperados e o comportamento dos homens que tinham enfrentado os perigos, a
agonia e a morte, tanto na aflição do naufrágio, em que gritavam e recorriam ao socorro
15 divino na confusão do momento extremo, mostrando o individualismo dos homens ex-
332
2.
3.
•
4.
30 na ·
ga das naus; indiferença pelas nor-
aventura do ultramar e nas suas catástrofes, desejava-se ansiosamente saber a descri-
inicialmente: publicados mas que regulavam os períodos e as
em folhetos
rotas favoráveis; incapacidade de de-
ção dos acidentes em que poderia estar envolvido algum familiar, conhecido ou amigo.
avulsos e divulgados após os naufrá- fesa relativamente aos ataques dos
gios;
Como
· terceira finalidade, podemos considerar a
século XVIII: compilados
pois as causas dos sucessivos
didática, corsários.
C. Causas dos naufrágios; situações
infortúnios cruamente apontadas serviriam de manual de naufrágios, para que outros
por Bernar-
psicológicas dos tripulantes.
do Gomes de Brito, em dois volu-
d. Emotiva (dramatismo dos aconteci-
se acautelassem contra futuros desastres e soubessem não só os perigos que poderiam
mes, publicados em 1735 e 1736;
· atualmente: originais
35 vir a enfrentar, dando ênfase aos riscos evitáveis, resultantes da enorme ganância e da
mentos narrados); sociológica (neces-
sidade de saber notícias de familiares
dispersos por
ou amigos); didática (ensinamentos
irresponsabilidade dos homens, como também às possíveis atitudes a tomar em caso de
várias bibliotecas nacionais e estran-
transmitidos aos futuros marinheiros).
geiras.
perdição e de peregrinação em terra desconhecida. Além disso, por descreverem o com-
2,1. Valor documental: caracteriza-
ção do contexto sociocultural da épo-
portamento humano, em que se misturam o orgulho, a arrogância, a cupidez, o egoísmo,
ca. Valor literário: representação do
o altruísmo e a renúncia, mostravam vivamente tanto a brutalidade como o heroísmo
perfil dos navegadores portugueses
do século XVI de forma original, com
40 nas situações que relatam.
base na articulação entre os níveis da
diegese (história) e do discurso (ex-
Kioko Koiso, http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/f04.html [Consult. 03-1 0-2014, com supressões]
pressão/relato da história).
1.1. Com base nos dois textos lidos, completa o esquema abaixo, no teu caderno.
a.
Aumento de naufrágios
Causas: b.
Relatos de naufrágio
fúria dos cruéis mares e ainda as penosas caminhadas por terras de cafres. [ ... ]
Estes textos, para além de interessantes documentos históricos, onde se obser-
vam e analisam vastos painéis socioculturais da época, que nos deixam entrever os
conceitos de vida, morte e sobrenatural das gentes do mar, constituem igualmente
10 um importante referente literário, capaz de retratar, com originalidade, através dos
Pedra Balaus Custódio, "História Trágico-Marítima'; in Biblos - Enciclopédia Verbo das Literaturas
3.1. Tendo em conta o sentido global do excerto, explícitadeaLíngua
informação
Portuguesa,veiculada pelaPaulo, Verbo, 1997 [pp. 1060-1061, com supressões]
VaI. 2, Lisboa/São
primeira frase (11.1-6).
2.1.integrados
3.2. Com base nos títulos dos textos A partir danesta
informação
unidadeapresentada no 347),
(pp. 338, 343, segundo texto, explicita o valor documental
indica
o modelo narrativo seguido em "Ase literário dosaventuras
terríveis relatos dedeviagem.
Jorge de Albuquerque
Coelho (1565)':
Informação 335
Cv. cevadeira (vela que pendia de uma verga A. amarra
atravessada no gurupés)
a. amantilhos
6. escotas
CH. chapitéu
E. escovém
7. gávea (G.g.- gávea grande; G.p. gávea de
9. enxárcias (conjuntos de cabos fixos que,
para um e para o outro bordo, aguentam
proa)
os mastros reais, descendo até às mesas)
8. traq uete (mais baixa e maior vela redonda e. escovém
do mastro de popa)
G. gurupés
V. G. vela grande
M. mesas das enxárcias
castelo de proa: parte extrema da proa
ponte: convés 10. verga (pau preso ao mastro do navio em que
beque: parte mais avançada da proa se prendem as velas)
V. G. verga grande
V. g. verga da gávea grande
V. T. verga do traquete
336 Elaborado com base em História Trágico-Marítima, Narrativas de Naufrágios da Époco das Conquistas
(adapt. António Sérgio), Lisboa, Sá da Costa [pp. 136-143]
11.
1
- enumeração;
mentos, pipas. Tudo se quebra e lá vai no escuro. A nau, até o presente histórico)
madrugada
mastro grande, fica rasa e submersa, e mais de meia hora de-
Iluminava o côncavo de
baixo de água.
ausentes
Os sobreviventes, que se arrastavam pávidos, confluem a · Reação dos
Velas a demandar estas
sobreviventes:
um padre que se acha a bordo e atropela as rezas e as confis-
1
desespero; confissões
1.1. Relaciona
sões. Um relâmpago risca, ilumina as ideias todos
atreva: veem-se expressas
de no poema com a temática desta unidade - Aventuras e
públicas de pecados
desventuras dos Descobrimentos.
joelhos, com as mãos no ar, a pedir misericórdia e a clamar por
Deus. paragens
Jorge de Albuquerque, como de costume, falava aos outros · Reação do
capitão,
para lhes dar coragem. Confiassem em Deus, - e ao mesmo Aqui desceram as âncoras
Jorge de Albuquerque
tempo fossem dando à bomba, esgotando a água que invadira (calma, firmeza na escuras
liderança)
o convés. Daqueles que vieram
paisa
História Trágico-Marítima, Narrativas de Naufrágios da Época das Conquistas
gens
procurando
(adapt. António Sérgio), Porto, Porto Editora, 2009 [p. 124]
EL 14.2. Ler textos literários portu- O rosto real de todas as figuras
L borbotão: lufada. 2. beque: parte mais avançada da proa. E ousaram - aventura a mais
gueses de diferentes géneros, per- românticas
tencentes aos séculos XII a XVI. incrível -
EL 14.3. Identificar temas, ideias prin-
1. Semelhanças entre o poema e o Viver a inteireza do possível
espírito dos Descobrimentos:
cipais, pontos de vista e universos de
1977
Integrado no capítulo V - "As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho (1565)';
Sophia de Mello Breyner Andresen,
este texto apresenta as seguintes características: Navegações, in Obra Poética, Lisboa,
Caminho, 2011
· foca um acontecimento verídico, com um carácter dramático, suscetível de emocionar
a opinião pública, associado às aventuras e desventuras dos Descobrimentos (neste
caso, uma tempestade em alto mar);
tando.
El14.S. Analisar o ponto de vista das
diferentes personagens.
El16.2. Comparar diferentes textos
no que diz respeito a temas, ideias e
valores.
(1565)':
lhos longos que passou em África e no Oriente. Alcançada a mercê real, transferiu-se
logo para o Brasil, acompanhado de muitos dos seus parentes. Sob a sua hábil adminis-
tração, a capitania prosperou. Passados alguns anos, resolveu vir até à metrópole, a fim
de angariar colonos novos e contratar industriais competentes com que pudesse desen-
10 volver a sua empresa. Confiou a um seu cunhado, Jerónimo de Albuquerque, o governo
das tribos indígenas se levantara ali contra os Portugueses, pondo cerco aos principais
lugares daquela colónia de Pernambuco.
14.
f
7. História
a
Trágico- ri
Marítima
-
35
n
Ordenou pois Dona Catarina que Duarte de Albuquerque Coelho, herdeiro da capi-
h
tania, a fosse sem demora socorrer; e, entendendo ele que lhe seria utilíssima a
a
cornpa-
d
20 nhia e ajuda de seu irmão, Jorge de Albuquerque Coelho, suplicou à rainha-regente
e
que
p
lhe desse ordem de o acompanhar; e assim ela fez.
a
Chegou em 1560 a Pernambuco, não contando mais de vinte anos de idade; e,
u
ha-
e
vendo chamado a conselho alguns padres da Companhia de Jesus e várias
f
personagens
r
entre as principais da terra, assentou-se entre todos, ponderado o lance, que se
u
elegesse
t
25 por chefe militar da capitania a Jorge de Albuquerque Coelho, o qual, como lhe
a
disse-
s
ram que cumpria ao bem público o aceitar ele e servir tal cargo, o aceitou, e se
e
aventu-
l
rou, e se esforçou muitíssimo, correndo risco de perder a vida no zeloso
v
cumprimento
a
dos seus deveres.
g
Começou o ataque aos inimigos naquele mesmo ano de 1560, com tropa de
e
solda-
m
30 dos e de criados seus, que alimentava, vestia e calçava à sua custa. Prosseguiu nas
ope-
d
rações de guerra através de montes e de desertos, durante verões e durante
a
invernos, de
q
noite e de dia, passando grandíssimos trabalhos, sendo ele e os seus soldados
u
feridos
e
pelo gentio' muitas vezes, e combatendo a pé e a cavalo. Frequentemente, não
l
tinham
e
mais para comer do que os caranguejos do mato que encontravam, cozinhados de
s
campos. Quando acampavam, faziam os escravos
choupanas de palma, em que se agasalhava toda a tropa. Com estes cuidados que
sem-
pre tinha e com as boas palavras que lhes dizia, consolava e contentava a sua
gente. En-
trada uma aldeia dos inimigos, corria logo sobre a mais próxima e a tomava assim
com
facilidade, por não terem tempo de se fazerem prestes.
40 Com esta diligência e brevidade pacificou em cinco anos a capitania. Quando
chegara, não ousavam os moradores da vila de Olinda sair mais que duas léguas
pela
terra dentro, e ao longo da costa, três ou quatro; ao fim daquele tempo, podiam ir
até
vinte pelo interior, e sessenta léguas ao longo da costa, - as que tinha a capitania
no seu
âmbito. 3
45 Então, deixando essa colónia conquistada, e os indígenas quietos e pacíficos 3
com 9
pedirem paz que lhes outorgaram, embarcou para a metrópole na nau "Santo
Antônio"
na qual viagem se deram os casos que nesta narrativa se contêm.
Carregada a nau de muita fazenda no belo porto da vila de Olinda, deu à vela
com
vento em popa a 16 de maio de 65. Não eram ainda bem saídos da barra quando
se acal-
50 mou o vento com que partiram; logo depois se lhes tornou contrário, os levou de
través
e os atirou para um baixo", onde permaneceram por quatro marés e se viram em
risco de
se perderem, o que lhes teria sem dúvida acontecido se fossem então os mares
mais
grossos.
Acudiram-lhes com presteza muitos batéis, que lograram salvar a gente toda e a
55 maior parte da carregação. Porém, nem assim descarregada se desencalhou, pelo
que
decidiram cortar-lhe os mastros; então, nadou e saiu dos baixos.
Tornada a nau ao porto da vila, foi examinada por oficiais para verem se
poderia se-
~ guir viagem; e, por acharem que não recebera dano que a impossibilitasse para a
nave-
~ gação, se tornou a preparar e a carregar.
15.
16.
Ponto "Como os seus antepassados portugueses, há mais de cinco séculos
atrás,
Aventuras
Aventurase desventuras dosdos
e desventuras Descobrimentos
Descobrimentos 7. História Trágico-Marítima
quando desbravaram os mares: 'Que povo incrível, que coragem, que
fé:
Gramáticaexclama." (11. 63-66)
de partida
60Vários amigos de Albuquerque Coelho, vendo que ele pensava em reembarcar na
• Ousadia, coragem e fé como características do povo português que se
10. nau, quiseram
Lê as informações abaixo, em que se dissuadi-lo
distinguem de as
tal orações
procedersubordinadas
pelos maus princípios
adverbiaisque já tivera;Gramática
mas nem
Tópicosfinitas das não finitas. ele, nem os demais passageiros, quiseram
mantêm através dos tempos (os portugueses da época atual mantêm dar ouvidos a tais prognósticos, e tornaram a
G18.2. Dividir e classificar orações.
embarcar na "Santo Antônio" que largou enfim da vila de Olinda a 29 de junho deIdentificar
G 18.4. 65. orações subordina-
Informação vivos estesOrações
valores - ex.:subordinadas
personalidade do velejador
Cinco dias depoisadverbiais Ricardo
da largada mudouDiniz)
finitasoevento
não de maneira súbita, tornando-se
finitas
das.
tão
G18.5. Identificar oração subordí-
65 contrário e de tal violência que tratavam de alijar" fazenda" ao mar, por isso que a nau nante.
de reflexão As orações • Época dos Descobrimentos como momento determinante da
subordinadaslhesadverbiais
mareavafinitas
mal, são
pela introduzidas
muita carga porcomuma que conjunção
dali partira./ locu-
Pela tarde piorou ainda, e o a mercê real- oração
projeção internacional da cultura e dos valores do povo português 1.1. a. Alcançado
ção conjuncional subordinativa e apresentam o verbo nos modos indicativo ou conjuntivo. subordinada adverbial temporal (não
casco abriu água. Davam à bomba continuamente, às seis mil zonchaduras"finita entre noite
participial); Duarte Coelho trens-
Ex.: Quando atingiu um baixo,a nau encalhou. (sub. adv. temporal finita)
e dia. Pouco depois, um pé de vento" quebrou o gurupés. teriu-se para o Brasil- oração subordi-
Ainda que fosse descarregado, a nau não desencalhou. (sub. adv. concessiva finita) nante.
Finalmente, já nos doze graus de latitude norte, o vento acalmou. Andaram deza-
b. Duarte Coelho dirigiu-se a metró-
Os nautas descarregaram a nau para que conseguissem seguir viagem.(sub. adv. final pole - oração subordinante; a fim de
finita) 70 nove dias em calmarias, acompanhadas de trovoadas. angariar novos colonos - oração su-
•
bordinada adverbial final (não finita
infinitiva); Op. cit. [pp. 111-114]
As orações subordinadas adverbiais não finitas são construídas com recurso ao gerúndio c. Tornada a nau ao porto da vila _
(gerundivas), ao particípio (participiais)
3. alijar: atirar; ou
deitarao infinitivo
fora. 4.fazenda:(infinitivas).
bens; mercadorias. 5. zonchadura: ato de zonchar / dar à bomba. 6. péoração furacão;adverbial tem-
subordinada
de vento:
poral (não finita participlal); foi
Ex.: Atingindo um baixo,a nau remoinho.
encalhou. (sub. adv. temporal não finita gerundiva) examinada por oficiais - oração su-
Lições de um
Embora descarregado,a nau não desencalhou. (sub. adv. concessiva não finita participial)
Os nautas descarregaram a nau para seguirem viagem.(sub. adv. final não finita infini-
bordinante.
d. Ainda que a nau estivesse em mau
as lições no mar para as vir contar Diniz, que tem sentimentos e tirita quando
em terra tem frio mas, ali, no meio do oceano, consigo
ser um bicho estranhíssimo que desliga as
JOANA MADEIRA PEREIRA· 25-0UT-201 o emoções e just gets the job dane. Vem aí uma
30 tempestade? Que venha ela!"
Antes era assim: a onda vinha imensa,
Solitário de profissão - não de natureza -,
agreste, e virava-lhe o barco. Ele caía à água,
soube aos oito anos que queria dar uma volta
10 derrotado, magoado com o mar. Maldizia
ao mundo num barco à vela. Sozinho. Aos 33
aquele companheiro de viagens tão incerto e
anos, ainda não concretizou a aspiração, ape-
parecia-lhe injusta a sua sorte. Agora, Ricardo
35 sar das milhas que cole cio na serem o equiva-
Diniz já deixou de o levar tão a peito. O vele-
lente a três viagens de circum-navegação. Mas
jador português, que ganhou, entretanto,
já passou por quatro travessias transatlânticas
15 idade e experiência, desmistificou o mar.
7. História Trágico-Marítima
Educação Literária
18. Com base no verbete enciclopédico abaixo, explica de que modo os corsários poderiam Educação Literária
determinar o destino das naus portuguesas associadas ao comércio ultramarino. EL14.2. Ler textos literários de dife-
rentes géneros pertencentes aos sé-
Informação culos XII a XVI.
El14.3. Identificar temas, ideias prin-
Corsários
cipais, pontos de vista e universos de
Os piratas (ladrões do mar) são tão antigos como a navegação; porém, os corsários são referência, justificando.
El14.4. Fazer inferências, fundamen-
relativamente recentes e surgiram no mundo ocidental. Os primeiros operam à margem de tando.
todas as leis, atacando a inimigos e a concidadãos; os corsários recebiam "patentes" ou "car- El14.S. Analisar o ponto de vista das
diferentes personagens.
tas de corso" das respetivas autoridades, ficando para seu proveito a maior parte das merca-
dorias. [ ... ] Nos séculos XVI e XVII, numerosos corsários ingleses e holandeses prosperaram
1. Captura por corsários - determina-
graças ao assalto às caravelas portuguesas e aos galeões espanhóis que regressavam das ção do fracasso da viagem (saque das
fndias.
mercadorias de valor vindas do ultra-
mar).
18.
19.
[pp. 169- 170, com supressões]
20. Lê O texto abaixo, em que se relata o ataque dos corsários franceses aos tripulantes da
"Santo Antônio'; no momento em que estes tentam regressar a Portugal.
L ilhas: referência ao arquipélago dos Açores. 2.falcão: pequena peça de artilharia. 3. berço: peça de artilharia curta. 4. bom-
bardas: tiros de canhão. 5. arcabuzadas: tiros de arcabuzes (armas de fogo). 6.frecha: flecha. 7. bordeava: mudava de local.
65 ce
co
Aventuras e desventuras dos Descobrimentos
di;
rie
70 na que consentissem enfim na rendição, pois lhes era impossível o prosseguir na defesa:
não fossem causa de os matarem a todos, ou de os meterem no fundo! Responderam a
ilh
isto os combatentes que estavam decididos a não se renderem enquanto capazes para
nu
pelejar. Os outros, vendo-os assim determinados, deram de súbito com as velas em
vei
25 baixo, e começaram a bradar para os Franceses: entrassem, entrassem na nau, que se
se
~ lhes rendia!
75
como me ajudaram estes amigos, não estarias aqui como vencedor, nem eu como
vencido.
Contraveio o capitão francês:
- Não te desconsoles, amigo: é isto fortuna da guerra, que hoje favorece uns, amanhã
60 outros. Pelo bom soldado que tu és, far-te-ei muito boa companhia, e àqueles que te
ajudaram a combater: que tudo merece quem faz o que deve, cumprindo a obrigação da
sua pessoa.
Trazia a nau francesa uns oitenta homens, entre os quais muitos ingleses e escoce-
ses, e também alguns portugueses. Vinha toda ela maravilhosamente bem ordenada,
21.
7. História Trágico-Marítima
Aventuras e
desventuras dos Descobrimentos
cerrada e empavesada" da popa à proa com sua xareta" falsa, as gáveas consertadas
65
William Turner
com o maior primor, e tão limpa de costado" que parecia caiada e ser esse o primeiro Ver informação na p. 338.
dia que saía fora, havendo muitos meses que bordejava no mar, e tendo já roubado vá- 3.1. Disparidade de forças ao nível da
nau e do número de combatentes:
rios outros barcos. · portugueses: nau
Verificando os corsários franceses o valor da carga que levava a nau, começaram a despreparada para
a guerra (pouca artilharia e muni-
70 navegar para sua terra; e logo ao outro dia, que foram 6 de setembro, se avistaram as ções); poucos combatentes dispos-
I. Tempo. b. Fernão tos a lutar;
Causa ilhas do Faial e Pico, e mais a Graciosa. Era seu intento desembarcar os nossos, deixá-los Mendes · corsários franceses: nau
/Tempo. c.
numa ilha, e abalarem para França com a "Santo Antônio': Porém, como começasse a Pinto, o bem artilha-
Fi- irredu- da; número elevado de combaten-
ade. d. ventar rijo, desistiram de realizar a sua ideia. Resignaram-se a levá-los para o seu país, ortuquês" tes.
Tempo. e. 3.1.1. Evidencíar o valor guerreiro
Causa. seguindo ao nordeste com vento em popa.
dos portugueses, mesmo com condi-
75 O capitão dos Franceses, temendo-se de Jorge de Albuquerque Coelho, fechava-o de ções adversas.
3.2. Perfil psicológico de Jorge de AI-
Ira noite em um camarote, com três dos que o ajudaram a pelejar; mas tratava-o com a buquerque: coragem, firmeza, patrio-
IOralidade tismo, capacidade de liderança, deter-
maior cortesia e nunca começava uma refeição sem vir Jorge de Albuquerque primeiro,
minação; perfil em consonância com
5elecionar a quem sentava à cabeceira da mesa. o espírito inicialmente apresentado.
4.1. Atitude de cortesia, que denun-
Op. cito [pp. 116-120] cia o reconhecimento do valor guer-
criteriosame reiro e temerário do seu antagonista.
nte in- 8. broquéis: escudos pequenos. 9. pistoletes: pistolas pequenas. 10. alabardas: armas compostas de uma haste longa, termi- 5.1. Não - cf. atitude cavalheiresca do
sção capitão dos corsários; descrição valo-
nada em ferro largo e pontiagudo, e atravessada por outro ferro em forma de meia-lua. 11. empavesada: embandeirada.
relevante. rativa da nau dos inimigos.
12. xareta: rede que se colocava ao longo do navio para dificultar a entrada do inimigo. 13. costado: parte exterior da nau, acima
Exprimir Gramática
pontos de da linha de flutuação.
vista suscita-
18.1. Identificar funções sintáticas
IOr leituras diversas,
indicadas no Programa.
fundamen-
18.2. Identificar orações subordina-
I. 21. Foca a tua atenção no confronto entre os portugueses e os corsários. Ver Síntese Informativa,
das. p. 377
. Pesquisar
e selecionar 3.1. Mostra como esse confronto é marcado pela disparidade de forças. 1. indignados - modificador apositivo
informa-
do nome.
3.1.1. Explicita o objetivo que terá levado o autor a acentuar tal disparidade. o piloto e amestre - complemento
, Planificar
direto.
3
o texto oral,
elabo- 3.2. Traça o perfil psicológico de Jorge de Albuquerque neste momento da ação, compa- a que - complemento oblíquo.
da nau - complemento oblíquo.
) tópicos de rando-o com o perfil apresentado no início do relato. esta - sujeito.
suporte à
interven- 22. Atenta no diálogo entre Jorge de Albuquerque e o capitão dos corsários. que combatiam - modificador restri- 19.
tivo do nome.
4.1. Explicita e comenta a opinião do corsário relativamente a Jorge de Albuquerque.
o
2. a. piloto, o mestre e alguns mari-
A»
lados
nheiros pediram-lhes que consentis-
20.
sem enfim na rendição. b. O piloto, o4
23. Os autores dos relatos de naufrágios compilados na História Trágico-Marítima tendem a mestre e alguns marinheiros pediram-
O
focar o comportamento negativo dos corsários. -no ao fidalgo e aos que o ajudavam.
fe
C. O piloto, o mestre e alguns marinhei- s.
5.1. Verifica-se essa perspetiva no relato em análise? Fundamenta a tua resposta. ros pediram-lho.
pesquisado 2.1. a. Complemento indireto. b. Com-
s: plemento direto. c. Complemento di-
IS possíveis reto e complemento indireto.
3. a. Naveganda eles em demanda das Gra
da cópía
ilegal:
Gramática ilhas. b. vendo-os assim determinados.
so gratuito a informação atuali- c. para o carregarem a ele com toda a
I e variada; 1.
culpa. d. Ouvindo isto. e. temendo-se Id
idade em 24. Identifica a função sintática desempenhada pelos constituintes frásicos sublinhados no de Jorge Coelho. ex
executar a excerto abaixo: 3.1. a. Quando eles navegavam em
cópia; demanda das ilhas, alcançou-os uma
ado preço de jogos, filmes, ál- nau. b. 05 outros, porque/quando 05
I de viam assim determinados, deram com
música, Os que combatiam, indignados,quiseram matar o piloto e o mestre,pelo ato de fra- as velas em baixo. c. Responderam-
livros, jogos -lhes que só Jorge de Albuquerque fize-
de ví- queza a que forçavam todos; não tardou, porém, que subissem e entrassem dezassete ra tudo, para que o carregassem a ele
com toda a culpa. d. Quando ouviu is-
franceses, armados de espadas, de broquéis, de pistoletes, e alguns deles com alabardas.
equêndas to, dirigiu-se o capitão dos Franceses a
possíveís Num instante se assenhorearam da nau. Jorge de Albuquerque Coelho. e. O ca-
pitão francês, uma vez que se temia de
da cópia Verificando a maneira como vinha esta, perguntaram com que artilharia e que mu- Jorge Coelho, fechava-o de noite num
I:
I pessoal: nições se haviam defendido tantos dias, e o número dos homens que combatiam.(11. 27-42) camarate.
punição legal (devido à
IÇão dos direitos de autor);
danos 345
omputador; 22.
económico: crise nas Rees
indústrias
creve
ltura (setor musical, cinemato-
as
o, editorial), por falta de recei-
frase
social: perda de valores/desva- s
ção da honestidade e da inte- abaix
ade. o,
IS possíveis do plágio em tra-
~s escolares:
pron
lonhecimento dos princípios do omin
~Iho intelectual (identificação aliza
fontes utilizadas; cumprimento ndo
normas de citação; elaboração
os
l bIiOgrafia);
ípio do facilitismo, que gera a const
ituint
Incia de esforço pessoal. es
as possíveis: subli
a legislação e propor nhad
alterações
tema de direitos de autor, pe-
os.
ndo os infratores (ex.: coima, 23.
· do acesso à
internet); O
bilizar os infratores de que a
a ilegal é um crime punível por piloto
moralmente reprovável (trata-
roubo); ,o
nover a divulgação dos princí-
do trabalho intelectual. mest
stão: re e
tra-se disponível, no Caderno
ividades (pp. 59·60), uma algu
ficha
ítura I Gramática com base no ns
marinheiros noite num camarote. E
pediram ao fidalgo 3.1. Reescreve as frases, transformando as orações subordinadas adverbiais não finitas
dl
e aos que o em orações subordinadas adverbiais finitas.
1.
ajudavam que con- 3.2. Explicita o nexo estabelecido entre as orações subordinadas identificadas e as ora- [
ções subordinantes. C
~
sentissem
enfim na rendição.
~
Leitura I Oralidade
24. O piloto, o
30. Embora surja associada, sobretudo, aos séculos XVI, XVII e XVIII, a pirataria e o
mestre e alguns
ato de
marinheiros
roubar, que lhe é inerente, são ainda uma realidade presente nos nossos dias.
pediram ao fidalgo
e aos que o 1.1. Reflete com os teus colegas sobre algumas formas atuais deste fenómeno:
ajudavam que con- · o download ilegal de jogos, músicas, filmes;
· a cópia ilegal de livros (fotocópias);
sentissem enfim · a utilização indevida de partes de obras em trabalhos escolares (plágio), etc.
na rendição.
Para preparares a tua intervenção oral, pesquisa informação relevante e adota um
25. O piloto, o ponto de vista crítico relativamente aos seguintes aspetos:
mestre e alguns
marinheiros
Dados pesquisados Ponto de vista
pediram ao fidalgo
e aos que o Que causas estão na origem da
para 2
substituir
os constituintes
destacados.
c
Ver Síntese
Informativa, p. 373
26. Identifica
t
a oração
subordinada
adverbial não finita
presente em cada
uma das frases.
27. Navegand
o eles em
demanda das
ilhas, alcançou-os
uma nau.
28. Os
outros, vendo-os
assim
determinados,
deram com as
velas em baixo.
29. Responde
ram-lhes que só
Jorge de
Albuquerque fizera
tudo, para o
carregarem a ele
com
toda a culpa.
d, Ouvindo
isto, dirigiu-se
o capitão dos
Franceses a
Jorge de
Albuquerque
Coelho.
e. O capitão
francês,
temendo-se
de Jorge
Coelho,
fechava-o de
nim
pois
7. História Trágico-Marítima
com
5 em
forço
Bras
pen.
tão I
1
0 gonl
outr
brin
31.
32.
33. Descreve a pintura abaixo, da autoria de Vieira da Silva, relacionando-a com o que já Educação literária I Oralidade
conheces das "Aventuras e desventuras" de Jorge de Albuquerque Coelho. El14.1. Ler expressivamente em voz
Maria Helena Vieira da Silva, História Trágico-Marítima ou Naufrage, 1944 alta textos literários, após preparação
da leitura.
E114.2. Ler textos literários portu-
34. Depois de terem sido capturados pelos corsários franceses, Jorge de Albuquerque e os gueses de diferentes géneros, per-
tencentes aos séculos XII a XVI.
seus homens são abandonados por eles, ficando desamparados na vastidão oceânica. El14.3. Identificar [oo.] ideias princi-
pais, pontos de vista e universos de
2.1. Lê a parte final do relato da viagem de Jorge de Albuquerque e sua tripulação e da referência, justificando.
El14.4. Fazer inferências, fundamen-
sua chegada à pátria. tando.
El14.5. Analisar o ponto de vista das
diferentes personagens.
El15.4. Fazer apresentações orais (5
j
= 10
•
347
348
, eis que acabou de desapegar-se o leme, quebrando-se o ferro
15 que lhe restava e rompendo-se os cabos com que o tinham atado.
Aventuras e
desventuras dos Foi então o cúmulo do desespero. Deixaram-se cair todos no convés, desampa-
Descobrimentos
radamente, com a certeza absoluta de que morreriam de fome.
De súbito, Jorge de Albuquerque levantou-se rijo, com ledo aspeto; e, pegando
num livro que trazia consigo, tirou duas imagens de Cristo e da Virgem, pegou-as no
Co 20 mastro, chamou os companheiros para o pé de si, cada um por seu nome, e come-
m çou a pregar-lhes animadamente, afirmando-lhes a certeza de que se salvariam. Em
a redor, muitos dos outros - desgrenhados, magríssimos, nus, - ouviam-no já sem o
rij entenderem.
ez Depois, às escondidas, fez testamento; e, acrescentando a esse muitos outros pa-
a 25 péís, acomodou tudo num barril pequeno, que fechou e breou 1 o melhor que pôde,
do disposto a lançar o barrilinho à água quando visse chegado o derradeiro instante.
ve Mas isto o fez ele em tão grande segredo que nenhum dos outros por então o soube.
nto Entretanto, imaginou maneiras de substituir o leme, ordenando uma sorte de
, espadela", - da qual, aliás, pouco proveito conseguiram tirar.
ro 30 Chegados a 27 daquele mês, começou a necessidade de lançarem às ondas os
mp primeiros companheiros que morreram de fome. Certos homens, nesse transe, lem-
era braram-se de pedir a Jorge de Albuquerque a permissão de comerem aqueles cadá-
m- veres. Ao ouvir este horrível requerimento, arrasaram-se-lhe os olhos de água. Não,
se não podia ser; não o consentiria, enquanto vivesse; se morresse, porém, dava-lhes
as 35 licença de o comerem a ele.
vel O desespero, então, levou alguns a uma outra ideia: arrombar a nau para acaba-
as
rem de vez. Soube-o o Albuquerque, e impediu que o fizessem. O mais triste, porém,
qu é que estavam os míseros divididos em bandos, e sonhavam com brigas, - sendo
e
todos uns espetros tão vizinhos da morte, e quase não se podendo conservar de pé.
lev 40 Jorge de Albuquerque, com mágoa infinita, os chamou à razão e os acalmou.
av
A 29, pela manhãzinha, avistou-se uma nau. Fizeram-lhe sinais alvoroçada-
am mente; os da nau, porém, não lhes quiseram valer, e seguiram seu rumo.
;e
Mais três dias se passaram assim, no trabalho contínuo de dar à bomba. A 2 de
est outubro, entre a neblina, pareceu-lhes divisar arrumação" de terra. Cerca do meio-
an
45 -dia, dissipou-se a névoa. Maravilha! Deus louvado! Era a serra de Sintra! Lá estava,
do ao cimo das rochas a própria casa da Senhora de Pena!
ele
Mas não tinham maneira de se aproximar da praia. Iam numa carcaça sem go-
s verno algum.
na
Chegando-se o navio para junto da terra, muitos trataram de preparar umas
fai 50 pranchas, para se lançarem ao mar; outros fantasiavam construir jangadas. Loucura,
na
porque a costa ali é pedregosa e brava; e Jorge de Albuquerque dissuadiu-os de tal.
de Avistaram-se numerosas velas, que se afastaram.
90 co
Ao outro dia, 3 de outubro, amanheceram chegados ao cabo da Roca; e indo já a
ns
nau para dar à costa, passou perto uma caravela, que se dirigia para a Pederneira.
ert
55 Suplicaram-lhe socorro, pagar-lho-iam bem. - Que Jesus lhes valesse, responderam
á-
las
1. breou: cobriu de breu (escuro). 2. espadela: remo comprido empregado como leme. 3. arrumação: rumo; direção.
95
35.
p
7. História Trágico-Marítima
a
n
h
eles; nada, não queriam perder tempo na sua viagem ... E seguiram avante, sem ne- e
nhumdó. i
Pouco depois, felizmente, avistaram uma barca pequenina, que navegava para a r
Atouguia. Começaram a bradar-lhes, de joelhos, que lhes valessem; e estando a o
60 barca a um tiro de berço, logo lhes acudiu com muita pressa. s
Vinha a bordo dessa barca um Rodrigo Álvares de Atouguia, mestre e senhorio ,
dela, e uns parentes e amigos seus. Todos começaram a esforçar os da nau. ão te-
messem nada; não os desamparariam, ainda que com risco de se perderem eles pró- e
prios. E não desejavam por isso prémio algum.
65 Vendo o estado em que estavam os da nau, ficaram atónitos. Logo lhes deram d
pão, água e frutas, que para si traziam. i
O senhorio da barca, tanto que acabou de lhes dar de comer, passou-lhes um r
cabo de reboque com que afastaram a nau da rocha e a foram trazendo ao longo da i
costa até a baía de Cascais, aonde chegaram pelo sol-posto. Acorreram botes, em g
70 que se meteram; uns desembarcaram ali em Cascais; outros só em Belém tomaram i
terra. u
A nau, durante a noite, ficou amarrada à popa da barca, por não ter âncora com -
que fundeasse. No dia seguinte, o cardeal infante D. Henrique, que governava o s
Reino, fez expedir uma galé que a fosse trazendo pelo rio acima. Fundeou a nau, fi- e
75 nalmente, diante da igreja de S. Paulo, onde numerosa gente a foi visitar, espan-
e D. Jerónimo de Mama, seu primo, e muitas outras pessoas amigas suas, trataram
logo de o ir buscar. Sabendo que desembarcara e que caminho levara, seguiram para
ali imediatamente, encontrando-se com o grupo dos que o acompanhavam. Sau-
dou-os então D. Jerónimo de Mama, inquirindo se eram eles, os do grupo, os que
85 com Jorge de Albuquerque se tinham salvo. E confirmando eles que de facto o eram,
perguntou D. Jerónimo:
- E Jorge de Albuquerque? Vai adiante? Fica atrás? Ou tomou por outro cami-
nho?
Jorge de Albuquerque, que se achava ali mesmo diante dele, lhe respondeu:
- Senhor, Jorge de Albuquerque não vai adiante, nem fica atrás, nem tomou por
outro caminho.
Cuidando D. Jerónimo que zombava, quase se houve por desconfiado, e lhe
disse que não gracejasse, e respondesse à pergunta.
E Jorge de Albuquerque:
- Senhor D. Jerónimo: se vísseis Jorge de Albuquerque, conhecê-Io-íeis?
- Decerto.
- Pois sou eu, Jorge de Albuquerque! E vós sais meu primo, D. Jerónimo, filho de
_ D. Isabel, minha tia. Iulgai dos trabalhos por que passei!
~ Só havia um ano que se não viam.
Op. cito [pp. 130-134]
349
e
Aventuras e desventuras dos Descobrimentos
q
a
a 25. Em trabalho de grupo, prepara uma intervenção em que faças a leitura expressiva e
20 a
dialogada do excerto, seguida de uma apresentação oral, considerando as linhas de
rr final da obra, corres-
v1omento
-nte ao regresso (chegada a leitura abaixo.
é
dos sobreviventes e seu repa-
mro).
lo
26. Breve apresentação do capítulo V da História Trágico-Marítima, com incidência na loca-
legação sem condições e sem lização do excerto lido na estrutura interna do relato.
Inça tãde sobrevivência (clímax
sespero. provocado pela des-
25
27. Síntese da ação narrada.
ql
l do leme e pela fome extre-
proxtmaçào de terra e pedido
tu 28. Explicitação da atitude das personagens face aos acontecimentos com que se depa-
dlio a várias embarcações; che-
ram e relação entre as várias atitudes.
na
los sobreviventes a terra, roma-
Jorge de Albuquerque e diálo-
tu
li deste com o primo.
29. Referência à expressividade que a enumeração e a adjetivação assumem na caracteri-
ar
udes das personagens face aos zação de Jorge de Albuquerque.
xirnentos:
30 na
! de Albuquerque: solidarieda- 30. Explicitação da função e da expressividade do diálogo entre Jorge de Albuquerque e
aternidade, capacidade de mo-
da D. Jerónirno,
ão e de liderança (apesar do
eu
nimo sentido em certos mo- 31. Relacionamento do excerto com a epopeia Os Lusíadas.
tos), sentido de justiça (recom- 1
sa
a aos que o ajudam), vivência 0
cristã; Guia de preparação da intervenção oral
nte tripulação da nau "Santo
nio": desespero (capaz de levar · Leitura do texto.
mibalismo ou ao suicídio), sem · Discussão das linhas fundamentais do excerto, com os restantes
cidade de discernimento (von- elementos
de lutar com os companheiros); do grupo (cf. linhas de leitura).
lação das primeiras embarca-
a quem é pedido auxilio: indi- Leitura · Anotação das emoções sugeridas pelo texto; associação das emoções a
Iça face ao pedido de auxílio, expressiva
de compaixão humana; marcações de voz.
Ilação da última embarcação a
e dialogada
n é pedido auxílio: solidarieda- · Distribuição das partes do texto pelos elementos do grupo, de acordo
prestabilidade. com
ge de Albuquerque: critérios definidos pelo grupo.
neração: "tinha ainda o cuidado
rover a tudo, e o de comandar, · Treino da leitura dialogada, em grupo.
otar. animar os homens, com uni- · Apresentação da leitura dialogada.
seu fogo" (11. 3-4);
tivação: "Tão são lhes parecia e
bem-disposto, tão prazenteiro,
arte continuador dos seus traba-
'(11. 8-9);
e da capacidade de motivação
liderança.
lfere vivacidade e verosimilhan-
relato; contribui para a caracte-
o dos aspetos negativos dos
orímentos (sofrimento e priva-
oassados pelos marinheiros nas
ns ultramarinas).
erto como reflexo de duas ver-
; dos Descobrimentos:
ições e perigos passados em al-
ar (dimensão antiépica); chega-
pátria e repatriamento - conse-
o do objetivo (dimensão épica).
vsiaoas - perigos da viagem de
o da Gama à India (ex.: Adamas-
-scorbuto. tempestade, etc.); re-
la sobre a fragilidade da vida
,a na (final do Canto 1); chegada
portugueses à India; recompen-
elo seu sucesso e regresso à pá-
dimensão épica).
36.
FAUSYC>
Oralidade I Escrita <:PO •.••• CAS DA lEIltRA AkDoIi •.• lI.
7. História Trágico-Marítima
Teste formativo
Teste
2. Ouve e lê um excerto de cada uma das músicas referidas. (50 PONTOS)
formativo
(100 PONTOS) Oralidade I Escrita
uns
1 maresque
viagem queeuo levaram
não vou para longe, e de mais esse tormento se viram livres. da Terra
GRUPOArdente,
I de Fausto.
20 são gemidos e medos 1. Devido à tempestade, foram arre-
nunca chegaPassadosaté aotrêsfim
dias, em que continuamente se deu à bomba, começou enfim a 2.1. "A tua presença" - alheamento/
são suspiros e prantos batados o mastro grande e o mastro
ausência, em articulação com a sau-
abonançar
~ longe a procela", da mezena e os respetivos aparelhos.
dade (da pátria).
e rezando demais Para além disso, a tempestade provo-
"Na ponta do cabo" - viagem / peri-
Dos pedaços da ponte que o mar abatera, e de três remos
longe do de
batel que escapa- cou ainda a morte de um dos corsá-
alijando menos gos da viagem (referência à iminência
rios franceses e ferimentos em diver-
20 ram do estrago, trataram logo de improvisar um mastro e armaram
tão longe e o maunele uma vela-
de um naufrágio provocado pelas ro-
vai o bom sos tripulantes portugueses, levando
chas de um cabo).
zinha.
que de repente tu chegas 25 este e aquele mundo
ainda a que os sobreviventes pensas-
Sugestão: Poderá ser referido o con-
sem que iriam morrer afogados.
traste temático das duas composi-
tu brilhas e luzes vai o barco e a nau Op. cit. [pp. 124-126] 2. Na segunda frase do texto, a enu-
ções, relacionando-as com o sofri-
meração confere visualismo ao acon-
na cor das laranjas
I. mastro da mezena: mastro da ré. vai a pique e ao fundo mento associado aos Descobrimentos
tecimento narrado, realçando, por
(mais passivo e interior em "A tua pre-
33. e tinges
tu coras barlavento: lado de onde sopra o vento. meio da concretização/exemplifica-
sença': mais ativo e físico em "Na pon-
34.
a mancha da marca
procela: tempestade.
salva
çào, os danos materiais provocados
ta do cabo").
pela tempestade.
2.2. Descrição sucinta do álbum/co-
3. Jorge de Albuquerque revela-se um
na alma da luz salva o corpo mentário crítico:
· capitão determinado,
duplo CD (20com capacida-
canções),
da sombra que finges 30 Ó corpo Santo de de liderança ("Mandou o Albuquer-
constituído
que alguém
por letras e músicasà coberta",
de FaustoI. 8).Bor-
Para além
~ tu1.jáRefere
não me oslargas
efeitos provocados pela tempestade salvana nau e nos marinheiros. (20 PONTOS) disso,
dalo Dias apesar da situação denos
e baseadas/inspiradas perigo
emdaque se encontra, mostra-se preo-
saudade [ ... ] relatos História Trágico-Marítima;
Fausto, Crónicas da Terra Ardente,
· cupado com os membros
temática da sua tri-
da diáspora
2. Explícita o valor expressivo da enumeração naSony
segunda frase do
Música (Portugal), excerto.
1994 [com supressões] (20 PONTOS) pulação, transmitindo-lhes ânimo e
portuguesa
motivação
(idêntica às dos ('1orge
álbuns de PorAlbuquerque,
Este Rio
Acimaapesar de tudo,
e Em Busca das consolava
Montanhas os tristes,
2.1.
35. Identifica o(s) tema(s)
Apresenta duas daspredominante(s) de cada um dos
características psicológicas excertos.
de Jorge de Albuquerque, Azuis);afirmando-lhes a esperança de se saí-
· rem daquilo.",
elevada11. 11-12).
densidade
fundamentando
2.2. Se puderes, aouve
tua resposta em referências
integralmente o álbum etextuais.
redige uma apreciação crítica do mesmo
(20 PONTOS) 4. Durante
narrativa e musi-a tempestade, os marinhei-
cal; ros revelam-se "desgraçados" e cons-
ou de uma das canções mencionadas. Escreve um texto bem estruturado, em que · cientes da tomiminência
dramático; da morte - ainda
36. estejaComenta
presenteauma
evolução do comportamento
descrição dos marinheiros
sucinta e um comentário críticoapresentada
do álbum ou da can- · assim, continuam a dar à bomba
ritmo e instrumentos
terruptamente.
da inin-
Terminada a procela,
música tra-
ao longo do excerto.
ção escolhida, tendo em conta a letra e a música.
(20 PONTOS)
reagem
dicional de forma positiva e determi-
portuguesa;
Ver Apreciação crítica, p.
40 · nada, tentando minimizar os danos
expressão de
provocados pela tempestade.
sentimentos humanos
~ S. Divide o texto
Nota: Para em
que o teu partes
texto lógicas
resulte bem e apresenta,
estruturado, para os
marca corretamente cada umaedelas,
parágrafos uma frase
utiliza conecto-
universais (medo, incerteza, desen- »
~ que res adequados.
sintetize o respetivo conteúdo. (20 PONTOS) canto, alienação depois de uma ex-
periência dolorosa). 351
Ver exemplo de apreciação crítica do ál-
ENClOEPU3
bum, p. 354. 353
« )4
o texto pode ser dividido em L
duas ê
Irtes/ógicas. Na primeira parte
(dois O
imeiros parágrafos), descreve-
se a
t
npestade bem como os danos
por
e
I provocados. Na segunda parte
x
rceiro e quarto parágrafos), t
desta- o
-se o fina/ da tempestade e a
reação
s
s marinheiros no sentido de
prosse-
e
irem viagem. g
uinte. causar no universo da música portuguesa.
Até então, apenas José Afonso conseguira (com Cantigas do Maio, em 1972)
5 elaborar uma obra tão radicalmente diferente de tudo o que existia e,
P simultanea-
o mente, tão cheia de novos caminhos por explorar.
Falo da música, mas também da poesia (ao nível da melhor que em terras
r lusas
se tem publicado) e, ainda, de um conceito estético que, na realidade, só
depois de
f Por Este Rio Acima tomou forma definitiva: a Música Popular Portuguesa,
a enten-
10 dida como uma forma de identidade cultural multi-expressiva e não, como
v preten-
diam os seus detratores, como um modelo de uniformização formal.
o Por tudo o que ficou dito, é fácil perceber a tendência (predominante em al-
r guma da chamada "crítica discográfica" nacional) para a comparação de cada
novo
, trabalho de Fausto com Por Este Rio Acima. ada mais lógico, mas também
nada
15 mais redutor. De resto, basta uma audição atenta de O Despertar dos
l Alquimistas
e ou de Para Além das Cordilheiras, para entender que, desde 82, a arte e o
pensa-
i mento de Fausto não pararam de evoluir.
a a duplo CD agora publicado, Crónicas da Terra Ardente, vai, decerto,
acentuar
m essa síndrome comparativa de que padecem os críticos menos atentos. a
próprio
20 Fausto, ao retomar a temática inesgotável da Diáspora, lhes facilitou de certa
e forma
s o "trabalho': Função inútil, creio eu, já que será difícil encontrar outros
pontos de
t contacto entre os dois discos, para lá do tema genérico e da filosofia
e musical do seu
autor.
s A densidade (narrativa e musical) assume, em Crónicas da Terra Ardente, uma
25 dimensão nunca antes experimentada por Fausto. Assim como o sentido do
trá-
d gico, assumido não como um destino, mas quase como uma condição.
Uma vez mais, Fausto surge perante nós como um navegador solitário contra
i as
s correntes dominantes da moda e do consumo. Os adeptos da "estética do
hambur-
c guer" decerto não vão gostar, mas também não foi a pensar neles que Fausto
o deu A
30 forma e som a estes "contos dos matagais, dos rios e das serras, de vales e :
s quebra-
das, lugares e caminhos por toda aquela terra adentro': [ ... ]
A verdade é que o tempo das certezas está definitivamente morto, e e
POR V
Fausto r
Quando sabe-o melhor que ninguém. E convém não esquecer que, embora tendo
editou Por como re-
Este Rio ferência fundamental uma obra literária do século XVI - a História Trágico- E
Acima, no já Marí- s
longínquo ano 35 tima - este trabalho não se limita a reinterpretar os relatos reunidos por
de 1982, Bernardo
Fausto Bor- Gomes de Brito, mas procura dar-lhes uma dimensão contemporânea -
p
dai o Dias como,
é
estaria longe aliás, aconteceu em Por Este Rio Acima, relativamente à Peregrinação, de
de imaginar a Fernão
verdadeira Mendes Pinto.
o
revolução que http://www.attambur.com/Noticias/20021t1FaustoJeiam_estes_d
esse seu disco l
iscos.htm
iria ץ
[Consult. 09-1 0-2014, com supress es]
38.
7. História Trágico-Marítima
37. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opção correta. Escreve, --~'
~
na GRUPO 11
folha deEste
1.1. respostas, o número de
texto classifica-se cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
como (5 PONTOS)
1.1. c.; 1.2. c.; 1.3. a.; 1.4. c.; 1.5. c.;
1.6. b.; 1.7. b.
38. síntese. 40. apreciação 2.1. a. Editado o álbum Crónicas da
crítica. Terra Ardente - oração subordinada
39. exposição sobre um tema. adverbial temporal (não finita partici-
41. relato de pial); comprei-o de imediato - oração
1.2. A obra que constitui o tema predominante deste texto é (5 PONTOS) subordinante.
viagem. b. Comprei o último álbum de Fausto -
42. Por Este Rio Acima. c. Crónicas da Terra Ardente. oração subordinante; para o ouvir
43. Cantigas de Maio. d. História Trágico-Marítima. otentamente - oração subordinada
adverbial final (não finita infinitiva).
c. A não ser que não tenha tempo - ora-
1.3. De acordo com a primeira parte do texto, o disco Por Este Rio Acima (5 PONTOS)
ção subordinada condicional (finita);
44. influenciou a música portuguesa. lerei as letras do álbum ainda hoje -
oração subordinante.
45. foi influenciado por ecos revolucionários.
46. teve mais êxito do que a obra Cantiga de Maio. GRUPO 11I
Apesar de terem sido produzidos
47. distingue-se ligeiramente das restantes músicas da época. em épocas aproximadas, Os Lusíadas e
a História Trágico-Marítima abordam
de diferentes formas a temática dos
1.4. Até à edição de Por Este Rio Acima, a música popular portuguesa era Descobrimentos.
concebida como (5 PONTOS) Em Os Lusíadas, os Descobrimen-
tos são perspetivados de forma dico-
48. forma de identidade cultural. 50. forma de padronização. tómica - privilegiando-se quer a sua
49. tendência estética subtil. 51. meio de vulgarização da dimensão épica quer a sua vertente
antiépica. Assim, como epopeia que
cultura. são, Os Lusíadas exaltam o povo por-
1.5. A comparação entre Por Este Rio Acima e Crónicas da Terra Ardente tuguês, divulgando os seus feitos
grandiosos e apresentando uma visão
é encarada por Viriato Teles como (5 PONTOS)
heróica do mundo - nesse sentido, a
52. abrangente. c. restritiva. viagem de Vasco da Gama é encarada
como um acontecimento de inestimá-
53. incoerente. d. ilógica. vel importância, representativo do va-
lor dos Portugueses. No entanto, nes-
1.6. Em "Fausto surge perante nós como um navegador solitário contra as ta obra perpassa também um espírito
de desencanto e descrença relativa-
correntes dominantes da moda e do consumo." (11.27-28) está presente uma (5 PONTOS)
mente às ações humanas. A prová-lo