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Ficha informativa 10

4. JOSÉ SARAMAGO
Memorial do Convento
Ficha informativa 10
Memorial do Convento

Caracterização das personagens. Relação entre elas


Personagens históricas Personagens ficcionais
D. João V Blimunda Sete-Luas
A sua caracterização assenta na sátira e na ridicularização da Batizada de Sete-Luas por «ver às escuras», é uma mulher
sua forma de ser. Representa o poder real absolutista, o do povo que vive um amor apaixonado, franco e leal com
megalómano e devoto fanático que submete milhares de Baltasar. Tem o dom de, em jejum, ver o interior das
homens ao cumprimento de uma promessa pessoal, pessoas e das coisas, o que lhe permite recolher as duas mil
desviando as riquezas nacionais para a satisfação de um «vontades» indispensáveis para o voo da «passarola».
capricho. A vaidade condu-lo a equiparar-se a Deus nas suas Detentora de grande densidade psicológica e de uma
relações com as religiosas. No entanto, perante a sua perseverança sem limites, procura Baltasar durante nove
condição humana, procura antecipar a sua imortalidade, anos, unindo-se ao mesmo numa comunhão espiritual ao
através da sagração do convento no dia do seu resgatar a sua «vontade», quando finalmente o reencontra.
quadragésimo primeiro aniversário.
Baltasar Sete-Sóis
D. Maria Ana Josefa Homem do povo, analfabeto e humilde, aceita a vida tal
A esposa do rei, de origem austríaca, é uma mulher devota e como esta se lhe apresenta. De alcunha Sete-Sóis, perdeu a
submissa, cujo papel se resume basicamente a dar herdeiros mão esquerda na guerra de Sucessão de Espanha. Conhece
ao rei, vivendo, de forma passiva e insatisfeita, um Blimunda num auto de fé, e a ela se liga amorosa e
casamento baseado na aparência, na sexualidade reprimida espiritualmente. Ajuda na construção da «passarola»,
pela imposição de um código ético, moral e religioso. sonho que passa também a ser seu, trabalhando, após o
Consegue libertar-se da sua condição através dos sonhos, seu voo, nas obras do Convento de Mafra. Morre num auto
nos quais assume a sua feminilidade. de fé da Inquisição.
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
O «Voador», apodo que ironicamente lhe foi dado, acalenta o sonho de um dia voar, daí o seu projeto da «passarola», apoiado
por D. João V. Mantém laços de profunda amizade com Baltasar e Blimunda, que o ajudam na construção e no voo da «máquina
voadora». Representa as novas ideias que causavam estranheza numa sociedade inculta e que o tornaram alvo da Inquisição.
Evidencia, ao longo da obra, uma profunda crise de fé, acabando por morrer louco em Toledo, Espanha, para onde fugira com
medo do Santo Ofício.

Domenico Scarlatti
Músico italiano que foi contratado para dar lições de música à infanta D. Maria Bárbara. Também ele partilha o segredo da
construção da «passarola», assumindo papel de destaque na cura de Blimunda através do poder da sua música.

O povo
O povo trabalhador é o verdadeiro protagonista de Memorial do Convento. Espoliado, rude, violento, o povo
atravessa toda a narrativa, numa construção de figuras que, embora corporizadas por Baltasar e Blimunda,
tipificam a massa coletiva e anónima, tantas vezes subestimada e esquecida pela História, que tornou possível, à
custa do seu sacrifício e, muitas vezes, da própria morte, a edificação do convento.

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