Você está na página 1de 7

PORTUGUÊ S – EDUCAÇÃ O

LITERÁ RIA
CARACTERÍSTICAS – CONTO

Ação:

 Brevidade da açã o
 Concentraçã o dos acontecimentos, sem inserçã o de intrigas secundá rias
 Unidade da açã o ou sequência de microaçõ es

Personagens:

 Nú mero reduzido de personagens, por vezes, pró ximas da categoria-tipo


 Centralidade de uma das personagens, que dá unidade ao conto

Tempo:

 Brevidade temporal: recurso ao sumá rio e à elipse


 Desvarolizaçã o da pausa descritiva

Espaço:

 Limitaçã o espacial (raramente as personagens se deslocam para outro espaço)

Discurso: modos de expressão:

 Predomínio da narraçã o e do diá logo em detrimento dos restantes modods de


expressã o (descriçã o, ...)

ESTRUTURA DO CONTO

INTRODUÇÃ O

Situação/Peripécia inicial:

 Exposiçã o do conjunto de circunstâ ncias com base nas quais se vai desenrolar a
intriga: enquadramento geral, apresentando o(s) protagonista(s), o tempo e o
espaço (físico, social, cultural...) em que decorre a açã o.

DESENVOLVIMENTO

Complicação:
 Acontecimento(s) que altera(m) o equilíbrio e a imobilidade pró prios da situaçã o
inicial
 Constitui a resposta à pergunta «nessa altura, o que é que aconteceu?».
 Acontecimento(s) causador(es) de outro(s) que se insere(m) na reaçã o

Reação:

 Acontecimento que constitui o nó da açã o e que se desenrola até à fase de


resoluçã o

Resolução:

 Representa a resposta à questã o «qual foi o acontecimento decisivo desta


histó ria?»
 Inclui o verdadeiro clímax da intriga

CONCLUSÃ O

Situação/Peripécia final:

 Assinala o fim da narrativa propriamente dita (ou seja, do(s) acontecimento(s) que
nela está /estã o incluído(s)
 Enquadra o(s) protagonista(s) num novo contexto, revelando, explícita ou
ímplicitamente, de que maneira foi/foram afetado(s) ou modificado(s)

“SEMPRE É UMA COMPANHIA”

NEORREALISMO

 Realismo social
 Objetividade e simplicidade
 Temá tica social, econó mica, histó rica e regional
 Vulgarizaçã o das personagens
 Linguagem popular, coloquial
 Exemplo de expressã o: “iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia,
lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite. Mais nada que
oi abandono e a solidã o.”

TEMPO

 Tempo psicológico

A solidã o de Alcaria faz com que o tempo passe mais devagar

Realça o marasmo vivido na aldeia

 Tempo histórico

Anos 40 do sé culo XX (referê ncia à eletricidade e telefonia)


ESPAÇO

 Espaço físico:

 Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”


 Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local onde
reina o desleixo
 “Fundos da casa”: espaço de habitaçã o sombrio separado da venda
 Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro Marim Beja
 O espaço exterior conflui para representar os sentimentos negativos do
protagonista

 Espaço psicológico:

 A recordaçã o que Batola faz do seu amigo Rata concretiza uma marca
de espaço psicoló gico.
 O mendigo recordado por Batola era aquele que, por sair da aldeia, lhe
trazia novidades, trazendo alguma alegria ao protagonista, o que
comprova o seu apreço pela liberdade e mundo exterior.
 Esta aldeia faz com que Batola se sinta solitá rio, isolado de tudo, já que
nã o estabelece convivê ncia com os outros habitantes da aldeia

 Espaço sociopolítico:

 Espaço socialmente e economicamente deprimido. Os homens


trabalham na agricultura (trabalho á rduo) e a venda de Batola nã o é
muito frequentada.
 Situaçã o de misé ria, vida precá ria que oprime os pequenos camponeses

NARRADOR

 Heterodiegético
 Omnisciente
 Ponto de vista subjetivo
 O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos, conhece o
passado e o mundo interior das personagens
 O narrador centra a atençã o do leitor no abandono e solidã o sentidos
pelo protagonista
 O narrador conhece os pensamentos de batola e desvenda como se vã o
formando: o desgosto leva-o a fachar-senum mundo de evocaçõ es
PERSONAGENS

 António Barrasquinho; Batola

 Homem de estatura baixa


 Agressivo (com a sua mulher)
 Preguiçoso/improdutivo
 Alcó olico
 Problemas com solidã o e com a frustaçã o (bebida, violê ncia,
imaginaçã o)
 Passividade
 Iné rcia
 Raiva
 Grosseria
 Revolta passiva
 Definido pelo nome pró prio, o sobrenome e a alcunha

 Mulher do batola

 Expedita
 Dominadora
 Trabalhadora incansá vel
 Gere a casa e o negó cio da família, é ela «quem abre a venda»
 Alta
 Ené rgica
 Determinada
 Nã o é dito o seu nome
 Sente-se sozinho apó s a morte de Rata, pois “novas trazidas por aquele
companheiro eram a ú nica hipó tesede vencer o silê ncio do meio.”

 Velho rata

 Companheiro de batola
 Mendigo e viajante
 Mensageiro do exterior
 Doença condena-o a uma vida estagnada e de grande privaçã o
(suicidou-se quando deixou de poder viajar)

 Vendedor

 Homem elegante
 Afá vel
 Cativante
 Convincente e calculista
 Vendedor de aparelhos eltró nicos
 Comerciante e amigo de vender

 Ceifeiros e habitantes da aldeia

 Existê ncia dura, desgastante e carenciada


 Trabalham de “sol a sol”
 “figurinhas” metaforicamente aparentadas com gado
 Os homens perdem características humanas e o mundo inanimado
adquire-as

TELEFONIA

ANTES:

 “Carregado de tristeza, o entardecer demora anos”


 “lá vê m figurinhas dobradas pelos atalhos, direito à s casas tresmalhadas da
aldeia”
 “um suspiro estrangulado sai-lhe das entranhas e engrossa até se alongar,
como um uivo de animal solitá rio”

DEPOIS:

 “um sopro de vida paira agora sobre a aldeia”


 “e sentem que já nã o estã o tã o distantes as suas pobres casas”
 “há assuntos de sobra para conversar”
 “e os dias passam agora rá pidos”
 “sempre é uma companhia”

Importância:

 Mú sica – alegria e convívio – fim do isolamento de Batola (“diferente” de


tristeza e solidã o)
 Notícias – abertura ao mundo (“diferente”) do isolamento de Alcaria

RELAÇÃ O ENTRE BATOLA E A SUA MULHER

Apesar de ditar as leis quanto à organizaçã o da casa e da venda, a mulher de Batola era
vítima de violência doméstica física e estava submetida ao poder do marido. O equilíbrio é
atingido apenas quando a mulher observa as transformaçõ es que se operam em Batola
apó s a chegada da telefonia.

 Secura
 Frieza
 Silêncio
 Revolta
 Ira/raiva
 Ressentimento
 Ausência de comunicaçã o

RELAÇÃ O ENTRE OS HABITANTES DA ALDEIA COM BATOLA E A SUA


MULHER

Antes da telefonia relaçã o distante devido à á rdua vida dos ceifeiros nas terras que lhes
retira a vontade de conviver no café de Batola. Apó s a chegada da telefonia tudo se altera e
o convívio é evidente.

DA SOLIDÃ O À CONVIVIALIDADE

Na expressã o «Sempre é uma companhia», o advérbio «sempre» tem o sentido nã o de todo


o tempo, mas de ao menos. Chegados ao final do conto, os leitores pressentem que as
ingratas condiçõ es de vida (ao nível econó mico, laboral) dos habitantes de Alcaria nã o
serã o modificadas; os efeitos do isolamento continuarã o a ser sentidos por todos. Mas a
inquietaçã o de saber novas do mundo, de se sentirem integrados culturalmente, de terem
a oportunidade de gerar uma nova dinâ mica de relaçõ es pessoais, de vencerem a solidã o, o
silêncio, o abandono, encontrarã o reposta na voz do rá dio – afinal, um alento para aquela
comunidade social e geograficamente.

IMPORTÂ NCIA DAS PERIPÉ CIAS INICIAL E FINAL

No início de “Sempre é uma companhia”, nã o sã o apenas indicados o isolamento


geográ fico, a solidã o e o silêncio. De forma delicada, vai-se dando conta das condiçõ es
sociais indignas que os habitantes de Alcaria enfrentam. Elas sã o tal ordem que os
habitantes perdem as suas características humanas.

Batola e a mulher sã o exemplos de uma vida na qual apenas há lugar para a frustaçã o, a
frieza, o ressentimento.

No final, a mulher de Batola ao concordar com a compra da telefonia para a “venda”


permite a mudança na aldeia e na sua pró pria casa. Os habitantes vã o juntar-se para
escutar as notícias que os ligam ao resto do mundo e conviver ao som da mú sica. Batola
altera por completo o seu comportamneto e mostra-se animado.

A radiotelefonia, uma inovaçã o para a aldeia, devolve a todos parte da humanidade


perdida ou nunca antes experimentada.

RECURSOS EXPRESSIVOS
Hipérbole

“o sol faz os dias do tamanho de meses”

Personificação

“A noite vem de longe, cansada, tomba tã o vagorosamente que o mundo parece que
vai ficar para sempre naquela magoada penumbra”

Metáfora – salientam a constataçã o de que os habitantes voltariam a sentir o


isolamento e a solidã o que lhes eram característicos antes da chegada da telefonia.
Mais uma vez, iriam sentir que estavam “muito longe”, no “fim do mundo” e que s ó
lhes restava “o abandono e a solidã o”

“Fora esperava-se o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridã o, iam ser, outra
vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado
pelo cansaço e pela noite”.

Você também pode gostar