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Sempre é uma Companhia – Manuel da Fonseca

 Conto que encerra a memória de uma aldeia que


vive em precariedade extrema;

 Consagra o retrato sociocultural do Alentejo na


primeira metade do séc. XX (refúgio,
comportamentos antissociais e a desistência da
vida, relações afectivas conturbadas e a
necessidade de busca de um rumo);

Solidão e Convivialidade
 Conto marcado pelo isolamento geográfico da
aldeia (Alcaria) e pela solidão de Batola
(António Barrasquinho). Este tem uma relação
com a mulher tensa e tem uma ocupação
diferente da da maioria da população da aldeia,
o que o leva ao afastamento e ao isolamento.
As conversas com Rata quebram esse
isolamento, havendo uma quebra quando este
se suicida;
 A chegada da radiotelefonia, nos anos 40 do
séc. XX, traz benefícios à população, na medida
em que os habitantes da aldeia começam a sair
de casa à noite para ouvirem notícias do país e
do mundo, ouvir música e dançar. Aumenta o
convívio entre os habitantes;
Caracterização das Personagens
 Batola – homem fraco, entregue ao vício do
álcool. Preguiçoso e conformado com a sua
vida e agressivo com a mulher. Revolta-se
com o vazio interior da sua vida. Com a
chegada da telefonia, vence a solidão e
transforma-se num homem com vitalidade e
ânimo;
 Mulher do Batola – oposta ao marido (física e
psicologicamente). Determinada, organizada
e sensata na gestão da casa e do negócio, o
que permite viver com mais desafogo do que
os agricultores da aldeia;
A relação do casal é marcada pelo silêncio,
frieza e vazio de sentimentos. Por vezes, o mal-
estar e a tensão dão lugar à agressão da mulher
por parte de Batola.
 Rata – amigo de Batola, embora muito
menos passivo que este, pois sai da aldeia
e percorre o Alentejo. Suicida-se quando a
miséria e a doença o obrigam a ter uma
vida de privações;
 Habitantes da Aldeia – quase todos
trabalhadores agrícolas com vida dura,
miserável, trabalhando de sol a sol;
 Vendedor da Telefonia – elegante,
sedutor, convincente;
Espaço Físico, Psicológico e Sociopolítico
 A acção decorre em Alcaria, na qual se destaca
a vida do casal, proprietário da “venda”. A casa
é apenas constituída pela habitação e loja.
 A aldeia é um espaço físico claustrofóbico, que
determina vidas rotineiras, vazias e tensas;
 O narrador tem acesso às angústias e
pensamentos das personagens, dando conta de
um espaço psicológico marcado pelo vazio e
frustração;
 A nível do espaço social, Alcaria é uma aldeia
rural isolada do resto do mundo e parada no
tempo. Os seus habitantes vivem com grande
atraso social e cultural que reflecte as políticas
do Estado Novo. Este espaço permite as críticas
às opções do governo de Portugal, na década
de 40 do séc. XX;
 Na segunda parte do conto dá-se uma grande
alteração com a chegada da telefonia à aldeia,
permitindo aos seus habitantes, o contacto
com o resto do mundo, atenuando o
isolamento;
Importância das peripécias: inicial e final
 No início do conto não são apenas indicados o
isolamento geográfico, a solidão e o silêncio.
Vai-se dando conta das condições sociais
indignas que os habitantes da aldeia
enfrentam, perdendo, até, as suas
características humanas;
 Batola e a mulher são exemplo de uma vida de
frustração, frieza e ressentimento;
 No final, a mulher de Batola, ao concordar com

a compra da telefonia para a “venda”, permite


a mudança na aldeia e na sua própria casa. Os
habitantes vão juntar-se e Batola altera por
completo o seu comportamento e mostra-se
animado. A telefonia devolve a parte da
humanidade perdida ou nunca antes
experimentada naquela aldeia;

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