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LIÇÃO 1 – JOÃO 1: O VERBO DE

DEUS PREEXISTENTE E
HUMANIZADO

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Neste trimestre, nosso objeto de
estudo revelará a verdade
incontroversa de que Jesus é o Filho
de Deus, o Verbo eterno que se fez
carne e hoje habita em nós.

A princípio nós temos algumas


informações básicas a respeito do
livro que iremos estudar este
trimestre:
- Autoria: Diferente dos 3
primeiros evangelhos, João se
identifica dizendo: “E é esse o
discípulo que dá testemunho dessas
coisas e que as escreveu”. (Jo 21.24).
- Data de sua escrita: ao final do
século I.
- Seu contexto: na Ásia Menor,
após os demais evangelhos já
estarem circulando pelas igrejas,
apóstolos estarem mortos por
intermédio do martírio e sob uma
ameaçadora heresia.

PARA COMEÇAR A AULA


Enquanto o capítulo 1, do
Evangelho de Mateus e o capítulo 3
do Evangelho de Lucas tratam da
genealogia de Jesus, se
preocupando em expor Jesus como
vindo de linhagem de reis ( já que
genealogia representa história); João
se preocupou em mostrar Jesus
como o Verbo preexistente.
Jesus, em sua encarnação, ele foi
mais formoso do que os filhos dos
homens, a graça se derramou sobre
seus lábios e Deus o abençoou para
sempre.

INTRODUÇÃO
O Evangelho de João é o livro
mais lido do mundo. Sua mensagem
tem sido instrumento poderoso nas
mãos de Deus para levar multidões
sem conta aos pés do Salvador.
O apóstolo João o escreveu em
Éfeso, nos anos noventa. É
endereçado ao público geral, a
judeus e gentios. O propósito
específico está em João 20.31: “Para
que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome”.
Cerca de 90% do Evangelho de
João é exclusivo, não é encontrado
nos sinóticos, conforme você pode
conferir neste quadro, em que
constam as passagens encontradas
somente no evangelho de João.
Exatamente por isso todos os temas
que estudaremos são exclusivos do
livro de João.

QUADRO
Vamos verificar também que João
não traz as parábolas mencionadas
nos demais evangelhos, nem
menciona o discurso escatológico.
Não existe nenhum episódio de
expulsão de demônios e nenhum
relato de cura de leprosos.
Nós não vamos encontrar
também a lista dos doze apóstolos,
nem a instituição da ceia.
Note que, João não faz referência
ao nascimento de Jesus, nem ao seu
batismo, transfiguração, tentação,
agonia no Getsêmani, nem à sua
ascensão.
I. JESUS, O VERBO DIVINO (Jo
1.1-5)
João não inicia com a genealogia
de Jesus, como fez Mateus e Lucas,
porque seu objetivo é apresentar
Jesus como Deus.
E, sendo Deus não possui criação,
pais e, ainda genealogia.

1. O Verbo é eterno e divino (Jo


1.1)
No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus
Essa é a grande tese de João.
Numa só sentença, o primeiro
versículo do Evangelho de João
declara a eternidade, a
personalidade e a deidade de Cristo
(1.1). João pretende que todo o seu
Evangelho seja lido à luz desse
versículo.
a) Eternidade (1.1a). “No
princípio era o Verbo”. João recua à
eternidade, antes do princípio de
todas as coisas.
Quando tudo começou (Gn 1.1), o
Verbo já existia. Ele já existia antes
que a matéria fosse criada e antes
que o tempo começasse. É o Pai da
eternidade.
b) Personalidade (1.1b). “E o
Verbo estava com Deus”. Ele estava
no princípio com Deus.
O Verbo não é uma energia
cósmica, mas uma pessoa. O Verbo é
Jesus.
c) Deidade (1.1c). “E o Verbo era
Deus”. João inicia seu Evangelho
afirmando de forma convincente e
autêntica a divindade do Verbo.
Jesus não é apenas um mestre
moral ou anjo; Ele é Deus.

2. O Verbo é criador (Jo 1.3)


Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez.
As duas partes do versículo dizem
a mesma coisa, primeiro de forma
positiva, quando menciona “todas as
coisas foram feitas por intermédio
dele” e, depois de forma negativa
quando menciona “sem Ele, nada do
que foi feito se fez”.
Porque os feitos e as obra de
Jesus são os feitos e as obras de
Deus.
O Verbo é o agente divino na
criação do universo.
Foi Ele quem trouxe à existência
as coisas que não existiam, tanto as
terrenas como as celestiais (Cl 1.16).
Em Hebreus 1.2 é tratado a
respeito do Filho de Deus por meio
de quem também fez o universo.

3. O Verbo é Vida e Luz (Jo


1.4,5)
A vida estava nele e a vida era
a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas
não prevaleceram contra ela.
Todos os seres que existem no
universo foram criados e, por isso,
não têm vida em si mesmos. Só
Deus tem vida em si mesmo. Só
Deus é autoexistente.
O Verbo não recebeu vida; Ele é a
vida. Dele decorrem todas as coisas.
Ele é a fonte de toda a vida que
existe, inclusive vida espiritual (3.3),
vida eterna (3.15,16;20.31) e vida
abundante (10.10).
Onde a luz chega, ela dissipa as
trevas. O mundo está em trevas.
Mas onde Jesus se manifesta de
forma salvadora, as vendas dos
olhos são arrancadas e os cativos
são trasladados do império das
trevas para o reino da luz.
No princípio havia trevas sobre a
face do abismo (Gn 1.2), até que
Deus chamou a luz à existência.
Da mesma forma, em a luz, que é
Jesus, o mundo das pessoas está
envolto em trevas.
Ele é a fonte de toda a luz (Sl
36.9). Ele é a luz do mundo (8.12).

II. ATITUDES QUANTO AO


VERBO (Jo 1.6-14)
João deixa de apresentar o Verbo
para introduzir seu mensageiro e as
reações a ele.

1. O arauto do Verbo (Jo 1.6-9)


Houve um homem enviado por
Deus sujo nome era João. Este veio
como testemunha para que
testificasse a respeito da luz, a fim
de todos virem a crer por
intermédio dele (1.6-7).
João Batista foi enviado para
testemunhas de Jesus, a fim de que
todos colocassem sua confiança
nele.
João sabia o seu lugar. Ele era o
mensageiro da luz, e não a luz; era o
amigo do noivo, e não o noivo; era a
voz, e não a mensagem; era o servo,
e não o Senhor.
Jesus é a verdadeira luz que
ilumina a todo homem (1.9).
Para o estudioso D. A. Carson, são
numerosas as testemunhas da
verdade da autorrevelação de Deus
no Verbo: há o testemunho da
mulher samaritana (4.39), das obras
de Jesus (5.36; 10.25), do Pai
(5.32,37; 8.18), do Antigo Testamento
(5.39,40), da multidão (12.17), do
Espírito Santo e dos apóstolos
(15.26,27).
Todos esses dão testemunhos de
Jesus. Todo esse testemunho foi
dado com o propósito de promover
a fé em Jesus.
Esse é o objetivo principal do
Evangelho de João (20.31).

2. A rejeição e a aceitação (Jo


1.10-11)
O Verbo estava no mundo, o
mundo foi feito por intermédio
dele, mas o mundo não o
conheceu. Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam.
O Verbo estava no mundo, e este
foi feito por meio Dele, mas o
mundo não o reconheceu.
Ele veio para os judeus, o povo
escolhido que lia o Antigo
Testamento, professando esperar por
Sua vinda.
E, mesmo assim, quando ele veio,
os judeus não o receberam. Eles o
rejeitaram, o desprezaram e o
pregaram na Cruz.
Jesus veio para o que era Seu, e
os Seus não o receberam. Embora
tenha amado Seu povo, foi por ele
rejeitado.
A aceitação do Verbo (1.12,13). A
salvação ultrapassa as fronteiras de
Israel e se estende para o mundo
inteiro.
Pessoas de todas as tribos, raças e
povos, todos os que receberem
Cristo, receberão o poder de serem
feitos filhos de Deus, de fazerem
parte da família de Deus.
Esse poder é conferido não aos
que se julgam merecedores por suas
obras, mas aos que creem no Seu
nome.
Ser filho de Deus aqui significa
muito mais do que ser criado à
imagem e semelhança de Deus (Gn
1.26,27); é ter um relacionamento
íntimo e pessoal com Ele.
Esse direito do nascimento divino
não tem nada a ver com laços
raciais, nacionais ou familiares.
Depende da recepção pela fé
daquele a quem Deus enviou.

3. A encarnação do Verbo (Jo


1.14)
E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai.
Depois de afirmar a perfeita
divindade do Verbo, João agora
assevera sua perfeita humanidade.
Jesus é 100% Deus e 100% homem..
É perfeitamente Deus e
perfeitamente humano.
a) O Verbo se fez carne (1.14a).
A expressão “se fez” tem aqui um
sentido muito especial. Não é um
“se fez” ou “se tornou”, no sentido
de ter cessado de ser o que era
antes.
Nele as duas naturezas, divina e
humana, estão presentes. Deus, o
Filho, sem cessar por um momento
de ser divino, se fez homem e
habitou entre nós.
b) O Verbo trouxe salvação para
a raça humana (1.14b).“Cheio de
graça e de verdade”.
Neste verso vemos a manifestação
da graça de Deus à humanidade!
Graça é um dom completamente
imerecido, algo que jamais
poderíamos alcançar por nosso
esforço.
O fato de Jesus ter vindo ao
mundo para morrer na cruz pelos
pecadores está além de qualquer
merecimento humano.
c) O Verbo veio revelar a glória
do Pai (1.14c). “E vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai”.
Encontramos aqui a glória de
Deus sobre os homens. Jesus é a
exata expressão do ser de Deus.
Nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade (Cl 2.9).
Quem o vê, vê o Pai, pois Ele e o Pai
são um.

III. O TESTEMUNHO DO VERBO


(Jo 1.15-18)
João Batista, como arauto de
Jesus, abre as cortinas e faz sua
apresentação.
Três verdades essenciais são
apresentadas.
1. O Verbo tem primazia (Jo
1.15)
João testemunha a respeito dele
e exclama: Este é o de quem eu
disse: o que vem depois de mim
tem, contudo, a primazia,
porquanto já existia antes de
mim.
João Batista testemunhou a
respeito Dele, exclamando: “É sobre
este que eu falei: Aquele que vem
depois de mim está acima de mim,
pois já existia antes de mim”.
Ora, se Jesus nasceu seis meses
depois de João Batista e veio depois
dele, como já existia antes dele?
A única resposta é que, antes de
Jesus nascer como homem, já existia
eternamente como Deus, por isso
tem a primazia.
2. O Verbo traz graça e o fim da
Lei ( Jo 1.16-17)
Porque todos nós temos
recebido da sua plenitude e graça
sobre graça.
Porque a lei foi dada por
intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus
Cristo.
Aquele que é a plenitude de Deus
veio oferecer-nos sua plenitude, não
apenas graça, mas graça sobre
graça.
Os seguidores de Cristo têm graça
abundante. O oceano da plenitude
divina é graça.
Não há limites no suprimento da
graça que Deus coloca à disposição
do Seu povo.
A graça não apenas anula o
pecado, mas o supera. Pela graça,
somos capacitados à viver para
Deus.
Contudo, como nos alerta o
apóstolo Paulo (Rm 5.20; 6.2), a
ilimitada graça de Deus não significa
que temos uma "licença" para
praticar livremente o pecado.
A graça nos liberta do pecado
para vivermos uma vida que
verdadeiramente agrade ao Criador.
O Verbo é o fim da Lei (Jo 1.17). A
Lei é boa, santa e justa, porém nós
somos pecadores.
Ela é perfeita, mas somos
imperfeitos. Por isso, a Lei não pode
justificar.
A Lei não tem poder para curar. A
Lei pode ferir, mas não pode fechar a
ferida.
A Lei é inflexivelmente exigente, e
nunca conseguimos atender as suas
exigências. Por isso, pela Lei estamos
condenados.
Assim, o papel da Lei nunca foi no
salvar, mas convencer-nos do
pecado, tomar-nos pela mão e
conduzir-nos a Cristo.
Ele é o fim da Lei. Nele
encontramos graça e verdade. Nele
temos copiosa redenção.
Moisés foi o mediador da Lei;
Jesus Cristo é mais que mediador, é
a corporificação da graça e da
verdade.

3. O Verbo é o revelador do Pai


(Jo 1.18)
Ninguém jamais viu a Deus; o
Deus Unigênito, que está no seio
do Pai, é Quem o revelou.
Deus é invisível, pois é Espírito.
Contudo, Jesus, o Verbo eterno, veio
ao mundo exatamente para nos
revelar Deus.
Concordo com David Stern,
quando diz que João ensina que o
Pai é Deus, que o Filho é Deus;
contudo faz uma distinção entre o
Filho e o Pai, para que ninguém
possa dizer que o Filho é o Pai.
João declara que o Verbo
encarnado tornou Deus conhecido.
Veio para revelar o Pai.
Nem Abraão, o amigo de Deus,
nem Moisés, com quem o Senhor
tratava face a face, puderam ver a
glória divina em sua plenitude.
Contudo, Jesus pode nos tomar
pela mão e nos levar a Deus.
Ninguém pode ir ao Pai senão por
Ele.
Ninguém pode conhecer o Pai
senão através de Sua revelação. Ele é
a perfeita imagem do Deus invisível.
Ele é o resplendor da glória, a
expressão exata do ser de Deus.
Quem o vê, vê o Pai, pois Ele e o
Pai são um.

APLICAÇÃO PESSOAL
Jesus é o Filho de Deus. Depositar
a fé Nele garante-nos força,
coragem e segurança para nossa
caminhada cristã.

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