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Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
PIB JUSCELINO – MARÇO 2022
Credo Niceno-constantinopolitano (381 d.C.), cerca de 56 anos depois de Niceia.
“Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas
visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos
os séculos. Luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito,
consubstancial ao Pai, por quem, foram feitas todas as coisas. O qual por nós homens e
ara a nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da
Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos
e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu
aos céus, onde está assentado à direita do Pai. Ele virá novamente, em glória, para
julgar os vivos e os mortos; e o Seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é
adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas.
E na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão
dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos; e a vida do mundo vindouro.
Amém”.

A.W. Tozer, afirmou sobre o evangelho:


“Você pode pesquisar as bibliotecas do mundo inteiro e investigar todos os livros em
todas as línguas, mas nunca encontrará um texto que se compare à João 3.16. Mesmo que
você reúna as grandes mentes de todos os filósofos, pensadores e escritores desde o
princípio dos tempos e os coloque juntos em uma sala, todos os seus talentos combinados
não conseguiriam reproduzir um texto que signifique tanto para a humanidade. Não digo
isso de modo descuidado, mas afirmo ponderadamente e com grande convicção, depois
de uma vida inteira lendo, pensando e orando”.

Charles R. Swindol, Comentário Bíblico SWINDOL, João:


“O evangelho de João é uma obra-prima da narrativa. É, ao mesmo tempo,
charmoso em sua simplicidade e desafiante em sua profundidade, uma obra rara
de literatura que crianças que gostam de diversão e filósofos de pensamento
profundo podem desfrutar igualmente” (P.18).
Características teológicas do evangelho:
1. Os 7 Encontros:
Uma diferença evidente dos sinóticos, se deve ao fato de que João não está muito interessado
nas parábolas, nos grandes sermões (do Monte, Escatológico); mas ele enfatiza os encontros
pessoais de Jesus, muitas vezes a sós.
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1) (1.43-51): Jesus e Natanael;


2) (3.1-12): Jesus e Nicodemos;
3) (4.1-30): Jesus e a Samaritana;
4) (8.1-11): Jesus e a mulher adúltera;
5) (18.28- 19.16): Jesus e Pilatos;
6) (20.24-31): Jesus e Tomé;
7) (21.15-22): Jesus e Pedro;

2. A outra face do diabo:


O presente evangelho, não apresenta nenhuma possessão à exemplo dos sinóticos (pessoas
quebrando correntes, blasfemando, assustando as pessoas...). Aqui as forças das trevas estão
em operação, mas de um jeito bem diferente.
 (8.44): Os religiosos que se opõem a Cristo são “filhos do diabo”;
 (6.70; 13.2): Judas é movido pelo diabo;
 (12,31; 14.30; 16.11): Ele é o “príncipe deste mundo”; mas em ambas as passagens,
ele não tem poder e já está condenado.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#1: CONHECENDO O EVANGELHO DA EVANGELIZAÇÃO! (João 20.30,31). 20/03/2022
“Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que
não estão registrados neste livro. 31 Mas estes foram escritos para que vocês creiam que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome”.

INTRODUÇÃO
Inicialmente preciso justificar duas coisas: o tema da série, e o tema de hoje.
O tema da série: “O Caminho Vivo e Verdadeiro!”, extrai de uma citação do monge
agostiniano: Tomás de Kempis, em “imitação de Cristo”.
“Segue-me, eu sou o caminho, a verdade e a vida. Sem caminho não se anda, sem
verdade não se conhece, sem vida não se vive. Eu sou o caminho que deves seguir, a
verdade que deves crer, a vida que deves esperar. Eu sou o caminho seguro, a verdade
infalível, a vida interminável. Eu sou o caminho reto, a verdade suprema, a vida
verdadeira, a vida ditosa, a vida incriada. Se perseverares no meu caminho, conhecerás a
verdade, e a verdade te livrará e alcançarás a vida eterna” (p.138).
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A citação está totalmente alinhada com nosso tema de hoje: “Conhecendo o Evangelho da
Evangelização”. O quarto evangelho, assim como o próprio Senhor Jesus, é o caminho que
devemos seguir para a vida eterna.
A ideia é que o evangelho de João, muito mais do que uma narrativa surpreendente
sobre Jesus e sua missão. Compõe para nós, o maior manual evangelístico de todos os
tempos. Ao mesmo tempo que o presente evangelho arrebata nossa alma firmando
nossos pés no caminho, ele também é o testemunho seguro, para apontar a direção da
vida eterna para os perdidos até os dias de hoje.
A Estrutura do Livro segundo C. H. Dodd:
 Prólogo (1.1-18);
 Livros dos Sinais (1.19 – 12.50);
 Livro da Paixão (13.1 – 20.31);
 Epílogo (21.1-25)
Hoje iremos nos concentrar no texto (20.30-31):
“Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que
não estão registrados neste livro. 31 Mas estes foram escritos para que vocês creiam que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome”.

TRÊS PARTICULARIDADES EXTRAIDAS DESTE TEXTO:


I. O EVANGELHO DOS SINAIS;
O termo aparece 18 vezes no evangelho. E como vimos, João registra 7 eventos impactantes.
Que vão da transformação da matéria para a ressurreição dos mortos.
A expressão “semeion” que segundo o teólogo Warren Wiersbe:
“O termo que João usa neste evangelho não é dunamis, que enfatiza o poder, mas
sim semeion, que significa “um sinal”. O que é um sinal? É algo que aponta para
além de si, para outra coisa maior”.
O SINAL apontava para o que? O sinal apontava para a glória de Cristo!
As Bodas de Caná, (2.11): “Este sinal miraculoso, em Caná da Galiléia, foi o primeiro
que Jesus realizou. Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele”.
O cego de Nascença, (9.2,3): “Seus discípulos lhe perguntaram: "Mestre, quem pecou:
este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?" 3 Disse Jesus: "Nem ele nem seus
pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.
A ressurreição de Lázaro, (11.4,15): “Ao ouvir isso, Jesus disse: "Essa doença não
acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado
por meio dela". (...). 15 e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para
que vocês creiam...”.

Aplicação: Nunca foi sobre cura ou exibir poder. Mas sim sobre tornar conhecida a sua
glória. Hoje vivemos uma corrida em prol de milagres. E cultos absurdamente centrados
em cura divina.
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Não existe o versículo: “Deus deseja que todos os homens sejam curados..., mas que
todos os homens sejam salvos”. Paulo tinha problema na vista e Timóteo tinha dores no
estômago.
Não existe o versículo: “os crentes seguirão os sinais..., mas os sinais seguirão os que
creem”. Perseguir sinais é uma atitude animalesca: como o gato hipnotizado pela
bolinha brilhante no chão; ou um cachorro correndo e latindo para os carros.

II. O EVANGELHO EVANGELÍSTICO;


(20.30-31): “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais
miraculosos, que não estão registrados neste livro. 31 Mas estes foram escritos para que
vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu
nome”.

João é chamado de quarto evangelho, não apenas porque foi o último a ser escrito. Mas
porque é essencialmente diferente dos sinóticos. Cerca de 90% do material de João, não
aparece nos outros. João fez isso propositalmente. Então qual critério utilizou?
Acreditamos, que ele escreveu da cidade de Éfeso, a capital da Ásia menor, a maior Igreja do
1º Séc. Logo após ser solto da Ilha de Patmos. A pedido de seus discípulos.
Citado por Eusébio de Cesaréia, em História Eclesiástica, Clemente de Alexandria afirmou:
“Mas aquele João, depois de tudo, consciente de que os fatos exteriores encontravam-se
relatados nos evangelhos, a pedido de seus discípulos e, divinamente, movido pelo
Espírito de Deus, compôs um evangelho espiritual”.

Embora haja muita especulação, do que realmente Clemente quis dizer com “evangelho
espiritual”. Eu acredito que ele traduziu aquilo que nosso texto já disse. Que o Apóstolo fez
uma seleção do material com um objetivo traçado: O de levar pessoas a crerem que “Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus”.
Eu estou convencido que inclusive a estrutura do texto utilizada por João, funciona melhor
como um guia para entender o evangelho. E certamente funciona como ferramenta para
a evangelização.
ESTRUTURA DO EVANGELHO DA EVANGELIZAÇÃO!
1. (1.1-14): O Testemunho da Eternidade: O testemunho eloquente da eternidade. O
verbo encarnado é o verbo eterno de Deus. Estava com Deus, e é o próprio Deus. E
por meio dele tudo que existe foi feito.
2. (1 – 3): O Testemunho de João Batista: O profeta do deserto, batizou e profetizou
sobre Ele. Ele mesmo não era luz, mas veio como testemunha da luz.
(1.15): “Aquele que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de
mim”; (1.29): “...É o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo... esse é o que batiza
com o Espírito Santo”.
3. (2 – 11): O Testemunho dos Sinais: Como faróis, apontavam unicamente para a
Glória de Cristo, Confirmando sua vida e ministério.
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“Sinais” é o jeito de João, de identificar os milagres de Jesus. Tão importantes para os


evangelhos.
1) (2.1-11): Transforma água em vinho;
2) (4.43-54): Cura o filho de um oficial;
3) (5.1-15): Cura do paralítico junto ao tanque de Bethesda;
4) (6.1-15): Multiplicação dos Pães;
5) (6.16-24): Jesus Anda sobre as águas;
6) (9.1-12): Cura de um cego de nascença;
7) (11.1-44): Ressuscita Lázaro;
4. (6 – 15): O Testemunho Pessoal: O evangelho também contém 7 autoafirmações de
Jesus. É muito importante sabermos o que Jesus dizia a respeito de si mesmo.
Os inimigos da fé acusam dizendo que Jesus nunca disse diretamente que era Deus. E que isso
foi um mal-entendido da Igreja. No evangelho de João essa dúvida é esmagada.
1) (6.35,48): “Eu Sou o Pão da Vida”;
2) (8.12): “Eu Sou a luz do mundo”;
3) (10.7,9): “Eu Sou a porta...”;
4) (10.11): “Eu sou o bom pastor”;
5) (11.25): “Eu Sou a ressurreição e a vida...”.
6) (14.6): “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida...”.
7) (15.1): “Eu Sou a videira verdadeira...”.
C.S. Lewis: “Em relação a Jesus temos três opções: ou ele é mentiroso (se ele não é quem diz
ser); ou ele é um lunático (se ele não é quem pensou ser); ou ele só pode ser Deus (se ele é
quem diz ser)”.
5. (1 – 20): O Testemunho Confessional: Seguindo a confissão do Batista, o evangelho
está recheado de confissões pessoais sobre Jesus. É importante ouvirmos o que as
pessoas de sua época diziam acerca dele.

1) (1.29,36): Ele é o Cordeiro de Deus (Batista);


2) (1.34): Ele é o Filho de Deus (Batista);
3) (1.49): Ele é o Filho de Deus e o Rei de Israel (Natanael);
4) (4.42): Ele é o Salvador do Mundo (Os Samaritanos);
5) (7.40): Ele é o Profeta (desconhecido)
6) (7.41): Ele é o Cristo (desconhecido)
7) (20.28): Ele é Senhor meu e Deus meu (Tomé).
Especialmente: Carson: “a confissão de Jesus como Deus – a confissão máxima da missão do
Salvador (20.28)” (p.57).
6. (13 – 19): O Testemunho da Paixão; é o clímax da sua obra. E João registra o maior
relato da paixão com riquezas de detalhes, explicando o significado teológico, e
citando as Escrituras, mostrando que Jesus cumpriu as profecias.
7. (20 – 21): O Testemunho da Ressurreição.
A partir da saudação: “Paz seja convosco”, ele comissiona seus discípulos, promete o
Espírito, reaviva a fé de Tomé e Restaura a fé de Pedro.
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III. O EVANGELHO DA VIDA.


“31 Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus e, crendo, tenham vida em seu nome”.

Das 195 vezes em que a palavra “Vida” aparece, 43 vezes só no evangelho de João. Das 43
ocorrências “vida eterna” no Novo Testamento, 17 vezes em João. Isso coloca o nosso
evangelho como o evangelho da vida.
Precisamos lembrar “Nele estava a vida” (1.4); Deus amou o mundo e enviou seu filho para
que aqueles que creem tenham “vida eterna” (3.15,16); Ele é “o pão da vida” (6.35); O ladrão
vem para matar, roubar e destruir, mas ele veio para dar vida e vida com abundância (10.10);
O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (10.11); Ele é a “ressurreição e a vida” (11.25); Ele é
o “caminho, a verdade e a vida” (14.6); a “vida eterna é esta: que te conheçam, o único e
verdadeiro Deus, e a Jesus a quem enviaste” (17.3).
Segundo Dr. Carson: “Vida” é ou vida de ressurreição ou a vida espiritual que é seu
antegozo.
O evangelho nos leva para a eternidade, onde desfrutaremos de vida eterna, e mergulharemos
no conhecimento do nosso Salvador. Mas também nos promete vida abundante no presente
também.

CONCLUSÃO
Eu não poderia encerrar hoje sem apontar o canhão na sua direção:
E você já encontrou a vida abundante, que jorra daqui até a eternidade?
Os sinais claros e audíveis te levaram à presença do Rei, ou você ficou encantado com as
portas da cidade?

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#2: O TESTEMUNHO DA ETERNIDADE! (João 1.1-5). 27/03/2022
“1 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. 2 Ela
estava com Deus no princípio. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem
ele, nada do que existe teria sido feito. 4 Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens.
5 A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram”.

INTRODUÇÃO
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Semana passada, defendemos a tese de que o evangelho de João existe com uma finalidade:
nos apresentar o “caminho vivo e verdadeiro”, isto é, Jesus Cristo, o Filho de Deus. Para
que, tendo encontrado o caminho, possamos crer e para que crendo, tenhamos vida em
seu nome.
Defendemos também, que o evangelho possui uma estrutura teologicamente pensada para
atingir esse objetivo. Divida em 07 testemunhos. Hoje veremos o primeiro: “O Testemunho
da Eternidade”.
VAMOS A ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:
I. PRINCÍPIO DE QUEM?
(v.1a): “No princípio era aquele que é a Palavra...”.

João está nos apresentando o caminho, ou seja, Jesus. E por isso ele começa com a primeira
pergunta que todos se faziam: De onde ele vem? Quando e onde surgiu?
Se tomarmos como base os evangelhos, poderíamos responder:
 Marcos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus” (Mc 1.1). Se deu
no encontro de Jesus com João Batista no Jordão, quando ele foi batizado e iniciou seu
ministério.
 Mateus: “Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt
1.1).
 Lucas: “No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias,
que pertencia ao grupo sacerdotal de Abias; Isabel, sua mulher, também era
descendente de Arão” (Lc 1.5).
Embora ele comece contando a história da família de João Batista, ele também conta
como Jesus teve que nascer em Belém. E registra uma genealogia que retrocede até
Adão. (3.38): “38 filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus”.
Mas sem sombra de dúvida, é João que nos faz perder o fôlego, retrocedendo, antes de
João Batista, antes de Davi, antes de Abrão, antes até mesmo de Adão... antes do
princípio. Porque esse não é o princípio dele, e sim o nosso. Ele vem da Eternidade!

II. POR QUE O LOGOS?


(v.1-3): “1 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. 2
Ela estava com Deus no princípio. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;
sem ele, nada do que existe teria sido feito”.

Por que João não disse: “Jesus estava no princípio. Ele estava com Deus e era Deus”. E, por
que ele escolheu uma categoria filosófica tão sofisticada para apresentar Jesus em seu
evangelho?
DUAS COISAS SOBRE O LOGOS:
1. João não está querendo falar difícil;
[A filosofia] João está escrevendo de Éfeso, o berço de toda a discursão em torno do “logos”.
Em resumo, o logos era o princípio racional pelo qual tudo existe, a essência da alma
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humana racional. Seja em Heráclito, os Estoicos ou Fílon de Alexandria; as pessoas se


dividiam nas ruas e debatiam sobre o que era de fato esse logos.
João estava contextualizando a verdade mais profunda acerca de Jesus: que de fato Ele é
Deus, e que apesar disso, se fez carne e habitou entre nós. Ele deseja que todo o seu
evangelho seja lido à luz dessa verdade.
2. João não está advogando por nenhuma escola filosófica;
Segundo, João não está advogando em favor de nenhum partido, ao contrário, está dizendo
olha todos vocês erraram. Ok, vocês acertaram em duas coisas: 1) ele criou todas as coisas;
2) e possui uma mente racional. O (v.3), corrobora essa tese:
“3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido
feito”.

O logos é o agente da criação, a poderosa atividade de Deus na criação. Dois textos do


Antigo testamento corroboram com esse pensamento:
(Sl 33.6,7): “6 Mediante a palavra (dabār/ logos) do Senhor foram feitos os céus, e os
corpos celestes, pelo sopro (ruāḥ/ pneuma) de sua boca. 7 Ele ajunta as águas do mar
num só lugar; das profundezas faz reservatórios”.
(Pv 8.22,23,30): “22 O SENHOR me possuiu no princípio de seus caminhos, desde
então, e antes de suas obras. 23 Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes
do começo da terra. (...). 30 Então eu estava com ele, e era seu arquiteto; era cada dia as
suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo”.

É muito provável que João tenha encontrado nesse texto a conexão que precisava, para ver em
Jesus, o agente e a sabedoria na Criação. João estava lendo as Escrituras...

III. QUEM É JESUS?


Nessa rica apresentação do nosso Senhor, denominado logos. João o apresenta de maneira
exata, firmando de forma indubitável, sua natureza e seus atributos:

1. Jesus é eterno: Vimos que em nosso princípio ele “era”, isto é, já existia junto ao Pai,
na Eternidade. Junto com outras palavras do próprio Mestre em João, isso fica
evidente.
(Jo 8.58): “58 Respondeu Jesus: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu
Sou!”.
(17.5): “E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que
o mundo existisse”.

2. Jesus é igual a Deus: “1 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com
Deus, e era Deus”. Sem dúvida, João afirma a divindade de Jesus diretamente.
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3. Jesus é distinto de Deus: “1 ... Ele estava com Deus, e era Deus”. Embora, seja igual
a Deus, também é distinto de Deus. Aquilo que se tornaria claramente a base da
doutrina da trindade: Só há um Deus – Que subsiste em três pessoas distintas.

4. Jesus é co-criador: “3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do
que existe teria sido feito”. Vimos também que o Poder e a Sabedoria para criar todas as
coisas, provém de Jesus. Outros escritores concordam com essa ideia.
(Cl 1.16): “15 Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, 16 pois
nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e
para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste”.
(Hb 1.1,2): “1 Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
antepassados por meio dos profetas, 2 mas nestes últimos dias falou-nos por meio do
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o
universo”.

5. Jesus é Vida e Luz dos homens.


“4 Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. 5 A luz brilha nas trevas, e as trevas
não a derrotaram”.

Por fim, Ele é a vida e a luz dos homens. João não poderia terminar melhor essa apresentação.
Primeiro assegurando que o Filho é Deus, porque possui vida em si mesmo.
(5.25,26): “25 Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos
ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão. 26 Pois, da mesma
forma como o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si mesmo”.

E que essa vida se manifesta em nós através da luz que emana dele. Através da Luz temos a
Vida!
(8.12): “Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas,
mas terá a luz da vida”.

CONCLUSÃO
Nessa maravilhosa apresentação de quem é Jesus. João apresenta o poderoso Testemunho da
Eternidade. Ele veio da Eternidade para nos salvar. Antes de ser o Verbo Encarnado Ele
era o Verbo Eterno.
Mas, por que isso é importante para nós? Ouso dizer, que o “testemunho da Eternidade” é
mais importante do que o debate sobre o logos.
O TESTEMUNHO DA ETERNIDADE É IMPORTANTE POR TRÊS MOTIVOS:
1. Jesus não está sujeito ao tempo.
E isso significa que ele não envelhece, não perece, ele não muda, não se esquece. Todos os
efeitos do tempo, não se aplicam “aquele que era desde o princípio”.
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E isso é maravilhoso, porque o texto diz: “Ele estava com Deus no princípio (v.2)”. Isto é, não
estava com a criação, ele é diferente de nós. Nós sabemos que Eternidade está atrelada a
Imutabilidade. E por isso nós podemos confiar nele.
2. O pacto de Redenção foi firmado na Eternidade;
A nossa rica Confissão de Fé de 1689 definiu assim:
“Essa Aliança é revelada no evangelho... e é fundada naquela transação pactual eterna
que houve entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos” (CFB 1689).

Em outras palavras, houve um pacto para nossa Redenção, muito antes da queda do
primeiro casal, antes até mesmo da criação do tempo e do espaço. Quando a santíssima
Trindade coexistia em plenitude. Na eternidade passada, Pai e Filho selaram um pacto
de redenção, antes de qualquer outra coisa.
(Hb 13.20): “O Deus da paz, que pelo sangue da aliança eterna trouxe de volta dentre os
mortos a nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas”.
(1Pe 1.19,20): “19 mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem
mancha e sem defeito, 20 conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes
últimos tempos em favor de vocês”.
(2Tm 1.9): “9 ... Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus antes os tempos eternos”.

Embora, todas essas expressões atinjam diretamente a eternidade, evidenciando o acordo feito
entre Pai e Filho, a favor de nossa Redenção. É com certeza, Em João, que temos a prova
mais clara.
(Jo 17.4-6): “4 Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. 5
E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o
mundo existisse. 6 "Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus;
tu os deste a mim, e eles têm guardado a tua palavra”.

A criação está relacionada ao começo da história. Então, Deus não criou o mundo, e após a
nossa rebelião, decidiu que iria arrumar as coisas, enviando o que ele tinha de melhor, seu
filho. Ele começou essa obra na Eternidade, então, nada no tempo, poderá alterar o
pacto de redenção.
3. Nós temos um vazio do tamanho da Eternidade;
(Ec 3.11): “11 Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem
o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o
que Deus fez”.

A.W. Tozer afirmou:


“Não haveria absolutamente muito problema no mundo, se Deus não tivesse colocado a
eternidade dentro de nós” (p.19).

Tozer estava certo, Deus nos fez insaciáveis. Tudo o que conquistamos, compramos, usamos,
experimentamos... tudo isso é vaidade, passageiro, é como correr atrás do vento. Mas ele
também acertou, porque...
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Deus colocou o anseio pela eternidade e o Eterno ao nosso alcance. Pela mais simples
condição, a fé, podemos preencher o maior buraco do mundo.
“não vou até os modernistas pedir perdão. não vou até os liberais não vou até os liberais afim
de me desculpar. não vou até os filósofos justificando me: desculpem, mas sou cristão”. em
vez disso, vou até eles e digo: “tenho o que vocês estão procurando. é disso que vocês
precisam. algo no coração de vocês foi feito para valorizar o eterno e nunca se satisfará a
menos que obtenha a eternidade, a imortalidade e a promessas”.

#3: A RESPOSTA AO TESTEMUNHO! (João 1.6-13). 03/04/2022


Sem. Davi Macêdo

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#4: O TESTEMUNHO DA ENCARNAÇÃO! (João 1.14). 10/04/2022
“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória,
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”.

INTRODUÇÃO
Eu procurei o sentido dessa palavra, e descobri que ela é uma palavra, particularmente cristã.
Encarnação, vem do latim: in carnare = “fazer-se carne”. Ou melhor: algo de outra
substância, tornou-se carne. Embora, encontramos derivados dessa palavra em outras
religiões, elas estão longe de indicar que: Deus assumiu a forma humana, mais do que isso,
Deus se tornou verdadeiramente homem, sem deixar de ser verdadeiramente Deus.
Com certeza essa doutrina continua sendo um mistério da fé cristã. A. W. Tozer colocou esse
mistério em palavras:
“Como a divindade pode atravessar o abismo que separa o que é Deus do que, não é?... O
mistério mais profundo da imperfeição humana é como o criador poderia unir se à
criatura?... Ultrapassa a nossa compreensão a maneira pela qual Deus conseguiu fazer
uma ponte naquele abismo, juntar-se às suas criaturas e limitar o que era sem limites. Em
linguagem simples: como pode o infinito se tornar finito e o que não tem limites
deliberadamente impor a si mesmo limitações? (p.84)”.

Eu somo a tudo isso, três motivos, porque Abismos que existem entre Deus e o homem,
criador e criatura:
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1. A Santidade de Deus nos mataria:


(Ex 33.3-5): “3 Vão para a terra onde manam leite e mel. Mas eu não irei com vocês,
pois vocês são um povo obstinado, e eu poderia destruí-los no caminho". (...). 5 Isso
porque o Senhor ordenara que Moisés dissesse aos israelitas: "Vocês são um povo
obstinado. Se eu fosse com vocês, ainda que por um só momento, eu os destruiria...”.

2. A Glória da face de Deus nos mataria:


(Ex 33.20-23): “20 E acrescentou: "Você não poderá ver a minha face, porque
ninguém poderá ver-me e continuar vivo". 21 E prosseguiu o Senhor: "Há aqui um
lugar perto de mim, onde você ficará, em cima de uma rocha. 22 Quando a minha glória
passar, eu o colocarei numa fenda da rocha e o cobrirei com a minha mão até que eu
tenha acabado de passar. 23 Então tirarei a minha mão e você verá as minhas costas; mas
a minha face ninguém poderá ver”.

3. O Tamanho de Deus nos esmagaria:


(1Rs 8.27): [Salomão] “Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo
os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí!”.

João tem a resposta para esse problema: “Aquele que é o logos divino, eterno, que criou
todas as coisas; se tornou verdadeiramente homem e habitou entre nós, mais que isso,
nós vimos a sua glória, cheio de graça e de verdade”.
VAMOS ENTENDER O VERSÍCULO:
I. VERDADEIRAMENTE DEUS;
(v.14): “Aquele que é a Palavra... vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do
Pai, cheio de graça e de verdade”.

João retoma o tema do “logos”, para que possamos lembrar quem Jesus é e de onde Ele veio.
 Ele é Eterno: porque no princípio Ele “era”; princípio de quem? O nosso, porque Ele
é antes do princípio, Ele é antes de todas as coisas, Ele é eterno.
 Ele é Deus: A eternidade é um atributo divino, mas João afirma categoricamente, ele
estava com Deus e ele é Deus. Ele é igual a Deus em essência e distinto de Deus em
pessoalidade.
 Ele é o agente da Criação: “3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem
ele, nada do que existe teria sido feito”. Outra função atribuída somente a Deus.
 Ele é a vida e a Luz dos homens: Ele não é só vivo, a própria Vida habita Nele, isto
é, ele é doador de Vida, e obtemos essa vida, através da sua luz. Pela luz temos a Vida.
E aqui João acrescenta pelo menos mais duas identificações com Deus:
 A sua Glória: Outra identificação clara. A Glória de Deus, era algo temido e ao
mesmo tempo buscado: “Mostra-me tua glória” pediu Moisés. A Glória de Deus
enchia o Templo, descia na nuvem. Quando a arca foi levada de Siló, a nora de Eli
disse: “Icabod”, foi-se a Glória de Deus.
(Is 42.8): “Eu sou o Senhor; esse é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem
a imagens o meu louvor”.

Se veio “outro”, e que possuía uma glória, e manifestava essa glória


13

 O Unigênito: A outra categoria é a de Filho de Deus. Aqui as pessoas se confundem,


será que a glória de Jesus é menor, ou porque ele é subordinado ao Pai, ele é menor
que o Pai, acima de todos, e abaixo de Deus?
Não, esse é um erro comum.
 O objetivo deste evangelho é nos levar a crer que “Jesus é o Filho de Deus, e
crendo tenham vida em seu nome”. Como entendemos isso?
 Jesus é um Filho totalmente diferente. A expressão: “monogenesis” = filho
único, e lit. único gerado. Ou seja, todos nós podemos nos tornar “filhos
adotivos” por meio da fé no filho verdadeiro. Porque só Jesus foi gerado na
Eternidade por Deus.
 Gerado e não Criado; Gerado não significa que Jesus teve um início. Aqui a ideia
é de “espécie”. “único gerado” significa que Jesus é o único filho da mesma
natureza de Deus.
 Atanásio respondeu: Se Deus é chamado de “Pai Eterno”, e se só é Pai quem tem
um filho, então Jesus é o filho eterno, gerado e não criado,
Obs. Longe de ser uma diminuição de Jesus, pelo contrário, João o identifica mais ainda
com Deus. Porém deixando clara sua pessoalidade e missão: “Deus Filho eterno”.

II. VERDADEIRAMENTE HOMEM;


“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne...”.

Após reafirmar a divindade do logos, agora João, adentra ao mistério da Encarnação. Deus
se fez homem. Duas palavras apenas: “σαρξ εγενετο / Carne se fez”.
 Egéneto = é o oposto de “hen = era”. Esse último denota pré-existência, enquanto o
outro, início: veio a ser, tornou-se, se fez. Reforçando que Jesus era de outra
espécie, outra categoria (divina), e que em algum momento, tornou-se... veio a ser
algo que ele não era.
Obs.Tornar-se não é transformar-se. Como afirmou Atanásio: “Ele não deixou de ser o
que era, para se tornar no que não era”.
 Sarxe = Foi a melhor palavra que João poderia escolher. Outra palavra seria: Soma =
corpo material. Se João escolhesse essa, os gregos e todo o seu dualismo estariam
certos. Jesus seria apenas um homem possuído por Deus.
Mas João escolheu, Sarxe = Natureza humana, totalidade da vida humana.
Obs. A junção dessas duas palavras, provam que Jesus era Verdadeiramente Deus e tornou-se
Verdadeiramente Homem.

III. VERDADEIRAMENTE SOLIDÁRIO;


“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós...”.

Mas não apenas isso, mas Ele habitou entre nós. A palavra skenoō = fixar um tabernáculo,
armar sua tenda entre nós.
Por que João escolheu essa palavra? Porque Jesus estava cumprindo as profecias.
14

Deus prometeu a Moisés e ao povo:


(Ex 29,45,46): “45 E habitarei no meio dos israelitas e lhes serei o seu Deus. 46 Saberão
que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito para habitar no meio deles. Eu
sou o Senhor, o seu Deus”.

Essa profecia se cumpriu plenamente em Jesus. O anjo explicou a José e aplicou a profecia:
(Mt 1.20-23): “20 Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor
em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o
que nela foi gerado procede do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você
deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". 22
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: 23 "A
virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel" que significa
"Deus conosco”.

CONCLUSÃO
Eu considero o “testemunho da Encarnação” ainda maior e mais importante do que o
“testemunho da Eternidade”. E acredito que se compreendido tal testemunho, podemos
encontrar o “caminho vivo e verdadeiro”: Da luz à Vida, da Vida à Eternidade!
POR QUE O TESTEMUNHO DA ENCARNAÇÃO É TÃO IMPORTANTE PARA NÓS?
TRÊS RAZÕES:
1. O Mistério da Encarnação ressalta o Milagre;
(1Tm 3.16): “Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi
manifestado em carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações,
crido no mundo, recebido na glória”.

Paulo concorda conosco que “Grande é esse mistério”. Digno de nota é que ele também
reconhece a divindade e a humanidade de Cristo: “θεος εφανερωθη εν σαρκι” = Deus se
fez carne. A pergunta é como? Paulo respondeu: isso é um grande mistério.
O problema é que hoje “mistério” parece aquilo que respondemos quando não temos mais
argumentos. O Escapismo teológico.
Alguém poderia explicar assim: Encarnação se explica com o “nascimento virginal”. E
como se explica o “nascimento virginal”? Pela concepção do Espírito Santo.
Reconhecemos o mistério. E ao invés de representar uma fraqueza para nós, pelo
contrário, é onde reside a nossa fortaleza. O Mistério ressalta o Milagre. Milagre não se
explica, pois significa que Deus agiu diretamente, sobrenaturalmente. Em outras
palavras, a Encarnação não foi obra humana, por isso não podemos usar categorias
humanas. E nisso encontramos conforto, porque a nossa Redenção veio da Eternidade e
adentrou no tempo pelo Poder de Deus. E nos curvamos e dizemos Amém!
2. O Filho de Deus tornou-se homem, para possibilitar que os homens se tornem
filhos de Deus (C. S. Lewis);
15

(Gl 4.4,5): “4 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido debaixo da lei, 5 a fim de redimir os que estavam sob a lei,
para que recebêssemos a adoção de filhos”.

Acredito que Lewis seguiu o teólogo Anselmo da Cantuária. Que escreveu uma pequena obra
chamada: Cur Deus homo? Por que Deus-homem?
Resumindo o seu argumento de Anselmo:
 Ele definiu o pecado do homem, como uma dívida infinita; afinal a gravidade da
ofensa depende do nível de dignidade do ofendido. Nesse caso Deus.
 O homem deve, mas não pode pagar; a dívida do homem, portanto é infinita e exige
uma satisfação infinita.
 Deus poderia pagar, mas não deve; ou seja, por que ele deveria fazê-lo? Por isso
precisamos de um Deus-homem, como ele mesmo afirmou:
Anselmo da Cantuária “É necessário que aquele que tem de cumprir esta satisfação seja
perfeito Deus e perfeito homem, pois não poderá cumpri-la se não for verdadeiro Deus, e
nem estará obrigado a ela, se não for um verdadeiro homem”.

Em suma, Deus se fez homem, para que os homens pudessem retornar para Deus!
3. É a maior lição de Solidariedade de todos os tempos;
Vimos que a Encarnação foi obra do Poder sobrenatural de Deus; e que ela se deu, porque
apenas Deus poderia pagar a dívida infinita que tínhamos. Mas além de Poder e dívida, há
outra razão para tudo isso, amor. Amor em forma de solidariedade.
Definição: Solidariedade é um ato de bondade e compreensão com o próximo, que se obriga a
ajudá-lo.
Talvez São Francisco de Assis tenha sido o primeiro a relacionar a Encarnação de Cristo,
como um ato de solidariedade pela humanidade.
O teólogo alemão, Werner de Boor, em 1968:
“Encarnação – solidariedade plena com nossa vida humana, assumir toda a nossa
existência – isso é amor. (...). “Nesse aspecto revela-se também a direção em que vai
todo o ‘amor’ genuíno dos discípulos de Jesus. Ele corresponde à ‘encarnação’ ao inserir
se realmente na situação do próximo e assumir total solidariedade com ele” (p.44).

Jó em sua queixa, profetizou: (Jó 10.4): “Acaso tens olhos de carne? Enxergas como os
mortais?”. R. Não Jó, mas um dia terei.
Jesus tinha o Poder para nos salvar, mas a dívida não era sua, então não tinha a
obrigação de realizar. O que estava entre o Poder e a dívida se não a Solidariedade do
Senhor.
Quando Deus vem até nós, ele se envolve – compreende – e socorre-nos em nossa dor.
(Hb 4.15): “Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se
(sympatheo) das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo
de tentação, porém, sem pecado”.
16

Obs. Embora a Eternidade seja muitíssimo importante. Afinal ela prova a divindade de Cristo,
sua origem e o lugar onde foi firmado o “pacto de redenção”. Porém, a Encarnação é ainda
mais importante, porque sem a encarnação o pacto não cumprido, a redenção não seria
consumada e nós ainda estaríamos em nossos pecados e alienados em relação a Deus.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#5: O TESTEMUNHO DA GRAÇA! (João 1.14-18). 24/04/2022
“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória,
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João dá
testemunho dele. Ele exclama: "Este é aquele de quem eu falei: Aquele que vem depois
de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim". 16 Todos recebemos da sua
plenitude, graça sobre graça. 17 Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça
e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus, mas
o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido”.

INTRODUÇÃO
Quando falamos de “graça” temos uma boa ideia do que significa essa palavra. Dádiva –
favor – presente. E muitas outras palavras nos vem á memória. Mas acredito que “graça” é
algo muito mais grave do que isso. Me vêm a mente uma “ilustração realista”, uma espécie
de “teatro da vida real” que Deus fez através de seu profeta Oséias.
Com o fim de representar o abandono do povo com seu Deus, Ele mandou que o profeta se
casasse com uma mulher adúltera. Que preferia seus amantes em lugar do marido, por conta
de todos os benefícios que estes podiam lhe dar. O paralelo era realista, mas não parou por aí.
A surpresa reside aqui: o teatro de Deus, não era apenas uma representação vívida do
pecado do povo, mas principalmente do amor gracioso de Deus, que apesar do adultério
amou o seu povo infiel.
(Os 3.1,2): “1 O Senhor me disse: "Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar
de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas,
apesar de eles se voltarem para outros deuses e de amarem os bolos sagrados de uvas
passas". 2 Por isso eu a comprei por cento e oitenta gramas de prata e um barril e meio
de cevada”.

Graça é um favor imerecido. Não é suficiente. Então o que é graça?


 Favorecer alguém que nunca fez nada por você?
 Favorecer alguém que causou um grande mal para você?
 Favorecer alguém que você amava e fez um grande mal com você?
17

O grupo: “os arrais”, compuseram uma bela canção sobre Oséias, que mostra a graça
operando em sua plenitude.
1. Eu te comprei, te amei, te redimi
E só pedi para esperar por mim
Seus olhos passearam ao redor
Buscando outra terra; algo melhor
[E o que farei pra te alcançar e te trazer de volta ao lar?]
2. Tentei compor poesia e canção
Fechaste a porta; trava o coração
E pelas ruas mais estreitas vi
A esperança aos poucos se esvair
[E o que farei pra te encontrar e te trazer de volta ao lar?]
3. Abandonada pela rua
Eu te encontrei enferma e suja
Mendigando o pão que já te dei
Eu cumpro a minha parte
Na aliança fui fiel nesta distância
No deserto onde estavas nascerá um jardim da graça
Que te trouxe e manterá você fiel a mim.

O testemunho da graça – é abundante, onda após onda, do jardim à cruz, revelado e


agora consumado pelo Filho. O discurso mais eloquente da história, a representação
mais vívida de Deus.

O TESTEMUNHO DA GRAÇA SE TORNA EVIDENTE DE TRÊS MANEIRAS:


I. PLENITUDE (v.14-16);
“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória,
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João dá
testemunho dele. Ele exclama: "Este é aquele de quem eu falei: Aquele que vem depois
de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim". 16 Todos recebemos da sua
plenitude, graça sobre graça”.

A palavra-chave desse trecho é “plenitude” (plērēs sub. Ou plērōma verb.):


 O conteúdo da plenitude (cheio do que?): “... cheio de graça e de verdade” – plērēs
= cheio, completo;
 O motivo da plenitude (cheio por que?): “... superior a mim, porque já existia antes
de mim”;
 O efeito da plenitude (cheio como?): “... recebemos da sua plenitude (plērōma = ser
cheio), graça sobre graça”.
1. O Conteúdo da Plenitude (Cheio do que?), v.14;
“14 Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória,
glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.

Explicamos como esse verso é uma “pedra fundamental” da cristologia. Basicamente, esse
pequeno verso explica como Jesus, não deixou de ser verdadeiramente Deus, para se
18

tornar verdadeiramente homem. E a última frase, guarda um segredo valioso: “vimos a


glória do Filho, cheio de graça e de verdade”.
É o mesmo que dizer que “o Filho veio na plenitude”, mas na plenitude do que? João explica:
“cheio de graça e de verdade”.
Acredito que essa seja uma frase conhecida do povo de Israel, que se referia
exclusivamente a manifestação de Deus em sua glória. E que agora é atribuída ao filho,
ou seja, o Filho estava cheio da mesma coisa que o Pai, portanto Ele o Pai só podem ser
um.
Essa frase nos leva ao Êxodo, quando Moisés disse: (Ex 33.18): “Peço-te que me mostres a
tua glória”.
E Deus mostrou, parcialmente sua glória, veja o que Moisés viu: amor/misericórdia/graça e
verdade.
(Ex 34.6): “E passou diante de Moisés, proclamando: ‘Senhor, Senhor, Deus compassivo
e misericordioso (clemente), paciente, cheio de amor (hesed) e de fidelidade (emeth)’”.
(LXX): “... καὶ πολυέλεος καὶ ἀληθινός” = “e cheio de misericórdia/graça e de verdade”.

E essa fórmula aparece em outros textos do Antigo Testamento, para citar pelo menos um, eu
57, que cremos ser uma profecia de Davi, sobre Jesus:
(Sl 57.3,10,11): “3 Dos céus ele me envia a salvação*, põe em fuga os que me
perseguem de perto; (Pausa) Deus envia o seu amor (hesed) e a sua fidelidade (emeth)*”.
(...). “10 Pois o teu amor (hesed) é tão grande que alcança os céus; a tua fidelidade
(emeth)* vai até às nuvens. 11 Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra
esteja a tua glória!”.

Profeticamente, Davi, aponta para a origem da nossa salvação: os céus. E com ela Deus
envia: “amor/graça e verdade” e termina dizendo: “Sobre toda a terra esteja a tua glória”.
Obs. É como se João estivesse respondendo Davi: “Sim Ele enviou dos céus a nossa
salvação, sim ele veio em amor e verdade, e sim vimos a sua glória; mas não
parcialmente, mas em sua plenitude”.
2. O Motivo da Plenitude (Cheio por que?), v.15;
“15 João dá testemunho dele. Ele exclama: "Este é aquele de quem eu falei: Aquele que
vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim”.

Não acredito que esse fragmento do testemunho do Batista esteja perdido nesse trecho, pelo
contrário ele se encaixa nas três expressões do “testemunho da graça”.
Com a plenitude, ele responde: Por que o verbo encarnado, Jesus, trouxe a plenitude?
Porque ele vem da Eternidade.
É por isso que Ele pode ser a plenitude, a consumação e a revelação de Deus, porque ele
vem da Eternidade.
3. O Efeito da Plenitude (Cheio Como?), v.16;
“16 Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça.
19

Sempre houve grande debate envolvendo essa frase: “graça sobre graça”. Concordo com os
teólogos: (Werner de Boor, Hendriksen, Carson), que a melhor tradução seria: “graça em
lugar de graça”. Alguns argumentos:
 É a melhor tradução para a preposição “anti” = em lugar de.
 O v.17 explica melhor o v.16. A própria Lei é entendida como uma manifestação da
graça;
 Se coaduna com a teologia bíblica, que afirma que a graça foi revelada desde o início
dos tempos, precisamente na promessa do evangelho feita ao casal após o pecado.
CFB, 1689, VII,3, Sobre a Aliança de Deus:
“Esta Aliança (pacto de graça) é revelada no Evangelho primeiramente a Adão na
promessa de salvação pela semente da mulher, e depois por etapas sucessivas, até que a
sua plena revelação foi completada no Novo Testamento...”.

Obs. Os autores comparam essa expressão: “como as ondas que se seguem umas às
outras na beira do mar, uma tomando o lugar da outra constantemente” (Hendriksen).
Uma fonte inesgotável de graça.
II. CONSUMAÇÃO (v.17);
“17 Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
intermédio de Jesus Cristo”.

Isso nos leva ao segundo aspecto da graça – a consumação. E como já vimos, o v.17 é uma
explicação do v.16. “Graça em lugar de graça”. O entendimento correto desse ponto nos
ajuda a resolver a tensão Lei-Evangelho.
 A lei não nos serve mais - antinomista
 Devíamos voltar a praticar a lei como antes - teonomista.
Primeiro precisamos entender para que serve a Lei de Deus:
 A Lei é santa, justa e boa – nós somos pecadores;
 A Lei não pode curar, apenas ferir e nos mostrar que estamos feridos;
 A Lei não pode nos salvar, apenas condenar e nos mostrar que somos incapazes;
Com isso percebemos que a Lei e todos os pactos feitos na Antiga Aliança são manifestações
da graça de Deus. Daí nós batistas diferenciarmos o pacto de Graça na Antiga e na Nova
Aliança:
 Antiga Aliança: Pacto de graça revelado – Nova Aliança: Pacto de graça consumado.
Obs. Não que a Lei seja desprovida de graça e verdade; e não que a Graça seja
desprovida da Lei. É que a Lei cumpriu sua função: nos deixar rendidos, suplicantes
pela graça de Deus.
(Rm 8.3,4): “3 Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela
carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como
oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne, 4 a fim de que as justas
exigências da lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a
carne, mas segundo o Espírito”.
20

III. REVELAÇÃO (v.18).


“18 Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou
conhecido”.

O último aspecto da graça em Cristo, foi a revelação. O texto começa de forma emblemática:
“Ninguém jamais viu a Deus”. Lembramos novamente de Ex 33.
(Ex 33.11,20): “11 O Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu
amigo... (...). 20 E acrescentou: "Você não poderá ver a minha face, porque ninguém
poderá ver-me e continuar vivo”.

No mesmo texto temos uma aparente contradição. É pouco tempo para uma contradição
gritante como essa. O v.11 trata de uma teofania, enquanto o v.20 de uma visão direta de
Deus.
Longe de haver contradições. João nos lembra que todas as visões e manifestações de Deus no
Antigo testamento foram parciais e indiretas. Então significa que Jesus foi mais uma dessas
revelações? Outra teofania? Obviamente não. Então que tipo de revelação foi essa?
“Vimos a sua Glória, recebemos sua Plenitude, cheio de graça e de verdade, graça sobre
graça”.
(Cl 1.15-20): “15 Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, 16
pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele
e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do
corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo
tenha a supremacia. 19 Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude,
20 e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra
quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz”.
(Hb 1.1-3): “1 Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
antepassados por meio dos profetas, 2 mas nestes últimos dias falou-nos por meio do
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. 3
O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando
todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos
pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas”.

Mas o que torna Jesus diferente de todos seus antecessores?


1. Deus unigênito: Novamente João chama diretamente Jesus de Deus. O Deus
unicamente gerado. Ele é o filho, mas é Deus.
2. Que está no ceio do Pai: Uma expressão que João conhece bem, afinal ele é o
discípulo amado que reclinara sobre o “peito de Jesus”. Uma expressão que denota
intimidade. Jesus conhece plenamente a Deus, porque habitava intimamente com Ele
desde toda a eternidade.
3. Exegese de Deus – “tornou conhecido”: a palavra, exegesato = aquele que interpreta
detalhadamente o sentido real do texto.
Agora, como se deu essa revelação, essa exegese? Por palavra e ação.
21

(14.8-11): “8 Disse Filipe: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta". 9 Jesus
respondeu: "Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês
durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?
10 Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes
digo não são apenas minhas (Palavra). Pelo contrário, o Pai, que vive em mim, está
realizando a sua obra (ação). 11 Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o
Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras.”.

CONCLUSÃO
O v.16, “Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça”, nos traz uma pergunta:
Quem são os “todos”? Se todos receberam sua plenitude, porque é que Cristo foi traído,
condenado e crucificado pelo seu próprio povo? Judas, a multidão, Pilatos, Herodes, Anás e
Caifás, os soldados? Por que eles não viram a glória de Cristo cheio de graça e de verdade?
Porque nem todos receberam da sua plenitude. João refere-se a ele e os discípulos, bem como
a Igreja de Jesus. Em outras palavras, isso é graça, a plenitude é um dom, a revelação é um
dom. Encerro com 03 perguntas básicas que separam a fé cristã de todas as outras crenças:
1. Você já recebeu a plenitude da graça, ou tem se contentado com as migalhas?
2. Você já se rendeu ao mediador da Nova Aliança?
3. Você já conheceu a Deus por meio da pessoa de Jesus?
Se sua resposta é “ainda não”. A minha é “ainda há tempo”. Receba a Plenitude – Se renda ao
Mediador – E conheça a Deus pela face de Cristo. Tudo isso pela fé. Creia no Filho e seja
salvo.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#6: O TESTEMUNHO DO BATISTA! (João 1.19-28). 01/05/2022
“19 Esse foi o testemunho de João, quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes
e levitas para lhe perguntarem quem ele era. 20 Ele confessou e não negou; declarou
abertamente: "Não sou o Cristo". 21 Perguntaram-lhe: "E então, quem é você? É Elias?
" Ele disse: "Não sou". "É o Profeta? " Ele respondeu: "Não". 22 Finalmente
perguntaram: "Quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a levemos àqueles que nos
enviaram. Que diz você acerca de si próprio?" 23 João respondeu com as palavras do
profeta Isaías: "Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para
o Senhor’". 24 Alguns fariseus que tinham sido enviados 25 interrogaram-no: "Então,
por que você batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?" 26 Respondeu João:
"Eu batizo com água, mas entre vocês está alguém que vocês não conhecem. 27 Ele é
aquele que vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de
desamarrar". 28 Tudo isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João
estava batizando”.
22

INTRODUÇÃO
Estamos no quarto Testemunho apresentado por João no início de seu evangelho:
1) O Testemunho da Eternidade: fala de sua origem;
2) O Testemunho da Encarnação: fala de suas duas naturezas;
3) O Testemunho da Graça: fala de sua missão.
4) O Testemunho do Batista: de como devemos testemunhar.
Após 400 anos de silêncio profético oficial, João estava liderando um tipo de avivamento no
Jordão.
Alguns aspectos importantes sobre João Batista:
 João era filho do sacerdote Zacarias e da Isabel;
 João nasceu de um milagre (eram velhos e Isabel estéril);
 Seu nome foi revelado pelo anjo: João = o Senhor é gracioso;
 Seria cheio do Espírito Santo, desde o ventre;
 Ele viria no espírito e no poder de Elias para “deixar um povo preparado para o
Senhor” (Lc 1.17);
 Ainda no ventre o bebê João reconheceu Jesus pela primeira vez, quando suas mães se
encontraram;
 João morou no deserto e pregou um batismo de arrependimento;
DESENVOLVIMENTO
Era natural que o Sinédrio e os religiosos quisessem saber quem era o homem que estava
pregando e arrastando multidões (v.19). A pergunta era: Quem ele era?
Podemos dividir esse texto em três partes: 1) O que diziam acerca de João? 2) O que ele dizia
acerca de si memo? e 3) Qual era a sua missão?
I. O QUE DIZIAM ACERCA DE JOÃO? (v.20,21).
(v.20,21): “20 Ele confessou e não negou; declarou abertamente: "Não sou o Cristo". 21
Perguntaram-lhe: "E então, quem é você? É Elias? " Ele disse: "Não sou". "É o Profeta?
" Ele respondeu: "Não".

Três coisas que diziam sobre João:


 Cristo: o Messias esperado, e veio para libertar o povo do cativeiro e reunir a nação.
(Lc 3.15): “... acaso João não seria o Cristo?”. Ele responde: Não sou o Cristo!
 Elias: Era uma figura esperada do fim dos tempos. Talvez a semelhança entre os dois,
no jeito de se vestir e na mensagem de arrependimento, tenham provocado a dúvida.
(Ml 4.5,6): “5 "Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia
do Senhor. 6 Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os
corações dos filhos para seus pais; do contrário eu virei e castigarei a terra com
maldição”.

Interessante é que Jesus (Mt 11.14), reconheceu o ministério de João como o de Elias. Mas
ele próprio nunca aceitou esse título.
23

 O Profeta: Outra figura messiânica para os judeus e samaritanos. Que João rejeita
prontamente.
(Dt 18.15-18): “15 O Senhor, o seu Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um
profeta como eu; ouçam-no. (...). 18 Levantarei do meio dos seus irmãos um profeta
como você; porei minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe
ordenar”.

II. O QUE ELE DIZIA ACERCA DE SI MESMO? (v.22,23).


Agora eles voltam com a pergunta inicial: Quem é você?
(v.22,23): “22 Finalmente perguntaram: "Quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a
levemos àqueles que nos enviaram. Que diz você acerca de si próprio?" 23 João
respondeu com as palavras do profeta Isaías: "Eu sou a voz do que clama no deserto:
‘Façam um caminho reto para o Senhor’".

Se ele não aceitou nenhuma sugestão, então vamos deixar que ele mesmo se defina? João
responde com (Is 40.3):
“3 Uma voz clama: "No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto
um caminho reto para o nosso Deus. 4 Todos os vales serão levantados, todos os montes e
colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas, serão
niveladas”.

A ideia de Isaías é que as estradas sejam aplanadas e os montes nivelados para facilitar o
retorno do povo do exilio. Uma figura espiritual para a providência de Deus preparando
o caminho da salvação de Israel.
Obs. João estava dizendo: Eu não sou importante, sou a voz anônima, num lugar
insignificante. O importante não sou eu mais minha mensagem.

III. QUAL ERA A SUA MISSÃO? (v.24-28).


“24 Alguns fariseus que tinham sido enviados 25 interrogaram-no: "Então, por que você
batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?" 26 Respondeu João: "Eu batizo
com água, mas entre vocês está alguém que vocês não conhecem. 27 Ele é aquele que
vem depois de mim, cujas correias das sandálias não sou digno de desamarrar". 28 Tudo
isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando”.

Os fariseus se destacavam porque eram inescrupulosos em relação à lei do Senhor, pelo


menos para os outros. A pergunta desses mestres é: o que te habilita a batizar? Ou quem te
autorizou?
João responde dizendo: “Eu batizo com água”. Sua missão era batizar.
Claro que o batismo de João era seguido do arrependimento pessoal. Para o evangelista não
era preciso apresentar sua mensagem de arrependimento, visto que os sinóticos já o fizeram.
24

Embora outras comunidades e os próprios fariseus batizavam, eram muito diferentes de João.
Seus batismos eram para purificação e executado pelo próprio indivíduo.
(v.26,27). João Batista foca na questão da autoridade e revela que sua autoridade provém de
outro, ainda desconhecido. Já está entre vocês. E é mais digno do que eu.

CONCLUSÃO
O testemunho do Batista é inicialmente uma figura de como seria o testemunho da Igreja. A
relação entre Mensagem e Mensageiro, entre Messias e Pregador, precisam ser bem definidas.
O TESTEMUNHO DO BATISTA NOS ENSINA A TESTEMUNHAR SOBRE JESUS DE
DUAS MANEIRAS:
1. Você é tão importante quanto uma voz anônima num lugar insignificante;
Primeiramente vejamos em que somos semelhantes a João Batista. E uma coisa que O Batista
e o evangelista deixam claro, através de muita repetição, que João Batista era apenas um
profeta enviado por Deus para preceder o Messias. Três coisas que João Não era.
 (v.8): Não era a luz – “Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz”.
 (v.20): Não era o Cristo – “Ele confessou e não negou; declarou abertamente: "Não
sou o Cristo".
 (v.27): Não era digno de servi-lo – “Ele é aquele que vem depois de mim, cujas
correias das sandálias não sou digno de desamarrar”.
Isso tudo intensifica a distância entre João e Jesus. Segundo os estudiosos, alguns
seguidores de João Batista continuaram seguindo-o ao invés de Jesus (os Mandeus).
Oscar Cullmann: “Pode-se assim demonstrar que o prologo inteiro é dirigido contra
aqueles que queriam exaltar o Batista em detrimento de Jesus, isto é, contra os
precursores dos mandeus” (Cristologia do NT, p.50).

Embora ache um exagero, Cullmann está correto quando diz que alguns escolheram João em
detrimento de Jesus.
Obs. E esse continua sendo o risco que todos os pregadores, para não dizer cristãos,
corremos quando apresentamos Jesus para as pessoas.
Elas podem ficar tão felizes com nosso: ministério – oratória – conhecimento – carisma.
Que ao invés de seguirem a Jesus, estarão nos seguindo. O problema aumenta em nossos dias,
por duas razões:
 A Síndrome do Modelo Imperialista de Igrejas; como todo império precisa de um
imperador, então é muito fácil para o Apóstolo, bispo primaz, pastor do campo. Serem
confundidos com o Messias.
 A busca pela fama no “ministério digital”; alguns líderes querem impactar o mundo
através das redes sociais. É claro que temos alguns pastores fazendo um excelente
trabalho nesse campo tão rico. Mas todos esses, alcançaram a fama de maneira
acidental. Enquanto outros, estão em busca do “extraordinário”. E para isso se
25

envolvem em todo tipo de discursão – difamação (profeta do caos) – emitem opinião


sobre tudo – Mensagem de autoajuda.
E o único compromisso com os ouvintes é em transformá-los em seguidores.
Afinal você não irá “curtir”, “seguir” e “ativar o sininho” se não gostar da palavra.
Eu imagino João Batista com um canal no YouTube. Enquanto estivesse falando
mal de Herodes as pessoas gostariam, mas quando começasse a pregar contra o
pecado delas e falar de juízo: machado e fogo.
Contra tudo isso, aprendemos com o testemunho de João Batista a sermos humildes.
Você tem pregado sobre Jesus de forma humilde? Você tem rejeitado os elogios que se
esquecem de exaltar Jesus?
Ex. Lembro-me do testemunho do pastor Irland de Azevedo (88 anos), ele disse: “O
problema não está em receber elogios, o problema é acreditar!”. E então contou que pregando
em uma Igreja em SP. Um homem no final do culto o elogiou extensivamente, e o pastor
disse ao homem:
 Pastor: “você já assistiu um recital de violinos?”.
 O homem respondeu: “Sim!”.
 Pastor: “Eu pergunto: no final da apresentação, quem é aplaudido, o violino ou o
violinista?”.
 O homem: “O violinista é claro!”.
 Pastor: “Ótimo, o problema é que você está aplaudindo a pessoa errada!”.

2. Não somos precursores do Messias, somos embaixadores do Rei;


Agora veremos o que temos de diferente do Batista. Enquanto ele veio para anunciar as boas
novas e apresentar o Messias que viria, e que infelizmente morreu antes de Jesus consumar a
obra de redenção.
Embora seu trabalho foi muito importante não só porque cumpriu as promessas, mas porque
realizou sua missão de maneira humilde.
Mas e quanto a nós? Nós não somos precursores somos embaixadores.
O Rei já veio e o seu reino foi inaugurado na cruz, como Jesus disse: “está entre nós”. Jesus
Reina hoje! As promessas foram cumpridas. A Lei foi cumprida. Ele morreu pelos nossos
pecados e ressuscitou para a nossa justificação.
Como Paulo muito bem escreveu sobre o “ministério da reconciliação”.
(2Co 5.18-21): “18 Tudo isso provém de Deus (a nova criação), que nos reconciliou
consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 ou seja,
que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os
pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. 20 Portanto, somos
embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso
intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus. 21 Deus
tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça
de Deus”.
26

Três características o Embaixador de Cristo:


1. Ele fala do que experimentou (nova criação, reconciliado) (v.17,18);
2. Ele fala porque lhe foi confiado a mensagem (É sua identidade, a razão de ser do
embaixador é falar em nome do reino) (v.19,20);
3. Ele fala centrado na cruz de Cristo (v.21).

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#7: O TESTEMUNHO DO BATISTA! Parte #2 (João 1.29-34). 08/05/2022
“29 No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: "Vejam! É o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo! 30 Este é aquele a quem eu me referi, quando disse:
Vem depois de mim um homem que é superior a mim, porque já existia antes de mim.
31 Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que
ele viesse a ser revelado a Israel". 32 Então João deu o seguinte testemunho: "Eu vi o
Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele. 33 Eu não o teria
reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me tivesse dito: ‘Aquele
sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito
Santo’. 34 Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus”.

INTRODUÇÃO
Estamos no quarto Testemunho apresentado por João no início de seu evangelho:
1) O Testemunho da Eternidade: fala de sua origem;
2) O Testemunho da Encarnação: fala de suas duas naturezas;
3) O Testemunho da Graça: fala de sua missão.
4) O Testemunho do Batista: Como devemos testemunhar? (humildade).
O Testemunho do Batista, #2: Qual é conteúdo do testemunho? (Jesus).
Aprendemos com João Batista uma importante lição. Além de sua intrepidez, e de sua
fidelidade. A principal lição que aprendemos com o Testemunho do Batista, foi sua
humildade.
Depois de desviar de todos os títulos que tentaram impor sobre ele. Ele se identifica com a
“Voz que Clama no Deserto!”. Que significa: “Uma voz anônima, num lugar
insignificante”.
NO TEXTO DE HOJE, PODEMOS DIVIDIR O TEXTO NAS CINCO FORMAS EM
QUE JOÃO APRESENTA JESUS AOS SEUS DISCIPULOS:
I. TODOS OS CORDEIROS! (v.29);
“29 No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: "Vejam! É o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo!”.
27

É digno de nota o registro diário de João, que começa nesse evento e termina nas Bodas de
Caná. Um dia após João ser investigado pelos religiosos, aparece publicamente, aquele de
quem ele testemunhou.
 O que João Batista quis dizer com “Cordeiro de Deus”?
Não é fácil responder essa pergunta, vou tentar resumir as melhores opções que temos (7):
1. O “Cordeiro Pascal” de Êxodo (Ex 12); (seu sangue livro da morte)
2. O “Cordeiro manso” de Jeremias (Jr 11.19); (Traído e levado ao matadouro);
3. O “Cordeiro do sacrifício diário” (Nm 28);
4. O “Cordeiro de Gênesis 22” (o substituto de Isaque);
5. O “Cordeiro ofertado pela culpa” (Lv 14; Nm 6);
6. O “Cordeiro de Isaías 53” (cordeiro e ovelha muda levado ao matadouro);
7. O “Cordeiro Guerreiro” de Enoque (1En 90.9-12) e (Ap 6.16).

 O que todos eles tem em comum? Com exceção do último, todos morrem!
É provável que o próprio Batista não tenha entendido a plenitude de sua confissão. É provável
que ele e os discípulos naquele momento não tenham feito essa clara associação: O Messias é
o “servo sofredor”, e o Servo sofredor morre! E ele morre para carregar os nossos
pecados!
Carson: “Quando João Batista identificou Jesus como o ‘Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo’, ele provavelmente tinha em mente o cordeiro apocalíptico, o cordeiro
guerreiro, encontrado em alguns textos judaicos (1Enoque 90.9-12; Testamento de José
19.8; Testamento de Benjamim 3.8). (...) Pode ter tido mais a ver com julgamento e
destruição que com sacrifício expiatório” (p.150).

 Então, o que realmente significa a confissão do Batista? (4 observações):

a) O “Cordeiro de Deus” cumpre todas as figuras de “cordeiro” do Antigo


Testamento. Com algumas diferenças:
Jesus é o Cordeiro Pascal (esperança de vida); Ele é o cordeiro mudo e manso, que se
entrega voluntariamente em nosso lugar; Ele é o sacrifício perpétuo; Ele é a verdadeira
oferta pela culpa. E Jesus foi o nosso substituto legal na cruz do Calvário. E ele será o
“guerreiro divino”, quando o cordeiro manso dará lugar a “ira do cordeiro” (Ap 6.16)
preparado para os ímpios.
b) O “Cordeiro de Deus” também significa que o próprio Deus providenciou a
oferta pela nossa culpa. E por isso, o sacrifício foi perfeito.
c) Que “tira o pecado” de uma vez por todas. Enquanto todo o sistema sacrificial era
temporário e superficial, o sacrifício de Jesus foi único, porque ele “aniquilou os
nossos pecados”.
d) Do “Mundo” e não apenas de “Israel”; Mundo será uma palavra comum em João.
Portanto precisamos entender logo, o que ela não quer dizer: todas as pessoas sem
exceção; e sim todas as pessoas sem distinção. Todos os que creram no seu nome,
Jesus morreu por eles e aniquilou os pecados deles.

II. O SUPERIOR PORQUE É ANTERIOR (v.30);


28

“30 Este é aquele a quem eu me referi, quando disse: Vem depois de mim um homem
que é superior a mim, porque já existia antes de mim”.

O Batista retorna ao “argumento de hierarquia” (v.15). Mais uma vez assumindo sua posição
diante do Messias. Primeiro desviando o olhar de si mesmo e apontando para Jesus. João
Batista assume a preexistência de Jesus. O Cristo é mais do que um simples homem.

III. O UNGIDO PELO ESPÍRITO (v.31,32);


“31 Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que
ele viesse a ser revelado a Israel". 32 Então João deu o seguinte testemunho: "Eu vi o
Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele”.

Cronologicamente é provável que João Batista estava pregando e batizando (Mt 3.1-12, Lc
3.1-20); então Jesus veio para ser batizado (Mt 3.13-17; Lc 3.21,22); Depois, João Batista é
interrogado pelos religiosos (Jo 1.19-28); e um dia depois, Jesus e o Batista se reencontram.
Por isso João fala no passado, pois o evento já ocorreu. Jesus já havia sido confirmado pelo
Espírito de Deus.
João Batista afirma que não o “conhecia” como Messias. Até que lhe foi revelado para batizar
com água até que viesse até ele o enviado de Deus, sobre o qual repousaria o Espírito Santo.
 E por que isso era importante? Porque as promessas Messiânicas apontavam
para a descida do Espírito sobre o Enviado de Deus.
(Is 11.1,2): “1 Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo.
2 O Espírito do Senhor repousará sobre ele, o Espírito que dá sabedoria e
entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e
temor do Senhor”.
(Is 42.1): “1 “Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem tenho prazer.
Porei nele o meu Espírito, e ele trará justiça às nações”.

(Is 61.1; Lc 4.18-21): “1 O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque
o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar
dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e
libertação das trevas aos prisioneiros”.

IV. O DOADOR DO ESPÍRITO (v.33);


“33 Eu não o teria reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me
tivesse dito: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que
batiza com o Espírito Santo’”.

O Ungido pelo Espírito é também o Doador do Espírito.


Sempre que falamos em “Batismo com Espírito Santo” temos alguns problemas. Se eu
perguntasse aqui hoje: Só quem já foi batizado com o Espírito Santo, levanta a mão!
29

A ideia nos escapa, porque não sabemos bem como funciona esse tipo de coisa.
Pentecostalismo: “O Batismo com o Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da
Regeneração. Ele complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito, e tem o
falar noutras línguas, como sinal desse batismo”.

O Dr. Franklin Ferreira escreveu:


“Quando cremos em Cristo, somos ‘selados’ com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13).
Outra maneira como o Novo Testamento fala a respeito do selo do Espírito Santo é por
meio da imagem do batismo (Mt 3.11)” (p.863).

Ele vai confirmar essas palavras baseando-se em Romanos 8. No ‘Pentecostes’ de romanos,


Paulo vai nos ensinar que:
 Vivemos segundo o Espírito (v.1-8);
 Todos os que pertencem a Cristo, possuem o Espírito (v.9-11);
 Todos os que são Filhos de Deus, possuem o Espírito (v.12-14);
 O Espírito testifica dentro de nós (v.15-17);
 O Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, ele intercede por nós (v.26,27);
A frase “o Espírito de Deus habita em vocês” é repetida três vezes no capítulo.
Obs. Em outras palavras, o batismo com Espírito Santo, que será ofertado por Jesus. Será o
cumprimento da promessa em que no fim dos tempos o Espírito seria derramado sobre todo o
povo. Uma espécie de democratização do Espírito para todos. Se antes era restrito aos
reis, sacerdotes e profetas. Agora o povo seria elevado a categoria de “reino e
sacerdotes”.

V. O FILHO DE DEUS (v.34).


“34 Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus”.

Por fim, o Batista só pode confessar que Cristo é o Filho de Deus. Afinal ele mesmo ouviu a
voz de Deus: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mt 3.17). E viu o Espírito
descer e permanecer nele.
Já falamos como essa confissão é importante para o evangelho. Filho de Deus significa que
Ele era o próprio Deus, gerado e não criado.
CONCLUSÃO
Assim encerramos o testemunho do Batista. Olhando de perto, qual era o seu conteúdo? O
que ele dizia a respeito do nosso Senhor?
PODEMOS APRENDER ALGUMAS COISAS:
1. João conheceu Jesus de duas perspectivas: o Filho de Maria e o Filho de Deus;
Conhecemos o relato do encontro entre a jovem Maria e idosa Isabel. Ambas, grávidas de
seus filhos. Isabel com seis meses de gravidez. É relatado por Lucas que nesse encontro algo
sobrenatural ocorre. O bebê que estava em seu ventre, “agitou-se de alegria” e Isabel foi
cheia do Espírito. E Isabel reconhece Maria como a “mãe do meu Senhor” (Lc 1.39-45).
30

Embora elas fossem parentes distantes. Creio que essa história foi repassada aos filhos. Até
porque o relato foi preservado e recontado ao evangelista Lucas. É possível que João e Jesus
fossem primos distantes. E embora não tenham sido criados juntos. É possível que o Batista
soubesse que Jesus fosse o filho de Maria, e nada mais.
Isso explica, porque João disse: “31 Eu mesmo não o conhecia... 33 Eu não o teria
reconhecido...”. E daí ele reconhece que aquele Jesus era o Cristo que haveria de vir.
Obs. Irmãos isso deve acender uma lâmpada em nós. Qual Jesus nos foi apresentado? Qual
Jesus conhecemos? O universitário conheceu o Jesus revolucionário; O filósofo o mestre
da moral; os espíritas um grande exemplo; para todos uma boa pessoa.
Mas para nós acima de tudo Ele é o Filho de Deus e o Cordeiro de Deus. O primeiro
falar quem Ele é e o segundo o que Ele fez. O Grande Deus se submeteu ao matadouro.
 ABRACE O CORDEIRO MANSO ANTES QUE ELE SE TRANSFORME NO
CORDEIRO IRADO.

2. O que João dizia acerca de Jesus, era muito mais do que ele sabia;
Vimos também, que João confessou muito mais do que sabia. Assim como Pedro, confessou:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16); O que Jesus disse que era pura revelação
de Deus Pai a ele (v.17). Porém, logo depois, (v.21-23), Pedro reprendeu Jesus dizendo que o
sofrimento dele nuca aconteceria. O que Jesus prontamente reprendeu, dizendo: “Para trás de
mim, Satanás...”.
(Jo 11.49-52): “49 Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo
sacerdote, tomou a palavra e disse: "Nada sabeis! 50 Não percebeis que vos é melhor que
morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação". 51 Ele não disse isso de
si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria
pela nação judaica, 52 e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de
Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo”.

E isso foi comum a todos os profetas do Antigo Testamento que profetizaram mais do que
conseguiram compreender (1Pe 1.10-12).
Obs. Por isso a pergunta de hoje, não é o que você repete sobre Jesus, mas o que você
conhece dele? Mesmo limitado João pode dizer: “Eu vi e testifico...”. E você? Já viu
Jesus pela fé? De fato, viu a sua história como resultado da história dele?
Dois perigos que precisamos evitar
 CONFISSÃO SEM COMPREENSÃO, SEMPRE DESAGUA EM
FRUSTRAÇÃO!
Assim ocorreu com o Batista. (Mt 11.1-6) João fica sabendo do que Jesus está fazendo, ou
melhor do que ele não estava fazendo. E envia seus discípulos para perguntarem ao Mestre
algo extremamente pesado:
(v.3): “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?”.
31

O motivo desse questionamento se dá simplesmente porque João não compreendeu aquilo que
confessou. E em um momento de fraqueza se deixou levar pelo momento e por aquilo que ele
achava que o Messias deveria realizar. Por isso que precisamos, buscar conhecê-lo, prová-
lo, andar com Ele todos os dias. Talvez você esteja frustrado porque não esperava uma
vida cristã com tantos problemas, com tantas lutas; ou que você esperava que Deus
devia ter feito diferente na sua família. Agido de outra forma.
Quando conhecemos o Deus a quem servimos fica fácil se submeter a Ele.
 FÉ SEM CONFISSÃO É INTUIÇÃO, MAS CONFISSÃO SEM FÉ É
PRESUNÇÃO!
Esse é bem mais perigoso, porque apesar de pouca compreensão, João tinha fé em Deus, e
sabia que Jesus era o Cristo, embora tenha duvidado, ele cria.
Agora a confissão sem fé, é demasiadamente perigosa. Estamos falando de religiosidade
externa, de palavras que não possuem peso.
Talvez sua permanecia aqui se resuma a “palavras/confissões”. Ouça as palavras de
Paulo:
(Rm 10.9,10): “9 Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu
coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. 10 Pois com o coração se
crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação”.

O coração te conecta interiormente com Deus e a boca testemunha publicamente as pessoas,


que você crê unicamente em Jesus o filho de Deus que também é o Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo.

#8: O CAMINHO DO DISCÍPULO: CONHECER, CONFESSAR E TESTEMUNHAR! (1.35-51).


22/05/2022. David Macedo.
#9: O NOVO DE DEUS! (2.1-11). 29/05/2022. Costa.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#10: O SEGUNDO SINAL: O PRIMEIRO REFORMADOR! (2.12-25). 05/06/2022
[O Zelo de Jesus pelo templo] “12 Depois disso ele desceu a Cafarnaum com sua mãe,
seus irmãos e seus discípulos. Ali ficaram durante alguns dias. 13 Quando já estava
chegando a Páscoa judaica, Jesus subiu a Jerusalém. 14 No pátio do templo viu alguns
vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro.
15 Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas
e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas. 16 Aos que vendiam
32

pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um
mercado!" 17 Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua casa me
consumirá".
[O desprezo de Jesus pelo templo] 18 Então os judeus lhe perguntaram: "Que sinal
miraculoso o senhor pode mostrar-nos como prova da sua autoridade para fazer tudo
isso?" 19 Jesus lhes respondeu: "Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias".
20 Os judeus responderam: "Este templo levou quarenta e seis anos para ser edificado, e o
senhor vai levantá-lo em três dias?". 21 Mas o templo do qual ele falava era o seu
corpo. 22 Depois que ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se do que
ele tinha dito. Então creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera.
[O Poder de Jesus] 23 Enquanto estava em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos viram
os sinais miraculosos que ele estava realizando e creram em seu nome. 24 Mas Jesus
não se confiava a eles, pois conhecia a todos. 25 Não precisava que ninguém lhe desse
testemunho a respeito do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem”.

INTRODUÇÃO
Com certeza você já ouviu falar na viagem para Roma (1510), do então monge agostiniano
Martin Lutero, antes do seu famoso protesto em 1517.
Sem dúvida, era como ganhar na loteria, para um monge visitar Roma. Mais Lutero se
decepcionou ainda mais em sua visita.

EXPOSIÇÃO
Podemos dividir esse texto em três partes sobre a relação de:
I. JESUS E O TEMPLO (v.12-17);
“12 Depois disso ele desceu a Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos.
Ali ficaram durante alguns dias. 13 Quando já estava chegando a Páscoa judaica, Jesus
subiu a Jerusalém.

Jesus desceu para Cafarnaum, onde foi acompanhado de sua mãe, irmãos e discípulos. Alguns
dizem que a família de Jesus fixou residência nessa cidade. Mas o fato importante é que
próximo a Páscoa Jesus sobe para Jerusalém.
Sabemos que todo judeu do sexo masculino com mais de 12 anos era obrigado a comparecer
na cidade por ocasião da festa. O motivo de Jesus está claro, ele deseja demonstrar sua
Glória em público.
 Nas bodas ele manifestou sua glória aos seus discípulos; agora deseja alcançar um
número maior de pessoas;
 Nas bodas ele mostrou que não seguia o calendário da sua família; agora ele mostra
que não segue o calendário judaico.
“14 No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros
assentados diante de mesas, trocando dinheiro”.
33

O (v.14) nos dá o motivo da atitude assertiva do mestre. O pátio do templo se transformou em


um shopping ao céu aberto. Pior! Uma espécie de “venda casada”. Ex. é como você ir no
mecânico que tem uma loja de autopeças; ou numa clínica que tem uma farmácia.
“15 Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as
ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas. 16 Aos que
vendiam pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai
um mercado!" 17 Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua casa
me consumirá".

A atitude de Jesus foi totalmente correta. Ele improvisou um chicote e expulsou “todos do
templo”. Preste atenção aos verbos: “expulsou... espalhou... e virou”. Jesus foi direto e firme.
As palavras de Jesus são muito claras. Para talvez alguém dizer que Jesus era contra o
“comércio”. Coitado dos empresários e empreendedores da nossa Igreja.
A palavra emporion = lugar onde intercâmbio de mercadorias acontece. Jesus diz: “Tirem
estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!”. Está claro que a
briga de Jesus é por causa do lugar que não era apropriado.
Jesus se aliou aos profetas que disseram:
(Is 56.7): “7 esses (remanescentes) eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em
minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar;
pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos".
(Jr 7.11): “Esse templo, que leva o meu nome, tornou-se para vocês um covil de
ladrões? Cuidado! Eu mesmo estou vendo isso’ ", declara o Senhor”.

II. JESUS E OS RELIGIOSOS (v.18-22);


“18 Então os judeus lhe perguntaram: "Que sinal miraculoso o senhor pode mostrar-nos
como prova da sua autoridade para fazer tudo isso?"

Depois da atitude de Cristo, os religiosos procuram algum “sinal” que respalde a sua
autoridade. O mais impressionante, é que Jesus acabou de dar o “sinal”.
A purificação do templo já era o sinal.
(Ml 3.1-3): “1 "Vejam, eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de
mim. E então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá para o seu templo; o
mensageiro da aliança, aquele que vocês desejam, virá", diz o Senhor dos Exércitos. 2
Mas quem suportará o dia da sua vinda?... 3 Ele se sentará como um refinador e
purificador de prata; purificará os levitas e os refinará como ouro e prata. Assim trarão
ao Senhor ofertas com justiça”.
(Zc 14.21): “... E a partir daquele dia, nunca mais haverá comerciantes no templo do
Senhor dos Exércitos”.
(Sl 69.9): “Pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam
caem sobre mim”.

Obs. Infelizmente os religiosos não conseguem ver Jesus embora podem falar dele o dia
todo.
34

“19 Jesus lhes respondeu: "Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias". 20
Os judeus responderam: "Este templo levou quarenta e seis anos para ser edificado, e o
senhor vai levantá-lo em três dias?". 21 Mas o templo do qual ele falava era o seu
corpo. 22 Depois que ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se do que
ele tinha dito. Então creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera”.

Jesus começa com uma palavra enigmática de muitos sentidos. Como pode ele acabar de
zelar pelo templo, e logo após mandar destruí-lo? Mas ele não estava falando do velho
templo, mas do novo.
(v.19), Jesus fala profeticamente, afinal eles irão “destruir” seu corpo, mas três dias depois ele
ressuscitará.
(v.20), é obvio que os religiosos não puderam alcançar a profundidade de Cristo, aliás
religioso gosta de literalidade e de se agarrar a coisas concretas (ex. tempo e templo).
Se eles pedem um sinal, logo após terem visto um sinal poderoso, Jesus cumprindo as
Escrituras, purificando o templo. Então ele vai direto para o maior sinal de todos: a
ressurreição!
Obs. Veja que os discípulos também não conseguiram entender tudo, quando Jesus ensinou,
mas após a ressurreição lembraram e compreenderam tudo o que Jesus dissera. Isso nos
ensina outra lição: Que devemos guardar as palavras de Jesus no coração, mesmo quando
não compreendemos tudo. E isso é bom, porque nos humilha e nos faz rogar pela
iluminação do Espírito.

III. JESUS E OS FALSOS CRENTES (v.23-25).


“23 Enquanto estava em Jerusalém, na festa da Páscoa, muitos viram os sinais
miraculosos que ele estava realizando e creram em seu nome. 24 Mas Jesus não se
confiava a eles, pois conhecia a todos. 25 Não precisava que ninguém lhe desse
testemunho a respeito do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem”.

Por fim, Jesus concede os sinais que eles tanto queriam ver. Mas infelizmente não resolve o
problema da incredulidade.
(v.23), Explica de forma clara o motivo pelo qual, Jesus foi para a festa da Páscoa, por causa
dos “muitos”.
(v.24), O texto revela que o objetivo de Jesus foi alcançado, “muitos viram e creram”. Mas
para nossa surpresa, embora eles tivessem aceitado a Jesus, Jesus não havia os aceitado de
volta.
(v.25), E o motivo é exposto, porque não dá para enganar o Mestre. Outra prova clara de
sua divindade. Ele conhece o “que havia dentro do homem”.

CONCLUSÃO
Por fim, vou te dar 03 motivos, porque 2 mil anos depois de Cristo e 500 anos após a Reforma
Protestante, ainda precisamos de uma Reforma Urgente em nossos dias:
35

1. Comerciantes em busca de Religiosos;


Essa é uma tendência que não saiu de moda ainda. “Comerciantes em busca de religiosos”.
Como já afirmamos não há nenhum problema no empreendedorismo. Mas o problema reside
em empreender usando a casa de Deus para tal.
 Hendriksen afirma que no templo: As pessoas eram forçadas a comprar com eles; os
preços eram superfaturados; em época de festa o mercado fica superaquecido.
 No mercado de Indulgências. As pessoas eram emocionalmente exploradas, primeiro
os bispos aterrorizavam-nas para depois vender a solução (relíquias).
 Na Teologia da Prosperidade. A coisa se repete. Ainda tem gente sendo explorada e
gente lucrando com isso. O problema é modus operante: “comerciante em busca de
religiosos”.
Com religiosos quero dizer pelo menos três coisas: 1) valorizam mais as coisas ao invés de
vidas; valorizam mais as festas do que o motivo da festa; valorizam mais as mãos do que a
face de Jesus.
E esse são um prato cheio para os aproveitadores. Esse tipo de gente fomenta o “mercado
gospel”. O triunfalismo, a barganha, a pregação de dízimos e ofertas, etc.
Obs. Como superamos a religiosidade e a comercialização da fé? Aprenda a viver pela fé
e a depender da graça de Jesus. A fé nos ensina que não tem preço e nem dinheiro; e a
graça nos ensina que não depende do que fazemos, mas do que Cristo fez.
2. Religiosos em busca de Sinais;
Pelos menos em dois momentos do nosso texto, vemos os “religiosos em busca de sinais”. E
como o tópico anterior, a história se repete até hoje. Se primeiro temos uma multidão em
busca de dinheiro, por outro lado, temos um grupo em busca de milagres, de bênçãos, do pão
que perece.
O texto ganha uma conotação grave, “viram os sinais” e “creram em seu nome”. Mas... Tem
um “mas” assustador ali, “mas Jesus não se confiava a eles”. Isso prova para nós que não
basta olhar para os sinais e crer apenas superficialmente. Porque até os “demônios” creem.
É preciso que tenhamos frutos dignos de arrependimento. É preciso confessar com a boca e
crer com o coração.
Essa ênfase é importantíssima em João, “os sinais”. Eles não são o “ponto de chegada”, mas o
de “partida”. Ele não são eles apontam. A glória não é o sinal, é o sinal que aponta para a
glória de Cristo.
Obs. E você já testemunhou algum sinal miraculoso? Mas isso serviu para aumentar sua
especulação ou a sua fé? Isso te levou para Cristo ou para outros caminhos? Não adianta
ver o mar se abrir, mas não entrar na terra prometida!
3. Jesus em busca de Adoradores.
Por fim, temos a busca ideal. O Santo Jesus, nosso salvador em busca de crentes verdadeiros.
Quando o texto diz: “Mas Jesus não se confiava a eles, pois conhecia a todos”. Isso nos
conforta, porque em contrapartida ele se revelou, se confiou a muitos outros, inclusive a nós.
36

Esse ponto é importante porque ele liga todas as partes do nosso texto. Antecipando o capítulo
4, ele zela pela casa de Deus sem idolatrá-la; valoriza o templo sem se esquecer da Igreja que
se reúne ali; expulsa os interesseiros e estimula a verdadeira devoção.
(4.23,24): “23 No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os
adoradores que o Pai procura. 24 Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores
o adorem em espírito e em verdade”.

Obs. E você já foi achado pelo Pai? Jesus já se confiou a você? Diante dele não adianta
fingir, não adianta fazer cara, ele conhece o que tem dentro do homem.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#11: COMO PREGAR O EVANGELHO PARA UM RELIGIOSO? (3.1-10). 12/06/2022
[Apresentação] “1 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os
judeus.
[“1ª Pergunta”] 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre, sabemos que ensinas da
parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se
Deus não estiver com ele".
[1ª Resposta] 3 Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o
Reino de Deus, se não nascer de novo".
[2ª Pergunta] 4 Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro
que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!".
[2ª Resposta] 5 Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de
Deus, se não nascer da água e do Espírito. 6 O que nasce da carne é carne, mas o que
nasce do Espírito é espírito. 7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que
vocês nasçam de novo. 8 O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de
onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito".
[3ª Pergunta] 9 Perguntou Nicodemos: "Como pode ser isso?".
[3ª Resposta] 10 Disse Jesus: "Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?”.

INTRODUÇÃO
Temos defendido que João é mais do que informações da vida e obra de Cristo – mais do que
um testemunho preciso da sua divindade e humanidade – Mas também é um manual
evangelístico para todas as épocas.
37

Ou seja, aprendemos sobre Jesus, mas também como apresentar Jesus para as pessoas. Por
exemplo, nos Cap. (1-2): aprendemos que devemos crer – confessar e testemunhar sobre
Jesus, e de que maneira? Aprendemos uma fórmula: “Vinde e vede!”.
Agora nos Cap. (3-4): Veremos o encontro de Jesus com um fariseu e uma samaritana; um
religioso e uma pecadora; uma pessoa importante e outra desprezada. E aprenderemos: Como
pregar o evangelho, seja um religioso ou uma pecadora?
Uma divisão muito didática para o texto, e tratando-se de um diálogo é:
 Apresentação do novo personagem (v.1);
 1ª Pergunta e Resposta (v.2,3);
 2ª Pergunta e Resposta (v.4-8);
 3ª Pergunta e Resposta (v.9,10).
EXPOSIÇÃO

I. APRESENTAÇÃO DO NOVO PERSONAGEM (v.1);


“1 Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus.

O narrador atento, precisa apresentar o novo personagem, a fim de entendermos quem de fato
ele é, e a importância de sua visita noturna e o peso das palavras utilizadas por Jesus.
 Fariseu: interessante que antes do nome aparece o partido (fariseu). Partido que
surgiu como uma reação contra o processo de helenização forçado. No período da
dominação selêucida, esse grupo se manteve fiel às tradições e a torá, os Hassidim
(separados, santos). Mas que no tempo de Jesus seriam os maiores opositores de Jesus.
Hendriksen: “Cometeram um erro básico e trágico: ‘exteriorizaram a religião’”.
Por isso serão exortados: hipocrisia – exibicionismo – e legalistas.

 Nicodemos: Pouco se fala dele, sua origem e família. Mas ele aparecerá mais duas
vezes no evangelho (7.45-52 – Nicodemos defende Jesus perante o partido, ainda de
forma velada; 19.38-42 – Até que assume seu lugar ao lado de Jesus, carregando e
zelando pelo seu corpo).

 Autoridade judaica: A palavra indica que ele era um dos chefes do partido e membro
do Sinédrio, e com certeza uma pessoa de posses.

Obs. Mais do que isso, o texto está nos apresentando um religioso típico dessa época. Um
fariseu com todas as letras. Mas que parece estar aberto para conhecer Jesus.

II. 1ª PERGUNTA & RESPOSTA (v.2,3);


38

[“1ª Pergunta”] 2 Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre, sabemos que ensinas da
parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se
Deus não estiver com ele".

Quando falamos em primeira pergunta, você deve estar procurando o ponto de interrogação.
E realmente não tem. O fato é que existe uma pergunta implícita, que inclusive exigiu uma
resposta do Mestre em seguida.
 Ele veio a Jesus, à noite? Há muito debate aqui. Noite é apenas uma informação
temporal, ou significa algo mais? Creio que sim.
Werner de Boor defende a “tranquilidade”; Hendriksen prefere não se posicionar; e Carson
lembra do uso que João faz da “noite” em outras passagens (3.2; 9.4; 11.10; 13.30), sempre
como símbolo para “escuridão moral e espiritual”. Mas infelizmente não penso assim.
Creio que o próprio evangelho demonstra uma curva no posicionamento de Nicodemos em
relação a Jesus. Cap. 3 ele vem a noite – Cap. Faz uma defesa velada – e Cap. 19 se
posiciona de uma vez ao lado de Jesus. E o último evento lembra do primeiro:
(19.39): “Ele estava acompanhado de Nicodemos, aquele que antes tinha visitado Jesus
à noite. Nicodemos levou cerca de trinta e quatro quilos de uma mistura de mirra e
aloés”.

 Mestre, sabemos... Uma informação importante. Primeiro honrosa, Nicodemos eleva


Jesus a mesma categoria que ele e seus colegas, um Rabi. Inclusive reconhecido por
outros. Mas aqui também reside o problema, Jesus não é semelhante a eles Jesus é
superior.
 Da parte de Deus... sinais miraculosos... Nicodemos consegue elevar um pouco
Jesus, mas não o suficiente. Um profeta? Um mestre diferente? Nada mais do que isso.
Jesus é o Messias, o Filho de Deus, Ele é o Verbo encarnado!
Obs. Mas que pergunta ele fez? Como disse há uma pergunta implícita, Nicodemos fala
como os religiosos do templo: “Que sinal miraculoso o Senhor pode mostrar-nos como prova
de sua autoridade?” (2.18).
Quando ele diz: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar
os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele”. Nicodemos se recusa
a dar algum título a Jesus. Por isso ele parece esperar uma autoafirmação do Mestre.
A pergunta implícita é com base no que vimos chegamos a um consenso: “tu és um
Mestre da parte de Deus”, “mas é mais do que isso?”.

[1ª Resposta] 3 Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o
Reino de Deus, se não nascer de novo".

Jesus ignora a curiosidade do homem, inclusive sua admiração para tratar não do consenso,
mas do seu coração. A pergunta não é quem sou? Mas quem você é?
Que grande verdade: “Ninguém”, ou seja, isso vale para todas as pessoas sem exceção,
pobres ricos, importantes ou desprezados, fariseu ou samaritano, “todos” precisam nascer de
novo!
39

Jesus toma parte no termo mais importante para os judeus naquele tempo: “O Reino de
Deus”. Eles estavam sobre dominação estrangeira, mas aguardavam a manifestação do Reino
de Deus, que viria juntamente com seu comandante, o Messias, que estabeleceria o trono de
Davi e proclamaria a paz para sempre. Jesus afirma que não dá para ver, sem renascer.
O que significa “nascer de novo”? Inicialmente preciso dizer que é algo central para a fé
cristã – é a porta de entrada; também é sobrenatural (anothen) – não depende de nós; e é
algo igualmente acessível a todas as pessoas.
Obs. A informação mais importante aqui é “ver”. Jesus repete a mesma frase, com
exceção de “ver” (v.3) e “entrar” (v.5). Aqui Jesus fala da impossibilidade de “ver o
Reino”, até porque antes de “entrar” precisamos “ver”. E “ver” aqui, tem a ideia de
“compreender”. E quanto a isso Nicodemos estava cego, embotado, desorientado em
relação ao Reino. A prova disso é que ele não consegue ver o Rei que está diante dele,
muito menos o seu reino.

III. 2ª PERGUNTA & RESPOSTA (v.4-8);


[2ª Pergunta] 4 Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É
claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!".

Agora sim, temos a segunda pergunta, ou a primeira pergunta objetiva do fariseu.


Talvez isso revele a idade do homem, mas isso não é importante. O ponto é que ele leva o pé
da letra o que Jesus disse. Típico de religioso, lembra, não alcança a profundidade.
Isso também prova que Nicodemos entendeu “anothen” (seja em grego ou aramaico), como
“novamente” ou uma “segunda vez”. E isso era impossível.
[2ª Resposta] “5 Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino
de Deus, se não nascer da água e do Espírito”.

Chegamos a resposta mais longa de Jesus (v.5-8). Jesus repete toda a expressão com uma
diferença. Agora ele realmente mostra a natureza do novo nascimento. Sim, já entendemos
que só vê e entra quem nasceu pela segunda vez. E especificamente quem nasceu da água e
do Espírito. Mas o que significa isso?
 Dois nascimentos: um natural e outro sobrenatural; Só há um nascimento no
contexto: do Espírito.
 [Hendriksen] Dois batismos: Água como batismo cristão ou de João (1.26,33); No
Cap. 1 água e Espírito são contrastados, ao passo que em (3.5) eles são coordenados
(Carson).
 [Carson] Unidade conceitual: uma fonte de água-espírito; Nicodemos estava
familiarizado com as passagens do AT que prometiam uma purificação do Espírito,
sendo derramada sobre o povo, no fim dos tempos.
(Jl 2.28): “... derramarei (Shaphakh = despejar/entornar) do meu Espírito sobre toda a
carne...”. (Is 32.15): “até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto...”. (Ez 39.29):
“...pois derramarei o meu Espírito sobre a nação de Israel...”. (Is 44.3): “3 Pois
derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito
sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes”.
40

Acho muito provável que Jesus tenha em mente especialmente esse texto:
(Ez 36.25-27): “25 Aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão puros; eu os
purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. 26 Darei a vocês um
coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e
lhes darei um coração de carne. 27 Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem
segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis”.

Ele é basicamente a explicação de o que ocorre na Regeneração? A ação do Espírito faz três
coisas de acordo com o texto de Ezequiel:
1. Nos purifica (como a água), removendo nossa impureza (idolatria); não adianta
limpar, sem mudar o coração, do contrário toda a sujeira retornará.
2. Substitui nosso velho coração por um totalmente novo; não adianta recomeçar
sem orientação, pois repetiríamos os mesmos erros do passado.
3. E ele passa a habitar em nós para a santificação.
[Continuação da 2ª Resposta] “6 O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do
Espírito é espírito. 7 Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês
nasçam de novo. 8 O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de
onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito".

O que Jesus nos ensina sobre a natureza dessa doutrina?


1. O único meio de entrar no Reino é nos tornando outra pessoa (v.5);
2. Essa é uma obra exclusiva do Espírito Santo (v.6);
3. É um ato da soberania do Espírito, a exemplo do vento (v.7,8).
W. Grudem: “A regeneração é o ato secreto de Deus pelo qual Ele dá uma nova vida
espiritual. Isso também é conhecido como "nascer de novo"”.

IV. 3ª PERGUNTA & RESPOSTA (v.9,10);


[3ª Pergunta] 9 Perguntou Nicodemos: "Como pode ser isso?". [3ª Resposta] 10 Disse
Jesus: "Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?”.

Nicodemos rebate com a pergunta de um “cego espiritual”, como pode ser isso? A pergunta
verdadeira é: como isso pode acontecer? E agora, como eu faço para entrar?
O problema não é que Nicodemos esteja realmente interessado em resolver a questão, ele já
fechou seu coração. Isso é impossível. Que tipo de exigência é essa que não depende de mim?
Impossível!
Por isso Jesus o responde com franca dureza. Você que é o Mestre, responda você. Veja
quantas passagens citamos, mas Nicodemos não as interpretou corretamente. E pior mesmo
sendo instruído por Jesus, ele não consegue entender.

CONCLUSÃO
Retomamos a nossa pergunta inicial:
41

COMO PREGAR O EVANGELHO PARA UM RELIGIOSO?


Jesus nos ensinou um caminho em três partes:
1. Precisamos remover as garantias;
Como Nicodemos, todos os religiosos se agarram a alguma coisa concreta: títulos – posição –
tempo – serviço – descendência (os Judeus).
Como você vai pregar para alguém se sente seguro? Como ele irá te ouvir se vive um
autoengano?
O que que é o Religioso se não um “bode” que pensa ser uma ovelha. Ele se veste, fala,
até se comporta como uma. Mas nunca nasceu de novo. Até que um dia o grande pastor
irá separar as ovelhas dos bodes (Mt 25).

2. Precisamos inserir o evangelho;


Jesus não apenas deu-lhe uma reprimenda (v.3), mais que isso, o Mestre ensinou sobre a
natureza desse “segundo nascimento” e mais a frente, ensinará como obtemos esse milagre
(v.11-21).
E nós precisamos, após remover as “garantias”, inserir “evangelho” no lugar.
Obs. Cuidado, erramos muito nesse ponto. Quando lidamos com religiosos, apegados as
suas falsas seguranças, podemos lutar tanto para enfraquecê-las que podemos deixar a
pobre alma desnutrida e morrendo na calçada.
Se não nutrirmos a alma com o evangelho de Cristo, ela morrerá. Pior do que uma
pessoa agarrada a um engano é uma pessoa agarrada a coisa nenhuma.
Pregue o evangelho! A Religião diz o que você precisa fazer; Eu direi o que Jesus já fez por
você; A Religião diz que você precisa temer a quase tudo, Jesus diz: Estarei com vocês até a
consumação dos Séculos.
Não diga apenas: Você precisa conhecer Jesus, você precisa nascer de novo. Fale do que
Cristo fez por ela:
 Não precisa de sacrifício, se temos o cordeiro;
 Não precisa de julgo, se o fardo leve;
 Não precisa condenar os outros, se temos o perdão;
 Não precisa de mediadores, se temos Jesus;

3. Precisamos remover o seu controle;


Assim como Nicodemos ansiamos por “controle”. E não tem nada mais desesperador do que
descobrir que o “controle” da salvação não está em nossas mãos.
Isso irmãos é uma pedra no sistema religioso. Toda religião trabalha com “controle”. Semana
passada falei sobre a “indústria do purgatório” no Séx XVI. E sobre o “mercado da
Prosperidade” no Séc. XXI.
42

Sempre haverá alguém dizendo pra você que você depende da Igreja; do pastor; do padre; do
dízimo; de tantas outras coisas. Jesus disse que tua salvação depende do Espírito.
E realmente, assim como o vento ele não pode ser “dominado”. Ele age “quando quer” e
“como quer”. Não podemos marcar a campanha da regeneração ou do avivamento.
Obs. Isso é um conforto para nós. Porque nossa missão não é salvar, e sim pregar. Uma coisa
eu posso garantir para você, todos os que se aproximam de Cristo, quebrantados, encontrarão
misericórdia.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#12: O TESTEMUNHO DO VERDADEIRO EVANGELHO! (3.11-21). 19/06/2022
INTRODUÇÃO
Estamos diante de um dos textos mais importantes da Escritura. É basicamente o evangelho
dentro do evangelho.
Lutero o chamou de “a miniatura do evangelho”. E A.W. Tozer, afirmou:
“Você pode pesquisar as bibliotecas do mundo inteiro e investigar todos os livros em
todas as línguas, mas nunca encontrará um texto que se compare à João 3.16. Mesmo que
você reúna as grandes mentes de todos os filósofos, pensadores e escritores desde o
princípio dos tempos e os coloque juntos em uma sala, todos os seus talentos combinados
não conseguiriam reproduzir um texto que signifique tanto para a humanidade. Não digo
isso de modo descuidado, mas afirmo ponderadamente e com grande convicção, depois
de uma vida inteira lendo, pensando e orando”.

E por que esse texto é tão importante para “a humanidade”? Porque vimos que o Reino de
Deus tem uma porta: o novo nascimento. E o texto terminou com a pergunta de Nicodemos
que continua sendo a pergunta ainda hoje: “Como pode ser isso?” ou “Como isso é
possível?”.
O diálogo se transforma em discurso, com algumas notas reflexivas, por parte do narrador.
Tudo isso com o intuito de responder a grande pergunta: Como é possível nascer de novo?
Resumindo a doutrina do Novo Nascimento:
1. A necessidade: sem o qual não se pode ver ou entrar no Reino.
2. A natureza: consiste em se tornar uma pessoa totalmente nova, novos desejos,
afeições, vontade, comportamento, objetivo. É a chance de reiniciar sua vida,
apagando o passado sujo, sem repetir os mesmos erros (Looping).
3. O resultado: você passa a enxergar as coisas do reino e ganha o bilhete para entrar em
seus portões.
43

Obs. Embora seja uma figura clara para a salvação, também é assustadora. Porque não
depende de nós, pois é obra soberana do Espírito Santo (vento). Então a pergunta continua:
Como pode ser isso? Como posso ser salvo? Como posso nascer de novo sendo velho?
QUEL É A MENSAGEM DO VERDADEIRO EVANGELHO?
I. A MENSAGEM DA CRUZ (v.11-15);
“11 Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos,
mas mesmo assim vocês não aceitam o nosso testemunho. 12 Eu lhes falei de coisas
terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais?

Primeiramente Jesus encerra o diálogo para iniciar um discurso, acerca do evangelho. Jesus
provavelmente leu o coração de Nicodemos: Ele não apenas não acolheu o meu ensino como
não creu nele.
Jesus faz uma diferença entre “coisas terrenas e coisas celestiais”. Significa de coisas
espirituais realizadas na esfera terrena (Regeneração). Algo espiritual realizado no tempo e no
espaço, na terra, em nós. Você é Mestre em Israel e não compreende nem as Escrituras nem
coisas realizadas na terra. Mas deixe-me tentar explicar novamente.
“13 Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem.
14 Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é
necessário que o Filho do homem seja levantado, 15 para que todo o que nele crer
tenha a vida eterna”.

A prova de que é Jesus falando ainda é clara: Jesus utiliza seu termo preferido: “filho do
homem”. Que significa basicamente: o enviado de Deus, ao mesmo tempo homem e divino, o
Deus-homem.
(v.13). Por isso ele é o único que pode nos falar a verdade, porque vem da Eternidade, porque
vem do trono de Deus. E para nossa surpresa Jesus não faz uma revelação (nova), mas uma
aplicação de um evento histórico narrado pelas Escrituras ao seu ministério, “a serpente de
bronze”.
Precisamos voltar no tempo para entender o que o Mestre está se comparando.
Após a peregrinação do povo no deserto, faltando pouco para conquistar a terra prometida.
Eles ficam impacientes e chegam ao ponto de dizerem: (Nm 21.5): “... nós detestamos esta
comida miserável!”. Deus reagiu com uma praga de “serpentes venenosas” com uma picada
mortal. O povo clamou a Moisés arrependidos de seus pecados. Então Deus ordenou a criação
de uma serpente e que ela fosse colocada no alto de um poste para que todos os que olhassem
para ela fossem curados.
Obs. Jesus está se comparando a serpente levantada no deserto. No evangelho de João
esse já é a segunda referência à sua crucificação (2.19-22).
Há 5 elementos que se repetiram nas duas histórias: Em ambos...
 Morte: a morte é a punição imposta para os pecadores;
 Deus: Deus mesmo sendo ofendido, provê o remédio;
 Exposição: o objeto de cura deveria ser exposto diante de todos;
 Olhar: a condição para a cura não demanda nenhum esforço;
44

Assim como eles estávamos morrendo pelo veneno do nosso pecado; Mas o Deus ofendido
também é o Deus Misericordioso, que enviou o seu único filho; para ser exposto na cruz e
morto pelo nosso veneno, para que através de sua morte nos curar. Não apenas nesta vida,
mas para a vida eterna.
A Mensagem da cruz consiste em três cosias:
1. Sofrimento: Quando falamos em cru lembramos logo de sofrimento. Lembramos de
preço.
2. Substituição: Ele sofreu em nosso lugar. O veneno que estava em nós passou para ele
e o matou.
3. Exposição: Fala de vergonha pública. Jesus foi exposto diante de todos,
envergonhado, humilhado. Mas o que para eles era linchamento público, para nós é a
exposição da nossa vitória. Jesus foi colocado em um lugar visível para que todos
pudessem vê-lo.
II. A MENSAGEM DO AMOR (v.16-18);
“16 "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o
que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. 18
Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no
nome do Filho Unigênito de Deus”.

Não sabemos se Jesus disse tais palavras, ou se foi o evangelista. Mas é certo que as palavras
complementam o discurso. Uma forma mais completa de aplicar a figura da “serpente de
bronze”.
O apóstolo fala do evangelho na perspectiva do amor:
1. Amor de quem? de Deus. O criador também ama; o El-Shaday / o Todo-Poderoso
também ama; o El-Elyon / o Deus altíssimo também ama; o El-Olam / o Deus Eterno
também ama; o El-Saabbaoth / o Deus dos Exércitos também ama. O Deus de Abraão,
Isaque e Jacó, o Grande Eu Sou também ama.
2. Qual medida? Imensurável amor. Não há palavras para descrever a extensão do seu
amor. Ele nos ama desde a eternidade, desde o ventre de sua mãe, ele te ama
igualmente como ama o seu Filho. (17.23): “... e os amaste como igualmente me
amaste”.
3. Amou quem? O mundo inteiro. Veremos que em João a palavra “mundo”, tem muitos
significados. Aqui significa além das fronteiras de Israel, todas as nações, raças e
tribos. Todos os homens sem distinção.
4. Qual prova? Deu o seu único Filho. A entrega do Filho é o ápice do amor de Deus.
Não há prova maior do que essa. A maior de todas as dádivas. Sabemos pela Escritura
que o Filho também foi voluntariamente, mas primeiro entendemos que a dor de um
Pai em entregar seu Filho para se sacrificar por outros é indescritível.
5. Quem pode ser amado? Todos aqueles que crerem/ olham para o Filho com fé em
sua Vida e Obra. A recompensa é contraposta. Negativamente: Não perece (física,
espiritual e eternamente). E tem a “vida eterna” (primeira vez que a expressão
aparece), está além de uma condição temporal, mas estado de perfeição. Não é a
imortalidade, mas a companhia. Estaremos com Cristo, ele será o nosso templo e o
nosso Sol. Não nos faltará nada, porque não desejaremos nada além Dele.
45

(vv.17,18). São especialmente importantes para o Séc. XXI. Num tempo em que a verdade foi
superada. E onde cada um tem um conceito sobre o que é a verdade. Onde o único absoluto
tolerável é que não há verdade absoluta.
Tempo em que o amor exclui qualquer ideia de punição ou condenação. E Deus se torna um
velho cansado e que no fim irá salvar todo mundo. No texto que eleva o “amor” a um nível
inatingível, temos “condenação”.
Obs. Jesus não veio para condenar, mas isso não significa que não haverá condenação.
Porque ela está diretamente ligada a rejeição das pessoas em crer naquele que veio para
salvar. Rejeitar a salvação, significa entrar num estado de condenação.
III. A MENSAGEM DA LUZ (v.19-21).
“19 Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a
luz, porque as suas obras eram más. 20 Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima
da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas. 21 Mas quem pratica a verdade
vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por
intermédio de Deus”.

Por fim, João irá encerrar o seu comentário, aprofundando o tema do julgamento, e
apresentando a “mensagem da Luz”. Desde o início o autor vem dizendo que Ele “era a luz
dos homens”, João Batista é visto como testemunha da luz; e Jesus como a “verdadeira luz
que ilumina a todos os homens” (1.9). Agora ele repete: “a luz veio ao mundo”.
E repete também o fato de que os homens rejeitaram a “luz”. Creio que a palavra
“amaram” não parece aleatoriamente, ela aumenta a ofensa dos homens. Porque eles
deixaram de amar aquele que tanto os amou (v.19).
A explicação é precisa. Existe um motivo porque os homens odeiam a Luz e amam as Trevas:
“porque as suas obras eram más”, e porque eles “temem que as suas obras sejam manifestas”
(v.20).
Obs. Aqui existe um grande perigo. De que o pecado não é apenas um “veneno mortal”
que nos leva aos poucos para a sepultura. Mas que ele é tão prazeroso que exige o nosso
amor a nossa devoção. E que nos faz querer que tudo permaneça como está, que não
sejamos descobertos, e que esse prazer nunca acabe.
É claro que isso é um grande engano. As “trevas” aqui, prenunciam para onde o pecado,
por mais amado que seja, está o levando, para as “trevas”.

CONCLUSÃO
Você aceita o diagnóstico de que você está contaminado com o veneno mortal da
serpente? Então a segunda pergunta deve ser:
Você já olhou para o Cristo Crucificado com fé em seu coração?
Você reconhece que Deus ao invés de destruir o mundo que o rejeitou, enviou o seu filho
não para condenar, mas para salvar o mundo?
46

Você reconhece que o que você ama na verdade está te matando, te arruinando e vai te
destruir no final?
Então, aceite o presente amoroso do Pai, olhe para o Filho crucificado, rejeite as trevas e
venha para Luz!

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#13: O TESTEMUNHO DO AMIGO DO NOIVO E DA NOIVA! (3.22-36). 26/06/2022
INTRODUÇÃO
Você já foi padrinho de casamento? Eu sei que hoje “padrinho” se resume a “dar um presente
mais caro”. Mas nem sempre foi assim, a figura do “amigo do noivo” era mais complexa.
Carson resume o costume:
“O amigo que presta serviço ao noivo, o antigo equivalente de um ‘padrinho’ que
organizava os detalhes e presidia um casamento na Judéia, achava sua maior alegria em
cuidar para que a cerimônia transcorresse sem problemas e em saber que o noivo e sua
noiva estavam sendo unidos com grande alegria” (Carson, p.212).

Além disso havia um costume no entendimento judaico do casamento, que inclusive era
comum em muitos povos antigos:
“O último que poderia competir com o noivo, porque sob nenhuma circunstância ele tem
permissão para se casar com a noiva” (Citado por Carson, p.213).

Essa é uma imagem perfeita para todos os pregadores do evangelho, que precisam lidar
com a noiva, sem competir com o noivo. E de que a sua maior alegria deve ser levar a
noiva ao seu noivo, daqui até a Eternidade!
O TEXTO DE HOJE PODE SER DIVIDIDO EM TRÊS POSIÇÕES EM RELAÇÃO AO
NOIVO:
I. OS OPOSITORES DO NOIVO (v.22-26);
“22 Depois disso Jesus foi com os seus discípulos para a terra da Judéia, onde passou
algum tempo com eles e batizava. 23 João também estava batizando em Enom, perto de
Salim, porque havia ali muitas águas, e o povo vinha para ser batizado. 24 (Isto se deu
antes de João ser preso). 25 Surgiu uma discussão entre alguns discípulos de João e um
certo judeu, a respeito da purificação cerimonial. 26 Eles se dirigiram a João e lhe
disseram: "Mestre, aquele homem que estava contigo no outro lado do Jordão, do qual
testemunhaste, está batizando, e todos estão se dirigindo a ele”.

(v.22). O Texto inicia falando da atividade de Jesus e seus discípulos: o batismo. Obviamente
estamos falando de batismo nas águas. O texto não explica o ritual em si (forma,
finalidade...), sabemos apenas que Jesus não operava o rito, mas seus discípulos.
47

(4.1,2): “1 Os fariseus ouviram falar que Jesus estava fazendo e batizando mais
discípulos do que João, 2 embora não fosse Jesus quem batizasse, mas os seus
discípulos”.

(v.23,24). Enquanto isso, João prosseguia batizando. Obs. Não há nenhuma reprimenda do
Mestre ao fato de João continuar batizando. Até porque ele continuava sua missão de
preparação para o Messias, mas não como desconhecido, mas como alguém já conhecido. E
isso ficará mais claro.
(v.25). Surgiu uma discussão, primeiramente sobre a “purificação cerimonial”. Não mais
dobre “autoridade”, mas sobre “finalidade” do batismo.
(v.26). Mas o interesse dos discípulos de João era como ficaria o ministério de seu mestre
diante do outro Mestre. As palavras desses discípulos estão permeadas de “ressentimento”,
por 03 motivos:
1. “Mestre, aquele homem...”. Eles parecem tratar Jesus com desrespeito, ou pelo
menos como igual. João Batista é o Mestre, Jesus não leva título. Fica um som de
“suposto Messias”.
2. “... do qual testemunhaste...”. Eles confirmam que receberam o testemunho de João,
mas não parece ter sido suficiente. Talvez estejam naquele grupo de religiosos: (2.18):
“Então os judeus lhe perguntaram: "Que sinal miraculoso o senhor pode mostrar-nos
como prova da sua autoridade para fazer tudo isso?”.
3. “... está batizando, e todos estão se dirigindo a ele”. Carson afirma que isso é “sem
dúvida, um exagero produzido pelo ressentimento” (p.211).
Obs. Tais palavras não parecem de alguém que está em dúvida, interessado, ou em busca da
verdade. Parece um grupo de religiosos, acomodados, talvez até tenham interesse escusos
(visto que estão preocupados com números), sempre desconfie de quem se preocupa muito
com números e resultados.
Aplicação:
Por isso esse grupo é chamado aqui de “os opositores do Noivo”. Longe de serem “amigos”,
são competidores. Eles estão disputando com o Noivo. Reconheço esse grupo ainda hoje.
Uma doença que reconheço atingir mais os pastores e os líderes da Igreja. Aqueles que estão
cuidando da Noiva à serviço do Noivo.
Como é fácil confundir os papeis. Esquecer que não somos donos do Rebanho. Terrível crime
seria. Pastoreamos o Rebanho de outro, do Sumo Pastor. É muito comum encontrarmos
pastores que se casaram com a Igreja. E o pior é que o sentimento que os movem não é o
“amor incondicional”, mas o “interesse pessoal”. Que Deus nos guarde desse terrível
pecado.
Não esqueça quem Cristo É, para você não esquecer quem você É!

II. OS AMIGOS DO NOIVO (v.27-30);


“27 A isso João respondeu: "Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado do céu. 28
Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele
que foi enviado adiante dele. 29 A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta
48

serviço ao noivo e que o atende e o ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do
noivo. Esta é a minha alegria, que agora se completa. 30 É necessário que ele cresça e
que eu diminua”.

Para todos os efeitos, essa queixa ressentida, provocou uma coisa boa. O último testemunho
do Batista neste evangelho.
(v.27). O Batista retoma seu testemunho afirmando que “seu ministério, por mais
insignificante que pareça a eles, foi dado por Deus”.
(v.28). Ele necessita repetir algumas palavras, “Eu não sou o Cristo”, mas sou o que
prepararia o seu caminho.
(v.29). Então ele insere a “alegoria do casamento”. Onde Jesus é o Noivo, os crentes a noiva e
ele o “amigo do Noivo”. Será que João inventou essa analogia? Claro que não.
 Os profetas falaram (Is 62.4,5; Jr.2.2; Os 2.16-20):
(Is 62.5): “5 Assim como um jovem se casa com sua noiva, os seus filhos se casarão com
você; assim como o noivo se regozija por sua noiva, assim o seu Deus se regozija por
você”.
(Os 2.16-20): “16 "Naquele dia", declara o Senhor, "você me chamará ‘meu marido’;
não me chamará mais ‘meu senhor’. 17 Tirarei dos seus lábios os nomes dos baalins...
(...). 19 Eu me casarei com você para sempre; eu me casarei com você com justiça e
retidão, com amor e compaixão. 20 Eu me casarei com você com fidelidade, e você
reconhecerá o Senhor”.

 Eu não sou o Cristo, sou o amigo do noivo!


O Batista faz outra autoafirmação. E novamente ele se põe no lugar correto. E não é um lugar
desonroso, mas especial. Ele além de saber o seu lugar está plenamente satisfeito com ele.
29 A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta serviço ao noivo e que o atende e o
ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, que
agora se completa. 30 É necessário que ele cresça e que eu diminua”.

Três coisas que aprendemos com o Batista, sobre os amigos do noivo:


1. A noiva pertence ao Noivo; estou cuidando da prometida de outro. Não devo seduzi-
la; não posso desviar sua atenção, pelo contrário, devo lembrar do noivo;
2. Estão à serviço do Noivo: nossa missão é preparar a noiva;
3. Estão satisfeitos com essa honrosa missão: esse não é só o nosso lugar é o melhor de
todos.
(2Co 11.2): “2 O zelo que tenho por vocês é um zelo que vem de Deus. Eu os prometi a
um único marido, Cristo, querendo apresentá-los a ele como uma virgem pura”.

III. O TESTEMUNHO DA NOIVA (v.31-36).


“31 Aquele que vem do alto (anothen) está acima de todos; aquele que é da terra
pertence à terra e fala como quem é da terra. Aquele que vem do céu está acima de
todos. 32 Ele testifica o que tem visto e ouvido, mas ninguém aceita o seu
testemunho. 33 Aquele que o aceita confirma que Deus é verdadeiro. 34 Pois aquele
49

que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações. 35
O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. 36 Quem crê no Filho tem a vida
eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre
ele”.
Eu considero esse trecho mais um “comentário do evangelista”. Veja quatro razões para isso: 1)
Resumo dos temas deste capítulo; 2) Introduz temas do restante do evangelho; 3) O tema da íntima
relação entre Pai e Filho; 4) O (v.36) é muito semelhante aos (v.16-18).
Em outras palavras, esse é o testemunho da Igreja (93 d.C.). Com base em tudo que ouvimos desse
capítulo ouviremos um “apelo sério e urgente da Igreja”.
(v.31). O evangelista ressalta a autoridade de Jesus. Ele não é daqui. Ele não veio de Nazaré, nem de
qualquer outro lugar ele vem do alto. Curioso, a palavra aqui é (anothen), a mesma palavra do início
do capítulo (v.3) “nascer de cima/de novo”. Isso significa que: A única maneira de nascer de cima, é
crendo naquele que veio de cima.
(v.32). Isso implica que o seu testemunho é verdadeiro, porque ele testifica do que viu e ouviu. Mas
ainda assim “ninguém aceita o seu testemunho”.
(v.33,34). Mas aquele que o aceita confirma que Deus é verdadeiro. Simples, porque Deus que o
enviou, ele fala as palavras de Deus, E ainda possui o Espírito de Deus sem medidas.
(v.35): “O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos”. Aqui precisamos olhar com atenção.
Não nenhum problema nessa “relação entre Pai e Filho”, visto que a Doutrina da Trindade considera
um só Deus que subsiste em três pessoas. Que embora sejam distintas, estão em perfeita harmonia.
Existe hierarquia respeitosa e um profundo amor entre “Eles”.
Aplicação. Outra observação, é que essa é a segunda referência ao “amor de Deus” neste capítulo. O
primeiro no (v.16): “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito...”. E agora é
dito que “O Pai ama o Filho...”. Se juntarmos as duas passagens percebemos o peso do (v.16). O peso
de dar o Filho unigênito, que além de único é o amado de sua alma. E ele fez isso por você!
(v.36). É o espelho dos (v.16 e 18).

(v.16-18) (v.36)
16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o Quem crê no Filho tem a vida eterna...
seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
18 Quem nele crê não é condenado, mas quem ... já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas
não crê já está condenado, por não crer no a ira de Deus permanece sobre ele.
nome do Filho Unigênito de Deus.

Por que repetir esse apelo? Porque ele é muito importante. Mas ele traz duas coisas diferentes:
1. A Vida Eterna é uma realidade presente.
“Quem crê no Filho tem a vida eterna...”. Diferente do (v.16), que utiliza o modo “subjuntivo” (Sig.
Desejo, expectativa, um sentimento presente numa probabilidade futura). Enquanto, que no (v.36). O
verbo (echō) está no Presente do Indicativo. Ou seja, uma realidade presente e contínua.
Aplicação. Esse pequeno verso nos ensina que quem crê no Filho, não apenas espera por algo futuro,
mas que já experimenta a “Vida Eterna” no presente. Não que ele seja imortal, sua alma é, mas que
ele experimenta o gozo, o contentamento, a paz da vida vindoura. Ex. Essa foi a paz que Natanael
deve ter sentido; O contentamento que a mulher samaritana sentiu, após ter encontrado o seu sétimo
marido;
50

Essa é a paz que sentimos, mesmo em meio as lutas; o amor mesmo com tanta maldade ao redor;
o contentamento mesmo com tão pouco.
(14.27): “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não
se perturbem os seus corações, nem tenham medo”.
2. A Ira de Deus também é uma realidade presente.
Na “miniatura do evangelho”, o “amor” é emparelhado com a “condenação”, aqui o “amor” está ao
lado do sentimento de Deus que executa a condenação, a “Ira”.
“36 ... já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.”

A Ira de Deus é uma dura realidade.


 A Ira não é um atributo, é um sentimento. Ela é considerada a intercessão da
Santidade com a Justiça de Deus. Se Deus é Santo e Justo Ele terá que se Irar.
 Claro que sua Ira não é humana ela Santa e Justa. Mas se Ele não se irar, ele não seria
Santo e Justo.
 Quem ama a Santidade deve odiar o pecado.
A mentira que contaram para você é que Deus odeia apenas o pecado. Mas isso é mentira,
Deus odeia o Pecador, afinal Ele irá condenar o pecador e não o pecado.
 O Capítulo 3 de João, a miniatura do evangelho, o capítulo do amor não exime a
condenação e a Ira de Deus. E tanto a condenação quanto a Ira “permanece sobre ele”
(o pecador).
(Sl 11.5-7): “5 O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua
alma odeia. 6 Sobre os ímpios ele fará chover brasas ardentes e enxofre incandescente;
vento ressecante é o que terão. 7 Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; os retos verão
a sua face”.

CONCLUSÃO
Para concluir, eu quero levar você para o fim dos tempos. Para depois da Apostasia, depois do
fogo, depois dos raios e trovões, depois da fuga desesperada dos reis e dos poderosos, depois
da última batalha, depois do grande tribunal.
Quero te levar para a festa, para o casamento, quando o serviço dos amigos do noivo
terminar. Quando a noiva já estiver preparada, arrumada, adornada...
(Ap 21.2,) “2 Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
preparada como uma noiva adornada para o seu marido”.
(Ap 19.7-9): “7 Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora
do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. 8 Foi-lhe dado para vestir-se
linho fino, brilhante e puro". O linho fino são os atos justos dos santos. 9 E o anjo me
disse: "Escreva: Felizes os convidados para o banquete do casamento do
Cordeiro!...”.

 Quem é você? Você é um concorrente do Noivo? Ou Você é o amigo do Noivo?


 Quem é você? Você faz parte da Noiva? Ou Você é inimigo da Noiva?
 Como está o seu Corção? Você está buscando a Paz, a alegria a Vida Eterna?
Eu quero te dizer aceite o Cristo hoje, e você terá Vida daqui até a Eternidade...
51

 Onde Você estará no fim de todas as Coisas? Você será a Noiva linda, pura,
adornada para o Noivo? Ou você vai perder a Festa mais importante de todas?
Convite:
Se você quer aceitar esse convite, aproveite hoje. Fique de pé, levante sua mão, faça alguma
coisa.... (Rm 10.9,10):
“9 Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Visto que com o coração se crê para a
justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”.

#14: COMO EVANGELIZAR PECADORES? (4.1-26). 07/08/2022, David Macedo.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#15: COMO PECADORES EVANGELIZAM PECADORES? (4.27-42). 14/08/2022
INTRODUÇÃO
O Reverendo Keller, em seu livro: “Encontros com Jesus”, possui um capítulo, onde propõe
a união dessas duas histórias: Nicodemos e a Samaritana. O que ele chamou de: “O
prestigiado e a marginalizada”. Ele chega a dizer que considera um erro não pensar nos dois
encontros juntos, teologicamente.
“Vistos superficialmente, os dois personagens parecem muito diferentes, e suas
circunstâncias são tão díspares que, à primeira vista, tem-se a impressão de que não
poderiam ter nada a ver um com o outro. Todavia, o autor nos leva a indagar: por mais
diferentes que sejam o privilegiado e a marginalizada, o que eles têm em comum?
Porque se eles têm algo em comum, então todos temos. Ou seja, analisar os dois
encontros juntos nos ajudará a ver o que João está dizendo sobre a condição do mundo
e o papel por nós desempenhado para transformá-lo no que é hoje”.

É outra maneira de dizer que o quarto evangelho é principalmente um manual evangelístico.


Com a história de Nicodemos, nos ensinou: 1º Como pregar o evangelho aos religiosos? E
com a Samaritana: 2º Como pregar o evangelho a pecadores?
Tim Keller argumenta que: Ambos necessitam do evangelho de Jesus, ambos necessitam
nascer de novo, da água e do Espírito. A diferença é que a pecadora sofre de “falta de
satisfação”; e o religioso de “autossatisfação”.
Como pregar aos Religiosos? Como pregar para Pecadores?
1. Remover as garantias 1. Ultrapassar todas as barreiras: social, cultural, de
gênero e religiosa.
2. Retirar o controle 2. Ultrapassar a barreira espiritual; (quando o
pecador usa umas das barreiras acima para se proteger,
[v.9]).
3. Desviar de sua incredulidade (v.11,12) e desdenhe
(15);
52

4. Confrontar a sua hipocrisia; (além de desviar da


pergunta, ainda propõe um debate teológico), [v.16-20].

Obs. Jesus recebe Nicodemos e se aproxima da mulher com amor; ambos precisam
nascer de novo; Jesus se oferece para ambos, para Nicodemos ele é a cura do seu veneno
mortal, para a mulher ele é a água viva para saciar sua sede existencial. Ou seja, a cura
e a vida estão Nele.
TEMA: COMO PECADORES EVANGELIZAM PECADORES?
ESTRUTURA: 1) Gerando Missionários (v.27-30); 2) A urgência da Missão (v.31-38); 3) O
Salário da Missão (v.39-42).

I. GERANDO MISSIONÁRIOS (v.27-30);


“27 Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo
conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por
que estás conversando com ela?". 28 Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à
cidade e disse ao povo: 29 "Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito.
Será que ele não é o Cristo?" 30 Então saíram da cidade e foram para onde ele estava”.

A primeira notícia do texto reforça toda aquela estrutura social, de preconceitos e de


distanciamento que foi dito no sermão passado.
O nosso texto já informa a mudança provocado no coração da mulher. Nosso texto já começa
com o efeito do encontro dela com Jesus. E a ênfase no (v.28) está no movimento que essa
mulher faz.
1. Ela deixa de fazer aquilo que estava fazendo;
2. Ela vai à cidade, que antes desprezava e descriminava ela;
3. Ela fala com os seus acusadores.
O teólogo alemão, Werner de Boor disse:
“Que ‘sinal’ representa esse cântaro que ficou ao lado do poço! Agora essa ‘água’ de fato
perdeu importância para ela, de maneira que ela nem sequer a leva consigo para a casa.
Seu coração está repleto da grande nova realidade” (p.114).

Obs. Veja que mudança Cristo operou em seu coração. Não é mais a mulher que levanta
barreiras, agora é ela que transpõe as barreiras.
E o que de fato ela disse? O que ela poderia dizer, de modo que fosse levada a sério?
(v.29): “Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é
o Cristo?”.

A mulher desvia o foco dela e lembra o convite de Filipe, (1.46): “Venha e veja!”.
Obs. Não precisa dizer muito, basta apontar para Cristo! Jesus transformou a
marginalizada em missionária!
53

II. A URGÊNCIA DA MISSÃO (v.31-38);


“31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: "Mestre, come alguma coisa". 32
Mas ele lhes disse: "Tenho algo para comer que vocês não conhecem". 33 Então os seus
discípulos disseram uns aos outros: "Será que alguém lhe trouxe comida? " 34 Disse
Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua
obra. 35 Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo:
Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita. 36 Aquele que
colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida eterna, de forma que se alegram
juntos o que semeia e o que colhe. 37 Assim é verdadeiro o ditado: ‘Um semeia, e outro
colhe’. 38 Eu os enviei para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o
trabalho árduo, e vocês vieram a usufruir do trabalho deles”.

(v.31). Mais uma vez os discípulos protagonizam um momento de “incompreensão”. Eles


estavam preocupados com o “alimento material” e Jesus com a “colheita espiritual”.
(v.32). Jesus anuncia: Tenho uma comida “que vocês não conhecem”. Segundo Carson, é um
eco de (Dt 8.3):
“Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os sustentou com maná,
que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhe que nem só de
pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor”.

(v.33). O verso seguinte, mostra que os discípulos, embora seguissem a Jesus, não tinham
entendido tudo, e ainda pensavam algumas coisas de forma natural. Nesse sentido não são
diferentes de Nicodemos e da Samaritana.
“34 Disse Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e
concluir a sua obra”.

Jesus explicou, há uma comida que vocês não conhecem, melhor do que qualquer alimento
perecível. Essa comida é minha missão e o meu prazer. A minha prioridade é fazer a vontade
do Pai. E é isso que estou fazendo aqui.
“35 Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses haverá a colheita’? Eu lhes digo: Abram
os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita”.

Essa metáfora é desconhecida, não sabemos se faltavam 4 meses para a colheita, ou se trata-se
de um dito popular. O certo é que parece com a “desculpa de um procrastinador”. “Amanhã
eu resolvo”; “quando eu estiver pronto eu irei”; “ainda falta um mês”. Jesus está dizendo “os
campos estão brancos”. Estamos numa missão urgente, não há o que esperar!
“36 Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida eterna, de forma
que se alegram juntos o que semeia e o que colhe. 37 Assim é verdadeiro o ditado: ‘Um
semeia, e outro colhe’. 38 Eu os enviei para colherem o que vocês não cultivaram.
Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês vieram a usufruir do trabalho deles”.

Aqui Jesus encoraja seus discípulos para encarar a missão, fazendo uso de duas categorias
importantes: Recompensa e tipo de trabalhadores:
 “Salário e fruto” = recompensa.
o Salário = a alegria de ganhar almas no presente;
54

o Fruto = as pessoas que creem para a vida eterna;


 “Semeador e ceifeiro” = trabalhadores.
o Semeador = Donald Guntrie: “Referência à longa cadeia de profetas que tinham
preparado o caminho, dos quais João Batista foi o último” (p.1556).
o Ceifeiro = Os discípulos e a Igreja primitiva.
Obs. Obviamente, a metáfora se aplica a nós hoje. Quando ganhamos uma alma, ou colhemos
um fruto, há sempre semeadores por trás daquela conversão. Isso serve para encorajar ao
mesmo tempo que abate nosso orgulho.

III. O SALÁRIO DA MISSÃO (v.39-42).


“39 Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte
testemunho dado pela mulher: "Ele me disse tudo o que tenho feito". 40 Assim, quando
se aproximaram dele, os samaritanos insistiram em que ficasse com eles, e ele ficou dois
dias. 41 E por causa da sua palavra, muitos outros creram. 42 E disseram à mulher:
"Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos
e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo”.

O texto termina aplicando de forma prática o que Jesus acabou de ensinar: a mulher pecadora,
agora missionária era a semeadora; os discípulos os ceifeiros; e os samaritanos os frutos.
O alcance do trabalho daquela mulher pode ser marcado por três pontos:
1. “Muitos samaritanos creram”;
2. Por causa do testemunho da Pecadora;
3. Não queriam deixar Jesus ir embora;
4. Reconheceram Jesus como “Salvador do Mundo”. Isso era curioso, porque os
judeus demoraram entender que Jesus não estava apenas trabalhando em prol de um
povo, mas de todos os povos.

CONCLUSÃO
E esse continua sendo o modus operandi de Deus até hoje. Pecadores continuam ganhando
pecadores para Jesus. Agora já podemos responder a pergunta do tema: COMO
PECADORES EVANGELIZAM PECADORES?
1. Deixando sua velha vida pela nova;
A primeira lição é preciosa e indispensável. Falamos que quando a mulher deixa o “cântaro”,
era um símbolo poderoso, de que ela estava abandonando suas prioridades, desejos e sua vida
de pecado.
 Aprendemos que a Regeneração antecede a Evangelização.
Obs. É claro que essa é uma condição difícil de imaginar, mas infelizmente temos que dizer
que existem muitos Nicodemos, mestres da Lei que infelizmente não tiveram um encontro
real com Jesus.
55

Obs. E talvez você seja convertido, mas ainda existem coisas em sua vida que você precisa
deixar, que você sabe que ainda não deixou. Coisas vergonhosas, coisas escondidas, ídolos.
Basicamente, você não pode seguir Jesus e continuar se satisfazendo com as coisas da
velha vida!
 Aprendemos que Todo encontro com Jesus produz mudança.
Existe aquele primeiro encontro, Regeneração, mas refiro-me ao encontro diário na
Santificação. Sempre que buscamos a Jesus diariamente, deixamos alguma coisa da velha
vida. Quanto tempo você não tem um encontro com Jesus? Quanto tempo faz que você
não visita aquele lugar de oração? Quanto tempo que as lágrimas não rolam do seu
rosto por um desejo ardente por Cristo?

2. Fazendo da sua vida um sermão;


Vemos que essa foi a melhor estratégia daquela mulher. Não havia outro jeito. Isso responde
outra pergunta: Por que Deus escolheu confiar sua mensagem a pecadores?
Para que a sua graça fosse evidenciada em nossa vida. “Onde abundou o pecado
superabundou a graça”.
Somos pecadores, só que agora, salvos pela graça. A mudança é instantânea:
Não nos tornamos aquilo que deveríamos, mas nos tornamos melhores ao ponto de sermos
notados por todos.
Seu pecado era uma vergonha e agora se transformou em um farol. Que serve para
apontar o caminho a outros.
Obs. E você, seu pecado tem sido um farol ou uma neblina para os outros? Tem
iluminado ou embotado as pessoas?
(Mt 5.16): “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas
obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”.

3. Levando-os até Cristo.


A pregação da mulher foi simples, mas foi cristocêntrica. Ela não se perdeu em seu
testemunho pessoal. Ela falou de sua vida, apenas para levá-los a Jesus.
Sei que não temos Jesus disponível em carne e osso. Mas temos sua palavra registrada e
confiável. E devemos conduzir as pessoas por meio da Escritura. A fim de que elas ouçam da
boca do próprio Senhor sobre suas vidas e sobre sua salvação.
Evangelizar não é difícil. Evangelizar é comunicar o evangelho, a notícia do que Cristo fez
por nós na cruz. Não levando em conta nossos pecados e imputando sua justiça em nós.
 É Cristo que Salva; a Igreja aponta o caminho.
Obs. Como tem sido suas pregações? Suas conversas sobre o evangelho? Você está
interessado em discutir problemas teológicos? (quantos anjos cabem na ponta de um alfinete)
56

Ou você tem de fato pregado o evangelho de Jesus? Sua água viva, que pode saciar toda nossa
sede interior; ou a cura da morte, que basta um olhar para aquele que foi levantado no
madeiro?

#16: A CURA QUE PRECISAMOS (4.43-54). Davi Sousa, 28/08/2022.


#17: A CURA NO TANQUE DE BETESDA (5.1-24). Pr. Costa, 4/09/2022.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#18: O TESTEMUNHO DO FILHO! (5.16-30). 11/09/2022
INTRODUÇÃO
O livro: “Deleitando-se na trindade” de Michael Reeves, resumiu com muita destreza a luta de
Atanásio contra Ário (inoriginado ou incausado). Ário dizia que Deus só podia ser
conhecido dessa forma, e que Jesus não era Deus porque tinha sido criado por ele. Atanásio
insistiu que ao invés de se apoiar na filosofia grega, deveríamos primeiro nos voltarmos para
as Escrituras e ouvirmos o testemunho do Filho. Ele afirmou literalmente:
“É mais piedoso e mais preciso denotar Deus a partir do Filho e chamá-lo Pai, que
nomeá-lo a partir de suas obras somente e chamá-lo inoriginado” (Contra os arianos,
1.34).
“O outro caminho para pensar a respeito de Deus é iluminado por lâmpadas e
pavimentado com uniformidade: é Jesus Cristo, o Filho de Deus. Na realidade, esse é
‘o’ caminho. É uma estrada que termina de forma bem alegre em um lugar muito
diferente, com um tipo muito diferente de Deus. Como? Bem, apenas o fato de Jesus ser
‘o Filho’ já diz tudo. Ser Filho implica existência do Pai. O Deus que revela é, acima de
tudo, Pai. Esta é a identidade revelada por Deus sobre si mesmo: não criador ou
soberano, antes e acima de tudo, Pai” (p.27).

Os (v.16-18), nos colocam dentro do contexto.


“16 Então os judeus passaram a perseguir Jesus, porque ele estava fazendo essas coisas
no sábado. 17 Disse-lhes Jesus: "Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também
estou trabalhando". 18 Por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-lo, pois não
57

somente estava violando o sábado, mas também estava até mesmo dizendo que Deus era
seu próprio Pai, igualando-se a Deus.

O verso 16 conclui dizendo a reação dos judeus quando souberam que Jesus estava por trás da
“violação do quarto mandamento” por parte do “ex-inválido” junto ao tanque. A resposta de
Jesus foi surpreendente: “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou
trabalhando” (v.17). Jesus disse três coisas nessa declaração:
1. Jesus está se identificando como Filho distinto de Deus “meu Pai”;
2. Que Deus não cessa o seu trabalho (preservação, cuidado) no sábado;
3. Que ele também, por ser coigual ao Pai também não pode cessar o seu trabalho, de
salvar e buscar os que estão perdidos.
A conclusão foi que a rejeição velada se transformou em oposição aberta contra Jesus. Pelos
dois motivos: violar o sábado e blasfêmia, igualando-se a Deus. Mas, ao invés de Jesus
abrandar o discurso, ele prossegue argumentando em que se baseia a sua afirmação em
se fazer como Filho, gerado de Deus.
O que ouviremos hoje é o Testemunho do Filho sobre a sua divindade e o seu íntimo
relacionamento com o Pai. Dividimos o texto em três argumentos que provam a divindade de
Jesus: 1) Mesmas Obras; 2) Mesma dignidade; 3) Mesma Vontade.

I. MESMAS OBRAS (v.19-21);


Se o (v.17) é uma resposta a acusação dos judeus. Todo nosso texto pode ser visto como uma
resposta a segunda acusação (v.18). A ironia é que em parte estavam corretos, mas não
totalmente. Jesus aceita a firmação geral, e corrige os detalhes.
(v.19): “Jesus lhes deu esta resposta: "Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não
pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai
faz o Filho também faz”.

O texto começa nos chocando: “o Filho não pode fazer”. Parece uma prova contrária à sua
divindade, porque divindade parece ser alguém que pode fazer todas as coisas. Engano.
Obs. Já ensinamos que A onipotência divina não significa que Deus pode fazer todas as
coisas, mas que ele pode fazer tudo o que quer. Ou seja, ele não pode mentir, pecar, e negar-se
a si mesmo.
O verso diz: “o Filho não pode fazer nada de si mesmo”, porque ele procede do Pai. Ele não
é independente do Pai. Na verdade, a principal marca da fragilidade humana está em “quere
fazer coisas separadas de Deus”. O convite da serpente foi para uma vida de “autonomia”.
 Ao contrário da autonomia humana, o Filho se mostra totalmente submisso ao
Pai. E essa é a sua Identidade de Filho!

(v.20): “Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz. Sim, para admiração de
vocês, ele lhe mostrará obras ainda maiores do que estas”.

Jesus prossegue: que tipo de submissão é essa? Submissão amorosa!


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Outra marca distintiva da humanidade é a de submeter pessoas pela força e pelo medo. A isso
chamamos de “subserviência”. Mas o que Jesus está demonstrando aqui é totalmente
diferente.
Porque “O Pai ama o Filho”. Um tema repetitivo em João, mas que leva o relacionamento do
Pai e do Filho para outro nível. Não apenas mera obrigação, não prerrogativa ou posição, mas
amor. Um relacionamento harmonioso onde o Pai ama o Filho e por implicação (submissão) o
Filho ama o Pai. E porque o Filho é amado e o ama, lhe devota toda a sua obediência e
serviço.
Por isso não há interesses conflitantes, porque a relação está baseada no amor.

(v.21): “Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho
também dá vida a quem ele quer”.

Que obras ele mostrará? A Ressurreição dos mortos, Cristo responde.


Isso realmente é algo impressionante. No imaginário judaico essa era uma prerrogativa de
Deus. Veja a resposta do Rei de Israel, ao oficial da síria, Naamã quando o procurou para ser
curado da lepra. (2 Rs 5.7): “Por acaso sou Deus, capaz de conceder vida ou morte?...”.
Ainda que alguém citasse Elias, que foi um agente de Deus para ressuscitar alguém. Podemos
afirmar com clareza como no início desse evangelho. (1.4): “Nele estava a vida, e esta era a
luz dos homens”.
E além do Filho ter vida em si mesmo, ressuscitar os mortos, ele o faz por livre graça.
Novamente, nunca a parte de Deus, mas dos homens.
Resumo
Em resumo o que Jesus explica nesses três versos é claramente: se realizo as mesmas obras
de Deus então sou igual a Deus. Mas Cristo também aponta as diferenças: Embora seja
Deus, Ele é Filho, amado do Pai e submisso ao Pai.
Trindade: Cremos no único Deus, que subsiste em três pessoas distintas: Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo.

II. MESMA DIGNIDADE (v.22-27);


(v.22): “Além disso, o Pai a ninguém julga, mas confiou todo julgamento ao Filho”.

Em continuidade ao seu testemunho de Filho. Jesus mostra sua segunda função derivada do
Pai: Juiz. Há duas possibilidades: juízo final e juízo imediato. Para ambos Jesus é o Juiz.
 Juízo Final:
Pregação de Pedro na casa de Cornélio. (At 10.42): “Ele nos mandou pregar ao povo e
testemunhar que este é aquele a quem Deus constituiu juiz de vivos e de mortos”.
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Pregação de Paulo em Atenas (At 17.31): “31 Pois estabeleceu um dia em que há de
julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a
todos, ressuscitando-o dentre os mortos”.

 Juízo imediato:
Antes de ouvir, precisamos dizer que esse verso não está em dissonância com outros que
afirmam que Jesus não veio para “julgar”, mas para salvar o mundo (3.17). A melhor tradução
seria “condenar” (krino). Agora, o julgamento do mundo seria inevitável, apenas por sua
palavra:
(12.47,48): “47 "Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo.
Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48 Há um juiz para quem me
rejeita e não aceita as minhas palavras; a própria palavra que proferi o condenará no
último dia”.

A mesma palavra que traz vida para o crente, proclama condenação para o incrédulo.
(v.23): “para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Aquele que não honra o
Filho, também não honra o Pai que o enviou.

E isso trará honra para o Filho de Deus. Dois detalhes importantes: 1) a honra é equivalente a
do Pai e 2) A honra do Filho não é opcional;
(v.24-27): “24 "Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.
25 Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a
voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão. 26 Pois, da mesma forma como
o Pai tem vida em si mesmo, ele concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. 27 E deu-lhe
autoridade para julgar, porque é o Filho do homem”.

O Valor de toda essa dignidade consiste não apenas no poder de julgar, mas no de salvar (ou
dar vida). A pergunta inicial que fazemos é: Ele está falando da ressurreição espiritual ou
física? Presente ou futuro? Claramente do presente. Observe.
1) “Ouvir e crer” para ressuscitar (Presente Particípio Ativo).
2) “tem a vida eterna” (echo = Presente Indicativo Ativo).
3) “Já passou da morte para a vida” (metabaíno = Perfeito Indicativo Ativo).
4) “Está chegando a hora, e já chegou” (Presente Indicativo Ativo).
Está mais do que provado, que Jesus está falando de Regeneração, isto é, da Ressurreição
espiritual, em que todos nós passamos.
O pai do filho pródigo exclamou: “24 Pois este meu filho estava morto e voltou à vida...”
(Lc 15.24); Paulo afirmou: “1 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados”.
Obs. Esse é o poder do Filho de Deus. O som da sua voz, lida e pregada através da sua
palavra, condena os incrédulos, mas para nós é o Poder de Deus.

III. MESMA VONTADE (v.28-30).


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(v.28,29) “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os
que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz 29 e sairão; os que fizeram o bem
ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”.

Para finalizar o seu testemunho. Jesus muda o tempo verbal para olhar para o futuro. E
mostrar quão poderoso é esse “Filho do homem”, que julga e ressuscita.
1) “está chegando a hora”; sem tempo determinado...
2) “estiverem nos túmulos”.
3) “ouvirão e sairão”. Diferente de “ouvirão e viverão”.
4) Outro detalhe é a ausência de “ouvir e crer”.
Estamos falando da Segunda ressurreição, a Ressurreição Física no fim dos tempos. Que
Jesus afirma com clareza, será única e abrangerá todos os mortos. O (v.29) não ensina
salvação por obras, neste evangelho “o bem” está ligado aos que andam na Luz, e “o mal”
aqueles que amam as trevas.
(v.30): “30 Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo apenas conforme ouço, e o meu
julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou".

Jesus fecha seu discurso, reunindo os elementos do início. Reafirma sua total submissão ao
Pai: “nada posso fazer de mim mesmo”; E o seu amor ao Pai está materializado pelo fato dele
não possuir uma vontade separada da do Pai. “Não procuro agradas a mim mesmo”.
Jesus reafirma sua essência: divina (mesmas obras e honra); mas também sua identidade:
Filho (mesma vontade, submissão e serviço).

CONCLUSÃO
Esse texto nos dá uma oportunidade ímpar, olhamos para dentro dos olhos do Senhor Jesus.
Trata-se do testemunho de uma das pessoas da própria Trindade, O Filho. Dizendo como é o
seu relacionamento com o Pai.
E se Santificação significa nos tornar mais parecidos com Cristo dia após dia? Três
coisas que devemos aprender com Jesus para melhorar nosso relacionamento com o Pai:
1. O amor exclui interesses conflitantes;
Não existe amor onde os dois querem coisas opostas. Onde fazem planos contraditórios. Deus
imprimiu na Sagrada Escritura a centralidade de sua vontade e o que lhe agrada. Não
podemos buscar outra coisa.
(1Co 13.4,5): “4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria,
não se orgulha. 5 Não maltrata, não procura seus interesses... 7 Tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta”.

Vimos que Jesus “nada podia fazer de si mesmo”. Ou seja, não buscava a sua própria vontade.
E quanto a nós, qual empreendimento temos nos empenhado? O que estamos ajudando a
promover? Qual é o nosso maior desejo?
61

(4.34): “Disse Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e
concluir a sua obra”.

2. O amor exige obediência;


Sei que hoje, amor e obediência soam contraditórios, mas é exatamente o que Jesus nos
ensinou (15.10). Sua submissão estava baseada no amor do Pai. Da mesma forma Paulo
exortou as mulheres a seguirem o exemplo da Igreja, que se devotava a Cristo por causa do
seu amor sacrificial.
(Ef 5.24,25): “24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres
estejam em tudo sujeitas a seus maridos. 25 Maridos, amem suas mulheres, assim como
Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela”.

Você tem amado a Deus? Você tem guardado os seus mandamentos? Se ama obedece! Se
sabe que é amado procura obedecer e quando falha sofre por isso.
3. O amor exige louvor;
Você consegue imaginar um relacionamento sem elogios, ou mensagens de carinho e afeto?
Claro que não. Seria uma sociedade e não um casamento. Negócios e não família.
Sabemos que a honra é o peso exigido pelo valor. Vimos então, que o peso de Jesus é o
mesmo de Deus, porque o valor do Filho é o mesmo do Pai. E devemos louvor a ambos.
Por isso a pergunta final é: temos louvado, honrado, exaltado, glorificado nosso Senhor?
Que um dia bradou em nossos corações: “haja luz!”, ou “venha para fora”. E puderam dizer
sobre nós: “Este meu filho estava morto, mas agora reviveu”.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#19: O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS! (5.31-47). 18/09/2022
INTRODUÇÃO
Temos visto como o evangelho de João, funciona como um guia prático para a evangelização.
Apresentando diversos “testemunhos” que possuem um único objetivo: apontar o caminho
vivo e verdadeiro, Jesus Cristo.
Nosso texto não é diferente, ele apresenta com clareza 4 testemunhos poderosos de Jesus ditos
pelo próprio Senhor Jesus: 1) O Testemunho de João; 2) O Testemunho das Obras; 3) O
Testemunho das Escrituras; 4) O Testemunho de Moisés.
E o que explica o nosso tema, é que o que todos os quatro tem em comum, são as Escrituras
Sagradas. Elas estão presentes em todos eles. As Escrituras falam de João; falam das obras do
Messias; falam do Messias de várias maneiras; e falam desde Moisés.
62

Obs. Esse sermão é para você que deseja evangelizar, mas para você que precisa do
evangelho.
Eu acredito em (Pregação + Poder), nesse sentido há uma cooperação entre (Pregador +
Espírito). Não há Poder sem Pregação, mas infelizmente há Pregação sem Poder.
Pregação sem Poder produz conhecimento, ou tédio; mas Pregação nutrida pelo Poder
do Espírito produz ressurreição: “já passo da morte para a vida” (v.24).
VEJAMOS AS 4 TESTEMUNHAS DE JESUS:
I. O TESTEMUNHO DE JOÃO (v.31-35);
“31 "Se testifico acerca de mim mesmo, o meu testemunho não é válido. 32 Há outro que
testemunha em meu favor, e sei que o seu testemunho a meu respeito é válido. 33 "Vocês
enviaram representantes a João, e ele testemunhou da verdade. 34 Não que eu busque
testemunho humano, mas menciono isso para que vocês sejam salvos. 35 João era uma
candeia que queimava e irradiava luz, e durante certo tempo vocês quiseram alegrar-se
com a sua luz”.

(v.31). Sabemos que para os judeus, deveria ter mais de uma pessoa para que um testemunho
fosse acolhido como válido. E Jesus está dizendo: eu dei isso a vocês, João.
(v.33). Jesus afirma que eles não eram ignorantes ao seu testemunho, porque enviaram
mensageiros para ouvir o testemunho de João.
(v.34). Essa é a primeira coisa maravilhosa do texto. Jesus não precisa de testemunhas, mas
os homens precisam. O objetivo é claro: “para que vocês sejam salvos”. Precisamos
mencionar, que o Filho não teria necessidade de fazer muitas coisas, nem de revelar outras,
mas o faz para que sejamos salvos. Isso demonstra o favor de Deus e a graça de Jesus,
cumprindo a Escritura através do último profeta antes do Messias.
(v.35) Essa é a segunda. A natureza da missão de João e de todos os mensageiros de
Jesus. “João era uma candeia que queimava e irradiava luz”. Ah irmãos, quando usamos essa
metáfora, pensamos apenas na luz que essa lâmpada irradiava, mas devemos pensar que antes
de irradiar luz ela queimava. Para Brilhar tem que queimar primeiro!
Queimar significa se deixar gastar por amor aos perdidos. Como João batista, que agora
estava preso, e terminaria seus dias sentindo a fria lâmina atravessar seu pescoço e separa sua
cabeça do corpo.
Talvez é por isso que nossas pregações estão sem poder. Porque estamos preocupados com o
brilho sem fogo. Lembro-me de Henry Martyn, missionário anglicano, que influenciado por
William Carey (missionário batista na Índia), foi para esse país. Onde residiu lá por 6 anos e
meio até a sua morte precoce (31 anos). Mas não sem antes traduzir o novo testamento para
(Urdo, Persa e Judaico-Pérsico).
“Amado Senhor, eu também andava no país longínquo; minha vida ardia no pecado...
desejaste e eu me tornasse não mais um tição para espalhar a destruição, mais uma tocha
brilhando por Ti. Eis-me aqui nas trevas mais densas, selvagens e opressivas do
paganismo. Agora, Senhor, quero arder até me consumir inteiramente por Ti” (Hérois
da Fé, p.95).
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Obs. E você está pronto para Queimar e Brilhar por Cristo, para salvação dos perdidos?
Entre para a galeria de João Batista, Henry Martyn, e outros. Assim não a luz sem a chama,
que não haja pregação sem Poder!

II. O TESTEMUNHO DAS OBRAS (v.36-38);


“36 "Eu tenho um testemunho maior que o de João; a própria obra que o Pai me deu
para concluir, e que estou realizando, testemunha que o Pai me enviou.

(v.36). Jesus se remete a “obra”, já falamos que o fato de Jesus realizar as mesmas obras que o
Pai, confirma que Ele é igual ao Pai, mas também que foi enviado pelo Pai. Mais uma vez as
Escrituras anunciam a obra do Messias:
(Is 61.1-3): “1 O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu-me
para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o
coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos
prisioneiros, 2 para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da vingança do
nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes, 3 e dar a todos os que choram em
Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de
louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio
do Senhor, para manifestação da sua glória”.

É interessante que os testemunhos se intercalam aqui. Mateus 11, nos conta que João estava
preso e ficou sabendo o que Jesus estava empreendendo e pressionado por seus discípulos
enviou mensageiros para saber se Jesus iria libertar Israel.
(Mt 11.5,6): “Os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres; 6 e feliz é
aquele que não se escandaliza por minha causa”.

Jesus prossegue.
“37 E o Pai que me enviou, ele mesmo testemunhou a meu respeito. Vocês nunca
ouviram a sua voz, nem viram a sua forma, 38 nem a sua palavra habita (permanece) em
vocês, pois não creem naquele que ele enviou”.

Jesus fala da rejeição deles em paralelo com sua vinda. A ironia é que os homens nunca
haviam ouvido a voz de Deus – e nem visto a sua forma – e muito menos a palavra habitou
entre eles.
A ironia é que Jesus é a Palavra de Deus, encarnada e João testemunhou no prólogo dizendo:
(1.14): “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu (habitou) entre nós. Vimos a
sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”.

A ideia é que eles “nunca ouviram – nem viram – nem permaneceu” porque
simplesmente “não creram” no Filho. João pode dizer: (1Jo 1.1,2):
“1 O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra
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da vida. 2 A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a


vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada”.

III. O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS (v.39-44);


“39 Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a
vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; 40 contudo, vocês
não querem vir a mim para terem vida. 41 "Eu não aceito glória dos homens, 42 mas
conheço vocês. Sei que vocês não têm o amor de Deus. 43 Eu vim em nome de meu Pai,
e vocês não me aceitaram; mas, se outro vier em seu próprio nome, vocês o aceitarão. 44
Como vocês podem crer, se aceitam glória uns dos outros, mas não procuram a glória que
vem do Deus único?”.

Esse é a segunda conformação com a tradição judaica, primeiro as duas testemunhas, agora a
fidelidade à Escritura. O povo Judeu era o povo da Lei escrita. Eles tinham amor pela
Escritura, decoravam, liam, cantavam, praticamente sua cultura estava mergulhada nas
Escrituras.
Podemos dizer que a identidade do povo foi preservada pela Escritura. História, Cultura e
religião estavam contidas nelas. Mas Jesus vai um pouco além. Ele lembra que eles não
buscavam as Escrituras apenas com cunho catequético, mas espiritual. “pensam que
nelas vocês têm a vida eterna” (v.39).
(Sl 119.93): “Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado
vida” (ARA).

Sim de fato, a Palavra escrita de Deus, pode levar o homem a salvação, mas a Escritura
é o meio e não o Fim. A Escritura é o caminho a Vida é Cristo.
(Absurdo). Por isso ele pode dizer, que embora tenham o “mapa” eles não conseguem
encontrar o “tesouro”. Pior, o “tesouro” veio a eles, mas rejeitam o “tesouro” mesmo olhando
para o “mapa”.
(v.41-44). Não que ele não aceite a glória, ele acabara de dizer que a honra do filho não é
opcional (v.23); mas que Ele os conhece, e desses homens não deseja receber nada.
Jesus logo explica por que esses homens “não querem” a vida. E o motivo é terrível: “não
tem o amor de Deus”.
W. Hendriksen: “Não foi a falta de evidências, e sim a falta de amor que levou esses
homens a rejeitarem o Cristo” (p.243).

Aqueles homens sabiam de cor, a “Shᵉma” (Dt 6.4,5):


“4 Shᵉma Isrāel Adonai ēloheynû Adonai eḥād;
5 Wᵉāhabetā et Adonai ēloheykḥa bᵉkḥol-lebabᵉkhā ûbᵉkḥol-napheshᵉkhā ûbᵉkḥol-
mᵉodekhā”.

Porém mesmo repetindo todos os dias: “Ame o Senhor de todo o seu coração” eles estavam
longe do amor de Deus, porque amavam mais “a glória uns dos outros” ao invés da “glória do
Deus único”, uma referência clara ao “Shᵉma”.
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Obs. Sem amor, não adianta as evidências. Imagine o apologeta que possui todas as
respostas, ele vence o debate, mas não vence a dureza do coração. As evidências
importam, mas só amor penetra o coração.

IV. O TESTEMUNHO DE MOISÉS (v.45-47);


“45 "Contudo, não pensem que eu os acusarei perante o Pai. Quem os acusa é Moisés, em
quem estão as suas esperanças. 46 Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois
ele escreveu a meu respeito. 47 Visto, porém, que não creem no que ele escreveu, como
crerão no que eu digo?”.

Por fim, Jesus volta ao tema do “julgamento”. E novamente ele se desvia do julgamento
direto, porque para eles (judeus) havia outro juiz, Moisés. Aqui entende-se pela Lei e tora a
Torá.
Eles se orgulhavam de conhecer a Torá e acreditarem nela. “Mas assim como não amam a
Deus, também não creem em Moisés, porque se cressem nele creriam em Mim”. Daí Jesus
quebra o sistema quando diz: “Ele escreveu a meu respeito”. (Escândalo). Como poderia?
Jesus está apontando para Dt 18.15-19:
“15 O Senhor, o seu Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um profeta como
eu; ouçam-no. 16 Pois foi isso que pediram ao Senhor, ao seu Deus, em Horebe, no dia
em que se reuniram, quando disseram: "Não queremos ouvir a voz do Senhor, do nosso
Deus, nem ver o seu grande fogo, se não morreremos!" 17 O Senhor me disse: "Eles têm
razão! 18 Levantarei do meio dos seus irmãos um profeta como você; porei minhas
palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar. 19 Se alguém não
ouvir as minhas palavras, que o profeta falará em meu nome, eu mesmo lhe pedirei
contas”.

CONCLUSÃO
As quatro Linhas da Escritura, segundo W. Hendriksen:
“Há quatro linhas que correndo por todo o Antigo Testamento, convergem em Belém e
no Calvário” (p.244).

As linhas: 1) Profética; 2) Histórica; 3) Tipológica e 4) Psicológica.


1. A Linha Profética;
Começou em Adão, na promessa do evangelho,
 Adão – (Gn 3.15): “a semente da mulher”;
 Sem – (Gn 9.26): “Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem”;
 Abraão – (Gn 22.18): “Sua descendência conquistará cidades... por meio dela, todos
os povos da terra serão abençoados...”.
 Judá – (Gn 49.10): “O cetro não se apartará de Judá... até que venha aquele a quem
pertence, e a ele as nações obedecerão”.
 O profeta – (Dt 18.15): “O Senhor levantará do meio de seus próprios irmãos um
profeta como eu; ouçam-no”.
66

 Davi – (2Sm 7.16): “Quanto a você, sua dinastia e seu reino permanecerão para
sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre”.
Enfim Jesus cumpriu todas as profecias feitas sobre ele. (Mt 1.1): “Registro da genealogia de
Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”.

2. A Linha Histórica;
A Bíblia não é um livro de histórias desconexas, mas um grande enredo que culmina na
vitória de Cristo sobre a morte e as forças do mal.
Deus em toda essa história não é como o espectador, mais diretor, certificando-se que a
história irá culminar em Cristo. Mesmo quando as forças do mal tentam destruir a linha da
história. Apocalipse 12, nada mais é do que o esforço do mal para frustrar os planos de Deus,
na história da redenção.
(Ap 12.4,5): 4 Sua cauda arrastou consigo um terço das estrelas do céu, lançando-as na
terra. O dragão colocou-se diante da mulher (Igreja) que estava para dar à luz, para
devorar o seu filho no momento em que nascesse. 5 Ela deu à luz um filho, um homem,
que governará todas as nações com cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto
de Deus e de seu trono”.

“Devorar o filho no momento em que nascesse”. Os eventos históricos desses dois versos
compreendem Belém ao Calvário. Primeiro na matança dos inocentes por ordem de Herodes;
depois na tentação do deserto; e em cada evento de tentativa de assassinato contra Jesus;
culminando num esforço entre os grupos religiosos e a traição de Judas; indo até a crueldade
dos soldados na crucificação de Cristo. Mas como foi profetizado pelo salmista.
(Sl 16.10,11): “10 porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o
teu santo sofra decomposição. 11 Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena
da tua presença, eterno prazer à tua direita”.

3. A Linha Tipológica;
Outra linha absurdamente importante, é a linha tipológica. Tipo é um símbolo intencional,
colocado por Deus na história para representar o Cristo que viria, podendo ser pessoa ou
objeto.
(Cl 2.16,17): “16 Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem
ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas
novas ou dos dias de sábado. 17 Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a
realidade, porém, encontra-se em Cristo”.

Quero lembrar apenas os “tipos” colocados no evangelho de João. Ele é...


1) O tabernáculo de Deus entre os homens (1.14);
2) O cordeiro de Deus (1.29);
3) A Serpente de bronze (3.14);
4) O Pão vivo que desceu do céu (6.51);
5) A Videira verdadeira (15.1).
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4. A Linha Psicológica;
A própria Lei de Moisés testemunhava contra nós. o homem não poderia se manter puro e
inocente diante da Lei perfeita de Deus. Se o humano não pode se salvar, então ele precisa de
um salvador.
(Sl 130.3): “3 Se tu, Soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia?”.
(Sl 103.8-13): “8 O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de
amor. 9 Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; 10 não nos trata
conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. 11 Pois
como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o
temem; 12 e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós
as nossas transgressões.13 Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor
tem compaixão dos que o temem”.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#20: O TESTEMUNHO DA MULTIPLICAÇÃO! (6.1-15). 09/10/2022
INTRODUÇÃO
Temos visto como o evangelho de João, funciona como um guia prático para a evangelização.
Apresentando diversos “testemunhos” que apontam para o caminho vivo e verdadeiro: Jesus
Cristo.
Vimos semana passada como Jesus defendeu o testemunho da Escritura, por meio de 4
linhas: histórica, profética, tipológica e psicológica, apontam para a pessoa de Cristo. “As
Escrituras testemunham de mim”.
Agora Jesus retorna para a Galileia, para continuar seu “testemunho por meio de sinais”, a
essa altura já estamos no 4º Sinal (1º Bodas de caná; 2º o filho do Oficial e 3º o moribundo do
tanque de Bethesda). Agora em especial: “O Testemunho da multiplicação”. Veremos
I. JESUS E A MULTIDÃO (v.1-5a);
II. OS DISCÍPULOS E A MULTIDÃO (v.5b-9);
III. JESUS E OS DÍSCIPULOS (v.10-13);
IV. A MULTIDÃO E JESUS (v.14-15).
VEJAMOS COMO FOI A FORMA DE TRATAMENTO UNS PELOS OS OUTROS:
I. JESUS E A MULTIDÃO (v.1-5a);
“1 Algum tempo depois Jesus partiu para a outra margem do mar da Galiléia (ou seja, do
mar de Tiberíades), 2 e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais
miraculosos que ele tinha realizado nos doentes. 3 Então Jesus subiu ao monte e sentou-
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se com os seus discípulos. 4 Estava próxima a festa judaica da Páscoa. 5 Levantando os


olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava...”.

Esse é um relato conhecido e amplamente divulgado pelos evangelistas, todos os quatro, nos
contam alguma curiosidade sobre o relato. Marcos e Lucas, nos fornecem o pano de fundo, “o
envio dos doze”. Quando pela primeira vez Jesus comissionou e enviou seus discípulos para
pregar nas cidades vizinhas. Nesse momento estamos no retorno da comitiva e na entrega de
relatório.
Obs. Isto é, viajaram sem comida e dinheiro, estavam exaustos, e procuraram um lugar
para descansar e conversar.
Em todos os evangelhos, temos a “multidão eufórica” perseguindo Jesus. Quando chegam no
outro lado, lá estavam eles. A ideia do “retiro espiritual” não deu certo, a multidão os seguiu
ao outro lado. Agora precisam decidir o que fazer.
Aplicação: Mateus e Marcos, respondem a pergunta: Como Jesus tratou a multidão? Com
compaixão.
(Mc 6.34) “Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão
deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas
coisas”.

Num mundo de gurus e seguidores, busca pela fama. Precisamos perguntar: como estamos
tratando a multidão? Creio haver duas maneiras:
 Como fardo e prejuízo;
 Como trampolim ou meio de autopromoção.
Jesus não lida com a multidão nem como prejuízo, nem como autopromoção, mas com
compaixão. Mais que isso. O segredo?
Ele não olhou apenas para a necessidade do povo, mas como ele poderia ser a cura dessa
necessidade. Um pastor para as ovelhas perdidas! Jesus não tem um olhar clínico; ele
não tem apenas um diagnóstico para você, ele tem a cura! Ele não tem uma sentença, ele
tem o perdão!

II. OS DISCÍPULOS E A MULTIDÃO (v.5b-9);


“5 ... Jesus disse a Filipe: "Onde compraremos pão para esse povo comer?" 6 Fez essa
pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer. 7 Filipe lhe
respondeu: "Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um
recebesse um pedaço!" 8 Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a
palavra: 9 "Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é
isto para tanta gente?”.

Agora o diferencial está em João, todos os outros mostram a preocupação dos discípulos, mas
João cita o nome dos discípulos, e ainda acrescenta a pergunta e intenção do Mestre, “prová-
lo”.
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Onde compraremos pão? Faz referência ao deserto. Uma pergunta fácil de responder. Filipe
responde “matematicamente”. “Duzentos denários” (oito meses de salário) não seriam
suficientes para saciar a multidão.
Carson: “A resposta de Filipe revela o fato de que ele pode pensar somente na esfera de
mercado, o mundo natural” (p.271).

Obs. Somos lembrados de Nicodemos e da mulher samaritana, que tudo entendiam no


espectro natural, seus discípulos não são melhores do que eles.
Agora é a vez de André. Encontrou um “menino” com “cinco pães de cevada e dois
peixinhos”. Mas ele deixa claro, “isso também não é suficiente”. Ou seja, na logica
cartesiana, o lanchinho de um garoto nunca poderia servir a uma multidão.
Os sinóticos acrescentam:
(Mc 6.36,37): “Mande-os embora... deveríamos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes
de comer?”.

Aplicação: Como os discípulos trataram a multidão? Com sentimento de prejuízo. Eles


viram a multidão como um fardo impossível de carregar. O contrário da compaixão é
dizer: “mande-os embora”. É o mesmo que dizer as ovelhas: alimentem-se, encontrem os
pastos verdejantes! É o pastor que alimenta as ovelhas!

III. JESUS E OS DÍSCIPULOS (v.10-13);


“10 Disse Jesus: "Mandem o povo assentar-se". Havia muita grama naquele lugar, e
todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens. 11 Então Jesus tomou os pães,
deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez
o mesmo com os peixes. 12 Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse
aos seus discípulos: "Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado".
13 Então eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de
cevada deixados por aqueles que tinham comido”.

Agora Jesus precisa lidar com seus discípulos. E essa é uma característica singular desse
sinal, ele é compartilhado (entendimento e serviço).
Ao invés de mandar o povo embora, Jesus diz aos discípulos: “Mandem o povo assentar-se”,
ou seja, mandem eles esperarem pela refeição.
João informa a quantidade (5 mil homens), Carson afirma que poderiam chegar à 20 mil
pessoas. Mas o que impressiona é que a despeito da proporção e da lógica humana, Jesus
toma os pães e dá graças.
É importante notar que Jesus não abençoou ou pediu por multiplicação, apenas deu graças.
Isso nos ensina que devemos ser gratos pelo que temos e o restante Deus proverá!
O milagre: a descrição é explicita. “(pães) tantos quanto queriam... receberam o suficiente
para comer”. Uma clara oposição a palavra fria dos discípulos: nem 200 denários... isso
não é suficiente...
Obs. Na mesa de Cristo ficamos satisfeitos e ainda sobeja!
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12 cestos – faz alusão às doze tribos de Israel, figurando que aquele que viria seria a provisão
para Israel.
Aplicação: Como Jesus tratou seus discípulos? Ensinando-os a “entender e compartilhar”.
 Metanoia: Primeiro eles precisavam abandonar a “lógica cartesiana” para a “lógica
divina”. E assim como foi no deserto, deveriam trocar a murmuração pela gratidão.
 Serviço: E depois, deveriam não apenas entender a dor da multidão, mas serem
solução para o sofrimento deles. Não adianta apontar o defeito das ovelhas, se você
não quer pastoreá-las!

IV. A MULTIDÃO E JESUS (v.14-15).


“14 Depois de ver o sinal miraculoso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer:
"Sem dúvida este é o Profeta que devia vir ao mundo". 15 Sabendo Jesus que
pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte”.

O texto caminha para um desfecho inesperado. Primeiramente o reconhecimento popular é um


tanto óbvio: Depois de ver o impressionante sinal eles reconheceram a profecia
deuteronômica (Dt 18.15-19). É provável que o povo tenha se lembrado do maná, por causa
do deserto e da abundância de pão, e então lembrado da profecia de Moisés.
O reconhecimento é válido, mas sabemos o que estava por trás disso. Eles queriam um líder
político e não um salvador. Estavam atrás do pão que perece (v.26). Como a multidão do
Cap. 2. Eles não criam em Jesus, apenas desejavam seus milagres. Eles não são diferentes do
Oficial ou do moribundo junto ao tanque de Bethesda. Queriam a cura não salvação, o milagre
e não Jesus.
Aplicação: Como a multidão tratou Jesus? Incredulidade. Marcada por duas coisas:
 Interesse pessoal ou nacionalista: Ele é o Profeta e o Rei que irá nos libertar, e que
ainda de quebra pode multiplicar os suprimentos.
 Fé parcial: Os sinais anteriores deixaram claro, que fé parcial não é suficiente. Ou
Jesus é Deus ou não é nada!

CONCLUSÃO
O que podemos aprender com o “Testemunho da Multiplicação”?
1. Precisamos tratar as pessoas como ovelhas e não como números;
Vimos como os discípulos trataram a multidão, como números. Calcularam o custo (200
denários); calcularam a oferta do menino (5 pães e dois peixes).
No entanto, Jesus não olhou para a multidão, nem como fardo e nem com interesse, mas
olhou para eles com compaixão. Como ovelhas perdidas. E a se mesmo como pastor.
Obs. Infelizmente, hoje temos pastores tratando o povo como números e não como ovelhas.
Hoje o que importa é a quantidade de pessoas, o valor das entradas, o tamanho do terreno, etc.
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A visão empresarial aplicada a Igreja. Onde o pastor é o gerente que precisa bater a próxima
meta, afinal a Igreja tem que dar lucro.
Jesus não está preocupado com o quanto ele pode ganhar desta multidão, mas o quanto
ele pode dar para a multidão.
a) Número não tem identidade;
b) Número não tem necessidades;

2. Dividir também é uma forma de multiplicar;


Tenho um amigo matemático que me ensinou essa. Matematicamente falando você pode
dividir infinitamente uma coisa em muitos pedacinhos. É claro que não foi isso que Jesus fez,
embora alguns liberais tentaram afirmar que os discípulos fizeram uma espécie de “junta
pratos”. Mas o texto é claro: “cinco pães e dois peixinhos”.
Creio que uma das lições desse texto, está em valorizarmos o pouco!
a) Para o discípulo o lanchinho do rapaz era pouco, mas para o menino era tudo o que
ele tinha;
b) Jesus deu graças pelos “cinco pães e dois peixinhos”.
Precisamos aprender a valorizar o pouco, porque o pouco na mão de Jesus é muito.
Precisamos valorizar não só o pouco que temos, mas o pouco que ofertamos também.
(Mt 25.23): “23 "O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no
pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!”.

3. Jesus é o pão vivo que desceu do céu;


Ao mesmo tempo em Jesus é o nosso provedor, Ele é a nossa provisão. Ele nos convida para
ceiar com ele, mas Ele também é o nosso alimento.
(v.35) “35 Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca
terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#21: O TESTEMUNHO DA TEMPESTADE! (6.16-21). 16/10/2022
72

INTRODUÇÃO
Estamos no livro dos testemunhos acerca do caminho vivo e verdadeiro, Jesus!
A Grande Lição: A ideia que perpassa todo o capítulo 6, é “Não trabalhem pela comida que
perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna...” (v.27). O 5º sinal mostrará de
forma ilustrativa, como devemos buscar a “presença de Jesus” e não o fim da
tempestade.
HOJE EU TE CONVIDO A OLHAR COM ATENÇÃO PARA ONDE JESUS ESTÁ:
I. JESUS NO MONTE (v.16-18);
II. JESUS NO MAR (v.19,20);
III. JESUS NO BARCO (v.21).
ONDE JESUS ESTÁ?
I. JESUS NO MONTE (v.16-18);
“16 Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar, 17 entraram num barco e
começaram a travessia para Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até
onde eles estavam. 18 Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas”.

Como assim pastor, Jesus no monte? Sim, os evangelistas Mateus e Marcos nos informam
para onde Jesus foi enquanto seus discípulos enfrentavam a tempestade. Eles nos dão três
informações adicionais:
(Mc 6.45): “45 Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no
barco e fossem adiante dele para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. 46
Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar”.

1. Jesus “insistiu”, ou “compeliu”, anagkazo = empurrar para, obrigar...


2. Jesus despediu os discípulos antes da multidão.
3. Jesus foi orar no monte sozinho.
Por que Jesus parecia querer se livrar dos discípulos tão rapidamente assim? E ainda os
empurrando para uma tempestade? Dois motivos:
1. Para poupá-los de uma terrível tentação;
João nos informou da reação da multidão após o milagre, queriam proclamá-lo rei à força
(v.15). A coisa foi tão séria, que os teólogos comparam a atitude da multidão com a tentação
do Diabo no deserto. Vitória pelo método humano, pelo caminho mais fácil!
É provável que Jesus soubesse que seus discípulos não estavam prontos para uma tentação
dessas.

2. Para interceder por eles.


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E não pode ser menosprezado o fato de que Jesus se retirou para orar. E muito provavelmente
Jesus orou pelos discípulos. Tanto pela sua falta de entendimento e compaixão, quanto pelo
livramento deles.
JESUS NO MONTE E OS DISCÍPULOS NO BARCO.
“16 Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar, 17 entraram num barco e
começaram a travessia para Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido
até onde eles estavam. 18 Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas”.

João se concentra no sofrimento dos discípulos. No meio da escuridão, no meio do mar,


começou a tempestade. Jesus em terra firme e os discípulos açoitados pelo vento e o mar.
Obs. A informação mais assustadora do texto não é o vento e as águas agitadas, mas o
fato de que “Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam” (v.17).
Lembre-se que na primeira tempestade Jesus está dormindo dentro do barco. Não sabemos o
que passou pela cabeça dos discípulos nesse momento. Mas tomando como base a primeira
tempestade. Agora, sua aflição pode ser maior. Porque aprenderam que Jesus pode
acalmar a tempestade, mas agora Jesus não está aqui.
Obs. Como podemos lidar com as situações, quando parece que Jesus não está por
perto?
Posso adiantar que Jesus está sempre por perto, mesmo quando você não consegue senti-lo.
Ele deixou uma promessa, de que não nos abandonaria e de que nunca estaríamos sozinhos!

II. JESUS NO MAR (v.19,20);


“19 Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros, viram Jesus
aproximando-se do barco, andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados. 20 Mas ele
lhes disse: "Sou eu! Não tenham medo!”.

Enfim Jesus chega até eles, mas de forma inesperada. Ele vem andando sobre as águas. Era
por volta das 3 horas da manhã. A situação dos discípulos é agravada por dois motivos:
1. Cansaço seguido de frustração; Mateus informa que Jesus chegou na “quarta vigília
da noite” (Mt 14.25), isto é, entre 3 e 6 horas da manhã. Tomando como base que eles
entraram no mar “ao cair da tarde” (Mc 6.47). Eles podem ter remado por 9 horas
seguidas. E navegaram cinco ou seis quilômetros, com o vento contrário.
Como bons marinheiros, que a maioria era, fizeram tudo o que podiam fazer. Mas ainda
operavam apenas na esfera humana. Isso lembra as soluções que deram para alimentar
a multidão (manda embora, 200 denários, só isso). Seja em terra ou no mar, os discípulos
ainda lutam com a força do braço.
2. Desânimo seguido de medo.
No ápice da escuridão, eles confundem Jesus com um fantasma. E isso aumenta o terror
vivido por eles. Jesus chegou na última vigília, e eles esperavam Jesus chegando em outro
barco e não andando sobre as águas.
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Obs. Jesus caminha sobre aquilo que eles temem. Reverendo Hernandes:
“Jesus caminha sobre o mar, para mostrar a eles que aquilo que os ameaçava estava
literalmente debaixo de seus pés. Os nossos problemas podem ser maiores que nossas
forças e desafiar nossos limites, mas estão debaixo dos pés de Jesus”.

III. JESUS NO BARCO (v.21).


“21 Então se animaram a recebê-lo no barco, e logo chegaram à praia para a qual se
dirigiam”.

Agora Jesus não está mais em cima do monte, ou em cima do mar, Ele está dentro do barco. E
como afirma os evangelhos, assim que ele entrou no barco, o “vento cessou”. Juntando os
relatos, o sinal termina assim:
1. Marcos afirma que os discípulos “ficaram atônitos, pois não tinham entendido o
milagre dos pães” e como consequência “seus corações estavam endurecidos” (Mc
6.51,52).
2. Mateus nos conta que eles “o adoraram dizendo: Verdadeiramente tu és o Filho de
Deus” (Mt 14.33).
É provável que a festa que João relata, aconteceu após o coração dos discípulos ter sido
despedaçado pela presença de Jesus. E não há nenhuma contradição entre espanto e
adoração, na verdade a adoração deve conter “assombro e reconhecimento”.
Definição do dicionário de teologia Hagnos, Sinclair Ferguson:
“Adoração – o senso de admiração do homem ante o magnificente, o assombroso ou
miraculoso ser de Deus. Dois elementos fundamentais são necessários a verdadeira
adoração: a revelação, mediante a qual Deus se mostra ao homem; e a resposta, pela qual
o homem afetado pelo assombro, responde a Deus”.

Obs. Entendemos que esse sinal se conecta com a multiplicação dos pães, quando Cristo,
manifesta aos seus discípulos que o que lhes faltou em terra firme, agora perceberam
flutuando no mar: que precisamos da presença de Jesus acima de qualquer outra
necessidade.

CONCLUSÃO
O que podemos aprender com o “testemunho da tempestade”?

1. Que temos irmãos no Monte e no Mar!


Uma ilustração que temos aqui é da Igreja. Jesus representa o grupo do monte (falo isso
como símbolo de lugar de oração) e os discípulos o grupo do Mar. Os irmãos que estão em
segurança e os irmãos que estão em aflição.
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Nossa vida é assim, e temos que aprender que quando estamos no mar não estamos sozinhos,
existe um exército orando por nós em cima do monte. Como precisamos valorizar a
“intercessão”.

2. Jesus faz da tempestade um caminho para o seu coração!

3. Devemos buscar a presença de Jesus, mais do que o fim da tempestade!


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Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#22: O 1º TESTEMUNHO PESSOAL: EU SOU O PÃO DA VIDA! (6.22-35). 23/10/2022
INTRODUÇÃO
Assim como existem 7 sinais no evangelho de João, também existem 7 testemunhos pessoais
de Jesus. Este é o primeiro, por isso vale a pena explicar.
Esse testemunho tem uma importância especial porque é o próprio Senhor que fala de si
próprio. Alguns negam a realidade e dizem que Jesus nunca disse ser quem a Igreja diz
que Ele é. Uma grande falácia.
C.S. Lewis refutou esse pensamento com o “trilema de Lewis” (a alternativa chocante –
Cristianismo puro e simples, p.86).
Em sua época os liberais diziam: “Não aceito que Jesus é Deus, mas com certeza ele é um
mestre da moral, um profeta, um grande exemplo”. Lewis combateu isso afirmando que o
problema é que Jesus afirmou ser Deus, e diante dessas afirmações só temos três opções:
1) Ou Ele é um mentiroso (sabe que não é quem diz ser que é);
2) Ou é um lunático (acredita ser quem diz ser que é);
3) Ou de fato é Deus (Ele realmente é quem diz ser que é).
“Quero evitar aqui que alguém diga a enorme tolice que muitos costumam dizer a
respeito dele. ‘Estou pronto para aceitar a Jesus como um grande mestre da moral, mas
não aceito sua reivindicação de ser Deus’... De duas ou uma, ou ele seria um lunático –
do nível de alguém que afirma ser um ovo frito – ou então seria o diabo em pessoa. Faça
sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus; ou então um tolo ou algo pior.
Você pode descartá-lo como sendo um tolo ou pode cuspir dele e matá-lo como a um
demônio; ou, então, poderá cais de joelhos a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas
não me venha com essa conversa mole de ele ter sido um grande mestre de moral, pois
ele não nos deu essa alternativa, nem tinha essa pretensão” (Lewis, p.86).

A Grande Lição: Jesus alimentou a multidão para ensinar que eles não precisavam do pão de
cevada e nem do maná, mas do “Pão da vida”. Se buscamos Jesus errado é porque não
sabemos quem Ele é!
“22 No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que
apenas um barco estivera ali, e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos,
mas que eles tinham partido sozinhos. 23 Então alguns barcos de Tiberíades
aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão após o Senhor ter dado graças.
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24 Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos
barcos e foi para Cafarnaum em busca de Jesus”.

PRIMEIRAMENTE VEREMOS O QUE A MULTIDÃO QUER?


1) Eles querem o pão da terra (v.25-27);
2) Eles querem religião (v.28,29);
3) Eles querem um sinal (v.30-33);
4) Eles querem o pão do céu (v.34,35).
O QUE A MULTIDÃO QUER?
I. ELES QUEREM O PÃO DA TERRA (v.25-27);
“25 Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram-lhe: "Mestre, quando
chegaste aqui? " 26 Jesus respondeu: "A verdade é que vocês estão me procurando,
não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram
satisfeitos. 27 Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará. Deus, o Pai, nele
colocou o seu selo de aprovação”.

(v.25). A busca acontece, mas logo o motivo é explicado. A multidão está surpresa de como
Jesus chegou do outro lado. E o primeiro caso curioso é que o Mestre não respondeu a
pergunta deles, nem usou o 5º sinal (caminhar sobre as águas) como oportunidade de fazê-
los reconhecer como Deus. Pelo contrário, Jesus revela a motivação do coração deles.
(v.26). A segunda coisa digna de atenção é o fato de que pela primeira vez temos um grupo
pior do que aqueles que buscavam sinais (2.18). E não podemos negar o fato de que Jesus
está revelando a motivação do coração deles (atributo divino).
(v.27). Daí Jesus aponta a expectativa deles na direção correta, através de três contrastes:
1. Comida que se estraga X comida que permanece;
2. Vida terrena (implícita) X vida eterna;
3. Trabalho X presente.
A ideia é o contraste entre a lógica humana e a divina; e entre o imediatismo e a
eternidade. Tanto os discípulos na cena anterior e a multidão aqui buscam a satisfação
material para hoje. Jesus muda de exortação para evangelho, quando além de recusar o
trabalho pelo perecível oferece uma comida superior que será dada pelo Filho do
homem.
O teólogo alemão Werner de Boor escreveu:
“Jesus transforma sua exortação em evangelho, ao afirmar: “que o Filho vos dará”.
Afinal, por si mesmas as pessoas não são capazes de produzir essa comida. Precisam
recebê-la daquele que como “Filho do homem” dispõe dessa dádiva inefável. Jesus não
permite que façam dele um rei que distribui pão terreno. Contudo, ele é o “Filho do
homem” que concede vida eterna” (p.155).

Obs. Aqui fica uma reflexão para aqueles que defendem uma espécie de evangelho social,
como a teologia da libertação ou da missão integral. Se “o objetivo do evangelho é a
libertação do oprimido”, então Jesus acaba de decepcionar essa turma.
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“Jesus alimenta a multidão por misericórdia e não por assistencialismo; e seu


objetivo era que eles confiassem no doador e não na dádiva, até porque o provedor,
logo se tornaria a provisão” (grifo nosso).

II. ELES QUEREM RELIGIÃO (v.28,29);


“28 Então lhe perguntaram: "O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus
requer?" 29 Jesus respondeu: "A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou”.

(v.28). Depois da oferta de uma comida imperecível e de uma promessa de vida eterna, eles
não hesitaram em perguntar: “O que precisamos fazer em troca”.
(v.29). Para a surpresa deles Jesus reforça o que já disse anteriormente: Essa comida é uma
“dádiva” vocês só precisam “crer”.
Obs. E novamente a busca deles está equivocada. Primeiro eles querem o pão da terra e agora
eles querem o meio pelo qual possam garantir sua salvação. Isso é religiosidade. No
evangelho Deus pede fé e não obras!
(Rm 3.28): “28 Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da
obediência à lei”.

III. ELES QUEREM UM SINAL (v.30-33);


“30 Então lhe perguntaram: "Que sinal miraculoso mostrarás para que o vejamos e
creiamos em ti? Que farás? 31 Os nossos antepassados comeram o maná no deserto;
como está escrito: ‘Ele lhes deu a comer pão do céu’". 32 Declarou-lhes Jesus: "Digo-
lhes a verdade: Não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá
o verdadeiro pão do céu. 33 Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida
ao mundo”.

(v.30). Eles recuam para o assunto dos “sinais”. Deixam a “comida”, talvez não tenham
entendido de fato a dádiva do “evangelho”, e agora se igualam a multidão do capítulo 2,
pedem sinal para crer. Em suma, se verem, crerão. A verdade é que se exijo garantias para
confiar, significa que não confio.
(v.31). Eles até conseguem fazer o link com o “maná”, de fato Jesus apontava para ele. Mas
da maneira errada. O “maná” é lembrado pela multidão para estabelecer o padrão do
sinal exigido.
(v.32). De novo, eles não entenderam. Tanto no deserto quanto agora, Moisés não era doador,
mas o canal. Deus concedeu o pão do céu no deserto e o concede agora também. Jesus está
prestes a se revelar, então adianta uma palavra de substituição.
Pão do céu X o verdadeiro pão do céu. Vocês precisam do “verdadeiro pão”.
(v.33). Nem o “pão de cevada” e nem o “maná” podem fazer o que o “verdadeiro pão do céu”
pode: “dar vida ao mundo”.

IV. ELES QUEREM O PÃO DO CÉU (v.34,35).


79

“34 Disseram eles: "Senhor, dá-nos sempre desse pão!" 35 Então Jesus declarou: "Eu
sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim
nunca terá sede”.

(v.34). Por fim, eles terminam suplicando o verdadeiro pão, seu pedido lembra da mulher
samaritana. Mas será que eles já entenderam realmente o que é o “pão do céu”?
(v.35). Jesus então se revela: “Eu Sou o pão da vida”. Antes dos benefícios precisamos
entender o que significa essa expressão:
1. O pão é uma pessoa; Jesus revela quem e não o que é o verdadeiro pão.
2. O pão do céu é o pão da vida; esse pão em especial concede vida superlativa, vida
eterna.
3. Quem vem e crer nunca terá fome. Curioso que não é quem come, mas quem “vem”
e “crer”, dando a ideia de que a metáfora foi concluída.
Jesus é a única fonte de verdadeira satisfação. Mais do que a fome no deserto e o fim da
tempestade, ele pode saciar nossa fome de maneira inigualável. Daqui até a Eternidade.

CONCLUSÃO
Lembra da grande lição? Se buscamos Jesus errado é porque não sabemos quem Ele é!
Agora ele começa a dar seu próprio testemunho, e esse testemunho é poderoso, o que Jesus
afirmou sobre si mesmo neste capítulo? Quem Ele diz que é?
1. Ele é Deus;
Faltou-nos dizer que essa expressão afirma por si só que Jesus está se declarando Deus. O
famoso “Eu Sou”. Expressa o nome pessoal de Deus (YHWH = Anoki Hayeh We Hayeh =
Eu Sou o que sou), bem como sua eternidade e soberania. Ele é Eterno porque “estava no
princípio com Deus”, e Ele é soberano porque “era Deus”.
2. Ele é o doador;
Vimos que Jesus muda de exortação para evangelho. Ele não apenas combate a busca
equivocada da multidão, como reorienta sua ansiedade para ele mesmo, dizendo:
“Aquilo que vocês procuram não é o que realmente precisam, e o que precisam vocês
não podem obter!”. Pelo menos não pela força do braço. “O Filho do homem vos dará”
basta que vocês “creiam” mesmo sem terem visto.
3. Ele é a dádiva.
E por fim, Jesus autoafirmou ser o objeto final da necessidade daquelas pessoas. Ele não
veio testemunhar sobre o verdadeiro pão do céu, Ele veio doar. E o pão não é algo para
usarmos ou guardarmos, o Pão é Ele próprio.
Encerro perguntando a você:
 Você está buscando a coisa certa? (satisfação terrena, religiosidade...).
 Você já sabe quem é Jesus? (Não um mestre da moral, um espírito iluminado, o
amigo legal da humanidade, o revolucionário..., mas Deus).
80

 Você já “veio” e “creu” nele de todo coração? Pode dizer que sua fome e sede
existencial, foram saciadas?

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#23: O RELATÓRIO DA MISSÃO! (6.35-40). 06/11/2022
INTRODUÇÃO
Um breve resumo do capítulo 6.
 (v.1-15): O Testemunho da Multiplicação; Jesus alimenta a multidão;
 (v.16-21): O Testemunho da Tempestade; Jesus salva os seus discípulos;
 (v.22-35): O Testemunho Pessoal; Jesus exorta a multidão;
Objetivo principal: Devemos buscar a presença de Jesus mais do que o pão que perece e o
fim da tempestade!
Vimos que infelizmente a multidão foi reprovada. No texto anterior, antes de Jesus se revelar
ele revelou o coração da multidão. Vocês buscam: 1º) O pão da terra; 2º) Religiosidade; 3º)
Sinal miraculoso; 4º O pão do céu; Pelo menos até Jesus dizer que Ele é o Pão do céu. A
conclusão lógica da semana passada foi: “Se buscamos Jesus errado é porque não sabemos
quem Ele é!” (Ele é Deus – Doador e a Dádiva).
A Grande Lição: Jesus está abrindo o seu “relatório de missão” (O que Ele veio fazer?).
Diante da preocupação de que mesmo vendo muitos não creem: sua missão é garantir que
os eleitos serão acolhidos e guardados até o último dia!
SOBRE OS QUE “VIRÃO A MIM”, VEJAMOS 3 COISAS:
1) O que ganharão? (v.35);
2) Quem virá? (v.36,37);
3) Como poderão vir? (v.38-40).
SOBRE OS QUE “VIRÃO A MIM”,
I. O QUE GANHARÃO? (v.35);
“35 Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá
fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.
81

Em primeiro lugar, Jesus começa com sua promessa de “Plena satisfação”, e isso é
maravilhoso, porque isso é algo que todos nós buscamos. Mas antes vejamos o que Jesus não
quis dizer aqui:
 1º Que seríamos seres isentos da ansiedade;
 2º Que estaríamos totalmente fartos de Deus;
Vejamos, primeiro o que Jesus promete não nos torna perfeitamente resolvidos, ou seres que
são incapazes de desejar outra coisa. Ou que estaríamos curados da ansiedade. Porque
senão, a ansiedade não seria um problema para o cristão. E sabemos que isso não é verdade.
Jesus nos libertou do Poder do Pecado, e o Espírito da Culpa do Pecado, mas ainda
estamos sob a Presença do Pecado até o último dia, e por isso desejamos “outros amores”
(Agostinho, Cidade de Deus).
E não estaremos totalmente fartos de Cristo, e tão satisfeitos de Deus, ao ponto de não o
desejar mais. Ex. como o alpinista que alcançou o topo do Everest e perdeu sua razão de
viver, depressão causada pelo “vazio pós-conquista”.
(Eclesiástico 24.19-21): “19 Vinde a mim todos os que me desejais, fartai-vos de meus
frutos. (...). 21 Os que se alimentam de mim terão ainda mais fome, e os que bebem de
mim terão ainda mais sede”.

Aqueles que se fartam de Deus, continuam a ter fome de Deus!


 Então, o que significa a promessa de Jesus?
(v.35): “... Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá
sede”.

Significa que referente aquele vazio da alma, o “tanque furado” que nunca está satisfeito,
seja pelo tamanho ou pelas suas rachaduras. Jesus afirma: “Agora, em mim, vocês nunca
mais terão fome e nunca mais terão sede”. “Não precisam continuar procurando a fonte
da felicidade, prazer e alegria, já encontraram, Eu Sou o Pão da Vida!”.
Jesus contribui para a “Plena Satisfação” em três aspectos:
1. A condição humana: faminto ou sedento;
2. A solução humana: se contentar com pouco (o pão da terra; sinais miraculosos);
(Jr 2.11-13): “11 Alguma nação já trocou os seus deuses? E eles nem sequer são deuses!
Mas o meu povo trocou a sua Glória por deuses inúteis. (...). 13 "O meu povo cometeu
dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas
próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água”.

3. A solução divina: Eu Sou o Pão da Vida – nunca mais – fome e sede.


Obs. O que ganharão? Vida Plena por meio de Jesus. Não uma coisa, uma substância, um
livro, um código, uma causa, mas uma pessoa. É a presença contínua de Jesus em nós que
garante plena satisfação. Por isso devemos buscar a presença de Jesus mais do que tudo,
porque tudo sem Jesus é um “tanque furado”, logo se transformará em nada.

II. QUEM VIRÁ? (v.36,37);


82

“36 Mas, como eu lhes disse, vocês me viram, mas ainda não creem. 37 Todo o que o
Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei”.

Essa pergunta é importante, porque é provável que Jesus estivesse aqui respondendo as
indagações dos corações das pessoas, ou dos seus próprios discípulos. Creio particularmente,
que Ele estava preparando os corações para a debandada que ocorreria em breve (v.60-71).
(v.36). o verso 36 é forte, “vocês me viram, mas ainda não creem” (NVI), mas fica pior,
quando aproximamos mais do sentido original: “Porém eu já vos disse que, embora me
tenhais visto, não credes” (ARA). Isto é, vocês me viram, viram meus sinais, viram o meu
rosto, viram a sinceridade, integridade, viram o meu testemunho, mas não creram. Isso
refuta a ideia da multidão de que “se vissem creriam” (v.30).
Jesus refuta a falsa ideia de que sinais são poderosos em si mesmos, de que o homem precisa
de uma experiência externa para crer. Até hoje, muitos pensam assim. Jesus ensina que a
nossa salvação está firmada na Eleição Soberana do Pai e não em nossos sentidos. Embora
o termo não esteja sendo utilizado, vejamos alguns pontos:
(v.37): “Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei”.

1. Existe um grupo implícito em “todo”;


2. Os que são “dados” ao Filho, implica pertencerem ao Pai; você só pode dar o que
te pertence!
3. Parece haver uma sequência lógica: só pode vir a mim quem o Pai me der; (v.44):
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o trouxer”.
A nossa confissão de fé de 1689 nos ajuda entendermos a Doutrina da Eleição:
“Visto que Deus designou os eleitos para a glória, também preordenou todos os meios
para isso, pelo eterno e mais livre propósito de sua vontade. Portanto, os que são eleitos,
tendo caído em Adão, são redimidos por Cristo e eficazmente chamados à fé nele,
pelo seu Espírito, que age no tempo devido. Eles são, além disso, justificados, adotados,
santificados e, pelo poder do Senhor e por meio da fé, guardados para a salvação”.
(CFB 1689, III,6).

Isso confirma a “sequência lógica” do nosso texto e refuta aquela velha ideia de que os eleitos
vivem suas vidas de qualquer maneira. Não, Todos os Eleitos virão até Cristo e serão
redimidos, e ao passo em que são justificados também serão santificados. Sendo a santificação
a prova de que vieram a Cristo e de que são eleitos de Deus.

III. COMO PODERÃO VIR? (v.38-40).


“38 Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele
que me enviou. 39 E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum
dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40 Porque a vontade de meu Pai é
que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei
no último dia”.

A última pergunta é a mais importante, porque é o que nos cabe fazer.


(v.38). Jesus mais uma vez assume seu papel de Filho obediente, que renunciou a sua vontade
pela do seu Pai.
83

(v.39). Ele explica qual é a vontade do Pai bem como a sua missão: guardar os eleitos até o
último dia!
(v.40). Aqui então chegamos no “como?”. “... todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a
vida eterna”.
Jesus acaba de refutar a ideia: “vocês me viram, mas não creem” (v.36). Então como assim
Ele afirma que o caminho para vir a Ele passa por olhar para Ele? Que tipo de olhar Jesus
quer? Dr. Carson nos advertiu:
“Eles viram somente um homem poderosamente capacitado, um rei em potencial
(v.14,15), não o Filho de Deus que perfeitamente expressa a palavra e os feitos do Pai
(v.38); eles viram somente pão e poder, não o que eles significavam” (p.291).

Resposta: Jesus revisita o tema da serpente de bronze (3.14,15).


“14 Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é
necessário que o Filho do homem seja levantado, 15 para que todo o que nele crer
tenha a vida eterna”.

Lembram? (Nm 21). Os hebreus estavam morrendo por causa do veneno. Deus então, proveu
um escape, uma serpente levantada em um poste, para que os infectados pudessem olhar para
ela e olhando vivessem.
Então, que tipo de olhar Jesus quer?
 Não o olhar de quem não precisa;
 Não o olhar de quem vai tentar um novo remédio;
 Mas o olhar de quem está morrendo e sabe que Ele é a sua única esperança!
O teólogo A. W. Tozer entendeu bem a definição de fé dada por Jesus aqui.
“Fé é o olhar fixo da alma para o Deus Salvador. (...). Crer, então é direcionar a
atenção do coração para Jesus. Pode ser difícil a princípio, porém se torna mais fácil
quando olhamos firmemente para sua pessoa maravilhosa, em silêncio e sem esforço.
Distrações podem atrapalhar, mas uma vez que o coração esteja comprometido com ele,
após cada breve excursão para longe dele, a atenção voltará outra vez e nele descansará
como um pássaro errante retorna para sua janela” (p.91,92).

CONCLUSÃO
Nesse texto temos também um grande tesouro. O que os reformadores chamaram de os 5
pontos da doutrina da Graça, a Tulip, pode ser encontrado nesses versos, de forma clara e
direta. Na boca do próprio Senhor Jesus.
1. Depravação Total: O pecado afetou todas as nossas faculdades, de modo que o
homem não pode e não quer a salvação em Cristo Jesus.
2. Eleição Incondicional: Deus nos escolheu nele antes da fundação do mundo, não por
causa das nossas obras ou qualquer outra coisa em nós, mas por sua livre graça e
amor.
84

3. Expiação Limitada: Jesus morreu somente pelos eleitos. A expiação é limitada em


seu alcance, mas ilimitada em seu Poder (Quem afirma que Jesus morreu por todos: a
expiação é limitada em seu Poder, mas ilimitada em seu alcance). Decida!
4. Graça Irresistível: Pelo Espírito através de sua Palavra, chamará ao arrependimento
todos os Eleitos de Deus (o processo não viola a nossa liberdade, mas nos torna
realmente livres para escolher: conscientes do Pecado e olhando para a Luz
escolhemos a Luz).
5. Perseverança dos Santos: Por causa da Eleição do Pai, o Trabalho do Filho e o Pode
do Espírito, todos os salvos serão guardados de tropeçar até o último dia.
Aplicando ao nosso texto temos:

1. Depravação Total: (v.36): “vocês me viram, mas não creem”;


2. Expiação Limitada: (v.37) “Todo o que”;
3. Eleição Incondicional: (v.37) “O Pai me der”;
4. Graça Irresistível: (v.37) “Virá a mim”;
5. Perseverança dos Santos: (v.37) “E quem vier a mim eu jamais rejeitarei”;
O que Ele veio fazer? Sua missão é garantir que os eleitos serão acolhidos e guardados
até o último dia!
Obs. Louvemos ao Senhor porque apesar de nossa depravação, fomos eleitos pelo Pai,
redimidos pelo Sangue do Filho e Chamados e preservados pelo Poder do Espírito Santo.
85

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#24: A DECISÃO DOS DISCÍPULOS! (6.41-71). 13/11/2022
INTRODUÇÃO
Um breve resumo do capítulo 6.
 (v.1-15): O Testemunho da Multiplicação; Jesus trata a multidão como ovelhas e
não como números;
 (v.16-21): O Testemunho da Tempestade; Ele pisa na tempestade e ensina-os a
confiar.
 (v.22-35): O Testemunho Pessoal; Ele é Deus, a provisão e o provedor.
 (v.35-40): O Relatório da Missão; Ele veio garantir a salvação dos eleitos e guardá-
los até o último dia.
O Tema central do capítulo 6: Devemos buscar a presença de Jesus mais do que o pão que
perece e o fim da tempestade!
A Grande Lição: Diante de tudo o que Jesus é, precisamos tomar uma decisão: Fé parcial
nos leva a rejeição total; Fé é reconhecer que não há para onde ir!
COMO OS SEGUIDORES DE JESUS REAGIRAM AO SEU TESTEMUNHO?
1) Murmuração (v.41-51);
2) Disputa (v.52-59);
3) Abandono (v.60-65);
4) Fé (v.66-71).
VEJAMOS 04 REAÇÕES AO TESTEMUNHO DE JESUS:
I. MURMURAÇÃO (v.41-51);
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“41 Com isso os judeus começaram a criticar Jesus, porque dissera: "Eu sou o pão que
desceu do céu". 42 E diziam: "Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai
e sua mãe? Como ele pode dizer: ‘Desci do céu’? " 43 Respondeu Jesus: "Parem de fazer-
me críticas. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o
ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão ensinados por
Deus’. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim. 46 Ninguém viu o Pai, a
não ser aquele que vem de Deus; somente ele viu ao Pai. 47 Asseguro-lhes que aquele
que crê tem a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os seus antepassados comeram o
maná no deserto, mas morreram. 50 Todavia, aqui está o pão que desce do céu, para que
não morra quem dele comer. 51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer
deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do
mundo".

(v.41). Eles começaram a murmurar. É interessante que não apenas o maná lembra o povo
hebreu no deserto, mas a tendência a murmuração.
 Murmurar = gongyzo = arrulho das pombas, queixar-se de algo em um tom baixo,
confabular secretamente.
(v.42). O motivo da reclamação era sobre a origem de Jesus. Eles achavam que sabiam tudo
sobre a paternidade de Jesus. De que era filho de José e Maria.
(v.43). Jesus expõe a murmuração. E confronta a murmuração entre eles. Inicia uma série de
afirmações sobre: como eles poderiam aceitar a verdade?
(v.44). Jesus reafirma o chamado eficaz, com base em “trouxer/atrair”, elkyo = puxar,
arrancar...
(v.45). Citando Isaías, Jesus explica que tipo de “atração” o Pai exerce? Iluminação através
do conhecimento de Deus. “Não é por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zc
4.6). Quem ouve e aprende, vem a mim.
(v.46). Jesus está dizendo que não haverá iluminação a parte dele. Jesus é quem revela o
Pai a nós. “Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27).
(v.47,48). Jesus reafirma que apenas quem crer, tem a vida eterna. Afinal ele é o Pão da vida.
(v.49-50). Qual prova Jesus pode oferecer que a vida que ele oferece é maior? Ambos vieram
do céu, e ambos deveriam ser consumidos, mas o maná sustentava apenas fisicamente e
temporariamente, enquanto o Pão da vida sustenta o Espírito para a vida eterna. Todos os
pais morreram.
(v.51). Jesus repete sua autoafirmação com uma singela diferença:
“51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para
sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo".”

Jesus combina o (v.41) com o (v.48) e acrescenta o “vivo”. Por isso se alguém comer dele:
“viverá para sempre”. Jesus promete imortalidade. E termina dizendo: “Este pão é a minha
carne, que eu darei pela vida do mundo”.
87

Creio que o foco não é ainda tão relacionado a ceia, mas ao sacrifício. Para a pergunta, como
o “Pão vivo dará vida eterna?”, ora sendo consumido, isto é, morrendo. Duas observações
sobre o sacrifício de Jesus:
1) O sacrifício é voluntário: Ninguém toma, antes ele oferece pelo mundo.
2) O sacrifício é vicário: substitutivo em lugar do mundo.
Obs. Como Jesus lidou com os críticos? Não é tanto o que falam, mas quem fala de você.
Jesus mostrou que apenas aqueles quem foram iluminados por Deus poderiam vir a ele com
fé. Crer em Jesus não compete a sabedoria humana, mas a graça divina.

II. DISPUTA (v.52-59);


“52 Então os judeus começaram a discutir exaltadamente entre si: "Como pode este
homem nos oferecer a sua carne para comermos?" 53 Jesus lhes disse: "Eu lhes digo a
verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue,
não terão vida em si mesmos. 54 Todo o que come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeira
comida e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Todo o que come a minha carne e bebe o
meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Da mesma forma como o Pai que vive me
enviou e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha
causa. 58 Este é o pão que desceu do céu. Os antepassados de vocês comeram o maná e
morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre". 59 Ele disse isso
quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum”.

A segunda reação dos discípulos foi o “debate caloroso entre eles”. O Debate prova que o
grupo estava polarizado.
(v.52). O debate estava centralizado no literalismo: “Como pode este homem nos oferecer a
sua carne?”.
(v.53,54). Jesus responde negativamente e positivamente o que acontece se eles não aceitarem
o convite dele.
(v.56). Explica diretamente o que a metáfora significa: permanência e comunhão com Ele.
(v.57). Nosso modelo de comunhão com Cristo, espelha a comunhão entre o Filho e o Pai.
Obs. Como Jesus lidou com os debates a seu respeito?
Jesus não me aprece tão interessado nas disputas dos homens, muito menos em ser objeto de
especulação ou de curiosidade. O convite de Jesus é te dar vida eterna e o preço é ter
comunhão com ele. Ou seja, estar com ele no tempo e estar com ele na eternidade.

III. ABANDONO (v.60-65);


“60 Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem
consegue ouvi-la?" 61 Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se
queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: "Isso os escandaliza? 62 Que acontecerá se
vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes! 63 O Espírito dá vida; a
carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e
88

vida. 64 Contudo, há alguns de vocês que não creem". Pois Jesus sabia desde o
princípio quais deles não criam e quem o iria trair. 65 E prosseguiu: "É por isso que eu
lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai”.

Gradualmente a reação vai ficando cada vez pior. E Jesus ao invés de suavizar o seu discurso
ele é cada vez mais claro em seu objetivo.
(v.60). Aqui a dúvida, o medo e a desconfiança se transformam em rejeição. A palavra
“dura” não significa apenas “difícil de entender”, mas “rude e ofensiva”. Eles acharam o
testemunho de Jesus ofensivo.
(v.61). Eles voltam a murmurar, mas Jesus que sonda o íntimo pergunta: “Isso os escandaliza?
(colocar uma pedra de tropeço)”.
(v.62). Provavelmente Jesus não está falando da ascensão, mas da crucificação. Afinal de qual
outro modo ele fará o seu caminho de subida. Sem falar que o maior de todos os escândalos
será a ideia do Messias se tornar maldito no madeiro. A cruz é a maior das ofensas!
(v.63). Aqui a palavra carne se refere a natureza humana. E o Espírito é visto como o doador
da Vida na regeneração (Cap 3). Porém Jesus adianta dizendo: “Embora o Espírito não foi
dado a vocês, a minha palavra é poderosa para penetrar o espírito e conceder vida”.
(v.64). E mesmo assim vocês não creem. Longe de faltar poder nas palavras de Jesus, a
Eleição está em jogo aqui, só virão aqueles que são do Pai (v.65): “É por isso que eu lhes
disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai”.
Obs. O preço da fé parcial é a rejeição total.

IV. FÉ (v.66-71).
“66 Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de
segui-lo. 67 Jesus perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir?" 68 Simão
Pedro lhe respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida
eterna. 69 Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus". 70 Então Jesus respondeu:
"Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo!" 71 (Ele se
referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde
haveria de traí-lo)”.

Chegamos a última reação, a correta.


(v.66). Aconteceu o que Jesus previu, muitos “discípulos” que o seguiam pelos motivos
errados o abandonou.
(v.67). Ao ponto de Jesus confrontar seus próprios discípulos: “Vocês também não querem
ir?”. Por que Jesus pergunta se ele conhece a verdade no íntimo?
Jesus está provocando uma confissão. A confissão não é porque Jesus tenha necessidade de
ouvir, mas porque nós temos a necessidade de confessar.
(v.68). Pedro representa o grupo. Vejamos sua confissão em três partes:
1. As palavras de vida eterna;
89

Ele se apoia nas palavras que Jesus acabou de dizer no (v.63): “As palavras que eu lhes disse
são espírito e vida”. Então ele pode dizer: “Tu tens as palavras de vida eterna”.
2. Para quem iremos nós?
Porém o mais impressionante nesta confissão, é que Pedro entendeu a mensagem de todo o
capítulo 6: A presença de Jesus vale mais do que o pão que perece, mais do que o fim da
tempestade, mais do que tudo nesta vida, porque suas palavras são de vida eterna.
As palavras de Pedro exaltam a suficiência de Cristo.
(Sl 73.25): “A quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de
ti”.
(At 4.11,12): “11 Este Jesus é ‘a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se
tornou a pedra angular’. 12 Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu
não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”.

3. Cremos e sabemos que és o Santo de Deus;


(v.69). Pedro conclui sua confissão, afirmando a clareza de sua resposta: Cremos e sabemos.
Ou seja, tudo nos prova que tu és o Santo de Deus. É difícil saber o que Pedro compreendia
quando disse essas palavras, mas ela é perfeita.
Jesus é o santo de Deus, e não apenas um santo de Deus. Isso coloca Jesus em pé de igualdade
com o Pai. Ele é Deus.
(v.70,71). A conexão dos versículos seguintes não é difícil. Jesus está limpando qualquer
chance de haver alguma vanglória no coração de Pedro ou dos outros discípulos que
decidiram ficar. Jesus combate a vanglória com dois argumentos:
1. Não foram vocês que me escolheram, mas eu que escolhi vocês;
2. Nem todos os que ficaram são de fato meus discípulos (um é o diabo).

CONCLUSÃO
HOJE APRENDEMOS O VALOR DA DECISÃO DIANTE DE SITUAÇÕES DECISIVAS.
Mesmo contra a maioria, depois de uma verdadeira debandada, críticas e escândalo
causados pela pregação de Jesus. Os discípulos fiéis permanecem.
1. Precisaremos reafirmar nossa decisão dependendo da situação; os discípulos já
haviam abandonado seu trabalho para seguir Jesus, eram fiéis ao Mestre, já haviam
confessado antes.
2. Geralmente o momento decisivo vai piorando; no caso deles havia a pressão do
grupo, e estavam numa sinagoga.
3. Fé é reconhecer que não há para onde ir! ou Jesus é tudo, ou nada para você.

A Grande Lição: Diante de tudo o que Jesus é, precisamos tomar uma decisão: Fé parcial
nos leva a rejeição total; Fé é reconhecer que não há para onde ir!
90

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#25: JESUS A FONTE DA SALVAÇÃO! (7.1-53). 20/11/2022
INTRODUÇÃO
Sobre a Festa dos tabernáculos ou como prefiro: A festa das cabanas!
A terceira das festas mais importantes do povo Judeu até hoje (Páscoa, Pentecoste e Cabanas).
Realizada 5 dias após o Yom-Kipur (o Dia da Expiação), com a finalidade de celebrar o
cuidado de Deus no tempo de peregrinação no deserto.
1. Sentido histórico: Durante 7 dias as pessoas deixavam suas casas iam para Jerusalém
morar em cabanas; muita alegria muita música;
2. Sentido agrícola: Gratidão pela colheita, rituais onde se derramava água celebrava a
abundância e a fertilidade.
3. Sentido profético: Apontava para as bençãos messiânicas. A procissão cantava o
Hallᵉl (Sl 113-118): “Halᵉlû yāh, Halᵉlû aḇᵉdey Adonai, Halᵉlû et-Shēm Adonai”; e se
declarava (Is 12.3): “Com alegria vocês tirarão água das fontes da salvação”.
O ritual dessa festa pode ser sintetizado assim:
 Todos os dias se sacrificava bois, até o número 70;
91

 Todos os dias o sumo sacerdote ia até o tanque de Siloé, enchia um jarro de ouro, e
voltava pelas ruas com música, festa, ao som de trombetas e os homens com tochas
nas mãos; e se derramava essa água no templo, declarando (Is 12.3).
 E no último dia da festa se fazia a oferta de libação da água no templo 7 vezes
seguidas:
 A ordem mais importante era a alegria. A única festa em que a Torá ordena que se
alegrem: We-shᵉmaheta behageta = Alegrem-se nesta festa! (Dt 16.14).
A simbologia da festa era muito clara: Tudo lembrava a provisão de Deus no deserto.
 Os 70 bois representavam as 70 nações (totalidade);
 As cabanas (Shucca), serviam para lembrar a peregrinação do povo nos 40 anos no
deserto;
 As tochas lembravam a coluna de fogo que guiava o povo durante a noite no deserto;
 A água derramada no templo, lembrava a água que jorrou da rocha de Meribá;
 A repetição do derramamento da água no último dia, marcava a expectativa
messiânica, de quando o Messias estaria no meio deles, e eles não precisariam mais
tirar água no tanque, mas que teriam um manancial de bençãos e de salvação no meio
de Jerusalém (deserto).

A grande lição: Apesar de toda incredulidade e hostilidade. Jesus cumpre a expectativa da


festa: Não precisamos mais apanhar água no tanque, a fonte da Salvação chegou!

ESTRUTURA
Dividiremos o texto em 5 aspectos do contexto em que jesus ofereceu a fonte da salvação?
1) Incredulidade entre os de casa (v.1-10);
2) Admiração entre os de fora (v.11-18);
3) Hostilidade entre os da fé (v.19-36);
4) Manancial entre os sedentos (v.37-44);
5) Fé entre os inimigos (v.45-53);
EM QUAL CONTEXTO JESUS OFERECEU A FONTE DA SALVAÇÃO?
I. INCREDULIDADE ENTRE OS DE CASA (v.1-10);
(v.1-2): “1 Depois disso Jesus percorreu a Galiléia, mantendo-se deliberadamente longe
da Judéia, porque ali os judeus procuravam tirar-lhe a vida. 2 Mas, ao se aproximar a
festa judaica dos tabernáculos”.
3 os irmãos de Jesus lhe disseram: "Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para que os
seus discípulos possam ver as obras que você faz. 4 Ninguém que deseja ser
reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo estas coisas,
mostre-se ao mundo". 5 Pois nem os seus irmãos criam nele”.

O texto inicia respondendo porque Jesus ficou mais tempo na Galileia e não em Jerusalém,
por causa da intenção em matá-lo.
92

Nesse contexto os irmãos de Jesus fazem um estranho convite para que ele vá para a Judeia.
Obviamente não se trata de um convite sincero, mas uma afronta, afinal eles “não criam Nele”
(v.5). E apresentam a lógica deles: “se você é mesmo o Messias, então você deveria ir para a
capital, fazer milagres na frente de todo mundo e arrebatar o máximo de seguidores que você
puder”. O que podemos chamar de “o método do showbiz”: Quanto mais ilusão mais
seguidores!
(v.6): “6 Então Jesus lhes disse: "Para mim ainda não chegou o tempo certo; para vocês
qualquer tempo é certo. 7 O mundo não pode odiá-los, mas a mim odeia porque dou
testemunho de que o que ele faz é mau. 8 Vão vocês à festa; eu ainda não subirei a esta
festa, porque para mim ainda não chegou o tempo apropriado". 9 Tendo dito isso,
permaneceu na Galiléia. 10 Contudo, depois que os seus irmãos subiram para a festa, ele
também subiu, não abertamente, mas em segredo”.

Jesus rejeita o método do “showbiz”, mais a frente quando ele for à festa, ele irá em segredo
(v.10). Mais do que isso, Jesus nos dá outro motivo, porque ele não pode aceitar o convite dos
seus irmãos: “o tempo certo”.
O evangelho de João trabalha intencionalmente com o “tempo”. Ex. “Está chegando a
hora, e de fato já chegou...” (4.23); “Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda
não chegou” (2.4).
Obs. A resposta é a mesma: “Eu não sigo a agenda familiar, ou o calendário nacional,
muito menos estou sujeito ao acaso; minha agenda é do céu, e a hora ainda não chegou”.
Até porque o tipo de exposição que Jesus sofrerá, eles nunca poderiam imaginar. Ele
será levantado à vista de todos, no madeiro.

II. ADMIRAÇÃO ENTRE OS DE FORA (v.11-18);


“11 Na festa os judeus o estavam esperando e perguntavam: "Onde está aquele homem?"
12 Entre a multidão havia muitos boatos (murmuração) a respeito dele. Alguns diziam:
"É um bom homem". Outros respondiam: "Não, ele está enganando o povo". 13 Mas
ninguém falava dele em público, por medo dos judeus”.

Enquanto isso, João nos mostra como estava o clima da festa. As pessoas estavam falando de
Jesus. A multidão um pouco dividida e sussurrando com medo das autoridades. De um lado
Jesus era “um bom homem” e do outro ele estava “enganando o povo”. A ironia é que Jesus
rejeitou exatamente esse tipo de atitude de exibicionismo, ilusionista e de exploração,
pelo contrário Jesus tratou a multidão com compaixão, como ovelhas e não como
números.
“14 Quando a festa estava na metade, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15 Os
judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta
instrução, sem ter estudado?”. 16 Jesus respondeu: "O meu ensino não é de mim
mesmo. Vem daquele que me enviou. 17 Se alguém decidir fazer a vontade de Deus,
descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo. 18 Aquele que fala
por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o
enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito”.

Agora Jesus chega na festa alguns dias depois, deixando claro dois pontos: 1º Jesus não foi no
início da festa a convite de seus irmãos; 2º E não fez uso do exibicionismo, mas do ensino.
93

Infelizmente as pessoas ficaram “admiradas”. Qual o problema da admiração? É que nesse


caso o ensino de Jesus deveria gerar fé nos corações. É como se elas estivessem vendo o
espetáculo: Jesus não demonstro poder, mas sabedoria, estão admirados.
Por isso Jesus explica: 1º Meu ensino não de mim mesmo; 2º Estou debaixo da autoridade de
Deus; 3º E estou buscando a Glória daquele que me enviou; Obs. Jesus rejeita a admiração
performática que se alimenta de elogios e vaidade.

III. HOSTILIDADE ENRE OS DA FÉ (v.19-36);


(v.19-24): “19 Moisés não lhes deu a lei? No entanto, nenhum de vocês lhe obedece.
Por que vocês procuram matar-me?”. 20 "Você está endemoninhado", respondeu a
multidão. "Quem está procurando matá-lo?" 21 Jesus lhes disse: "Fiz um milagre, e
vocês todos estão admirados. 22 No entanto, porque Moisés lhes deu a circuncisão
(embora, na verdade, ela não tenha vindo de Moisés, mas dos patriarcas), vocês
circuncidam no sábado. 23 Ora, se um menino pode ser circuncidado no sábado para
que a lei de Moisés não seja quebrada, por que vocês ficam cheias de ira contra mim por
ter curado completamente um homem no sábado? 24 Não julguem apenas pela
aparência, mas façam julgamentos justos”.

Jesus expõe a bajulação deles, na verdade está escondendo a “hostilidade”. Isso está com
certeza indo contra a Torá: Não matarás! Mas isso só aumenta a hostilidade, eles chamam
Jesus de “endemoniado”, mas Cristo revela o real motivo do ódio: um milagre realizado no
sábado.
E assim como estavam violando o 6º mandamento também estavam se esquecendo que o
“sábado foi criado para o homem”. Você não pode quebrar um preceito em detrimento de
outro.
(v.25-31): “25 Então alguns habitantes de Jerusalém começaram a perguntar: "Não é este
o homem que estão procurando matar? 26 Aqui está ele, falando publicamente, e não lhe
dizem uma palavra. Será que as autoridades chegaram à conclusão de que ele é
realmente o Cristo? 27 Mas nós sabemos de onde é este homem; quando o Cristo vier,
ninguém saberá de onde ele é". 28 Enquanto ensinava no pátio do templo, Jesus
exclamou: "Sim, vocês me conhecem e sabem de onde sou. Eu não estou aqui por mim
mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro. Vocês não o conhecem, 29 mas eu o
conheço porque venho da parte dele, e ele me enviou". 30 Então tentaram prendê-lo,
mas ninguém lhe pôs as mãos, porque a sua hora ainda não havia chegado. 31 Assim
mesmo, muitos dentre a multidão creram nele e diziam: "Quando o Cristo vier, fará
mais sinais miraculosos do que este homem fez?”.

A questão do sábado fica sem resposta e logo eles mudam de motivação. Agora o assunto é a
origem de Jesus. Eles afirmam novamente que sabem de onde ele é, enquanto o Messias
ninguém saberá a sua origem. “Jesus afirma vocês acham que sabe de onde eu sou, mas na
verdade vocês não sabem e nem conhecem a Deus”.
Daí eles partem para prendê-lo, mas não conseguem, “porque a sua hora ainda não havia
chegado”. A multidão crê em Jesus, mas não como o Messias. E Fé parcial nos leva a
Rejeição total!
94

(v.32-36): “32 Os fariseus ouviram a multidão falando essas coisas a respeito dele.
Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus enviaram guardas do templo para o
prenderem. 33 Disse-lhes Jesus: "Estou com vocês apenas por pouco tempo e logo irei
para aquele que me enviou. 34 Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão;
onde eu estou, vocês não podem vir". 35 Os judeus disseram uns aos outros: "Aonde
pretende ir este homem, que não o possamos encontrar? Para onde vive o nosso povo,
espalhado entre os gregos, a fim de ensiná-lo? 36 O que ele quis dizer quando falou:
‘Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão’ e ‘onde eu estou, vocês não podem
vir’?”.

Quando as autoridades viram a disposição da multidão em prendê-lo, eles se animaram. Então


se organizaram para capturarem o suposto Messias.
Jesus responde à hostilidade da multidão de três formas:
1. Revela a injustiça deles: Cumpriam apenas uma parte da Torá, e perseguiam Jesus
por curar uma pessoa, enquanto eles mesmos faziam concessões no dia de sábado;
2. Revela a ignorância deles: Ignorância espiritual, eles apenas acham que sabem das
coisas, mas a verdade é que nem chegaram a conhecer a Deus verdadeiramente. A
maior prova disso é que rejeitam o Filho e ainda querem o amor do Pai.
3. Revela a incapacidade deles: Jesus afirma que ele está indo para um lugar que eles
não podem alcançá-lo. Não porque irá fugir deles, pelo contrário, Jesus irá se entregar:
o seu caminho de volta para o pai, passa pela cruz. Mas tudo isso faz parte do plano.
Eles são incapazes de compreender, mas também são incapazes de segui-lo.

IV. MANANCIAL ENTRE OS SEDENTOS (v.37-44);


“37 No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz...”.

Chegamos ao quarto ato dessa peça, e o mais importante. O motivo de Jesus ter ido à festa,
mesmo diante de tanta incredulidade e hostilidade está aqui.
 O que acontecia no último dia da festa?
O ritual de libação da água no templo, ocorria 7 vezes seguida com a expectativa na vinda do
Messias. Quando eles não precisariam buscar água no tanque, porque teriam um verdadeiro
manancial. Vejamos algumas profecias:
1. Água no deserto, a rocha ferida de Meribá! Salmo 78.15,16:
O milagre realizado por Moisés quando feriu a rocha em Meribá. Deus graciosamente fez
jorrar água da rocha no meio do deserto. Como lembra o salmista.
(Sl 78.15,16): “15 Fendeu as rochas no deserto e deu-lhes tanta água como a que flui
das profundezas; 16 da pedra fez sair regatos e fluir água como um rio”.

2. A profecia de Isaías 12.1-6:


95

“1 Naquele dia você dirá: "Eu te louvarei, Senhor! Pois estavas irado contra mim, mas
a tua ira desviou-se, e tu me consolaste. 2 Deus é a minha salvação; terei confiança e
não temerei. O Senhor, sim, o Senhor é a minha força e o meu cântico; ele é a minha
salvação!" 3 Com alegria vocês tirarão água das fontes da salvação. (...). 6 Gritem
bem alto e cantem de alegria, habitantes de Sião, pois grande é o Santo de Israel no
meio de vocês".

Esse texto era lido no momento que o sumo sacerdote derramava a água no templo. Veja que
a alegria está presente o tempo todo, e o motivo principal é porque o Messias é uma realidade
para a profecia. Inclusive lembra a confissão que Pedro acabou de recitar: “cremos e
sabemos que tu és o Santo de Deus”. Aqui: “grande é o Santo de Israel no meio de vocês”
 Um convite generoso!
“37 ... “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.

Isso lembra com certeza o convite de Isaías 55.1,2. O tema desse capítulo é: “O povo é
convidado a procurar salvação
“1 "Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e, vocês que não
possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite
sem dinheiro e sem custo. 2 Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu
trabalho árduo naquilo que não satisfaz? Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e
a alma de vocês se deliciará na mais fina refeição”.

Vejamos o significado do convite de Isaías e o de Jesus:


1. Convite universal (venham todos) ou (se alguém tem sede venha a mim);
2. Convite gracioso (comprem sem dinheiro) ou (quem crer em mim);
3. Convite abundante (venham as águas... a alma de vocês se deliciará) ou (seu interior
fluirão rios de água viva).

 Uma promessa poderosa;


“39 Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem.
Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado. 40
Ouvindo as suas palavras, alguns dentre o povo disseram: "Certamente este homem é o
Profeta". 41 Outros disseram: "Ele é o Cristo". Ainda outros perguntaram: "Como pode
o Cristo vir da Galileia? 42 A Escritura não diz que o Cristo virá da descendência de
Davi, da cidade de Belém, onde viveu Davi?" 43 Assim o povo ficou dividido por causa
de Jesus. 44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos”.

O (v.39) explica o que significa “do seu interior fluirão rios de água viva”. A habitação do
Espírito Santo inaugurada pela vinda do Messias. Obviamente Jesus apenas prepara os
corações para receberem essa presença poderosa.

V. FÉ ENTRE OS INCRÉDULOS (v.45-53);


“45 Finalmente, os guardas do templo voltaram aos chefes dos sacerdotes e aos
fariseus, os quais lhes perguntaram: "Por que vocês não o trouxeram?" 46 "Ninguém
96

jamais falou da maneira como esse homem fala", declararam os guardas. 47 "Será que
vocês também foram enganados?", perguntaram os fariseus. 48 "Por acaso alguém das
autoridades ou dos fariseus creu nele? 49 Não! Mas essa ralé que nada entende da lei é
maldita". 50 Nicodemos, um deles, que antes tinha procurado Jesus, perguntou-lhes: 51
"A nossa lei condena alguém, sem primeiro ouvi-lo para saber o que ele está fazendo?"
52 Eles responderam: "Você também é da Galileia? Verifique, e descobrirá que da
Galileia não surge profeta". 53 Então cada um foi para a sua casa”.

O texto termina não apenas com uma surpresa, mas com o resultado das palavras de Jesus. As
palavras de Jesus são “espírito e vida” (6.63).
 Os guardas do templo;
A resposta deles é mais do que admiração performática; é desobediência direta aos seus
superiores. “Ninguém jamais falou da maneira como esse homem fala”.
Não é dito muito sobre esses homens ou que tipo de mudança produziu em seus corações,
mais que sabe: Quando eles ouviram Jesus falar sobre a “sede da alma” e a promessa do “rio
de água viva” isso não tenha tocado profundamente eles. Como Stenio escreveu: “Fui
prendê-lo e voltei liberto... eu Fui para ferir, voltei curado”.
 O fariseu Nicodemos;
A aparição de Nicodemos responde a premissa que eles usaram: “foram enganados porque
eram ignorantes, por acaso algum fariseu creu nele?”.
Imagino Nicodemos se revirando por dentro, e quase levantando a mão e dizendo ora! Eu!
Mas pelo visto ele ainda estava no processo. Sua tentativa não resultou em nada significativo.
Mas isso mostra que o fariseu estava cada vez mais preso a Jesus.

CONCLUSÃO
Nós temos pelo menos duas maneiras de aprender com esse texto:
1. Olhando para o texto como um manual de evangelização, extrairemos três cosias
que todo evangelista precisa evitar;
2. Olhando para o texto como pecadores, que estão ouvindo o que Jesus acabou de
ensinar, encontraremos três erros que todo crente precisa evitar;
TRÊS COISAS, QUE TODO “EVANGELISTA” DEVE REJEITAR:
1. O método do “showbiz”: inovação (para a trair) – ilusão (para prender) – impacto
(para ganhar).
2. A admiração performática: Jesus rejeitou com base em três coisas: O ensino não era
dele (inovador); a autoridade não era dele (soberba); a glória não era dele (vaidade);
3. A revisão da mensagem: Pelo contrário, Jesus revelou a injustiça, ignorância e a
incapacidade. E isso não impediu eles de se voltarem contra ele. Enquanto as pessoas
sussurravam com medo das autoridades, Jesus bradava com eles.
97

TRÊS ERROS QUE TODO CRENTE PRECISA EVITAR:


1. Seguir a tradição sem assimilar a verdade;
Os irmãos de Jesus estavam mais preocupados em cumprir suas obrigações do que entender a
realidade da festa. A festa da alegria que aguarda a vinda do Messias para saciar sua sede
existencial; Tradição é a fé viva dos que já morreram; tradicionalismo é a fé morta dos
que ainda vivem. Isso se dá quando o meio vira o fim; ou quando tudo que temos são os
símbolos, os rituais os paramentos, e o sentido se perdeu no caminho.
2. Admirar a forma sem guardar o conteúdo;
Infelizmente muitos irmãos atualmente se preocupam mais com o desenvolvimento, oratória,
aparência e outros detalhes para darem atenção ao locutor. Enquanto muitas vezes a forma
cumpre todos os requisitos, mas o conteúdo não serve para nada. Tem muita gente dizendo
bobagem numa linguagem moderna, ou até falando heresia.
3. Trabalhar por aquilo que não satisfaz;
Esse é o pior de todos os erros. Na verdade, esse é o grande erro da humanidade e é por esse
erro que irão pagar no final. Não apenas porque se enganaram, não apenas porque gastaram
suas energias onde não teriam resultado. Mas porque negaram a fonte da salvação,
graciosa e abundante.
A resposta às perguntas: 1º Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão? (coisas fúteis) 2º
Por que trabalhar naquilo que não satisfaz? (coisas passageiras).
R. Porque o homem se contenta com pouco (C. S. Lewis).
 O homem troca toda uma vida familiar segura e feliz por 10 minutos de prazer e um
divórcio seguido de pensão judicial e divisão dos bens;
 Ele troca o carinho fiel da esposa pelo beijo interesseiro da amante;
 Ele troca a fonte de água viva por tanques furados...

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#26: O TESTEMUNHO DA VERDADE! (8.1-11). 27/11/2022
INTRODUÇÃO
Um Resumo dos três capítulos nos ajuda a entender melhor:
 Cap. 6: Ele é o Pão da vida;
 Cap. 7: Ele é a Fonte de água viva;
 Cap. 8: Ele é a Verdade que liberta;
Antes de iniciarmos, precisamos resolver duas questões introdutórias:
98

1. A história da “mulher adúltera” foi real?


É verdade que essa perícope não possui o estilo de João; e não aparece nos manuscritos mais
antigos; e quando aparece está no final do livro. Porém a história é contada por Papias (70 –
155 d.C.) e Eusébio de Cesaréia (Séc IV).
R. Sim, embora não tenha sido escrita por João, a história é reconhecida como canônica
(escrita por algum apóstolo) e como verdadeira (um fato e não uma parábola).
2. Por que foi inserida entre 7.52 e 8.12?
Três motivos são apresentados:
1) O julgamento justo;
 (7.24): “Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”.
 (8.15): “Vocês julgam por padrões humanos; eu não julgo ninguém”.

2) As duas autodeclarações de Jesus na festa das cabanas: Fonte das águas e Luz do
Mundo;
 (7.37,38): “37 ... "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Quem crer em mim,
como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva" (Referência ao
Espírito).
 (8.12): “12 Falando novamente ao povo, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem
me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida".
 A água da vida = É a alegria do Espírito; A Luz da vida = É a nova vida do Espírito;

3) A Verdade que liberta.


 (8.32): “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
No (v.24) Jesus disse: “se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados”;
no (v.33), Ele explica: “todo aquele que vive pecando é escravo do pecado”. E no (v.36) Ele
se declara ser a verdade: “Se o Filho do homem vos libertar, vocês de fato serão livres”.
Obs. Apenas um encontro com a verdade pode (ordem decrescente): 1) Salvar da morte;
2) libertar do pecado; e 3) vencer nossa consciência.
Todos os temas procedem da verdade. A verdade é a base do julgamento justo; e a Luz é
a condição de quem encontrou a verdade.
Grande Lição: Quem encontrou Jesus, encontrou a Verdade sobre sua terrível Condição
– a Verdade sobre sua indubitável Condenação – e a Verdade sobre sua Poderosa
Libertação.
ESTRUTURA
Dividiremos o texto em 3 mudanças da narrativa:
1. Pecadores acusam pecadores (v.1-6);
2. O santo confronta pecadores (v.7-9);
3. O santo perdoa pecadores (v.10,11).
No fim veremos 4 verdades de Deus para Pecadores.
99

I. PECADORES ACUSAM PECADORES (v.1-6);


(v.1,2): “1 Jesus, porém, foi para o monte das Oliveiras. 2 Ao amanhecer ele apareceu
novamente no templo, onde todo o povo se reuniu ao seu redor, e ele se assentou para
ensiná-lo”.

Como vimos esse texto não está ligado cronologicamente com o contexto, mas
teologicamente. Desceu do monte para ensinar no templo. Aqui já pegamos uma lição com o
Senhor: Para ensinar precisamos orar; antes de estar diante das pessoas, precisamos
estar diante de Deus; é diferente falar para as pessoas de Deus e falar a Deus sobre as
pessoas.
(v.3): “Os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher surpreendida em
adultério. Fizeram-na ficar em pé diante de todos.

(v.3). Os Acusadores. Escribas e Fariseus. religiosos e estudiosos que rejeitavam Jesus


abertamente.
Encontraram uma “mulher surpreendida em adultério”. Talvez não fosse algo difícil de
“arranjar”, algo que poderia ser de conhecimento, esperaram, tramaram e apanharam-na para
esse momento.
“Fizeram-na ficar em pé diante de todos”. Isso é uma clara exposição à vergonha pública.
Antes do apedrejamento ela seria exposta ao linchamento social.
(v.4,5): “4 e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de
adultério. 5 Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres...”.

(v.4,5). A Acusação. Uma mulher pega em flagrante adultério. E citam a Lei de Moisés, cuja
pena é a morte. Vamos à Lei:
(Lv 20.10): “Se um homem cometer adultério com a mulher de outro homem, com a
mulher do seu próximo, tanto o adúltero quanto a adúltera terão que ser executados”.
(Dt 22.22): “Se um homem for surpreendido deitado com a mulher de outro, os dois
terão que morrer, o homem e a mulher com quem se deitou. Eliminem o mal do meio
de Israel”.

O que esses textos têm em comum? Que adultério não é um pecado que se comete sozinho. E
que a pena era aplicada aos dois.

(v.5b,6): “5 ... E o senhor, que diz? 6 Eles estavam usando essa pergunta como
armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo. Mas Jesus inclinou-se e começou a
escrever no chão com o dedo”.

(v.6). A acusação se transforma numa provação. A intenção é revelada, queriam induzir o


Mestre a produzir provas contra si mesmo.
Ou ele desrespeitava a Lei de Moisés (contra o apedrejamento), ou desrespeitava a Lei
romana (a favor do apedrejamento); ou se tornaria inimigo dos Religiosos (contra), ou
inimigo dos pecadores (a favor). O que Jesus fará?
100

“Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo”. A primeira reação de Cristo é
um tanto inusitada. Hendriksen apresenta quatro opções: 1) Ele não sabia o que dizer; 2) Ele
rabiscou; 3) Escreveu uma palavra de aviso; ou 4) Escreveu os nomes de seus adversários?
Como afirma o profeta Jeremias:
(Jr 17.13): “13 Ó Senhor, esperança de Israel, todos os que te abandonarem Sofrerão
vergonha; aqueles que se desviarem de ti terão os seus nomes escritos no pó, pois
abandonaram o Senhor, a fonte de água viva”.

O Teólogo Holandês escolheu o “silêncio” em resposta à dureza dos corações. Mais não
sabemos se os judeus entenderam a referência. O fato é que isso parece que indignou eles
mais ainda.

II. O SANTO CONFRONTA PECADORES (v.7-9);


(v.7): “7 Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: "Se algum
de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela".

Chegamos a tão aguardada resposta. O dilema em que Jesus foi colocado, parecia não ter
saída. Para onde Jesus escolhesse seria comprometedor para Cristo. Então Cristo surpreende a
todos.
(v.7). Três coisas que Jesus não fez:
1) Não aliviou o pecado da mulher; “atire a pedra”.
2) Não aboliu o sétimo mandamento; “atire a pedra”.
3) Nem desprezou a pena capital. “atire a pedra”.
W. Wiersbe: “Ao invés de julgar a mulher, Jesus julgou os juízes”.

Obviamente Jesus não está se referindo a “perfeição” para que pudessem julgar. (7.24): “Não
julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”.
Jesus conhecia os corações dos acusadores. Tudo o que eles tentavam esconder dos outros.
Embora não sabemos qual tipo de pecado específico Jesus se refere. Podemos afirmar que é
possível que muitos fossem adúlteros, corruptos, mentirosos, ladrões, pensamentos
assassinos.
Hendriksen: “O pecado da acusada não era nada em comparação com a depravação
deles”.

(v.8,9): “8 Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão. 9 Os que o ouviram


foram saindo, um de cada vez, começando com os mais velhos. Jesus ficou só, com a
mulher em pé diante dele”.

(v.8). Qual foi a reação dos “acusadores”. Jesus calmamente se inclina para escrever, como
quem dissesse: “viram porque eu não tinha pressa e nem estava preocupado, vocês não podem
acusar ninguém, visto que são piores do que a adúltera”.
101

(v.9). Alguns manuscritos incluem: “acusados pela própria consciência” (ARA). Que se
encaixa muito bem com o contexto. Ou seja, saíram para envergonhar e foram
envergonhados.
Geralmente “os mais velhos” possuem uma consciência mais flexível que os mais novos. Mas
há um problema notável aqui: eles foram embora.
Obs. Apesar de suas “consciências vencidas”, eles preferiram ir embora.
Werner de Boor: “Como pessoas desmascaradas elas não suportaram ficar na presença
de Jesus”.

Enquanto a mulher permaneceu ao lado de Cristo.

III. O SANTO PERDOA PECADORES (v.10,11).


“10 Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a
condenou?" 11 "Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a
condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado”.

Os “acusadores” devidamente “julgados”, largam as pedras e se retiram. Mas a pergunta fica


no ar. Se Jesus não “passou panos” no pecado da mulher; nem rejeitou a lei. E sabemos que
Ele é o “Santo de Deus” (6.69), então, será que Jesus irá condená-la? Afinal, Ele é o único
que pode.
(v.10). Jesus pergunta para a mulher, como se não se soubesse, apenas para ressaltar a sua
sentença. A mulher responde: “ninguém Senhor”, talvez com medo.
(v.11). Então declarou Jesus: “Eu também não a condeno”. Como vimos Jesus não “passou
pano” lá atrás e não “passou pano” agora. Então por que o único que podia condenar não
fez?
 Por que Jesus era contra a Lei com pena capital?
 Por que Jesus era um abolicionista?
Não, Jesus era Deus e não podia se contradizer; Mas as leis civis, inclusive essa, foram
cumpridas Nele. Aquela mulher não deveria ser condenada, porque Ele seria condenado
no lugar dela e no nosso lugar.
O perdão foi de graça para a Mulher, mas custou caro para o nosso Senhor. A
absolvição de Jesus não foi uma canetada monocrática, mas foi o sacrifício vicário e
voluntário do Filho de Deus.
O famoso “vai e não peques mais” ou como na NVI: “Agora vá e abandone sua vida de
pecado”. A sentença já foi pronunciada neste evangelho: “Não volte a pecar, para que algo
pior não lhe aconteça” (5.14).
É a prova de que a graça não é barata. Fomos salvos para a liberdade, liberdade do Pecado.
CONCLUSÃO
Com tudo isso que vimos, resta-nos, trÊs lições do “Testemunho da Verdade” para nós:
102

1. Pecadores são ótimos acusadores;


Não se trata do papo mole de que não podemos julgar. Mas de que devemos tomar muito
cuidado quando exercemos julgamentos sobre nossos irmãos.
 Somos mais rápidos em julgar o outro;
 Somos mais severos em julgar o outro;
“Deus esquece o homem não”; “Deus perdoa o homem não”; “Deus é misericordioso o
homem não”. Isso pode ser verdade para o mundo, mas não para quem foi salvo pela graça.
Obs. Cuidado, porque quem quase foi apedrejado hoje, pode estar jogando pedras
amanhã!
2. Pecadores vencidos versus Pecadores rendidos;
O texto nos ensina que todos somos pecadores, Ok. Mas que existe pelo menos dois tipos de
pecadores (na verdade existem três):
 Pecadores vencidos: São aqueles que foram acusados por sua consciência. É quando
a Palavra de Cristo fere suas consciências, seus valores, seus padrões, suas reputações.
Porém o resultado é se afastar da presença de Jesus.
 Pecadores rendidos: São aqueles que receberam a palavra de confrontação: “Você
merece a condenação ‘atire a primeira pedra’”, porém eu te perdoo. E ao invés de fugir
com a multidão ela permanece com Jesus.
Obs. Pecadores vencidos precisam se tornar Pecadores rendidos diante da Palavra de
Jesus! Quantas vezes você já saiu daqui vencido? Logo você retornará para o seu
pecado. Saia daqui rendido e deixe Cristo reinar em sua vida, e passe a viver: “Vai e não
peques mais”.
3. O melhor lugar para levar Pecadores;
É claro que em um sentido (Hb 10.31): “Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (para
os inimigos de Deus, impenitentes). Mas na história de Davi, foi isso que ele escolheu.
(2Sm 24.10-14). Depois de pecar contra o Senhor realizando o “censo”. Davi arrependido
clamou ao Senhor. E Deus respondeu por meio do profeta, que ele deveria escolher uma em
três punições: 1) três anos de fome; 2) três meses fugindo dos inimigos; 3) três dias de
pragas? Davi respondeu:
(2Sm 24.14) “14 Davi respondeu: "É grande a minha angústia! Prefiro cair nas mãos do
Senhor, pois grande é a sua misericórdia, e não nas mãos dos homens”.

Ironicamente os religiosos foram envergonhar e voltaram envergonhados; foram acusar e


voltaram julgados;
Ironicamente a mulher foi para morrer e voltou perdoada; foi por causa do seu pecado e
voltou por causa da graça de Jesus;
Ironicamente os acusadores levaram a Pecadora para o melhor lugar do mundo para um
pecador estar: aos pés de Jesus! Jesus é a verdade que liberta.
103

Grande Lição: Quem encontrou Jesus encontrou a verdade que liberta. A verdade sobre
sua terrível Condição – a Verdade sobre sua indubitável Condenação – e a Verdade
sobre sua Poderosa Libertação.

Série de João
104

O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#27: O TESTEMUNHO DA VERDADE! Parte #2 (8.12-36). 03/12/2022
INTRODUÇÃO
Se no capítulo anterior vimos a Verdade que liberta (v.1-11); hoje veremos que a Verdade
que Liberta, também é a Verdade que confronta (v.12-59)!
Vimos que existem três temas neste capítulo: (1º Julgamento justo; 2ºLuz do mundo e 3º A
verdade). E que ambos estão ligados à Verdade: A verdade é a base do julgamento justo; e
a Luz é a condição de quem encontrou a verdade.
Grande Lição: Quem encontrou Jesus, encontrou a Verdade que liberta. A verdade
sobre sua terrível Condição – a Verdade sobre sua indubitável Condenação – e a
Verdade sobre sua Poderosa Libertação.
ESTRUTURA
A Verdade que liberta também é a Verdade que confronta. E hoje ela te confrontará a escolher
entre 06 contrastes:
1. Luz ou Trevas? (v.12);
2. Verdadeiro ou Falso? (v.13-20);
3. De baixo ou de cima? (v.21-30);
4. Escravo ou Filho? (v.31-36);
5. Filho de Deus ou Filho do Diabo? (v.37-47);
6. Honra ou Desonra? (v.48-59).
Vejamos os 06 contrastes que Jesus nos apresenta:
I. LUZ OU TREVAS? (v.12);
“12 Falando novamente ao povo, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue,
nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida".

Estamos ainda na festa das cabanas, provavelmente no último dia da festa. Quando o templo
estava todo iluminado com as tochas que acompanhavam a procissão. Se juntavam no templo
como sinal da “coluna de fogo” que guiava o povo no deserto durante a noite.
O que Jesus faz aqui é muito parecido com o que aconteceu no Cap. 7 “água da vida”. O que
Cristo oferece, Ele é. Se ele é a água da vida que transforma o nosso interior, agora Ele é a luz
da vida que nos conduz em meio as trevas. Há uma ligação surpreendente entre verdade e
Luz neste evangelho:
(3.21): “Mas quem pratica a verdade vem para a luz”.
 Ou seja, a Luz é a condição atual de quem se encontrou com a verdade!
Obs. Como veremos nos seis contrastes, são duas opções opostas. Aqui há dois modos de
vida opostos: Luz e trevas; ou você anda na luz ou anda nas trevas. Não há outro caminho.
105

II. VERDADEIRO OU FALSO? (v.13-20);


“13 Os fariseus lhe disseram: "Você está testemunhando a respeito de si próprio. O seu
testemunho não é válido!" 14 Respondeu Jesus: "Ainda que eu mesmo testemunhe em
meu favor, o meu testemunho é válido, pois sei de onde vim e para onde vou. Mas vocês
não sabem de onde vim nem para onde vou. 15 Vocês julgam por padrões humanos; eu
não julgo ninguém. 16 Mesmo que eu julgue, as minhas decisões são verdadeiras,
porque não estou sozinho. Eu estou com o Pai, que me enviou. 17 Na Lei de vocês está
escrito que o testemunho de dois homens é válido. 18 Eu testemunho acerca de mim
mesmo; a minha outra testemunha é o Pai, que me enviou". 19 Então lhe perguntaram:
"Onde está o seu pai? " Respondeu Jesus: "Vocês não conhecem nem a mim nem a meu
Pai. Se me conhecessem, também conheceriam a meu Pai". 20 Ele proferiu essas
palavras enquanto ensinava no templo, perto do lugar onde se colocavam as ofertas. No
entanto, ninguém o prendeu, porque a sua hora ainda não havia chegado”.

O diálogo segue em volta da “validade do testemunho” de Jesus. Basicamente acusam de ser


falso porque trata-se de um “testemunho pessoal” e isso segundo a Lei não tinha validade
alguma.
Jesus responde diferente, não mostrando suas testemunhas, mas defendendo que no seu caso,
o seu testemunho é verdadeiro por três razões:
1. Porque sabe de onde veio e para onde vai (v.14);
2. Porque não julga por padrões humanos, mas por seu Pai (v.16);
3. E se querem uma testemunha, lhes dou o meu Pai (v.18).
1º A origem/destino de Jesus é única. Ele vem de Deus Ele é Deus então seu testemunho
pessoal está justificado; 2º Ele não está sujeito a padrões humanos, Ele não julga como seus
adversário, “pela aparência” (7.24). 3º Jesus cita a “lei de vocês” para enfatizar, que se
querem um testemunho, apresento meu Pai.
Jesus termina com as palavras sérias:
“19 Então lhe perguntaram: "Onde está o seu pai? " Respondeu Jesus: "Vocês não
conhecem nem a mim nem a meu Pai. Se me conhecessem, também conheceriam a
meu Pai".”.

Obs. Diante de toda pergunta: “Onde está o pai?” ou “Onde está Deus?”, logo após Deus ter
se feito carne e habitado entre nós. Ali Deus estava entre eles. Por isso Jesus é enfático e mais
uma vez relaciona o conhecimento do Pai com o Filho, e quem conhece verdadeiramente a
um conhece o outro.
É impossível amar o pai sem amar o Filho! Isso serve para todos que olham para o Filho e
não veem Deus e vice-versa.

III. DE BAIXO OU DE CIMA? (v.21-30);


“21 Mais uma vez, Jesus lhes disse: "Eu vou embora, e vocês procurarão por mim, e
morrerão em seus pecados. Para onde vou, vocês não podem ir". 22 Isso levou os
judeus a perguntarem: "Será que ele irá matar-se? Será por isso que ele diz: ‘Para onde
vou, vocês não podem ir’?" 23 Mas ele continuou: "Vocês são daqui de baixo; eu sou lá
de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo. 24 Eu lhes disse que vocês
106

morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em
seus pecados". 25 "Quem é você? ", perguntaram eles. "Exatamente o que tenho dito o
tempo todo", respondeu Jesus. 26 "Tenho muitas coisas para dizer e julgar a respeito
de vocês. Pois aquele que me enviou merece confiança, e digo ao mundo aquilo que dele
ouvi". 27 Eles não entenderam que lhes estava falando a respeito do Pai. 28 Então Jesus
disse: "Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou, e que nada
faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou. 29 Aquele que me
enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, pois sempre faço o que lhe agrada". 30
Tendo dito essas coisas, muitos creram nele”.

O terceiro contraste é consequência dos dois primeiros: Se você anda nas trevas e não aceita o
testemunho de Jesus, então você não é de cima.
1. Vocês são daqui de baixo, deste mundo;
2. Se vocês não crerem, morrerão em seus pecados.
Obs. Em princípio pertencer a este mundo não parece má ideia, afinal temos tantas
cosias boas: 1) beleza (teatro, música, artes); 2) comida (alta gastronomia, confeitaria); 3)
Literatura (poesia, mitologia, ficção científica); 4) esportes (Futebol, basquete, golfe);
Porém, o contraste que Jesus faz é muito claro: quem é de baixo ama as coisas de baixo,
vive pelas coisas de baixo, e morrerá pelas coisas de baixo. Não pelas coisas boas, mas
pelo pecado: As coisas ruins praticamos sabendo que são ruins e as boas idolatramos
acima de qualquer coisa!
Novamente as opções são terrivelmente desiguais: de baixo/ deste mundo só crerão em
Cristo quando este for levantado.

IV. ESCRAVO OU FILHO? (v.31-36);


“31 Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: "Se vocês permanecerem firmes na
minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. 32 E conhecerão a verdade, e
a verdade os libertará". 33 Eles lhe responderam: "Somos descendentes de Abraão e
nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres?" 34 Jesus
respondeu: "Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado.
35 O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para
sempre. 36 Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres”.

Depois de nos distinguir geograficamente (de cima/ de baixo; do mundo / não do mundo);
agora Jesus nos distingue quanto a sermos ou não da sua família.
Ele começa afirmando: “Quem permanece firme na minha palavra, verdadeiramente é meu
discípulo”. Se antes deveríamos aceitar seu testemunho, depois crer que Ele é o Eu Sou,
agora devemos reter a sua Palavra. Mas o contraste não é entre (discípulo e não discípulo),
mas entre (escravo / filho).
 Quem encontra a verdade encontra a liberdade (v.32). Mas liberdade do que, a
gente sempre foi livre? (v.33).
 Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado (v.34). Essa frase responde
porque eles morrerão em seus pecados se não crerem no Eu Sou. É porque não serão
libertos do pecado por isso morrerão no pecado. Jesus vai além!
107

 Jesus não oferece outra escravidão, ele oferece adoção! (v.35). E motivo é porque o
escravo por ser vendido, castigado, expulso, preso. Mas aquele que foi adotado como
filho tem lugar permanente na família e pertence a ela para sempre.
“35 O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para
sempre. 36 Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres”.

 A liberdade que precisamos só Jesus pode dar! (v.36). Por fim, Jesus aponta não
para um código, ou um símbolo de fé, ou para uma causa, mas para Ele mesmo. Ele é
o motivo da nossa libertação. Ele se deixou prender, para que fossemos livres

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#28: O TESTEMUNHO DA VERDADE! Parte #3 (8.37-59). 11/12/2022
INTRODUÇÃO
Se no capítulo anterior vimos uma ilustração da Verdade que liberta (v.1-11) na história da
mulher pecadora; semana passada vimos como Jesus confronta a multidão para decidirmos
entre 06 contrastes (v.12-59)!
ESTRUTURA
Principalmente aqueles que “creram nele”. O verdadeiro discípulo não é aquele que crê
superficialmente, mas aquele que permanece firme na sua palavra!
1. Luz ou Trevas? (v.12): (3.21): “... quem pratica a verdade vem para a luz”. Ou seja,
a Luz é o lugar atual de quem se encontrou com a verdade!

2. Verdadeiro ou Falso? (v.13-20): eles desconfiam do testemunho de Jesus. O Mestre


responde: “a minha testemunha é meu Pai, e você não conhecem nem a mim e nem
meu Pai”. Quem se encontrou com a verdade escolhe fica ao lado da verdade!

3. De baixo ou de cima? (v.21-30): Ser desse mundo não parece má ideia, afinal temos
(música, gastronomia, literatura, futebol); o problema é que quem é “de baixo” ama as
coisas de baixo, pensa nas coisas de baixo e morre pelas coisas de baixo. Os seus
amores mostram a que lugar você pertence!

4. Escravo ou Filho? (v.31-36): Vimos que Jesus não oferece escravidão em troca de
escravidão, mas de adoção. O Filho tem lugar permanente na família; intimidade na
casa; e é co-herdeiro com os filhos naturais.

5. Filho de Deus ou Filho do Diabo? (v.37-47): Jesus destrói a “falsa segurança” na


paternidade abraâmica e na divina. As obras funcionam como o nosso teste de
108

paternidade. Se você pratica a verdade, então você é filho de Deus; mas se você vive
na mentira, então só pode ser filho do “pai da mentira”.

6. Honra ou Desonra? (v.48-59): Ou glorificamos o Filho ou desonramos o Filho de


Deus.

Grande Lição: O encontro com a verdade que liberta, nos responde as três maiores
perguntas da vida: 1) como estamos? 2) quem somos? 3) do que precisamos? Ou seja, 1)
Condição; 2) Identidade; 3) Necessidade.

Vejamos os 06 contrastes que Jesus nos apresenta:


V. FILHO DE DEUS OU FILHO DO DIABO (v.37-47);
“37 Eu sei que vocês são descendentes de Abraão. Contudo, estão procurando matar-
me, porque em vocês não há lugar para a minha palavra. 38 Eu lhes estou dizendo o
que vi na presença do Pai, e vocês fazem o que ouviram do pai de vocês". 39 "Abraão é o
nosso pai", responderam eles. Disse Jesus: "Se vocês fossem filhos de Abraão, fariam as
obras que Abraão fez. 40 Mas vocês estão procurando matar-me, sendo que eu lhes
falei a verdade que ouvi de Deus; Abraão não agiu assim.

Jesus passa a responder a questão da “falsa segurança” deles na descendência de Abraão.


Jesus destrói a “falsa segurança” com pelo menos 4 golpes:
1. São filhos de Abraão, mas estão querendo me matar (v.37);
2. São filhos de Abraão, mas em vocês não há lugar para a minha Palavra (v.37);
3. São filhos de Abraão, mas vocês fazem o que ouviram do pai de vocês (v.38);
4. São filhos de Abraão, mas vocês não fazem as obras que Abraão fez (v.39-40);
(v.41-47). E continua só que agora, mudaram de Abraão para Deus, talvez para aumentar a
autoridade. Agora com 5 golpes:
“41 Vocês estão fazendo as obras do pai de vocês". Protestaram eles: "Nós não somos
filhos ilegítimos. O único Pai que temos é Deus". 42 Disse-lhes Jesus: "Se Deus fosse o
Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por
mim mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que a minha linguagem não é clara para vocês?
Porque são incapazes de ouvir o que eu digo. 44 "Vocês pertencem ao pai de vocês, o
diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se
apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua,
pois é mentiroso e pai da mentira. 45 No entanto, vocês não creem em mim, porque lhes
digo a verdade! 46 Qual de vocês pode me acusar de algum pecado? Se estou falando a
verdade, por que vocês não creem em mim? 47 Aquele que pertence a Deus ouve o que
Deus diz. Vocês não ouvem porque não pertencem a Deus".

1. São filhos de Deus, mas vocês não me amam (v.41,42);


2. São filhos de Deus, mas vocês são incapazes de ouvir o que eu digo (v.43);
3. São filhos de Deus, mas vocês são filhos do Diabo (v.44);
4. São filhos de Deus, mas vocês creem em mim (v.45);
5. São filhos de Deus, mas vocês não pertencem a Deus (v.47).
109

Obs. A “falsa segurança” é um problema gravíssimo. Ela tem a capacidade de fazer-nos


sentir seguros no meio do perigo. O filho do diabo pode viver como filho de Deus, mas o
filho de Deus não pode viver como um filho do Diabo.
Você não pode ser filho de Deus, se realiza as obras e o desejo do Diabo. Jesus estava se
referindo ao plano para matá-lo, que além de homicida, seria baseado na mentira, porque não
tinham do que acusá-lo.
As obras funcionam como o nosso teste de paternidade. Se você pratica a verdade, então
você é filho de Deus; mas se você vive na mentira, então só pode ser filho do “pai da
mentira”.

VI. HONRA OU DESONRA (v.48-59).


“48 Os judeus lhe responderam: "Não estamos certos em dizer que você é samaritano e
está endemoninhado?" 49 Disse Jesus: "Não estou endemoninhado! Pelo contrário,
honro o meu Pai, e vocês me desonram. 50 Não estou buscando glória para mim
mesmo; mas, há quem a busque e julgue. 51 Asseguro-lhes que, se alguém guardar a
minha palavra, jamais verá a morte". 52 Diante disso, os judeus exclamaram: "Agora
sabemos que você está endemoninhado! Abraão morreu, bem como os profetas, mas
você diz que se alguém guardar a sua palavra, nunca experimentará a morte. 53 Você é
maior do que o nosso pai Abraão? Ele morreu, bem como os profetas. Quem você
pensa que é?". 54 Respondeu Jesus: "Se glorifico a mim mesmo, a minha glória nada
significa. Meu Pai, que vocês dizem ser o Deus de vocês, é quem me glorifica. 55 Vocês
não o conhecem, mas eu o conheço. Se eu dissesse que não o conheço, seria mentiroso
como vocês, mas eu de fato o conheço e guardo a sua palavra”.

As palavras mais duras ditas aos religiosos, obviamente enfureceram eles. Ao ponto de
devolverem com impropérios e blasfêmias. Por isso chegamos à última decisão: Honra ou
Desonra? Ou glorificamos o Filho ou desonramos o Filho de Deus.
Infelizmente os religiosos escolheram “desonra”. Jesus faz uma defesa de si surpreendente.
(v.50). Diferente de quem busca sua própria glória, Ele não faz isso, porque será glorificado
pelo Pai (v.54): “Respondeu Jesus: "Se glorifico a mim mesmo, a minha glória nada significa.
Meu Pai, que vocês dizem ser o Deus de vocês, é quem me glorifica”.
(v.51). Jesus deixa mais uma promessa poderosa. O oposto de “morrer em seus pecados”
(v.21) é “jamais verão a morte” (lit. “a morte, não verá para sempre”). Isso se alinha a
promessa de ser “da família para sempre” (v.35).
(v.52,53). Isso provoca os judeus à ira. Eles entendem “ver a morte” literalmente. E jogam o
óbvio na cara de Jesus. “Será que todos os profetas não morreram?”, “quem você pensa que
é?”. Essa pergunta revela tanto “arrogância” como “ignorância” (as duas andam juntas).
(v.54-56). Jesus responde: 1º Eu sou aquele que é glorificado pelo Pai; 2º Eu sou aquele de
quem Abraão viu e se alegrou.
“56 Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-
se". 57 Disseram-lhe os judeus: "Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?" 58
110

Respondeu Jesus: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!" 59 Então eles
apanharam pedras para apedrejá-lo, mas Jesus escondeu-se e saiu do templo”.

De que cena Jesus está falando? Quando Abraão viu Jesus e se alegrou? O fato é que Abraão
recebeu a poderosa promessa da sua descendência numerosa. Ele se alegrou com o
nascimento do seu Filho Isaque (marca o início da promessa). E quando o filho da
promessa seria morto, ele profetiza:
(Gn 22.8): “Respondeu Abraão: "Deus mesmo há de prover o cordeiro para o
holocausto, meu filho". E os dois continuaram a caminhar juntos”.

É provável que Abraão tenha se alegrado porque sabia que viria o dia em que algum
descendente de sua casa se tornaria tão poderoso que governaria e fortaleceria sua
família e nação, cumprindo a promessa de Deus.
Jesus aponta para si mesmo e diz: Ele viu o meu dia (o dia do Senhor); viu e se alegrou!
(v.57). Mas outro fato importante, é como os judeus entenderam? Eles entenderam como
“loucura” como você pode ter visto ou sido visto por Abraão?
(v.58): “Antes de Abraão nascer, Eu Sou!”. Jesus responde diretamente a pergunta: “Quem
você pensa que é?”. Eu Sou, antes de vocês, antes de Moisés, antes de Abraão, antes de tudo.
Ele só pode ser Deus!
(v.59): Isso desencadeia uma tentativa de “homicídio”, por apedrejamento. É irônico que
Jesus impeça um apedrejamento e quase sofra outro. É irônico que Jesus já tenha dito que o
“Diabo era homicida desde o princípio”. E que essa atitude confirma de quem eles são
filhos.
Obs. Eu disse, infelizmente aquelas pessoas escolheram a “desonra”, e você? Assim
como Abraão nos regozijamos com a visão do “dia do Senhor”?
Estamos honrando o Senhor ou desonramos ele? Eles desonraram Jesus com palavras,
sim, mas também quando colocaram Abraão acima de Cristo, ou a religião acima do
Salvador.
1. Não dá para viver na luz se andamos nas trevas;
2. Não dá para aceitar a Palavra de Cristo se a rejeitamos em outras situações;
3. Não dá para ser de cima se amamos as coisas de baixo;
4. Não dá para ser filho se vivemos como escravo;
5. Não dá para ser filho de Deus se vivemos as mentiras do Diabo;
6. Não dá para honrar o Filho se o desonramos com nossas ações.
CONCLUSÃO
Grande Lição: O encontro com a verdade que liberta, nos responde as três maiores
perguntas da vida: 1) como estamos? 2) quem somos? 3) do que precisamos? Ou seja, 1)
Condição; 2) Identidade; 3) Necessidade.
1. COMO ESTAMOS? CONDIÇÃO:
a) Na ilustração: a mulher foi reconhecida por Cristo como pecadora, transgressora da
lei e merecedora da morte.
111

b) Na exortação: Jesus revelou que se servimos ao pecado somos escravos e subitamente


morrermos em nossos pecados.
Somente a verdade pode nos dizer realmente como estamos. Alguns acreditam que só
podemos encontrar a verdade quando estamos livres; Jesus afirma que só quando
encontramos a verdade seremos verdadeiramente livres.
O encontro com a verdade destrói nossas “falsas seguranças”, nossa ilusão da realidade,
nossos enganos, e diz realmente como estamos: Escravos e dignos de morte.

2. QUEM SOMOS? IDENTIDADE:


Ou somos: 1) o que pensamos ser; 2) o que os outros querem que sejamos; ou 3) o que Deus
quer que sejamos.
a) Na ilustração: a mulher provavelmente vivia uma mentira; os outros já tinham escrito
a sua sentença de morte pela lei; mas Jesus anulou o escrito de dívida pela graça.
b) Na exortação: Pensamos ser livres, mas vivemos como escravos; os outros apoiam a
nossa conduta e dizem que temos segurança e garantia; Porém Cristo diz:
(v.34-36): “34 "Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do
pecado. 35 O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela
para sempre. 36 Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres”.

3. DO QUE PRECISAMOS? NECESSIDADE:


Rousseau disse no contrato social (1762): “O homem nasceu livre, mas em todo e qualquer
lugar, encontra-se encarcerado”.
O filósofo passou perto da verdade. Ele acertou porque constatou que o homem nasce com
aparência de livre, mas carrega sua prisão invisível onde quer que esteja. Porém, ele errou
porque a prisão que ele fala são as amarras sociais. E se erramos no diagnóstico, erramos na
solução.
A prisão que Jesus fala é o nosso Pecado. Três coisas sobre a prisão do pecado:
1) Invisível – não sabemos que estamos presos;
2) Desejável – não age pela força;
3) Destrutível – por mais que não pareça, e por mais que desejemos estar lá, estamos
no corredor da morte.
Obs. Do que precisamos? Precisamos de libertação – hoje – de nós mesmos – dos nossos
maiores prazeres – e do nosso caminho de condenação.
Precisamos encontrar a verdade...
Você é um filho de Deus, com lugar permanente na família de Deus; você tem intimidade
na casa de Deus; e é herdeiro e co-heredeiro com Cristo Jesus.
112

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#29: O TESTEMUNHO DA LUZ! (9.1-41). 18/12/2022
INTRODUÇÃO
Vimos em três sermões o “Testemunho da Verdade” (Cap. 8). Agora, veremos o
“Testemunho da Luz”. A comparação é inevitável:
 No capítulo 8 a condição do homem é de “escravidão”; no capítulo 9 é de “cegueira”;
 No capítulo 8 o Pecado escraviza o homem pelo desejo; no capítulo 9, pela
impotência;
Estamos diante do 6º sinal operado por Jesus neste evangelho. E um sinal totalmente
singular:
 Um cego de nascença. Não é restaurar a vista a um cego, é criar algo novo nele. Os
judeus criam que somente Deus poderia curar um cego desse tipo, porque só Deus
podia criar.
 Por 05 vezes é feita a pergunta do “como” ocorreu o suposto milagre
(v.10,15,16,19,26).
 As pessoas custam acreditar no milagre. Os vizinhos levam o homem aos fariseus
(v.13-17); que por sua vez chamam seus pais (v.18-23); não satisfeitos chama o
próprio homem, que acabou sendo expulso (v.24-34);
O capítulo será dividido em 05 grupos de cegos:
1. A cegueira dos discípulos (v.2-5);
2. A cegueira do cego (v.1,6-7);
3. A cegueira dos vizinhos (v.8-13);
4. A cegueira dos fariseus (v.14-34);
5. A cegueira de todos os homens (v.35-41);
A grande lição: A luz neste mundo é provisória; por enquanto, ela dá luz aos cegos e cega os
orgulhosos; somente os que reconhecem sua deficiência e obedecem a palavra de Jesus
poderão dizer: “eu era cego e agora vejo!” (v.25).
No final, o “Testemunho da Luz”, nos legará 03 lições poderosas: 1ª) assumir a deficiência;
2ª) negar a mendicância; 3ª) confiar sem ver.
VEJAMOS OS 05 GRUPOS DE CEGOS DO TEXTO:
113

I. A CEGUEIRA DOS DISCÍPULOS (v.2-5);


“2 Seus discípulos lhe perguntaram: "Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais,
para que ele nascesse cego?".

É curioso que o texto que mostra vários tipos de cegueira, começam logo com os discípulos.
Mas nem eles estão isentos de errar. A pergunta: “Mestre quem pecou: este homem ou seus
pais, para que ele nascesse cego?”.
Revela a “cegueira teológica” daquele período, que remonta ao tempo de Jó. A famosa
“teologia da retribuição”. Que afirma que “não há sofrimento sem culpa”.
(Jó 22.3-10): “3 Que prazer você daria ao Todo-poderoso se você fosse justo? Que é que
ele ganharia se os seus caminhos fossem irrepreensíveis? (...). 5 Não é grande a sua
maldade? Não são infindos os seus pecados?
(...). 7 Você não deu água ao sedento e reteve a comida do faminto, (...). 9 Você mandou
embora de mãos vazias as viúvas e quebrou a força dos órfãos. 10 Por isso está cercado
de armadilhas e o perigo repentino o apavora”.

Porém esse tipo de teologia explica apenas uma parte da nossa realidade, não tudo. O próprio
exemplo de Jó é importante, por mais que ele não fosse um santo, sua sequência de tragédias
não tinha origem em seus pecados, na verdade, ele foi testado por causa da sua fidelidade.
(Jó 1.8-11): “8 Disse então o Senhor a Satanás: "Reparou em meu servo Jó? Não há
ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o
mal". (...). (Satanás) Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza ele
te amaldiçoará na tua face”.

É verdade que colhemos o que plantamos. Mas isso não serve para todas as coisas,
porque tem coisas que não podemos plantar. A maior prova disso é a salvação.
(v.3-5): “3 Disse Jesus: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a
obra de Deus se manifestasse na vida dele. 4 Enquanto é dia, precisamos realizar a
obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. 5
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”.

A resposta de Jesus mostra outra solução para o problema: “a glória de Deus”, afinal de que
outro modo Deus seria glorificado, se não através das suas obras em nós. A resposta pode ser
divida em duas partes:
1. Quanto mais trevas mais luz (v.3);
2. A luz do mundo é temporária (v.4,5);
Obs. A luz já começa a dar seu testemunho: onde os outros veem deficiência, infortúnio
e sofrimento, Jesus vê uma oportunidade de glorificar o Pai. Talvez, aquele homem se
perguntou até aquele dia: por que eu nasci assim? Por que Deus fez isso comigo? Nasceu
e viveu na escuridão para que a primeira pessoa que ele visse fosse o nosso salvador.
(v.4,5). A luz de Jesus é provisória? A “noite se aproxima” pode significar duas coisas: 1) a
hora da morte de Jesus (o mundo ficar lit. em trevas); 2) ou o fim dos tempos, quando o
império das trevas perseguir a Igreja.
114

Claro que após a morte de Cristo, sua luz continuará brilhando através da Igreja, afinal, “vós
sois a luz do mundo”. Mas até essa luz é provisória também. Precisamos de um censo de
urgência, porque a “noite se aproxima”.

II. A CEGUEIRA DO CEGO (v.1,6-7);


“1 Ao passar Jesus viu um cego de nascença (...). 6 Tendo dito isso, ele cuspiu no chão,
misturou terra com saliva e aplicou-a aos olhos do homem. 7 Então lhe disse: "Vá lavar-
se no tanque de Siloé" (que significa Enviado). O homem foi, lavou-se e voltou vendo”.

É importante dizer que os olhos de Jesus procuravam não seus adversários, mas os
necessitados. E aqui temos uma das piores deficiências: um cego de nascença. Estamos
falando de uma doença; que acarreta uma deficiência; que leva a uma condição de
mendicância. A doença afetou a vida do homem integralmente.
(v.6,7). Jesus cura o homem de maneira singular. Por que Jesus passou lama nos olhos do
pobre homem ao invés de curá-lo de imediato, como fez com Bartimeu?
Algumas opções: 1) Recurso terapêutico (Barclay); 2) desafio à obediência (Hernandes); 3)
Uma alusão à criação a partir do pó da terra (pais da Igreja); 4) desafio à cura, à exemplo do
altar de Elias com água (Calvino); 5) autoridade religiosa, sangue saliva contaminam, mas
no contexto certo, o sangue purifica e a saliva cura (Carson).
Se tivesse de escolher, escolheria o “desafio à obediência”. Apresento três razões: 1) Jesus
podia ter curado com o Poder da sua Palavra (Lázaro); 2) Ele mandou o homem ir até o
tanque de Siloé, “enviado” (além de ser uma indicação do Messias, o homem teve que tatear
até chegar lá, logo após a festa das cabanas); 3) o texto não explica o motivo do composto,
mas enfatiza a obediência do homem: “o homem foi, lavou-se e voltou vendo”.

III. A CEGUEIRA DOS VIZINHOS (v.8-13);


“8 Seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram: "Não
é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando? " 9 Alguns afirmavam
que era ele. Outros diziam: "Não, apenas se parece com ele". Mas ele próprio insistia:
"Sou eu mesmo". 10 "Então, como foram abertos os seus olhos? ", interrogaram-no eles.
11 Ele respondeu: "O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a nos
meus olhos e me disse que fosse lavar-me em Siloé. Fui, lavei-me, e agora vejo". 12
Eles lhe perguntaram: "Onde está esse homem? " "Não sei", disse ele. 13 Levaram aos
fariseus o homem que fora cego”.

Nos versos seguintes o homem será duramente questionado e sua fé testada. Primeiro por seus
vizinhos. (v.8,9).
(v.10). Por isso partem para o “como”. (v.11). O homem sabe quem é “Jesus”. Ele já está
melhor que o homem junto ao tanque de Bethesda que não sabia quem o havia curado (5.13).
E o seu resumo é bom: “Fui, lavei-me e agora vejo”.
Obs. Eles conheciam o homem, mas se acostumaram a vê-lo mendigar, por isso era
difícil de acreditar.
115

IV. A CEGUEIRA DOS FARISEUS (V.14-34);


(v.14-17): “14 Era sábado o dia em que Jesus havia misturado terra com saliva e aberto
os olhos daquele homem. 15 Então os fariseus também lhe perguntaram como ele
recebera a visão. O homem respondeu: "Ele colocou uma mistura de terra e saliva em
meus olhos, eu me lavei e agora vejo". 16 Alguns dos fariseus disseram: "Esse homem
não é de Deus, pois não guarda o sábado". Mas outros perguntavam: "Como pode um
pecador fazer tais sinais miraculosos? " E houve divisão entre eles. 17 Tornaram, pois, a
perguntar ao cego: "Que diz você a respeito dele? Foram os seus olhos que ele abriu". O
homem respondeu: "Ele é um profeta".

A maior parte do nosso capítulo, se concentra na busca desesperada dos fariseus de


descobrirem o “como” ou de acusarem Jesus.
No primeiro ato desse grupo, eles também querem saber o “como” foi realizado o milagre.
Como a resposta do homem não faz nenhum sentido para eles, passam para o problema
“litúrgico”. E resolvem a equação: Ele não pode ser de Deus porque não guarda o sábado.
(v.16). Mas outros discutiam: tudo bem, mas se ele não é de Deus, como pôde fazer isso?
(v.17). Termina com os religiosos exigindo uma confissão mais pessoal do homem: “Que diz
você a respeito dele?” O homem respondeu: “Eu não sei muito, mas posso garantir, Ele é um
profeta”.
(v.18-23): “18 Os judeus não acreditaram que ele fora cego e havia sido curado
enquanto não mandaram buscar os seus pais. 19 Então perguntaram: "É este o seu filho,
o qual vocês dizem que nasceu cego? Como ele pode ver agora? " 20 Responderam os
pais: "Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego. 21 Mas não sabemos como ele
pode ver agora ou quem lhe abriu os olhos. Perguntem a ele. Idade ele tem; falará por si
mesmo". 22 Seus pais disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já haviam
decidido que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga.
23 Foi por isso que seus pais disseram: "Idade ele tem; perguntem a ele”.

O segundo ato, é marcado pela convocação dos pais dele. Como não conseguiram acusar
Jesus e nem entenderem o milagre, procuram desacreditar a testemunha.
Eles perguntam o “como” para os pais, mas sem resposta. Aqui acho importante a resposta
dos pais e a diferença dos pais para o homem curado. Os pais confirmam a doença,
porém...
1) Não sabem nada a cura (v.21a);
2) Não sabem nada sobre Jesus (v.21b);
3) Devolveram a responsabilidade para o filho, porque tinham medo (v.22,23).
Afinal, se alguém confessasse Cristo, seria expulso da sinagoga.
(v.24-34): 24 Pela segunda vez, chamaram o homem que fora cego e lhe disseram:
"Para a glória de Deus, diga a verdade. Sabemos que esse homem é pecador". 25 Ele
respondeu: "Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo! "
26 Então lhe perguntaram: "O que ele lhe fez? Como lhe abriu os olhos? " 27 Ele
respondeu: "Eu já lhes disse, e vocês não me deram ouvidos. Por que querem ouvir outra
vez? Acaso vocês também querem ser discípulos dele?" 28 Então o insultaram e
116

disseram: "Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés! 29 Sabemos que
Deus falou a Moisés, mas, quanto a esse, nem sabemos de onde ele vem". 30 O homem
respondeu: "Ora, isso é extraordinário! Vocês não sabem de onde ele vem, contudo ele
me abriu os olhos. 31 Sabemos que Deus não ouve a pecadores, mas ouve ao homem
que o teme e pratica a sua vontade. 32 "Ninguém jamais ouviu que os olhos de um
cego de nascença tivessem sido abertos. 33 Se esse homem não fosse de Deus, não
poderia fazer coisa alguma". 34 Diante disso, eles responderam: "Você nasceu cheio de
pecado; como tem a ousadia de nos ensinar? " E o expulsaram”.

O terceiro ato é marcado por contraste. Enquanto os pais ficam com medo dos fariseus e
medo por serem expulsos, o homem que foi curado enfrenta e debate com eles. Ele não tem
muitos argumentos, mas ele sabe o que Jesus acabou de fazer em sua vida.
É irônico que eles clamam “para a glória de Deus” ... E sobre a acusação de que Jesus era
pecador, o homem responde: “Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e
agora vejo! (v.25)”. Seu argumento é irrefutável.
E sobre a pergunta do “como” ele recusa-se a repetir. E acusa-os de querem se tornar
discípulos de Jesus. Ao que eles rebatem dizendo ser discípulos de Moisés, e que
desconhecem a origem de Jesus. O homem responde...
(v.30-33): “30 O homem respondeu: "Ora, isso é extraordinário! Vocês não sabem de
onde ele vem, contudo ele me abriu os olhos. 31 Sabemos que Deus não ouve a
pecadores, mas ouve ao homem que o teme e pratica a sua vontade. 32 "Ninguém
jamais ouviu que os olhos de um cego de nascença tivessem sido abertos. 33 Se esse
homem não fosse de Deus, não poderia fazer coisa alguma ”.

Obs. Aqui vemos a “cegueira religiosa”. Infelizmente a religião pode cegar.


1. Alguém pode ficar tão preso as regras, a forma, ao ritual, e esquecer o motivo, o
centro, Jesus.
2. Até possuem conhecimento das coisas da fé, mas nunca tiveram uma experiência
de fé.
3. Usam a religião para amedrontar as pessoas, ao invés de convencê-las.

V. A CEGUEIRA DE TODOS OS HOMENS (v.35-41);


(v.35-38): “35 Jesus ouviu que o haviam expulsado, e, ao encontrá-lo, disse: "Você crê
no Filho do homem?". 36 Perguntou o homem: "Quem é ele, Senhor, para que eu nele
creia?". 37 Disse Jesus: "Você já o tem visto. É aquele que está falando com você". 38
Então o homem disse: "Senhor, eu creio". E o adorou”.

Agora quem interroga o homem é Jesus. Não para julgá-lo, mas para salvá-lo. O homem
precisa dar o seu último passo de fé. “Você crê no Filho do homem?”. Ele pergunta de volta;
Jesus aponta para si. O homem crê dizendo: “Senhor, eu creio”. Como é importante essa
pequena nota: “e o adorou”. Significa que o homem não apenas consentiu com a cabeça, ou
sofreu a pressão do homem que o curou, ele realmente entendeu o Senhorio de Cristo, Ele é
mais do que um profeta, do que um curandeiro, Ele é Deus.
(v.39-41): 39 Disse Jesus: "Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos
vejam e os que veem se tornem cegos". 40 Alguns fariseus que estavam com ele
117

ouviram-no dizer isso e perguntaram: "Acaso nós também somos cegos?". 41 Disse
Jesus: "Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado; mas agora que dizem
que podem ver, a culpa de vocês permanece”.

Por fim, Jesus expõe a “cegueira espiritual”, que abrange a todos os homens. Jesus revela
sua missão do ponto de vista da “cegueira espiritual”:” que os cegos vejam e os que veem se
tornem cegos”.
Aqui os que “veem” são os orgulhos, soberbos, autossuficientes, aqueles que não precisam
de salvação. Rejeitaram a luz do mundo. A pergunta deles revela o seu orgulho: “acaso nós
também somos cegos?”.
Obs. Jesus encerra dizendo qual é função do “testemunho da luz”. Por isso quero concluir
com isso...
CONCLUSÃO
A grande lição: A luz neste mundo é provisória; por enquanto, ela dá luz aos cegos e cega os
orgulhosos; somente os que reconhecem sua deficiência e obedecem a palavra de Jesus
poderão dizer: “eu era cego e agora vejo!” (v.25).
No final, o “Testemunho da Luz”, nos legará 03 passos em direção à Luz:
1. Assumir a deficiência;
Esse passo é importante porque torna secundário a obediência do cego. Antes dele ir se lavar
no tanque, ele precisa reconhecer que é cego. Só vai até o tanque quem sabe que não tem mais
o que fazer.
Isso é o oposto ao “orgulho” dos fariseus. Vimos três tipos de cegueira no texto: a teológica, a
religiosa e a espiritual, a pior de todas.
 Quem está cego não sabe que está cego, e ainda se propõe a guiar outros cegos.
Assuma sua deficiência.
a) O pecado te trouxe limitações em vários níveis: você não tem liberdade; depende
dos outros, não para atravessar a rua, mas para ser feliz;
b) O pecado te cegou para as cores do mundo: além de te prender ele te cega para as
coisas mais belas e prazerosas da vida. Te deixando preso nas trevas.
Obs. O Pecado é mais poderoso que você? O que é impossível aos homens é possível para
Deus!
2. Negar a mendicância;
O segundo passo, diria que é romper com sua atual situação. O pecado te deixou numa
situação de vulnerabilidade; você não apenas depende dos outros, como é desprezado por
essas pessoas.
 A pior coisa na situação de um pedinte, é se acostumar a viver de esmolas.
Todas as ofertas do Pecado são pequenas esmolas diárias. A esmola não resolve o nosso
problema, não nos tira da situação que estamos, pelo contrário, nos mantém lá.
118

Por mais que seja bom por um momento, por mais que alivie a nossa necessidade, ela não
pode arrancar dessa condição. Mas Jesus pode.
Por isso a solução dos dois apóstolos é melhor do que esmola. (At 3.1-10).
 Coxo de nascença;
 Colocavam ele diariamente à porta do templo (dependência);
 Pedinte (condição permanente);
 Solução; não tenho esmola, tenho Jesus.

3. Confiar sem ver.


Por fim, temos o passo da confiança mesmo no escuro. O homem reconhece sua cegueira,
rejeita a sua situação atual, e vai na direção da ordem de Jesus, mesmo no escuro.
O escuro representa a escuridão da sua vida, não acredito no “salto no escuro”. Não acredito
que confiamos em Jesus estamos dando um passo na escuridão, pelo contrário, acredito que
estamos mais perto da luz. Não é uma busca no escuro, é uma busca guiada.
(Sl 23.4): “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo
algum, pois tu estás comigo...”.
119

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#30: O TESTEMUNHO DAS OVELHAS! (10.1-10). 05/02/2023
INTRODUÇÃO
Os capítulos 9 e 10 estão interligados. O capítulo 10 funciona como uma espécie de ilustração
do que acabou de ocorrer no capítulo anterior. Jesus agindo como o pastor das ovelhas e os
fariseus agindo como ladrões e salteadores.
O capítulo será dividido em 03 sermões:
1. O Testemunho das Ovelhas (1-10);
2. O Testemunho do Bom Pastor (11-21);
3. O Testemunho da Segurança (22-42).
O texto de hoje será dividido em 03 partes:
1. O ladrão das Ovelhas (v.1,10a);
2. O Pastor das Ovelhas (v.2-4,10b);
3. A Porta das Ovelhas (v.7-9).
A grande lição: Descobriremos 03 marcas distintivas das ovelhas do aprisco de Jesus de
Nazaré: 1) Elas entram pela Porta; 2) Elas nunca seguem o “estranho”; e 3) Elas conseguem
discernir entre a voz do Pastor e as “vozes estranhas”.
VEJAMOS OS 03 ASPECTOS DA ILUSTRAÇÃO DE JESUS SOBRE O PASTOR E SUAS
OVELHAS:
I. O LADRÃO DAS OVELHAS (v.1,10a);
“1 "Eu lhes asseguro que aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas
sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante”. (...). 10 O ladrão vem apenas para furtar,
matar e destruir...”.

Jesus está usando uma alegoria com dois alvos: 1) ilustrar o que acabou de acontecer; e 2)
fixar o cumprimento das profecias atribuídas aos Messias-pastor.
Dois apriscos, o de inverno e o do verão. No inverno eles tinham apriscos maiores com vários
rebanhos, e guardado por um porteiro. No verão o aprisco menor era feito de pedras e o pastor
literalmente funcionava como a porta do aprisco. Jesus tomas os dois exemplos.
120

A ideia principal é o contraste entre o Bom Pastor e os ladrões e salteadores.


O cumprimento de duas passagens:
(Ez 34.23): “23 Porei sobre elas um pastor, o meu servo Davi, e ele cuidará delas;
cuidará delas e será o seu pastor”.
(Mq 2.12,13): “12 "Eu vou de fato ajuntar todos vocês, ó Jacó; sim, vou reunir o
remanescente de Israel. Eu os ajuntarei como ovelhas num aprisco, como um rebanho
numa pastagem; haverá barulho de muita gente. 13 Aquele que abre o caminho irá
adiante deles; passarão pela porta e sairão. O rei deles, o Senhor, os guiará”.

 Quem é o Ladrão? (v.1).


Primeiramente é dito que naturalmente o “assaltante” não usa porta. Hendriksen explicou
claramente esse ponto:
Hendrksen: “Assim também os líderes religiosos hostis a Jesus estavam tentando
ilegalmente ganhar domínio sobre o povo de Israel... por meio da intimidação... eles
evitavam a porta, Jesus. (9.22)” (p.399).

 Como eles agem? (v.10a).


Eles agem progressivamente: “roubar – matar e destruir”. Não é um ou outro é um após o
outro. É uma escalada do mal. Eles roubam com a intenção de matar. Como se dá isso na vida
real?
Ezequiel 34 explica perfeitamente isso.
“2 "Filho do homem, profetize contra os pastores de Israel; profetize e diga-lhes:
‘Assim diz o Soberano Senhor: Ai dos pastores de Israel que só cuidam de si mesmos!
Acaso os pastores não deveriam cuidar do rebanho? 3 Vocês comem a coalhada,
vestem-se de lã e abatem os melhores animais, mas não tomam conta do rebanho. 4
Vocês não fortaleceram a fraca nem curaram a doente nem enfaixaram a ferida.
Vocês não trouxeram de volta as desviadas nem procuraram as perdidas. Vocês têm
dominado sobre elas com dureza e brutalidade. 5 Por isso elas estão dispersas, porque
não há pastor algum, e, quando foram dispersas, elas se tornaram comida de todos os
animais selvagens”.

Obs. Que no v.3 o ataque é progressivo (coalhada – lã – e abate). Eles não servem o
rebanho, mas se servem dele.
Aplicação: Hoje não é diferente, infelizmente podemos dizer que “não há pastor” em muitos
lugares, mesmo quando o púlpito está cheio deles. Eles não estão preocupados com vocês,
com seu bem-estar ou com suas crises, mas com seus bolsos. E o perigo se dá porque eles irão
consumir até matar o rebanho.
E você achando que o Ladrão de João 10 era o diabo. Tão assassino quanto ele é
oprimir, intimidar, e explorar o rebanho de Deus.
II. O PASTOR DAS OVELHAS (v.2-4,10b);
“2 Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 O porteiro abre-lhe a porta, e as
ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. 4
Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem,
121

porque conhecem a sua voz. (...). 10 ... eu vim para que tenham vida, e a tenham
plenamente”.

E agora Jesus segue o contraste dizendo: diferente de vocês o pastor das ovelhas chegou. Ele
entra pela porta, é reconhecido pelas ovelhas e autorizado pelo porteiro. Jesus Cristo o
Pastor prometido de Israel.
 Qual é a missão do Pastor?
Quando o pastor chegava no grande aprisco. Ele era autorizado pelo porteiro e então passava
pelo teste da voz. As ovelhas ouviam o seu brado e o seguiria.
1. “Ele chama suas velhas pelo nome”. Estudos indicam que os pastores conhecem
suas ovelhas até de olhos vendados.
2. “Ele as leva para fora”. A ideia aqui
3. “vai adiante delas”. No oriente o Pastor vai a frente do rebanho. Isso reafirma sua
liderança.
4. “o seguem porque conhecem”. A missão do pastor é fazer sua voz ser conhecida. O
pastor é conhecido pelo seu ensino.
5. “Vida... plenamente”. O pastor deveria proporcionar tudo que servisse para o bem-
estar da ovelha: o melhor pasto, o aprisco mais seguro, as águas tranquilas, o campo
mais aplainado.

III. A PORTA DAS OVELHAS (v.7-9).


“7 Então Jesus afirmou de novo: "Digo-lhes a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. 8
Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os
ouviram. 9 Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e
encontrará pastagem”.

Jesus amplia um pouco mais e segue para o exemplo do aprisco de dias quentes, onde o
pastor era a porta. Jesus é a porta das ovelhas.
 O que isso significa?
Ele é o único meio de salvação para o Rebanho e essa salvação é vista de três maneiras:
1. Aprisco – Segurança;
2. Pastagem – Provisão;
3. Entra e Sair – Abundância.
Dentro do aprisco tinha segurança, nenhum outro animal poderia entrar sem passar pela porta.
Passar pela porta implica em provisão, o pastor deveria conduzir o rebanho para pastagens
seguras.

CONCLUSÃO
Sabemos que o texto ainda focará mais na figura do pastor, hoje queremos pensar mais no
rebanho. O que de fato nos identifica, como saber se sou ovelha do rebanho de Jesus? Três
coisas:
122

1. Elas entram pela Porta;


Primeiro precisamos definir uma coisa. Na alegoria de Jesus só há ovelhas, não tem bodes.
Porque todas elas passaram pela porta.
Ou seja, elas creram em Jesus, confiaram suas vidas incondicionalmente a ele, podem
descansar seguros em seu aprisco, podem esperar pela provisão. São ovelhas do seu
pasto.
Mas e você? Já entrou pela porta? Já reconheceu Jesus como o seu único Pastor e a única
entrada para o céu? Não existe pluralismo filosófico ou relativismo religioso: Jesus é a única
porta das ovelhas, não há outra.

2. Elas nunca seguem o “estranho”;


“5 Mas nunca seguirão um estranho; na verdade, fugirão dele, porque não reconhecem a
voz de estranhos".

Outro fato notável nas ovelhas de Jesus é que elas nunca seguirão... A expressão não deixa
dúvidas, não espaço para enganos, para rivais, para aproveitadores, elas estão tão acostumadas
a voz do Pastor que o resto se torna “estranho” (allotrio = estrangeiro). Significa literalmente:
allos = outro diferente.
Elas não estão mudando de apriscos toda semana – elas não estão seguindo tanta gente
diferente.
(Jd 1.12,13): “12 Esses homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que
vocês fazem, comendo com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de
si mesmos. São nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos,
duas vezes mortas, arrancadas pela raiz. 13 São ondas bravias do mar, espumando seus
próprios atos vergonhosos; estrelas errantes, para as quais estão reservadas para sempre
as mais densas trevas”.

3. Elas conseguem discernir entra a voz do Pastor e as “vozes estranhas”.


E por fim, o segredo de porque essas ovelhas não seguem o “estranho”. Porque elas estão tão
acostumadas a ouvir a voz do seu pastor que não reconhecem a diferença de longe.
O nosso problema é que a gente tem ouvido muito pouco a voz do Pastor. Culpa nossa,
Ele fala de várias maneiras, especialmente por sua palavra. Mas não conhecemos sua
Palavra como poderíamos conhecer a sua voz!
123

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#31: O TESTEMUNHO DO BOM PASTOR! (10.11-21). 12/02/2023
INTRODUÇÃO
Aprendemos que o capítulo 10 é ao mesmo tempo a ilustração do ocorrido no capítulo 9, e o
cumprimento das profecias sobre a vinda do “Messias-Pastor”.
 Os fariseus agiram como Ladrões e salteadores:
o Eles não acreditaram no milagre de Jesus;
o Eles interrogaram o homem e seus pais;
o Eles intimidavam a todos, ameaçando expulsá-los da sinagoga;
o Eles terminaram expulsando o homem.
 Jesus agiu como o Bom Pastor das Ovelhas:
o Quando ele soube que o homem fora expulso Ele foi atrás dele o encontrou e o
levou a crer que Ele era mais que um Profeta.
o O homem creu e o adorou.
A nossa perícope (v.11-21) é uma explicação aprofundada da última promessa do Bom
Pastor (v.10b): “... Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
A Grande Lição: No conforto do aprisco podemos esquecer o preço que Ele pagou para nos
dar Segurança – Provisão e Liberdade, basicamente foi a vida pela vida: Para que tivéssemos
vida – Ele teve que dar sua vida pelas ovelhas, ou seja, por você!
Então, para que você saiba ou não se esqueça, vamos lembrar 04 características do Bom
pastor:
1. O Tipo de Comprometimento (v.11-13);
2. O Tipo de Relacionamento (v.14,15);
3. O Tipo de Rebanho (v.16);
4. O Tipo de Sacrifício (v.17,18).
124

VEJAMOS AS 04 MARCAS DISTINTAS DO BOM PASTOR:


I. O TIPO DE COMPROMETIMENTO (v.11-13);
“11 "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. 12 O assalariado
não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Assim, quando vê que o lobo vem,
abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca o rebanho e o dispersa. 13 Ele foge
porque é assalariado e não se importa com as ovelhas”.

Algumas coisas importantes aqui devem ser explicadas. A quarta “autoafirmação” de Jesus
(Eu Sou o Pão da Vida [6]; a Luz do Mundo [8]; Eu Sou a Porta, [10.9]). Ele se intitula como
o Pastor prometido de Israel. O cumprimento das profecias. De que maneira?
O uso peculiar de duas palavras gregas aqui:
 Jesus não usa “ágathos” = bom no sentido de bondade; Ele usa “kalós” = bom no
sentido de belo, maravilhoso, excelente. Por quê?
No grego clássico a palavra se referia à beleza da forma exterior e era a principal palavra
usada em contraste com “mal” (Marvin Vincent, p.156). Por exemplo aqui em João a
palavra foi aplicada ao vinho das bodas de Caná (2.10): “o melhor vinho”. E nesse capítulo
aplicado as “boas obras” de Jesus (v.32).
Ou seja, Jesus é o Bom Pastor, porque ele é o oposto aos maus pastores; e porque a sua
beleza – majestade – e excelência podem ser vistas através de suas obras. Ele não é só
um pastor diferente, Ele é o melhor dos pastores, Ele é o Sumo Pastor!
 O bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas; A pergunta aqui é: e qual obra ele
mostrará para que vejamos a sua majestade?
A palavra grega usada é “títhemi” = dar no sentido de colocar. M. Vincent explica a palavra
de duas maneiras: No gr. Clássico = “pagar um preço”; e de acordo com o evangelho (13.4):
“tirar sua vida com tirar uma capa”. Embora ele prefira o segundo, acredito que os dois s
encaixam bem no contexto que fala sobre o “assalariado/mercenário”.
Então, Jesus está dizendo que diferente do “assalariado” Ele está tão comprometido com
o seu rebanho que se for preciso, e será, Ele pagaria o preço com a sua própria vida.
Por fim deixe-me clarear o contraste entre o Bom Pastor e o Pastor Contratado.
Obs. A dúvida se é “assalariado ou mercenário”. A palavra (misthotos) significa literalmente
“contratado”, para o bem (assalariado) ou para o mal (mercenário), dependerá do seu nível de
comprometimento.
BOM PASTOR Ref. CONTRATADO
Dá a vida pelas ovelhas (11) Preserva sua vida em detrimento das
ovelhas
Pastoreia o Rebanho próprio (12a) Pastoreia o Rebanho de outro
Diante do lobo, se entrega e salva (12b) Diante do lobo, abandona e foge
Conclusão: Ele ama as ovelhas a ponto (13) Se importa com o salário e não com as
de se entregar por elas ovelhas
125

Os religiosos da época, os ladrões e salteadores que não passaram pela Porta; que
oprimem e exploram o rebanho; agora são chamados de mercenários. Pastoreiam o
rebanho de outro com pouco ou nenhum comprometimento. Se importam apenas com os
benefícios do ministério e não com o objeto final do ministério: o rebanho.
 Uma mensagem para os pastores de hoje:
(1Pe 5.2-4): “2 Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados (Somos todos
contratados). Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer.
Não façam isso por ganância (mercenários), mas com o desejo de servir. 3 Não ajam
como dominadores dos que lhes foram confiados (ladrões), mas como exemplos para o
rebanho. 4 Quando se manifestar o Supremo Pastor (archipoimen = o Príncipe dos
Pastores), vocês receberão a imperecível coroa da glória”.

II. O TIPO DE RELACIONAMENTO (v.14,15);


“14 "Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem; 15 assim
como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas”.

Vimos semana passada que quando o Pastor fala as ovelhas reconhecem sua voz e o seguem.
Vimos também que para isso, o Pastor deve treiná-las diariamente com sua voz. Aqui Jesus
aprofunda mais ainda.
A palavra ginosko = conhecimento íntimo, relacional (não é conhecer lendo um
curriculum, mas no dia a dia). Como vimos ele as conhece cada uma pelo seu nome; e elas
nunca seguem o “estranho” porque não podem confundir a voz do pastor.
Mas o que esse texto trás de diferente é responder: que tipo de relacionamento é esse? Que
nível de conhecimento e amor Ele tem por nós? R. O mesmo que tem entre Pai e Filho
desde a eternidade.
Ah irmãos me faltam palavras para descrever o quão grandioso isso significa. Jesus mesmo
disse: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece Pai senão o Filho” (Mt
11.27). O que eu posso dizer é que eles estão tão unidos como nem podemos imaginar: Eles
compartilham a mesma essência, a mesma sabedoria, o mesmo poder. Como Jesus afirmará:
“Eu e o Pai somos um”.
Mas agora Ele está dizendo que: Eu tenho o mesmo relacionamento com vocês que tenho
com o meu Pai! Basicamente Ele está totalmente comprometido porque seu
relacionamento com rebanho não é apenas profissional, ou funcional. Mas porque Ele
ama o Rebanho como Ele ama o seu Pai.

III. O TIPO DE REBANHO (v.16);


“16 Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza
também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.

A próxima pergunta que devemos fazer é: Que tipo de rebanho ele está reunindo?
126

Primeiro é dito que Ele tem “outras ovelhas”. Lembra que eu falei que Jesus não fala dos
“bodes” aqui. Porque as ovelhas são aquelas que passaram pela porta e conhecem o Pastor. E
agora ele acabou de dizer que: “Dá a sua vida pelas ovelhas”, note que Ele não dá a sua vida
em desperdício, Ele não dá a sua vida pelos “bodes” apenas pelas “ovelhas”.
E os judeus entenderam isso, obviamente como “Eleição Nacional”, isto é, a Nação Eleita de
Israel. Mas Jesus quis deixar claro que o tempo chegou. Que agora Ele não seria apenas
Pastor de Israel, mas do mundo inteiro. Por isso ele chama de “outras ovelhas”. Estão
espalhadas pelo mundo, por isso ele as irá reunir. E se são ovelhas, ouvirão a voz do pastor.
Não importa se é na África ou na Ásia; se é na América do Norte ou do Sul; se é na Europa ou
na Oceania...
Que Tipo de Rebanho Ele está reunindo? Um só rebanho de todas as línguas, tribos,
raças e nações. Embora estejam fora do aprisco elas são ovelhas, e a ovelha tem que
estar perto do pastor.
Dentro e fora do aprisco = pode ser entendido como os eleitos alcançados e os ainda não
alcançados, mas que serão pela pregação da Igreja.

IV. O TIPO DE SACRIFÍCIO (v.17,18).


“17 Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. 18
Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho
autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai”.

E por fim, chegamos a última pergunta: Como Ele irá proporcionar uma vida abundante para
suas ovelhas? Através do sacrifício de sua própria Vida. E a próxima pergunta: Que tipo de
sacrifício será esse?
Na metáfora você precisa entender bem a correlação. Observe duas cosias sobre os pastores
que arriscam suas vidas pelas ovelhas:
 Se os pastores humanos enfrentarem o lobo eles poderão morrer, porque o lobo é mais
forte;
 Se os pastores humanos morrem e o rebanho também se dispersa e morre.
Mas e quanto ao Pastor Jesus? O príncipe de todos os Pastores? Será que o Lobo era mais
forte que Ele? Será que quando Ele morrer o Rebanho se dispersará?
Não irmãos ele morre voluntariamente porque essa era única maneira de pagar a nossa
dívida com Deus. Ele morre por causa de nós. Ele morre não apenas em benefício das
ovelhas, mas no lugar delas. E o melhor: por causa da sua morte temos vida verdadeira.
Ele mesmo diz: “dou a minha vida para retomá-la” ou seja, morte e ressurreição. No dia em
que o próprio Deus mataria a morte pela morte. Explico: pense na morte como uma grande
prisão.
Afinal quem morre deve continuar morto (preso). Então escute a primeira pregação de Pedro:
(At 2.23-): “23 ... com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz
(Eles eram mais fortes?). 24 Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da
morte, porque era impossível que a morte o retivesse. 25 A respeito dele, disse Davi
127

(...). 29 "Irmãos, posso dizer-lhes com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi
sepultado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje. 30 Mas ele era profeta e sabia
que Deus lhe prometera sob juramento que colocaria um dos seus descendentes em seu
trono. 31 Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no
sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição. 32 Deus ressuscitou este Jesus, e todos
nós somos testemunhas desse fato”.

CONCLUSÃO
Bom, Jesus está totalmente comprometido com você; a prova disso foi o seu sacrifício
voluntário; porque Ele ama você e quer você junto Dele e as outras ovelhas.
A Grande Lição: No conforto do aprisco podemos esquecer o preço que Ele pagou para nos
dar Segurança – Provisão e Liberdade, basicamente foi a vida pela vida: Para que tivéssemos
vida – Ele teve que dar sua vida pelas ovelhas, ou seja, por você!

A exemplo do que ocorreu após o discurso de Jesus, Qual tem sido a nossa reação em
relação a toda essa entrega do Bom Pastor?
“19 Diante dessas palavras, os judeus ficaram outra vez divididos. 20 Muitos deles
diziam: "Ele está endemoninhado e enlouqueceu. Por que ouvi-lo?" 21 Mas outros
diziam: "Essas palavras não são de um endemoninhado. Pode um demônio abrir os olhos
dos cegos?”.

Eles ficaram divididos e blasfemando, mas e você?


1. Qual tem sido o seu nível de comprometimento com Jesus e o Rebanho?
Você é daqueles que está disposto a servir até que isso não lhe custe nada? Ou simplesmente
você não se importa com o Rebanho de Deus? Ou com as ovelhas que estão fora do aprisco?
Não dá para amar o noivo sem amar a noiva! Não dá para amar o Pastor sem amar as suas
ovelhas!
2. Como está o seu relacionamento com Jesus?
Você se sente mais perto ou mais longe dele? Quanto tempo você não escuta a voz dele no
seu coração, no seu quarto, na sua solidão? Como você pode afirmar um relacionamento que
não há elogios, cuidado, diálogo e sacrifício?
3. Como está a sua dor pelas ovelhas que estão fora do aprisco?
Isso mesmo, a dor pelas almas não alcançadas é um preciso termômetro da tua
espiritualidade. Me diga como está o anseio de uma pessoa em ganhar almas e eu te direi
o quão perto essa pessoa está de Cristo. Jesus atravessou a tempestade para encontrar o
endemoniado de Gadar; Jesus andou 150 Km para se encontrar com a samaritana; Jesus
voltou para buscar os discípulos de Emaús, voltou para Tomé acreditar; voltou para Pedro se
consertar.
Ore para Deus fazer queimar de novo seu amor pelos perdidos.
David Brainerd escreveu:
128

“Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim até os confins da terra; envia-me aos selvagens do
ermo; envia-me para longe de tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para
a morte, se for no teu serviço e para promover o teu reino. Adeus amigos e confortos
terrestres, mesmo os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida,
até os últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso do
reino de Cristo”.

Impactou a vida de William Carey, Henry Martyn e tantos outros missionários. Ele morreu
com 28 anos de tuberculose. Suas últimas palavras: “Digo, agora, morrendo, que não teria
gasto a minha vida de outra forma, nem por tudo o que há no mundo”.
4. Qual impacto o sacrifício de Jesus tem causado na sua vida?
Falar da morte de Cristo não te abala mais? Participar da ceia, que é praticamente para
lembrar do sacrifício, se tornou corriqueiro para você? Observe essa lista que eu preparei:
 No Batismo: somos unidos a Cristo em sua morte;
 Na ceia: nos sentamos à mesa, olhando para a representação do seu corpo moído e do
seu sangue derramado na cruz;
 Na oração: Chegamos confiadamente no trono da graça por causa do seu sangue;
 No culto: podemos adorar com liberdade, porque ele cancelou o escrito de dívida
pregando-o na cruz;
 Na Igreja?
Olha como João aplicou o sacrifício de Cristo à vida da Igreja: (1Jo 3.16):
“16 Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos
dar a nossa vida por nossos irmãos”.

Série de João
O CAMINHO VIVO E
VERDADEIRO!
#32: O TESTEMUNHO DA FÉ! (10.22-42). 26/02/2023
INTRODUÇÃO
Algumas histórias que conecte a segurança de estar na mão de Deus e nas mãos dos homens...
A Grande Lição: Aprenderemos que a nossa Fé depende da Eleição de Deus e que a nossa
Salvação está segura em suas mãos.
Vejamos o contraste entre a Incredulidade e a Fé:
1. A Raíz da incredulidade (v.22-26);
2. A Segurança da Fé (v.27-30);
129

3. A Evidência da incredulidade (v.31-39);


4. A Colheita da Fé (v.40-42).

VEJAMOS O CONTRASTE ENTRE INCREDULIDADE E FÉ:


I. A RAIZ DA INCREDULIDADE (v.22-26);
“22 Celebrava-se a festa da Dedicação, em Jerusalém. Era inverno, 23 e Jesus estava no
templo, caminhando pelo Pórtico de Salomão. 24 Os judeus reuniram-se ao redor dele e
perguntaram: "Até quando nos deixará em suspense? Se é você o Cristo, diga-nos
abertamente". 25 Jesus respondeu: "Eu já lhes disse, mas vocês não creem. As obras
que eu realizo em nome de meu Pai falam por mim, 26 mas vocês não creem, porque
não são minhas ovelhas”.

(v.22). O narrador encaixa a informação sore mais uma festa, a festa da Dedicação
(Hanukkah). Festa iniciada em 164 d.C. Depois que o povo, liderados por Judas Macabeus
conseguiram expulsar os selêucidas de Israel. E após Antíoco Epifanes ter profanado o
templo. Eles decidiram purificar o templo e o consagraram novamente ao Senhor. Por isso
durante a festa, o povo acendia lâmpadas em suas casas como símbolo de que o “direito de
adorar brilhou sobre nós”.
(v.23). A festa com certeza era uma boa oportunidade, mas o “inverno” poderia ser um
empecilho. Jesus apenas mudou de lugar, estava num lugar mais aquecido e por isso deveria
estar cheio.
(v.24). Os “judeus”, provavelmente os grupos religiosos que já estão no encalço de Jesus.
Estão clamando para que Jesus fale abertamente sobre o seu ministério. Longe de ser
curiosidade eles estavam querendo uma confissão.
(v.25,26). Jesus responde do jeito que gosta: ao invés de alimentar a curiosidade, Ele responde
quem eles são, de duas maneiras:
1. Vocês não creem porque não querem crer; de certa, forma Jesus já disse quem Ele
é, através de suas obras. Por exemplo a cura do paralítico há 38 anos e o homem cego
de nascença. Ambas, provas irrefutáveis. Sem falar nos títulos que utilizou e nas
autodeclarações: Eu sou maior do que o maná; Antes de Abraão, Eu Sou...
2. Vocês não creem porque não podem crer. “26 mas vocês não creem, porque não
são minhas ovelhas”. As duas coisas são verdades, não querem e não podem. Jesus
aponta para quem eles são, ou melhor quem eles não são; eles não são ovelhas, logo,
podem ouvir, mas não reconhecem a voz do pastor, e por consequência não o seguem.
Obs. Assim aprendemos a “raiz da incredulidade”, isto é sua origem. Incredulidade não
é uma questão de disposição, mas de natureza. Por exemplo: Um bode nunca será uma
ovelha; na verdade o macho da ovelha é o carneiro; e o a fêmea do bode é a cabra.
Ovelha e carneiro têm cordeiro; e Bode e cabra tem cabrito.
É claro que o texto não está ensinando para ficarmos procurando quem é ovelha e quem
é bode. Isso só o Pai sabe. Nosso trabalho é pregar a todos, para que as ovelhas venham
para o aprisco e os bodes continuem sendo bodes.
130

II. A SEGURANÇA DA FÉ (v.27-30);


“27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28 Eu
lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha
mão. 29 Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode
arrancar da mão de meu Pai. 30 Eu e o Pai somos um”.

(v.27). Veja como Jesus enfatiza o contraste: “as minhas ovelhas”. Mais uma vez Jesus as
distingue dos demais: Ovem, não qualquer voz, a minha voz – Eu as conheço, chamando cada
uma pelo nome – e elas nunca seguirão o estranho, ao contrário me seguem.
(v.28). Se o (v.27) destaca as marcas das ovelhas; o (v.28) destaca as marcas do Bom Pastor:
Ele dá a vida eterna, sob o preço de sua própria vida – como consequência elas “jamais
perecerão” – porque “ninguém as poderá arrancar da minha mão”. Dr. Carson afirma:
“O foco não é o poder da vida em si mesmo, mas o poder de Jesus: ninguém as poderá
arrancar da minha mão, nem o lobo, nem os ladrões, nem os assaltantes, nem ninguém”
(p.394). Eu acrescentaria a lista de Paulo em...
(Romanos 8.38,39): “Nem a morte, nem a vida, nem anjos nem demônios, nem o
presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes. 39 nem altura, nem profundidade, nem
qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor”.

(v.29). Jesus nos dá mais uma prova da Trindade. 1) afirmando que o Pai e o Filho estão
interessados em nossa segurança; 2) ambos possuem o mesmo poder de preservação: ninguém
pode arrancar da sua mão. 3) E por fim assume uma “unidade mística” (v.30).
(v.30). O que distingue a “unidade mística” da “unidade funcional”? Explico. Os arianos
insistem que Jesus falava aqui apenas de uma “unidade funcional”, isto é que Pai e Filho estão
unidos por causa da tarefa. Mas acredito que os arianos não devem ter perguntado, que tipo de
tarefa é essa? Salvação e Preservação. Isto é, obra divina e não mortal. Logo eu e o Pai somos
um em essência porque compartilhamos a mesma vontade e Poder na salvação e
preservação das ovelhas.
Obs. Existe segurança maior do que essa? A lição que o texto ensina é que a nossa Segurança
está fiada nas mãos do salvador.

III. A EVIDÊNCIA DA INCREDULIDADE (v.31-39);


“31 Novamente os judeus pegaram pedras para apedrejá-lo, 32 mas Jesus lhes disse: "Eu
lhes mostrei muitas boas obras da parte do Pai. Por qual delas vocês querem me
apedrejar?" 33 Responderam os judeus: "Não vamos apedrejá-lo por nenhuma boa obra,
mas pela blasfêmia, porque você é um simples homem e se apresenta como Deus". 34
Jesus lhes respondeu: "Não está escrito na Lei de vocês: ‘Eu disse: Vocês são deuses’? 35
Se ele chamou ‘deuses’ àqueles a quem veio a palavra de Deus (e a Escritura não pode
ser anulada) 36 que dizer a respeito daquele a quem o Pai santificou e enviou ao
mundo? Então, por que vocês me acusam de blasfêmia porque eu disse: ‘Sou Filho de
Deus’? 37 Se eu não realizo as obras do meu Pai, não creiam em mim. 38 Mas se as
realizo, mesmo que não creiam em mim, creiam nas obras, para que possam saber e
entender que o Pai está em mim, e eu no Pai". 39 Outra vez tentaram prendê-lo, mas ele
se livrou das mãos deles”.
131

(v.31). A reação daqueles que não são ovelhas já era esperado, apedrejamento. Igualmente
ao capítulo 8, inclusive no motivo: acusação de blasfêmia.
(v.32). Jesus refuta apelando para suas “boas obras”, eles não tinham motivos para matá-lo.
(v.33). Eles respondem que o caso não é contra as obras (irrefutáveis), mas contra suas
palavras.
(v.34-36). Jesus agora lança mão do Salmo 82. Esse salmo é uma advertência contra os juízes
de Israel que estavam pervertendo a justiça, oprimindo ao invés de libertar e absolvendo ao
invés de punir. Então Deus lembra que eles eram comparados a deuses, por serem Filhos do
Altíssimo, mas porque negaram a Deus cairiam como qualquer homem e o próprio Deus viria
para julgar a terra.
(v.36). Jesus explica justamente isso: Olha se para aqueles juízes que receberam a Lei de
Deus, a Escritura que não falha, afirmou que eram deuses, no sentido de serem Filhos do
Altíssimo e estarem fazendo o trabalho dele, então porque é que eu não posso dizer que sou
Filho de Deus.
(v.38,39): “Mas se as realizo, mesmo que não creiam em mim, creiam nas obras, para
que possam saber e entender que o Pai está em mim, e eu no Pai". 39 Outra vez tentaram
prendê-lo, mas ele se livrou das mãos deles”.

Obs. Jesus retoma o argumento das obras, para revelar mais uma coisa sobre a incredulidade:
a ironia de que aquele que vive pelas evidências (somente com o que pode ver ou
provar), nega as evidências deixadas por Jesus (P. Ex. a CPI do cego de nascença, que
não deu em nada).
Isso nos revela três coisas sobre incredulidade e fé:
1. É errado dizer que a incredulidade considera as evidências, enquanto a fé as
nega; vimos que os incrédulos negaram as muitas obras que Jesus realizou.
2. É correto afirmar que incredulidade não é ausência de Fé; mas a recusa em crer
em alguma coisa e acreditar em outra.
3. É correto afirmar que a incredulidade também tem fé; somos todos homens de fé,
a pergunta é fé em que? Fé na ciência, Fé nos remédios, Fé na política.
Mostre-me um homem sem fé, e eu lhe mostrarei a Igreja dele!

IV. A COLHEITA DA FÉ (v.40-42).


“40 Então Jesus atravessou novamente o Jordão e foi para o lugar onde João batizava
nos primeiros dias do seu ministério. Ali ficou, 41 e muita gente foi até onde ele estava,
dizendo: "Embora João nunca tenha realizado um sinal miraculoso, tudo o que ele disse a
respeito deste homem era verdade". 42 E ali muitos creram em Jesus”.

A forma como o texto termina é maravilhosa. Jesus o maior pregador de todos os tempos não
saiu de mãos vazias. Se em Jerusalém acabou de ser quase apedrejado, vai para Betânia,
provavelmente, no Jordão para colher muitos frutos.
132

Lá Jesus encontrou muitos seguidores do Batista, e quando o viram se lembraram da pregação


e muitos creram em Jesus mesmo sem ver milagres, mas viram uma evidência: “as palavras
de João Batista se cumpriram sobre o Messias”. Aprendo três coisas aqui.
1. Jesus não estava desistindo, apenas mudando de público;
2. A palavra pregada é a semente mais poderosa; podemos lançar a semente e até
morrer, mas ela continuará falando até depois da nossa morte.
3. Jesus colheu na lavoura de outro; Até o Mestre deixou esse exemplo de humildade.
É provável que a alma que ganhamos foi semeada por outra pessoa há muito tempo,
mas coube a nós a colheita, que maravilha. “Um plantou, o outro regou, mas é Deus
quem dá o crescimento”.
CONCLUSÃO
A Grande Lição: Aprenderemos que a nossa Fé depende da Eleição de Deus e que a nossa
Salvação está segura em suas mãos.
Com isso vamos revisitar uma doutrina muito cara para a igreja, a fé protestante e os batistas
tradicionais: A Segurança da Salvação.
Três coisas que acontecem na Mão de Deus!

1. A mão de Deus é Poderosa


“ ‘Vejam agora que eu sou o único, eu mesmo. Não há Deus além de mim. Faço morrer e faço
viver, feri e curarei, e ninguém é capaz de livrar-se da minha mão”.
Deuteronômio 32:39 NVI

“Ele assim fez para que todos os povos da terra saibam que a mão do Senhor é poderosa e
para que vocês sempre temam o Senhor, o seu Deus”.
Josué 4:24 NVI

“Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!”


Hebreus 10:31 NVI

2. A mão de Deus é Santa


Aquela famosa acusação de que a doutrina não se importa com os pecados, e que a pessoa que
viveu a vida de pecado ainda assim será salvo é mentira!
Estar na mão de Deus pressupõe santidade
133

“Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste. Nenhum deles
se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura.
João 17:12 NVI

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os


enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados
pela verdade.
João” 17:17-19 NVI

3. A mão de Deus é Protetora


“O Soberano, o Senhor, vem com poder! Com seu braço forte ele governa. A sua recompensa
com ele está, e seu galardão o acompanha. Como pastor ele cuida de seu rebanho, com o
braço ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que
amamentam suas crias”.
Isaías 40:10-11 NVI

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