Narrador - "Sempre é uma Companhia"

O narrador é uma entidade ficticia que narra a ação/acontecimentos e pode ser

caraterizada pelo sua presença:

· Autodiegético: Quando é a personagem principal (narra-a na primeira

pessoa).

· Homodiegético: Quando é uma personagem seundária.

· Heterodiegético: Quando não participa na ação e narra na terceira pessoa.

E também pelo seu conhecimento:

· Omnisciente: Quando tem conhecimento total da ação e das personagens,

inclusivamente o seu interior (pensamentos, sonhos...).

· Interna: Quando adota o ponto de vista de uma personagem.

· Externa: Quando apenas conhece o exterior da personagem.

No conto "Sempre é uma companhia" de Manuel da Fonseca O narrador

incorpora a terceria pessoa, narra os acontecimentos, comenta, conhece o
passado e o mundo exterior das personagens, em relação:

-À presença é não participante;

-Ao ponto de vista é subjetivo, com uma função ideológica;

-À focalização é omnisciente, o narrador conhece o futuro. Ex: "aquela noite é a

véspera de um extraordinário acontecimento" ("Dias solitários" - Linha 99).

O narrador centra a atenção do leitor no abandono e solidão sentidos pelo

protagonista. Ex: "Fora esperava-os o negrume fechado. E eles voltavam para a
escuridão, iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a
terra, ceifa e recolhe o vergado pelo cansaço da noite." ("Grande Acontecimento"
- Linha 120-123). Nesta frase notamos que o narrador recorre ao uso de metáforas
de modo a salientar a constatação de que os habitantes voltariam a sentir o
isolamento e solidão.

O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda como se váo

formando, o desgosto leva-o a fechar-se num mundo de evocações. Ex: "A vida
de Batola é uma sonolência pegada" ("Dias Solitários" - Linha 46 e 47).

O discurso direto aparece no conto como forma de dar voz ao diálogo entre as
personagens. Ex: "É o último modelo chegado ao país. Quando se quer, é música
toda a noite e todo o dia. Ou então canções. E fados e guitarradas! Notícias de
todo o mundo, desde manhã até à noite, notícias de guerra" ("Grande
Acontecimento" - Linha 34-36).

Também é possível observar o discurso indireto na linha 19 até a 20, no "O grande
acontecimento", "Só percebe, e isso agrada-lhe, que o homem é simpático e fraco.
Mas agora há uma pergunta a que tem de se responder".