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Agressivo/revolta/ raiva contra a mulher pela “parece que acaba de se vingar de alguém”
consciência da sua superioridade. “Tais momentos de ira são pedaços de revolta passiva
contra a mulher
Pouco polido, grosseiro “cospe por cima do balcão para a terra negra…”
Após a vinda da telefonia: deixa de se sentir só porque “E os dias passam agora rápido para António
convive mais com os conterrâneos que vêm ouvir a Barrasquinha, o Bartola. Até começou a levantar-se
rádio e sente a vida mais preenchida com a cedo e a aviar os fregueses…””
informação e a música que chegam pelo aparelho.
Batola ganha outro gosto pela vida e revela-se mais
dinâmico e determinado.
2. Mulher de Batola
Alta, magra, olhos negros “Muito alta…um rosto ossudo”
Calma “sossego de maneiras”
Séria “grave”
Dinâmica, sensata “É a mulher quem abre a venda e avia …. feito isto
volta
à lida da casa…”
determinada, organizada, autoritária “é ela quem ali põe e dispõe”
“Tudo vem a fazer-se como ela entende que deve ser
feito. E assim tem governado a casa”
Passa a mulher submissa, no final, pede que fique com “a mulher olha-o com um ar submisso.”
a telefonia.
4. Velho Rata
Mendigo “Pedia de monte a monte”
Vendedor
Elegante no trajar, agradável nos modos, sorridente “…bem vestido…Volta-se sorridente…que o homem é
e afável. sorridente e franco…”
Convincente, hábil e calculista. “… começa a enumerar rapidamente as qualidades
de um tal aparelho”, “é um último modelo chegado
ao país…”
“Mas ao ver os fios de eletricidade e a ligação que
entra junto das telhas da casa, olha para Batola com
atenção, medindo-o de alto a baixo….põe-se a
observar as prateleiras.”
Personagem coletiva- trabalhadores agrícolas
Ceifeiros trabalham de sol a sol no campo para “Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos”
sobreviver.
Vivem exaustos e pobres “São ceifeiros, exaustos da faina, que recolhem.”
5. Espaço da ação
Espaço físico
Características físicas Expressões textuais
Aldeia de Alcaria, isolada, do Alentejo profundo “…aí umas quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas
só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão no
fundo dos córregos.”
“direito às casas tresmalhadas da aldeia. “
“solidão dos campos”, “vales e cabeços”
Loja do Batola (venda) “quando entra para os fundos da casa”
“na venda, coloca-a sobre o balcão.”
Espaço social
Características sociopolíticas Expressões textuais
Loja e casa do casal tem eletricidade “os fios da eletricidade e a ligação que entra junto das
telhas da casa”
Rural, pobre e isolada, característica do atraso “casas tresmalhadas da aldeia. “
cultural, da fome e da miséria do latifúndio do “E sentem que não estão já tão distantes as suas pobres
Portugal do Estado Novo/ salazarismo. casas. “
Espaço psicológico
Características Expressões textuais
1º momento- pessimismo e resignação “diante daquela monotonia desolada”
perante a vida “Está nestes pensamentos o Batola quando, de súbito, lhe
Dias longos, vazio e tédio vem à ideia o velho Rata. Que belo companheiro! “
É o Rata que faz com que Batola comunique com o Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. A noite
exterior. vem de longe, cansada, tomba tão vagarosamente que o
2º momento- (altera-se) relação intensa mundo parece que vai ficar para sempre
entre homens e mulheres naquela magoada penumbra.
A aldeia fica mais próxima “E sentem que não estão já tão distantes as suas pobres
casas. “
b) “Lá vêm as figurinhas Através de uma metáfora o narrador associa o trabalho rotineiro dos
dobradas pelos atalhos, direito ceifeiros ao mecanismo de umas figuras assim como a localização das casas
às casas tresmalhadas da que se apresentam espalhadas pelo campo como se parecessem animais
aldeia.” l.88 perdidos no campo, aludindo também à solidão de todos os habitantes.
c) “Um suspiro estrangulado sai- Batola sente uma enorme solidão provocada pela ausência de convívio com
lhe das entranhas e engrossa os habitantes da aldeia e a utilização da comparação aproxima-o à letargia
até se alongar como um uivo de de um animal solitário.
animal solitário.” l. 96
6. Peripécia
a) Síntese da peripécia inicial. b) Síntese da peripécia final (que vem alterar a vida na
aldeia).
O narrador dá a conhecer as personagens do conto, a Batola adquire uma telefonia apesar da resistência
vida que levam e os ritmos e ambiente (parado e inicial da mulher. Esta comunica, no final, que aceita
pesado) da aldeia e da venda. que ele compre definitivamente a telefonia.
c) Mostra se o espaço social conduz, necessariamente, ao desinteresse, pelos factos políticos em curso. Justifica.
Esta aldeia não tem eletricidade porque não têm posses para pagar o que revela a pobreza desta comunidade.
As faltas de conhecimento de notícias e de convívio promovem a ignorância dos habitantes. Indiretamente,
podemos concluir que as políticas do governo central são também responsáveis pelo fechamento e pela
situação socioeconómica de Alcaria. À ditadura vigente interessa manter um povo desinformado.
d) Explicação possível para a mudança de opinião e, sobretudo da atitude da mulher de Batola.
No fim, decide propor que fiquem com a telefonia talvez porque veja o marido com outro ânimo ou porque, ela
própria, gosta da nova vida com chegada com o aparelho.
7. Tempo
Tempo histórico
características Expressões textuais
Década de 1940, referência à eletricidade e à telefonia; “Notícias de todo o mundo, desde manhã até à noite,
II Guerra Mundial; notícias da guerra!...”
Época de pobreza em Portugal e de atraso tecnológico “fala de cidades conquistadas, divisões vencidas,
e cultural. bombardeamentos, ofensivas.”
Tempo da ação
Características Expressões textuais
O casamento tem 30 anos “há trinta anos para cá”,
Vida de rotina de Batola “todas as manhãzinhas”.
da chegada do vendedor à partida do vendedor e prazo “Tem um mês para a convencer”
de entrega do aparelho – um mês.
Tempo psicológico
Características Expressões textuais
Passagem lenta do tempo “o entardecer demora anos. A noite vem de longe”
“O mês passou de tal modo veloz que se esqueceu de
Passagem rápida do tempo preparar a mulher.”
8. Narrador Expressões textuais
Presença Participante Autodiegético --------------------------------------------------------------------
Homodiegético ------------------------------------------------------------------
Externa -------------------------------------------------------------------------
“Enterra o queixo nas mãos grossas…”! l. 17 Metáfora, como se quisesse desaparecer, o queixo
desaparece, tapado pelas mãos
“o sol faz os dias do tamanho dos meses” l. 49 Hipérbole, remete para a conceção psicológica do tempo, no
verão, como há ais horas de luz solar, os dias parecem
maiores e quase intermináveis
“…na tarde seguinte, apareceu uma nuvenzinha Metáfora, realça o caráter misterioso de uma futura
de poeira para as bandas do sul:…” Pág. 172, l.1 mudança, o pó reúne-se em forma de nuvem
“Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá Metáfora, caracteriza os habitantes de Alcaria e remete para
para o fim do mundo(….) vergado pelo cansaço da o espaço psicológico. Com a saída da telefonia, os habitantes
noite” l. 118, pág. 174 voltariam a ser um grupo indistinto e rotineiro.
Regressariam a sua situação de solidão e isolamento e
ficariam, novamente, “muito longe” e sentindo-se “no fim
do mundo”