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Informação

Este PP é para o estudo de conteúdos para exame.


As páginas 125, 126,127, 133, 148 do manual, poemas
analisados em aula e alguns slides deste PP, com o mesmo
conteúdo, são para a ficha desta semana. Acrescentei os
conceitos de sebastianismo e V Império. Bom estudo!!
MENSAGEM(a matéria transforma o
espírito)
• Age como uma profecia que tem como objetivo elevar
a tristeza dos portugueses para que estes pudessem,
tomando consciência do que foram, imaginar o que
ainda podiam ser, o mito vai servir para isso.
• Age sobre as pessoas, levando-as a querer cumprir
uma missão e romper com a estagnação cultural, crise
de valores….desorientação, a queda de um império.
• Enumeração de personagens históricas que, pelo seu caráter
e heroísmo, poderão servir de motivação para o acordar de
um povo letárgico.

• É através da memória de tais personagens que


engrandeceram a História de Portugal que Pessoa vê um
caminho para o renascimento do país através do surgimento
de um império perfeito e espiritual que tinha como
finalidade a construção da paz universal- V IMPÉRIO
português, constituído pela cultura e línguas portuguesas.
CARÁTER/natureza ÉPICO-LÍRICA (p.142)
• ÉPICO
- Relato histórico de figuras ou episódios grandiosos do passado;
- Celebram os feitos, as qualidades.
• LÍRICA
- Revela os seus sentimentos, as suas reflexões sobre Portugal e o seu
destino.
O SIMBOLISMO E 0 MESSIANISNO EM MENSAGEM

BENEDICTUS DOMINUS DEUS NOSTER QUI DEDIT NOBIS SIGNUM (Bendito Deus Nosso
Senhor Que Nos Deu O Sinal)

sentido simbólico e messiânico da obra;

O CARÁTER ESOTÉRICO DA OBRA CONFIRMA-SE COM A EPÍGRAFE QUE A ABRE E FINALIZA

com o VALETE FRATRES (Adeus, Irmãos) ideia de “sinal”, “bandeira”, “pendão” entregue
por Deus – símbolo também de fraternidade em organizações de tipo esotérico. Caráter
também presente na estrutura do livro.
Entre Margens
12.º ano Estrutura de Mensagem Significado
2. Mar Português
(realização e vida)
Renascimento
Quinto Império

Concretização do
Império
1. O Brasão 3. O Encoberto
(nascimento) (morte)

Fundação e Decadência
construção do do Império
Império

A estrutura tripartida de Mensagem simboliza o nascimento, a vida e a morte da


pátria (um ciclo existencial). A morte, porém, dá origem a um renascimento que
será o novo império: o Quinto Império.
SÍMBOLOS BRASÃO
(de Infante D.
Henrique)
Passado
I.CAMPO imutável V.TIMBRE
Espaço da
Eleição
criação
O NASCIMENTO
humana

“BRASÃO”
O nascimento
II.CASTELO Os fundadores e
Abrigo Construtores da Pátria,
/segurança Os Heróis, as Mães GRIFO
Terra+céu

III. QUINAS IV.


Espiritualidade COROA
Poder
do herói
BRASÃO
PRIMEIRA PARTE
Referência simbólica à fundação da nacionalidade e à consolidação de
Portugal como país de um povo eleito por Deus.
BELLUM SINE BELLUM- Guerra sem guerra-
“Os Campos”
“Os Castelos” Reenvia para o nosso passado guerreiro embora a guerra a que a obra faz
apelo se faça sem armas. Faz-se com o sonho, resistência ao imobilismo, a
“As Quinas” ânsia do Absoluto, a predestinação do povo e o espírito de missão.
“A Coroa”
“O Timbre”
BRASÃO
I - OS CAMPOS
(símbolo do espaço de vida e da consolidação do reino)

• PRIMEIRO - “O dos Castelos” –


A presença mítica de Portugal na Europa. Poema que localiza Portugal na Europa e em relação ao
Mundo, procurando atestar a sua grandiosidade – Portugal como rosto de Europa - e o valor
simbólico do seu papel na civilização ocidental.

• SEGUNDO - “O das Quinas” – a missão sagrada de Portugal. As Quinas são, na sua dimensão
espiritual, as cinco chagas de Cristo. “Os Deuses vendem quando dão” - não foram os homens os
criadores do destino da Europa e de Portugal, mas os “deuses”, que selecionaram homens
superiores; estes conquistam “a glória com desgraça”, com um sofrimento idêntico ao de Cristo.
Ser criador ou continuador de nações ou impérios exige o abandono da vida simples e uma
entrega absoluta ao destino que Deus preparou. Para alcançar a glória é preciso sofrer…
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• PRIMEIRO – ULISSES “O mito é o nada que é tudo.” - Ulisses é o


fundador mítico de Lisboa. O mito como um nada capaz de
gerar os impulsos necessários à criação da realidade; enquanto
estiver oculto, nada vale; quando revelado e explicado,
desvenda a verdade.
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• SEGUNDO – VIRIATO “Se a alma que sente e faz conhece” -


Viriato foi o fundador da Lusitânia, a “luz que precede a
madrugada” lusa, o prenúncio da existência futura de um povo
tão guerreiro, humilde e corajoso como ele próprio; símbolo do
heroísmo.
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• TERCEIRO – O CONDE D. HENRIQUE “Todo começo é


involuntário.”
O conde, fundador do Condado Portucalense, lutando contra os
mouros, deu origem à construção de um reino cristão exemplar. O
herói cumpre a vontade divina, mesmo quando não sabe o que
fazer com a espada (arma que combate o mal / que constrói a paz).
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• QUARTO – D. TAREJA “Ó mãe de reis e avó de impérios” - inicia


a primeira dinastia (de Borgonha); o poeta apela a que a mãe
de Portugal continue a ser protetora; é urgente criar um
Portugal novo para construir o futuro, tendo em conta o
presente e tendo em conta as lições do passado.
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• QUINTO – D. AFONSO HENRIQUES “Pai, foste cavaleiro.” - O


fundador do reino, o pai; a luta do passado e a construção da
nação. A vigília do presente é nossa. Exemplo de força e de
coragem para construir uma nova nação. Modelo de guerreiro,
exemplo de luta. A espada representa a união entre a fé e a
ação.
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• SEXTO – D. DINIS “ Na noite escreve um seu Cantar de Amigo.”


- A importância das letras e da cultura. -O rei trovador que
lançou as sementes dos Descobrimentos. Predestinado,
escolhido por Deus para cumprir uma missão:plantou o pinhal
de Leiria que, duzentos anos mais tarde, daria a madeira para a
construção das naus das descobertas.
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)

• SÉTIMO (I) – D. JOÃO O PRIMEIRO “O homem e a hora são um só


Quando Deus faz e a história é feita.” - O pai da Ínclita Geração, o
início da dinastia de Avis; instrumento da vontade de Deus.
Exemplo de que o homem é um simples instrumento na mão de
Deus.
• SÉTIMO (II) – D. FILIPA DE LENCASTRE “Que enigma havia em teu
seio Que só génios concebia?” - A mãe da Ínclita Geração, é
apresentada como “Madrinha de Portugal”.
BRASÃO
III- AS QUINAS
(AS CINCO CHAGAS DE CRISTO TRANSPOSTAS PARA A BANDEIRA NACIONAL; O SOFRIMENTO QUE CONDUZ À LIBERTAÇÃO
– D. DUARTE, D. FERNANDO, D. PEDRO, D. JOÃO, D. SEBASTIÃO)

• PRIMEIRA - D. DUARTE, REI DE PORTUGAL- Discurso na 1ª pessoa.


• “Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.” O homem e o dever (primogénito de D. João I). A
sujeição à vontade de Deus, mártir do dever.
• SEGUNDA – D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL “Deu-me Deus o seu gládio, por que eu
faça A sua santa guerra.” - é evocado como herói, mártir e santo; suportou todos os
tormentos em nome da Fé, para tal estava predestinado.(Filho mais novo de D. João I).
• TERCEIRA – D. PEDRO, REGENTE DE PORTUGAL- Discurso na 1ª pessoa.
“Claro em pensar, e claro no sentir,/ E claro no querer;” - o pensamento, o sentimento e a
vontade; é louvado pela coerência entre o ser e o querer, com uma ideia clara, sábia, lúcida para
Portugal (não só a conquista material, mas principalmente a espiritual). Morre defendendo a sua
honra.
BRASÃO
III- AS QUINAS
(AS CINCO CHAGAS DE CRISTO TRANSPOSTAS PARA A BANDEIRA NACIONAL; O SOFRIMENTO QUE CONDUZ À LIBERTAÇÃO
– D. DUARTE, D. FERNANDO, D. PEDRO, D. JOÃO, D. SEBASTIÃO)

• QUARTA – D. JOÃO, INFANTE DE PORTUGAL “Não fui alguém. Minha alma estava
estreita” D. João possuía uma alma “Inutilmente eleita,/Virgemente parada”;
contrariamente aos irmãos, não brilhou, mas teve o seu lugar no mundo.

• QUINTA - D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL “Louco, sim, louco, porque quis


grandeza” - o rei da exaltação, do júbilo, do delírio, da loucura. No areal, ficou “o ser
que houve, não o que há” – o mito, o Messias construtor do Quinto Império.
BRASÃO
IV- A COROA
(um único poema; uma coroa, símbolo da realeza)

• NUN’ÁLVARES PEREIRA “Que auréola te cerca?”


- figura simbólica de Portugal medieval, anterior aos Descobrimentos;
fidalgo guerreiro, herói e santo, segundo o ideal medieval de cavalaria. É
aqui retomada a simbologia da espada – combate o mal e ilumina o
homem em busca da verdade. “S. Portugal”, Nuno Álvares Pereira, torna-se
o “Santo Condestável” que lutou pela liberdade e da independência.
BRASÃO
V- O TIMBRE
(marca pessoal, sinal; símbolo de poder legítimo)
A figura do Grifo, ser mitológico com cabeça e asas de águia, rainha dos céus, e corpo e garras
de leão, rei dos animais, simboliza a maior potência natural.
• A CABEÇA DO GRIFO – O INFANTE D. HENRIQUE “Em seu trono entre o brilho das esferas,” “A cabeça”
pois é a figura histórica, lúcida e visionária, que idealizou a realização do império português. É
representado como um deus, entre os astros, sabedor dos caminhos do mundo, tanto os do passado
quanto os do futuro, aquele concebe e impulsiona os descobrimentos. PENSA
• UMA ASA DO GRIFO – D. JOÃO O SEGUNDO “Braços cruzados, fita além do mar” “Uma asa” pois
representa a preparação para a realização do sonho. Referido a partir de termos e figuras da terra –
“mar”, “promontório”, “serra” – é qualificado pela presença, que “enche” “o mar e o céu”; é o que
rasga o véu, i.e. dá a conhecer o que ainda estava oculto, desvenda o mistério. MANDA
• A OUTRA ASA DO GRIFO – AFONSO DE ALBUQUERQUE “De pé, sobre os países conquistados” “A
outra asa” por ser quem executa, age, concretiza o império oriental português, indiferente à vida ou à
morte, estoicamente empenha-se em mudar “o mundo e a injustiça e a sorte” dos povos orientais
conquistados. FAZ
A MATURIDADE
NAU
PADRÃO
Aventura/
Marco de
viagem iniciática
cristianização “MAR
PORTUGUÊS”(os
nautas que
plasmaram a
Pátria)
Mar
Mistério
Perfeição
Origem da vida ILHA
MOSTRENGO Recompensa/
Perigos e medos/o Espiritualidade/
desconhecido Perfeição
MAR PORTUGUÊS
SEGUNDA PARTE
POSSESSIO MARIS (Posse do mar)
• Procura simbolizar a essência do ideal de ser português vocacionado para o mar e para o sonho.
• Inicia-se com o poema “Infante”, onde o poeta exprime a sua conceção messiânica da História,
mostrando que o sopro criador do sonho resulta de uma lógica que implica Deus, o homem como
agente intermediário e a obra como efeito. Nos outros poemas evoca a epopeia dos Descobrimentos
com as glórias e as tormentas, considerando que valeu a pena. O último poema desta parte é
“Prece”, onde renova o sonho.
• Esta 2ª parte corresponde ao tempo da ação épica – à ação central n’Os Lusíadas. São dedicados à
conquista, à posse dos mares, com destaque para as figuras históricas do Infante, de Diogo Cão
(“Padrão”), de Bartolomeu Dias, dos Colombos, de Fernão de Magalhães, de Vasco da Gama e,
novamente, D. Sebastião – com destaque, igualmente, para a ilha de sonho figurada em “Horizonte”
– e para o mar, local de todos os medos, dores e coragens, figurados em “O Mostrengo” e “Mar
Português”.
• Esta parte termina com um poema que abre para a 3ª parte – “Prece”.
MAR PORTUGUÊS

• I – O INFANTE- Escolhido • II – HORIZONTE- Evocação da época • III – PADRÃO- Assinalava a


por Deus para cumprir uma dos Descobrimentos: invocação ao posse da terra, a cristandade.
missão. O domínio do mar mar, espaço por descobrir; a visão e a Poema que, na 1ª pessoa, dá
permitiu aproximar os descoberta de um mundo novo a voz a Diogo Cão, que
povos. Falta cumprir o dominar; a definição do sonho como confessa ser apenas um
império espiritual. impulso para conhecer. “homem” (pequeno) face à
imensidão do “esforço”.

• IV – O MOSTRENGO Eco dos


medos ancestrais do mar, • V – EPITÁFIO DE BARTOLOMEU • VI – OS COLOMBOS
mas também símbolo da DIAS O capitão que dobrou o Cristóvão Colombo e um
coragem: ao ser vencido, Cabo das Tormentas, abriu o dos filhos, Fernando.
permitiu a revelação de um caminho em direção ao Oriente e Descobridor oficial do
novo mundo. O “homem do “o mar é o mesmo”. Elogio à sua continente americano.
leme” é o povo corajoso de coragem.
el-rei D. João II.
MAR PORTUGUÊS
• VIII – FERNÃO DE MAGALHÃES- Os
• VII – OCIDENTE -A • IX – ASCENSÃO DE VASCO DA
Titãs dançam, festejando a morte de
descoberta do Brasil como GAMA- “Os gigantes da terra” (os
Fernão de Magalhães (viagem de
resultado da ação humana titãs) consideram-se vencidos
circum-navegação ao serviço de Carlos
e do divino, as duas mãos perante o início de uma nova época
V de Espanha, sendo morto pelos
que permitiram marcada pelo espírito do amor
nativos nas ilhas Molucas). Mantendo
“desvendar”, retirar o véu. cristão e a racionalidade científica.
a alma ousada, não morrerão a
Fruto da vontade de Deus. A alma do navegador ousou
vontade e a ambição.
aventurar-se buscando o “velo de
• XI – A ÚLTIMA NAU- A nau não ouro” e uniu o oriente ao ocidente.
• X – MAR PORTUGUÊS- Os voltou e o sonho ficou por (Ilha dos Amores)
Descobrimentos conferiram cumprir. Quanto mais “a alma • XII – PRECE- O passado como
identidade histórica e cultural falta” ao povo, mais o sonho do sonho, tormenta, do qual ficou o
ao país. Para tal, houve que império (“a minha alma atlântica”) mar conquistado e a saudade. O
superar os perigos, a dor, o se impõe com a crença no presente é de esperança, a chama
sofrimento, vencer os abismos regresso do rei da “ilha pode ser avivada. A prece é um
do mar e conquistar a indescoberta”, trazendo “o pendão pedido a Deus para a realização da
plenitude. ainda/do Império”. (Poema “Distância” – o império espiritual.
sebastianista)
A MORTE
“O ENCOBERTO”
A decadência da Pátria
NOITE A esperança no futuro
Desconhecimento/ NEVOEIRO
Apatia/ Incerteza
Estagnação/Tempo A RESSURREIÇÃO Melancolia
de germinação Regresso de D. Sebastião Esperança
O Quinto Império

MANHÃ
Reinício
Glória
Luz
Vida
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE

PAX IN EXCELSIS (Paz nos céus)


Mensagem de Paz e de Fraternidade, reencontro com o nosso destino
• Tripartida em “Os Símbolos”, “Os Avisos” e “Os Tempos”
• Com os primeiros (cinco poemas), manifesta a esperança e o “sonho português”, pois o atual
império encontra-se moribundo. Mostra a fé de que a morte contenha em si o gérmen da
ressurreição.
• Nos três avisos define os espaços de Portugal.
• Com os cinco tempos traduz a ânsia e a saudade daquele Salvador/O Encoberto que, na
Hora, deverá chegar, para edificar o Quinto Império, cujo espírito será moral e civilizacional.
OBS.: Os quatro impérios já vividos foram, segundo Pessoa, “Grécia, Roma, Cristandade e
Europa”
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE

• A 3ª parte de Mensagem é a mais assumidamente messiânica e sebastianista –


o Rei sonhador é agora o Rei Encoberto, aquele que virá, segundo as profecias de
Bandarra e a visão do Padre António Vieira, numa manhã de nevoeiro, fazer, de
novo, a Hora. Os quatro impérios já vividos foram, segundo Pessoa, “Grécia,
Roma, Cristandade e Europa”
• Assim, pode falar-se no confronto que faz com Os Lusíadas, de corresponder
esta parte ao plano das profecias, existentes, sobretudo, no Canto X.
• Mensagem deve ser lida como a epopeia da era que há de vir, a do sonho feito
realização, a da loucura, divina, porque assumida conscientemente, e
interrompida, de D. Sebastião, de D. Fernando, do Infante e dos outros heróis
expectantes evocados por Pessoa.
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE
OS SÍMBOLOS

-PRIMEIRO – D. SEBASTIÃO - SEGUNDO – O QUINTO IMPÉRIO TERCEIRO – O DESEJADO –


figura mítica do fim do império - a realização plena do futuro de outrora D. Sebastião, hoje o
material e do início do império Portugal. “Triste de quem vive Messias. Onde quer que,
espiritual – o Quinto Império. em casa” entre sombras e dizeres,”.
“Sperai! Caí no areal e na hora Pedido a D. Sebastião para
adversa”. Discurso do rei. que venha redimir o seu
povo, através da
reconciliação do humano
QUARTO – AS ILHAS AFORTUNADAS – QUINTO – O ENCOBERTO – com o divino.
símbolo de um mundo de justiça e paz, síntese dos símbolos que
que se realizará plenamente no Quinto deram continuidade ao
Império. “Que voz vem no som das desejo de realização do
ondas”. Local onde mora o messias do Quinto Império “ Que
novo Império. Mito do sebastianismo. símbolo fecundo”
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE
OS AVISOS (AS TRÊS MAIS IMPORTANTES FIGURAS PORTUGUESAS ANUNCIADORAS DO QUINTO IMPÉRIO)

PRIMEIRO – O BANDARRA – SEGUNDO – ANTÓNIO VIEIRA – TERCEIRO – “Screvo meu


autor de trovas proféticas acerca anuncia, na História do Futuro e livro à beira-mágoa.”
do futuro de Portugal. “ Sonhava, Chave dos Profetas, a chegada do (FERNANDO PESSOA era o
anónimo e disperso,” Quinto Império, espiritual, que se título original deste poema) –
realizará pela afirmação da o poeta considera a sua vida
cultura e da língua portuguesas e a sua obra dedicadas à
como exemplos da mensagem de realização integral de
Cristo. “ O céu strela o azul e tem Portugal: “Só tu, Senhor, me
grandeza” dás viver”.
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE
OS TEMPOS
(OS CINCO MOMENTOS TEMPORAIS DE APROXIMAÇÃO HISTÓRICA AO ADVENTO DO QUINTO IMPÉRIO A
PARTIR DA DECADÊNCIA DE PORTUGAL, EM 1578, COM A MORTE DE D. SEBASTIÃO E A PERDA DA
INDEPENDÊNCIA)

PRIMEIRO – A NOITE (3 SEGUNDO – TORMENTA – Portugal no TERCEIRO – CALMA –


partes) – o início da abismo. “Que jaz no abismo sob o mar prenúncio da recuperação do
decadência do império que se ergue?” Império português, agora
português. “A nau de um espiritual “Que costa é que
deles tinha-se perdido” as ondas contam”

QUARTO – ANTEMANHÃ – QUINTO – NEVOEIRO – a


vencidos todos os obstáculos, é incerteza, a indefinição. “É
o princípio… “O mostrengo que a Hora” de traçar novos
está no fim do mar” rumos. “Nem rei, nem lei,
nem paz nem guerra,”
O V IMPÉRIO PORTUGUÊS
TRARIA, ENTÃO, UMA ÉPOCA DE PAZ E

HARMONIA A TODO O MUNDO

31
O mito do Sebastianismo e o V Império
O QUE É UM MITO MESSIÂNICO?
Assenta na ideia de um salvador (messias) que encontra a sua referência na Bíblia.

O QUE É O SEBASTIANISMO?
É um mito messiânico onde um salvador virá resgatar Portugal do estado em que se encontra, na literatura encontramos em:
- Frei Luís de Sousa, libertar Portugal do domínio espanhol dos Filipes, após a morte do rei D. Sebastião, na personagem de Telmo;
- Mensagem, libertar Portugal do estado de marasmo e decadência em que Portugal se encontra (liberalismo, invasão
napoleónica, humilhação de Inglaterra na questão do mapa cor-de-rosa, crise da República…).

COMO SURGIU?
Começa com o desaparecimento do rei D. Sebastião, na Batalha de Álcacer-Quibir, em 1578. Dois anos depois, quando Portugal é
anexado a Espanha, Portugal perde a independência, Ora, segundo a lenda, o jovem monarca (“O Desejado” ou o “Encoberto”)
não teria falecido e seria o “salvador” que voltaria ao País numa manhã de nevoeiro para o libertar), a sua pessoa, ser carnal.
60 anos depois, com a Restauração da Independência de Portugal, cria-se o conceito do Sebastianismo como mito messiânico.
Então, o conceito do Salvador surgirá para regenerar a nação e para conduzir a um destino grandioso.
O mito do Sebastianismo e o V Império
Como se manifesta o Sebastianismo em MENSAGEM ?
Fernando Pessoa é agora o profeta que, (retoma este mito do sebastianismo, sebástico, Encoberto), num contexto nacional difícil e
de crise, fala do ressurgimento de Portugal e do seu futuro traçado por Deus. Nesta obra, D. Sebastião é uma figura que surge no
título de dois poemas, mas o seu valor é simbólico e não será o seu regresso “carnal” que Pessoa aguarda. A noção de salvador terá
uma configuração simbólica, tornando-a numa figura mítica nacional fruto do seu sonho e da sua “loucura”.
Assim, Pessoa através de Mensagem fez despertar um nacionalismo de raiz messiânica: o Sebastianismo. Vê nesse rei desaparecido
misteriosamente o Messias que um dia viria para que finalmente Portugal cumprisse a missão que fora superiormente destinada.
Pessoa fez erguer das cinzas D. Sebastião, cujo o regresso era há muito esperado, porque o mito faz mais facilmente mover um povo
do que a força da razão.
Mensagem é atravessada por figuras, símbolos que anunciam uma nova era para Portugal. A mensagem desta obra está sintetizada
no verso do poema “Infante”, “ Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Portugal é o país escolhido por Deus: foi-o no passado e
sê-lo-á no futuro, apesar de estar a viver, no presente, um período de marasmo. No fundo, pretende-se salientar que se Deus
escolheu o povo português, no passado, o homem português sonhou e conseguiu construir um império territorial, Deus, certamente,
voltará a querer escolher-nos e surgirá um homem que reencarne o espírito de D. Sebastião e lidere Portugal rumo à construção de
um novo Império, desta vez, espiritual. Esse será o Quinto Império, um conceito universal que trará a todos a paz, felicidade e a
prosperidade. No fundo, Mensagem transmite-nos a ideia de que movidos pelo sonho, pela “loucura”, que D. Sebastião encarna,
devemos perseguir o impossível e, contemplando o “horizonte”, devemos entrever o invisível e lutar por alcançá-lo.
Na terceira parte da obra, poemas como “As ilhas Afortunadas”, “Nevoeiro” e avisos “O Bandarra”, “O Nevoeiro”, anunciam uma
nova Era. Essa Era futura é a do Quinto Império. É Pessoa que confirma a missão de Portugal como instauradora do Quinto Império
que não precisa de ser material, mas civilizacional.
O mito do Sebastianismo e o V Império
 Como surgiu o mito do Quinto Império em Mensagem?
“ Será Padre António Vieira (séc. XVII), entre nós, com a História do futuro, a principal fonte de Pessoa, não é uma inovação
pessoana na cultura portuguesa, mas foi Bandarra (séc. XVI) que o introduziu pela primeira vez nas suas trovas messiânicas.”
Estes são entendidos como impérios materiais (Babilónia, Medo-Persa, Grécia, Roma e o quinto seria o de Inglaterra). Para
Pessoa, este será um império espiritual.
(O V Império)”, sendo espiritual, parte do império espiritual da Grécia (…) o Segundo é o de Roma, o Terceiro, o da Cristandade
e o do Quarto, o da Europa. Aqui o Quinto Império terá de ser outro que o inglês porque terá de ser de outra ordem. Nós o
atribuímos a Portugal para quem o esperamos.” F. Pessoa
Concluindo, o V Império:
- é de natureza espiritual e cultural;
- apresenta Portugal como responsável pela criação deste império para tirar Portugal da escuridão e conduzi-lo a uma Era de
glória;
- simboliza o ressurgimento da figura lendária de D. Sebastião, um novo redentor da Pátria;
- estender-se-á por todo o mundo pela força do sonho e da poesia e partirá da língua e cultura portuguesas;
Bibliografia: manuais da Areal Editore e Santillana

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