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BENEDICTUS DOMINUS DEUS NOSTER QUI DEDIT NOBIS SIGNUM (Bendito Deus Nosso
Senhor Que Nos Deu O Sinal)
com o VALETE FRATRES (Adeus, Irmãos) ideia de “sinal”, “bandeira”, “pendão” entregue
por Deus – símbolo também de fraternidade em organizações de tipo esotérico. Caráter
também presente na estrutura do livro.
Entre Margens
12.º ano Estrutura de Mensagem Significado
2. Mar Português
(realização e vida)
Renascimento
Quinto Império
Concretização do
Império
1. O Brasão 3. O Encoberto
(nascimento) (morte)
Fundação e Decadência
construção do do Império
Império
“BRASÃO”
O nascimento
II.CASTELO Os fundadores e
Abrigo Construtores da Pátria,
/segurança Os Heróis, as Mães GRIFO
Terra+céu
• SEGUNDO - “O das Quinas” – a missão sagrada de Portugal. As Quinas são, na sua dimensão
espiritual, as cinco chagas de Cristo. “Os Deuses vendem quando dão” - não foram os homens os
criadores do destino da Europa e de Portugal, mas os “deuses”, que selecionaram homens
superiores; estes conquistam “a glória com desgraça”, com um sofrimento idêntico ao de Cristo.
Ser criador ou continuador de nações ou impérios exige o abandono da vida simples e uma
entrega absoluta ao destino que Deus preparou. Para alcançar a glória é preciso sofrer…
BRASÃO
II- OS CASTELOS
(símbolos de proteção e das conquistas dos heróis)
• QUARTA – D. JOÃO, INFANTE DE PORTUGAL “Não fui alguém. Minha alma estava
estreita” D. João possuía uma alma “Inutilmente eleita,/Virgemente parada”;
contrariamente aos irmãos, não brilhou, mas teve o seu lugar no mundo.
MANHÃ
Reinício
Glória
Luz
Vida
O ENCOBERTO
TERCEIRA PARTE
31
O mito do Sebastianismo e o V Império
O QUE É UM MITO MESSIÂNICO?
Assenta na ideia de um salvador (messias) que encontra a sua referência na Bíblia.
O QUE É O SEBASTIANISMO?
É um mito messiânico onde um salvador virá resgatar Portugal do estado em que se encontra, na literatura encontramos em:
- Frei Luís de Sousa, libertar Portugal do domínio espanhol dos Filipes, após a morte do rei D. Sebastião, na personagem de Telmo;
- Mensagem, libertar Portugal do estado de marasmo e decadência em que Portugal se encontra (liberalismo, invasão
napoleónica, humilhação de Inglaterra na questão do mapa cor-de-rosa, crise da República…).
COMO SURGIU?
Começa com o desaparecimento do rei D. Sebastião, na Batalha de Álcacer-Quibir, em 1578. Dois anos depois, quando Portugal é
anexado a Espanha, Portugal perde a independência, Ora, segundo a lenda, o jovem monarca (“O Desejado” ou o “Encoberto”)
não teria falecido e seria o “salvador” que voltaria ao País numa manhã de nevoeiro para o libertar), a sua pessoa, ser carnal.
60 anos depois, com a Restauração da Independência de Portugal, cria-se o conceito do Sebastianismo como mito messiânico.
Então, o conceito do Salvador surgirá para regenerar a nação e para conduzir a um destino grandioso.
O mito do Sebastianismo e o V Império
Como se manifesta o Sebastianismo em MENSAGEM ?
Fernando Pessoa é agora o profeta que, (retoma este mito do sebastianismo, sebástico, Encoberto), num contexto nacional difícil e
de crise, fala do ressurgimento de Portugal e do seu futuro traçado por Deus. Nesta obra, D. Sebastião é uma figura que surge no
título de dois poemas, mas o seu valor é simbólico e não será o seu regresso “carnal” que Pessoa aguarda. A noção de salvador terá
uma configuração simbólica, tornando-a numa figura mítica nacional fruto do seu sonho e da sua “loucura”.
Assim, Pessoa através de Mensagem fez despertar um nacionalismo de raiz messiânica: o Sebastianismo. Vê nesse rei desaparecido
misteriosamente o Messias que um dia viria para que finalmente Portugal cumprisse a missão que fora superiormente destinada.
Pessoa fez erguer das cinzas D. Sebastião, cujo o regresso era há muito esperado, porque o mito faz mais facilmente mover um povo
do que a força da razão.
Mensagem é atravessada por figuras, símbolos que anunciam uma nova era para Portugal. A mensagem desta obra está sintetizada
no verso do poema “Infante”, “ Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Portugal é o país escolhido por Deus: foi-o no passado e
sê-lo-á no futuro, apesar de estar a viver, no presente, um período de marasmo. No fundo, pretende-se salientar que se Deus
escolheu o povo português, no passado, o homem português sonhou e conseguiu construir um império territorial, Deus, certamente,
voltará a querer escolher-nos e surgirá um homem que reencarne o espírito de D. Sebastião e lidere Portugal rumo à construção de
um novo Império, desta vez, espiritual. Esse será o Quinto Império, um conceito universal que trará a todos a paz, felicidade e a
prosperidade. No fundo, Mensagem transmite-nos a ideia de que movidos pelo sonho, pela “loucura”, que D. Sebastião encarna,
devemos perseguir o impossível e, contemplando o “horizonte”, devemos entrever o invisível e lutar por alcançá-lo.
Na terceira parte da obra, poemas como “As ilhas Afortunadas”, “Nevoeiro” e avisos “O Bandarra”, “O Nevoeiro”, anunciam uma
nova Era. Essa Era futura é a do Quinto Império. É Pessoa que confirma a missão de Portugal como instauradora do Quinto Império
que não precisa de ser material, mas civilizacional.
O mito do Sebastianismo e o V Império
Como surgiu o mito do Quinto Império em Mensagem?
“ Será Padre António Vieira (séc. XVII), entre nós, com a História do futuro, a principal fonte de Pessoa, não é uma inovação
pessoana na cultura portuguesa, mas foi Bandarra (séc. XVI) que o introduziu pela primeira vez nas suas trovas messiânicas.”
Estes são entendidos como impérios materiais (Babilónia, Medo-Persa, Grécia, Roma e o quinto seria o de Inglaterra). Para
Pessoa, este será um império espiritual.
(O V Império)”, sendo espiritual, parte do império espiritual da Grécia (…) o Segundo é o de Roma, o Terceiro, o da Cristandade
e o do Quarto, o da Europa. Aqui o Quinto Império terá de ser outro que o inglês porque terá de ser de outra ordem. Nós o
atribuímos a Portugal para quem o esperamos.” F. Pessoa
Concluindo, o V Império:
- é de natureza espiritual e cultural;
- apresenta Portugal como responsável pela criação deste império para tirar Portugal da escuridão e conduzi-lo a uma Era de
glória;
- simboliza o ressurgimento da figura lendária de D. Sebastião, um novo redentor da Pátria;
- estender-se-á por todo o mundo pela força do sonho e da poesia e partirá da língua e cultura portuguesas;
Bibliografia: manuais da Areal Editore e Santillana