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Coleção Arrumar Ideias | Mensagem

3. Mensagem, poema a poema

© AREAL EDITORES
Subpartes /
Personalidade / Simbologia
Poemas
OS CAMPOS Espaço de vida e de consolidação do reino.

“O dos Castelos” Localização geográfica de Portugal como predestinação.

“O das Quinas” Alusão às cinco chagas1 de Cristo.


Menção do sofrimento necessário para atingir a glória.
OS CASTELOS Símbolo de proteção e das conquistas dos heróis.
Os heróis enumerados surgem associados a desígnios ocultos.
Heróis fundadores de Portugal.
“Ulisses” Herói mítico.
Fundador mítico de Lisboa.
“Viriato” Fundador da Lusitânia.
Símbolo da luta pela independência.
Chefe militar dos lusitanos morto à traição enquanto dormia.
PRIMEIRA PARTE: BRASÃO

Sertório substitui-o no comando dos lusitanos.


“O Conde Pai de D. Afonso Henriques.
D. Henrique” Fundador do Condado Portucalense.
“D. Tareja” Mãe de D. Afonso Henriques.
Símbolo da proteção materna.
Apelo para a construção de um novo futuro para Portugal.
“D. Afonso Fundador do Reino de Portugal.
Henriques” Primeiro Rei da dinastia de Borgonha (1.ª dinastia).
Exemplo de força e de coragem.
“D. Dinis” O poeta da lírica trovadoresca.
O poeta que sonhou e lançou a semente dos Descobrimentos: o pinhal
de Leiria e a preparação da viagem.
“D. João o Primeiro Rei da 2.ª dinastia, a Dinastia de Avis.
Primeiro” Pai da “ínclita geração2”.
Foi um instrumento da vontade de Deus.
“D. Filipa de Casada com D. João I.
Lencastre” Mãe da “ínclita geração”.

AS QUINAS Mártires da Nação.


Lutadores e mártires.
A referência às cinco chagas de Cristo traduz a consciência do destino
para Portugal das cinco personalidades escolhidas.
NOTA: As subpartes da obra estão destacadas com negrito.

1
feridas abertas, não cicatrizadas.
2
Expressão de Camões em Os Lusíadas para designar os filhos de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. Ínclita significa ilus-
tre. Geração quer dizer descendência.

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3. Mensagem, poema a poema

Subpartes /
Personalidade / Simbologia
Poemas
“D. Duarte, Rei de Rei de Portugal.
Portugal” Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.
Simboliza a sujeição à vontade de Deus e o cumprimento do dever.
Representa as dificuldades, o sofrimento e a luta contra as adversida-
des.
“D. Fernando, Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.
Infante de Infante Santo: cativo dos mouros e mártir em Fez, por impedir o irmão
Portugal” de entregar Ceuta.
Simboliza a capacidade de suportar os tormentos em nome da fé.
“D. Pedro, Regente Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.
de Portugal” Representa o valor do pensamento e da vontade.
Simboliza o homem que honra os seus compromissos.
“D. João, Infante de Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.
Portugal” Representa todos aqueles que se anulam para que outros se
destaquem e realizem a sua missão.
PRIMEIRA PARTE: BRASÃO

“D. Sebastião, Rei Rei de Portugal derrotado na Batalha de Alcácer Quibir.


de Portugal” Simboliza o herói que sonha.
Apologia da loucura como busca de grandeza.
Consubstancia a dualidade entre alma (o herói que há) e corpo
(o herói que houve).
A COROA Símbolo de realeza.
Representa a perfeição, pela forma circular.
Marca o estabelecimento de Portugal como país independente.
“Nun’Álvares Chefe militar, autor da técnica do quadrado na Batalha de Aljubarrota.
Pereira” Herói que conjuga o espírito guerreiro e a santidade.
O poema constitui uma prece para que ilumine Portugal na direção do
Quinto Império.
O TIMBRE Símbolo de poder legítimo.
“O Infante Cabeça do Grifo1: simboliza a idealização, a sabedoria.
D. Henrique” Figura responsável pela conceção dos Descobrimentos.
“D. João o Asa do Grifo: simboliza a preparação para a execução do sonho
Segundo” idealizado.
Rei de Portugal.
Figura fundamental na concretização das Descobertas marítimas.
“Afonso de Asa do Grifo: simboliza a ação, a concretização.
Albuquerque” Vice-rei da Índia.
Figura fundamental na concretização do Império Português do Oriente.
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Ave mitológica com bico e asas de águia e corpo de leão. Simboliza a união do humano e do divino.

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4. Análise da obra

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4.1. Estrutura da obra: aspetos paratextuais e aspetos simbólicos

Em que medida este livro constitui uma "mensagem" para Portugal?


A obra apresenta uma estrutura simbólica e anuncia um novo destino imperial
de Portugal. Por esta razão, podemos considerar que a obra Mensagem apresenta
uma mensagem para Portugal.

Como está estruturada a obra?


Mensagem é constituída por 44 poemas e está estruturada em três partes dis-
tintas: “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”.
Na primeira parte da obra, materializa-se o esboço da ideia de império que
nasce com D. Dinis. A nação vai cumprindo o seu destino divino e consolidando os
ideais nacionais. Pessoa inspirou-se no brasão das armas nacionais: os sete Caste-
los, as cinco Quinas, a par de outros elementos ligados à heráldica, mas apresenta
um brasão novo, reconstruído a partir do brasão do Infante D. Henrique. Na Mensa-
gem, o “Brasão” mais do que a imagem do passado, cristaliza o lugar da memória
coletiva em que as qualidades de ser português se fixam em personalidades como
Ulisses, Viriato, Conde D. Henrique, D. Teresa, D. Afonso Henriques, D. Dinis e D. João I e
D. Filipa de Lencastre. Estas são as sete “pedras basilares da nacionalidade”, pois
os seus feitos “visíveis” antecipam ou prenunciam outros mais importantes.
A segunda parte de Mensagem, constituída por doze poemas, canta o português
que desvendou mundos, “cumpriu o mar” e criou um império material que deixa
adivinhar o seu fim.
A terceira parte, “O Encoberto”, anuncia a instauração do Quinto Império.

Em que medida a estrutura da obra é simbólica?


Mensagem está estruturada em três partes distintas: “Brasão” (19 poemas em
cinco partes), “Mar Português” (12 poemas) e “O Encoberto” (13 poemas em três
partes). O número três simboliza a perfeição, a totalidade, e sugere também uma
evolução mística, que culminará no “Quinto Império”.
Na primeira parte da obra, os heróis mencionados nos poemas simbolizam a
formação de Portugal, são os heróis fundadores.
A segunda parte de Mensagem, constituída por doze poemas, canta o português
que desvendou mundos, “cumpriu o mar” e criou um império material que deixa
adivinhar o seu fim.
A terceira parte, “O Encoberto”, anuncia e antecipa a instauração do “Quinto
Império” / Renascimento, depois do declínio.

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4. Análise da obra

A estrutura simbólica da obra

Elementos Simbologia
Mensagem Obra messiânica .
1

Portugal e a estrutura Portugal é considerado um ser:


tripartida da obra ◆ nascimento;
◆ idade adulta e realização da obra;
◆ morte e ressurreição.
PRIMEIRA PARTE: ◆ Formação de Portugal.
Brasão ◆ Nascimento da nação.
◆ Aspetos únicos que caracterizam Portugal.
◆ Brasão é constituído por um conjunto de elementos simbólicos.
◆ Heróis simbólicos: dezassete figuras históricas, fundadoras e míticas que
condensam as qualidades do caráter português.
SEGUNDA PARTE: ◆ Missão de Portugal no mundo: as Descobertas.
Mar Português ◆ A realização da obra.
◆ Doze poemas que recriam a saga dos Descobrimentos.
◆ Heróis da expansão portuguesa.
TERCEIRA PARTE: ◆ Estagnação/morte após o desastre de Alcácer Quibir (1578).
O Encoberto ◆ Ressurreição: anúncio do ressurgimento da grandeza cultural da nação.
◆ Destaque para a figura de D. Sebastião: destino e mito.
◆ Mito Sebastianista (transfiguração de uma figura histórica em mito).
◆ Mito do Quinto Império (criação de um império espiritual indestrutível).
◆ Mito do Desejado (espera pelo Messias capaz de unificar a nação).
◆ Mito das Ilhas Afortunadas (mito do lugar ideal)
◆ Mito do Encoberto (símbolo de Cristo associado à Rosa e ao Quinto
Império).
◆ Poemas (13) que remetem para a natureza espiritual da aventura e a
universalidade da cultura portuguesa.

Por que razão se pode considerar que na obra está presente o nascimento, a
vida e a morte e ressurreição de Portugal?
Cada uma das três partes de Mensagem corresponde, simbolicamente, ao nas-
cimento, à vida, à morte e ressurreição de Portugal.

Partes de Mensagem Simbologia História de Portugal


Primeira parte Nascimento Fundação da nacionalidade

Segunda parte Vida Expansão e descobertas

Terceira parte Morte e Ressurreição Declínio e renascimento


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1
Relativo à vinda de um Messias ou redentor.

MGFPP_02 17

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