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Memorial do Convento de José Saramago

Personagens:

Rei - D. João V (“...ainda não fez vinte e dois anos…”)


Rainha - D. Maria Ana Josefa, “chegou há mais de dois anos,
da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje
ainda não emprenhou.” , austríaca;
D. Nuno Cunha - bispo inquisidor
Frei António José - franciscano
Marquesa de Unhão - camareira-mor da Rainha
Infante D. Francisco - cunhado da Rainha
Estudante
Infante D. Francisco
Baltasar Mateus, o “Sete-Sóis” - militar ferido em Castela,
perdendo a sua mão esquerda; vinte e seis anos, natural de
Mafra.
João Seco e Luís Gonzaga são padres jesuítas que
aguardavam no palácio a chegada o Rei da caça.
João de Lara - mestre de armas dos armazens do reino
João Elvas - antigo soldado

Resumo:

Capítulo I
A narrativa começa com a “visita” do Rei à sua Rainha que era
feita duas vezes por semana.
A Rainha, D.Maria Ana Josefa, veio da Áustria e trouxe
consigo um cobertor feito de penas de ganso.
Na corte murmura-se que a Rainha poderá ter problemas de
fertilidade para não poder ter filhos.
A Rainha suplica a Deus para ter filhos, devido a: “...um rei, e
ainda mais se de Portugal for, não pede o que unicamente está
em seu poder dar…” e “... sendo a mulher, naturalmente, vaso
de receber, há-de ser naturalmente suplicante…”.
Nem face às costumeiras visitas do Rei, a Rainha consegue
engravidar.
Um dos passatempos do Rei, para se entreter, é construir uma
réplica da Basílica de S. Pedro de Roma.
Ao mesmo tempo, o Rei mandou erguer a Basílica de S. Pedro
em Roma, construída com os materiais mais ricos.
O rei parte para Roma para acompanhar a construção da
Basílica de S. Pedro; a Rainha acompanha o Rei nesta viagem
mantendo-se à distância.
Após o término do monumento, o rei fez ecoar vozes para que
a Rainha soubesse que ele estava de regresso.
Chegado ao castelo real, o Rei foi preparado pelos seus
camareiros para ir “visitar” a Rainha.
D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, afirma que o frei António
de S. José assegura que, se o Rei construir um convento em
Mafra, conseguirá ter um filho. Frei António vinha dizer ao Rei
que se quisesse teria filhos, tinha, apenas, que “mandar
levantar um convento franciscano na vila Mafra”. Tendo em
consideração as palavras do franciscano, D. João V gritou alto
que iria mandar construir o convento, mas acrescentou que só
o mandaria construir se a Rainha lhe desse um filho, no prazo
de um ano. (pág.16)
O Rei “visita” a Rainha na sua câmara, sendo acompanhado
pelos camareiros, por seu lado, a Rainha também está
acompanhada. Findo o ato, o Rei regressa ao seu quarto para
se acomodar na sua cama, pois estava muito frio, era
Fevereiro. (pág.17)
D. João V e a Rainha têm sonhos premonitórios. O Rei sonha
que do alto do seu sexo surge uma árvore (árvore de Jésse,
que tinha muitos filhos:referência ao facto de o Rei ter muitos
filhos bastardos), a qual desaparece e, no seu lugar, ergue-se
um convento (O convento de Mafra está associado ao
nascimento do seu primeiro filho: promessa feita aos
franciscanos); por seu lado, a Rainha sonha que o Rei está a
vaguear pelo Terreiro do Paço com um odor a sexo, ao mesmo
tempo que, logo de seguida, vislumbra o seu cunhado, D.
Francisco, que dança em torno dela, empoleirado em andas,
como uma cegonha negra: premonição de que o filho do Rei
morrerá).
Nessa noite, a Rainha sonha com o seu cunhado D. Francisco
dormindo em paz.

Capítulo II
Enumeração dos milagres franciscanos: - morte de frei Miguel
da Anunciação;
Frei Miguel da Anunciação tem o seu corpo embalsamado.
- Curar o cego e fazer falar o mudo
Na cidade de Guimarães assistiu-se ao roubo de igrejas
franciscanas.
Cura do ladrão.
No Convento de S. Francisco de Xabregas, em Lisboa,
entraram ladrões, mas era tanto o barulho que os frades
acordaram e foram ver os estragos causados.
Aproxima-se um estudante, que andava a rodear o convento,
que disse ao prelado que as lâmpadas tinham sido vistas no
mosteiro da Cotovia, nos padres da companhia de Jesus em S.
Roque. (pág.29). Chegados à cotovia, o frade e o estudante
questionaram se as lâmpadas estariam ali, tendo o outro frade
dito que o porteiro lhe havia dito que encontrara umas
lâmpadas.
O autor levanta a dúvida se as lâmpadas teriam sido roubadas
pelo estudante, pois ele queria vestir as vestes franciscanas, o
que aconteceu. (pág.31) Porém, havia uma incerteza, ou seja,
teria S. António feito um milagre para recuperar as lâmpadas?
Acredita-se que a Rainha terá ficado prenhe, devido à força e
vontade dos franciscanos.
Os franciscanos sabiam que a Rainha estava prenha. (pág.33)

Capítulo III
- Fome que pairava sobre o reino.
- Passa o Entrudo e chegamos à Quaresma.
- Descrição da procissão da Quaresma.
- Enquanto os homens são mortificados na procissão, as
mulheres veem-nos da sua janela e sentem-se felizes.
(pág.41)
- A forma de as mulheres reconhecerem o seu amante,
durante a festa, é uma fita que trazem consigo.
- Outras mulheres casadas saem de casa à noite,
acompanhadas pela escrava, dizendo ao marido que vão
fazer penitência às sete igrejas (adultério).
- A Rainha é muito devota e diz que o seu filho é tanto filho
do Rei como de Deus, em troca de um convento.
- D. Maria Ana tinha dado a conhecer a vontade que tinha
em, na Quinta Feira Santa, se deslocar à igreja da Madre
de Deus, onde se encontra um Santo Sudário que as
freiras desdobraram à sua frente. (pág.42)
- No regresso da igreja, D. Maria Ana é interpelada por um
cavaleiro, o infante D. Francisco. (pág.43)
- A primavera aproxima-se e chega a altura de se ouvirem
os canários.
Capítulo IV

- Surge uma nova personagem, Baltasar Mateus, o Sete-


Sóis, que tinha sido expulso da guerra por nela ter
perdido a sua mão esquerda.
- Sete-sóis pede que lhe façam uma mão e vai para Lisboa,
a fim de ser ressarcido pelo que aconteceu.
- Sete-sóis parte de Évora, passa por Montemor e dirige-se
para Mafra (sua terra natal). (pág.47)
- Sete-sóis, pelo caminho, vai pedindo esmolas.
- Sete-sóis é assaltado e mata um dos assaltantes; chega a
(pág.31)Aldegalega onde pernoita.
- Sete-sóis apanha uma embarcação para Lisboa ouvindo
histórias.
- Aportam no cais de Lisboa, onde se deparam com uma
grande confusão por parte dos mercadores. (pág.53)
- No mercado do peixe, Sete-sóis admira as peixeiras.
Passa por um açougue, onde, mais tarde, virá a trabalhar.
(pág.55)
- Sete-sóis passeia pelas ruas de Lisboa, procurando de
comer em irmandades.
- Sete-sóis vai dormir num telheiro, em Lisboa, onde se
encontram outros sem abrigo e contam histórias.

Crítica: à não fertilidade das mulheres (sociedade machista):


“...a culpa ao rei, nem pensar, primeiro porque a esterilidade
não é mal dos homens, das mulheres sim…”; “...abundam no
reino bastardos da real semente…”.
- “isto é uma terra de ladrões” - -“olho vê, mão pilha”(
- Mas esta cidade, mais que todas, é uma boca que
mastiga de sobejo para um lado e de escasso para o
outro, não havendo portanto mediano termos”
- Correu o Entrudo essas ruas, quem pôde empanturrou-se
de galinha e de carneiro, de sonhos e de filhós, deu
umbigadas pelas esquinas quem não perde vaza
autorizada, puseram-se rabos surriados em lombos
fugidios, esguichou-se água à cara com seringas de
clisteres, sovaram-se incautos com réstias de cebolas,
bebeu-se vinho até ao arroto e ao vómito, partiram-se
panelas, tocaram-se gaitas, e se mais gente não se
espojou, por travessas praças e becos, de barriga para o
ar, é porque a cidade é imunda, alcatifada de
excrementos, de lixo, de cães lazarentos e gatos vadios,
e lama mesmo quando não chove. Agora é tempo de
pagar os cometidos excessos, mortificar a alma para que
o corpo finja arrepender-se, ele rebelde, ele insurrecto,
este corpo parco e porco da pocilga que é Lisboa.”
- “Lisboa cheira mal, cheira a podridão, o incenso dá um
sentido à fetidez, o mal é dos corpos, que a alma, essa, é
perfumada.”

Vocabulário:
- “dificultação canónica” - De acordo com os cânones ou
dogmas da igreja.
- “dogmas” - ponto fundamental e indiscutível da igreja
- “impedimento fisiológico” - problema com o pénis
- “mão reverente” - mão respeitosa (hipálage)
- “brandões” - vela grande de cera
- “engonço” - dobradiça
- “cornija” - ornamento que assenta sobre um friso
- “cimária” - parte mais alta da cornija
- “gelosias” - grade de fasquias de madeira que se colocam
no vão de janelas ou portas para proteger da luz e do
calor e através da qual se pode ver sem ser visto
- “séquito” - cortejo, acompanhamento
- “retumbante” - som que se propaga
- “arrábido” - frade do convento da Arrábida
- “jaculatório” - lacrimoso
- “maceração” - jejuns e penitências
- “fustigação” - estímulo
-

História de Portugal:
- D. João quinto está a levantar a basílica de S. Pedro de
Roma.
- Período das febres (tifo)
- 1211, há quinhentos anos (1711)
- 1624 - os franciscanos queriam o Convento de Mafra,
ainda no reinado de Filipe IV
- O Convento foi construído por donativos
- Batalha entre os portugueses e os castelhanos
- Disputa do trono de Espanha: Carlos, austríaco ou Filipe,
Francês

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