Você está na página 1de 2

Memorial do Convento, de José Saramago

Síntese de capítulos da obra: XXI a XXV

Capítulo XXI
1. Um dia, D. João V, ao olhar para a maquete da Basílica de S. Pedro de Roma, manifesta
o desejo de mandar construir uma basílica idêntica em Lisboa, mas o arquiteto de Mafra,
que foi chamado pelo rei, João Frederico Ludovice, aconselhou-o a não construir a basílica,
porque ela demoraria mais de cem anos a ser construída, não estando D. João V vivo
quando a obra terminasse.
2. Então, o rei decidiu aumentar o convento de Mafra de modo a que pudessem aí residir
trezentos frades, em vez dos oitenta previstos naquele momento. Será de referir que o
convento inicialmente se destinava a treze frades, depois quarenta e depois, ainda, oitenta.
3. Foram chamados o tesoureiro, o mestre dos carpinteiros, o mestre dos alvenéus, o
abegão-mor e o engenheiro das minas, e o projeto das obras foi alterado.
4. Entretanto, o rei decidiu que a inauguração do convento seria feita no dia do seu
aniversário. Queria que o seu nome ficasse associado a esse ato simbólico. Ora, como a
sagração de uma basílica tinha de ser feita ao domingo, procedeu-se à contagem dos dias
para se saber quando é que o aniversário do rei cairia num domingo e verificou-se que
seria daí a dois anos e daí a dez anos. Como o rei tinha medo de morrer antes, decidiu que
a inauguração do convento, com a sagração da Basílica, ocorreria no dia 22 de outubro de
1730, ou seja, daí a dois anos.
5. Foi explicado ao rei que dois anos era muito pouco tempo para a conclusão das obras,
dado o atraso existente e a morosidade inerente à realização de certos trabalhos mais
delicados a realizar na Basílica.
6. Então, D. João V mandou que fossem recrutados homens em todo o país para
trabalharem no convento, de modo a que, com uma mão de obra reforçada, os trabalhos
fossem concluídos a tempo da pretendida data para a sagração da Basílica.
7. Descrição da forma como os homens eram violentamente arrancados à sua terra e à sua
família e levados acorrentados para irem trabalhar para Mafra.
8. Simbolismo do nome de MAFRA: Mortos, Assados, Fundidos, Roubados, Arrastados.
9. Ao chegarem a Mafra, os homens eram «escolhidos» «como os tijolos», consoante a sua
capacidade física para trabalhar na obra. Os que eram considerados sem préstimo eram
mandados embora. A desumanidade com que eram tratdos e o que lhes acontecia está
bem expressa nas linhas finais do capítulo: «Não serves, volta para a tua terra, e eles vão,
por caminhos que não conhecem, perdem-se, fazem-se vadios, morrem na estrada, às
vezes roubam, às vezes matam, às vezes chegam.»

Capítulo XXII
1. Organização de casamentos entre membros das famílias reais portuguesa e espanhola:
o da infanta espanhola D. Mariana Vitória, que casa com o príncipe português D. José, filho
de D. João V e futuro rei, e o da infanta portuguesa D. Maria Bárbara (de dezassete anos),
que casa com o príncipe D. Fernando, futuro rei do país vizinho.
2. Descrição do percurso de D. Maria Bárbara e da família real, que a acompanha até
fronteira entre Portugal e Espanha, onde ela se vai casar.

1
3. Durante a viagem, a comitiva real depara-se com alguns problemas, devido ao mau
estado das estradas e à chuva intensa que se faz sentir.
4. No percurso, D. Maria Bárbara vê homens a serem levados para Mafra contra a sua
vontade e apercebe-se de que, afinal, vai para Espanha sem nunca ter visitado o convento
de Mafra que estava a ser construído por causa do seu nascimento.
5. Conversa entre D. Maria Bárbara e a mãe sobre a situação da mulher e a sua posição de
subalternidade em relação ao marido.
6. A sumptuosidade da comitiva real e fidalgos acompanhantes e da cerimónia da troca das
princesas em contraste com a miséria do povo que vem ver o cortejo e pede esmola.

Capítulo XXIII
1. Baltasar decide ir mais uma vez a Monte Junto para consertar a passarola. Baltasar e
Blimunda despedem-se com carinho e Blimunda sente-se estranhamente angustiada,
como que tendo o pressentimento de que não o tornará a ver.
2. Dentro da passarola, Baltasar desequilibra-se e cai no fundo, puxando, sem querer, os
panos que protegem as esferas, o que faz com que o Sol incida nelas e a máquina se erga
nos céus com Baltasar lá dentro.

Capítulo XXIV
1. Como Baltasar não regressa, Blimunda vai à procura dele ao local onde a passarola
tinha ficado, mas, quando lá chega, verifica que a passarola desaparecera e encontra o
alforge de Baltasar caído no chão, com o espigão lá dentro. Compreende, assim, o que se
tinha passado.
2. Entretanto cai a noite e Blimunda refugia-se numas ruínas perto de um convento.
3. Um frade dominicano, que lhe indicara as ruínas como um local seguro para pernoitar,
tenta violar Blimunda que, ao defender-se, mata o frade com o espigão de Baltasar.
3. De regresso a Mafra, Blimunda nada diz à família de Baltasar.
4. Muitas pessoas se deslocam a Mafra para assistir à festa da sagração da Basílica.
5. Sumptuosa festa da sagração da Basílica do o Convento de Mafra, no dia em que D. João
V faz quarenta e um anos.
6. Blimunda, com Inês Antónia e Álvaro Diogo, a tudo assiste, mas como que sonâmbula.
7. Baltasar não aparece.
8. Ao anoitecer, Blimunda diz à irmã e ao cunhado de Baltasar «Já volto» e vai-se embora:
«Começava a escurecer, mas, agora, de nenhuma noite teria medo, se tão negra é a que
leva dentro de si.»

Capítulo XXV
1. Durante nove anos, Blimunda procura Baltasar, percorrendo o país de lés-a-lés e
passando mais do que uma vez pelo mesmo sítio.
2. Na sétima vez que passa por Lisboa, dirige-se quase que inconscientemente para o
Rossio, repetindo um itinerário que fizera há vinte e oito anos. Vai sem comer, como se
uma voz a avisasse de que o tempo era chegado.
3. No Rossio, decorria um auto-de-fé. Nele, Baltasar fora sentenciado à morte na fogueira.
4. Blimunda vê-o e recolhe a sua vontade: «Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-
Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda.»
2

Você também pode gostar