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Memorial do Convento- Capitulo 8

Olá a todos, bom dia. Espero que tenham entendido a última aula dada , relativamente ao capitulo 7 Do
memorial do convento escrito por José Saramago, e hoje darei continuação ao estudo onde abordarei o
capitulo 8. Recapitulando a última aula, o capitulo 7 acaba com o narrador a narrar o baptizado da princesa, a
quem chamaram Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara. Baltazar e blimuda foram ver as luzes do castelo, que
foram postas por culpa do batizado da criança e há o anuncio da morte de Frei António de S. José e a
afirmação de que haverá um convento.

Tendo assim como continuação o capitulo 8. O capitulo inicia-se com Baltazar e Blimunda que dormem
juntos .baltazar questiona-se sobre o segredo de Blimunda e o facto de esta só abrir os olhos após comer o pão
sentindo-se excluído porem curioso. Este então um dia tira o seu paio e então Blimunda conta seu segredo a
baltasar porem este não acredita ; no dia seguinte Blimunda passeia elas ruas com baltazar atrasas de si como
forma de provar a existência do seu dom ; Ela afirma “ A mulher que esta sentada no degrau daquela porta
tem na barriga um filho varão, mas o menino leva duas voltas do cordão enroladas no pescoço” e por fim
diz ;” Se a rainha aqui novamente passasse diria que esta novamente prenha” prevendo assim a gravidez da
rainha. Baltazar continua a não acreditar em blimunda . Então ela diz a Baltazar para fazer um buraco “naquele
lugar” pois iria encontrar uma moeda , confirmando-se dessa forma, o seu poder visionário. Baltazar e
Blimunda observam o infante d francisco “a espingardear contra os marinheiros que estavam empoleirados
nas velas dos barcos”; Após isso há referencias aos portugueses traidores que desde sempre existiram e aos
soldados que passam fome, não possuíam roupa ou qualquer tipo de treino militar e foram considerados
traidores no momento em que decidiram procurar uma vida melhor; faz referencia a um padre que tinha como
habito “andar por casas de mulheres de bem “ “satisfazendo os apetites do estomago e desenfadando os da
carne” e por isso corre pelas ruas nu , fugindo dos policiais; a chegada do cardeal nuno que recebe o chapéu
pela mão do próprio rei; nascimento e batizado D pedro e por fim o rei escolhe o local para a construção do
convento.

Sendo assim este capitulo pode ser dividido em 6 partes principais, ou seja existem 6 eventos principais:
1. Quando Baltazar tira o pão de Blimunda e descobre então o seu segredo
2.Narração do “desporto” do infante D. Francisco e das histórias dos soldados 
Portugueses
3.O padre que foi perseguido por se deitar com mulheres
4.Descrição do evento em que o cardeal D. Nuno da Cunha recebe o seu chapéu das mãos de el-rei.
5.Nascimento de D pedro
6. Escolha do local de construção do convento

Tendo essas 6 partes em conta, apenas duas das três linhas de ação do memorial do convento são abordadas
neste capítulo. E abordado dimensão historia da construção do convento , como Podemos perceber pelo
nascimento do infante D Pedro e da escolha do local de construção do convento. Alem disso e abordada a
dimensão fictícia de Baltazar e Blimunda , com o relato do descobrimento de baltazar sobre o poder de
Blimunda. Não sendo a terceira linha de Acão que seria a construção da passarola.

Agora passando para a análise geral do texto. Relativamente as personagens, tempo, espaço :

Sobre as personagens, não irei aprofundar-me muito pois não acredito que este seja o foco do capitulo.
Porém neste capitulo são abordadas personagens de caráter histórico tais como: D Joao 5; Seu irmão D
Francisco; D Maria Ana; Infante D Pedro; D Nuno da Cunha e personagens de caracter fictício como Baltazar e
Blimunda. E de relembrar que são um casal que vive numa comunhão, mas fora da moral da época, infringindo
as regras da sociedade. Isto é, a sua união é ilegítima pois não fora sacramentada pela igreja.

Alguns pontos que eu gostava de apontar antes de passar para o próximo tópico seriam a simbologia de
baltazar sete sois e Blimunda sete luas. Os dois se complementam, tem a ideia de complementaridade. Alem
disso a lua e mencionada neste capítulo a respeito do poder de Blimunda. Seu poder sô acabara quando o 4 de
lua mudar, onde a lua simboliza as fazes da vida, o sonho e o inconsciente. O mistério de limunda corresponde
a uma busca da essência das pessoas e das coisas. O sobrenatural existente em Blimunda e identificado com
forcas naturais e da terra, com artes ou virtudes cuja origem e desconhecida por quem não as possui por isso
para baltazar os seus poderes eram incompreensíveis
Alem disso temos também o numero 4, que simboliza a plenitude, a universalidade e a totalidade. “so teve
4 bispos a batiza-lo” e a lua tem 4 fases.

Referente ao tempo , Tempo da historia decorre durante vários meses como percebe-se na passagem “Meses
inteiros se passaram...” e no fato de no inicio do capitulo não se saber que a rainha esta gravida e no final dar a
luz, o que implica a passagem vários meses. Já o Tempo do discurso, ou seja a forma em que o narrador narra
a historia , e feita de forma peculiar. O narrador inicia o capitulo contando a historia do tempo real, de
Baltazar e blimunda , incluindo falas dos personagens, e depois continua, contando sobre os acontecimentos
com D Francisco. Depois narra acontecimentos do passado tais como o roubo no rio de janeiro e a perseguição
do padre que se deitava com mulheres. Seguidamente retorna ao tempo da história com o encontro de D Joao
com D Nuno e o nascimento de D Pedro. E por fim o tempo psicológico, ou seja , a forma como as
personagens percebem o tempo o tempo que decorrido não esta presente neste capitulo .

Relativamente ao espaço tem-se o espaço físico , onde se passa a historia . Que nesse caso e o Tejo “a beirinha
do Tejo”; Lisboa “em Lisboa” , incluindo alguns locais específicos tais como o terreiro do paco , a casa de
blimunda “ Chegando a casa” e “nas ruas desta cidade”; e por fim Mafra (Vela) “ El rei foi a Mafra escolher o
sitio onde há de ser levantado o convento. Ficara neste alto a que se chama Vela” . Relativamente ao espaço
social, não existe neste capitulo . E por fim o espaço psicológico revela-se na memoria de Baltazar na guerra“ e
contudo já pensou em tudo isto, e mais ainda que foi lembrar-se dos seus próprios ossos , brancos entre a
carne rasgada, quando o levaram a retaguarda, depois a mão caída , arredada para o lado pelo pé do cirurgião,
Venha outro e aquele que vinha, coitado, bem pior iria fica, se escapasse com vida , sem suas duas pernas” que
revela o trauma que este sente pela guerra porem também , lá no fundo, sente-se também uma saudade.

Relativamente ao narrador, neste capítulo ele e um narrador heterogiegetico, ou seja, não participa da
história. Além disso ele e um narrador omnisciente, que sabe tudo que irá acontecer. Como fica presente em
por exemplo: “ El sei foi a Mafra escolher o sitio onde há de ser levantado o convento. Ficara neste alto que
chamam de Vela, daqui se vê o mar, correm águas abundantes e dulcíssimas para o futuro pomar e horta...” ou
em “ fez e fara o cardeal, como fizeram e farão o rei e a rainha” Além disso, em vários trechos do capítulo o
narrador da a sua opinião , e este e o foco principal do capitulo. O narrador traz acontecimentos passados a
tona para assim poder criticar e apontar a hipocrisia da sociedade da época. Como ele da sua opinião , logo a
posição do mesmo e subjetiva.

Algumas coisas que são criticadas ao longo do capitulo são

1. Os nobres e os ricos, como D Francisco que se entretém a “espingardear” os marinheiros “da janela
do seu palácio, a, só para provar a boa pontaria que tem “ e “ e o contramestre não se atreve a
mandar descer os marujos para não irritar a sua alteza” . Mostrando que os poderosos desprezavam a
vida dos seus inferiores. O divertimento dos nobres vale mais do que a vida do povo
2. Além disso neste capítulo o narrador faz uma crítica ao povo português que é motivo de gozo por
parte dos outros países. Por exemplo quando se diz que “os marinheiros vão para o mar descobrir a
índia descoberta ou o Brasil encontrado” (ou seja, não vão fazer nada de especial). Indignado com o
que estava acontecendo o narrador traz a tona o roubo do rio de janeiro:
3. São também criticados logo em sequencia os portugueses que se encontram no Rio de Janeiro, que
por estarem a dormir, deram pouco trabalho aos franceses, que aportaram e saquearam tudo o que
viram .Estes pareciam estar nas suas próprias terras: venderam na praça tudo o que tinham
roubado .O narrador dá como certo haver traidores entre os portugueses, que facilitaram a entrada
dos franceses mas justifica que nem tudo e o que parece
4. Tal como acontece com os soldados portugueses que são dados como desertores e desonrados
quando desertam ao inimigo porém estes não tem condições básicas com vestimentas, comida ou
qualquer tipo de treino militar pelo que desertam apenas para tentares sobreviver. Criticando aqui
também a inutilidade da guerra.
5. 2.Além disso denuncia o clero hipócrita e a igreja é criticada com o caso de um clérigo que gostava
especialmente da companhia das mulheres e das suas camas, para satisfazer o seu prazer. Neste
capítulo está descrita a sua fuga do clérigo dos oficiais e agarradores. Mais uma vez podemos ver a
descrição crua que o narrador faz, pois, o clérigo teve que fugir da casa onde estava tal como estava,
ou seja, tal como veio ao mundo, sendo motivo de gozo para todos os que o viram passar pela rua e
entrar assim na igreja. Este clérigo é descrito como pugilista (pois bateu nos quadrilheiros pretos) e
como garanhão (por apreciar da presença feminina), isto é, coisas impróprias da sua classe social.
6. Mais uma vez conseguimos ver as diferenças entre as classes sociais. O encontro entre o cardeal D.
Nuno da Cunha e o rei é descrito com muito pormenor, riqueza e excessos. O cardeal vai receber o
“chapéu” ou “barrete” pelas mãos do rei. Através destas expressões (chapéu e barrete) e da descrição
feita podemos ver o desdém que o narrador sente por toda esta riqueza. Ao contrário desta vida das
classes altas, os pobres, como Baltasar, acostumam-se á sua vida. “…mas lá estão os caldos da
portaria… este povo habitou-se a viver com pouco”. Enquanto uns gastam por tudo e por nada, outros
sofrem para ter o mínimo .

Além disso o autor ironiza a situação dos portugueses por acharem que um carregamento de vinhos do porto
eram navios franceses que queriam atacar, e estas eram afinal naus inglesas que queriam apenas fazer
comercio.

Para assim acabar a minha analise , Saramago, o escritor deste livro tem algumas das linguagens e estilo de
muito presentes neste capitulo , tais como a ausência de pontuação , sendo o discurso direto marcado apenas
por virgulas e maiúsculas; o uso do presente do indicativo (“descem ao rossio depois de cear”;; comentários
aparte; e o tom irônico como o que disse a pouco.

Assim termino a analise do capitulo 8, espero que tenham entendido. Alguma pergunta? Se não, a próxima
aula sera sobre o capitulo 9 , onde Baltasar e Blimunda mudam-se para a quinta do Duque de Aveiro, em S.
Sebastião da Pedreira, para trabalhar na construção da máquina de voar do Padre Bartolomeu Lourenço. O
padre vai para holanda e Baltazar e Blimunda acabam indo a mafra. Saberão tudo em detalhes na próxima
aula. Obrigada pela atenção e até breve.

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