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Roteiro para a leitura de Memorial de Convento

VII

1. Enquanto o projecto da passarola matura, sendo necessário trabalho e meios para tal empreendimento, D.
Maria Ana dá à luz.
1.1. Transcreva os elementos frásicos que servem de comparação ao “bojo enorme” da rainha.
Para D. Maria Ana é que lhe vem chegando o tempo. A barriga não aguenta crescer mais por muito que
a pele estique, é um bojo enorme, uma nau da Índia, uma frota do Brasil… (nota: metáforas)
2. Encontre, na página 72, a única coisa a que não podemos fugir.
“Porque, enfim, podemos fugir de tudo, não de nós próprios.”
3. “D. João V vai ter de contentar-se com uma menina.
3.1. Registe o nome da Infanta.
Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara
4. A cerimónia do batizado é de “pompa e circunstância”.
4.1. Explique o que significa a expressão realçada.
A expressão realçada quer dizer que a cerimónia do batizado se pautou pelo luxo, ostentação e
solenidade.
4.2. Registe alguns dados que confirmem tamanha pompa.
“… todo o paço e capela real armados de panos e ouros, e a corte ajoujada de galas, que mal se
distinguem as feições e os vultos debaixo de tanto adereço de franças e bandarras” (…)
“Seis bispos a baptizaram, que eram como sete sóis de ouro e prata (…) “
5. A Infanta nasceu. Falta nascer o convento.
5.1. Retire a expressão que indicia que o convento há-de ser construído.
“(… e D. João V é rei de palavra.). Haveremos convento.”

VIII

1. Explique em que consiste o “desporto” de D. Francisco.


O Infante D. Francisco entretém-se a fazer pontaria numa espécie de tiro alvo aos marinheiros empoleirados
nas vergas dos barcos, à beira Tejo, “ só para provar a boa pontaria que tem, e quando acerta e eles vão cair
no convés” feridos ou até mortos, “dá o infante palmas de irreprimível júbilo”, indiferente às consequências
do seu ato leviano.
2. O narrador refere-se à traição dos soldados, traçando um retrato muito crítico em relação ao “poder”.
2.1. Explique o motivo da traição, aludindo à posição do narrador.
O narrador, neste segmento, é profundamente interventivo no relato deste acontecimento,
comentando e julgando a ação que apresenta. Neste caso, a ociosidade da nobreza é aqui olhada
criticamente, assim como o compadrio do governador com os franceses, que saqueiam tudo o que
encontram.
3. O narrador “põe a nu” comportamentos promíscuos entre devotas e padres.
3.1. Transcreva uma frase que ilustre este “pecado”.
“ Certo clérigo, costumeiro em andar por casas de muilheres e ainda melhor deixar que lhes façam,
satisfazendo os apetites de estômago e desenfadando os da carne”
3.2. Releve exemplos da ironia manifestada pelo narrador.
4. Atente na formalidade do cardeal D. Nuno da Cunha e no aparato da sua comitiva.
4.1. Retire dois ou três exemplos que comprovem o estatuto e o poder da personagem.
“ …acompanha-o o enviado do papa numa liteira toda forrada de veludo carmesim com passamanes de
ouro, dourados também os painéis, e ricamente com as armas cardinalícias de um lado e do outro, traz
um coche de respeito, que não leva ninguém dentro, só o respeito, mais uma estufa para o estribeiro e
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para o secretário doméstico, e também o capelão que leva a cauda quando a cauda tem de ser levada,
e vêm dois coches castelhanos a deitar por for a capelães e pagens, e à frente da lteira doze lacaios,
uma multidão a server o cardeal…”

“ …veremos o cardeal subindo por entre fileiras de guardas, e entando na última casa do dossel sai el-
rei a recebê-lo e ele lhe deu água benta, e na casa seguinte ajoelha el-rei, numa almofada de veludo, e
o cardeal noutra, mais atrás, diante de um altar ricamente armado…”.

5. Baltasar pediu uma tença.


5.1. Explique o motivo de tal pedido.
O motivo para tal pedido justifica-se por Baltasar ter regressado da guerra sem uma mão.
6. Nomeie o local onde será construído o convento.
O local onde será construído o convento designa-se Alto da Vela. “Ficará neste alto a que chamam de Vela.”.
7. Em determinado contexto utiliza-se a expressão “pobreza franciscana”. Relacione esta expressão com o
que os franciscanos terão e o que bastaria a S. Francisco de Assis (p.89).
Esta expressão está associada a um valor defendido por S. Francisco: o voto de pobreza. Em “Memorial do
Convento”, os franciscanos, materialistas, reclamam a construção do convento de Mafra, contrariamente à
pregação do santo pois, segundo o narrador, “a S. Francisco de Assis lhe bastaria um ermo mas esse era
santo e já está morto.”

IX

1. Baltasar e Blimunda mudam de casa.


1.1. Anote o motivo por que o fazem.
Baltasar e Blimunda vão viver para São Sebastião da Pedreira a fim de Baltasar ajudar o padre Bartolomeu
Lourenço na construção da passarola. Bliminda acompanha Baltasar, pois a casa onde vive na Costa do
Castelo fica longe de S. Sebastião da Pedreira. Em S. Sebastião da Pedreira, instalam-se na abegoaria da
quinta do duque de Aveiro.
2. Registe, segundo o narrador, o pecado de Bartolomeu Lourenço.
Segundo o narrador, Bartolomeu Lourenço peca por orgulho e ambição ao querer fazer “levantar um dia aos
ares” a passarola “aonde até hoje apenas subiram Cristo, a Virgem e alguns escolhidos santos…”
3. Procure o significado de abegoaria.
Abegoaria: lugar para guardar animais e material agrícola.
4. Na página 93 alude-se à falta que uma das mãos faz a um homem.
4.1. Refira-se à falta maior evocada pelo narrador.
A falta de uma mão tem repercussões negativas no trabalho, sobretudo quando se trata de um
trabalho manual, no caso a construção da passarola por Baltasar.
“ É excelente o gancho para travar uma lâmina de ferro ou torcer um vime, é infalível o espigão para
abrir olhais no pano da vela, mas as coisas obedecem mal quando lhes falta a pele humana, cuidam que
se sumiram os homens a quem se habituaram, é o desconcerto do mundo.”.p.94
5. “Todos os caminhos vão dar a Roma” é uma expressão que vem de longe. O narrador parodia esta expressão
ao contrapor “por isso é que não vão os caminhos dar todos a Roma, mas ao corpo”.
5.1. Interprete o sentido da “reinvenção” da expressão popular.
Tendo em conta o contexto em que se insere a expressão acima transcrita, o padre Bartolomeu a
treinar os seus sermões perante Baltasar e Blimunda, visa sublinhar a ideia de que a relação entre
Baltasar e Blimunda foge ao estereótipo de um casal da época muito católico e tradicional. Este casal
transgride as normas estabelecidas pela sociedade e ambos vivem um amor pleno, físico e spiritual,
sem regras e sem limites, instintivo e natural.
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6. Indique a quem comparam a verve de padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão.


A eloquência de padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão é comparada à de Padre António Vieira.
“ Esforça-se o padre na oratória, tanto mais que logo ali está quem o ouça, ou por efeito intimidativo da
passarola ou por frieza egoísta dos auditores, ou por faltar o ambiente eclesial, as palavras não voam, não
retumbam, enredam-se umas pelas outras, parece impróprio que tenha o padre Bartolomeu Lourenço tão
grande fama de orador sacro, ao ponto de o terem comparado ao padre António Vieira, que Deus haja e o santo
Ofício houve.”
7. Na página 95 diz-se que “El-Rei é tão moço que ainda gosta de brinquedos”.
7.1. Explique esta afirmação do narrador.
Esta afirmação do narrador pretende ridicularizar e satirizar o rei, apresentando-o como imaturo e
pouco credível.
8. Registe o elemento que fará voar a passarola, segundo Bartolomeu de Gusmão.
Segundo o padre Bartolomeu de Gusmão é o éter celeste que fará voar a passarola.
“ …É onde se suspendem as estrelas….Pelas artes da alquimia”p.96
9. Comente a explicação do narrador sobre a reclusão conventual das mulheres.
Mais do que satirizar a vida dissoluta das ordens religiosas e o comportamento pouco casto das freiras, o
narrador pretende criticar a visão machista e repressiva da sociedade da época em relação às mulheres.
“ Metem, quantas vezes forçadamente, estas mulheres em reclusão conventual, aí ficas, por esta forma
aliviando partições de heranças, favorecendo o morgadio e outros irmãos varões…”. 98
10. Identifique os condenados do auto-de-fé.
Neste auto-de-fé, foram condenados uma “ freira professa, que era afinal judia, … e também esta preta de
Angola… que veio do Rio de Janeiro com culpas de judaísmo… e este mulataz da Caparica que se chama
Manuel Mateus … e tem por alcunha Saramago…”.
11. Registe o acontecimento social a que se faz referência.
Faz-se referência a uma tourada realizada no Terreiro do Paço em Lisboa.
12. Explique porque é que “o cheiro a carne queimada não ofende estes narizes”.
Segundo o narrador, isto deve-se ao facto de as pessoas estarem habituadas a assistirem a inúmeros autos-
de-fé e. Mais do que assistirem, as pessoas viviam todos estes acontecimentos sociais com uma exaltação
semelhante ao prazer físico ou até mesmo sexual ( semelhante à procissão da penitência).
13. Indique o local para onde partem Baltasar e Blimunda.
Baltasar e Blimunda vão para Mafra, local onde vivem os pais de Baltasar .
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