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Relatos de uma história de vida

Sumário

1. Apresentação 03
2. Exu e Esú – Uma breve Elucidação 04
3. Relatos Mediúnicos 06
4. O Relógio Atrasado 10
5. A Renuncia 15
6. De Volta a Fé Cristã 18
7. “Seja Feita a Sua Vontade...” 25
8. Dona Padilha me livra da morte – Novos relatos 29
9. Revelações de Exu 35
10. “Tua sabedoria e teus estudos...” 42
11. Livrai-me de Todo o Mal 45
12. Dona Padilha – A Enfermeira 48
13. Conhecimento X Experiência 52
14. D.Padilha, A Feiticeira, Oxum e Mãe Jurema 58
15. O Cruzeiro 64
16. A devoção Gera a Intimidade 70
17. Porque Exu? 74
18. Sobre o Autor 78

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Apresentação
 
Em meio aos acontecimentos da vida, ficamos sempre a indagar por
muitas coisas: De onde viemos, para onde vamos...quem é Deus, quem são os
anjos, quem é quem, e sempre buscamos a ajuda de alguém conceituado no
assunto, e obtemos informações, que não devem ser levadas como verdade
absoluta, e nisso nos prendemos e seguimos o caminho sempre com “uma pulga
atrás da orelha”. Porém existe um trecho bíblico que por muito foi e é minha
base de vida, o texto diz assim: ”Então conheçamos, e prossigamos
em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá
como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Oseias 6:3). Poderia eu
aqui dar uma aula de teologia sobre essa passagem, já que em minha caminhada
de vida estudei teologia cristã e fui um missionário cristão. Porém essa frase faz
um choque com outra frase, supostamente dita pelo apostolo Paulo de Tarso,
muito mal interpretada pelos cristãos evangélicos: “A letra mata, mais o espirito
vivifica” (2Corintios 3:6). Embora, no meu ponto de vista, essas palavras não se
contradigam, há quem afirme e utilize essa mesma frase do apostolo Paulo para
afirmar que estudar demais termina nos tirando da presença de Deus, por
motivos como vaidades e orgulho, no meu modo de entender sem um estudo
aprofundado dos fatos você não descobrirá as verdades da vida, já que Deus é o
sopro de vida que habita em nós. Por esse motivo e me lançando em Oséias 6:3
que começo esse meu diálogo literário a respeito do tema deste livro, “Dona
Padilha, a senhora do muitos nomes”.
Esse Livro não tem o intuito de dá a um Exu muitos títulos, mais as tantas
faces que ela se apresentou a mim no decorrer da minha vida para demostrar o
caminho certo. Em sonhos sua figura era de mãe, professora, santa... Com o
intuito de não me espantar ela se camuflava mediante a crença religiosa que eu
tinha, até que ela pode se revelar como de fato ela é e quem de fato ela foi –
minha Bisavó.

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Exu e Esú uma breve elucidação

Começamos nossa jornada pelo conhecimento desvendando um pouco


das diferenças que hoje existe no culto a Exu (catiço) e Esú Africano, uma coisa
que me confundiu muito. Entendamos que Maria Padilha entre outros não se
tratam de um Exu propriamente dito, eles fazem parte dessa egrégora espiritual
do Exu Orixá, ou melhor dizendo, do Exu Africano, aquele negão que aparece
sempre de corpo desnudado, carregando vários símbolos de sua força, como o
falo, a cabaça entre outros. Este por sua vez não vive nos cemitérios ou nas
encruzilhadas, como diz o conto Ioruba, “Esú é tudo em todo lugar, até uma
minúscula pedra no meio do caminho, ou a poeira que o vento traz, ou um
pássaro que canta e nos encanta...Esú é tudo.” Nos contos das tradições
africanas Esú se manifesta em todos os lugares, de diversas formas buscando
mostrar que sem ele, ninguém pode prosperar. Ele é a esfera de ligação dos
eixos da vida, ele é a engrenagem primordial da criação, na qual sem ele nada
se move, não há movimento. No livro da Génesis Yorubá contam-se nos itãs as
diversas proezas de Esú na busca de mostrar o bom caminho a humanidade,
revelando que sem a ajuda dele nada se tem ou se cria, porque ele é a energia
vital de tudo.
Em um estudo que fiz em 2017 com um Rabino judeu, ouvir dele uma
explicação sobre o porque a terra era escura e sem vida. Em sua aula ele
explicou que a frase em hebraico contida nesse texto era algo que se
assemelhava a palavra ‘esfera’, a terra era uma esfera negra, mais que em
algum momento Deus quis colocar sua mão e fazer uma parceria entre a
escuridão (esfera) e a luz, e assim, em momento algum da criação Deus falou
que essa escuridão era o mal ou algo ruim, mais Deus se juntou a essa força já
existente para criar o que hoje existe. Por isso que na tradição africana não se
faz nada, oferenda alguma as deidades (Orixás) sem que antes se oferende a
Esú, pois ele é o primordial. Antes dos Orixás descerem a essa terra, Esú já
estava aqui, e isso é fato. O que aconteceu foi que um determinado sacerdote
católico em 1843 fez a primeira tradução da bíblia cristã em iorubá, seu nome é
Samuel Ajayi Crowther, nigeriano, ex-escravo, bispo da Igreja Anglicana e
ferrenho defensor do combate às trevas. No meu ponto de vista como
Sacerdote Comum e missionário que fui por 18 anos da Igreja católica, a
loucura que invade a mente das pessoas que se convertem é sempre a paranoia
de achar que a salvação provém daquela fé e não de outra, Deus está escravo
dos cristãos e termina comungando das suas ideias teológicas como um ser
sem vontade própria, um pobre coitado indefeso, e foi por essa ideia que esse
padre achou de traduzir a palavra diabo para Esú, assim demonializando um ser
“divino”.

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Hoje o que vemos é que o cristianismo utilizou desse mesmo mecanismo
com essa nova energia de Esú, que nós chamamos de Exu catiço, ou Exu da
Umbanda e da quimbanda. Há alguns literários da umbanda que afirmam que
os Exus Catiços são comandados pela força de Esú e dos Orixás que são
divindades do culto africano, outros da quimbanda dizem que não, que ele são
nossos ancestrais mais próximos que trabalham nas ruas e encruzilhadas, ou
em outros pontos de força da sua falange. Quem está com a verdade? Não sei!,
talvez todos estejam certos, mais cabe a você perguntar a seu Exu, ou guardião,
como queira chamar, de onde ele veio e qual o real proposito dele na sua vida,
porque é claro que a confusão religiosa dos fatos sempre vai existir. Eu por
exemplo aprendi no candomblé que Exu era como se fosse um cachorro dos
orixás, eles viviam em quartos sujos, fétido e só era chamado na hora de um
socorro contra feitiços lançado contra aquele terreiro. Onde eu frequentei
aprendi que exu era o diabo e que se ele não lhe atendesse você tinha que
tocar fogo nas imagens, nas ferramentas, como uma forma de castiga-
los...porém nunca me comportei desse jeito, já briguei e muito até que
renunciei e foi quando busquei ser padre da igreja católica, uma forma de fuga
desesperada, já que em meus sonhos exu se manifestava como um grande
amigo, um grande conselheiro. Hoje tenho Esú assentado em minha casa, a
energia primeira desse culto tão cheio de alegria, energia, vibração e saber,
bem como tenho a presença da minha guardiã Dona Maria Padilha do Cruzeiro
das Almas, Exu catiço da falange das Pomba Gira pertencentes ao cruzeiro, não
importa se é o cruzeiro da porta da igreja, da beira da estrada ou do cemitério,
cada local representa uma energia significativa para o mundo dos espíritos e
que cada pessoa irá contar do seu jeito com a sua forma de entender a coisas.

Imagem de um Esú Africano 5


RELATOS
MEDIÚNICOS

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Eu nasci em um berço católico muito tradicional, minha mãe era
professora formada e catequista da igreja católica e eu seguir seus passos
muito feliz e satisfeito, até então. Tive uma infância muito conturbada, e
porque não dizer, perturbada no bom sentido, se assim posso dizer. Com
muitas visões, aparições espirituais e ataques de todas as esferas, porém
respostas não obtive de canto algum das religiões que passei. Aqui não acho
que devo me reter em uma autobiografia, pois a estrela da vez é ela, de
quem esse livro fala, mais vou me permitir fazer uma breve explanação dos
fatos que me levou a ela.
Dona Padilha, como assim conheci no candomblé, foi sempre uma
figura de terror e pavor, ao menos para muitos cristãos que frequentavam o
candomblé, mais para mim ela e exu era um mistério que eu queria acessar
mais ainda não podia. Aos meus 12 anos comecei a frequentar um terreiro
de candomblé na minha cidade, porém os quartos de exu eram lugares
inacessível aos visitantes, o lugar que mais me chamava, contudo não entrar
por respeito a regra a mim imposta, mais da porta entre aberta sempre
estava aquela imagem em vermelho batom, com as mãos na cintura, e seios
de fora e sorriso largo e sarcástico como quem me olhava, me chamava e me
acolhia de alguma forma. Por um tempo foi assim, até que ela se manifestou
a mim em sonho e foi algo imenso. Ela me aparece com suas camaradas
seminua, outras de vestido longos e cheios de babados (as ciganas) e todas
se deleitavam em mim, era tanto amor, tanto prazer que não me cotia,
mesmo envolto em surpresa e medo. E foi daí que comecei a rezar as orações
católicas do exorcismo de São Miguel para afugentar essa presença, mais vi
que ela era muito mais forte que qualquer oração ou invocação cristã. Não
fiquei no primeiro terreiro pois, por inspiração dela, descobrir que estava
sendo brutalmente enganado, afinal de contas eu era filho de pais ricos e de
família nobre, e quem é que não quer alguém desse naipe social? Porém eu
era uma espécie de “ovelha negra da família” não por ser rebelde, mais por
ser indagativo e buscar sempre a verdade.
Nesse livro trago relatos da minha vida e a busca pelo conhecimento
da verdade sobre minha mediunidade, como já falei, minha vida era muito
conturbada com aparições e locuções e eu não sabia administrar. Ainda
muito menino tive a companhia de pessoas do centro espírita kardecista e
participei de várias sessões que eram feitas na casa de meus pais. Sempre
ouvia a mesma coisa, “você será um grande líder espiritual... você tem uma
mediunidade muito forte...” mais nada disso me envaidecia e nem me
preenchia.
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Passei um tempo cultuando gnomos e fadas, passei pelo espiritismo
kardecista onde na última sessão no lar foi convidado uma rezadeira, pois o
espirito de um jovem amigo de meu irmão, que havia falecido de acidente,
vivia no meu quarto me pedindo ajuda e eu não sabia o que fazer, e olhe que
eu nem tinha tanta amizade com ele. Foi essa senhora que teve a visão de um
grande galo caboclo de penas coloridas e rabo de pavão que refletia as cores
do arco íris, e no entendimento dela eu não pertencia a linhagem kardecista
mais a linha de caboclos e orixás. Pense bem, uma criança de 10 anos
querendo ser criança, brincar, se divertir, agora estava vendo sua vida sem a
resolução que eu queria, mais chegando a um nível de responsabilidade sem
precedentes para minha idade.
Bem, se você acha que só foi isso que aconteceu, lhe digo
sinceramente que não. Não sou se guardar datas e anos, então perceba que
hoje tenho meus 43 anos e no dia da morte de Airton Senna eu estava a me
divertindo encima de um trio elétrico, quando tudo aconteceu. Eu olhei para
um canto da praça e uma tela negra esfumaçada apareceu e eu vi
nitidamente um carro de formula 1 derrapando na pista, batendo em uma
parede de pneus e o pescoço do piloto quebrando com o impacto da batida,
ele saia do carro e olhava tudo, não ele, mais seu espirito. Tudo parou a
minha volta, o som da festa, o grito das pessoas... e na vida real uma briga
ocorreu no meio do povo, tiros foram disparados e só voltei ao real da vida
quando a cantora me jogou no chão para me desviar de outro tiro que estava
em minha direção...tudo foi assustador, cair no choro pois, como qualquer
jovem não queria aquilo para mim, mais me vinha, eu não podia controlar.
Minutos depois, a polícia chegou e a festa parou, quando a banda ia começar
a tocar mais uma parada foi ordenada, e a notícia que Airton Senna tinha
sofrido um acidente e veio a óbito. Minha vida era como aquela noite, horas
alegre, horas triste, e quem poderia me ajudar? Não sabia. Recorri a igreja e
os padres a quem achei que eram pessoas espirituais e sabias, não
esconderam sua estupidez e o quanto são ignorantes acerca do mundo
espiritual, tudo são só suposições quando não invenções... mais busquei daí
ser padre para descobrir em Deus, a verdade. O que Deus quer de mim?
Espiritas da capital foram movidos a vim na minha cidade me conhecer e eu
já não sabia mais quem eu era tempos depois foi a morte do Mamonas
Assassinas e antes do noticiário chegar as rádios, em um sonho recebo a
visita dessas pessoas, as quais eu nunca as vi, a não ser pela televisão, e eles
estavam lá em meu quarto, a quilômetros de distância de minha cidade, me
perguntando como eles acordavam daquele pesadelo, pois eles estavam
viajando e viram eles mortos.

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o Dinho estava em prantos sem entender nada e eu levantei da cama e só fiz
rezar um pai nosso e dizer a eles para voltar para o local de onde eles vieram
que os anjos iriam mostrar a eles o caminho. Acordo sentado na cama,
ofegando e amedrontado e no fundo o som da radio sociedade da Bahia
anunciando a triste morte daqueles jovens felizes. Não disse nada a ninguém
a não ser a uma colega de escola, e no final da semana uma senhora espirita
de Salvador vem a minha casa a mando de seu mentor para me ajudar antes
que eu entrasse em colapso.
Por essas coisas que fui estudar para ser padre, descobrir o mosteiro
beneditino e resolvi morar lá, isso depois de ter entrado no candomblé e
passados 7 anos. A minha vida foi uma busca incansável, porém o corpo
cansa de tanto que a mente estuda e busca. Tive experiências desagradáveis
em todos os lugares que passei, isso porque eu sempre via demais, ouvia
demais e achei que eu era uma ameaça aonde eu chegasse. Tentei por fim de
tudo em busca de viver uma vida “normal” e foi nesse “normal” que as coisas
foram clareando, os traumas destruídos e foi quando aceitei tudo com amor
e devoção, fui compreendendo que a forma que eu vejo foi a forma que me
foi dada, ninguém tem o direito de dizer que está certa ou errada. Provas tive
e tenho até hoje. Eu busquei por conta própria psiquiatras, psicólogos e até
me deparei com um parapsicólogo e dele escutei a frase que me destruiu e
me construiu “você está se auto sabotando por causa das pessoas e pelo
medo de não ser aceito pela sociedade” então que se foda a sociedade, o
que eu tenho é um presente de Deus, não sou melhor que ninguém, só tenho
uma responsabilidade que creio que ninguém gostaria de ter, assim como eu
não queria, mais hoje aceito, e busco aceitar com paz, o que não é fácil.
Resolvi escrever esse livro para ajudar você, leitor(a) a compreender
um pouco os sinais da sua espiritualidade, da sua mediunidade, dar umas
ideias de desenvolvimento e por fim, contando minhas experiência com Dona
Padilha e outras entidades, mostrar que aquilo que chamam de mal por
ignorância religiosa, se bem observado e cultuado, é o seu maior bem e seu
maior meio de interação com o criador. A minha escola de vida foi muito
sofrida, mais meus mestres sempre foram rígidos mais fieis em me ensinar o
bom caminho.

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O Relógio
Atrasado
O tempo é de Deus

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Casos do Candomblé
  Minha caminhada posterior ao kardecismo, recomeça no candomblé,
onde as instruções espirituais me levavam a buscar pelo discernimento.
Comecei frequentando uma casa pois a mulher tinha visto algo grande em
mim e ou eu fazia um trabalho ou morria. Amedrontada minha mãe me
conduziu a essa casa e comecei a frequentar as sessões.
Certa feita, voltando do colégio em que estudava, ao passar na
encruzilhada da rua onde morava, tive uma leve tontura e uma voz sutil me
veio ao ouvido e me contou, que ao chegar em casa minha mãe me traria o
recado da minha então mãe de santo para que lá eu fosse com urgência, e
assim o fiz, e chegando lá fui a mesa da consulta, foi aberto a vidência para
saber quem era o meu guia espiritual, e dali saiu o nome de José de Alencar.
Ele era um autor de um livro que minha irmã estava lendo na escola, e isso
me foi informado por aquela voz sutil: “Ela (a mãe de santo) ira dizer a você
que seu guia é José de Alencar porém ao chegar em casa entre no quarto de
sua irmã e verás o livro cujo autor é esse, mais seu guia não”. E assim foi,
nada do que me foi dito me foi mentido ou inventado pela minha fértil
mente de adolescente. Busquei no vazio da noite no meu quarto aquela voz
afim de que me trouxesse uma e fiquei naquele terreiro até que a resposta
veio. No último samba, houve uma sena inusitada, a mãe de santo,
aparentemente incorporada com um êre e sem as partes intimas, deitou no
chão e abrindo as penas, trouxe a tona a farsa a qual eu só iria saber porque
entrei no quarto do santo para pegar uns doces. Eu lá estava, movido pela
voz sutil dentro do quarto do santo, somente com a permissão dela,
totalmente invisível ouvindo as brocas do marido da mãe de santo e o relato
claro da farsa, porém ninguém me viu, mesmo eu olhando diretamente para
os dois. Então decidir me afastar.
Após uns dias de discursão em família, fui para a escola muito triste
querendo achar um sentido para minhas buscas, e mais uma vez a voz sutil
me falou de uma mulher que estaria sentada na praça em frente à escola e
que com ela eu caminharia por um bom tempo, e assim foi. O relógio da
minha casa, mais, o relógio do meu pulso foi atrasado em cerca de 30
minutos e eu entediado fui para escola achando que era 12:30, mais já era
13horas. Não conseguia muito observar a movimentação da rua, só achei

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estranho que eu não via os alunos indo para a escola, mais eu fui e lá estava a
mulher sentada, debaixo do sol me perguntando para onde ia o estudante
atrasado e eu, muito educadamente mostrei a ela meu relógio e ela me
mostrou o dela, e de fato, não havia mais ninguém na porta da escola.
E agora? Se eu voltar para casa vou ser interrogado e castigado, mais
naquele momento essa mulher me acolheu na sua casa e me assegurou que
“alguém” ia me ajudar para que minha mãe não soubesse. Naquele dia na
escola eu teria aula de duas professoras que eram minhas vizinhas e de uma
tia que era professora, eu estava literalmente de saia justa, mas por fim
ninguém sentiu minha falta. Nesta tarde de conversa o caboclo dessa mulher
veio para conversar comigo e me trouxe uma pequena luz e foi essa mulher
que se tornou minha nova mãe de santo. Ia para suas sessões escondido de
minha mãe e claro, da sociedade que me cobrava uma postura cristã feudal.
Aos poucos foi difícil esconder, mais lá eu pude está mais perto dessa Dona
Padilha e me sentia muito bem guardado e protegido.
Anos se passaram e ouve o conflito entre minha antiga mãe de santo e
eu, a qual foi ao encontro de minha mãe e avisou que iria colocar meu nome
nos pés de Arranca Toco afim dele me tirar a vida, mais terminou sendo o
inverso. Seu Arranca Toco se tornou meu grande amigo e me jurou proteger e
que o mal que ela fizesse a mim, para ela seria. Minha mãe ficou uma fera e
me castigou severamente, porém eu já não aguentava a vida de sofrimento
que eu vivia em família, pois sofria de discriminação de muitos e diversas
maneiras. Muitas foram as vezes que busquei o suicídio para me ver livre de
tanta tortura espiritual moral e emocional, meu alento e livramento era essa
voz sutil que me acompanhava desde criança e que só a mim se manifestava.
Então ao 15 anos, quando tudo estava insuportável resolvi fugir de
casa, e o fiz em uma sexta feira. Com apenas 5 reais conseguir sair de minha
cidade e ir para a capital e lá pensei em morar embaixo da ponte, pois para
mim era mais suportável ser pobre do que viver a vida me sentindo
desprezado e humilhado em família. Porém, e sempre há um, porém na
minha vida, ao descer do ônibus, na saída da rodoviária estava um homem
alto, negro, de olhar escuro e fumegante, jeito muito sério a me olhar e me
chamou e em um diálogo repleto do sentimento de medo me mandou segui-
lo sem retrucar me conduzindo a casa de minha mãe de santo. Nem
imaginava quem ele era, mais o incrível foi que, sem saber onde era sua casa,
a não ser o nome do bairro em que ela morava, ele me colocou no primeiro
ônibus, ressurgiu no terminal de trasbordo e me colocou em outro ônibus, e
ressurgiu no ponto onde eu iria descer, parou o transito e me apontou a casa
e ao chegar lá o esposo dela já me aguardava, porém, o homem já não estava
mais comigo. E quem era ele? Senhor Tranca Rua.

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Foi um alvoroço na casa dela pois eu era de menor e naquele tempo
uma pessoa como eu só poderia embarcar no ônibus com a apresentação de
um documento expedido pelo conselho tutelar assinado por um dos pais, e
eu não tive isso, mais embarquei e lá cheguei, e lá fiquei por três anos. Você
pode está se perguntando o que aconteceu quando minha mãe descobriu?
No mesmo dia minha a mãe de santo ligou para minha mãe e, acalmado os
nervos, fiquei ali no terreiro para fazer as obrigações prescritas. Graças a exu,
os ânimos foram acalmados e pude viver minha vida no axé. Claro que essa
história é grande mais prefiro relatar somente isso e o meu desejo de ver a
imagem daquela mulher e poder ouvir e vê-la. O fato é que a tradição dela
era de angola e seu pai de santo ensinou que esse tipo de exu não passava de
um escravo de orixá, ou um “cão” de guarda do terreiro, pois foi assim que
fui ensinado naquela época, porém ela, Dona Padilha, sutilmente, como
sempre, foi se manifestando e se apresentando a mim.
Certa feita, saímos para passear eu, o filho da minha mãe de santo e
outros amigos, este se apaixonou pela minha colega, fomos ao pelourinho e
em seguida fomos comer a tão famosa carne de sol com macaxeira na orla da
Ribeira. Enquanto lá estávamos tomando uma cerveja e aguardando a carne,
ao olhar para o lado nos deparamos com duas belíssimas mulheres, uma de
pele mais clara e a outra morena de pele mais escura, como se bronzeada do
sol. Uma de peitos fartos com um chorte curto de pernas cruzadas segurando
um copo de cerveja, e a outra com um top e uma saia, a qual não me chamou
atenção sua roupa por estar de lado, mais os fartos seios delas e a forma
como nos olhavam. Mostrei a meu amigo e ficamos animados e elas sorria
para nós e nos brindava com o copo no ar. Envoltos ao fogo da adolescência,
começamos a comentar se elas queriam namorar conosco, e meu “irmão”
percebendo o movimento, mais sem poder nos dá atenção, aflito com um
olhar nos perguntava o que era, e com o olhar mostramos a mulher, ele
disfarçou e viu e reconheceu quem era, pois na noite anterior elas
apareceram em sonho a ele.
Na mesma hora, aproveitando a saída das meninas para o banheiro ele
me chamou no canto para pagar a conta e irmos embora pois, aquelas
mulheres era Dona Padilha e Dona Flor do Brega e quando olhamos de volta
lá estava, mesa vazia, sem copos, nem cervejas, nem mulheres e o medo e o
tremor nas pernas era o que sentíamos. Rápido chegamos em casa e no início
da manhã ela chegou e pegou minha mãe de santo. Para mim um momento
mágico, não só porque ansiava por ver aquela Padilha da imagem
incorporada em minha mãe de santo, mais por ouvi-la e de quebra ainda deu
passagem a Flor do Brega.

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Delas ouvir conselhos, advertência e a promessa de proteção e auxilio
e se havia um lugar onde gostava de visitar era o “quarto de exu”, aquele
aroma de cigarro, cachaça e champanhe me abraçava e me acolhia. Porém
em 3 anos essa foi a única vez que ela veio e a partir daí sua presença sutil
era mais frequente em sonhos sempre repleto de sacanagem, risadas e
revelações.
Após três anos morando no terreiro e sem poder fazer minhas
obrigações devido à falta de dinheiro, terminei indo morar com minha irmã
mais velha a pedido dela, e reversava entre lá e aqui, mais minha conexão
com exu, boiadeiros e orixás sempre alimentado, até porque sempre
acreditei que eu não devia buscar essas deidades/divindades por mero
desejo de usufruir dos seus benefícios, se assim posso dizer, ia ao encontro
de uma família espiritual para me instruir aqui na terra. Claro que me
esbarrei com muitas confusões a cada vez que, acompanhado de minha mãe
de santo, visitava algum terreiro. Via que essa qualidade de exu, hoje
chamado de catiço, era muito mal visto e malcuidado por ela, eles só eram
usados em hora de aflição financeira, porém em sua maioria seus copos,
taças e quarto estava sempre muito sujo, feio e com bebidas repletas de
barata morta, e a nata ou a crosta preta dentro do copo. Isso me incomodava
muito, mais vim a entender muitos anos depois, ou melhor, agora que
retornei a esse culto.

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A
RENUNCIA

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Ao final do ano de 1998 entrei em um concurso musical em Salvador
pois era de costume que bandas famosas do carnaval baiano colocasse na
mídia uma nova banda para concorrer como banda e cantor revelação do
carnaval. Eu já era um artista enclausurado em um terreiro e fui motivado a
buscar o meu sonho de ser cantor, já que minhas obrigações estavam
estagnadas há 3 anos por falta de dinheiro, e fui ao encontro de uma
oportunidade de realizar 2 desejos: o de ser artista e “pai de santo”, cargo
que eu trago desde que sair do Orum. Então, entrei em uma produtora
musical e começaram os testes. De 50 pessoas fiquei entre os 3 melhores, e
destes fiquei em 1º lugar. Super feliz comecei a maratona de gravar CD para
apresentação a uma gravadora muito famosa e por ela fui aprovado, agora
era só me preparar para os longos 6 meses de trabalhos de divulgação e
show afim de conquistar a vaga em um trio elétrico para sair na avenida.
Já no dia de assinar o contrato, ouvir do meu diretor musical que eu teria que
crescer fisicamente, já que eu era muito magro, afinal de contas as fãs
gostam de homens musculosos para poder chamar de lindo e etc. Decidir
encarar a maratona de academias, nutricionistas e claro, anabolizantes para
ter a tão “necessária” massa muscular, só que, ao sair dali, sem ter assinado
nada, pois faltava um documento, penso que proposital, me deparo mais
uma vez com um homem negro, alto, dessa vez sem camisa e de chorte
preto. Achei comum já que estava em frente à praia do porto da barra o traje
do cidadão, e este começou a me seguir e a me dar ordens de não olhar para
trás mais seguir o comando dele, pois ele iria me levar ao local que eu
deveria ficar por um tempo para aprender algo da vida, e mesmo sem saber
andar pela barra, fui entrando pela rua Princesa Isabel até que parei em uma
casa pequena, com jardim em volta e achei que seria um novo terreiro, só
que mais organizado e que meu pai Ogum queria me levar para conhecer,
mas ao entrar vi que era uma capela católica da sagrada família. Não sei
explicar o motivo, mais chorei e dali conversei com uma mulher que se
tornou minha grande amiga, e depois de outras visões em sonho recebi a
ordem de, com amor e compreensão, sair do terreiro onde eu estava. Então
pensei que, pelo fato de eu ter entrado ali deveria eu me tornar sacerdote e
não mais pai de santo, e começou a minha saga sacerdotal.
Retornei à casa dos meus pais no interior e lá já tinha um livro que me
fora enviado pelo correio e nesse livro continha supostas mensagens dadas
por Jesus e Maria a um homem que se dizia confidente de Deus Pai. Em uma
dessas mensagens, supostamente, Jesus falava de Iemanjá e tais coisas não
vou transcrever por ser blasfemas e diabólicas, mais para mim foi um choque.

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Agora pense bem, quem estava dizendo era Jesus, eu já conhecia a
história dos santos cristãos e tal aparição se assemelhava com as aparições
que os santos tinham, não podia eu duvidar. E foi daí que comecei minha saga
de estudos teológicos, uma busca pela verdade. Então através do contato
deste livro as pessoas foram aparecendo e conheci um homem que se tornou
meu instrutor teológico sobre as aparições marianas, ele era mestre no
assunto e me apresentou mais de 200 aparições espalhadas no mundo
inteiro, me apresentou ao padre que foi meu diretor espiritual e este me
conduziu a uma monja beneditina de clausura para ser minha mestra de
formação a mando do bispo local e assim podia eu ter a opção de ser
sacerdote por aclamação ou entrar no seminário ser padre diocesano. Na
verdade, a Igreja Católica hoje para mim é a farsa religiosa mais bem
elaborada e estruturada do planeta e, diga-se de passagem, que quem a
inventou e a trouxe a plenitude foi o Romano Constantino, homem astuto,
maligno e ambicioso, que terminou virando santo, mais quem sabe isso seja
pauta para outro momento.
A partir dessa nova experiência de fé, exu não desapareceu dos meus
caminhos, mais se transmutou nos personagens dessa nova fé, na figura dos
santos e é por isso que este livro possui esse nome, para que o leitor
compreenda o porquê Dona Padilha, para mim é a senhora de muitos nomes
ou as tantas faces de nomes conhecidos da nova fé.

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DE VOLTA A
FÉ CRISTÃ

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Após a saída da casa de candomblé por volta de 1997 entrei, como de
costume, profundamente na busca pelo conhecimento da fé cristã e me
deparei com muitas coisas antes não vistas e nem ouvidas. Ao chegar na casa
de minha mãe após 3 anos longe dela, encontrei um livro que falava sobre as
supostas “aparições de Deus pai” a um senhor que, milagrosamente,
encontrou o nome DEUS desenhado em galhos de uma arvore em uma
cidade no sul do Brasil. Lendo essas páginas me deparei com um tema muito
forte e que não ouso me aprofundar aqui, mais era uma suposta mensagem
de Jesus contra o candomblé e mais direcionado a Iemanjá, acusando de que
todas as filhas desse orixá enveredavam por caminhos de pecados
tenebrosos e que este orixá levava multidões aos porões infernais. Como
minha educação no candomblé foi, como de muitos, pautadas em contos
alegóricos cheios de fantasias, em parte, por falta de conhecimento ou
porque foi passado dessa forma para minha mãe de santo, eu
imediatamente, desejoso de ser um homem, justo e integro diante de Deus,
vi nessas linhas um caminho para me libertar daquilo que, aparentemente e
segundo esse “confidente”, o motivo da minha condenação ao inferno – o
culto aos orixás, e literalmente renunciei essa pratica e cair de cabeça na
busca por ser um padre católico exemplar e exorcista.
Encontrei, a partir dessa leitura o meu primeiro diretor espiritual, que
era um homem conhecedor profundo da teologia católica, dos dogmas e
costumes, e que fazia parte de um grupo internacional de estudos das
“aparições de nossa senhora” pelo mundo, naquele ano chegavam a mais de
200 aparições e todas recheadas da mesma frase: “Jesus está voltando”,
“Deus está sofrendo”...e por aí vai. Repleto de compaixão e desejoso de
desagravar os pecados da humanidade, quis eu que Deus ao olhar para mim
pudesse ver um filho fiel, limpo e sábio afim de ensinar as pessoas o caminho
do bem e da verdade. E me coloquei a estudar ferozmente sobre tudo
referido a vida dos santos da igreja católica, as diversas ramificações da igreja
e buscar a melhor pratica e o melhor costume para agradar a Deus. Contudo
me deparei com um núcleo podre, repleto de sacerdotes que faziam
belíssimas pregações, mais por detrás dos bastidores...só Deus sabe o que
acontecia. E vi que a igreja não passava do planalto central em Brasília, onde
o povo é tratado como...sei lá o quê, pois até hoje não conseguir entender.
Mais antes dessa descoberta, procurei, com o auxílio desse “amigo”, já que
não posso falar seu nome, o caminho da verdadeira devoção a Deus.

19
E em menos de 3 meses já havia me inscrito para ser monge de um
determinado seguimento do Mosteiro de São Bento no interior da Bahia.
Queria eu viver na clausura, local fechado onde o religioso tem contato
restrito com a sociedade, vivendo uma vida de ORA ET LABORA (Oração e
Trabalho), muito estudo e aproximação com o divino. Ao chegar nesse
mosteiro me sentir bem, mais logo minha vida foi perdendo sentido, isso
porque eu já carregava em mim, desde criança, um dom de ouvir e vê as
coisas antes mesmos delas acontecerem, e foi por esse dom que busquei a
igreja, pois queria respostas, mais não achei, fato. As noites nesse belíssimo
mosteiro no alto da montanha eram terríveis. Sonhava com homens negros,
sempre de chorte preto e sem camisa e eles a me dizer que meu lugar não
era ali e que se ali eu ficasse iria sofrer muito. Porém esses sonhos se
tornaram para mim uma ação do diabo para me tirar de Deus, e eu rezava
constantemente o rosário de nossa senhora, o exorcismo de São Miguel,
mais dezenas de outras devoções para afugentar o diabo, além da
“poderosa” oração de São Bento, e mais, adoração a Jesus sacramentado, já
que em uma dessas “supostas “ aparições de Jesus, ele afirma que o
adorador não seria afligido pelo diabo, mais mesmo tomando todos esses
medicamentos espirituais – a oração, nada de melhor acontecia, pelo
contrário, ampliava. E daí vinha as desculpas: -“o diabo está insistindo
porque quer te tirar da presença de Deus”, e por aí vai. Até então a inocência
falava mais alto que a razão e eu crendo, sofria com paciência e temor.
Lá no mosteiro, nós éramos acompanhados por uma psicóloga que
fazia parte do movimento quase protestante da Renovação Carismática
Católica e ela entendia um pouco de dons espirituais e me ajudou muito,
mais, em uma certa noite, tive um sonho, onde ela chegava envolta na
neblina da manhã e me informava que Nossa Senhora das Graças havia
revelado a ela que eu tinha que sair do mosteiro e voltar a viver na
sociedade pois Deus me queria ajudando o povo lá, e assim aconteceu
quando acordei, dessa mesma forma ela chegou no mosteiro as 5 da manhã
e me falou essas mesmas palavras. Já no fim da tarde a coisa foi bem pior.
Fui para a entrada do mosteiro vê o pôr do sol e de forma paranormal, entrei
em um transe profundo e vi, sem nenhuma dúvida, um outro eu saindo de
dentro de mim e descendo a ladeira indo ao encontro dos jovens que
jogavam bola no campo de futebol na vila que ficava abaixo da colina onde
estava o mosteiro, e via esse, “outro eu” parando a todos e ensinando algo
que eu não ouvia, mais sentia e depois de alguns minutos esse mesmo

20
eu retornou a mim e quando me dei conta estava eu desmaiado no colo dessa
psicóloga que, pressentindo o acontecido, foi ao meu encontro mais não
interrompeu a cena, só aguardou o termino dela.
Achei que aquilo tudo era loucura da minha cabeça e resistir sair dali, até
que a noite, em sonho, esses mesmos homens negros chegaram e me disseram
que se eu não saísse por bem sairia por uma doença que nem os médicos ia
desvendar, e com a minha teimosia, permaneci e me foi tirado o que eu mais
gostava de fazer, que era cantar os salmos na capela. Todas as vezes que eu
entrava e me sentava, do nada começava uma tosse que só parava quando eu
saia de la, e a cada dia isso foi piorando, e mesmo com o tratamento feito pelo
monge enfermeiro naturalista, nada passava. Fui ao médico, fiz o exame de
tuberculose e pneumonia, e todos deram negativos e ouvir do médico a frase:
“o que você está fazendo contra Deus”. Sem poder revelar a ele, tomei a decisão
de sair do mosteiro e ao colocar meus pés na cidade, toda aquela enfermidade
tinha acabado.
Ao conversar com meu amigo e me confessar com um padre que se
tornou meu diretor espiritual, foi dito que tudo aquilo foi obra do diabo, e eu
intensifiquei ainda mais minhas orações. Se eu rezava 1 hora por noite passei a
rezar 3 horas, ia a missa todos os dias, me confessava, mesmo sem ter pecado,
todas as sextas feiras, fazia jejum 3 vezes por semana, mas..., porém... as visões
com exu, caboclos e orixás só se fortalecia, e eu já não sabia mais o que fazer.
Então tinha eu uma alternativa, fazer a crisma, pois aí eu renunciava de uma vez
por todas o meu elo com o candomblé. E assim o fiz, afinal de contas, eu queria
Deus e nada mais. E no dia 15 de novembro de 1999, no convento Beneditino,
ao lado de minha mestra de teologia, uma santa madre enclausurada, fiz a
bendita crisma. Foi uma semana de guerras e conflitos, pois tudo insistia em dar
errado, mais pela minha perseverança e oração fiz dá certo, tendo as monjas
todas em intercessão a meu favor. Até aqui parece que eu estou exaltando a
igreja, mais ao final desse livro você entenderá todo o meu discernimento de
mais de 22 anos, nada por indução de outrem, mais por vivencia pessoal, mais
vamos lá.
Desse período em diante, fui anunciado que o caminho sacerdotal que eu
deveria seguir não era o de entrar no seminário, pois este é mais contaminado
do que se imagina. As histórias que ouvi de jovens que entraram achando que
iam ser santos e saíram sem fé em Deus me fizeram entender, que só os
interesseiros permanecem, mais os piedosos não, até mesmo porque não há
espaço para piedade nesse lugar.
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E meu padre diretor me encaminhou para fazer o trajeto mais longo e
difícil de um sacerdócio que é as missões. Somente, segundo o Código de
Direito Canônico, uma pessoa pode se tornar sacerdote de forma
extraordinária por meio de uma vida particular de estudo, devoção e piedade,
sendo acompanhado por um padre piedoso e aceito assim, ao final de sua
longa trajetória, por um bispo. E esse caminho eu trilhei por cerca de 18 anos.
Fundei uma Associação filantrópica para evangelismo e socorrer os pobres de
rua, dependentes químicos e auxiliar jovens a sair do mundo da criminalidade.
Fui, em parte muito feliz fazendo isso, nas madrugadas no pelourinho, na
cidade baixa e no interior onde meus pais moram, mas infelizmente, as
perseguições acirradas de alguns padres, de pessoas da Renovação
Carismática Católica, entre outras fizeram meus projetos desaparecer.
Você pode estar se perguntar porque não deu certo para mim. Você
pode até me falar de pessoas como Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e
outros que conseguiram, e eu te afirmo uma história que ninguém lhe conta,
que por detrás delas havia gente de grande influência na sociedade que de
forma indireta amenizava o impacto da perseguição. Eu era o filho de um
fazendeiro que me envolvi com os cristãos mais covardes e falsos piedosos
que possa existir. O medo de ir para o inferno faziam dessas pessoas os
paranoicos mais loucos e insanos. Pessoas que não faziam o bem com medo
de represália da igreja, isso porque eles eram religiosos e tinham que ser
injustos para agradar a igreja, ao inverso dos homens de poder que
admiravam essas “santas” mulheres e que as ajudavam silenciosamente, o
que as motivavam no seu caminho de luta contra a perseguição do alto clero.
Lutei sim com todas as minhas forças e tive a ação silenciosa de exu a
me guardar nas ruas noturnas da Bahia, e hoje sei que foram eles, porque
cansava de ser cumprimentado por homens da noite que me dizia, que eles
me guardavam e que ninguém ia tocar em mim. Aparentemente eram homens
de verdade, mais no fundo, no fundo não o eram físicos e sim espiritual.
E no meio disso tudo, onde estava Dona Padilha? Disfarçada em meus
sonhos de todas as santas dais quais eu tinha devoção, pois em todos esses
sonhos reveladores ela manifestava a figura de um diabinho ou de exu, e eu
ficava sem entender porque aquele “demônio” não fugia já que aquela santa
era tão poderosa contra os “demônios”, e segundo a história e os relatos de
possessões, ao falar o nome dela, o mal corria e se precipitava no inferno? Ali
ela me alertava sobre as pessoas que estavam a minha volta, me contava
sobre pessoas que eu nunca tinha visto e que iriam vim a meu encontro para
tentar me sabotar, ou até mesmo me prender, e vou lhes contar um desses
episódios.

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Certa feita em sonho, Dona Padilha, disfarçada de uma santa cristã, me
trouxe a seguinte visão: Estava eu no bairro da Liberdade em Salvador e era a
minha tão sonhada ordenação sacerdotal na capela de São Cosme e São
Damião e lá estava o Papa João Paulo II e esse veio escondido ao meu
encontro de me disse: “Em breve será o dia da minha morte e não posso lhe
dar essa ordenação. A igreja católica não lhe comporta e ela nunca irá aceitar
seus dons, siga a sua família celeste e Deus jamais lhe condenará. Viva a sua
Vida com eles”, e me apontava para o fundo lá estava um vilarejo com 7
famílias de negros altos, com roupas tribais. Pai, mãe e filhos e todos
iluminados, e ao fundo a turma dos negros sem roupa, nus, alegre,
trabalhando, plantando, colhendo...enfim, uma agitação própria de Exu, mais
eu não entendia aquela visão, eu só me entristecia por não saber mais o que
fazer. Então resolvi esperar a morte desse Papa, conforme ele mesmo me
disse o mês, e assim se cumpriu.
No dia de sua morte, por mais uma vez tive uma visão em um transe do
qual não conseguia acordar, me mover ou me comunicar com os que estavam
aflitos a rezar ao lado da cama em que dormia. Uma mulher e um home
falavam comigo, após uma tenebrosa visão sobre a igreja, que ao chegar em
uma vila militar para fazer uma pregação, um homem, amando de
conspiradores, estaria a observar a minha pregação, e se eu chegasse a entrar
em transe lá ele acionaria a guarda para me deter até que uma autoridade
eclesiástica resolvesse o que faria comigo. E assim aconteceu nesse mesmo
dia. A tarde fui a uma Vila Militar pregar para os jovens daquela capelania e lá
estava o homem que me foi mostrado, com medo do que poderia acontecer,
surge a voz dessa mulher que me “perseguia” e que outrora achava que era
Nossa Senhora das Graças, de quem me tornei devoto, ordenou e moveu
meus lábios a declarar que naquele exato momento o Papa João Paulo II
havia falecido, isso por voltas das 15 horas da tarde de um sábado.
Ao fazer esse pronunciamento este homem se levantou para me dar
ordem de prisão, mais o seu celular imediatamente tocou e foi o que ele
menos esperava, a ordem do comandante de abaixar as bandeiras a meio
mastro pois o Papa João Paulo II havia falecido. Consternado e talvez
admirado, ele pediu licença e anunciou a todos que eu tinha razão, mais eu já
estava desmaiado no chão devido a força que fiz para que aquela energia
espiritual não se apossasse de mim naquele local. E graças a essa mulher eu
não fui preso, mais se existia inveja de algumas pessoas, isso aumentou, pois,
minha fama correu solta.

23
Daí por diante as supostas pessoas cheias do espirito santo da igreja
começaram a dizer que o diabo falava por meio de mim, e que eu era um
louco possuído. Eu, que só queria ser um padre, agora era o alvo do ódio dos
invejosos e sem forças para lutar sozinho, pois os que estavam ao meu lado
começaram a ter medo de mim e a acharem que os outros estavam certo e
eu era o errado. Claro que surgiu a ideia de que eu estava rezando pela
morte do Papa pois eu era da turma do anticristo, tudo isso porque um dia
eu participei do candomblé, simplesmente por isso. Eles acreditavam que
eram os santos e justos por terem renunciado e faziam as piores atrocidades
na pregação, estavam libertos e eu que estudava muito mais que eles, rezava,
jejuava muito mais que eles, eu era o condenado, mais enfim, que bom que
me libertei deles e do erro.

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“SEJA FEITA A
SUA VONTADE...”

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Com todos esses relatos não estou querendo e nem é hoje o meu
intuito apedrejar grupos ou até mesmo a igreja católica, mais afirmar a
experiência que tive e chegar no fim desses relatos, a um discernimento que
possa ajudar a muitos a avaliar sua forma de se comunicar com Deus e/ou
com seus orixás, caboclos, exus...enfim. Também não quero usar dessas
linhas para exaltação própria, mais para ajudar o leitor a compreender que a
ação espiritual que cada pessoa tem é motivada pelo espaço/tempo em que
cada uma está. Possa ser que exista sim o certo e o errado, mais isso é dado
a entender que tudo depende do processo de elevação que cada um possui.
É errôneo, penso eu, afirmar que o proceder de uma determinada pessoa
está errada simplesmente porque eu “acho” que estudei e já sei de tudo. Isso
é um engano no meu modo de ver as coisas hoje. O pai nosso tem uma frase
magna que diz: “seja feita a sua vontade assim na terra como no céu”,
“assim na terra como é no céu” é uma chave de comando incalculável a
imaginação do homem, pois nenhum de nós, por mais douto que seja, não
sabemos ao certo o que há no céu que seja igual na terra. Talvez possam até
aventurar escrever teorias sobre isso, mais no final de tudo ninguém subiu lá
e desceu para afirmar em tese o que é que lá é igual aqui, também não é
minha intenção, ao menos por agora falar teologicamente o que essa frase
venha a dizer. O que pretendo é começar esse caminho de ideias sobre o
tema, e dizer que se existe ações de espíritos aqui nesse plano a nos orientar
de forma sobrenatural, essa ordem deve vim de um lugar acima de nós e por
permissão de alguém maior do que nós, que de fato, cuida de nós no
invisível silencio do seu existir aos olhos, mais que se preocupa, de uma certa
forma com o nosso evoluir aqui na terra, só que muitos utilizam do saber
para oprimir e não para evoluir.
Para que se tenha uma ideia do esforço que fiz em busca da
“santidade” tão pregada, mais raramente vivida pelos superiores cristãos, eu
de tanto que me esforcei para estar longe dessa espiritualidade, digo aqui
referindo-me a orixás, exus, ancestralidade, como quer que você queira
chamar, minha vida piedosa me levou a uma fragilidade muito grande em
minha saúde. As tantas noites que passei lutando espiritualmente, com
orações e vigílias contra, e literalmente contra, a espiritualidade ancestral,
me levou a ter sérios problemas cardíacos, alteração em enzimas do sangue,
fraquezas físicas entre outros, o que me levaram em alguns casos a estado de
anuncio clinico de desaceleração continua dos meus órgãos vitais o que me
levou diversas vezes a emergência de hospital e por fim, exames e mais
exames que no final das contas resultavam em resultados negativos.

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O meu negacionismo induzido por uma cultura religiosa escravagista e
hoje comprovada em partes, enganadora, ou melhor dizendo, criada para
iludir, enganar, demonializar culturas há milênios existentes com o maior dos
intentos de poder absoluto, me fez passar, literalmente, “pelo vale da
sombra da morte”, mais o que me valeu foi o meu desejo interior de
conhecer a verdade e viver essa verdade sem medo e sem opressão.
Certa feita, para entender melhor o que falo, eu me arrumei para ir à
faculdade e ao me levantar da cadeira ao terminar de tomar o meu café da
manhã não sentir minhas pernas se moverem. Tentei me acalmar e tornei a
enviar motivações para minhas pernas, mais sem muito sucesso. O que
conseguir foi chorar e pedir socorro a uma amiga minha que é terapeuta e
esta já tinha sido avisada pelos seus guias do que estava acontecendo
comigo. Imediatamente ela acionou seu amigo que era, já que não está mais
nesse plano, doutor em doenças mentais, mestre no Reiki, parapsicólogo
entre outros, um homem de muitos livros escritos e que sem contestar, e por
uma inspiração pessoal, pediu para me encaminhar a sua pousada e clínica
terapêutica. Com a ajuda de 4 pessoas conseguir sair de casa e entrei no
carro para essa longa viajem.
Lá ouvir a triste realidade diagnostica: “Você pode desencarnar a
qualquer momento”. Para mim não havia diferença em está vivo ou morrer,
já que aprendi a não ter medo da morte, mais sim me preparar para ela feliz
e satisfeito, pois essa é a única certeza para quem está vivo. Esse doutor era
uma pessoa incrível, um homem repleto de uma alegria cativante, com seu
violão e suas cantigas de arranjos próprios me trouxe calma e me encorajou
a fazer uns testes que me abriria a visão a cerca de mim. O diagnóstico que
me foi dado por ele afirmava que eu era um paranormal, o que é,
cientificamente uma pessoa de uma mediunidade além da normal. Isso me
assustou muito pois eu que sempre quis ser uma pessoa normal como as
outras, descobrir que estava perto de morrer porque no fundo no fundo eu
não aceitava a ideia de ser um “paranormal”. Claro que com isso descobrir
que eu me sabotava o tempo inteiro na busca de agradar as pessoas e ser
aceito pela comunidade a qual estava inserida. Duras palavras porem
dosadas de risos e cantorias. Precisei ficar em sua companhia por 3 meses, e
aprendi muito do psicológico das pessoas, além daquilo que aprendi na
faculdade de psicologia e mais, me tornei terapeuta reikiano, algo que eu
não queria e hoje me sinto muito bem em ser.

27
Ele me ensinou muito sobre metafisica e falou o que eu não gostaria
de ouvir, sobre os recentes estudos sobre a bíblia adulterada e a fé cristã, e
ouvir tudo como um bom aluno e guardei as perguntas para no tempo
oportuno ter seus esclarecimento.
A noite fazendo meditação em um ambiente específico da pousada
me deparei com um cheiro de mulher, uma energia que me atraia a voltar
para o meu quarto. O medo, ou talvez uma expectativa de algo que eu não
esperava e nem pensava. Mais lá estava ela, dona Padilha, de sorriso largo,
mãos na cintura, com uma saia bem vermelha e rodada, uma das mãos
suspendendo a barra e a outra se apoiando no quadril. Sem nada me dizer
só sorria e depois caminhou ao encontro da rua e sumiu. Tremulo fui ao
quarto fazer o que era vicio cristão, rezar e repreender, mais ao longe ouvir
sua voz a dizer que aquilo de nada adiantaria, pois não era a hora de eu
saber toda a verdade. No outro dia, sua voz me acompanhou mentalmente
com suas instruções e explicações. Revelou-me o que estava para acontecer
comigo ali naquele lugar. Me anunciou a morte desse meu mestre e tudo
mais que é particular a mim. A energia dos mestres ascencionados da
fraternidade branca, os quais eram venerados naquele lugar, não foi
suficiente para fazer com que ela não entrasse ali e desse o ar da sua graça e
seu charme de catiço. De fato, como ela disse, foi chegado o dia de eu sair
daquele lugar.

28
DONA PADILHA ME
LIVRA DA MORTE

29
Uma etapa da minha vida muito importante para o conhecimento da
espiritualidade, foi no ano de 2010, quando eu sair definitivamente da igreja
católica, foi um ano terrível para mim mais como uma fênix conseguir sair da
morte para a vida. Sim! Literalmente da morte para a vida. Essa história eu
não vou me aprofundar por ser muito dolorosa para mim, mais aqui falarei do
momento em que a “sutil voz” (Dona Padilha) me retirou da morte.
Após 2 anos me dedicando ao meu sacerdócio comum como um
consagrado a missão, com um discipulado que ultrapassava mais 150 jovens
que aderiram a uma vida de entrega a divulgação do evangelho e de socorrer
os mais necessitados da sociedade, me deparei com a terrível crise de ciúmes
e inveja de um padre local. Enquanto nas missas que ele celebrava o número
de fiéis era mínima, eu, sem intenção de multidões, mais somente no desejo
de agradar a Deus, arrastava muitas pessoas e olhe que minhas palavras nas
pregações eram muito “pesadas” ou melhor dizendo, serias. Não gosto de
defender o achismo ou passar a mão na cabeça de ninguém. Se você quer de
fato viver a espiritualidade onde quer que você escolha, penso que deves se
lançar com verdade e devoção, e mesmo assim as pessoas se sentiam
motivadas e inspiradas pelas minhas condutas de adentrar no mundo dos
mistérios de Deus.
Quando os milagres e testemunhos começaram a acontecer, as pessoas
iam chegado para mais perto desse frei, como eu era chamado. Crianças,
adolescentes revoltados com a vida, jovens e até jovens criminosos me
buscavam para ouvir conselhos ou visões e infelizmente vi alguns morrendo
por não dar a devida importância ao que me era revelado, mais são “ossos do
ofício”. Após a cura do câncer de uma mulher que há dois anos caminhava em
busca de sua cura na cidade de São Paulo, a revolta de alguns da igreja foi
iminente. Tentaram convencer o Bispo a me excomungar dizendo que minhas
visões eram fantasiosas e demoníacas e isso estava levando as pessoas a me
terem como um santo que eu não era. E nessa guerra esse padre
fundamentou, juntamente com uma outra pessoa, uma calunia que me levou
a uma profunda depressão instantânea. Eu não conseguia sair do quarto
ouvia sempre aquela frase que ouvir desse padre mesmo ele com a ciência e
consciência da mentira que ele arquitetou e colocou em prática.
A escuridão dominou meu raciocínio e a ânsia pela morte era a única
coisa que eu tinha como saída, pois percebi que minha verdade nunca seria
mais forte do que a frase que ouvia constantemente: “Ele é o padre, porque
ele mentiria? ”. Tudo que as pessoas viram e ouviram de mim durante anos
foi nada e eu não conseguia entender como as pessoas eram tão cegas na fé
ao ponto de não quererem entender que o passado sujo daquele padre e sua
má conduta na igreja eram o atestado de sua maldade.
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Mais de nada adiantava e eu sabia disso, e que era a hora de eu findar
meus dias de vida. Você pode está perguntando onde estava minha fé em
Deus? E eu lhe afirmo, a frase mais correta do mundo, dentre tantas é: “A dor
cega a razão”, a minha razão não tinha mais luz para me iluminar tamanha
era a escuridão provocada pela dor da calunia. Um grupo se mobilizou e me
motivou a muitas coisas principalmente denunciar na justiça, mais em minha
mente somente vinha a frase “ele é o padre”. Daí eu vi como o medo que a
igreja prega e impõe as pessoas paralisam elas de cumprir a liberdade que
Deus nos deu, e de fazer o que é justo. Nos tornamos escravos de uma ordem
mentirosa, inventada e hipócrita da igreja. Sentimos medo de ir para o
inferno, o qual não existe e provarei em outro momento, e com isso ficamos
acorrentados ao nada.
Foi diante de tantos medos que achei que morrendo iria para um lugar
do qual passei anos da minha vida me preservando para não ir lutando
contra meus impulsos e tudo mais, para ser uma pessoa justa, santa e
honesta, deixando até mesmo de ser eu mesmo. Mais enfim, peguei uma
faca e subir as escadas para fazer o que pretendia com determinação e
decisão, mas no meio das escadarias sentir uma mão a tocar as minhas
costas e me dizer “dai-me mais um tempo”. Aquele toque me amorteceu e
me iluminou a razão e o conselho de buscar um pastor para orar por mim me
levou a calmaria. O fiz, mais a mesma voz me dizia para não ficar lá, só para
ouvir os louvores e no final pedir oração. Fui, fiz e me sentir bem, e por ainda
ser escravo daquela fé cristã, ultrapassei o conselho e levantei a mão e
“aceitei a Jesus”, como eles afirmam. Aquilo me fez bem por um tempo, mais
depois do suposto batismo na fé daquela igreja o mundo ruiu mais uma vez.
Uma irmã levantou mais um calunia contra mim e outro membro da igreja,
desta vez, está invejou por eu em menos de 2 meses sair de empacotador do
mercado em que trabalhava e que ela era gerente para me tornar
subgerente. Dessa calunia um outro pastor, pai da jovem que foi também
caluniada, teve um problema cardíaco e um tempo depois veio a falecer, mais
essa irmã “santa” que inventou essa mentira caluniosa ainda continuou na
igreja como alguém santa e de Deus.

31
Até então essa voz parecia a de Deus, mais a sensação dela me apontava
para alguém que se escondia de mim, como se não queria ainda se revelar.
Passei dois anos morando em Aracaju e precisei retornar ao interior para
ajudar os processos emocionais de minha mãe, já que sua psicologia não trazia
resultados esperados. Transferir o curso para uma cidade próxima da minha no
interior da Bahia. Nesta outra faculdade tive mais uma crise de frustrações,
pois havia professores que nem sabiam direito o que era a matéria a qual
ensinava...para mim foi um suplício ajudar professor a ser professor, já que
foram matérias que eu já havia estudado. Foi quando a espiritualidade me
chamou a responsabilidade com ela e precisei, como contado anteriormente,
ser recolhido a uma clínica de e terapia holística para um tratamento espiritual
se não por mais uma vez poderia perder a vida. Foi nesse local que me tornei
terapeuta Reikiano. Resolvi morar na fazenda de meus pais pois lá teria mais
liberdade para implantar em minha vida a meditação e pôr em pratica meus
estudos, mais isso não teria a paz que eu desejava por muito tempo.
Em um certa dia, em uma noite enluarada, a qual estava majestosa, me
deparei com uma contemplação de tudo que aconteceu comigo, busquei todas
as forças para que as frases de ultraje não me soassem mais de forma
traumática e anulei as indagações que me era feito, porque, vocês sabem né,
um aspirante a alguma coisa sempre terá suas falas interpeladas por alguém
que deseja defender o erro e incitar você a acreditar que você estava errado,
só que uma coisa implantei em minha vida por muitos anos: não gostar de
elogios – mesmo ouvindo-as com educação. Não me orgulhar de minhas
conquistas ao ponto de achar que eu não preciso mudar para evoluir e por
último, entender que o processo de evolução está em você quebrar todos os
paradigmas e dogmas falsos que foram implantados como verdade absoluta
mascarado ou aquecida com uma dose de medo ou segurança de salvação
eterna. Uma outra coisa sobre a espiritualidade que trouxe para minha vida foi
o desejo de conhecer a Deus e comecei a descobrir onde estava Deus a partir
desse ano de 2018 quando morei na cidade de Jacobina, a terra do ouro, das
montanhas e onde recebi uma nova família que me traz todo apoio que preciso
para prosseguir.
Minha sorte foi que nesse mesmo período, essa “sutil voz” me mostrou
na internet um convite para eu fazer o vestibular de psicologia, eram vagas
limitadas em um vestibular extraordinário e eu só tinha uma semana para me
inscrever e fazer a prova, sendo que eu tinha que estudar cerca de 8 matérias
para fazer a prova, e confiante nessa voz que me disse que eu iria ficar em
primeiro lugar, fui e fiz, mais vacilei e fiquei em segundo lugar por meio
decimo. Um período de alegria, já que almejava fazer psicologia a muito
tempo.
32
Como comecei esse capitulo, ao voltar para minha cidade, fui morar na
fazenda dos meus pais que há tempo estava abandonada, isso porque algumas
manifestações espirituais acontecem lá, mas nada de ruim. Essas terras meu
pai recebeu de herança de meus avós e estes de herança dos seus pais. Minha
bisavó era uma mulher que não conhecemos a história ao certo dela porque
nunca nos foi contada. Era uma pessoa que parece que não existiu, mais fui a
fundo na sua história, que em partes e por meio de sonhos ouvi dela mesma e
me foi confirmada por quem não tinha medo ou vergonha de falar dela, uma
senhora rica, esposa de um senhor feudal mais que se assentava a mesa com
os negros, os fracos de condição enquanto seu marido se sentava à mesa com
os senhores. Eu vivi a minha vida até aqui querendo entender de quem eu
tinha puxado, já que minha família toda tinha aversão a mim por esse meu
jeito de abraçar a todo mundo e sempre gostar de estar ao lado dos menos
favorecido, e após 40 anos descobrir de onde vinha. Gratidão a minha bisa por
isso, mas vamos adiante.
Naquela noite de lua, entediado com tudo a minha volta recebi uma
visão que parecia uma neblina à minha frente. E lá estava sentado na quina da
varanda, minha avó por parte de pai, Pai Joaquim e Tia Anastácia, o casal de
pretos velhos, fumando cachimbo e conversando com ela. O aroma daquele
fumo me remeteu aos tempos de infância em que me sentava próximo a
minha avó para ouvi seus lapsos de sabedoria e ali ouvi os conselhos de fumar
cachimbo mais com fumo de rolo, não engolir o cuspe, nem tragar a fumaça
para não vir a adoecer, conselhos que minha avó me deu quando me deu um
charuto de palha pela primeira vez aos 11 anos. Envolto naquele aroma de
fumo queimado e de saudades, olhei para frente e estava ela radiante como o
sol debaixo do pé de caju, em um vestido simples mais reluzindo como ouro ao
sol, minha amada mãe oxum e acima disso tudo, no céu negro um índio
assentado em um toco de madeira com dezenas de outros índios a sua volta e
este me dizia: “resgate a sua ancestralidade indígena” e abaixo a senhora das
aguas doces respondia com voz firme de uma mãe valente: “o filho é meu!!”.
Dá para imaginar a minha agitação? O bom é que tinha acabado de sair de 3
meses de estudo e terapia e não fui diagnosticado por um especialista em
doenças mentais como um lunático, ufá!!! Então só me concentrei e assistir a
cena tripla, porém sem entender nada do que estava acontecendo, e tudo só
acabou quando eu abrir a boca e disse: “Me conduza a uma tribo indígena e eu
honrarei minha ancestralidade indígena”. Após tudo isso, as cenas acabaram e
eu só ouvir dentro de casa o riso escancarado dela, a quem tanto amo, Dona
Maria Padilha.
33
Sentindo somente sua presença ela me pediu uma firmeza de ponto e
que eu aguardasse pelas novas mudanças. Porém todas essas coisas ainda
soavam estranhas para mim, logo um exu que eu considerava um demônio,
um orixá, um casal de preto velho, um índio Tupã e minha avó...nossa era
muita mistura para mim que não queria mais acreditar nessas coisas.
Preferir continuar acreditando somente em Deus e daí que fui
convidado para visitar uma igreja evangélica. O Pastor se apresentou como
uma pessoa agradável e preocupada com a salvação dos seus fiéis, mais tive
a triste e reveladora experiência, onde vi o pastor pela primeira vez e sua
vida infame. Preferir me reter e em uma oração nos montes tive a revelação
que toda a família dele estava correndo perigo, e vi, nitidamente dona
Padilha e Pomba Gira Cigana a me levar a casa dele, (em espírito) revelando
seus cômodos e mostrando como seria a morte de seus filhos por meio de
um atentado a família. Em parte, isso aconteceu só que os bandidos erraram
a casa e mataram outros bandidos. Eu fiquei assustado e daí fui chamado
para ser pastor, em uma igreja Evangélica que prefiro não contar por
prudência e até porque não escrevo para apontar ou falar mal, mais para
contar fatos da minha vida espiritual e que por um lado aconteceu em
lugares muito “blindados”. Nesta igreja fui chamado para receber o título de
pastor, mais teria eu que fazer algumas “vontades” dogmáticas da religião e
eu aceitei o desafio.
Em um outro momento e por mais uma vez essas duas criaturas me
aparecem, Dona Padilha e Pomba Gira Cigana das 7 Saias e me revelaram a
gravidez da filha de um irmão da igreja com o jovem que me acompanhava.
Esse não acreditou na minha visão, mesmo eu omitindo quem me revelara e
meses depois ela apareceu gravida e eu fui odiado pela família dela e por
esse jovem rapaz, passei a ser o diabo em forma de pessoa, com isso eu só
acumulava dúvidas, “porque essas coisas acontecem comigo? ” Dentro da
Igreja Evangélica os fenômenos eram de tirar o folego, pois no que eles
chamam de “retété de Jeová” vi a manifestação de diversos exus catiços, de
Padilha a exu caveira, eu vi de tudo, mais não podia dizer nada. Com muito
respeito eu assistia sem entender como é que esse povo é cego, gritam tanto
para que em nome de Jesus o diabo saia e eles ali bailando na igreja, não que
eu acredite que eles sejam diabos.

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REVELAÇÕES
DE
EXU

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Antes de adentrar na igreja evangélica pela segunda vez, ainda por
volta de 2018, deixei um emprego onde deveria receber um salário após 3
meses, de cerca de 12mil reais como gerente comercial, mais deixei o medo
e a voz de um determinado pastor fazer meu caminho e desistir desse
emprego para ir morar com este em uma cidade do interior da Bahia, claro
que você pode imaginar o quanto eu fui estupido, e eu concordo, mais isso é
o reflexo da fé que foi implementada na minha vida, a fé pelo medo
disfarçado de respeito ao superior, ou melhor, do endeusamento muitas
vezes involuntário, quiçá, cognitivo que temos pelos líderes religiosos.
Acredito sim que devemos ter imenso respeito e admiração por aqueles que
de fato são exemplos de equilíbrio, santidade e boa devoção ao sagrado,
mais para definirmos isso em alguém precisamos sim avaliar a conduta,
julgar e chegar a uma conclusão, com base na ideia de que ninguém é
perfeito, somente o criador, e ponto.
Nessa cidade fui anunciado como um grande profeta e levita (cantor
na linguagem evangélica) e comecei a pregar e muitas coisas foram
acontecendo ao ponto de receber as críticas porque eu ainda, com 38 anos,
era solteiro e não me encaixaria na lei da igreja para ser pastor oficial. Em
muitos momentos tinha minhas inspirações trazidas por essa tão falada, “voz
sutil” e que nesse momento da vida eu achava que era a voz do Espirito
Santo, mais essa ideia dogmática estava com seus dias contados e que
causou estranheza para mim quando soube. Em alguns cultos era visível, de
claro e bom tom que as “manifestações espirituais” ocorridas no chamado
retété de jeová não passava de manifestações de espíritos. Eu fui um desses
que senti fortemente essa moção espiritual e posso atestar que é forte e
muito boa de se sentir, mais sem discernimento fica algo vazio e sem valor.
Pessoas bailando, entortando a cabeça para os lados, outras sendo atiçadas
na parede como sinal de castigo ou alerta de “Deus”, como se dizia,
tipicamente uma incorporação, rosto, voz e gestos corporais transfigurados e
para mim que estudei na igreja católica possessões demoníacas, diria eu que
era isso que via, mais não julguei e busquei entrar nessa egrégora para
entender o que essas pessoas sentiam de fato. E como sempre mergulhei
nisso também de forma fiel e honesta.
Em determinado momento dessa viagem a essa cidade, conheci um
casal que se aproximou de mim tímidos, mais com muito respeito por mim e
a esposa me revelou que há três anos atrás ela tinha tido um sonho com um
jovem rapaz que tinha dons espirituais muito grandes e que era um grande
homem de Deus, cujos olhos viam além das aparências
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Claro que eu não achei que era eu essa pessoa, mais ela me afirmou
categoricamente que era, pois, o olhar e a figura do sonho se revelava em mim.
Ela me profetizou que algo muito ruim iria acontecer comigo na casa do pastor
onde eu morava, e que eu precisava sair de lá o mais rápido possível para evitar
a falsa acusação, mas, eu não quis acreditar imediatamente sem perguntar a
Deus se isso era real ou não, pois falsos profetas na igreja é o que mais tem,
não duvidando 100% dela porque via nela muita sinceridade e no seu esposo o
semblante de um homem que não apoia mentiras. Tempos depois, o pastor
teve que ir ao hospital na capital porque sofria de um problema intestinal e lá
ficara por cerca de 3 dias. Eu fiquei na casa mais dois outros jovens que ele
acolheu e quando todos estavam fora de casa, enquanto varria a casa fui
surpreendido por uma mão de homem a tocar meu ombro, e dali me arrepiei
todo em um mix de medo e apreensão, pois como alguém tinha entrado na
casa com ela toda fechada e de muros altos? Pois bem ao me virar para vê-lo
ele me repreendeu e apontou para o fundo do corredor da casa e vi uma
pequena gaiola, que no interior chamamos de assalpã cuja finalidade desta e
pegar passarinhos, um passarinho colorido se debatia dentro dela, ao chão as
marcas de seu desespero, plumas das suas penas forravam o chão e por fora
dessa gaiola estava frutas, ração e agua, e ele desesperado queria alcança-las
mais não podia. Vendo aquilo me compadeci e imediatamente impulsionei-me
para salva-lo e o homem que me segurava me repreendeu dizendo que aquilo
era uma visão e que aquele pássaro era eu e que eu estava preso a uma falsa
realidade de vida e que só tinha aquele momento para decidir se eu iria querer
ser solto ou morrer à mingua. Sem entender respondi que queria ser solto e
livre, e em seguida a suas afirmações me revelou que algo iria acontecer
naquela casa, haveria uma situação grave que seria cometido por duas pessoas
da família do pastor e que ambos iriam me acusar, já que estes tramaram e
fizeram a ação juntas. Eu jamais poderia cometer aquilo que me estava sendo
dito, pois eu não tinha acesso ao quarto do pastor e nem a seus pertences, já
que a chave desse quarto somente ele, a esposa e o “filho” dele possuíam, e
não era qualquer chave, era chave de quatro gomos para que nem com alfinete
se abrisse a porta, caso alguém quisesse.
Você pode está perguntando se eu perguntei aquele homem quem ele
era, e eu de fato perguntei e ele me disse em alto e bom som: “Eu sou chamado
de Exu Capa Preta” e eu tremia, repreendia em nome de Jesus, mais ele me
dizia que esse nome não tinha o poder de fazer mal algum a ele.

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Pense na confusão que tive na minha mente, eu depois de mais de 20
anos estudando teologia cristã, comecei a ver meu mundinho desmoronando
com outras tantas perguntas que agora precisavam de respostas. E este
homem pediu para que eu arrumasse minhas roupas e fosse morar na casa do
casal de profetas e que eu os respeitasse e ficasse ali até que tudo me fosse
revelado e que minha missão naquela cidade se cumprisse. E assim fiz no
outro dia logo pela manhã. Para confirmar mais ainda um dos meus amigos de
trabalho me revelou a mesma coisa que o homem da visão tinha dito, e ele me
ajudou com a mudança toda.
Foi a partir daí que, já morando na casa desse casal, que hoje tenho
como meus pais e o amo muito, tive o sonho que eu intitulei, “O sonho do
Governador”, não vou conta-lo aqui por ser muito grande, mais me retenho a
parte em que me encontrei na minha cidade natal e vi uma grade arvore
gigante, seca, morta e preta, dentro de uma pousa de lama e as casas da
cidade estavam presas nos galhos, já sem vida, em formato de casa de
passarinho. Naquele momento nada entendi, mais o “governador” que era
Exu, me mostrou como as famílias cristãs católicas e Evangélicas, ali
representadas por duas pessoas do meu convívio familiar, buscavam enfeitar
seu interior de todas as formas para maquiar o mal cheiro da lama e a feiura
da arvore.
Outra coisa interessante que quero partilhar é que neste sonho eu
viajava em um carro, porém eu estava de costas para a pista, é como se exu
me mostrasse que eu iria caminhar para frente mais refazendo a minha
história do passado, refazendo a estrada que eu tentei esquecer por meio do
abandono, e é isso que estou vivendo agora.
Em outro momento do sonho ele mostrou que haviam 3 desgraças que
assolavam a humanidade e que pela existência delas os pobres a cada dia
ficam mais pobres e morriam. A figura de linguagem que ele me trouxe foi um
tubo de agua gigante, que era fechada por 21 parafuso por meio de porcas de
pressão e que foram desparafusadas na minha frente por outros 3 exus mirins
que obedeciam a ordem do governado. E ao destampar vi um círculo dividido
em 3 partes, ambos com 3 tipos de mosquitos transmissores de doenças e
veio a explicação dele que ainda não cheguei a finaliza-la. Assim ele disse:
“Essas 3 colmeias de mosquitos representam 3 setores da sociedade e que
dominam a consciência dos pobres. A agua não está suja, está limpa e isso
demostra aos pobres que essas pessoas são aparentemente honestas, mais
dentro delas existe as intenções. 38
Esses 3 grupos dominam o mundo, mais contaminam o mundo e mata
os pobres, eles estão escondidos mais se revelam a noite enquanto todos
dormem e a culpa nunca é deles e nem das ideias que eles implantaram no
mundo, mais são sim. Entenda como quiser! ” E dali me retirou da sena e
disse que era preciso acabar com o mosquito e não com os homens. Entendi
que todo esforço para destruir uma religião ou grupo é vã, mais o que se
deve destruir são as ideias que geram a destruição da verdade sobre Deus e
sobre a vida, como disse o profeta Isaías em uma de suas passagens. Toda a
revelação desse sonho é para mim uma descoberta até hoje, por isso não
posso explanar, mais a Arvore morta e a Lama fala dessas duas tradições
religiosas do qual fui batizado e consagrado, Catolicismo e Protestantismo,
pois assim foi representada pelas duas mulheres, e só fui descobrir isso
quando em 1º de agosto fui ordenado por exu, que outrora achava que era a
voz do Espirito Santo, a subir no monte e ficar lá por 30 dias em jejum breve
e meditação. Nada foi feito em vão, tive a ajuda de um casal que recebeu em
sonho a visita desses guardiões em formato angélico, para não os assustar, e
toda a direção foi dada, onde eu dormiria, como faria a barraca, onde buscar
agua... e só sei que depois de quase duas horas de subida chegamos ao lugar
revelado. E lá fiquei sozinho, lendo a bíblia, cantando louvores a Deus,
varrendo, limpando e meditando.
Na primeira noite recebi a visita de um ser de outra espiritualidade, a
indígena que por 3 dias me pregou sua peça afim de me fazer desistir da
jornada. Cãoêrá era seu nome. Uma espécie de elfo da mata montado em um
tronco de jequitibá onde no seu núcleo escorria larva e fogo, o som de seu
voo era assustador e estremecia tudo. Parece loucura o que vou escrever,
mais foi o que vivi na real. Não o vi pessoalmente mais por sonho que parecia
uma grande realidade, na verdade estava acordado lendo a bíblia e já estava
no sonho sem nem vê a hora que eu deitei para dormi, acordei com o calor
do fogo da mata a minha volta e o cheiro sufocante de queimada, mais
quando saia da barraca nada estava acontecendo, tudo estava frio e calmo no
monte. Somente no terceiro dia em que caí no transe (do sonho) que pedir a
ele licença, pois não era mais minha prática fazer oferendas a divindades
como quando eu estava no candomblé, simplesmente eu era cristão e não
tinha permissão de fazer aquilo, mais o que fiz foi o que estava na bíblia uma
oferenda de paz com incenso feito de farinha de mandioca e açúcar, e tudo
se acalmou.

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Então voltei a dormir e recebi a visita de um índio, o caboclo das matas
que me mostrou tudo que iria acontecer ali, a minha descontaminação
espiritual e a minha libertação das correntes da mentira imposta pela religião.
Então me preparei e por 25 dias escrevi todos os conceitos e ideias que a
mim foram manifestas para que, ao retornar para casa eu fosse pesquisar na
internet para saber o que era invenção da minha cabeça ou se tudo era
verdadeira inspiração, e de fato, tudo foi confirmado como verídica.
Ao sair do monte ela retorna ao seu dialogo comigo, Dona Padilha, e
me anuncia que para eu me aprofundar precisaria sair da casa onde estava e
alugar uma. Imagine só, estava desempregado, sendo perseguido por um
pastor e onde eu teria credito para fazer tal coisa? Mais ela colocou dois
jovens na minha vida que alugaram a casa pelos 3 meses que eu ainda
passaria naquela cidade, pois muita coisa ainda eu ia ver, e ainda me ajudou a
ter dinheiro para pagar a internet e alimento para não morrer de fome
enquanto me dedicasse ao estudo das revelações. O que achei mais
interessante nisso tudo foi como Dona Padilha conseguia mover na internet
os vídeos que eu deveria assisti. Nunca pesquisei nada sobre judeu, mais
quando ela disse “senta e assiste” lá estava um rabino a explicar partes das
revelações que me foram dadas e a primeira delas foi: “Porque Jesus não é o
messias de Israel”. Polêmica frase, mais esse assunto não é para esse livro, só
digo que antes de eu estar hoje onde estou e com toda essa devoção e amor
a Dona Padilha, ela fez tudo ficar muito claro.
Para finalizar esse capitulo quero dizer que o momento mais
impactante dessa experiência com Exu, caboclos, espirito indígena, foi o
último dia quando fiz um grade louvor a criação, independente de um dogma
religioso, eu estava ali, em um dos montes mais altos da cidade, em que você
avistava as casas do tamanho de um alfinete, sobre mim a nuvem negra da
tempestade, a volta os trovoes e relâmpagos e eu dentro dessa nuvem. Eu vi
com meus olhos as gotículas de agua em espiral se unindo para se formar
uma gota, eu vi o clarão do raio se formar a minha frente e nada,
absolutamente nada me atingiu e nem me matou, mais vi essa força de Iansã
e Xangô ali, me rodeando de carinho como uma família, e senti que eu de
fato, naqueles 30 dias não estive só em momento nenhum. E o mais lindo foi
quando em lágrimas eu me arrependi das mentiras em forma de verdade que
me levaram a demonializar esses seres construtores da vida junto a Deus e
quando eu olhei para mim, para meus pés, mãos e pescoço vi uma imensa
corrente que se desprendia de mim.
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Eu me senti liberto e vi o mal que estava em mim e o mal que eu
propaguei como verdade. E como um sonho, mais foi real, o céu se abriu e o
sol clareou toda montanha e vale que estavam enxutos, somente orvalhado...
como Deus é grande e nós como somos tolos em achar que conhecemos algo e
difundimos nossa tão efêmera verdade como a maior e a mais absoluta!! Caiu
por terra para mim todos os grandes homens da espiritualidade atual, sem
querer ofender ninguém, suas frases balsâmicas ao ego dos fiéis, agora era
para mim uma teoria caída por terra, pois muito mais e maior são as coisas que
estão por trás do que chamamos de vida. Nesse mesmo monte me foi
mostrada o rompimento de uma barragem e que muitos iriam vir a óbito,
pensei que era em Jacobina, já que lá possui uma mineradora, mais anos
depois entendi que foi em outro lugar em Minas Gerais. A visão era cheia de
alegorias e difícil no momento de discernir. Por isso passei a ficar muito mais
atento as revelações e a não ficar a indagar, mais a perguntar o que fazer.

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“ tua sabedoria e teus estudos,
para mim não valem de nada!
Maria Padilha

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Há pactos no mundo espiritual que fizemos e por isso nossas
experiências são diferentes, o que vi, vivi e me emocionei não me fez um
deus, ou melhor ou maior que ninguém, ao contrário, me fez menor pois
sendo o menor, demonstro que quero aprender mais, pois quem se
engrandece e envaidece, perde o contato com o sagrado. Como disse dona
Padilha para mim:
“Tua sabedoria e teus estudos a mim não valem de nada, vale para
você e para as pessoas que te cercam, pois, meu mundo é diferente do seu,
as leis aqui são diferentes e a sabedoria aqui vocês ainda não podem ter
acesso por não estarem prontos, e talvez nunca estejam prontos”. Maria
Padilha das Almas
O que vejo nessas palavras de dona Padilha é a expressão do que os
espíritos têm buscado fazer pela humanidade há séculos, levar-nos a uma
evolução. Mais que evolução? Como dizia meu mestre de Reiki, uma evolução
de consciência não uma evolução teatral onde você cultua exu e quer viver
vestido de vermelho e preto achando que isso vai influenciar em seu caráter,
ou você agora tomar jurema ou santo daime e achar que já virou um índio ou
um xamanista, enfim, os valores na mente humana se chama PROMOVER. As
pessoas querem status e a espiritualidade quer responsabilidade, fé, devoção
e dedicação das pessoas, não para o próximo, mais primeiro para si mesmo.
Lembremo-nos de um mandamento em que Deus ensina a Moisés “amarás o
senhor teu Deus sobre todas as coisas, e a teu próximo como a ti mesmo”
apesar de o próximo vim por primeiro na frase ele é o terceiro mais
importante da frase.
Você não pode ensinar sem ter aprendido, você não pode ajudar
a alguém a evoluir se você ainda se encontra fechado no seu mundinho
egoísta, vaidoso, luxuriante, ou simplista demais, a ideia aqui é encontrar
equilíbrio em tudo.
Ouvir certa vez que Exu e pomba gira não devem ser adornados de
tanto luxo, outros já ensinam que pelo fato dos orixás terem vivido uma vida
simples na África e pelo fato deles não serem deuses mais deidades, não
precisamos dar o melhor para eles, então vamos pensar juntos. Porque os
santos da igreja católica que não são deuses mais deidades são tão mais
atenciosas com os seus devotos do que os orixás? A resposta é simples. São
Francisco viveu a pobreza extrema mais seu convento é um dos mais ricos de
toda Europa, isso porque seus devotos os agradava não só com velas e flores,
mais com prata e ouro, com suntuosas igrejas, mesmo que isso evoque o luxo,
posso afirmar que o luxo simples e organizado eleva o espirito e harmoniza a
fé do devoto.
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Quando você chega em um barracão caindo aos pedaços com paredes mal
rebocadas e pintada de tinta de pacote, onde se você se encosta mancha a
roupa, isso demonstra desprezo, isso do ponto de vista psicológico, aquilo que
vemos e sentimos pode ser determinante para a minha fé e a minha
confiança. Veja os templos budistas e hindus, são simples mais suntuosos,
denota a presença de um ser importante, imponente a quem chamamos de
Divino. Essas pequenas grandes coisas nos eleva mentalmente e faz com que
nossa mente projete como Deus é grande e infinito, então por sua vez, ao
entrar aqui nesse lugar suntuoso terei a certeza de que esse deus é grande.
Não foi à toa que Deus deu a Davi toda a especificação arquitetônica de como
seria o templo, pois ele mostra o que o homem quer ver para crê mais, e isso
ninguém nem palestras simplistas irão mudar na mente humana. Eu sempre
gostei das coisas simples, mais ao longo dos anos e nas minhas experiências
missionárias eu vi que o homem só dá valor ao que se destaca em primeiro
lugar de forma arquitetônica, em segundo a organização do espaço e em
terceiro lugar fica de fato a credibilidade do líder religioso. Eu preciso me
adequar a muitas coisas na vida, pois, meu mundo ainda não está definido.

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“LIVRAI-ME DE
TODO O MAL”
Dona Padilha me livra do feitiço de morte

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Em 2020 fui morar no Rio Grande do Sul a convite da minha nova
família que me foi dada em com a intenção de conseguir um emprego e
sustentar os jovens que acolhi em minha casa. Fui Para Porto Alegre a mando
de Dona Padilha e lá fiquei até o início da pandemia.
Certo dia acordei com uma angustia muito grande que me sufocava, e
um desejo de morrer muito grande. Passei o dia com aquela vontade de
voltar para a Bahia e cometer suicídio. A semana foi passando e eu já não
dormia, e precisei me consultar com o médico que me encaminhou ao
psiquiatra, já que só um maluco deseja se matar a custo de nada. Ali o
psiquiatra me disse que a única coisa que ele via em mim era luz, e que eu
buscasse essa luz para me curar pois eu não tinha nada só estava perturbado.
Me perguntou qual remédio eu queria para me acalmar, e como tenho um
breve conhecimento sobre medicamentos, pois fiz psicologia, solicitei o
remédio, fui para casa e tomei para conseguir dormir. A noite o remédio não
fez efeito e foi daí que fiquei nervoso e pedir socorro a ela. Minutos depois
ela aparece na porta do quarto com seu vestido negro e vermelho de
princesa, seus cabelos longos e uma luz rosada que a iluminava de cima para
baixo. Em sua mão ela trazia um balaio feito de cipó e ela arriou isso tudo no
chão do quarto e me chamou para ver o que estava nele. Havia umas carcaças
de galinha preta, panos vermelhos e pretos, velas pretas e vermelhas entre
outros elementos de magia negra. Ela tirou item por item de forma calma e lá
no fundo dentro de um prato de barro estava uma foto minha e meu nome
escrito. Me assustei e fiquei indignado enquanto ela colocava tudo no lugar. A
cena foi crescendo e ela já estava ao lado das duas mulheres que realizaram
esse feito. Vi elas indo para o local do despacho na beira de um rio que se
encontrava com o mar, e a ideia era que quando a maré subisse e arrastasse o
feitiço eu encontrasse a morte. Então entendi o motivo de eu estar a mais de
4 dias desejando me matar sem motivo algum.
Aquele desejo foi embora de mim e perguntei a ela o que deveria fazer
para me defender e ela me disse que nada, pois ela já tinha feito. Como prova
do que ela estava a me mostrar ela pediu para eu ir em uma Yalorixá de
quimbanda que tinha uma casa próximo de onde eu morava, ela mesmo usou
da minha mãe para me direcionar a essa casa, fiz a consulta e a mulher teve a
mesma visão e me revelou as mesmas pessoas que eu tinha visto

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Só tomei um banho de descarrego e nada mais. No mesmo dia da
consulta ela direcionou uma amiga minha do interior para me ligar e me
contar o que ela viu com os próprios olhos, pois ela morava perto da casa da
mulher que fez o feitiço e para mim tudo estava claro e após todo esse
trabalho dela me senti em paz, mais indignado com a situação.
Não parou por aí. A mulher que fez o feitiço foi a mesma que me deu
abrigo quando meus pais me colocaram para fora de casa, mais precisamente
meu pai, repleto de ódio pelo fato de eu ser o que ele achava, “um homem
que veste saia”, pois é assim que o povo chama no interior um pai de santo.
Essa senhora recebeu muita ajuda de meu caboclo boiadeiro que de forma
generosa reiniciou as reuniões em seu terreiro que ela tinha abandonado após
a morte de sua mãe. Nessa casa Dona Padilha se revelou como grande
protetora das mulheres e das crianças, e nunca foi devota de trabalhos para
separar famílias. O filho dessa senhora fez a ela uma promessa pois queria
descobrir se a esposa tinha mesmo traído ele com outro homem, e de fato
traiu, mais ele traia ela todas as semanas com mulheres diferente e ela julgou
que ele não tinha porque achar justo que viesse um castigo para a mulher e
não para ele. Ela o traiu por saber que ele a traia sempre, e isso causou uma
guerra de um pobre humano tolo com uma deidade. Esse jovem aprontou
uma arma de fogo para me fazer uma emboscada, e Ela, dona Padilha me
mostrou tudo em um sonho. Antes desse episodio acontecer o caboclo
boiadeiro veio e se despediu da casa e junto com meu Preto Velho Pai
Joaquim de Aruanda e outros caboclos, me presentearam com uma casa de
taipa em um pequeno sítio, para que eu pudesse viver ali sem incomodar
ninguém. A revolta dessa senhora mãe de santo foi porque nem meus
caboclos e nem Dona Padilha concordaram em castigar a nora dela, ao
contrario, na ultima sessão espiritual da casa o filho foi buscar outras pessoas
no quilombo e no meio do caminho ele xingava dona Padilha e Sr. Boiadeiro e
o pneu traseiro de seu carro se desprendeu enquanto ele subia a ladeira. O
ódio dele foi crescendo mais suas forças foram se perdendo. Já que era para
julgar quem dos dois merecia o castigo, ele foi o felizardo, mais não por meus
guias, mais pela força de sua revolta. Dias depois ele perdeu o emprego e foi
quando um pai de santo foi chamado para acabar com minha vida. Eu via e
ouvia todos os movimentos no mundo espiritual, eu só aguardava a bomba,
mais graças a exu e aos caboclos a bomba não estourou em mim, mais no
próprio pai de santo que veio a óbito. O que tudo isso me ensina é que, exu é
exu, e quem faz o mal pra quem não merece recebe de volta o que mandou,
sem custo nenhum.
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DONA PADILHA
A ENFERMEIRA

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Hoje recordei de um fato em minha vida muito importante, onde a
presença dessa mulher me surpreendeu, mesmo sem nenhuma devoção até
aquele momento. Em 2016 eu trabalhava em Salvador numa multinacional
no setor escolar, entrei nessa empresa a cargo de saber se daria certo ou não
minha carreira como vendedor. Os 3 dias de testes foram legais mais tensos,
pois a cada dia um quarto das pessoas eram dispensadas e eu permanecia e
permaneci até o fim.
Foi quando no último momento a “sutil voz” me acometeu em plena
palestra do diretor comercial e como um raio x com voz o diagnostico
daquela empresa me foi mostrada auditivamente, desde a mentira que o
diretor executivo da empresa falou utilizando uma funcionaria e que mais
tarde a mesma me confirmou o combinado para aquele evento, até o dia em
que os donos da empresa me chamariam para me intimar. E detalhadamente
ouvir coisa por coisa e até as palavras que seriam usadas para me dizerem o
motivo de eu permanecer na empresa e ser contratado.
Após esse período e ao receber o salário do mês tudo era tenso, mais
produtivo, até que em sonho sou avisado do convite de promoção, se eu
falasse a verdade, e eu me assustei, mais no outro dia ao entrar na empresa
sou chamado pelos chefes para uma reunião particular. Resumo da opera, fui
promovido e tive que contar tudo o que as minhas visões revelavam, e minha
chefe como uma boa católica ouviu tudo como um presente de Deus.
Esclarecendo, mas ainda o assunto, a sutil voz tinha me revelado muitas
coisas sobre o gerente comercial e o plano de fali a empresa, a tempo foi
revelado e a tempo eles conseguiram arrumar a carteira da empresa que
estava negativada. Claro que ganhei a promoção por isso, mais como falarei
em outro capitulo, nem sempre o que a espiritualidade quer de você é
transformá-lo em um bem-conceituado empregado ou empresário, mais
inicialmente ele quer que você seja luz na vida das pessoas, foi até por isso
que coloquei meu sobrenome de Luz, André Luz, para assumir sem tolices
minha missão no mundo.
Só que antes mesmo de assinar um novo contrato, passar pela
supervisão da diretoria internacional e etc., tive uma visão em sonho onde
minha irmã era atingida por uma bala no ponto de ônibus, mais para que ela
e suas filhas fossem livradas do assalto seguido de uma fatalidade, a
espiritualidade tinha que ter uma resposta minha, e era só o sim para o mal
não acontecer. A visão estava plena em meus olhos e assim como foi
mostrado aconteceu, só que com uma alteração, meu sim! Ele fez a
diferença, tanto para minha irmã quanto para a mulher que chegou no ponto
na hora errada.

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Tive uma forte dor que me impediu de sair no horário correto e minha
irmã se atrasou pois precisava achar o remédio para me dar, meu cunhado
teve uma diarreia e minha sobrinha perdeu o cartão que logo achou, coisa de
1 minuto de atraso foi o bastante.
Ao chegarmos na portaria do prédio vimos a cena, do meu sonho,
realmente acontecendo, porém, com outra pessoa envolvida, o bandido
atirou mais alguém passou a rasteira na mulher que caiu no chão, e o tiro
passou por longe. Cara até em escrever me sinto emocionado como é o agir
de exu, incrível. Minhas sobrinhas entenderam que era para ser elas e minha
irmã, e me abraçaram e eu perdi todas as forças do meu corpo tive que voltar
para casa e fiquei de cama por todo o dia, sem energia física e a sutil voz me
falou: “ Viu como um simples sim muda a vida sua e de quem está a sua
volta? ”. A espiritualidade não age de forma isolada, egoísta e partidarista, ela
pode ser sua, mais todos a sua volta se beneficiam, principalmente quem lhe
estende a mão para lhe ajudar, e quanto mais você ajuda de bom coração,
mais o que é meu ajuda o que é o outro. Isso é maravilhoso.
No outro dia tive que ir ao pronto-socorro, estava com muitas dores
nas costas e no quadril, e na emergência do hospital geral, muita gente
aguardava atendimento e eu sentia meu corpo desfalecer em dor, mais
precisava entender que havia pessoas em estado mais grave que eu. Fiz a
ficha e precisaria aguardar mais de 4 horas para meu atendimento pois
chegou um acidente e os médicos estavam em pouco número. Respirei fundo
e me preparei para à tortura do esperar. Meu cunhado entrou para ver se
dava o jeitinho brasileiro, já que ele conhecia alguém ali, mais mesmo com
conhecimento tive que esperar. As salas lotadas e do nada aparece uma
mulher loira, alta, muito sorridente com um batom vermelho sangue nos
lábio e olhos verdes ou castanho esverdeado, algo assim. Sentir uma força me
dominar e ela olhou para mim e disse: “André meu filho, o que é que você está
fazendo aí? A medica já lhe chamou”. Eu e meu cunhado ficamos atônitos
pois nem o policial da portaria sabia quem ela era, ela entrou na recepção,
pegou minha ficha que ainda estava lá e me pegou pela mão e com tanto
carinho me dizia que tudo iria passar, mais que eu tivesse paciência. Colocou-
me na sala e pediu a medica para me atender. Foi tudo muito rápido e junto
com a tontura parecia tudo um sonho.
Fui encaminhado para a enfermaria onde fui para o soro e lá esta
mulher apareceu e mandou o enfermeiro cuidar de mim como se a um filho,
e arrumou uma cadeira e um cobertor caso eu sentisse frio, foi surreal.

50
Porém por um minuto tive a sensação de que meu espirito ia se
desprender de mim e tive a visão de um turbilhão de luz e um ser que queria
que eu aceitasse a morte, claro que hoje sei quem foi, o Orum que a todo
custo queria me tirar a vida, mais no meio do tormento da visão, essa mulher
aparece e me segura pela mão e me diz: “Não se deixe abater, você não vai
morrer hoje, já, já isso tudo acaba.”, final da história, terminou o soro e fui
liberado para voltar para casa, perguntei pela enfermeira que me atendeu, e
ninguém a conhecia, fui no consultório da médica que viu ela e a medica não
lembrava de mulher alguma, nem mesmo o policial que viu quando ela me
chamou...pasmaram? Pois é pasmo até agora enquanto escrevo, parece uma
mentira bem arrumada, mais atesto que não e estou emocionado de
relembrar esse fato. E a coisa mais interessante é que quando Dona Padilha
se revelou a mim em sonho, como ela é de fato, ela é essa mulher, alta, de
cabelos de tons amarelados, olhos esverdeados, ou como agente chama,
olhos de gato e de pele clara, nada a ver com as imagens que tem por aí,
claro que cada Padilha é um ser diferente, porém pertencente a essa
egrégora ou tribo das padilhas.
E por quais motivos trago esses relatos? Para que você que lê essas
paginas entenda, não é André que é o felizardo, claro que não! Eu fui um
rebelde o tempo todo, mais eles sabem o quanto que no fundo queria
descobrir a verdade para ser um bom devoto, ou amenos tentar. Já se
passaram muitos anos e hoje escrevo para testemunhar e homenagear a
todos eles e a dizer que, o que nós precisamos de começo e abraçar a nossa
própria causa de fé, pois ninguém fara isso por nós. Hoje o dinheiro voga em
tudo, mais o seu dinheiro gasto em m trabalho pode ajudar em algo, mas não
em tudo. Você sempre estará escravo a uma consulta, isso porque você não
se consulta, não se entende e não se assume. Os meus guardiões nunca me
cobraram uma bebida, mais não tem porque eu não os agradar. Nunca me
disseram que era para fazer assentamento, mais fiz seu ponto, desmanchei
varias vezes e refiz, mesmo com pouco dinheiro busquei agradar. Se sentia
sede de beber uma cerveja, entendia que isso podia ser reflexo deles, então
bebia eu e eles também.
Não foi fácil aceitar essa vida sozinho, mais é melhor você conhecer os
seus do que invejar o dos outros, pois os seus guardiões fara o mesmo que os
meus fazem, se você busca-los com paciência, e ainda afirmo uma coisa, eles
odeiam a ansiedade humana e se afastam ou silenciam de verdade, até que a
pessoa se acalme, então eles voltam e dizem o que devemos fazer, mais o
bom é não indagar mais obedecer e pedir ajuda naquilo que você se achar
incapaz.

51
CONHECIMENTO
X
EXPERIÊNCIAS

52
Pensar em espiritualidade à princípio, é pensar em temer a Deus acima
de todas as coisas e ter medo de morrer e ir para o inferno, ao menos para
muitos. A incerteza do que é a morte e do que acontece ao termino da vida
tem levado muitos a buscar de forma desequilibrada um refúgio salvador, e
não digo aqui que as pessoas estão erradas, até mesmo porque não existe
erros quando você está em uma vida sem um manual de instruções
autênticos, mais copiados, recopiados, revisados, atualizados e reatualizados
por mãos interesseiras de homens, que em sua parte buscam trazer uma
verdade absoluta de quem é Deus e do que é a vida após a morte. Nesse
desejo de nos definirmos ou de nos redefinirmos, buscamos o que mais nos
convém a priori, depois vamos vendo erros humanos, horas erros divinos,
faltas, desvios de condutas por partes dos “sábios”, religiosos, gurus... mais
isso tudo é, para mim a verdadeira evolução. Os animais migram quando de
forma intuitiva entendem que aquele ano a chuva não será boa, ou será
demais e para se protegerem ou garantirem a sobrevivência mudam de lugar.
Acho isso a coisa mais divina que existe e que para mim transcende a
inteligência humana, porque no reino animal só os tolos e distraídos é que
morrem mais cedo, ou antes da hora e isso se reflete na figura humana, os
acidentes, mortes prematuras e outras tantas catástrofes existentes. Estamos
tão distraídos com o “ter” que esquecemos literalmente de “SER”, e quando
queremos ser, queremos ser até demais ao ponto de nos acharmos “deuses”,
e até ouso a dizer que, teologicamente falando somos deuses, já que somos a
imagem e semelhança de um Deus supremo. Temos esse maravilhoso dom de
mudar, de se transformar, de evoluir, como todos temos de igual forma, ao
menos segundo a bíblia, pois lá está escrito: “Porque para com Deus, não a
acepção de pessoas”(Rm 2:11)
Falar de espiritualidade é mexer a fundo na história e vê que a maior
luta do homem foi está no centro do poder e não Deus, e você pode entender
o que quiser dessa frase, mais posso explicar isso com muita propriedade e
facilidade, pois passei por anos no cristianismo não como um devoto de
santo ou um seguidor de padres famosos, ou mesmo como um entusiasta de
banco de igreja, mais tudo o que pude fazer para conhecer a Deus e a
verdade eu fiz, mesmo sabendo que a verdade é um poço infinito de ideias e
conceitos, o que chamamos na teologia de Mistério. Para se ter uma ideia
dos fatos passados e presentes dessa religião, hoje o berço do cristianismo
que era a Europa, hoje já não é mais.

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Eles sofreram todas a retaliação do cristianismo, eles viram suas vidas
espirituais sendo podadas a quase nada, ou a uma escravidão religiosa sem
precedentes. Para muitos leitores a vida dos santos é uma base de fé, mais
para a igreja nunca foi, pois, os santos da igreja católica não eram atacados
por demônios espirituais, mais sim eram atacados pelo medo constante das
acusações e da represália cristã. Muitos não veem como eu vi ao ler e estudar
a vida dos santos, a perseguição diária, as torturas psicológicas por partes de
superiores, padres, o medo do juízo papal, e o pior de tudo, o medo da
inquisição, que acompanhavam essas pessoas diariamente e até mesmo em
seus sonhos noturnos. Muitos buscaram a vida religiosa nos conventos e
mosteiros, como eu também o fiz, em busca de uma intimidade maior com
Deus, ou até mesmo, em busca de ser uma pessoa mais pura e longe do que
se define como pecado. Não é uma vida fácil, vestir um habito religioso,
enfrentar irmãos mais velhos dentro do convento, cheio de libidos
aprisionados e muitas das vezes como eu mesmo vi, sendo assediado
moralmente e sexualmente para ver se você desiste daquele lugar ou se você
cai na “tentação” e sede aos prazeres daqueles.
Naqueles tempos muitos jovens e até adolescentes eram dados a
conventos na Europa pelos seus pais, porque esses achavam que um dos
filhos servindo a Deus e se tornando um religioso traria a salvação a sua
família quando estes morressem. O desespero causado pela falsa ideia de que
existe um inferno e um diabo, que outrora nos primeiros séculos foi uma
construção monástica dos padres agostinianos e que foram tendo força à
medida que a população menos instruída, analfabeta, pequenos agricultores e
fazendeiros, iam entregando mais e mais dízimos e ofertas a igreja para evitar
que esse “suposto diabo” invadisse suas vidas e lhes levassem ao cárcere do
inferno. Posso, mais uma vez com propriedade, dizer que a existência desse
lugar fere gravemente o amor incondicional e misericordioso de Deus.
Primeiro porque Deus criou o mundo e nós não fomos consultados, não
sabemos para quê e nem porque Ele o criou. As histórias bíblicas são de suma,
vagas em excesso, confundem mais do que o que explica dando margem a
ideias fantasiosas e descabida, sempre com o intuito de levar a pessoa a uma
escravidão e não a liberdade que Deus determinou que o homem teria. O que
de fato temos como base é o que espíritos disseram a seus médiuns e que a
natureza revela como saber primordial: “Você não vai plantar maça e colhe
uva, nem tão pouco em um pé de abobora você encontrará maça”. A natureza
dos fatos mostra o real da vida.

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Quando fiz um estudo com Rabinos Ortodoxo de Israel, judeus
autênticos, e isso é possível graças à internet, e deixando claro, os judeus não
vivem lhe chamando para se converter ao judaísmo, mais lhe convida a
pensar na vida de uma forma bem espiritualista, diferente daquele Judeu
pintado pela igreja cristã, como o cara que matou Jesus e que de fato não foi e
não é uma verdade, que até um dos Papas atuais da Igreja Católica confirmou
isso e pediu aos judeus perdão. Então fica a interrogação na sua cabeça,
“quem matou Jesus já que não foram os judeus?”, bem isso é assunto para
outro livro, pois evidencias bíblicas são muitas se lidas devagar e sem ideias
prontas. Ao assistir em um documentário de TV, ouvi cientistas de diversas
áreas dizerem, que se não fosse o cristianismo o mundo estaria em outro grau
de evolução, muito além, e isso eu vejo por mim. Os mais de 28 anos que
passei no cristianismo minha mente só tinha dois pensamentos básicos, “Ser
Santo” e “Ser Salvo”, e como ia dizendo, no meu estudo judaico descobrir que
a palavra Salvação no hebraico, já que essa é a língua base para o estudo do
Antigo testamento e não o grego e nem o latim, o significado da palavra
salvação está diretamente ligada a “mudar o coração”, são várias palavras que
envolve uma só, como, redenção, libertação.
Na síntese o que a palavra salvação pede na prática é que eu mude
meus sentimentos, ou seja, nós precisamos parar de desejar o “mal” ao outro
e deixar de nos enchermos de sentimentos que vão prejudicar nossa
evolução, e tudo isso brota da mente mais é potencializada através dos
sentimentos os quais direcionamos essa ideia ao órgão cardíaco, ao coração,
não que o coração transmita esse desejo, mais sua ação arrítmica define a
potência energética daquilo que pensamos e desejamos, mais tudo começa
na “cabeça”.
Agora veja, quem é que nos traz a salvação senão nós mesmos! Porém
toda consciência que é formada em nós parte de ideias, fundamentos,
dogmas e etc., e é nisso que devemos ter cuidado e não temos. Volto ao
começo desse capitulo quando afirmo que nossas buscas são cheias de medo,
porque ao invés de buscarmos a salvação dentro de nós, buscamos a salvação
na mão de outra pessoa. Veja bem! Pode uma pessoa buscar sua salvação no
médico estando ela sã? Se for um sim sua resposta, então seu lugar de culto
não é uma igreja ou um centro espiritualista mais sim uma clínica ou um
hospital. O seu mentor espiritual não deve ser um médium, ou um padre,
pastor...enfim, mais um médico!

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E porque não fazemos isso? Porque temos medo do diagnostico que o
médico ira nos dá, principalmente se for o de louco! Queremos sempre estar
certos quando estamos ainda errados. É por isso que a espiritualidade
aparece para nos dar a direção que são, em muitas das vezes oposta as
instruções do homem. Vamos aos exemplos, dando com base o que vivenciei
na igreja.
O relato que contei anteriormente sobre a empresa que eu trabalhei e
que tive da espiritualidade todo o acesso ao desvio de conduta do gerente
comercial me abriu as portas da prosperidade e com isso me abriria as
possibilidades de estudar mais e me dedicar com mais afinco a minha
mediunidade, ou como dizia meu mestre, a minha paranormalidade, isso
porque eu teria maior condição financeira e com isso teria o meu próprio
espaço terapêutico onde eu posteriormente poderia desenvolver meus
trabalhos espirituais de ajuda ao meu próximo, mais qual foi a minha
decisão? Ir de acordo com a suposta visão divina do pastor, que se dizia ser
um anjo da igreja, e por medo de errar e de perder a minha salvação terminei
perdendo tudo, até a minha popularidade, já que por fruto de suas loucuras
tive as pessoas afastadas de mim porque, na visão dele, eu virei um servo do
diabo por está estudando judaísmo e porque ouvi a voz da espiritualidade e
me isolei 30 dias em estado de meditação e oração. Graças a essa minha
iniciativa final consegui realizar o propósito da espiritualidade que era me
libertar do cristianismo e de suas verdades falaciosas, que no passado matou
e quase destruiu com o poder da espiritualidade e sua ação benéfica no
mundo e para o mundo. Com esse exemplo, acredito que provo, ao meu ver,
que, como diz o ditado, “nem tudo que reluz é ouro”. Nesse sentido a
bondade de Deus se manifestou a mim por meio de seres encantados do
mundo espiritual, caboclos, exus, doentes, anjos e espíritos da floresta,
simples assim, mais que foi muito difícil para mim naquele momento assimilar
e acreditar, senão por meio de provas, e estas eu tive.
Outro exemplo que dou, dentre vários que tenho, falo da manifestação
de Dona Padilha e da pomba gira cigana ao me revelar as farsas e os erros
escondidos de um outro pastor, ou da proteção que recebi quando um jovem
foi para me matar dentro da sala de aula quando fui professor de crisma na
igreja católica, da Cura do câncer da filha de uma mãe de santo que gerou a
grande polemica que me levou a sair da igreja, porque Deus não podia curar
um macumbeiro... mais o macumbeiro pode ir na missa e pagar dízimos e
ofertas que isso é justo.
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Macumbeiro pode casar na igreja, contando que pague o casamento, o
batizado, a crisma...enfim tudo, até mesmo a morte, para poder se salvar do
inferno. Confesso publicamente que quando missionário ataquei sim os
praticantes do candomblé, mais o fiz porque isso fazia parte do jogo religioso,
no final das contas eu queria que todos se salvassem, segundo a salvação
pregada pelo cristianismo, omitindo a liberdade que Deus deu a todos. Hoje
vejo por vários ângulos quem é, e o que é o ser humano. Não somo seres
impares, somos complexos, sofremos diariamente por incentivos e estímulos
internos e externos, somos serem emocionais, racionais, irracionais...
polarizados. Hoje somos o que ontem não queríamos ser e que amanhã
seremos o que hoje não desejamos ser. Fugimos de tudo, quando na verdade
fugimos de nós mesmos, deixamos de ser autênticos para ser o diferente que
é o outro. Eu não sou ninguém se não for eu igual ao outro. Temos medo de
mudar, de se transformar em algo melhor para não ofender o bom e
prejudicar o pior. Temos medo de ouvir a voz de Deus, dos espíritos ou de
seja lá quem for do seu mundo espiritual de fé ou mesmo de ciência. Nos
incapacitamos, mesmo sendo capazes, quando nos damos gratuitamente, ou
por um dedo de lagrimas motivacionais, às mãos de líderes que enganam
mais e mais, mais porque tem o nome de líder, seu ser paralisa, suas
potencias se enfraquecem e suas capacidades se esvaem.
É preciso um monte, 10 dias, 20 dias, 30 dias, ou mesmo 1 dia inteiro
para deixar o espiritual falar, sem nenhuma interferência do homem, ou do
medo, ou dos conceitos. Na verdade, você não precisa de um monte como eu
precisei para me despertar, ou melhor, começar meu caminho de despertar,
mais você precisa, necessita de dias sozinhos, enfrentando a princípio, seu
medo de sentir medo por estar só, buscar, como disse Osho, sua solicitude e
não a solidão que gera o vazio, mais um momento a sós, com um cadernos,
caneta na mão, um candeeiro e fogo a lenha, nada de atual, e dizer para o
tempo e o vento, “estou aqui pronto ou não, mais preciso me conhecer, saber
quem de fato estou sendo, e o que quero ser e o que devo ser...” Com a
coragem de querer encontra um caminho de luz, que ninguém, nem centro
espiritual, nem igreja nenhuma irá dar, pois o senhor de você é você mesmo,
com isso verás que você, como um imã atrairá para si tudo que lhe é
semelhante e que te ajudará a evolui, e os que tiverem polaridade adversa a
sua polaridade existencial, se afastarão e nem mesmo conseguirão encontra o
caminho de volta a ti. Por isso que afirmei que a verdade está na criação,
olhando minuciosamente encontrarás respostas claras e infinitas.

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DONA PADILHA,
A FEITIÇEIRA,
OXUM
E MÃE JUREMA
Perfeita Sintonia

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Minha experiência em uma tribo indígena se dá ao fato da visão que
tive em outro momento decisivo de minha vida, onde o grande Tupã me
afirma que eu precisava nessa vida honrar a minha ancestralidade indígena,
e foi por isso que comecei meus estudos sobre a minha família, agora não
mais como remanescentes judeus, mais como índios habitantes dessa terra
chamada Brasil. A partir daqui descobrir que uma parte dos meus bisavós
eram negros e bem negros, autênticos, outros tinha sangue europeu e outra
parte indígena, veja só que bagunça ancestral, mais pelo compromisso que
fiz no céu antes de encarnar terminei recebendo o legado de honrar um por
um, um trabalho que não é fácil mais que aos poucos venho me
reinventando com essas energias.
Quando ouvi a voz de Tupã ouvi também a queixa de Oxum, e quando
Ele me apresentou uma aldeia e me trouxe amigos já a anos afastados de
mim para me levar a esse lugar, vi como a espiritualidade se manifesta
quando firmamos um proposito com sentimentos sinceros e verdadeiros.
No dia da minha viagem para essa aldeia, yayá Oxum me aparece e me diz:
“Você não vai sem mim!” e passei a meditar como eu a levaria se eu não
tinha ibá de candomblé. Então ela me mostrou que a imagem dela tinha que
ir como representatividade da sua presença naquele lugar, e quando
cheguei lá nas margens de um rio estava um altar de Oxum. Fiquei
maravilhado com esse sinal e passei a acreditar mais ainda em sua presença
na minha vida.
O que vou relatar abaixo é uma experiência muito particular, mais
que acredito que vai mudar o seu modo de vê as coisas e principalmente
como devemos buscar o nosso sagrado de forma simples e desinteressada,
mas com compromisso.
A aldeia que fiquei possui índios de 3 etnias distintas ajudando no
resgate dos Tupinambás. Naquele ambiente de mata atlântica e de rios frios
de nascentes, tudo era magico. Acordar com os pássaros e dormir ao som
da mata e dos encantados a cantar, assobiar, a desmatar as matas, mais pela
manhã tudo estava igual ao dia anterior. Na minha primeira sessão da
jurema passei por 3 medicinas da floresta muito forte, mais com o auxílio
dela, Dona Padilha e de minha mãe Oxum. O nervosismo da nova
experiência deu lugar a confiança quando uma amiga alemã veio me
acompanhar e se tornou minha madrinha, e para mim foi lindo.
O que vi após o silencio da última dose de jurema foi uma voz me
convidando para sair do meio do povo e ir para a boca da mata, e com o
coração acelerado fui, até mesmo passando por cima das regras, já que eu
era um novato na medicina, mais o melhor é obedecer.

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Sentado no chão tudo a minha volta aos poucos foi se iluminando e
uma mandá-la de luz de mil pétalas se formou no chão onde eu estava
sentado, e as arvores me fez ver a vida que corria nela, tudo tinha veias e
sangue de luz pulsando da raiz as copas, eu fechava os olhos, abria, passava a
mão e a imagem era a mesma.
Trabalhei continuamente técnicas de respiração para me manter em
equilíbrio, pois a alegria era imensa, mais o medo de vomitar era maior, até
que surge uma mulher por detrás de mim e me dá as instruções de como me
comportar naquele momento: “só veja e não pergunte nada, você não irá
vomitar, eu estou aqui”, mais ao olhar para trás não havia ninguém, ao mesmo
tempo que ali estava. Na minha frente surge uma imensa cobra coral e
montada nela uma senhora de roupa de retalho de pano, um vestido, uma
capanga e um cachimbo na boca e ao se aproximar de mim dar uma risada
gostosa de se ouvir, mais trazia com ela sua filha, também montada em outra
cobra coral e ela, a mais velha se apresentava: “Eu sou a mãe de Nede (Nede é
o nome de minha bisavó), eu sou a feiticeira da mata a senhora cobra coral, o
meu veneno mata o homem, o meu veneno pode curar o homem e livra de
todo o mal”. Daquele momento ela passa a contar toda sua história, a morte
de seu marido em 1873 aproximadamente e o começo do massacre
tupinambá. A fuga deles para a atual cidade de Entre Rios, onde reside meus
pais, só que eles foram para mais longe da cidade nas terras vermelhas e que
descobrir que era onde minha bisavó tinha sua casa e que levou o nome de
feiticeira. Mostrou-me que a minha vida não dava certo pois todos eles
cobravam de mim uma postura de pajé, de líder espiritual, mais eu com medo
da sociedade e da família, fugia que nem caça do seu caçador. Enquanto ela
me contava, do ventre da cobra saiu milhares de pequenas cobras que se
amontoaram a minha volta, e sem pânico, ouvia tudo dela.
Então comecei a ouvir o canto de índias bem longe da aldeia e o soluço
de outra índia que chorava pela morte do seu marido. Era um canto de
lamento e dor, mais de desejo de vingança. Então ela me disse: “Escuta a dor
de sua mulher que ficou, mais você nessas terras morreu, 5 homens com
trabucos de fogo atiraram contra você e seu amigo, quando você desviava
esses homens para que elas fugissem para a terra de onde tu virias a nascer
anos depois (ela aqui fala de Esplanada a cidade onde nasci, e que minha mãe
não me esperava, mais quando meu pai foi visitar suas tias, eu despertei e
nasci na maternidade das Freiras Franciscanas).
E lhe digo mais, a mulher que faz parte da família do homem que nos
matou, está aqui nessa aldeia, a princesa sem coroa”. Acredite se quiser, no
outro dia essa mulher estava na boca da mata, em frente ao rio conversando
comigo e me contando sua história e falando do castelo que lhe foi herdado.
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Naquele momento tudo era novo, e nada disso era o que eu acreditava
mais era o que eu esperava ouvir. Ao fundo um uivar de lobo surgiu e dois
lobos, um cinza e um branco veio em minha direção, e um homem de língua
americana se apresenta como o lobo guará, meu ancestral indígena mais
antigo. Eu já o conhecia quando fiz cabala judaica e tive a experiência de ver
3 das outras vidas passadas que tive, e que depois de um estudo
aprofundado percebi que havia sentido o que me era dito, pois na minha
cadeia genética eu sou judeu por primeiro, e segundo historiadores
brasileiros, a língua tupinambá tem fonética hebraica antiga.
Foi uma hora com jeito de uma eternidade naquele “filme” real, minha
consciência era plena, tanto do que estava acontecendo dentro de mim,
quanto fora de mim, eu podia ver tudo como os espíritos veem, sem
mascaras. Mais para que eu não deixasse tudo despercebido quando a
sensação de leveza passasse ela me contou as reais intenções daquele lugar,
das pessoas. Apontou para mim quem era quem, quem era bom e quem era
mal e me deu prova com o passar dos dias. Minhas visões ficaram mais
aguçadas após a jurema e se eu ouvia, passei a ouvir mais e melhor.
Durante os outros encontros de jurema, ela foi me ensinando sobre a
vida, mostrando onde eu errei, no que eu deveria acertar mais não quis e
começou a traçar o meu caminho. Todos que me viam na jurema me viam
com olhos de cobra, e assim foi a pintura do meu corpo no dia da minha
iniciação. Momento um pouco desagradável, mais que eu relevo em nome da
experiência que tive. Por isso não consigo entender como as pessoas
tomando esse chá sagrado, ainda conseguem ser tão falsas consigo mesmo e
não encontram elevação. E comecei a estudar sobre isso, e de indígenas de
vários cantos da américa do Sul, ouvir, por testemunhos de vídeos, o mesmo
que eu experimentei e a força que essa medicina tem de nos transformar
interiormente.
Após essa experiência, até Dona Padilha parece que ficou mais viva, e
a revelação que ela me fez a respeito do meu relacionamento amoroso foi de
tirar o folego. Certa noite na minha barraca, após fumar meu cachimbo ela
me chama e me manda ver a traição do meu companheiro. Mais como
poderia eu ver a traição se ele estava na roça e eu a quilômetros dele? E ela
me mandou pegar o celular e abrir no azulzinho (facebook). Só que eu não
tinha a senha dele, e não decorei nem seu e-mail, mais, não sei como, ela fez
com que a pagina existisse lá. Eu fiz o que ela mandou e entrei na página dele
com o e-mail dele e o facebook nem a senha me pediu, já foi entrando em
tudo, e ao entrar no Messenger ela vai e me conta todo o dialogo dele com
outra pessoa, me diz o nome da pessoa, e onde está morava.

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Eu tremia igual vara verde e quando vi e li, pensei comigo mesmo: Cara
como foi que ela fez isso?? Ela é um espirito!!! Como ela pode estar aqui e lá
ao mesmo tempo se ela não é Deus onipresente??? Fiquei assustado, com
raiva, com ódio, grato...tudo ao mesmo tempo e decidir acabar de uma vez
por todas com esse relacionamento. Liguei para ele e disse tudo e mais um
pouco, pois estamos juntos porque em outra vida fizemos um proposito de
alma, não por minha livre opção, eu o vi como meu companheiro de outra
vida, mais que eu o desprezei porque eu era muito rico e de família nobre. A
cor da bandeira da cidade que eu morava é a mesma da cidade que moro
hoje, eu vi a minha morte, diferente das ideias kardecistas, eu cometi suicídio,
eu vi minha morte, e vi a dor dele por ter me perdido. Eu vi meu medo de ser
pobre e desprezado pela sociedade por estar casado com um homem, por
isso que nessa vida vim repleto de desejos suicidas na infância, com medo de
ser “viado” mesmo eu namorando diversas meninas, o medo de ser
desprezado pela família,..., enfim, meu medo da outra vida me acompanhou e
aconteceu o que eu não queria.
Me juntei com esse rapaz, que era de família humilde, mais eu de
família nobre, fui repudiado pela minha família, expulso de casa aos 38 anos,
sem ninguém da família me dar amparo, fui literalmente para a estrada, mais
ele não largou de mim. Fui obrigado a destruir com meus altares, queimar
meus livros, anos de pesquisa de psicologia, arqueologia, filosofia... meus
anos de estudos e esforços foram para o fogo, assim como minhas roupas e
tudo mais. Só tive algumas roupas em uma sacola. Mais os espíritos que me
acompanham, sejam eles quem forem, julgaram minha causa, e fui acolhido
imediatamente por uma família, dias depois meu preto velho e meus caboclos
me deram uma casa própria, de taipa, mais me deram. Em outro dia ganhei
cesta básica, panelas, e aos poucos fui construindo minha nova vida, ou seja,
nessa vida eu dei espaço para a superação, mais o desejo de cometer suicídio
me vinha, mais o amor desse rapaz por mim me confortava e eu não quero
vim em outra vida reviver tudo isso para poder aceitar ficar com ele.
Foi tudo muito forte naquela noite, mais fui disposto a me separar
dele. Mais ao chegar em casa no dia seguinte, fui tomado pelo espirito da
jurema, e entrei em transe profundo e ali estava as 3 mulheres. Dona Padilha,
A feiticeira da mata e Mãe Jurema, e elas me acalmaram e ele se libertou do
espirito que o a comoveu em falta. Na verdade, esse espírito o motivou no
intuito de eu me desgostar da espiritualidade e entender que eu tinha sido
enganado mais uma vez, e que a solução dos meus problemas era provocar a
minha própria morte, mais foi no dia 30 de novembro que houve a primeira
jurema dele,

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Naquele dia uma bruxa que frequentava a aldeia veio, e montou o altar
do casamento e me disse: “Não sei quem irá casar nessa noite, mais foi para
isso que a jurema me mandou” e depois de tudo pronto ela retornou a
capital. A noite nós dois recebemos o abraço da mãe Jurema, e mesmo com
diferenças, sobrevivemos juntos em amor até hoje e de hoje até o ultimo dia
das nossas vidas.
Dois meses depois, Dona Padilha me manda sair daquele lugar, me
revela algumas tantas coisas erradas e nossa vida tomou outros rumos de
superação, até neste dia onde estamos morando aqui em São Paulo, com as
benções e a provisão dessa guardiã.

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O CRUZEIRO

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Uma coisa que me intrigou ao chegar no candomblé foi a ideia de ouvir
muitas cantigas de exu falando de cruzeiro, e ao mesmo tempo os grupos de
exu catiços que afirmam fazer parte do cruzeiro, cruzeiro das almas, cruzeiro
do cemitério e assim por diante. Pode ser que ninguém tenha se perguntado
porque essas almas desencarnadas estão aos pés do cruzeiro, ou no meu
entender, presas ao cruzeiro. Vou contar um relato dos meus estudos cristãos,
algo que se conta nos bastidores, porque se você não sabe eu vou lhe falar a
verdade. Quando a pessoa é um cristão autêntico, ou melhor dizendo,
tradicionalista, tudo de ruim que acontece no mundo pode estar relacionado
ao diabo e aos espíritos que não obtiveram salvação por não ter abraçado a
fé.
Aí entra a minha indignação quando um caboclo ou um preto velho, ou
outra entidade do candomblé vem afirmar a uma pessoa que para ela está
salva de ataques espirituais ela deve estar batizada na igreja católica. Bem! Se
eles dizem isso tenho duas ideias básicas do ponto filosófico e cientifico, ou
esses espíritos estão de fato presos a uma egrégora da consciência de medo e
opressão (o que aconteceu em vida devido a evangelização missionária cristã
e suas ideias teológicas), ou esse medo é puramente do médium que, não
querendo ser desprezado ou discriminado pela sociedade cristã julga ser
necessário o batismo para você se safar dessas acusações. Mas existem
muitas ideias a cerca disso para se destacar e que pretendo fazer mais
adiante.
As cruzadas foi uma ação da Igreja católica medieval com a finalidade
de garantir aos cristãos a peregrinação a cidade de Jerusalém, a terra Santa,
onde os cristão teriam a proteção garantida da igreja de ir e vir a Israel visitar
os supostos locais sagrados onde Jesus andou, passou, morou, pregou e etc.
até hoje não entendo como essas pessoas descobriram esses lugares de
forma categórica, claro que com alguns achados históricos, que a meu ver, já
que estudei isso e sou pesquisador, não vejo muita coisa, mais é importante
para a comunidade cristã e respeito isso, mesmo sem comungar da ideia. Nas
cruzadas o maior símbolo era a cruz e em todos os lugares onde esses
cruzados passavam e se estabeleciam eram firmadas uma cruz como símbolo
de sua posse naquela terra. Mais o que muitos não sabem é que em muitas
aldeias que não haviam a fé cristã fundamentada a morte era a forma de
convencimento de tudo isso, e mais uma vez a cruz vem para abrilhantar a
ideia.

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Será? Claro que não, a cruz aqui entra como uma espécie de símbolo de
tortura espiritual e vou explicar como isso ocorre. Quando as terras
pertenciam a pagãos que não aceitava a conversão então, como todos sabem,
por ordem da inquisição, muitos eram mortos nas fogueiras ou de forma bem
pior que isso, como no caso de um jovem protestante que foi morto dentro de
um caldeirão de óleo quente em praça pública na Espanha simplesmente por
ter a bíblia na mão e que era proibido pela igreja católica, entre outras
atrocidades. Nesses vilarejos a cruz era posta e dizem alguns padres que elas
eram colocadas na frente ou encima dos lugares onde foram mortos ou
enterrados os “hereges”, e para quê? Para que a força (mística ou feiticeira) da
cruz infernizasse a alma daquele que não aceitou ser cristão. O símbolo da
cruz era uma tortura a alma até mesmo depois de sua morte, já que na ideia
católica, aquela pessoa não se salvou pela fé em Jesus Cristo. Aqui no Brasil
na época da colonização a cruz foi trazida pelos padres jesuítas como símbolo
de dominação de um povo. Celebrava-se uma missa e cravava a cruz naquele
local para espantar e afugentar os espíritos do “antigo culto” daquele povo
agora dominado. No caso do Brasil nossos índios.
Mais olhando bem e a fundo a história da colonização o que você vai
ver é um massacre indígena na colonização e a igreja que deveria ser a
propagadora da paz, como ela mesmo se alto intitula, ela é a propagadora da
morte por acusação de heresia. Aqui a história cristã se funde na história do
culto religioso dos índios. A grande mãe terra, segundo as histórias indígenas,
deu à luz a seu primogênito, porém, seu esposo havia saído para a caça
demorou a voltar, e a grande mãe foi visitada por um ser espiritual que deu a
ela a graça de conceber seus filhos sem o ato sexual comum, e desse ato
surge os gêmeos Guaraci e Jaci. Essa história que é contada de diversas outras
formas, tem um fundo que é interessante, a concepção do filho da grande
mãe é semelhante ao de Maria mãe de Jesus, só que essa mesma história se
funde em outras diversas ideias de história de outras civilizações, ou melhor
dizendo, em mais de 20 histórias existem uma mulher que recebe a visita de
um ser divino e dá a luz sem o ato sexual, com isso Maria e Jesus não são
exclusividades na história das civilizações ou nos contos da história da religião
de um povo. Pensar que Maria foi a única nos tempos de hoje é mera falta de
estudo. Acreditar que o Anjo Gabriel, em sua frase “bendita és tu entre todas
as mulheres”, outorga a Maria a graça de ser a única que concebe um filho
“sem pecado original” é uma profunda falta de estudo, por isso disse Deus ao
profeta “Por falta de conhecimento, meu povo perece”.

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Mais naquele tempo, sem internet, biblioteca livre, e informações
adicionais, os índios foram motivados a acreditar que Maria era a grande
deusa mãe, e que Jesus era o grande Deus sol, Guaraci. Mais havia os índios
que eram comandados pelo espirito de Deus, e esses não caíram nessa
armadilha missionaria, e se rebelaram, esses receberam o nome de “tapuios”
ou os rebeldes e saíram ou foram expulsos da tribo por não aceitar se render
a falácia missionária. Mais esses foram perseguidos na mata, muitos foram
alvejados pelas carabinas dos colonizadores e outros conseguiram fugir e
recriar sua vida, sem aldeia, longe do seu povo que se deixou levar pela
ignorância ou pela admiração do novo. Para que a terra não fosse
contaminada esses índios rebeldes eram expostos, mortos para a tribo e
enterrados, mais encima de seus corpos duas coisas aconteciam, ou se erguia
uma capela cristã ou um cruzeiro. Essa era a forma de castigar a alma desses
“rebeldes” por toda a eternidade, ou pelas badaladas do sino da igreja e as
missas, ou pelo peso da cruz (castigo). Para vocês terem uma ideia, em uma
cidade do interior um padre foi reformar o altar da igreja e precisou
fundamentar novos pilastras, e cavando um dos trabalhadores se deparou
com dezenas de ossos humanos empilhados e com eles alguns poucos
pedaços de cerâmica. Eu fazia parte dos apoiadores dessa construção e o
padre me chamou para eu ver o que era. Deduzimos que poderia ser um local
de cova coletiva, porém os ossos estavam empilhados e sobre estes havia
camadas de cal branco, pó muito utilizado no enterro de pessoas que
morreram por pestes ou doenças que não tiveram cura. Só que a realidade da
cidade era uma só. No passado era uma aldeia indígena que foi dominada por
um colonizador e transformada em fazenda, parte desta, pertenceu à minha
família. Na história da cidade o destaque sempre é para o branco e não para o
índio, e não se há registros de que houve um surto de uma grave doença que
tenha matado os índios que ali viviam, e se ouve foi provocada pela presença
do homem branco. Então, se de fato o que ouvir de padres e outras fontes
tem fundo de verdade, prova maior que está para mim não existe.
Vamos um pouco mais a fundo. Nos Estados Unidos existem
profissionais da paranormalidade que estudam fenômenos sobrenatural ou o
chamado postergai e esses pesquisadores falam que em cidades ou locais
onde pessoas foram torturadas e mortas, sejam por enforcamentos ou
queimadas, o que se constrói ali não prospera. Um padre exorcista já tinha
dito em uma palestra que onde houve morte de indígenas e ali se
fundamentou uma cidade, esta não irá prosperar porque foi sangue de
inocente derramado na terra.
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Ora minha cidade é mais velha do que a cidade de Aracaju em Sergipe,
e ela nunca sai do lugar. Outras cidades as margens da BR 101 prosperam,
crescem e se desenvolve, a cidade que eu morava não. E olhe que não é por
falta de oração, jejuns e outras práticas religiosas para se quebrar maldição,
até mesmo porque as terras outrora roubadas dos índios não são no mundo
espiritual terra de desbravadores ou de posseiros. Como falei em capitulo
anterior, a coisa é como se reza, “seja feita a sua vontade, assim na terra
como no céu”.
Como me dissera várias vezes Dona Padilha, “a sabedoria e os estudos
de vocês estão longe da verdade do que é o mundo espiritual”, e a cada dia
me aprofundo mais em lê e assistir vídeos de pessoas renomadas na
espiritualidade, seja ela cristã seja candomblecista, umbandista, ifaista... e no
final ela sempre me diz a mesma coisa. Existem coisas coerentes mais não
100% verdadeiras e que são propagadas como verdade absoluta dos fatos.
Mais como ela mesmo me disse, palavras dela: “Não importa qual religião
você segue, isso tem a ver com a condição espiritual que você se propôs a
realizar antes de reencarnar, os chamados acordos feitos no céu. Mesmo
feito, muitos se desviam, como foi o seu caso, em busca de uma melhor
verdade, porém, quando uma pessoa entende que seu passo foi errado e
frustrado, ao invés de cair em depressão ela se entristece, para, perdoa, e é
essa etapa que leva tempo, e quando esse tempo acaba, então a
espiritualidade vigente na pessoa impulsiona, por meio de sonhos e
inspirações, um melhor caminho a seguir. O mal do homem é indagar e
justificar os atos próprios e as determinações espirituais. Se a gente diz vai,
você deve ir e não perguntar o porquê tenho que ir, pois a fé nada mais é do
que acreditar na força que te move. Crendo então se cresce espiritualmente.
Claro que será notório um frustrado e deprimido encontrar você no caminho
decidido a lhe perguntar coisas do tipo: ‘Será que você ouviu isso mesmo?
Você tem certeza? Porque eu acho, eu senti, eu vi que você deveria ir por ali!
’. O verdadeiro sábio e líder não lhe indaga acerca de suas visões e locuções
interiores como os seus guardiões, ele lhe impulsiona a avançar, a crê. A
prudência não é a mãe do ‘não faça’, ela é mãe da atitude consciente e não
da covardia disfarçada, pois quando um filho de santo, como vocês chamam
no candomblé, fica o tempo todo desconfiando do que carrega ele só
enfraquece a sua busca e se distancia dos seus guias Mais quando ele com
consciência e devoção plena, acredita no que o guia fala, como um bom
devoto, ele só forma uma egrégora de força e luz que irradia tudo a sua volta
e todos os espíritos que estiverem ali, independente do que sejam, o ajudará
a avançar, outros dão a visão do que está certo ou errado naquela casa, ou
no pai ou mãe de santo, mais não incentiva o filho a se rebelar ou se revoltar

68
mais impulsiona o filho a ajudar a melhorar as coisas, seja com orações de
suplica e intercessão, seja com bons conselhos e assim por diante. Quando
você vê um revoltado querendo quebrar tudo e dizendo que é a força de exu,
fuja disso, você já sabe que não é. Vou lhe explicar porque. A força que
possuímos é a força de locomoção, agitação, trabalho, precisamos concluir
nossas metas para também conseguirmos, um dia, voltar a reencarnar ou
subir um posto...algo que ainda não sabemos explicar para você. Mais tudo
envolve o ser do encarnado. (Ponto!!) Se você está vivo então você é um ser
psíquico emocional, o muito que você carrega é adquirido dos outros e isso
você sabe por ter estudado, então entenda que parte de sua mãe, de seu pai,
de sua tia, de sua avó, do seu amigo que você gosta, do cara que você admira
ira reverbera em suas ações, com isso vai bastar uma só coisa – a cena, o
local do espetáculo. Muitas pessoas, assim como você viu na igreja
católica e na evangélica, não são movidas pelo espirito santo ou por exu, ou
sei lá quem, muitos, e muitos mesmo são movidos pelas tantas pessoas que
ela admira ou deseja ser. Um homem que deseja ser mulher mais não quer
ser viado, vai gostar de receber pomba gira, ele vai se abrir para essa energia
e ela vem ou não. Ele pode somente sentir a presença dessa energia, mais
claro que não vai querer ficar de fora da brincadeira, todo mundo ali
dançando e girando e ele parado? Jamais (risos) ele vai é se soltar mesmo,
mais lhe afirmo que isso não é mal ou ruim, nossas giras devem ser para
curar também as pessoas e fazer elas se sentirem livres, claro que com o
equilíbrio de não querer dá uma de exu e sair batendo nos outros. Mais isso é
muito complicado de vocês entenderem porque o ser humano é do extremo e
não do equilíbrio. A energia de exu é de equilibrar e não de extravasar. Nossas
gargalhadas são intimidadoras mais, você não sabia disso, elas demonstram
a nossa alegria de poder acessar o médium e poder se manifestar de forma
parcial e plena, quando o mediu é mais devoto, e nos sentimos vivos, por um
momento, mais o que nos faz bem é saber que ali vamos fazer o que
gostávamos e utilizar disso como magia para curar, ajudar e libertar pessoas.
É um ponto a mais para a gente. ”

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A DEVOÇÃO GERA
A INTIMIDADE

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A espiritualidade é algo muito complexa e de infinitas compreensões,
primeiro porque cada indivíduo é único. Do ponto de vista da parapsicologia,
algumas pessoas possui uma abertura maior que a outra, um campo
vibratório mais estabilizado do que o outro. Quem foi que teve a experiência
de Chico Xavier, (de abençoada memória)? Ninguém! Ele viu o que ele viu, ele
sentiu o que só ele sentiu e ninguém mais. Não dar para ensinar uma pessoa a
ser um Chico Xavier. Da mesma forma foram as experiências dos santos da
igreja católica. Posso atestar que em alguns as experiências foram surreal, de
levitações, a estigmas nas mãos, a visões com Jesus de diversos tamanhos e
formas, Jesus menino, Jesus sofrido e ensanguentado, Jesus glorioso...enfim
uma infinidade de realidades, mais ao meu ver e baseado nos estudos que fiz
no passado, cada um tem a experiência que sua alma deseja ter dentro da
egrégora religiosa na qual se encontra, se você é um Judeu jamais terá visões
com Jesus e isso é fato. Um africano nato também não. Se minha alma é mais
infantil porque, talvez, seu ser adulto ainda está preso a algum trauma
infantil, uma carência ou coisa parecida, sua conexão será com os seres de
mesma patente espiritual, ibejis, crianças, Jesus menino, Nossa Senhora
menina, e assim por diante. Julgar e avaliar isso, no meu ponto de vista é
estupidez, e é por isso que Dona Padilha sempre fala que nós e a nossa
sabedoria de nada vale para o mundo dos espíritos. Quanto mais cheio de si é
o homem, mais vazio da verdade ele se torna, então para não ficar no vácuo
do espirito estes vão criando teorias, teses, ideias sobre a espiritualidade
simplesmente no desejo de, ao meu ver, preencher o vazio que a soberba e a
autossuficiência lhes trouxeram.
Muitos julgam os erros do candomblé de antigamente, das doutrinas
europeias fixadas nos cultos, das roupas e etc., mais se pararmos para
observarmos com atenção, mesmo estando errados, já que hoje o culto
africano ao orixá está mais explícito e demonstra os erros dos ensinamentos
do candomblé, tanto acerca do orixá quanto do seu culto e da sua real
história, o candomblé tem dado certo para outros, mesmo quando para uns
não dão. Vejo hoje um mar de revolta de algumas pessoas que acham que vão
destruir o erro em um passe de mágica e me ouso a afirmar que não irão.
Assim como não irão acabar com todas as histórias da igreja Católica, mesmo
muitas dessas sendo mais invenções e não fatos, e não irão consegui. Como
me explicou Dona Padilha “Existem pessoas que precisam estar ali para fazer
o papel pelo qual se propôs antes de reencarnar, nisto está a justiça. Quem
procurar a verdade de coração e alma contrita, encontrará, aos poucos, e com
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muita luta, o fio da meada, e poderá, em passos lentos se transformar, mais
quem desejar dar uma de Deus e querer mudar o mundo da noite para o dia,
terá seus dias de glória finalizados em dias de tristeza e angustia.”
“A ninguém foi dado o direito e nem o dever de invadir a liberdade do
outro. Que deseja ser escravo que seja, ou da verdade ou da mentira, mais no
destino do homem, aconselho que ninguém intervenha, nem mesmo se for
convidado pela pessoa, a não ser que esteja no seu destino ajudar o destino
daquela pessoa. Afinal de contas, no mundo dos espíritos nós nos
comunicamos com muitas pessoas, e quando encarnamos essas pessoas
sempre estarão próximos de nós, como já falei que está escrito, ‘assim na
terra como no céu’ não há diferença, mais respeitar a liberdade do homem é
crucial para a evolução. ”
Como disse, foi a minha devoção que me levou ao maior contato
espiritual, não foram os livros e nem os conceitos de quem quer que seja. Fui
muito teimoso com a espiritualidade mais não por ser uma pessoa rebelde,
mais por ânsia a verdade sem interferência humana. Aos poucos fui
ganhando os favores espirituais e para cada ação uma explicação para que eu
não faça besteira ou imponha as pessoas meu conceito, pois ele é meu.
A devoção cria em nós uma força magnética de atração, e essa
devoção deve ser sim um diálogo continuo e sincero com a espiritualidade.
Quando rezamos o Pai nosso e a Ave Maria, estamos criando uma conexão
de invocação e suplica, quando essa invocação é feita nos dias que você não
tem vontade ou não está tão bem, aí é que ela se torna mais forte. É como
um carro subindo a ladeira carregado, se ele parar ele desce e o acidente será
fatal, então você deve tirar da macha leve 4ª ou 5ª, desacelera e colocar a
marcha de força, 1ª ou 2ª, essas marchas consomem mais combustível, mais
conseguem levar o carro ao topo. A mesma coisa é na devoção, você está
cansado pelos fardos que carrega, mais lembre que você está subindo uma
ladeira, você precisa colocar uma marcha de força na devoção, ou seja, você
deve mesmo sem forças, dar um gás a menos, porém continuo, para você
conseguir vencer aquele cansaço e solucionar o problema.
A devoção é um ato de familiaridade com o ser que se cultua, é um
diálogo continuo de “comadres”, é uma partilha das experiências do dia a dia.
Não precisa estar em uma igreja ou terreiro, você precisa estar com você
mesmo, é o bastante. Ninguém escuta a voz do seu guia melhor que você
mesmo e outra, ele é seu guia e não de outrem.
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O líder espiritual pode ser o cara mais sábio do mundo, mais ele não tem
a capacidade de acessar o seu mundo espiritual por si só, a não ser por meio de
um oraculo, ou, caso você esteja debilitado de alguma forma, seu guardião
utilize dele para dar uma direção básica para você encontrar o caminho, mais
no fundo no fundo, eles querem falar com você, em particular, a sós.
Em uma consulta um homem afirmou que meu exu era Tiriri, mais uma
só vez falei com esse exu e nunca mais. Dona Padilha me disse que seu
companheiro de jornada é o Srº Tranca Rua e este já veio a mim varias vezes,
sempre me aconselha, mas não quis contestar porque o “babalaô” é meio
descompensado emocionalmente. Quando sair da consulta e cheguei em casa
ela mandou eu pegar meu fumo e sentar na praça que ela tinha que falar
comigo. Entrei em transe e o fumo demorou três horas acesso e enquanto
fumava ela me deu uma aula que eu não esqueci. Naquela noite ela me deu
toda a aula sobre quem era esse babalaô e mandou eu ir no samba dele para
testificar o que ela me disse, e assim foi, mesmo eu querendo ir embora
porque não aguentava tanta energia densa, ela me obrigou a ficar, e quando
voltei para casa ela mandou eu pegar meu fumo e ficou cerca de duas horas me
dando uma verdadeira aula sobre a necessidade que o home tem de se
amostrar colocando o exu como responsável de suas “loucuras”.
A mim Dona Padilha nunca pediu um assentamento, só um lugar para eu
colocar seu cigarro e sua bebida, e ela nunca me pediu uma coisa cara, e
quando comprei um champanhe mais caro ela me disse que o barato tinha
melhor sabor, ela é demais! A frase que ela me deu após esses episódios todos
foi esse: “Enquanto você obedecer sem pestanejar ou indagar, você terá e eu
realizarei, mais quando você querer justificar meus atos mediante sua
sabedoria ou a sabedoria de quem quer que seja, eu nada farei por você, pois
como já lhe disse, a sua sabedoria e a sabedoria dos homens que você
assiste, a mim não valem de nada, absolutamente de nada, estou aqui para
cumprir aminha missão não preceitos dos homens”.
Meu sonho era aprender a jogar búzios, e ela me abriu as portas me
indicando uma pessoa por meio da internet, e por isso que digo que essa Dona
Padilha é mais tecnológica do que eu. Ela me trouxe aqui e ainda me fez buscar
meu companheiro na Bahia sem nem termos dinheiro para isso, e tudo em
menos de 24horas. Srº Tranca Rua só me disse que eu não podia passar de três
dias na minha cidade, e fomos obedientes à risca, e assim que chegamos aqui,
no outro dia o emprego já estava providenciado para nós dois e ainda a casa
para alugar.
73
PORQUE EXU

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Hoje muitas pessoas não falam mais comigo, supostos amigos se
tornaram meus inimigos e o fato de ter deixado de ser cristão, com toda
alegria de um liberto eu falo e agradeço a Deus por isso, hoje sou visto de
canto de olho e como um maluco, mais isso não me incomoda mais. Quando
era católico, e eu gostava do que fazia, amava meus alunos e discípulos,
tratava-os como meus filhos, não com sentimento paterno mais sim
materno, me dedicava dia e noite a eles, porém o vazio dentro de mim era
constante e quando esse vazio me sufocava eu me deparava com essas
entidades do culto ao orixá. Dona Oxum sempre comigo, e mesmo
perturbado eu meditava mais não podia ser o ‘eu’ que eu propus no Orum.
Vivia doente, sempre estava no médico cardiologista com falta de ar e
aceleração cardíaca. Apesar dos exames darem tudo bom e não demonstrar
anomalia isso intrigava o médico e me deixava muito mal, pois estava eu
sintomático mais sem doença alguma. Teve uma feita que eu tive um
problema sério o qual passei 50 dias de cama, tomando remédio psiquiátrico
para me manter dormindo porque ao acordar e me alimentar, minutos
depois estava eu com sintomas de quem teria um ataque cardíaco e isso era
feito para aguardar o resultado dos exames clínicos. Fiz uma tomografia
computadorizada do cérebro pois no ECG apareceu supostos nódulos no
cérebro e uma suspeita de tumores, e no final de tudo eu estava ótimo e
nada tinha. Então meu médico me fez a seguinte pergunta: “O que você está
fazendo contra Deus meu garoto? ”.
Sai dali arrasado pois a ciência não me dizia o que eu tinha, o
psiquiatra afirmava que eu estava muito nervoso, e como não está? Anos se
passaram eu nessa luta continua. Sempre em outubro eu adoecia e ficava
mal por meses até fevereiro. Minha família me arrasava e eu estava só na
busca por uma resposta. Fui para igreja evangélica e as coisas só tomaram
outra forma. Nesse tempo procurei vários psiquiatras na busca de um
relatório de loucura ou coisa parecida e sempre era diagnosticado com nada.
O que fazer? Fiz Psicologia na busca de encontrar a minha cura pessoal,
encontrei caminhos e tudo foi clareado quando, passei mal na casa de minha
irmã e fui encaminhado para um doutor e parapsicólogo. Como disse antes,
três meses passei lá em tratamento holístico. No reiki encontrei a conexão
comigo mesmo e com meus ancestrais que aos poucos foi crescendo. Ali
Dona Padilha se revela, ali ouvi as verdades dolorosa sobre o cristianismo e
as adulterações bíblicas, já que ele também estudou teologia, filosofia,
antropologia e era especialista renomado em doenças mentais, não podia ter
tido um mestre melhor na minha vida. Com ele não tinha achismo, ele não
consultava livros, ele era o livro, a enciclopédia.

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Tudo que ele quis saber ele foi a campo pesquisar, testar, não ficou na
sombra de outros ele fez sua sombra e sua luz. Nele tive a inspiração do que
eu queria ser e estou sendo, e ele me disse que a minha mediunidade entrou
em um patamar de paranormalidade. Minhas visões são além da
mediunidade, assusta as pessoas, e esse tipo de pessoa não é bem quisto nas
igrejas. Ele me falou sobre as dimensões do mundo espiritual com base na
parapsicologia e na metafisica, me mostrou que os homens “não sabem de
nada”, apesar de querer ensinar tudo e achar respostas obvias para tudo,
mais nem eles mesmos acreditam no que falam. E depois desse mestre sei
que não terei outro, pois ele é único. Conhecia o candomblé, a umbanda, o
espiritismo e outras tantas seitas espiritualistas mundo a fora. Ele tinha base
e força nas palavras e seu conselho para mim foi: “Seja você e esqueça dos
outros. Quem tiver de estar ao seu lado estará, assim que é. Agente só atrai
aquilo que vibramos”.
Nas suas histórias ele me mostrou que não só existe Jesus, mais existe
Orixás, existe Shiva, existe divindades aos montes, existe a fraternidade
branca... existe espaço para todos. O médium se comunica com uma só
dimensão espiritual, se é candomblé então só conseguirá acessar aquela
egrégora, como uma onda de rádio a qual a muitas frequências, mais
nenhuma é igual a outras. O paranormal ele é a antena que consegue
sintonizar a várias frequências modulares do espirito. Ele pode falar com exu,
com Jesus, com Maria, com Shiva...até com o papa se quiser, mais o difícil
para o paranormal é que são muitas energias distintas e o que é preciso é
escolher uma que dominará a cena, mais sem desprezar as outras, porque as
informações virão de todas as fontes de acesso e é preciso estar atento para
não se confundir.
Eu não escolhi exu, exu me escolheu porque eu me anulei, mais
quando necessário tenho a visita de outros seres, e diferente de antes, sou
receptivo. O rapé indígena aumentou minha conexão, a Jurema fortaleceu,
firmou, a meditação me equilibrou e Dona Padilha me iluminou, me guiou, e
ainda me guia, me instrui. Depois que ela me contou quem ela era, sua
história tudo mudou de forma e sentido. Vi que meu exu catiço é alguém de
perto de mim, no caso dela, ela é minha tataravó por parte de minha mãe,
Srº Tranca Rua é o que foi seu marido, Exu Caveirinha foi seu filho que após a
sua morte devido ao parto de uma menina, ele veio embora para São Paulo e
ninguém mais teve informações dele. Uma pessoa que foi esquecido pela
família, assim como eu em parte.

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Minha êre Rosa é a filha que dona Maria Padilha Perdeu no parto,
ambas morreram. Rosa apareceu fisicamente para mim, para minhas duas
sobrinhas e para meu filho de criação, nós quatro vimos quando ela me
chamou e disse seu nome – ROSA. Ela era uma menininha linda, com o
vestido todo rosa de vual e com um laço na cintura e outro na cabeça, mais
isso tudo aconteceu comigo porque a minha devoção sempre foi verdadeira e
não interesseira. Dona Maria que também é o nome de Padilha, era filha de
uma índia que casou com um europeu, por isso que ela me disse em sua
conversa “Eu sou uma índia mais sou europeia”, no assentamento dela que
eu quero fazer como local simbológico, ela me pediu somente uma coisa, um
penacho indígena. Ela foge desses padrões pré determinados pelos homens, e
eu amo isso, pois faz ela única. O axé dela é meu e de mais ninguém, ela me
inicia porque ela está dentro de mim e não fora. Outros Exus sim precisam
dessa iniciação, pois eles são da estrada, do caminho, alguém que não tem
nada a ver com você de forma familiar e que você precisa dele para ajudar em
sua caminhada. Esses precisam sim de seus elementos em um assentamento,
mais ela não. Srº Tranca Rua só me pediu um cruzeiro com escadas e uma
cerca em volta, nada mais. Eles se comunicam porque eles fazem parte de
mim. Os outros exus me acompanham, como Srº Malandro, que é carioca,
dos parentes de minha mãe que viveram no Rio de Janeiro. A feiticeira da
Mata é minha tataravó e bizavó por parte de pai, um sinal que pedir a ela
material ela me deu, e hoje tenho o banco que ela sentava para fumar seu
cachimbo, bebe sua pinga e rezar o povo que lhe pedia. Por isso que está
escrito na bíblia cristã essa frase antiga dos sábios e que foi atribuída a Jesus
Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” Como diz uma
canção: “É preciso amor para poder pulsar”, não adianta querer ter um exu,
um orixá, uma divindade ao seu lado, é preciso ama-la, reverencia-la. Não é o
luxo, mais é a simplicidade da devoção que lhe faz campeão e conquistador
de sonhos.
Muito teria para contar ainda, mais deixo para outra oportunidade, pois
esse livro é dedicado a eles, mais exclusivamente a Elas, a Ela que em outro
plano cuida de mim, vela por mim e me faz ter somente o que eu preciso para
viver bem essa vida, para no dia da minha partida minha alma não está presa
a nada, nem ao cigarro, nem a bebida... a nada, somente a Deus e a luz. AXÉ
Ô!!!!

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Sobre o Autor
André luz é baiano, naturalizado na cidade de Esplanada, residiu por toda
sua infância na cidade de Entre Rios na Bahia. Foi nessa cidade que ele teve
suas maiores experiências mediúnicas. Filho de um conceituado fazendeiro e
de uma mãe e professora renomada, viu na pressão social uma barreira para a
sua elevação e principalmente para suas práticas espirituais. De Família Católica
tradicional, motivo pelo qual se dedicou ao sacerdócio missionário após ter
saído do candomblé em 1999. Após sua experiência como monge Beneditino,
se lançou as missões enquanto fazia seus estudos teológicos. Levou seus
ensinamentos para muitas cidades do sul do Brasil, onde teve grandes adeptos.
Fundou uma comunidade cristã católica de leigos, com jovens de diferentes
idades para ajudar famílias carentes e na recuperação de dependentes
químicos. Infelizmente, devido a grande perseguição religiosa que sofria devido
seus dons, foi obrigado a se afastar de suas atividades devido seu estado de
saúde que estava por um fio. Por sete anos frequentou a igreja Evangélica onde
se destacava no meio dos jovens como um grande líder juvenil, sendo nessa
época em que cursou a faculdade de psicologia mais viu n terapia Holística o
caminho que deveria seguir. Por conselho de seu mestre de Reiki, um
renomado parapsicólogo, deixou os passos finais da psicologia e se aprofundou
na sua espiritualidade , buscando conhece-la sem medo da imposição social.
Estudou cabala judaica com rabinos renomados de Israel, e foi após uma visão
cabalística sobre suas vidas passadas que todos os processos espirituais se
desencadeou e seus planos de ser um Judeu ortodoxo foram por agua abaixo.
Após mais de 22 anos André se rende a sua espiritualidade ancestral e
desvenda os segredos de sua espiritualidade, bem como de sua Guardiã Maria
Padilha, que começa uma caminhada de descobertas e conflitos. Mesmo
atuando como terapeuta e utilizando de suas visões e mentoria de caboclos e
pretos velho para atender as pessoas, André preferiu seguir seus conselhos e
ser somente um terapeuta das almas tão somente com a força de Deus e de
sua ancestralidade.

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