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INTRODUÇÃO A

QUIMBANDA
Templo Caminhos da Serpente

Tata Caratu
Rogerio Giusto
CONTENTS

Title Page
Apresentação
Breve História da Quimbanda
Apêndice 1 Linhas & Reinos
Apêndice 2: Literatura que Abordou a Quimbanda até a
Década de 1970
Reinos da Quimbanda
Reino das Encruzilhadas
Reino Das Matas
Reino Da Kalunga Pequena (Cemitério)
Reino Das Almas
Reino Da Lira
Reino Da Kalunga Grande (Praia)
Glossário
Anexo: Visão de Mestre Jean Favaro (Nganga Njira) sobre
os Reinos de Quimbanda
Apêndice: Algumas Classificações de Reinos, Povos e
seus Chefes
Exemplo 1
Exemplo 2
Incorporação
Apêndice 1: Algumas Categorias de Seres no Plano
Espiritual
Apêndice 2: Os Seres Encantados
Apêndice 3: Saudações de Exu e Pombagira
Apêndice 4: Os Chacras
Atlas
Doutrina de Quimbanda
Práticas Devocionais e de Elevação Pessoal
Anexo: Alguns Mudras
Vegetais no Culto de Exu & Pombagira
Algumas Plantas e sua Utilização no Culto de Exu &
Pombagira
Glossário
Apêndice 1: Algumas Observações Sobre a Nomenclatura
Botânica
Apêndice 2: Os Tipos de Sangue
Anexo 1: Atlas Botânico
Anexo 2: Plantas e suas Relações Elementais
Anexo 3: Organografia Botânica e Correspondência
Planetária
Anexo 4:Plantas e suas regencias planetárias[36]
Minerais no Culto de Exu e PombagirA
Glossário
Anexo 3: Regênca Planetária
Anexo 4: A Magia das Pedras
Anexo 5: A Pedra de Poder
Fios de Conta no Culto de Exu & Pombagira
Oferendas no Culto de Exu & Pombagira
Defumação, Banimento e Limpeza no Culto de Exu &
Pombagira
Apêndice: Incensos
Atlas
Confecção de óleos e Pós no Culto de Exu & Pombagira
Pós
Óleos
GlossáriO: Pós e Oleos
Apêndice: Fases da Lua e Trabalhos Mágicos
O Conceito de Maioral
Anexo 1: Maioral, por Danilo Coppini
Anexo 2: Maioral, por Mestre Jean do Capa Preta
Anexo 3: Baphomet - Projeto Daemons
Glossário
Apêndice: Notas sobre Demonologia
Lúcifer
Belzebu / Belzebub / Beelzebuth
Astaroth
Belial
Leviatã / Leviathan
Anexo 5: Iconografia
Fontes / Sugestões Bibliográficas
APRESENTAÇÃO
Com o advento da era digital muitos segmentos e
tradições espiritualistas, ocultistas, etc. que antes eram
de difícil acesso (em muitos casos perseguidos e
ofuscados pelas religiões de massa), ganharam
visibilidade. Com a Quimbanda não foi diferente:
atualmente existe uma profusão de páginas da web,
contas de Instagram e canais no Youtube relacionados.
Isto é parcialmente bom e ruim. Bom pela divulgação e
visibilidade; ruim porque como em relação a tudo o que
ganha holofotes na mídia, existe muito material de
qualidade duvidosa e muita deturpação.
O Templo Caminhos da Serpente foi pioneiro ao
proporcionar em 2021 uma mentoria de Quimbanda,
cujo formato inicial foi com turmas tendo aulas online
em encontros quinzenais. A partir desse projeto piloto
se percebeu a necessidade de registrar o conteúdo das
aulas em material escrito. E assim, posteriormente, os
temas abordados na mentoria foram compilados, de
forma ampliada buscando agregar as referências
externas, o que resultou no presente volume.
É importante destacar que estamos tratando da
Quimbanda brasileira, aquela resultante da mescla
negra/indígena/europeia e que pode ser considerada a
mais genuína e representativa via espiritual no Brasil
que tem como essência a subversão à hegemonia das
religiões de massa, em especial ao Cristianismo; e que
foca seu culto à ancestralidade nas figuras de Exu e
Pombagira. Por esse motivo, constata- se neste material
a ausência de ênfase em Nkisis e outras divindades da
cosmogonia bantu. Por outro lado, houve a preocupação
de, em volume único, atrelar aos temas o máximo de
complementos, através de apêndices e anexos.
A abordagem de muitos dos temas apresentados
representa o entendimento da egrégora do Templo
Caminhos da Serpente, que possui viés luciferiano.
Consideramos que, sendo a Quimbanda um culto
necromante e necrosófico, a diversidade de
entendimento e ritualística que possa existir entre as
diferentes linhas, vertentes, famílias, etc., não redunda
em considerar esta ou aquela a “certa” ou a “errada”.
Na prática, é valido o que foi chancelado pelos Mestres
Espirituais, os Poderosos Mortos.
O Templo Caminhos da Serpente, através de sua
egrégora espiritual, de sua liderança sacerdotal e de
seus adeptos, deseja que este material de alguma
forma contribua para despertar a chama luciferiana no
âmago daqueles que sentem o chamado de Maioral.
Laroyê Exu!
Templo Caminhos da Serpente
Tata Caratu
Janeiro / 2023
BREVE HISTÓRIA DA
QUIMBANDA

A
palavra Kimbanda:

Ki (prefixo da língua kikongo, ou Umbundu, conforme


a teoria linguística) = grande
Mbanda = cura
Kimbanda = grande cura
Na cultura bantu, o título “Kimbanda” nomeava o
sacerdote, curandeiro, conselheiro, fitoterapeuta,
interventor; aquele que invocava e evocava os espíritos em
prol do povo de seu vilarejo e de todos que o buscavam,
para sanar problemas físicos e espirituais.
Feita esta explicação, ao longo do texto será utilizada a
forma aportuguesada “Quimbanda”.
Obs.: Para se compreender a formação da Quimbanda
como culto individualizado no Brasil, é preciso discorrer
sobre algumas outras práticas religiosas que a precederam,
em especial a Cabula, a Macumba e a Umbanda; bem
como elementos das culturas bantu e iorubá.
Os habitantes do ​antigo Reino do Congo são chamados
de bakongo e pertencem ao povo bantu. Na verdade, o
nome do povo kongo. Bakongo significa “povos
kongo”. Estes povos habitam a África subsaariana (abaixo
do Saara).
A partir do sec. XVI começou a escravização no Brasil,
sendo da linha bantu o primeiro grupo de negros que
vieram.
No final do séc. XV, o rei de Portugal, D. João II, enviou
uma delegação ao Reino do Congo, para visitar o
Manicongo (título do governante do Congo). Quem
coordenou aquela expedição foi Diogo Cão (um famoso
navegador português), conduzindo através do Rio Zambeze
uma comitiva do Reino de Portugal composta por
militares, comerciantes, sacerdotes, artesãos, etc., para
apresentar ao Manicongo aquilo que a Europa (em
especial Portugal) tinha, visando estabelecer laços
comerciais com o Manicongo, que também tinha interesse
em comercializar com a Europa via Portugal, que então
dominava as navegações, e posteriormente “descobriu” o
Brasil, em 1500.
A interação com aquele séquito de costumes e vestimentas
exóticos despertou um fascínio no Manicongo, que se
interessou em se converter ao catolicismo. Até então, as
práticas religiosas daquele povo eram autóctones [1], para
as quais se aplicava a palavra Mbanda, cuja ideia é a cura,
seja do corpo ou da alma. Então, as práticas de Mbanda
eram realizadas pelo Quimbanda, ou seja, o sacerdote de
Mbanda.
Ao se converter ao Catolicismo em decorrência daquele
envolvimento comercial, o Manicongo enviou seu filho
para estudar em Roma, e fez com que sua corte também
se convertesse, o que raramente significou que alguém
tenha se tornado um “católico apostólico romano” (de
acordo com o que a Igreja pregava), pois na prática, as
pessoas misturavam suas práticas e crenças originais com
as católicas.
O filho do Manicongo retornou de Roma como bispo
católico (o primeiro bispo na história da África) e começou
a difundir o Catolicismo entre o povo bantu. Muitos não
aderiram e foram ameaçados pelo Manicongo e seus
descendentes: aqueles que não se convertessem seriam
escravizados e vendidos como mercadoria para Portugal.
Quem não se converteu? Aqueles que praticavam a
Quimbanda, que já saíram do Congo com o estigma:
“quem pratica Quimbanda é do mal”. E isto se perpetuou
até a atualidade.
Os que se interessaram pela conversão foram fascinados
pela forma como os sacerdotes católicos divulgavam o
Cristianismo para o povo bantu, através de narrativas
sobre os supostos milagres de Jesus, que atraíam o público
na ânsia de agregar aquilo às suas práticas mágicas:
“como andar sobre as águas?”, “como curar cegos?”,
“como ressuscitar mortos?”, etc. A resposta dada era que
para isso seria necessária a conversão ao Catolicismo.
Os grupos de escravizados vieram para o Brasil
especificamente para 3 portos: o do Sul, o do Rio de
janeiro, e o da Bahia. Então, iremos encontrar povos
bantus nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Depois
adentram pelo Brasil (São Luíz, MG, etc.).
A primeira etapa da escravização envolveu aqueles que
não aderiram ao catolicismo.
A segunda etapa da escravização envolveu aqueles que se
converteram, mas não praticavam literalmente como
requeria a Igreja, misturando práticas católicas com as de
sua religiosidade original.
A terceira etapa da escravização eram os inimigos do
Estado (católicos ou não).
Esses 3 grupos já tinham a ideia da Quimbanda ou como
algo inerente ao seu povo ancestral, ou como algo “do
mal”.
Sempre houve uma relação de busca pela magia por parte
das pessoas junto aos escravizados ou alforriados. Então,
desde os sécs. XVI-XVII se encontrava anúncios de pessoas
que faziam atendimento com espíritos, inclusive em jornais
(“espíritos” era o termo, sem nenhum título ou
especificação). E a palavra Quimbanda era a utilizada
entre as pessoas para quem exercia tais práticas.
Aqueles grupos que chegaram no Brasil traziam suas
práticas, que aqui se misturaram com as práticas
indígenas, pois houve as trocas nos quilombos, depois a
Santidade [2], depois o Calundu, depois a Cabula, enfim
diversos cultos que existiram no Brasil antes de resultar na
Macumba Carioca. Inclusive o Candomblé também
flertou com tudo isso antes de ser realmente
institucionalizado como uma religião forte, no séc. XVIII.
Tudo isso se passou na história brasileira para entendermos
a Quimbanda. Quando chega ao séc. XX a Macumba é o
que dava a ideia da prática africana no geral.
A palavra Macumba era utilizada para designar a prática
do Batuque do Rio Grande do Sul, a prática do Xangô de
Pernambuco, a prática da Encantaria amazonense, a
prática do Toré indígena, a prática da Jurema no Nordeste;
tudo o que se praticava no Brasil fora da religião oficial
(Catolicismo) era Macumba (era um termo genérico), e
então essas práticas eram vistas como linhas “de tal
coisa”.
Até então a Quimbanda não era tão importante porque
não existia como prática individualizada. Existia a prática
espiritual no geral: incorporação de espíritos, a prática
oracular para previsão do futuro, o que se devia ou não
fazer, proibições (quizilas, ewós), enfim, como a pessoa
podia ter uma vida melhor. Tudo isto era abordado e
praticado naquelas religiões.
Quando a Umbanda começa a se fortalecer, dela são
retirados os elementos da Macumba (catárticos), que
foram relegados à Quimbanda e o próprio umbandista
começou a dizer: “o que eu faço não é Quimbanda,
porque eu não faço o mal”. E o que seria fazer o mal?
Ex.: Duas pessoas com as mesmas habilidades, formação e
experiência, concorrendo a uma vaga de emprego. Uma
delas procura alguém que interceda por ela, fazendo algo
que a favoreça, ou contra a outra pessoa (concorrente).
Baseado na ética cristã, essa pessoa que buscou
intercessão está incorrendo em erro, pois o correto seria
apenas ter fé, esperança e aguardar que na disputa fosse o
preferido para a vaga. “Correr atrás” para conseguir a vaga
seria, nessa ótica, estar fazendo algo de mal.
Esta visão cristã invadiu a prática, e o que não era “do
bem” foi sendo relegado à Quimbanda, rememorando os
tempos do ocorrido com o povo bantu. Mas quando isso
começou a acontecer, muitos dos próprios escravizados
praticantes, acharam uma boa ideia, pois isso lhes servia
de instrumento para ameaçar os outros (com o argumento
da magia, da feitiçaria). Então o escravizado se utilizou
disso como uma arma, de defesa e de ataque.
Quando no final do séc. XIX os cultos, especialmente a
Cabula na BA, ES e RJ, os Calundus da BA, ES e MG, e a
Macumba Carioca se estruturam, seguiu-se a Umbanda,
que começou a criar corpo nos anos 1920-1930. Então a
palavra Quimbanda fazia parte da Umbanda.
Assim, quando se fazia uma reunião de Umbanda, o que
protegia a sessão, a reunião, era a Quimbanda. Eram duas
coisas em uma só, duas faces de uma moeda: o
atendimento às pessoas era feito pela Umbanda e a
proteção do ambiente era feita pela Quimbanda.
Todo ritual de Umbanda era precedido pelo ritual de
Quimbanda, constituído por saudações a Exu, que era
quem protegia dos ataques espirituais, dos Ajogun [3].
A Quimbanda foi se separando da Umbanda, e se
especializando nos trabalhos daquilo que a Umbanda não
queria mostrar ou assumir que fazia (amarração, conseguir
emprego, prosperidade financeira, etc.). Para a moral cristã
não é conveniente ser rico (“o meu reino não é deste
mundo...”).
Em algum momento da história, ambas se separaram. Por
que isso aconteceu? Em decorrência daquela visão de que
a Quimbanda era algo do diabo (desde o séc. XVI com os
eventos relacionados ao Manicongo e à escravização dos
bantus).
Quando a Umbanda começa a se desenvolver, grande
parte de sua estruturação é feita por pessoas ligadas a
movimentos ocultistas e ordens iniciáticas de origem
europeia (Maçonaria, Sociedade Teosófica, Martinismo,
Rosacrucianismo, etc.), dos quais traziam seus sistemas
ocultistas típicos (Goetia, Magia Talismânica, sigilos
cabalísticos, uso de letras hebraicas, etc.) que acabam
sendo inseridos na Umbanda por meio dessas pessoas.
Então começam a surgir publicações de Umbanda com
essa perspectiva.
Surgiram os autores intelectuais, que entendiam que a
Umbanda vinha sendo “aperfeiçoada e sublimada” (leia-se
“branquificada”). Oliveira Magno em 1950 foi o primeiro
autor umbandista a utilizar o termo “Umbanda Esotérica
e Iniciática”. Em seguida vieram Woodrow Wilson da
Matta e Silva (Mestre Yapacani / 1916 – 1988 / Umbanda
Esotérica); Roger Feraudy; e posteriormente Francisco
Rivas Neto (Mestre Arhapiagha / 1950 – 2018).
Mas o que esses temas têm a ver com Umbanda? Em
princípio, nada.
Quando o livro de Leal de Souza (o primeiro escritor da
Umbanda) surgiu já trouxe essas teorias, logo nos
primórdios da literatura umbandista. Esse conteúdo
ocultista acaba inserindo muita informação estranha nessa
Umbanda que se desenvolve.
O termo Quimbanda já tinha chegado no Brasil com um
sentido muito deturpado, pois originalmente era a prática
de cura, e o Quimbanda era o curandeiro da tribo.
Começa a haver um distanciamento entre Umbanda e
Quimbanda, e dos anos 1940 em diante, a palavra
Quimbanda passa a ter uma ênfase nesse sentido
malignizado. As palavras Quimbanda e quimbandeiro
eram vistas de forma pejorativa. Se quisessem falar mal de
um umbandista, chamavam-lhe de quimbandeiro.
Em 1939 Paulo Gomes de Oliveira, em seu livro
“Umbanda sagrada e divina” coloca Umbanda e
Quimbanda como os ramos da Umbanda. E descreve que
Quimbanda é o que protege a Umbanda, a gira, o
trabalho do umbandista. Uma coisa fazia parte da oura.
Desde quando os missionários católicos chegaram na África
a figura de Èṣù (orixá) foi associada ao mal. Mas uma
questão é: no povo bantu não tem Èṣù, que é do panteão
do povo iorubá. São povos diferentes com culturas
diferentes. Como ocorreu essa associação? Como se coloca
Èṣù, que é uma divindade típica do panteão iorubá na
tradição bantu, que não tem Èṣù?
Existe no panteão bantu um ser cujos atributos se
assemelham aos de Èṣù, que é Pambu Njila (que significa
“senhor dos caminhos”, e é um nome masculino).
Os escravizados que vieram do povo irorubá também
traziam a ideia de que Èṣù é diabo, o que se estabeleceu
desde Samuel Ajayi Crowther (bispo anglicano que fez o
primeiro dicionário de iorubá e a primeira tradução da
Bíblia para o iorubá) que em sua tradução para o iorubá,
em todas as passagens onde ocorriam as palavras
“Lúcifer”, “Satã”, “Satanás”, ele colocou Èṣù.
Isso se refere aos iorubás que já chegavam no Brasil como
cristãos. Observe-se que chegaram no Brasil iorubás que
praticavam cultos tradicionais da África, iorubás cristãos e
iorubás muçulmanos. Havia cristãos e muçulmanos que na
África já estavam acostumados a ter suas práticas
ancestrais em paralelo a outra religião.
Associações começaram a ser feitas: Se a Quimbanda já
chega desde o princípio como “do mal”, e Èṣù é “do mal”,
então foram juntados no mesmo espaço e foi estabelecido
o entendimento da Quimbanda como sendo malévola.
Ainda com relação aos grupos ocultistas que influenciaram
demais a Umbanda que se estruturava, havia um outro
componente: os muçulmanos, que trouxeram com eles os
talismãs (tanto como símbolos, quanto os usados como
patuás). Por exemplo, as mandingas são de povos africanos
que já eram muçulmanos (hausa, Fulani) e juntaram-se
aos que já havia no RJ.
O papel dos muçulmanos (malês), tanto em Salvador
(Recôncavo Baiano), quanto no Rio de Janeiro, era algo
como a proteção dos terreiros. Então a associação: se a
Quimbanda protege a Umbanda, se os malês protegem
os terreiros, logicamente juntou-se malê com Quimbanda,
e surgiu um viés, começando-se a falar em Quimbanda
Malei. Mas a palavra vem do malê, que vem do iorubá
ìmàle (o muçulmano iorubá é chamado de ìmàle). No
Brasil ficou só malê.
Com esse contexto de os muçulmanos protegerem os
terreiros e a Quimbanda também proteger os terreiros,
uma coisa se associou à outra, e os talismãs que os
muçulmanos faziam foram modificados para serem da
Quimbanda também, misturando magia hebraica, com
magia árabe, com magia bantu, com magia iorubá.
Em continuidade, perpetuou-se a ideia do malévolo na
Quimbanda ao se anexar elementos de mitologias de
outros povos, reforçando que tudo aquilo que era malévolo
era da Quimbanda.
Quando se começa a falar de Quimbanda em Umbanda,
nos registros que existem sobre essas palavras, um
antropólogo chamado Arthur Ramos explicou nos anos
1930 sobre a Macumba, na qual existiam as linhas. Ele
colocou que entre os terreiros que ele pesquisou (foram
vários) a Macumba possuía as linhas:

Linha Cassange
Linha Caxambu
Linha Cruzada
Linha da Costa
Linha das Almas
Linha das Minas
Linha de Angola
Linha de Cabinda
Linha de Caboclo
Linha de Quimbanda
Linha de Umbanda
Linha do Congo
Linha do Mar
Linha Jeje
Linha Moçambique
Linha Mojolo
Linha Mussurumim
Linha Omolocô
Linha Rebolo

Tais linhas tratam-se de lugares de origem das práticas


mágico-religiosas ou da especificidade de cada uma delas
(Ex.: invocação das almas dos mortos). Ex.: a Linha das
Minas deriva da etnia fanti-ashanti, cujos elementos são
conhecidos por negro-minas do Brasil; a Linha
Mussurumim representa os negros malês, enquanto a
Linha das Almas invoca exclusivamente as almas dos
mortos.
A Macumba aparece então como o conjunto sincrético de
todas as linhas, praticadas por africanos, seus
descendentes, escravizados, ex-escravizados, enfim,
pessoas pretas, e depois as pessoas brancas que foram
entrando nesses rituais e práticas, que depois tornaram-se
religiões. A Macumba era isso, e no geral, sempre foi um
rito catártico (em que há catarse: as pessoas entram em
transe, se soltam, cantam, batem palmas, se expressam,
há um frenesi, e vão buscar nesses rituais a cura, para
todos os males, sejam eles físicos, psicológicos,
espirituais).
Os terreiros chamados de Macumba se propunham a
atender qualquer tipo de pedido. Então, quando a
Umbanda (já com este nome) começa a criar corpo e ficar
conhecida, em especial nos círculos da classe média,
branca, eurocêntrica (e logicamente racista), precisava
eliminar de si aqueles elementos catárticos.
Assim começou na Umbanda aquele argumento que a
Umbanda pratica o bem, enquanto a Quimbanda pratica
o mal. Mas quem falou isso? Lourenço Braga [4], em 1941,
na 7ª Sessão do 1º Congresso Espírita de Umbanda,
apresentou a tese (que depois se tornaria seu livro)
“Umbanda (magia branca), Quimbanda (magia
negra)”. Ele apresentou essa tese afirmando que a
Umbanda praticava o bem e a Quimbanda praticava o
mal.
Esta foi a primeira pessoa a estabelecer oficialmente essa
“função” para a Quimbanda, o que até então não existia
nesses moldes. O seu livro “Umbanda (magia branca),
Quimbanda (magia negra)” foi publicado em 1942. Sua
18ª edição foi em torno de 1967, ou seja, esse livro vendeu
muito e essa tese ficou impregnada no imaginário popular.
Mas a questão de a magia branca ser para o bem e a
magia negra ser para o mal já existia em Leal de Souza,
quando ele escreveu também sobre as 7 linhas da
Umbanda em artigos para jornal entre 1932-1933.
Mas o que era esse “mal” de que Leal de Souza e
Lourenço Braga falavam? Era o fato de as pessoas
pedirem aos espíritos coisas materiais. Isto faz parte das
ideias do Cristianismo invadindo a Umbanda, o que vai
redundar, em 1951, no livro “Exu” de Aluízio Fontenelle,
que foi o ápice de identificação de Exu com demônio, e foi
um marco na separação entre Umbanda e Quimbanda.
Foi-se criando uma nova forma de prática que só
começou a criar corpo da década de 1970. Quando
Aluízio Fontenelle escreveu seu livro “Exu”, já ocorria de
pessoas serem chamadas pejorativamente de
quimbandeiros, como xingamento.
Foi a primeira pessoa que definiu a Quimbanda como
“trabalhos com Exu” e comparou (estabelecendo paralelos
e equivalências) os Exus com os demônios da Goetia,
descritos nos grimórios medievais. E assim ele colocou
implicitamente que Exu é o Diabo.
Em seu livro, Aluízio Fontenelle diz:
“Fui orientado pelos meus guias espirituais, pelos
próprios Exus, e ainda, aliado ao meu profundo
conhecimento sobre a magia como sacerdote que sou
dos diversos cultos da Umbanda, além de conhecedor
real de todas as práticas que se exercem nos diversos
terreiros onde se praticam batuques, candomblés,
canjerês, etc., posso perfeitamente, como catedrático
no assunto, mostrar-lhes o que é verdadeiramente um
‘Exu’.”
Segundo ele, a palavra Exu não se originou de qualquer
língua africana (bantu, Jeje, iorubá, etc.), ameríndia, etc.
(ele vai contra a origem etimológica da palavra Exu, que
na verdade vem do iorubá Èṣù). Ele afirma que essa
palavra foi pronunciada por Deus na língua “Ijudice”, que
seria uma língua dos espíritos.
“Quando Deus por ocasião da revolta ocorrida nos
páramos celestiais entre os anjos que faziam parte da
suprema corte do céu, Lúcifer, o anjo belo, pretendendo
a supremacia dos direitos que lhe outorgara o criador,
como chefe de seus subordinados julgou-se no direito
de ser maior que o próprio Deus. Por ocasião foi-lhe
imposto então a pecha de Exud, que quer dizer ‘povo
traidor’, e enxotado foi condenado a habitar as
profundezas tornando-se este o seu reinado.”
Posteriormente Aluízio Fontenelle situa Exu no “pecado
original”, como sendo a serpente do paraíso que tentou
Eva e depois tentou Adão. Uma construção toda embebida
na tradição cristã.
E esta é a pessoa que depois foi copiada por outros
inúmeros autores, que foram comparando os diversos Exus
que vinham na Umbanda e depois na Quimbanda, com
seres da Goetia.
Em 1959 ocorre um problema na comunidade afro-religiosa
do Rio de janeiro: uma comoção decorrente das oferendas
que eram colocadas em várias localidades da cidade. As
pessoas reclamavam, e os umbandistas se esquivavam,
dizendo que aquilo não era coisa deles, e sim dos
quimbandeiros. Então a sociedade passou a atacar o
quimbandeiro como um sujeito além de malévolo, sórdido,
que colocava as oferendas no meio da rua, inclusive com
animais sacrificados.
Passou-se a se desenvolver ritos iniciáticos para a
Quimbanda. A primeira pessoa que estudou
academicamente a Quimbanda foi Arthur Ramos, que
disse ser a Quimbanda um culto bastante reservado,
praticado somente por pessoas iniciadas. Mas ele não
registra como são feitas as iniciações, o que precisa ser
buscado de outras formas. Como se chama o sacerdote
de Candomblé Angola? Tata Quimbanda é o nome
clássico. A Quimbanda era muito mais ligada à tradição
Congo-Angola, do Candomblé Angola, então muitas das
práticas iniciáticas típicas do Candomblé Angola foram
introduzidas nas iniciações da Quimbanda. Desta forma,
na iniciação da Quimbanda se encontram elementos
muito próximos do Candomblé Angola, pois foi nesse
universo que ela ficou mais forte, lembrando que as
práticas da Umbanda e da Quimbanda têm raiz bantu.
Conforme foram surgindo vertentes, estas foram
diferenciando seus ritos iniciáticos.
Posteriormente foram sendo criadas Quimbandas com
base naquilo que o próprio Lourenço Braga fez, de
colocar as 7 linhas da Quimbanda. Lourenço Braga
segue o exemplo de Leal de Souza, ao falar de 7 linhas,
mas fala de acordo com sua opinião, embora copiando bem
próximo Leal de Souza; e vai colocar também as 7 linhas
da Quimbanda tendo como dirigente um santo católico
(São Miguel Arcanjo). Ou seja, segundo ele, a
Quimbanda é chefiada por um santo católico (!?).
Dentre essas linhas existe a Linha Malei, que vem da
palavra malê, que vem da palavra ìmàle (muçulmano em
iorubá). Mas existe também outra abordagem: teria a ver
com o Orixá Malê (ou Mallet), que foi o “orixá” (o
entendimento sobre o que seja orixá na Umbanda é
diferente de seu entendimento original africano) que trouxe
as práticas mágicas para a Tenda Espírita Nossa
Senhora da Piedade em 1913, quando ele se manifestou
pela primeira vez em Zélio Fernandino de Morais (o
nome Umbanda não exista) e em sua homenagem o
próprio Zélio falou que aquilo que eles praticavam se
chamaria “Alabanda” (a Banda de Allah). Isto consta em
vários livros e existe uma gravação com o próprio Zélio
declarando isso.
Algumas diferenças entre a Umbanda e a Quimbanda:

A Quimbanda geralmente é buscada para atender


as necessidades mais físicas, mais materiais, mais
imediatas;
A ritualística é diferente;
O sacerdote/dirigente na Quimbanda é chamado de
Tata, enquanto na Umbanda é zelador, babá, pai de
santo, pai, etc.;
A Quimbanda repudia integralmente a moralidade e
os valores das religiões abraâmicas (Judaísmo,
Cristianismo, Islamismo), bem como a de qualquer
religião de massa; ao contrário da Umbanda, que é
impregnada de catolicismo/cristianismo.
Na Quimbanda há símbolos tatuados no corpo
conforme as iniciações;
Na Quimbanda é necessário que se conheça seu
Exu, pois na iniciação há um pacto com ele (no caso,
os Mestres pessoais). Há outros pactos ao longo do
caminho iniciático até se tornar um adepto apto a
ter um templo e iniciar outras pessoas;
Há vertentes que inseriram elementos do culto a Ifá
na iniciação à Quimbanda;
Há vertentes que entendem que é obrigatório que o
adepto tenha a mediunidade de incorporação para
ser iniciado na Quimbanda, outras não;
Normalmente não há “giras” abertas de
Quimbanda, apenas sessões fechadas;
Há correntes que entendem que Umbanda e
Quimbanda obrigatoriamente devem trabalhar
juntas – são como duas faces da mesma moeda,
sendo a Umbanda a “direita”, e a Quimbanda a
“esquerda”;
Há correntes que entendem que a Quimbanda é
oriunda da Umbanda, e que, portanto, abarca o
mesmo “panteão” de entidades com a qualificação
de quimbandeiro (Ex.: caboclo quimbandeiro, preto
velho quimbandeiro, etc.);
Há correntes que consideram a Quimbanda como
culto de Exu e Pombagira;
Há correntes que incluem conceitos e doutrinas como
Satanismo, Luciferianismo e Magia Cerimonial,
por exemplo.
Ocorreu um processo de amalgamento entre diversos
cultos: Santidade, Cabula, Macumba, Orodere,
Calundu, Jongo, Tambor, Tambor de Mina, Tambor de
Crioula, Catimbó, Jurema. A Umbanda buscou nesses
outros cultos os termos para nomear seres, cargos e
elementos em seu próprio culto. Ex.: cambono, kalunga,
gira, vêm da Cabula; Maria Padilha veio do Catimbó e
“virou” Pombagira. São nomes que foram entrando na
Umbanda ao longo do tempo, que ela pegou da Cabula e
Macumba e ressignificou.
Muitos nomes de Exu na Quimbanda existiam na Cabula
e na Macumba como nomes de caboclos.
Na Cabula e na Macumba o sacerdote se chamava
Nganga.
Umbanda começa com caboclo, preto velho e criança.
Posteriormente esse panteão foi aumentando.

A “CONSTRUÇÃO” DE EXU NOS CULTOS


AFRO-BRASILEIROS

A Quimbanda é um culto de origem bantu. Em seus


primórdios ainda não existia a figura “Exu”, pois este é
uma associação estabelecida com Èṣù, orixá do panteão
iorubá.
O povo bantu chega no Brasil em 1532 (primeiros
registros). Os iorubás chegam no Brasil em 1789 (quase 2
séculos depois).
Até o séc. XIX o nome Exu não é conhecido no Brasil,
sendo apenas em terras iorubás (Èṣù). Existiam os Tatas e
outros serem que se comportavam como o que hoje
entendemos como Exu. Seres que se manifestavam nas
sessões de Santidade, Cabula, Orodere e outros cultos
pouco estudados que existiam no Brasil, e que
apresentavam temperamento/comportamento mais
enérgico.
A chegada dos iorubás no Brasil se deu primeiro na
Bahia. Depois da Revolta dos Malês [5], em 1935 na
Bahia, os malês saem de Salvador. Alguns retornaram à
África (especialmente Nigéria e Benim), outros foram
para Alagoas, outros foram para o Rio de janeiro morar
na localidade que ficou conhecida como Pequena África
(Região do Rio de Janeiro compreendida por sua zona
portuária, Gamboa, Saúde, Santo Cristo e Pedra do Sal),
onde já habitavam pessoas de origem bantu. Os iorubás
chegam e começa a haver interação entre eles. Esses
grupos já traziam suas práticas espirituais, além da prática
do catolicismo popular.
Na Cabula ou cultos anteriores à Macumba Carioca já se
manifestavam seres de comportamento enérgico, irascível,
rebelde, irreverente e sensual. Quando os iorubás viram
isso associaram à figura de Èṣù. Porém não na figura do
Èṣù da tradição iorubá (como divindade, mensageiro,
fiscal de Olódùmarè, aquele que assegura a realização),
mas associado ao Diabo cristão, em consequência das
traduções da Bíblia para o iorubá feitas por Samuel Ajayi
Crowther.
Isso influenciou as pessoas que viam tais entidades e
associavam ao Diabo, ao mal. Todo aquele povo já estava
contaminado por conceitos cristãos de que a religiosidade
só deve se ocupar das “coisas do espírito”.
Naquela mesma época chega ao Brasil o Espiritismo
Kardecista, que também se insere nesse contexto.
O orixá Èṣù com a associação ao Diabo que o iorubá
trouxe acabou virando Exu (com “x”) e denominando os
seres mais irascíveis, mais raivosos, mais bravos, rebelde e
irreverentes, que “davam bronca” ou ajudavam nas
questões materiais ou amorosas.
Este perfil associado a Èṣù influenciou na forma dele se
comportar como entidade (ou o Tata, ou as entidades que
manifestavam antes da denominação Exu) que ajudava
nas questões materiais, amorosas, de emprego, de evitar
que a pessoa fosse presa, ou fosse recapturada para voltar
ao engenho como escravizado.
Essa associação de Èṣù com o Diabo influenciou também
muitos candomblés, que enxergam Èṣù como um vilão.
Inclusive alguns candomblés mais antigos não iniciam
ninguém para Èṣù, fato estranho para o iorubá, pois em
suas terras é uma dentre tantas iniciações a orixá.
Èṣù acaba se tornando uma figura muito importante para o
Candomblé Ketu, onde acaba sendo mais forte porque o
povo iorubá tendo chegado por último no brasil, trouxe
sua cultura bem mais próxima da origem do que o povo
bantu, que chegou no Brasil no séc. XVI. Então a tradição
bantu já estava bastante apagada pelo tempo, enquanto o
povo iorubá trazia as lembranças mais recentes.
Importante lembrar que a divindade Èṣù do panteão
iorubá é conhecido por quem pratica a Religião
Tradicional Iorubá, e os primeiros escravizados que
chegaram no Brasil, em sua maioria, não tinham o
conhecimento aprofundado daquela tradição, eram
pessoas comuns. Na história dos escravizados trazidos
existem poucos registros de grandes sacerdotes. A maioria
das pessoas que vinha ou não conhecia o culto aos orixás,
ou eram pessoas que mesmo tendo sido iniciadas não
tinham grande vivência nele, e já tinham sido influenciados
pela ideia da tradução para a língua iorubá de Diabo (ou
Satanás, ou Lúcifer) como Èṣù.
A “CONSTRUÇÃO” DA POMBAGIA NOS
CULTOS AFRO-BRASILEIROS

Entre as práticas que existiam, o


temperamento/comportamento mais enérgico, raivoso,
irascível, irreverente e sensual não ocorria apenas em
seres masculinos. Também havia a manifestação de seres
femininos com tais atributos. Inicialmente esses seres eram
chamados de Exu Mulher.
Então já havia um primeiro nome, para os seres masculinos
(Exu). Depois, o comportamento feminino passou a ser de
Exu Mulher. Mas sentia-se a falta de dar um qualificativo
para esse termo, e dois nomes se destacaram para nomear
Exu Mulher.
Lembrando que na língua portuguesa, os nomes que
terminam em “a” geralmente são femininos (Paula, Maria,
etc.); os nomes terminados em “o”, “u” geralmente são
masculinos (Paulo, Dirceu, etc.); e os que terminam em “i”
geralmente tanto são usados para homem ou para mulher
(Juraci, Darci, etc.). Ou seja, na língua portuguesa
formal um dos diferenciais de palavras masculinas ou
femininas é a terminação com “a”, “o”, “i” e “u”
(desinências para gênero).
Então, Exu Mulher ainda carecia de um nome terminado
em “a” para designar seu gênero.
O povo bantu possui em seu panteão um ser que tem as
características do Èṣù dos iorubás. Este ser se chama
Pambu Njila, que quer dizer “senhor dos caminhos” ou
“dos cruzamentos, encruzilhadas” (Pambu = Senhor / Njila
= caminhos, encruzilhadas), que é o mesmo aspecto que
pode ser colocado como Olónà, que é um dos epítetos [6]
de Èṣù (como “senhor dos caminhos”).
Devido a Pambu Njila terminar com “a”, foi associado ao
feminino. E então, houve a descaracterização de um Nkisi
(divindade do panteão bantu), cujo nome de Pambu Njila
derivou várias corruptelas: Pambujila, Bombojira,
Pombogira, Pombagira.
De uma divindade masculina do panteão bantu (uma
força máscula, que tem a ver com o órgão sexual
masculino) mas terminada em “a”, virou Pombagira como
um ser feminino.
Assim como o nome Èṣù (que é uma divindade do panteão
iorubá caracterizado por sua ética, pelo seu respeito às
regras, por ser o fiscal de Olódùmarè, por ser aquele que
distribui para os seres o Àṣẹ/Axé de Olódùmarè) se
tornou Diabo pela tradução de Samuel Ajayi Crowther,
que passou para o contexto brasileiro como Exu, um ser
diabólico, que precisava ter um aspecto feminino; então
pegou-se uma divindade do panteão bantu e a nomeou
como Pombagira, que passou a ser a consorte de Exu
em alguns lugares, porque isso é o normal para nós: o pai e
a mãe de cabeça, o masculino e o feminino, os
complementos que se criaram no ocidente (na África não
existe pai e mãe de cabeça). Nas ressignificações no Brasil,
da mesma forma que tem que haver pai e mãe de cabeça,
tem que haver Exu mulher e Exu homem.
Esse processo teve continuidade, pois um outro nome foi
agregado a isso, um aspecto de Èṣù, que é Ẹlẹ́gbára.
Ẹlẹ́gbára é o nome de um dos atributos de Èṣù, que
significa “senhor do poder”, “senhor da força, ou seja, é
um qualificativo de Èṣù.
Então pegaram um aspecto masculino de Èṣù que por
terminar em “a”, derivou a corruptela Lebara, que passou
a ser uma outra forma de se referir à Pombagira.
Então temos Ẹlẹ́gbára, que designa Èṣù; Pombagira, que
seria a alteração do nome da divindade Pambu Njila, que
tem um aspecto que se parece com Èṣù como o “senhor
dos caminhos” (Èṣù Olónà). E Pombagira é uma
entidade, e não uma divindade. Ela tem o aspecto da
entidade que foi nomeada Exu a partir da divindade Èṣù,
que passou a ser visto como o Diabo, assim como os
Tatas da Cabula que tinham temperamento e atitudes
mais irascíveis, rebeldes e irreverentes foram vistos pelos
iorubás como aspecto de Èṣù. E então nomeou-se Exu, e
daí veio o Exu Mulher, para o qual pegou-se o nome
masculino de uma divindade do panteão bantu que se
tornou um nome feminino; e além disso, um aspecto
(Ẹlẹ́gbára, o senhor do poder) de Èṣù (Èṣù Ẹlẹ́gbára)
virou Lebara, um nome de mulher, da Pombagira, ou do
ser que se manifesta como Exu, mas num sentido
feminino.
Além disso, existe a questão da divisão do trabalho no
mundo ocidental. Os Tatas, no geral, vinham para atender
a qualquer tipo de trabalho (saúde, emprego, amor, etc.).
Com o tempo, passou a existir uma divisão de tarefas, de
forma que Exu passou a ser requisitado para trabalhos
relacionados às coisas materiais (trabalho, emprego,
brigas, proteção, ataque; e a Pombagira ou Lebara,
passou a ser especializada em assuntos sentimentais.
Todos os cultos que existiam nas diversas regiões do Brasil
(RJ, BA, ES, RS, etc.) eram cultos de catarse, para onde as
pessoas iam em busca de momentos de alegria, felicidade,
extravasar seus sofrimentos em meio à música e à dança.
Quem frequentava esses espaços, em sua maioria, eram
pessoas simples, de poucos recursos; ou eram
escravizados, ou eram pessoas que exerciam trabalhos
braçais, prostitutas, etc. Embora houvesse pessoas de
classes sociais mais abastadas, estes eram minoria.
Então os espíritos se manifestavam também de acordo
com o público que ia, de forma que as pessoas se
reconhecessem nessas entidades. Então a Pombagira,
sendo uma entidade com funções relacionadas ao amor, se
comportava como uma prostituta, já que a prostituta
também buscava suas magias para atrair mais clientes.
Entender a forma como essas entidades se apresentavam
envolve o conhecimento daquela época e local, ou seja,
envolve aspectos sociológicos, antropológicos e míticos,
pois as categorias de entidades colocam em ação tipos que
correspondem a símbolos populares, interpretados segundo
cada segmento social que participa (símbolos de liberdade,
de humildade, de livre iniciativa, de malandragem, de
autoridade familiar, de chefia etc.).
Até aqui foi descrito o processo histórico. Porém, é
interessante, como contraponto, expor entendimentos que
retratam o que havia em literatura sobre Quimbanda até
a década de 1970. José Maria Bittencout, em seu livro
“No reino dos Exus” (1970), se refere à Pombagira
como Exu Pomba-Gira (Klepoth) – A Senhora dos Sete Exus,
e afirma que em cada falange há 1 Pombagira para cada 7
Exus (provavelmente daí vem a referência à Pombagira
como “mulher se 7 maridos”). Segue um trecho de sua
descrição:
Muito já se falou sobre Pomba-Gira existindo diversas
obras a respeito. Mas, ainda assim, aqui e ali surgem
dúvidas, às quais procurarei esclarecer na medida das
minhas possibilidades. O nome verdadeiro é Pombo-
Gira, tendo havido deturpação na linguagem, passando
essa entidade a ser conhecida como Pomba-Gira.
Desde a formação do Reino dos Exus, vem sendo a
mesma companheira inseparável de todos os
elementos que formam o poderoso exército de Sua
Alteza Lúcifer. Quem desconhece a formação da
Quimbanda, julga que existe só uma Pomba-Gira para
todos os Exus. O que ocorre, no entanto, é o seguinte:
em cada grupo de sete exus, existe, para o mesmo
uma Pomba-Gira. Assim, em todas as Linhas, Falanges,
sub-Falanges, Grupos e Bandos dos Quiumbas, há uma
Pomba-Gira para cada sete Exus. Quando falamos de
PombaGira, mulher dos sete Exus, referimo-nos sobre o
Alto Reino dos Exus, que na alta Magia Negra é
representada sob a forma de "Bode de Sabatt" ou
Baphomet de Mendes". Seu nome é Klepoth e vem da
Kabbalah, religião dos antigos Essênios. A mesma é
considerada a maldade em forma de mulher. A
formação da Quimbanda é composta de sete Linhas.
Temos assim, a Linha das Almas e as Pombas-Giras das
Almas. A Linha Nagô, possui a sua Pomba-Gira para
cada grupo de sete Exus. A Linha Mista, Linha dos
Cemitérios, Linha Mossurubi, Linha Malei, Linha dos
Caboclos Quimbandeiros, todas têm para cada grupo
de sete Exus uma Pomba-Gira a companheira
inseparável dos Exus. A Pomba-Gira das Almas é a mais
solicitada para trabalhos de Alta Magia, recorrendo a
ela os que desejam solucionar um caso de amor. A
Pomba-Gira trabalha tanto para o bem quanto para o
mal, sendo indiferente para ela a modalidade de
trabalho. Desde que paguem os seus serviços, ela os
executa com toda presteza e com resultados
satisfatórios. Todo trabalho efetuado por uma Pomba-
Gira, só por ela pode ser desmanchado, ou então, por
outra Pomba-Gira de maior força; sua atuação mais
forte é sobre o sexo, tanto o feminino quanto o
masculino. Os trabalhos maléficos efetuados por
Pomba-Gira, quando não são desmanchados, arrasa
totalmente as pessoas, principalmente aquelas que
desconhecem o poder da Alta Magia.
Posteriormente ele afirma que entre as Pombagiras existem
diferentes camadas sociais, a saber:

- Pomba-Gira do povo
- Pomba-Gira da classe média
- Pomba-Gira da alta sociedade
De acordo com o meio social, classifica-se:
- Pomba-Gira rica
- Pomba-Gira pobre
- Pomba-Gira jovem
- Pomba-Gira velha
- Pomba-Gira dos prazeres.

OUTROS SERES E ENTIDADES


No universo da Quimbanda existem outros seres além de
Exu e Pombagira, (lembrando que Èṣù não faz parte da
tradição bantu, e Pombagira vem da palavra Pambu
Njila, que designa um Nkisi do universo Congo-Angola
com características que se aproximam das de Èṣù).
Existem os bakulos, antepassados que em terras bantu
se manifestam, recebendo o título geral de Tata, que é
como nós encontramos na Cabula. Então, as pessoas
iniciadas na Quimbanda incorporariam além de Exu e
Pombagira, também os Tatas. Esses Tatas são as
mesmas manifestações da Umbanda, porém com
comportamento mais “duro”. Então em algumas tradições
pode se ouvir falar em preto velho, caboclo,
marinheiro, etc., com a qualificação “quimbandeiro” (no
caso do marinheiro, é chamado de pirata).
Algumas entidades já surgem inicialmente na Quimbanda
(Ex.: Kaminaloá, Asa Negra).
A CABULA
A Cabula foi um dos cultos que antecederam a Umbanda,
e pode ser considerada “sua avó”. Era praticada em
diversas partes do Brasil. Começa no interior da Bahia e
segue para o Sudeste, passando pelo Espírito Santo,
depois desemboca no Rio de janeiro e posteriormente,
através da mistura com diversas tradições que lá também
existiam, vai dar surgimento à Macumba.
Grande parte do culto da Cabula se baseou na tradição
bantu, porém com a mistura de muitos elementos que na
época se chamavam de elementos muçulmi ou malê. A
palavra muçulmi vem do árabe muslimin, que quer dizer
muçulmanos; e malê vem de ìmàle, que em iorubá
também designa muçulmano.
A Cabula se construiu com esses dois povos, que vieram
escravizados para o Brasil, e este nome é uma corruptela
da palavra Cabala, que se encontrou mais recentemente,
nos anos 1950, nos livros de Tancredo da Silva Pinto,
inclusive em seu livro “A Cabala da Umbanda”. Então
esse nome já existia, não se referindo à Cabalá judaica,
mas como algo secreto, desconhecido, já que a Cabula
tinha esse mesmo sentido, sendo uma prática bastante
reservada.
A Cabula tem alguns termos que nós conhecemos e são
usados até hoje. Por exemplo, cafioto, que significava
filho, que eram os frequentadores dos terreiros, e se
fossem homens eram chamados de mucambo e se fossem
mulheres eram chamadas de mucamba; os camanás
eram os que haviam passado pelos rituais de iniciação na
Cabula, bastante marcantes para a comunidade. Os rituais
eram feitos em sua maioria no meio da mata (para
preservar o culto da perseguição do Estado ou da
monarquia. Após vários banhos ritualísticos o caialo (a
pessoa a ser iniciada) era defumado com ervas e vestia
roupa branca nova. Após esses procedimentos
purificatórios ele entrava cerimonialmente na engira (o
ritual, que virou gira) e tinha que passar 3 vezes por entre
as pernas do embanda (sacerdote). Depois disso ele era
“cruzado” com uma vela acesa pelos demais camanás:
cada um vinha com uma vela acesa e cruzava o seu corpo
na frente, depois passava a vela por entre as pernas do
iniciando e cruzava pelas costas. Após esse ritual sucedia a
comemoração e saudações ao novo camaná que passava
a integrar o grupo. O camucite era o local onde se
reuniam para fazer a mesa (reunião). As duas mesas
principais da Cabula eram a mesa de Santa Bárbara e a
de Santa Maria. Observe-se que o povo bantu já veio da
África para o Brasil com muito sincretismo. Até aqui não
existia ainda orixá, pois o povo iorubá ainda não havia
chegado no Brasil. O que incorporava nas pessoas eram os
tatas. O camolelê era um gorro muito próximo ao que os
muçulmanos usavam, mais um exemplo da influência
malê/islâmica na Cabula. O cambone (que também se vê
na Umbanda) é o auxiliar do embanda, que fazia a
assistência aos tatas (os seres que incorporavam nas
pessoas). Os nimbu eram os cantos que eles faziam. O
primeiro nimbu era feito para abrir a engira. Logo depois
cantava-se o segundo nimbu, para a defumação, quando
todos os participantes eram defumados.
Na Cabula há a reverência a Deus e o culto especial aos
bakulos, que na tradição bantu se referem aos ancestrais,
como também podem ser representados por forças da
natureza. Então, os tatas são os bakulos. Posteriormente
na Umbanda e na Quimbanda se encontram os bacuro,
que representam a mesma ideia (o ancestral). O iniciado
(camaná) depois de ser cruzado com as velas, era cruzado
com a pemba (éfun, uma argila branca). Na incorporação
dos tatas, o estado de transe se chama santé, que ocorre
por meio das cantigas, das danças, e pelo consumo do
tabaco, seja ele fumado ou por rapé (assim como se dava o
transe na Santidade).
A Santidade era um culto indígena-católico que pode ser
considerado a mãe da Cabula, que entrou com os
elementos afro. Então a Cabula foi o primeiro culto
sistematizado e organizado no Brasil que mistura as nossas
3 configurações básicas: a influência católica, a
influência indígena e a influência africana.
A MACUMBA
A palavra macumba adquiriu um sentido pejorativo, o que
é estranho, pois no séc. XIX se encontrava nos jornais do
Rio de Janeiro anúncios convocando as pessoas para
assistirem às “orquestras de macumba” ou os “festivais de
macumba”, porque a palavra macumba é de origem
bantu e designa: 1) uma árvore; 2) um instrumento
musical.
A árvore é o que dá origem à macumba, pois o
instrumento musical é feito da madeira desta árvore. No
séc. XIX havia todo um contexto da macumba como
instrumento musical. Logicamente tal instrumento era
utilizado nas cerimônias religiosas dos negros, além dos
atabaques.
Os anúncios de jornal divulgavam eventos com orquestra
de macumbas, shows com macumbeiros, tocadores de
macumba, inclusive um dos anúncios mencionava a
participação especial da Orquestra de Macumbas do
Exército Brasileiro.
O nome macumba também começou a ser utilizado pela
própria comunidade como algo que representava a prática
em si, assim como a palavra candomblé. Quando o
Candomblé nasceu ele não tinha esse nome. Ele vem de
uma palavra também do tronco bantu (candombe, ou
cadombile) que se tornou candomblé, e significa festa,
comemoração. Assim, ficou a palavra candomblé
designando a prática religiosa e o mesmo ocorreu com a
palavra macumba: a reunião que era animada pelo
instrumento musical de mesmo nome, que era um evento
de catarse, de diversão, de reunião, interação, socialização.
E esse contexto era predominantemente buscado por
pessoas mais pobres, sem acesso a médicos, psicólogos,
etc., só lhes restando irem à macumba.
Também estranhamente, os mesmos jornais que no séc.
XIX anunciaram macumba como encontros musicais onde
o instrumento macumba era utilizado, no séc. XX já
começam a se referir à macumba como feitiço. Por que
isso?
Porque era a prática do negro, do ex-escravizado, do
alforriado, e até de escravizados que conseguiam ir a essas
reuniões. Então, em decorrência do racismo e da
intolerância religiosa, a macumba que designava a
prática, passou a significar o fetiche dos negros, e então
passou a ser vista apenas como “feitiço”, “coisa feita”,
sempre encarando como algo maléfico.
Tudo isso se encaixou no nome macumba, e foi dessa
prática ritualística, derivada da Cabula, que se originou a
Umbanda, que por sua vez vem para “embranquecer” a
Macumba, tirando dela os seus elementos catárticos, uso
de instrumentos musicais e bebidas, que eram elementos
buscados para apaziguamento das dores morais daqueles
frequentadores.
Em resumo: a “higienização” da Macumba deu origem à
Umbanda como é conhecida atualmente, e até o uso do
instrumento musical macumba foi abolido. Esse
“embranquecimento” da Umbanda vai em direção a uma
aproximação cada vez maior com o Espiritismo
Kardecista.
Em 1933, Leal de Souza em sua obra “O Espiritismo, a
Magia e as Sete Linhas de Umbanda” já coloca a
Macumba como algo malévolo. Mesmo terreiros que eram
de Macumba e que não adotaram como prática o viés da
Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (a Umbanda de
Zélio Fernandino de Morais, batizada como “Umbanda
Branca e Demanda”) passaram a nomear a sua prática
como Terreiro de Umbanda, Terreiro Espírita, Templo
Espírita, ou Tenda espírita, para evitar a perseguição
que já existia.
Então foi um processo de descaracterização da Macumba
para aproximá-la cada vez mais da Umbanda Espírita que
estava sendo desenvolvida. Muitos dos terreiros de
Macumba continuaram, e a Umbanda Omolokô é o mais
próximo que há da Macumba Carioca, por ser a
Macumba como herdeira da Cabula ou do Calundu, que
também acaba tendo um aspecto de coisa ruim (Calundu
como cara feia).
A Umbanda Omolokô, a Umbanda popular, a
Umbanda Traçada, o “Umbandomblé”, também vêm da
prática histórica de nossos ancestrais que acabou sendo
modificada pela Umbanda a partir dos anos 1920. Muitos
umbandistas frequentavam a Macumba, mas não
admitiam as expressões que existiam nesses templos onde
a palavra macumba designava a prática espiritual.
A própria Macumba se readaptou para se chamar
Umbanda, sendo que os núcleos que não seguiram
literalmente os princípios da Umbanda Espírita (mais
próxima do Espiritismo Kardecista) ficaram com
características mais próximas do Candomblé, com seus
ritos, como a camarinha, as iniciações, a deitada para
orixá, os assentamentos, etc., que não são mais vistos na
Umbanda.
Além disso, muitas das práticas da Macumba, em sentido
pejorativo de “coisa feita” foram sendo relegadas à
Quimbanda.

A INSERÇÃO DE LÚCIFER NA QUIMBANDA

Muitos dos textos gnósticos (do Gnosticismo que se


tornou uma heresia frente ao catolicismo e surge no sec.
IV) mencionam dois personagens: Demiurgo e Arconte
(ou Arcontes).
Na visão desses primeiros cristãos gnósticos, o Demiurgo
seria o deus do Antigo Testamento (o deus odioso, que
afoga, queima, mata, destrói) e os Arcontes seriam os
seres que ajudaram a estabelecer a humanidade.
A imagem desse Demiurgo seria oposta à do Deus
descrito nos Evangelhos (Novo Testamento), então,
esse personagem (Demiurgo) foi sendo associado cada
vez mais com Lúcifer e Satã, numa construção que foi se
elaborando ao longo do tempo.
Além disso, Satã também foi visto como um anjo caído,
embora teologicamente isto seja algo inexplicável, porque
se ele fosse um anjo, ele não pode ser caído, já que na
teologia judaica (especialmente na qual posteriormente o
Cristianismo de baseia) o anjo não tem livre arbítrio, e se
não tem livre arbítrio, não poderia “ir contra Deus” e nem
poderia “cair do paraíso”.
Então também o Demiurgo foi associado à serpente que
teria tentado Adão e Eva no paraíso, e por esse motivo foi
também associado a Satã.
Satã é uma palavra do hebraico que significa “acusador”,
“opositor”, então disso decorre a ideia de que Satã se
oporia a Deus. Mas recorrendo ao Livro de Jó, quando
Satanás pergunta a Deus se poderia fazer tudo aquilo que
queria com Jó para pôr à prova sua fé, Deus lhe diz que ele
pode. Então o que Satã fez foi com consentimento de
Deus.
Ao longo do tempo essas ideias foram se elaborando,
especialmente no séc. XVIII, com o movimento político
chamado Iluminismo, que foi um movimento anticlerical
(que reivindica a separação completa da religião e do
estado).
A ideia do Iluminismo era impedir que a Igreja
continuasse participando do Estado (ao longo da História
da Europa a Igreja sempre participou das decisões políticas,
inclusive a ordenação dos reis era feita por cardeais. A
relação entre Igreja, monarquia e Estado era muito
grande).
Então o Iluminismo veio como um movimento
anticristão. As figuras do Iluminismo (especialmente
Voltaire) se posicionaram contra o Cristianismo; não
contra Jesus, mas aquilo que a Igreja Católica Apostólica
Romana fez durante muito tempo na Europa, no que se
refere ao conhecimento, às ciências, etc.
Naquela corrente de pensamento surgiram vários filósofos
que defenderam que a religião era algo nocivo ao
conhecimento científico, e isso foi influenciando também a
forma como se enxergavam as coisas.
Com isso, Satã, Lúcifer e outros nomes que foram sendo
dados, seriam personagens que poderiam ser identificados
como contrários àquilo que a Igreja e o Cristianismo
pregavam; aquilo que erroneamente a Idade das Trevas
trouxe para evitar o desenvolvimento da ciência.
E assim, esses personagens passaram a ter uma grande
visibilidade. Desde que há religião, sempre há movimentos
contrários a ela, aos seus dogmas, à sua forma de enxergar
o mundo, a criação, a cosmogonia, a cosmologia, a
teogonia, a teologia. Sempre houve e haverá grupos
contrários às elaborações feitas com base religiosa, mas o
Iluminismo foi o auge disto.
No séc. XVIII isso aconteceu com grande furor, depois veio
a Revolução Francesa, a monarquia caiu, e então a força
da Igreja foi diminuindo.
O Brasil foi colonizado especialmente por portugueses de
um tipo sem tanta instrução e que que eram pessoas
católicas, mas que praticavam aquilo que se chama
“catolicismo popular”.
Então, usar de vários elementos daquilo que se
convencionou chamar de feitiçaria europeia era normal
para aqueles portugueses que vieram para o Brasil.
Inclusive o uso dos grimórios do sec. XIII em diante (que
pululavam por toda a Europa) também chegou em
Portugal, em especial “O Livro de São Cipriano”, muito
famoso especialmente em Portugal e Espanha, e que
influenciou muito a devoção popular.
São Cipriano foi um personagem que na história que se
conta, antes de ser santo, era um praticante de magia.
Usava diversos talismãs, feitiços, etc., para conseguir
determinadas coisas. Porém ele não conseguiu o seu maior
intento que era conquistar o amor de determinada mulher,
porque ela era cristã e se defendia com as orações cristãs.
Em razão disso ele se converteu ao catolicismo antes de
morrer. Posteriormente foi canonizado.
Então, o Livro de São Cipriano já era algo normal entre
os portugueses, especialmente os devotos (católicos),
afinal, era de um santo, era ligado à Igreja Católica. Em
muitas das práticas de São Cipriano se encontram coisas
católicas, e, em especial, aquela oração da cabra preta
(que não é do São Cipriano), que é uma oração das
comunidades portuguesas do séc. XVII que foi inserida no
Livro de São Cipriano nos sécs. XVIII-XIX.
Assim, aquelas práticas e rezas eram feitas segundo o
raciocínio: “se eu não consigo ter certas coisas através de
Deus, vou pedir ao Diabo”. “Se o bem não me ajuda, eu
vou buscar no lado mal”. “Se a Umbanda não me dá, a
Quimbanda irá me dar”. É uma atitude anticlerical,
antirreligiosa. O Livro de São Cipriano é um dos
elementos que corroboram isso.
E como isso foi anexado à Umbanda e depois à
Quimbanda? Por conta dos ocultistas dos sécs. XVIII-XIX,
especialmente na França, já influenciados pelo
Iluminismo, pelo anticlericalismo, que influenciaram
diretamente a Teosofia de Helena Petrovna Blavatsky.
Blavatsky publicou uma revista periódica chamada
Lúcifer, na qual ela elabora uma caracterização bastante
romantizada, mas já conferindo a Lúcifer uma
personificação que até então não era dada. Com a
Teosofia de Blavatsky, Lúcifer passa a ser um ente que
realmente portava a luz (não mais associado à
Nabucodonosor, etc., mas a um personagem que
representava a revolta contra Deus, o clericalismo, a Igreja,
o Cristianismo, a religião formal. Esse ser acaba sendo
contra tudo isso).
Então já entra no contexto: se a Umbanda é boa e a
Quimbanda é ruim, então a Quimbanda é do Lúcifer
(mas já o Lúcifer na concepção da Sociedade Teosófica).
Todas essas construções, para as mentalidades mais
populares, acabaram conferindo uma imagem cada vez
mais negativa para a Quimbanda.
Então se o “São Cipriano da Capa Preta” menciona o
Diabo, menciona Lúcifer, menciona Maioral, tudo isso vai
ser encontrado na Quimbanda. Foi assim que essa
literatura europeia influenciou diretamente no Brasil,
incluindo movimentos mais modernos, por exemplo, a
Igreja de Satã: uma igreja “anti deus bíblico”.
A QUIMBANDA COMO CULTO DE
RESISTÊNCIA

Cultos de Resistencia são aqueles que, através de


sincretismos, apesar da pressão das religiões dominantes,
mantiveram essências de suas fontes originais. No Brasil,
da mescla de tradições dos índios nativos, negros
africanos e feiticeiras ibéricas, houve vários cultos:
Batuque, Cabula, Calundu, Candomblé, Catimbó,
Encantaria, Jongo, Jurema, Macumba, Orodere,
Santidade, Tambor de Crioula, Tambor de Mina,
Terecô, Toré, Umbanda, Xangô.
Tais cultos embora contendo elementos cristãos, não eram
aceitos pela Igreja e foram por ela perseguidos. Neles, a
resistência se traduzia em impedir que o Cristianismo
apagasse completamente suas antigas tradições, mesmo
que cedendo parcialmente à doutrina dominante.
Na Quimbanda, os sincretismos ocorridos em sua
formação se uniram de forma opositora ao Cristianismo.
Espíritos rebeldes, inconformados, massacrados e excluído
se uniram em grupos compatíveis e se organizaram em
uma força de resistência e resgate, burlando engrenagens
e bloqueios éticos, morais e espirituais na busca de seus
objetivos e metas, invocando e evocando a força dos
ancestrais, através de oferendas, sacrifícios animais, uso
litúrgico de ervas, técnicas de ataque e defesa espiritual.
A maioria dos escravizados capturados na África eram
prisioneiros de guerra, feiticeiros, assassinos, adúlteros,
indivíduos trocados por chefes tribais ou penhorados por
dívidas.
Em solo brasileiro muitos se revoltaram com sua situação e
assim que podiam fugiam de seus cativeiros mata adentro.
Outros, mesmo revoltados se submeteram à escravidão e
procuraram camuflar ou sincretizar suas crenças com a da
fé dominante (o Catolicismo). E existiram os negros que
realmente se converteram e aceitaram seu destino de
forma mais pacífica. Três comportamentos ocorreram
concomitantemente: A revolta, a aceitação parcial e a
aceitação completa.
Apesar de a maioria dos escravizado serem “pessoas
comuns”, sem profundos conhecimentos da religiosidade
de sua própria terra, também vieram sacerdotes, e não
apenas os Kimbandas, mas também os temidos Mulôjis
(feiticeiros Kimbundos) e os Ndokis (feiticeiros
Quicongos), que ao contrário daqueles, não eram
sacerdotes de cura e equilíbrio, mas sim feiticeiros
necromantes (por vezes, mercenários) que conheciam as
artes mais temidas oriundas de tempos imemoriais.
O negro africano encontrou no Brasil culturas locais que
também sofreram árduas perseguições: os povos
indígenas. Com raízes culturais muito profundas e um
sistema de crenças baseado na natureza (fauna e flora),
nos espíritos ancestrais, no poder das ervas e na vida após
a morte, os índios tinham na figura dos Pajés (Xamãs) um
mediador entre o mundo visível e o invisível. Os Pajés
entravam em transe (às vezes extáticos) e se
comunicavam com espíritos através de invocações e
evocações. Esses feiticeiros tinham poder sobre os animais
e espíritos da floresta, eram sacerdotes curadores que
trabalhavam com fitoterapia e seus posicionamentos eram
respeitados como Leis dentro das tribos. Um Pajé era o
equivalente a um Kimbanda.
Os povos indígenas nativos tinham hábitos culturais que
foram duramente combatidos pelos padres jesuítas
(nudismo, poligamia, homossexualidade, canibalismo,
religiosidade “pagã”, etc.), que tentaram inicialmente a
persuasão, antes da perseguição declarada. Entretanto,
houve a parcela destes povos que impôs restrição (através
de batalhas sangrentas) a essa invasão, doutrinação e
conversão forçadas.
Índios revoltados criaram núcleos de resistência dentro
das matas, longe do branco europeu, pintavam seus corpos
de vermelho (sementes de urucum) ou preto (cinzas ou
jemoúna), fumavam, bebiam seus preparados e alguns
comiam carne dos inimigos (principalmente os
Tupinambás). Morriam, mas não se convertiam,
defendiam seus espaços e suas famílias, honravam seus
deuses e seus mortos. Erguiam “totens” com crânios,
partes humanas e animais, impingiam medo nos seus
perseguidores e propagavam lendas aterrorizantes. Por
conhecerem a fé e os pontos fracos de seus inimigos,
usavam estas estratégias para se proteger. Isso não
impedia que índios de outras tribos submissas à coroa
conduzissem os caçadores portugueses a esses refúgios
para matar e escravizar os rebeldes.
Em determinados momentos, os negros e os índios se
associaram para promover as fugas das senzalas, pois os
índios conheciam extraordinariamente as matas, onde os
fugitivos adentravam e fundavam vilarejos para se
abrigarem.
Assim como existiam índios que eram submissos e
apontavam as localidades das tribos rebeldes; índios e
mestiços (descendentes de brancos e índios) faziam o
papel de algozes dos negros fugitivos.
Alguns vilarejos rebeldes, mais tarde denominados
quilombos, abrigavam não só negros e índios como
também brancos fugitivos, mulatos e cafuzos
(descendentes de índios e negros).
A religião, dantes podada por colonos e anteriormente
pelos jesuítas volta existir, mas com características novas
oriundas do sincretismo resultante de intensa fusão
cultural, pois dentro de um mesmo espaço muitas vezes
existiam descendentes de diversas nações.
Nesse processo de fuga e criação dos quilombos, os
Kimbandas e outros sacerdotes exerceram papel
fundamental: cuidavam dos negros mutilados, doentes e
em trabalho de parto, eram conselheiros e mantinham
acesa a chama da fé, lutavam contra os grilhões dos
senhores de engenho e procuravam facilitar a ida dos
negros para os vilarejos ocultos, muitas vezes usando seus
poderes contra os capatazes que perseguiam os escravos.
É dito que esses Kimbandas faziam os guardas dormirem
e ofertavam à Pambu Njila cachaça e fumo para que
abrisse os caminhos para as fugas, protegendo os negros
ao longo da jornada.
Os índios e os negros em sua convivência encontraram
influências de outras tradições: A Pagã e a Judaica. Muitos
homens e mulheres condenados pelos Tribunais do Santo
Ofício, pela prática de bruxaria e/ou feitiçaria eram
deportadas para a colônia portuguesa em exílio. Atracaram
em terras brasileiras bruxos(as) e feiticeiros(as) de
Tradição Medieval, juntamente com muitos
neoconvertidos do judaísmo (os chamados cristãos-
novos).
As feiticeiras medievais muitas vezes eram adeptas de
tradições que usavam a corrupção dos elementos católicos
para a realização de seus intentos mágicos. Rezavam e
praguejavam em nome da “cruz das santas almas), bem
como faziam feitiços de amarração e fidelidade. Esses
feitiços tornaram-se extremamente populares e
requisitados, inclusive pelos senhores e senhoras
abastados da sociedade em formação.
As feiticeiras ibéricas tiveram intenso contato com
índios e negros, de forma que todos esses conhecimentos
foram mesclados.
Com o passar do tempo, os praticantes da feitiçaria, além
de perseguidos pela Igreja, passaram a ser alvo da Lei.
Ciclicamente, e de formas diversas, sempre houve e haverá
perseguição. Os verdadeiros feiticeiros necessitam se
esconder sem abrir mão de sua essência. É a lógica da
feitiçaria de defesa.
Observando as características desses grupos descritos, fica
muito claro que num sistema de valores “moralistas”,
eurocêntricos e conservadores, não se trata de “pessoas de
bem”, e sim pessoas e grupos que sempre se opuseram
ao sistema:
Sistema é o conjunto das instituições econômicas,
morais, políticas de uma sociedade, a que os indivíduos
se subordinam, seja voluntariamente, seja pela
coerção. Seja de forma consciente ou inconsciente. Os
valores e interesses vigentes no sistema são
estabelecidos e impostos por grupos que detêm o
poder e do qual não abrem mão a qualquer custo. A
grande massa segue inconsciente em meio à hipocrisia
dos falsos valores vigentes e à manipulação e controle
midiático através do medo/pânico/terror. Representam
a massa de manobra de elites minoritárias em número,
mas que detêm o controle social.
Ao longo do processo histórico, as pessoas que foram
sendo atraídas para a Quimbanda, em sua maioria, de
alguma forma se sentem inadequadas ao sistema e
continuam buscando em um caminho espiritual a
resistência ao escravismo das “grandes religiões
reveladas” e à corrupção sociocultural, ou seja, um culto
opositor, um culto de resistência.
Na cultura brasileira a Quimbanda é a mais genuína e
representativa via espiritual (pela mescla
negra/indígena/europeia) que possui como tônica a
subversão ao sistema. Ela se desvinculou da Umbanda
justamente por não aceitar os ideais de embranquecimento
ditados por aquela.
Pelo fato de que a Quimbanda é um culto que vai na
contramão do sistema vigente, é natural que os
espíritos que ingressam em suas legiões sejam subversivos
aos valores deste, sendo opositores, contestadores,
questionadores, livres-pensadores, revolucionários,
amorais, etc. Geralmente os espíritos que trabalham na
corrente da Quimbanda são antigos xamãs, mestres
caboclos, bruxos, alquimistas, feiticeiros, guerreiros,
assassinos, dentre outros que se encaixam na vibração
energética do culto exercendo suas forças nas linhas de
Exu e Pombagira. São espíritos com esses atributos que
“sentem o chamado de Maioral”.
A Quimbanda em seu contexto original (bantu) possuía
um panteão próprio (fundamentado em Nkisi e Bakuro) e,
embora seja a fonte primordial da Quimbanda Brasileira,
alguns consideram que a troca do ‘K’ pelo ‘Qu’ simbolizou o
marco dessa derivação que ocorreu – vide a “construção”
de Exu (como a alma de um morto) e de Pombagira
(como a alma de uma morta).
Como é natural que ocorra, ao longo do tempo surgiram as
vertentes de Quimbanda, e para todas elas cabe a
qualificação de Quimbanda Brasileira, por não
representarem a Quimbanda puramente bantu.
A partir dos anos 1960 surgiu no Rio Grande do Sul, a
Linha Cruzada ou Quimbanda, uma religião afro-
brasileira sincrética, que contém elementos da Umbanda
e do Batuque (nações) onde são cultuados os Exus e as
Pombagiras como figuras centrais de sua ritualística. A
Linha Cruzada ou Quimbanda é uma herança da
Macumba carioca e paulista.
Outros exemplos de Quimbanda independente são:
Quimbanda Luciferiana, Quimbanda Xambá e
Quimbanda Mossorubi.
A Quimbanda Luciferiana se pauta no arquétipo
luciferiano para a evolução espiritual do indivíduo:
É o arquétipo do inconformismo, rebeldia e liberdade
de pensamento, que impulsionam o adepto à
revolução, à libertação das estruturas e limites que
restringem a consciência; à busca do conhecimento,
satisfação e realização pessoal, com isenção de tabus e
hipocrisia; e à busca da perfeição e do refinamento, do
progresso espiritual individual, e da autodivinização.
A Quimbanda Brasileira é um culto necrosófico [7] e
necromante [8] baseado na arte de evocar e invocar
espíritos dos mortos que através de conhecimentos
esotéricos burlaram a Lei de Reencarnação para:

Amparar seus tutelados encarnados e prepará-los


para sua condição após o desencarne;
Incitar o fogo do conhecimento através da busca
espiritual;
Estimular o autoconhecimento e a intuição;
Estorvar a expansão dos sistemas religiosos
escravagistas;
Trazer informações acerca do mundo dos mortos;
A Quimbanda desenvolveu alguns sistemas para conectar
vivos e mortos. Um desses sistemas se baseia na recriação
de um microcosmo dentro de um vaso que chamamos de
assentamento. A partir deste, então, o espírito assentado
deixa de ser um mero falangeiro e torna-se um Mestre
Pessoal, responsável pelo desenvolvimento do adepto.

A IMPORTÂNCIA DA ANCESTRALIDADE

Mesmo tendo em sua composição a parcela africana, a


Quimbanda se diferencia dos cultos a orixás, por exemplo,
por não se basear no uso das forças da natureza para
alcançar suas metas e objetivos, mas sim na força
ancestral do mundo dos mortos. Espíritos sábios e repletos
de força são convocados através das práticas religiosas
para intervir na vida e no destino de seus assistidos.
Ancestralidade é uma palavra que remete aos
antepassados, à linha de ascendência/descendência e
hereditariedade biológica, portanto, remete à
consanguinidade materna e paterna e conexões
biogeográficas,
Para a Quimbanda, a ancestralidade de seus adeptos
possui profunda conexão com as raízes de sua
espiritualidade. A ancestralidade espiritual vem de duas
fontes: 1) Através da nossa formação espiritual primal; 2)
da diversidade energética que emanamos ao longo de
nosso ciclo reencarnatório.
Através dessas duas fontes atraímos espíritos que vibram
em energias afins, ou seja, ainda que certos impulsos
sejam desconhecidos para nós, no plano astral estão bem
direcionados e atraem similares. Isso faz com que nossa
ancestralidade não seja representada apenas pelo
mapeamento genético, e sim pela vibração energética.
Dentro dos conceitos do paganismo encontramos o
entendimento que a ancestralidade está fortemente
conectada à Tradição, ou seja, as conexões provêm de
laços energéticos existentes nas egrégoras [9], e por esse
motivo, ocorre a necessidade de uma iniciação formal e
apresentação aos ancestrais.
Os espíritos cultuados na Quimbanda nem sempre
deixaram na Terra uma herança espiritual “louvável”.
Entretanto, a ancestralidade se mistura aos processos de
resistência na colonização, em especial, nas lutas contra a
escravatura (nativa e africana) e os quilombos. Acredita-
se que a resistência seja um valor intrínseco de tais seres,
pois eles lutaram contra valores morais e éticos
vigentes em determinada época, manifestando padrões
energéticos particulares e diferenciados.
Quando um neófito adentra o culto da Quimbanda, sua
energia e suas características psíquicas atraem por
afinidade espíritos que assumirão o papel de seus
mentores espirituais (ou Mestres Pessoais) na sua
jornada evolutiva.
Em alguns casos, esses Mestres já o acompanhavam
antes de adentrar o culto de Exu, mas isto não é uma
regra. Em sua maioria, as pessoas ao longo de suas vidas
recebem direcionamentos de diferentes entidades até que
estejam aptas a receber a tutela de seu Mestre Pessoal.
Também a variação energética entre templos e suas
egrégoras pode determinar os Mestres de um adepto.
Ex.: uma pessoa busca num terreiro de Umbanda o nome
de seu mentor Exu e recebe de um “guia” um determinado
nome. Indo posteriormente a um templo de Quimbanda
com o mesmo intento, a resposta pode ser a mesma ou
pode ser outra, pois a vibração da egrégora ancestral
não é a mesma. A certeza acerca de quem nos tutela
decorre de trilhar um caminho evolutivo em um templo em
cuja egrégora tenhamos encontrado afinidade.
Portanto, a Quimbanda entende que toda nossa
ancestralidade está fortemente conectada com a energia
que vibramos ao longo da jornada no plano material.
Nossos parentes consanguíneos e antepassados são nossos
ancestrais biológicos, entretanto, suas energias não
influenciam tanto nossas vidas quanto nossos ancestrais
conectados à espiritualidade.
Há casos em que a pessoa possui ancestrais biológicos que
se encontram nas correntes de trabalho de Exu, mas não
necessariamente é tutelada por estes como seus mentores.
Quando um espírito ingressa na senda de Exu em sua
evolução, todas as ligações sentimentais e
hereditárias são cortadas. Todo Exu conhece seu
histórico de encarnações, mas de forma destituída de
apego e sentimentalismo, pois só assim é possível burlar a
Lei de Reencarnação.
Na Quimbanda, Exu é independente, não sendo
subordinado a outras entidades. É um poder associado à
ancestralidade.
APÊNDICE 1 LINHAS &
REINOS

C
onforme exposto nos textos anteriores, até as
décadas de 1970-1980, tudo o que havia sido escrito
sobre Quimbanda, foi por autores umbandistas.
Desde o início do desenvolvimento umbandista, o
conceito das Sete Linhas faz parte do corpus doutrinário
daquela religião. É possível localizar pelo menos 8
proposições, de autores diferentes, sem que haja um
consenso entre elas.
Alguns destes autores umbandistas se propuseram a
“organizar” também a Quimbanda em linhas.
Uma conformação inicial de estrutura dos reinos
começou a se desenvolver a partir da ideia das Sete
Linhas de Quimbanda apresentadas por Lourenço Braga
em 1941:

1ª Linha das Almas – Chefe Umulum (São Lázaro)


povo do Cemitério;
2ª Linha dos Caveiras – Chefe João Caveira;
3ª Linha de Nagô – Chefe Gererê (povo de Ganga),
encruzilhadas;
4ª Linha de Malei – Chefe Exu Rei (povo de Exu),
encruzilhadas;
5ª Linha de Mossorubi – Chefe Kaminaloá –
selvagens africanos, zulus, cafres etc.;
6ª Linha de Caboclos Quimbandeiros – Chefe
Pantera Negra, selvagens americanos (Norte e Sul);
7ª Linha Mista – Chefe Exu da Campina ou Exu dos
Rios, composta de espíritos de várias raças.
Na década de 1950 Aluízio Fontenelle apresentou dois
Reinos e seus respectivos Povos: o Povo das
Encruzilhadas e o Povo do Cemitério.
Não se sabe quando, como ou onde, a partir da década
de 1970, das Sete Linhas de Quimbanda desenvolveu-se
a estrutura dos Sete Reinos da Quimbanda.

Almas
Cruzeiros
Encruzilhadas
Kalunga Grande (Praia)
Kalunga Pequena (Cemitério)
Lira
Matas
Normalmente é aceito que a Quimbanda compreende
sete grandes reinos, dentro dos quais existem entidades
que possuem características em comum (estereótipos e
particularidades do reino a que pertencem) que
constituem os povos (ou legiões). De acordo com o
templo ou tradição literária, cada um dos Sete Reinos
comporta 7, 9 ou mais Povos/Falanges. Cada reino tem
um Exu Rei, ou um “casal” Exu Rei e Pombagira Rainha.
Assim como cada povo tem um Exu chefe ou um “casal”
de chefes (Exu e Pombagira).
Linhas de Quimbanda designavam fundamentos,
ritualísticas e a tradição de “famílias” de Quimbanda,
sem se tratarem de reinos, e sim das falanges de Exu e
Pombagira (e outras entidades) e a forma de cultuá-los.
Atualmente as linhas não são mais falanges, e sim as
vertentes que caracterizam tradições distintas (Nagô,
Malei, Xambá, Luciferiana, etc.).
Não há consenso quanto aos povos, qualitativa ou
quantitativamente.
Ex.:

A Quimbanda Mossorubi divide os Reinos em:


Encruzilhadas, Almas, Lira, Água, Terra, Matas,
Trevas, Oriente, Africanos.
A força que na Quimbanda Mossorubi se manifesta
como um reino completo com seus diversos povos,
como é o caso do Reino das Trevas, na Quimbanda
Nàgô se manifesta como um Povo dentro do Reino
da Lira (em algumas casas dentro do Reino das
Encruzilhadas), quer dizer, o Povo das Trevas.
APÊNDICE 2: LITERATURA
QUE ABORDOU A
QUIMBANDA ATÉ A
DÉCADA DE 1970
Conforme exposto nos textos anteriores, até as décadas
de 1970-1980, tudo o que havia sido escrito sobre
Quimbanda, foi por autores umbandistas, geralmente
envolvidos com correntes espiritualistas europeias e/ou
orientais, em cuja abordagem da Umbanda fizeram de
tudo para remover suas raízes africanas e afro-
brasileiras, principalmente seus elementos catárticos.
Foram apresentadas teses que supostamente rastreavam
a origem da Umbanda até o Oriente, de onde
supostamente teria se expandido para a mítica
Lemúria, e subsequentemente para a África, onde teria
degenerado em fetichismo, forma na qual foi teria sido
trazida ao Brasil pelos escravizados.
Segundo essa tese esdrúxula, o vocábulo “Umbanda” é
oriundo do Sânscrito (!?) conforme a seguinte
construção: AUM-BANDHÃ (OM-BANDA) / AUM (OM) /
OMBANDA (UMBANDA).
Tanto malabarismo intelectivo para desviar do óbvio: que
“Umbanda” vem de Mbanda, do universo bantu.
Leal de Souza, em sua repulsa a tudo o que se
relacionava à África, chegou a propositalmente modificar
a grafia dos nomes de orixás, aos quais atribuía as linhas
de Umbanda em seu sistema de 7 linhas: Euxoce (Oxóssi
/ Òsóòsí), Nha-San (Iansã / Yánsàn), Amanjar (Iemanjá /
Yemojá).
Rivas Neto, um dos expoentes da Umbanda Esotérica,
em “Umbanda: a proto-síntese cósmica” declara que
Quimbanda ou Kimbanda “é o conjunto oposto à lei, e
quem a comanda são os Exus guardiões, que são os
emissários da Luz ou da Lei, para as sombras ou trevas.”
Segue uma relação de autores cujas obras foram
localizadas e que de alguma forma, em algum momento
até a década de 1970 escreveram algo sobre
Quimbanda, invariavelmente de maneira distorcida,
deturpada e contaminada por ideias crististas e/ou
doutrinas orientais (ou que simplesmente tiraram coisas
de suas cabeças, sem qualquer fundamentação). Não se
trata de sugestões de leitura, e sim do registro do que
havia até bem pouco tempo.
Esta relação é exemplificativa (não exaustiva), e o
ano de publicação nem sempre é referente à 1ª edição.
Leal de Souza (Antônio Eliezer Leal de Souza)

No Mundo dos Espíritos (coletânea de artigos) –


1925
O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de
Umbanda (compilação de crônicas) – 1933
Paulo Gomes de Oliveira

Umbanda sagrada e divina – 1939 (Ele coloca


Umbanda e Quimbanda como os ramos da
Umbanda)
Aluízio Fontenelle

Exu – 1951
O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de
Umbanda – 1952
A Umbanda Através dos Séculos – 1950
Umbanda: 320 pontos cantados – 1957
Lourenço Braga

Umbanda (magia branca) e Quimbanda (magia


negra) – 1942
Os Mistérios da Magia – 1949
Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática – 1950
Umbanda e Quimbanda – 1942
Magia é Ciência – 1958
De Chicote em Punho
Trabalhos de umbanda; ou, Magia Prática – 1946
Umbanda e Quimbanda – Vol. 2 – 1955
Tancredo da Silva Pinto

A Volta dos Orixás


As Impressionantes Cerimônias da Umbanda (com
Byron Torres de Freitas)– 1955
As Mirongas de Umbanda (com Byron Torres de
Freitas)
As Origens da Umbanda
Cabala Umbandista – 1971
Camba de Umbanda (com Byron Torres de Freitas)
Doutrina e Ritual de Umbanda (com Byron Torres
de Freitas) – 1951
Fundamentos da Umbanda
Guia e Ritual para Organização dos Terreiros de
Umbanda (com Byron Torres de Freitas) – 1972
Iaô
Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro Brasileira
– Os Egbás (com Gerson Ignes de Souza)
O Eró
Primado de Umbanda
Tecnologia Ocultista da Umbanda no Brasil (com
Gerson Ignez de Souza) – 1972
Antonio Alves Teixeira Neto (Antônio de Alva)
A Magia e os Encantos da Pomba Gira – 1972
A Umbanda e Suas Engiras (umbandismo) – 1969
Cantigas de Vida e Morte: Pontos Cantados de
Obaluae e Omulu
Como Desmanchar Trabalhos de Quimbanda –
Volume 1 – 1966
Como Desmanchar Trabalhos de Quimbanda –
Volume 2 – 1967
Conhecimentos indispensáveis aos médiuns
espíritas (dois opúsculos doutrinários) – 1953
Curas, Mandingas e Feitiços de Preto-velho – 1975
Despachos e Oferendas na Umbanda – 1970
Exu – Gênio do Bem e do Mal – 1974
Impressionantes Casos de Magia Negra
Nossos Pretos-Velhos (com Luiz Léo Sampaio) –
1968
O Livro dos Exus, Kiumbas e Eguns – 1967
O Livro dos Médiuns de Umbanda – 1967
O rosário do Preto-Velho – 1973
Obaluaê, Omulu (vida e morte) – 1972
Ogum, o Orixá guerreiro – 1969
Omulu, o Médico do Pobres – 1972
Oxalá – 1967
Oxossi – São Sebastião – 1967
Pomba Gira: As Duas Faces da Umbanda – 1966
Preto Velho e seus Feitiços
Saravá Tranca-Ruas – 1983
Trabalhos Práticos de Magia Negra – 1984
Umbanda através dos astros – 1969
Umbanda dos Pretos Velhos – 1966
Umbanda e Quimbanda – 1972
Umbandismo – 1957
N. A. Molina (entre 1960 – 1970)

A Cura pela Simpatia


A Cura pelas Ervas Medicinais
Amuletos e Talismãs para Todos os Fins
Antigo e Verdadeiro Segredo da Salamandra
Antigo Livro de São Cipriano: O Gigante e
Verdadeiro Capa de Aço
As Clavículas de Salomão
Caboclos e Boiadeiros
Como Cortar o Olho-Grande
Como Desmanchar Trabalhos e Feitiços
Como Fazer e Desmanchar Trabalhos de
Quimbanda
Diário Secreto de um Feiticeiro
Feitiços para Todos os Fins
Formação e Cruzamento de Terreiros de Umbanda
Livro 3777 Pontos Cantados 3 Riscados na
Umbanda e na Quimbanda
Livro de Feitiços de Preto Velho
Livro do Exu Seu Zé Pelintra
Livro Pontos Cantados Riscados de Caboclos
Manual de Oferendas e Despachos na Umbanda e
na Quimbanda
Manual do Babalaô e Yalorixá
Na Gira dos Exu
Na Gira dos Pretos Velhos
No Reino da Feitiçaria
O Livro Negro de São Cipriano
O Secular Livro da Bruxa
Pontos Cantados e Riscados de Exu e Pomba Gira
Pontos Cantados e Riscados de Oxoce e Caboclos
Pontos Cantados e Riscados dos Pretos Velhos
São Cipriano o Bruxo (Capa Preta)
Sarava Exu
Sarava Ibejada
Sarava Iemanjá
Saravá Inhassã
Saravá o Povo D’Água
Sarava o Rei das 7 Encruzilhadas
Saravá Obaluaié
Saravá Ogun
Sarava Oxoce
Sarava Pomba Gira
Saravá Pomba Gira Maria Padilha – Encantos e
Feitiços
Saravá Seu Caveira
Saravá Seu Marabô
Saravá Seu Tiriri
Saravá Xangô
Trabalhos de Quimbanda na Força de Preto Velho
José Maria Bittencourt

No Reino dos Exus – 1970


No Reino dos Pretos-Velhos – 1998 (?)
Salamandra – No Reino Encantado – 1970
Da Umbanda Esotérica e Iniciática:
Oliveira Magno

A Umbanda e seus Complexos – 1950


A umbanda esotérica e iniciática – 1950
Adivinhe o Futuro na Bola de Cristal – 1970
Antigas orações da Umbanda – 1970
Horóscopo de Umbanda: orientação pessoal para
ser feliz – 1975
Magia Prática Sexual – 1954
Prática de Umbanda – 1951
Ritual Prático de Umbanda – 1953
Umbanda e Ocultismo – 1952
Utilidades Astrológicas – 1954
Woodrow Wilson da Matta e Silva (Yapacani)

Doutrina Secreta da Umbanda – 1967


Lições de Umbanda (e Quimbanda) na Palavra de
um "Preto-Velho" – 1975
Macumbas e Candomblés na Umbanda – 1975
Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda – 1969
Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda –
1962
Umbanda – Sua Eterna Doutrina – 1956
Umbanda de Todos Nós – 1956
Umbanda do Brasil – 1969
Umbanda e o Poder da Mediunidade – 1978
Roger Feraudy

Umbanda, essa Desconhecida – 1986


Serões do Pai Velho – 1987
Francisco Rivas Neto (Arhapiagha)

Candomblé – Teologia da Saúde – 2017


Doutrina do Tríplice Caminho – 2020 (publicação
post-mortem)
Escolas das religiões afro-brasileiras: tradição oral
e diversidade – 2012
Exu – O Grande Arcano – 1993
Exu e Pombagira (Org.) – 2015
Fundamentos Herméticos de Umbanda – 1996
Lições Básicas de Umbanda – 1991
Sacerdote, Mago e Médico – Cura e Autocura
Umbandista – 2003
Teologia da tradição oral – 2014
Teologia do ori-bará – 2015
Umbanda – A Proto-Síntese Cósmica – 1989
Umbanda – O Arcano dos 7 Orixás – 1993
Umbanda – O Elo Perdido – 1990
REINOS DA QUIMBANDA
Até as décadas de 1970-1980 tudo o que havia sido
escrito sobre Quimbanda foi por autores umbandistas, e
desde o início do desenvolvimento da Umbanda, o
conceito das Sete Linhas faz parte do corpus
doutrinário daquela religião (é possível localizar pelo
menos 8 proposições [10], de autores diferentes, sem que
haja um consenso entre elas).
Alguns destes autores umbandistas se propuseram a
“organizar/classificar” também a Quimbanda em linhas.
Uma conformação inicial de estrutura dos reinos
começou a se desenvolver a partir da ideia das Sete
Linhas de Quimbanda apresentadas por Lourenço
Braga [11] em 1941:

1ª Linha das Almas – Chefe Umulum (São Lázaro),


povo do Cemitério;
2ª Linha dos Caveiras – Chefe João Caveira;
3ª Linha de Nagô – Chefe Gererê (povo de Ganga),
encruzilhadas;
4ª Linha de Malei – Chefe Exu Rei (povo de Exu),
encruzilhadas;
5ª Linha de Mossorubi – Chefe Kaminaloá –
selvagens africanos, zulus, cafres etc.;
6ª Linha de Caboclos Quimbandeiros – Chefe
Pantera Negra, selvagens americanos (Norte e Sul);
7ª Linha Mista – Chefe Exu da Campina ou Exu dos
Rios, composta de espíritos de várias raças.
Na década de 1950 Aluízio Fontenelle [12] apresentou dois
reinos e seus respectivos povos: o Povo das
Encruzilhadas e o Povo do Cemitério.
Não se sabe quando, como ou onde, a partir da década
de 1970, das Sete Linhas de Quimbanda desenvolveu-
se a estrutura dos Sete Reinos da Quimbanda:

Almas
Cruzeiros
Encruzilhadas
Kalunga Grande (Praia)
Kalunga Pequena (Cemitério)
Lira
Matas
Existe mais de um entendimento do que seria o “primeiro
reino”. Ex.: para os negros bantu, após a morte, os
espíritos se dividiam em dois grupos: os que perdiam sua
individualidade e os que iam para o mato. Isto remeteria
ao entendimento de que o Reino das Matas seria o
primeiro reino. Já para os negros iorubás um dos locais
de culto a Èṣù (orixá) é nas encruzilhadas (lembrando
que o nome “Èṣù” chegou com os iorubás, já no séc.
XVIII, de onde derivou o nome “Exu”), o que remeteria
ao entendimento de que o Reino das Encruzilhadas
seria o primeiro reino. Considerando o processo histórico
e cronológico da vinda de negros e europeus por via
marítima, há quem considere o Reino da Kalunga
Grande (Praia) como sendo o primeiro na formação da
Quimbanda brasileira.
Também existe um entendimento mais simples, que
considera apenas 2 reinos: o Reino das Almas e o
Reino dos Cruzeiros, principalmente entre adeptos que
praticam Umbanda e Quimbanda (Quimbanda como a
“esquerda da Umbanda”).
Linhas de Quimbanda designavam fundamentos,
ritualísticas e a tradição de “famílias” de Quimbanda,
sem se tratarem de reinos, e sim das falanges de Exu
e Pombagira (e outras entidades) e a forma de cultuá-
los.
Atualmente as linhas não são mais falanges, e sim as
vertentes que caracterizam tradições distintas (Nagô,
Malei, Xambá, Luciferiana, etc.).
Normalmente é aceito que a Quimbanda compreende
sete grandes reinos, dentro dos quais existem
entidades que possuem características em comum
(estereótipos e particularidades do reino a que
pertencem) que constituem os povos (ou legiões). De
acordo com o templo ou tradição literária, cada um dos
Sete Reinos comporta 7, 9 ou mais Povos/Falanges.
Cada reino tem um Exu Rei, ou um “casal” Exu Rei e
Pombagira Rainha. Assim como cada povo tem um
Exu chefe ou um “casal” de chefes (Exu e
Pombagira).
Não há consenso quanto aos povos, qualitativa ou
quantitativamente, pois Exu não é um ser limitado por
território, credo, etnia, e por transitar em todos os
ambientes pode expandir seu naipe de atributos e
características conforme o surgimento de novos
nichos sociais e novas egrégoras.
No contexto da Quimbanda, reinos são setores do
plano astral que agrupam legiões de seres de mesma
frequência (energia) tutelados e governados por um ser
hierarquicamente superior, que carrega o título de
“Rei”.
A partir desta divisão em reinos (que não se sabe onde
e quando exatamente surgiu), os antigos ensaios de
divisão em linhas foram inseridos nos reinos,
representadas pelas falanges, legiões ou povos.
É importante que na prática não se confunda pontos de
força com reinos.
Um ponto de força é uma região neste plano material
onde o fluxo dos reinos pode ser melhor canalizado.
Estes locais possuem dinâmicas energéticas que
possibilitam o acesso aos reinos, sendo condutores para
eles. Cada Exu/Pombagira possui seu(s) ponto(s) de
força dentro de seu respectivo reino, onde seus
trabalhos se realizam de forma mais eficaz/eficiente.
Tais dinâmicas podem ocorrer em cenários naturais
(matas, cachoeiras, rios, florestas, lagos, pedreiras, ilhas,
cavernas, praias, morros, etc.) ou decorrentes de
intervenções humanas (estradas, ruas, monumentos,
pontes, templos, comércios, hospitais, cemitérios,
prostíbulos, etc.). Nestes locais a consciência humana
exterioriza cargas que espelham as manifestações que
ali ocorrem no plano astral, endossando-as e
estabelecendo canais por onde certos habitantes daquele
plano podem ser evocados.
Alguns reinos são fortemente ligados entre si:

Kalunga Pequena (Cemitério), Cruzeiro e Almas;


Encruzilhada e Lira;
Kalunga Grande (Praia) e Matas.
Os reinos da Mata e da Kalunga Pequena
(cemitério) requerem o cumprimento de determinados
protocolos para entrada, saída e recolhimento de objetos.
Os reinos se manifestam internamente, como estágios
de transformação e aspectos da consciência humana.
REINO DAS
ENCRUZILHADAS

A
s encruzilhadas são os locais onde ocorre o
entroncamento e direcionamento energético
encaminhando as almas ao seu destino, ou seja, onde
os espíritos encontram rumo correto no reino dos mortos.
Antigas tradições e culturas utilizavam a encruzilhada
como local sagrado para cultos e oferendas, objetivando o
contato com a ancestralidade e com forças/divindades.
A demonização das antigas tradições realizada pelas
religiões abraâmicas fez com que a adoração nas
encruzilhadas se tornasse associada ao mal e ao diabo.
Como símbolo que une o físico ao espiritual, entende-se
que a linha horizontal representa o mundo espiritual e a
linha vertical o físico. O centro é o ponto de maior força e
poder, onde ocorre a interseção entre dois mundos.
O Reino das Encruzilhadas funciona como intercâmbio
para todos os demais reinos. É o reino mais poluído por
fatores humanos (lixo, esgoto, luz elétrica, etc.).
A relação de Exu com as encruzilhadas remonta à relação
de Èṣù (Exu orixá) com as mesmas nos cultos
tradicionais da África. A Encruzilhada aparece para
Èṣù, o ponto predileto, de onde um único caminho reparte-
se em três. Èṣù é o centro de toda comunicação,
controlador dos caminhos e ordenador de todas as coisas
que existem. Èṣù torna-se o regente da encruzilhada na
horizontal e vertical, sendo o grande vínculo entre os
homens e os espíritos, e fica à esquerda dos caminhos
controlando tudo que por eles passam.
Voltando a Exu (entidade), a encruzilhada é o grande
portal que lhe possibilita estar em qualquer lugar, o que faz
dela um dos locais mais importante para o seu culto, afinal,
Exu direcionará conforme a necessidade.
Na prática magística, as encruzilhadas são locais onde
ocorrem descargas energéticas, a limpeza e a quebra de
pragas e maldições, além da “abertura ou fechamento de
caminhos”.

As encruzilhadas podem ser em forma de “+”,


“X”, “T”, “Y” ou em “pé-de-galinha”:
Em nossa tradição (não é o entendimento de todas), a
encruzilhada possui polaridade:
- As encruzilhadas em forma de “+” e “X” são “macho”.
- As encruzilhadas em forma de “T” são “fêmea”.
No sul do Brasil as encruzilhadas “+” são chamadas de
Cruzeiro de Rua, e as “T” de Cruzeiro Fechado.
As encruzilhadas em “Y” são chamadas de “forquilha” (em
iorubá, são chamadas “orita”) e as em “pé-de-galinha” são
chamadas de itaketá (“estrada que se divide em 3”, em
iorubá), que para os iorubás são a verdadeira
encruzilhada de Èṣù.
Nas encruzilhadas abertas em “+” o fluxo energético é
influenciado por 3 Exus reguladores e 1 Exu Rei das 7
Encruzilhadas.
Todo o centro da encruzilhada é de Exu Rei das 7
Encruzilhadas. Para saber onde ele responde é necessário
confirmar com os búzios (pode ser outro oráculo, como o
Tarô). A referência é que do sentido que você estiver vindo,
é de Exu Rei das 7 Encruzilhadas.
No ponto de influência energética do Exu Tranca Ruas e
do Exu Tiriri ocorrem correntes que podem ser
mobilizadas para obstrução e isolamento em casos de
injustiça iminente; quebra de maldições ou demandas, de
problemas de saúde, e de relacionamentos tóxicos.
Também é ponto de lançamento de maldições diversas.
No ponto de influência energética do Exu Tiriri e do Exu
Destranca Ruas ocorrem correntes que podem ser
mobilizadas para desobstrução de barreiras ou obstáculos
em casos de “caminhos fechados” e relações pessoais;
bem como para a incitação de inimigos à vingança.
No ponto de influência energética do Exu Tranca Ruas e
do Exu Rei das 7 Encruzilhadas ocorrem correntes que
podem ser mobilizadas para o término de negócios,
fechamento de caminhos, esgotamento intelectual,
confinamento mental e espiritual, etc.
No ponto de influência energética do Exu Destranca Ruas
e do Exu Rei das 7 Encruzilhadas podem ser
mobilizadas correntes de “abertura de caminhos”,
conclusão de situações (como estudos e negócios),
abertura de possibilidades e situações relacionadas à
prosperidade material e intelectual.
As encruzilhadas abertas em “+” podem ser também
“encruzilhadas fechadas”: aquelas cuja linha horizontal
possui uma barreira que impede o fluxo da linha vertical.
São pontos de força destinados à restrição energética e
ao “fechamento de caminhos” usados em rituais que
objetivam impedir que determinadas situações ocorram. A
regência do lado direito deixa de pertencer ao Exu
Destranca Ruas e passa para o Exu Tranca Tudo.
As rotatórias que surgem da desembocadura de 4 ruas
podem ser consideradas encruzilhadas “fechadas com
movimento circular” e são pontos de força. No espaço
destinado ao entroncamento existe um poderoso vórtice
energético que gira circularmente.
- Se a rotatória for ao sentido horário, a regência é do
Povo da Lira, em especial, o Exu Rei da Lira e o Exu
Lúcifer que recebem suas ofertas e trabalhos diversos
no espaço central da rotatória (figura 1);
- Se a rotatória for nos dois sentidos (horário e anti-
horário) a regência é do Exu Gira Mundo e do Exu Vira
Mundo que recebem nos quadrantes (figura 2).

As encruzilhadas em “pé de galinha” possuem relação


com polaridade e com os elementos, e são usadas tanto
para Exu, quanto para Pombagira, demonstrando a
relação entre eles. Em um ritual, do lado direito ocorre a
regência do Exu Rei das 7 Encruzilhadas e do lado
esquerdo da Pombagira Rainha das 7 Encruzilhadas.
As energias dessas encruzilhadas são muito propícias para
a “abertura de caminhos”, renovação energética,
harmonia, força, conquistas materiais e amorosas,
sedução, etc.
Do lado direito estão os elementos dinâmicos e
masculinos (Fogo e Ar), e do lado esquerdo temos os
elementos receptivos e femininos (Água e Terra).
Enquanto a encruzilhada “aberta” cruza as vias, a “pé de
galinha” redireciona.

As encruzilhadas em “T” são pontos de força destinados à


ritualística com Pombagiras. Nelas o fluxo de energia
encontra uma barreira e só se distribui por duas vias:
direita e esquerda (que acabam sendo receptivas). Todo o
fluxo é regido pela Pombagira Rainha das 7
Encruzilhadas. Entretanto, diferentemente do
procedimento do Exu Rei das 7 Encruzilhadas nas
encruzilhadas em “X”, essa Pombagira não mescla suas
energias, apenas direciona-as.
As encruzilhadas em “T” possuem dinâmica energética
semelhante à das encruzilhadas em “Y” (conhecidas
como forquilhas). Porém, nas encruzilhadas em “Y” o
ponto central exerce função completamente restritiva;
enquanto nas encruzilhadas em “T” a função exercida
pelo ponto central é apenas parcialmente restritiva.

Ambos os tipos (“Y” e “T”) possuem a mesma regência: 3


Pombagiras “Mestras” reguladoras e uma Pombagira
Rainha das 7 Encruzilhadas. Ao usar o ponto com
influências energéticas de cada uma dessas Pombagiras,
não significa que estamos ofertando diretamente para ela,
e sim que objetivamos propiciar ao trabalho correntes
relacionadas às suas características de atuação
(desobstrução, fortalecimento sentimental, libertação de
apegos, etc.).

No ponto de influência energética da Pombagira Maria


Padilha ocorrem correntes que podem ser mobilizadas
para conquistas materiais, proteção, busca por
reconhecimento, autoestima e tudo que se relaciona com o
poder magístico. É o ponto onde se encontra o maior fluxo
energético e rapidez no atendimento das solicitações.
No ponto de influência energética da Pombagira 7 Saias
ocorrem correntes que podem ser mobilizadas para
desobstrução, fortalecimento sentimental e libertação
psicológica.
No ponto de influência energética da Pombagira Maria
Mulambo/Molambo ocorrem correntes que podem ser
mobilizadas para paralisar ou destravar determinadas
energias, separar ou evitar a separação, matar uma vítima
ou salvá-la. Nas encruzilhadas em “Y” esse ponto é
apenas restritivo, fechando as vias em todos os sentidos
(não permite qualquer forma de movimentação), muito
similar a energia do Exu Tranca Tudo.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
das Encruzilhadas:

Legião ou Povo da Encruzilhada da Kalunga;


Legião ou Povo da Encruzilhada da Lomba;
Legião ou Povo da Encruzilhada da Mata;
Legião ou Povo da Encruzilhada da Praça;
Legião ou Povo da Encruzilhada da Praia;
Legião ou Povo da Encruzilhada da Rua;
Legião ou Povo da Encruzilhada de Lira;
Legião ou Povo da Encruzilhada do Espaço;
Legião ou Povo da Encruzilhada dos Trilhos.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino das
Encruzilhadas. Entretanto, esta lista não é exaustiva, pois
Exu não é um ser limitado por território, credo, etnia, e por
transitar em todos os ambientes pode expandir seu naipe
de atributos e características conforme o surgimento de
novos nichos sociais e novas egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino das
Encruzilhadas:

Agressividade;
Facilidade para aprender coisas muito diferentes
entre si (aprendem de tudo);
Falta de foco por excesso de versatilidade;
Indecisão / inconstância;
Se irritam facilmente mas retrocedem rapidamente e
não guardam rancor;
Versatilidade.
Algumas características de Exus/Pombagiras de
Encruzilhadas:

Costumam portar nomes de armas ou instrumentos:


7 Facadas, 7 Capas, Capa Preta, 7 Garfos, etc. Tais
nomes remetem à propriedade de causar morte,
encerrar ciclos, etc.;
Exu Destranca Ruas – Bom para abertura de
caminho onde há competitividade, e para quando se
precisa que portas se abram. Bom para intervir
quando a pessoa está sem foco;
Exu Tranca Ruas – Bom para trancar os caminhos
alheios;
Exu Tiriri – Exu agressivo, manifesta força. Bom
para coisas muito específicas. Seus filhos gostam de
levar vantagem sempre;
Exu Marabô – Atua na justiça dos homens (casos de
prisão, julgamento, negociações). É um tipo de
“promotor do inferno”, regulador da Lei de Maioral.
Mediador muito justo;
Exu Veludo – Lida com negociação, justiça.
Apresenta fino trato. É mediador, apaziguador.
Responde fortemente na Lira;
Exu Gira Mundo – Bom para trabalhos de devolução
de demanda em rotatórias nas rodovias e em
retornos (seus pontos de força);
Coisas de grande porte devem ser pedidas ao Exu
Rei das 7 Encruzilhadas. Os respectivos
pagamentos devem ser proporcionais (valores
elevados);
Trabalhos amorosos são de competência das
Pombagiras;
Rainha das 7 Encruzilhadas – Atua com proteção e
abertura de caminhos;
Pombagira 7 Saias é a senhora das amarrações e
paixões. Para atuar em amarração precisa de
convicção, precisa estar disposta. Possui essência
cigana.
Maria Padilha é a grande “influencer” da
Quimbanda, hábil em “networking”. Possui grande
capacidade de transitar em ambientes incomuns
para mulheres (política, etc.). Arquétipo da mulher de
negócios;
Maria Mulambo – Mulher “da pá virada”,
batalhadora, que “corre atrás”. Ótima para
separações. Possui alta capacidade de transmutação
de energias nocivas e situações difíceis (princípio da
reciclagem). Gosta de charuto, cachaça e mel. Atua
em trabalhos de amarração somente se for com um
homem que trata a pessoa bem, que vá trazer coisas
boas e constituir família.
Obs.:

Os pontos de força do Reino das Encruzilhadas


são: ruas, estradas, becos, vielas, avenidas e
perimetrais onde haja cruzamento entre as direções;
O Reino das Encruzilhadas faz o intercâmbio entre
os demais reinos da Quimbanda;
As encruzilhadas são como vias energéticas que
viabilizam o trânsito dos seres espirituais;
A Encruzilhada de Cruzeiro é estreitamente
relacionada com a Encruzilhada das Almas;
O Reino das Encruzilhadas é estreitamente
relacionado ao Reino da Lira. Entretanto, enquanto
a Lira atua mais no campo da elaboração mental das
negociações, de como “ir/chegar até o dinheiro”, a
Encruzilhada está mais ligada à ação física/material
de como “ir/chegar” até ele.
O Reino das Encruzilhadas é regido por Marte,
relacionado à terça-feira.

Reino Dos Cruzeiros

A palavra “cruzeiro” remete-nos às cruzes de


pedra ou de madeira erguidas nos pátios ou
entornos das igrejas, nas praças, estradas e
cemitérios.
Enquanto as encruzilhadas são vias de acesso das almas
aos seus respectivos destinos, os cruzeiros são os portais
de entrada e saída dos seres que estão se locomovendo
entre os planos físico e astral. Assim, trata-se de dois
reinos intimamente ligados. Dentro do Cruzeiro há um
rito de encaminhamento, um desligamento do espírito com
plano terreno.
Na Europa antiga, fazia parte do processo de urbanização a
elevação de cruzes, que eram símbolos de proteção e
foram largamente usadas para assinalar e “sacralizar”, na
visão dos crististas, territórios dantes considerados por
estes como selvagens e pagãos. Determinados espaços ao
ar livre destinados a punições e execuções também eram
demarcados com o erguimento de cruzes.
Na colonização do Brasil, cruzeiros foram erguidos em
estradas próximas às entradas de novas cidades que
estavam sendo instaladas. Atualmente ainda é comum
encontrar um cruzeiro na entrada de uma cidade antiga
(principalmente em cidades baianas e mineiras). Também
era comum que se fixasse uma cruz na estrada, no local
onde alguém tivesse morrido, sinalizando onde as preces
para o falecido deveriam ser feitas.
Os cruzeiros erguidos no cemitério (entendidos como o
limiar da vida e da morte e da relação dos vivos com os
mortos) possuem a mesma função e serviram de base para
a correlação e entendimento dos cruzeiros das estradas.
Assim como no plano físico os cruzeiros se tornaram
marcos do tênue limite entre a estrada e uma nova
cidade, de forma análoga os espíritos no astral percebiam
os cruzeiros como uma referência de acesso. Desta
forma, onde houvesse um cruzeiro, ali existia um vórtice
de energia (ponto de força) por onde se acessava novas
regiões, com diferentes reinos e sub-reinos.
No entendimento da Quimbanda, neste portal onde
transitam almas e energias, pedidos e súplicas podem
ser atendidos, assim como banimentos podem ser
realizados. O cruzeiro não é apenas uma porta, mas a
possibilidade para inúmeros portais, cujo acesso depende
de chaves/códigos que o adepto possua (existe um
código específico para cada porta que um cruzeiro pode
abrir).
Muitos povos antigos utilizavam a cruz como símbolo
religioso com diversos entendimentos. A Quimbanda
Brasileira entende que dentre seus significados, a cruz
simboliza a relação entre o plano material e o
espiritual/astral, como um eixo que liga os planos e traz
entendimento acerca da prisão material e astral a que os
espíritos são submetidos. Esotericamente, a cruz também
representa os 4 elementos (Terra, Ar, Água e Fogo).
Talvez inconscientemente, tradições religiosas elegeram o
cruzeiro como local onde se acendem velas na intenção
de proporcionar paz aos mortos. O Povo do Cruzeiro é
direcionador das almas no caminho que “construíram” ao
longo de sua existência material. O cruzeiro representa o
próprio julgamento, pois toda alma deverá ser avaliada e
julgada pelos Reis e Rainhas e Mestres do Cruzeiro
para ser direcionada à região do astral que lhe
corresponde. Na captação e destinação de almas no
cruzeiro atuam o Exu Tranca Ruas das Almas e a
Pombagira dos 7 Cruzeiros.
Existem cruzeiros naturais, que são pontos de passagens
formados pela natureza. Ex.:

Vulcões – Portais ígneos que eram cultuados por


povos antigos cujas preces eram voltadas às
divindades ctônicas [13]. Também conhecidos como
bocas infernais. Embora o Brasil não possua vulcões
ativos, possui rochas de origem vulcânicas, que são
utilizadas no culto de Exu/Pombagira.
Árvores – Transformam-se em portais a partir do
momento em que se tornam grandes e robustas ou
são de alguma espécie particularmente poderosa
(ex.: figueira, mangueira, etc.). Uma árvore que se
destaca no dossel [14] por sua altura excepcional se
constitui em um Cruzeiro da Mata. As árvores
quando se tornam cruzeiros passam a ter estreita
relação com Exu Morcego, e a funcionar como
interseção entre o Reino do Cruzeiro e o Sub-
Reino da Praça.
Existem cruzeiros não naturais (porém públicos)
relacionados a outros reinos que podem ser utilizados
como portais de acesso espiritual. Os cruzeiros do Reino
da Kalunga Grande (Praia) podem ser representados
pelos faróis costeiros, que são instalados junto ao mar,
na costa ou em ilhas próximas, com o objetivo de orientar
os navios durante a noite. Seu formato em cruz é
caracterizado pela estrutura vertical (que simboliza o plano
material), e a luz emitida (simboliza a linha horizontal e
espiritual).
O Cruzeiro da Almas é o que fica dentro do cemitério,
onde apesar de existirem vários cruzeiros fincados sobre
as lombas dos mortos, para trabalhos espirituais são mais
adequados os cruzeiros centrais (grandes cruzeiros), que
não possuem corpos embaixo e nem seus nomes gravados.
As firmezas/firmações de cruzeiros no culto de Exu
possuem representações similares as dos cruzeiros em
entradas de cidade, e uma de suas funções é proteger o
espaço sagrado onde existem outras firmações e onde se
exerce os trabalhos da Quimbanda, ou seja, funcionam
como uma porteira (efeito bloqueador).
Mas o cruzeiro também atua:

Descarregando energias nocivas que são trazidas


pelas pessoas;
Levando a energia densa que é deixada após uma
incorporação;
Agindo como vórtice que traz banimento,
abundância/prosperidade, força e saúde;
Regulando as pressões sofridas pelos adeptos
durante os seus desenvolvimentos;
Punindo um adepto quando existem falhas
comportamentais graves, ao impedir que o Exu do
adepto incorpore até que este reveja suas falhas e se
redima junto aos espíritos da casa.
Cada cruzeiro possui um Exu ou Casal Exu/Pombagira
revelados pelo Exu Chefe da casa ou por meio de um
oráculo. Tais mestres guardiões manipulam as energias de
um espaço conforme seus títulos e campos de ação.
A grande diferença do cruzeiro de Exu (firmação) e o
cruzeiro em pontos de forças naturais é que nos
naturais qualquer alma pode encontrar via de acesso no
plano astral, enquanto que os cruzeiros firmados
possuem restrição de passagem. Neste último caso um
espírito que não é sintonizado com as energias do culto
pode passar por um cruzeiro apenas em duas situações:

A firmação do cruzeiro não foi realizada


corretamente, de forma que há rachaduras astrais
das quais espíritos indesejados se aproveitaram para
passar;
Com a permissão do Exu guardião do Cruzeiro,
quando este deseja revelar dentro do templo um mal
que uma pessoa está sofrendo e que está oculto
(larvas astrais ou kiumbas).
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
dos Cruzeiros:

Legião ou Povo do Cruzeiro da Kalunga;


Legião ou Povo do Cruzeiro da Lomba;
Legião ou Povo do Cruzeiro da Mata;
Legião ou Povo do Cruzeiro da Praça;
Legião ou Povo do Cruzeiro da Praia;
Legião ou Povo do Cruzeiro da Rua;
Legião ou Povo do Cruzeiro das Almas;
Legião ou Povo do Cruzeiro de Lira;
Legião ou Povo do Cruzeiro do Espaço;
Legião ou Povo do Cruzeiro do Mar.
Para a Quimbanda Brasileira, todo local onde uma cruz
está erguida é um cruzeiro e pertence ao Povo do
Cruzeiro.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino dos
Cruzeiros. Entretanto, esta lista não é exaustiva, pois Exu
não é um ser limitado por território, credo, etnia, e por
transitar em todos os ambientes pode expandir seu naipe
de atributos e características conforme o surgimento de
novos nichos sociais e novas egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino dos
Cruzeiros:

Lidam bem com cobranças;


Possuem dinamismo diferenciado e preguiça para se
movimentar;
Possuem pensamentos agitados e lidam bem com
essa agitação mental;
Tendem a se adaptar bem em trabalhos de logística
e/ou burocráticos (trabalhos em que não tenham que
lidar diretamente com o ser humano).
Algumas observações sobre o Reino dos Cruzeiros e seus
Exus/Pombagiras:

O cruzeiro é um ponto de esgotamento energético;


O cruzeiro não é necessariamente uma cruz, mas
um marco que sirva de referência: árvore que se
destaca, vulcão, farol, monumento, etc.;
O cruzeiro está presente em todos os reinos da
Quimbanda, pois em todos eles ocorre a ligação
entre o mundo físico e o espiritual;
O Cruzeiro das Almas é capaz de se conectar com
outros Cruzeiros das Almas em todo o mundo. Ele
destina ou soterra energia;
Entidades de cruzeiro possuem a característica de
captação e destinação de almas;
O Reino do Cruzeiro suga a energia do ambiente e
a destina para o cruzeiro fazer o seu papel,
drenando a energia nociva e emanando a
equilibrada;
O Exu o Rei das Trevas e a Pombagira Rainha
das Trevas respondem na sombra da cruz. O
momento ideal para se fazer uma oferenda para o
Povo das Trevas é às 3:00 da manhã na sombra
da cruz sob a lua cheia;
As entidades de Cruzeiro das Almas não saem do
cemitério;
Uma igreja representa o Cruzeiro da Lira;
Terra de Cruzeiro: nem sempre os cruzeiros têm
terra, então quando se necessita de terra de cruzeiro
para trabalhos espirituais, esta deve ser retirada do
canteiro mais próximo a este;
Pó de cruzeiro (para fins magísticos) deve ser
retirado raspando-se a cruz do cruzeiro com uma
espátula;
O Reino das Cruzeiros é regido por Mercúrio,
relacionado à quarta-feira.
REINO DAS MATAS

O
Reino das Matas é composto predominantemente
por povos originários da mata (índios nativos),
outras pessoas que habitavam as matas, bem como
povos ribeirinhos.
Neste reino estão as almas de antigos caçadores,
guerreiros, feiticeiros e xamãs; e da mescla africana,
Kimbandas, Ngangas, Mulôjis (feiticeiros Kimbundos)
e Ndokis (feiticeiros Quicongos). Todos esses seres são
almas detentoras de profundos conhecimentos acerca
dos reinos mineral, vegetal e animal.
Alguns entendem que quem morre na mata pode ser
arrebatado para este reino.
Os chefes de falanges são índios nativos, e são muito
comuns nomes associados a animais e plantas, que são
considerados totens [15].
No caso de animais: Exu Cobra Coral, Caboclo Pantera
Negra, Exu Pantera Negra, Exu Pantera Vermelha, Exu
Formiga, Exu Sapo, Exu Coruja, Exu Morcego, Pombagira
Aranha, etc.
No caso de árvores ou outras plantas: Exu mangueira,
Pombagira da Figueira, Exu Cipó, etc.
Nos pontos de força da mata se encontram totens:
cobra, sapo, morcego, aranha, formiga, etc.
Em templos que possuem assentamentos desses
totens não se pode matar ou maltratar os respectivos
animais, o mesmo valendo para o adepto cujo mestre
seja relacionado a um totem. Ex.: Em casa onde se
tenha assentamento de Exu Formiga não se mata
formiga.
E sendo o caso de árvores, aquela espécie não pode ser
podada. Tais entidades possuem conexão com as
energias dessas espécies totens.
Os Reinos das Matas e das Praias se convergem,
portanto, é comum que no “casal” Exu/Pombagira um
seja de Matas e outro de Praia.
Bosques e parques urbanos não são representantes do
Reino das Matas, e sim do Reino da Lira (embora
possam ser apropriados para arriar oferendas). O Reino
das Matas se caracteriza pela pouca intervenção
antrópica/humana (campinas costumam ser resultantes
da intervenção humana). Quanto mais inóspito,
preservado e de difícil acesso ao local, mais fácil é
chamar suas entidades, embora a energia não seja
soterrada por estruturas e intervenções humanas.
O Reino da Lira pode permear o Reino das Matas. Ex.:
nas reservas e parques onde se paga para entrar, ali se
encontra a Lira.
É comum que as entidades desse reino preservem o
jeito nativo de falar, utilizando um jargão diferenciado
baseado em suas línguas nativas (tupi, guarani, etc.).
Gostam de coisas simples (animais secos, peles, penas,
etc.) e artefatos nativos úteis (lanças, arcos, facas, etc.).
Adotam comportamento e vestimentas simples; são
entidades agressivas (principalmente com quem é
estranho à essência deles), porém são fáceis de se lidar
quando se conquista sua confiança; são silenciosos e
vorazes como os predadores que habitam nas matas
escuras; não costumam ser traiçoeiros; são fiéis, de bom
coração e não costumam guardar rancor; prezam pela
verdade no coração do adepto; não possuem referências
da tecnologia atual (quando se manifestam precisam ser
apresentados a referências contemporâneas).
Conhecedores da guerra e da morte, não se curvam a
nada e enfrentam todo tipo de feitiço com força e
determinação. São selvagens e assassinos quando
necessário, mas também ótimos conselheiros capazes de
reconciliar os piores inimigos.
O Reino das Matas é o mais “completo” em termos de
abrangência de atuação: suas entidades trabalham em
grupo e atuam em feitiçaria, contato ancestral, possuem
muita facilidade para a abertura e desobstrução de
caminhos (Ex.: Exu Arranca-Toco atua na remoção de
obstáculos do caminho para criar algo novo), e por terem
amplo conhecimento acerca de venenos e antídotos, são
os que melhor dominam a cura (saúde) e a morte
(conhecem poções e pós poderosos); bradam forte em
seus filhos e não se corrompem por luxo algum.
As entidades deste reino muitas vezes possuem nomes
irreverentes:

Exu Quebra-Galho: Esta entidade está


relacionada a abrir caminhos e encontra-los
quando se está perdido. Intimamente ligado à
intuição. Os mais antigos tinham o costume de
quebrar galhos para marcar caminhos;
Exu Gererê: Está relacionado aos povos
ribeirinhos. Gererê também é o nome de uma
doença de pele que era comum aos povos
ribeirinhos, cuja mandinga para se curar consistia
em escama de peixes, cinzas de charuto e
cachaça;
Exu Arranca-Toco : remove obstáculos do
caminho.
A entrada da mata envolve protocolo:
Identificar a trilha. Antes de entrar colocar em um
lado da entrada as oferendas;
Levar: um coité, fumo de corda já desfiado, bebida
(cachaça temperada: canela, cravo, sassafrás,
etc.), ataré (pimenta-da-costa). O uso de velas [16]
na mata é controverso;
Reverenciar e pedir proteção a: Exu Rei da Mata,
Pombagira Rainha da Mata, Exu e Pombagira
Pantera Negra, Exu Quebra-Galho, Exu
Arranca-Toco ;
“Pagar” os guardiões. Não levar moedas para os
povos das matas (na visão de índio moderno pode-
se considerar a utilização de moedas), mas sim
pagar com o que tenha valor para eles, o que
podem ser cauris (búzios). Pode se usar 7 cauris
enfeitando o fumo de corda;
Os cauris devem ter sido lavados com cachaça
temperada com gengibre, aroeira, mamona,
pimenta e guiné;
Colocar o coité de um lado na entrada da trilha,
sobre uma folha;
A comida deve ser disposta em alguidar de barro
ou em cima de folha (de mamona, bananeira, etc.);
Dispor o fumo em cima de uma folha (pode levar
papel para enrolar, fumar e deixar lá);
Mascar a pimenta-da-costa e soprar a bebida sobre
a oferenda;
Ao passar perto de um formigueiro deve-se saudar
o Exu Formiga. Não se deve jogar cachaça dentro
do formigueiro (joga-la ao redor dele);
Não deixar lixo/resíduos na mata (copos e garrafas
de vidro, etc.);
Se for em rios, pode-se pegar argila para
firmações;
Ao sair da mata deve-se agradecer as entidades.
Pontos de força:

São pontos de força do Reino das Matas: matas


fechadas, campos, florestas, montanhas, pedreiras,
picos de colinas, descampados e áreas rurais;
O Cruzeiro da Mata é a árvore mais alta da mata
(pode ser também uma Figueira);
A figueira é um ponto de conexão muito forte com
o submundo, e debaixo dela é ponto de força do
Povo do Inferno;
Morros ou montanhas que sirvam para
orientação (referência) são considerados Cruzeiro
da Mata;
Encruzilhada de Mata são trilhas, ou onde a
trilha cruza com um rio (pelo rio se chega à
praia);
Kalunga da Mata é um cemitério indígena e
costuma ser difícil de encontrar;
Grutas representam Kalunga da Mata e são
ponto de força do Exu Morcego;
Minas também são pontos de força de mata;
Em todo sopé de árvore pode-se arriar oferendas
para entidades de matas;

Rios são pontos de força de Sêo 7 Montanhas.


Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
das Matas:

Legião ou Povo da Mata da Praia (da orla);


Legião ou Povo das Árvores;
Legião ou Povo das Campinas;
Legião ou Povo das Cobras;
Legião ou Povo das Flores;
Legião ou Povo das Minas;
Legião ou Povo das Montanhas;
Legião ou Povo das Panteras;
Legião ou Povo das Pedreiras;
Legião ou Povo das Raízes;
Legião ou Povo das Sementes
Legião ou Povo das Serras;
Legião ou Povo dos Parques.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino
das Matas. Entretanto, esta lista não é exaustiva, pois
Exu não é um ser limitado por território, credo, etnia, e
por transitar em todos os ambientes pode expandir seu
naipe de atributos e características conforme o
surgimento de novos nichos sociais e novas egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino das Matas:

Geralmente não são altos. Tendem a possuir


estatura mediana para baixa e serem troncudos;
Geralmente são “espíritos velhos” e possuem
ancestralidade latente;
Possuem facilidade de perdoar e não guardam
mágoas;
São desapegados;
São os mais honestos, fiéis, sinceros, de bom
coração, e possuem certa inocência;
São prestativos desinteressadamente.
Obs.:

Um quimbandeiro não deve adquirir produtos de


caçadores, pois estes já vêm amaldiçoados;
Pombagira Rosa-Vermelha é considerada por
alguns como sendo do Reino das Matas, e por
outros, como sendo do Reino da Lira;
O Reino das Matas é regido por Júpiter,
relacionado à quinta-feira.
REINO DA KALUNGA
PEQUENA (CEMITÉRIO)

K
alunga (ou calunga) é uma palavra do idioma bantu
cuja definição assemelha-se a “necrópole”, “terra
dos mortos” ou “mundo dos ancestrais”.
Quando os negros africanos escravizados eram trazidos
para o Brasil, atravessavam o “grande rio” (mar), ao qual
se referiam como “Kalunga Grande”, pois era o local
para onde se destinavam os cadáveres daqueles que
morriam no trajeto.
Por extensão, a concepção de local de destino dos
mortos (cemitérios) nos espaços continentais e meios
urbanos recebeu a denominação de “Kalunga
Pequena”, cuja concepção se mesclou ao modelo
europeu, com túmulos, tumbas, lápides, catacumbas,
mausoléus e cruzes.
Desta forma duas concepções foram estabelecidas para
kalunga: o mar (Kalunga Grande), e os cemitérios
(Kalungas Pequenas).
Kalunga, como cemitério, é definida basicamente
como um espaço delimitado que possui corpos
enterrados e Cruzeiro das Almas. É o local de chegada
e partida do morto. Sua terra é a mais absortiva, onde a
matéria se decompõe. É o reino da Quimbanda de
maior negatividade, absorção e densidade
energética, impregnado dos sentimentos que as
pessoas levam (local de descargas tristes e pesadas).
Em culturas antigas, rituais crematórios de monarcas e
grandes autoridades eram efetuados em embarcações
nas águas do mar para que suas cinzas encontrassem o
caminho do reino dos mortos. Em países orientais ainda
existem tradições de cremação às margens de rios.
Em relação aos cemitérios, a diferença é que nestes os
corpos são sepultados. São também habitat de seres que
exercem o papel de decompositores, e se alimentam de
matéria orgânica em decomposição, ou seja, a morte de
uns seres viabiliza a sobrevivência de outros.
Para os ocidentais, o cemitério é um local associado ao
sofrimento e à tristeza, entretanto, os africanos
acreditavam que era do mundo dos ancestrais
(kalunga) que emanava força e sabedoria para os vivos.
As entidades que compõem o Reino da Kalunga
Pequena são muito obscuras, e parte de suas forças
reside na nostalgia, nos sentimentos e ressentimentos,
nas angústias e no desespero. Possuem amplos
conhecimentos sobre lançamentos de feitiços que levam
as pessoas à loucura, e magias carreadoras de epidemias
e desgraças. Quando zelados e cultuados corretamente
são capazes de curar e transmitir imensa herança
ancestral.
Só um ser da Kalunga (cemitério) é capaz de
desmanchar um feitiço feito nela.
O Reino da Kalunga Pequena possui grande
diversidade de pontos de força, de entidades e de
Exus nativos. As entidades deste reino costumam ser
mais “rígidas”, sérias, e algumas vezes de difícil diálogo.
Não toleram mentiras.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
da Kalunga Pequena:

Legião ou Povo da Kalunga da Mata;


Legião ou Povo da Lira (Ex.: comércio de flores,
velas, etc.);
Legião ou Povo da Lomba;
Legião ou Povo da Mironga;
Legião ou Povo da Porteira;
Legião ou Povo das Campas;
Legião ou Povo das Catacumbas:
Legião ou Povo das Caveiras;
Legião ou Povo das Covas;
Legião ou Povo das Encruzilhadas;
Legião ou Povo das Trevas;
Legião ou Povo das Tumbas;
Legião ou Povo do Buraco;
Legião ou Povo do Forno;
Legião ou Povo do Necrotério;
Legião ou Povo do Velório;
Legião ou Povo dos Cruzeiros;
Legião ou Povo dos Ossos.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino da
Kalunga Pequena. Entretanto, esta lista não é
exaustiva, pois Exu não é um ser limitado por território,
credo, etnia, e por transitar em todos os ambientes pode
expandir seu naipe de atributos e características
conforme o surgimento de novos nichos sociais e novas
egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino da Kalunga
Pequena:

Gostam de estabilidade e rotina (não são flexíveis);


Possuem tendência a ter problemas
psíquicos/mentais (loucura, esquizofrenia,
depressão, etc.);
São ansiosos e imediatistas, querendo tudo
rapidamente (não sabem lidar com etapas, fases,
processos);
São desconfiados;
São dispersos e sem foco (começam algo com
entusiasmo e depois perdem o foco);
São observadores (principalmente quando
desconfiados). Observam para depois criar teorias
da conspiração.
Profissões para filhos de kalunga: atividades que
lidam pouco ou indiretamente com outras pessoas,
atividades burocráticas, auditoria, etc. Lidam bem
com repetição e linha de produção (filhos de João
Caveira são exceções).
Algumas observações sobre o Reino da Kalunga
Pequena e de seus Exus/Pombagiras:

Feitiços realizados na Kalunga são principalmente


para: maldição, destruição (amorosa, mental, de
saúde), limpeza espiritual pesada, afastamento de
vícios (junto com o Povo da Mata), crescimento
interno;
São características da presença de entidades da
Kalunga: ambiente fica frio (ocorrem calafrios);
presença de cheiro de podre; nas incorporações,
falam com voz para dentro; em contatos oníricos
são amorfos, sem rosto ou com ele enevoado;
A Kalunga da Mata possui vários vestígios que
delimitam o espaço: pode haver uma estaca com
um crânio sinalizando que ali é um cemitério na
mata;
A Kalunga nos ensina que tudo na vida são
processos: não adianta sofrer antecipadamente;
Evitar a prática de vícios no cemitério. Caso fume,
não tragar o cigarro (atrai espíritos vampíricos),
não descartar o filtro do cigarro por lá (trazer
consigo). Caso descarte o filtro dentro do
cemitério, os mortos fumarão através de sua boca;
Tudo o que for retirado deste reino deve ser pago,
e no caso do Povo da Mata pode-se usar búzios
ou fumo de corda desfiado;
Exu 7 Catacumbas é usado para desenterrar
qualquer feitiço no cemitério;
O ponto de força de Exu Corcunda é a lomba
(onde algum corpo foi recém enterrado e existe um
morrinho). É o único Exu capaz de se camuflar, e
também atua na Lira, onde seu ponto de força é o
circo (por conta das pessoas com deformidades
que trabalham em circos);
A Kalunga da Mata é regida pelo Exu morcego
ou Exu coruja;
O silêncio da calunga oculta as coisas que estão
acontecendo espiritualmente;
Exu 7 Covas responde em cova aberta;
Ossos: o crânio é de Exu Caveira e Maria
Caveira;
Figueira no cemitério é portal do Inferno;
Tatá Caveira tem como consorte Rosa Caveira e
seu ponto de força é no Cruzeiro das Almas.
Protocolos para entrar no cemitério

Em cada local citado: 1 moeda, acender 1 vela em


cima da moeda, 1 cigarro, regar em volta com
cachaça, soprar cachaça;
Saudar na entrada:

- No Portão: ​Exu 7 Porteiras


- À Direita: ​ ​Exu Caveira
- À Esquerda: ​Tatá Caveira (além daqui, pode ser
saudado também no
Cruzeiro, junto com Rosa Caveira.

Seguindo em frente, na 7ª catacumba, saudar Sêo


7 Catacumbas e Maria Padilha das 7
Catacumbas (ou 7 Sepulturas) levando
champanhe também;
Na 1ª encruzilhada, saudar Sêo João Caveira e
Dona Maria Caveira (acender vela no centro e
fazer o procedimento);
No Cruzeiro das Almas (ponto focal da energia do
cemitério / ponto de destinação das almas) levando
champanhe para as Pombagiras:

- Rei e Rainha: da Kalunga / das Almas / do


Cruzeiro;
- Sêo 7 Cruzeiros e Pombagira dos 7 Cruzeiros;
- Sêo 7 Cruzes;
- Maria 7 Cruzes;
- Tatá Caveira e Rosa Caveira.

Se houver cova aberta, saudar Sêo 7 Covas e o


Povo do Buraco, jogando uma moeda (pode jogar
cachaça também);
Na Lomba, saudar Exu Corcunda
No campanário (pedra em cima do túmulo,
encontrada onde não há mausoléu) saudar Sêo 7
Campas;
Quando for ao cemitério com o intuito de meditar e
não retirar nada lá o procedimento de entrada
pode ser mais simples.
Protocolos para retirar objetos do cemitério

Regra geral: o que entra no cemitério não sai;


Não abusar: retirar somente o necessário / nunca
pegar algo que não irá usar;
Pagar em proporção ao que foi pego, e de acordo
com a finalidade;
A oferenda pode ser arriada onde o objeto foi pego
ou na 7ª catacumba;
Tudo o que está guardado é de Sêo 7
Catacumbas. Sempre pagar para ele na hora, ou
nos dias subsequentes, porém o mais rápido
possível. O que pegar que estiver de fora, pagar 3
moedas para o morto;
Se pegar algo e sair sem pagar deve-se pagar o
mais rápido possível (crânio, fêmur e coluna são
muito valiosos);
Ao pegar terra da kalunga, ofertar ao Sêo 7
Covas: vela, cachaça, cigarro ou charuto, 3 ou 7
moedas. Primeiro deve-se agradecer e depois pedir
para que não venham mazelas;
Cova aberta é de Sêo 7 Covas. Pagar 3 ou 7
moedas, vela, cachaça;
O que foi coletado deve ser guardado embrulhado
em pano preto;
Em caso de venda é necessário destinar ao menos
10% do valor para entidade responsável por aquilo
que foi pego, como pagamento;
Ossos: o crânio é de Exu Caveira e Maria
Caveira. Saudar e pagar a eles;
Se for coletar ossos ou fazer feitiço negativo no
cemitério, ao sair lavar as mãos com água e
açúcar;
Limpeza dos objetos coletados: ao pegar ossos ou
outros objetos, deve-se colocar dentro de um ponto
riscado com uma espiral decrescente (sentido anti-
horário) que deve ter na ponta um tridente
receptivo. Posteriormente passar tintura de arruda
nos itens. Fazer um círculo de pólvora, com 1cm de
espessura, ao redor dos itens (pode-se usar sal
grosso junto com a pólvora). Tomar muito cuidado
ao queimar pólvora, pois pode causar queimaduras
intensas (a combustão da pólvora pode atingir
3000 graus Celsius). O ideal é que se faça um
caminho de álcool do ponto de onde está a pessoa
até o círculo de pólvora, mantendo-se a uma
distância de pelo menos 3m. Esse procedimento
não deve ser feito dentro de ambientes fechados,
pois há risco de sufocamento com a fumaça da
pólvora. Após esse procedimento se enrola os itens
em panos pretos.
Protocolos para sair do cemitério

Na frente do portão se saúda Exu Caveira e Tata


Caveira;
Pegar 2 moedas, jogar cada uma para trás por
cima de cada ombro, de costas para os canteiros e
de frente para o portão. Nesta posição Exu
Caveira está à esquerda e Tatá Caveira está à
direita. Dizer: “Que não venha comigo nada que
não seja meu por direito e que eu não tenha ido
buscar”. Sair de costas para o cemitério e seguir
sem olhar para trás;
Se não tiver pego nada no cemitério: coloca-se 1
vela para o Senhor 7 Porteiras, 1 vela para Exu
Caveira, 1 vela para Tatá Caveira. Nos outros
locais listados apenas a moeda;
Pode também se utilizar moeda de Exu (búzios)
como pagamento;
Caso não se tenha dinheiro, o pagamento pode ser
feito com o que é válido para este eixo: itens como
vela, cigarro, charuto, cachaça também podem ser
ofertados como pagamento.

Obs.:

O Reino da Kalunga Pequena (Cemitério) se


localiza em todos os locais onde haja restos
mortais (animais ou humanos). Onde houver a
presença da morte haverá Exu de cemitério;
Ao comprar pólvora, pedir usando os nomes PT ou
fundanga;
O Reino da Kalunga Pequena é regido por
Saturno, relacionado ao sábado.
REINO DAS ALMAS

N
o contexto da Quimbanda costuma-se referir às
entidades como “espíritos”, o que gera certa
confusão no entendimento dos conceitos de “alma”
e “espírito”.
Na compreensão da constituição do ser humano, o
espírito é a fagulha divina que existe além das barreiras
limitantes do ciclo de encarnações, e a alma é a parte
dessa fagulha que vaga nesse ciclo, em corpos
físicos/materiais, construindo e destruindo convicções em
sua busca pela libertação.
Ou seja, cada alma contém um espírito. A alma é o
repositório dos impulsos, sentimentos, emoções etc., que
foram gerados no corpo físico; e o espírito é a essência
que existe além das barreiras do ciclo de encarnações,
na qual se transmutaram os conhecimentos e as
experiências nele vivenciadas (amor, felicidade, ódio,
rancor, combates, dores emocionais etc.), como uma
bagagem de gnose perene.
No Plano Astral a alma “envolve” o espírito,
apresentando a forma e as características do seu corpo
físico.
Conforme informações transmitidas pelas entidades,
quando alguém desencarna passa por um turbilhão
emocional no qual os primeiros impulsos a aflorarem são
os de medo, tristeza, raiva, ódio e dores. Muitas almas
permanecem perdidas e encarceradas nesse limbo
sentimental/emocional/psíquico.
Outras tornam-se extremamente agressivas,
direcionando fúria, rancor e ódio numa busca instintiva
de destruição aleatória e inespecífica. Estas são
denominadas vampiros astrais, obsessores ou
kiumbas, que se alimentam do derramamento de
sangue, dos vícios e da energia de seres humanos que
vibram em sintonia com eles (vícios, brigas, depressões
etc.) e estão suscetíveis aos seus ataques. Estas almas
podem ser cooptadas e usadas para propósitos obscuros
por Mestres espirituais.
Há aqueles cujas almas, ao desencarnar, são atraídos
pelos vórtices da Quimbanda (Cruzeiros) e integrados
a um de seus 7 Reinos, conforme as particularidades de
suas vibrações e bagagem de experiências. Por terem se
tornando vitoriosos e poderosos em suas vidas, são
lapidados por Mestres espirituais até que suas essências
sobrepujem todas as suas fraquezas e moralidades, se
tornando aptos ao trabalho espiritual e a burlar o ciclo de
encarnações. Raríssimos são os espíritos que
imediatamente após desencarnaram ascenderam ao
posto de Exu.
No “Apêndice 1” é apresentada uma relação
exemplificativa (não exaustiva) de categorias de seres
que se encontram no plano espiritual, entre as quais
obsessores (que procuram lugares e seres para drenar
energia), justiceiros (que morreram com ódio e com
fixação na busca de vingança) e larvas astrais.
Como a grande maioria dos seres que se manifestam na
Quimbanda são almas (no sentido de que são pessoas
que já morreram), pode-se entender o Reino das Almas
como um “macro reino” que permeia e engloba todos os
reinos. Ou seja: o Reino das Almas é em todo lugar, e o
que possui a maior população. É composto por todos os
lugares e energias que realizam encaminhamento
quando uma pessoa desencarna e inicia seu processo de
caminhada em busca dos portais espirituais (Cruzeiros).
Existem entidades que, quando da transição
(desencarne) de alguém, o direcionam para o Cruzeiro
das Almas. Seres aptos a guiar aqueles que estão sob o
choque do desencarne sempre existem em hospitais,
igrejas, mesquitas, centros espíritas, terreiros e velórios.
Por outro lado, existe também o aprisionamento e
escravização de almas nas correntes sinistras deste
reino.
Os soberanos do Reino das Almas são Exu Rei das
Almas e Pombagira Rainha das Almas. São seres que
conhecem todo tipo de dor, sofrimento, adversidade e
impulso dos quais os seres humanos são passíveis, pois
os vivenciaram ao longo de suas jornadas.
As mais conhecidas e abrangentes legiões de Exu e
Pombagira deste reino são as de Exu Tranca Rua das
Almas e Maria Padilha das Almas, responsáveis pelo
encarceramento de muitas almas e esgotadores e
libertadores dos impulsos nocivos. Eles são os
condutores das almas para o Cruzeiro (Exu Caveira
também faz esse trabalho). Exu Tranca Rua das Almas
se tornou um grande espírito guardião das entradas de
muitas casas, templos e terreiros, devido ao seu domínio
sobre as almas.
O Reino das Almas possui pouca variedade de Exus
nativos, dentre eles: Exu das Almas, Rei das Almas,
Rainha das Almas, Exu Nove luzes, Exu sombra,
Pombagira das Almas. Apesar dos Caveiras
trabalharem com as almas, não são Exus nativos do
Reino das Almas, e sim da Kalunga Pequena
(cemitério). Tranca Ruas é uma entidade nativa das
Encruzilhadas.
Pontos de força do Reino das Almas: igrejas,
acostamentos de estradas, terreiros, centros espíritas,
hospitais, porões, alçapões, senzalas, presídios e
manicômios (inclusive os abandonados), necrotérios,
marcos de chacina (por guerra ou crimes), velórios,
capelas funerárias, Cruzeiro das Almas nos cemitérios,
(senzalas, porões e alçapões também são pontos de
força do inferno).
Outro domínio das legiões integrantes do Reino das
Almas são os picos altos, as cordilheiras e os
desfiladeiros, devido a crenças antigas de que as almas
deveriam buscar tais locais para transcender e encontrar
seu descanso eterno.
O Reino das Almas se estende além dos locais físicos e
perceptíveis, pois suas legiões são compostas por
espíritos que têm força e influência sobre as emoções. As
entidades deste reino são ótimas para ataques psíquicos
e para trabalhar com manipulação, encaminhamento,
esgotamento da mente, assim como libertação de vícios.
São especialistas na realização de emboscadas e
aniquilação de demandas vindas de inimigos.
As entidades deste reino conhecem os centros
energéticos dos seres humanos, possuem domínio
sobre os corpos astrais e a psique, sabem lidar com os
sentimentos e desejos de todas as almas, por
conhecerem os segredos da vida de da morte. São
grandes mestres no ensino do controle sobre tudo que
fere, acorrenta e escraviza. Por trazerem conhecimentos
de milhares de existências, também atuam no
crescimento material e na evolução intelectual.
Os Exus do Reino das Almas são espíritos em
constante contato com os seres humanos, conhecendo
cada fenda em sua alma, porém, são os mais difíceis de
se convencer a fazer o que se quer: é preciso que eles
respeitem muito o solicitante para isso.
Quando se tem muita afinidade com o Reino das
Almas, suas entidades costumam entregar ao adepto
um cordão branco em algum sonho lúcido.
O Reino das Almas e o Reino da Kalunga Pequena
(cemitério) são fortemente interligados, e isto remete
ao costume de os templos e igrejas serem sempre
construídos nos lugares mais altos das cidades e seus
cemitérios serem feitos ao lado ou atrás dos mesmos.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
das Almas:

Legião ou Povo das Almas da Kalunga Grande


(Praia);
Legião ou Povo das Almas da Kalunga Pequena
(cemitério);
Legião ou Povo das Almas da Lira;
Legião ou Povo das Almas da Lomba;
Legião ou Povo das Almas da Mata;
Legião ou Povo das Almas da Montanha;
Legião ou Povo das Almas de Chacina;
Legião ou Povo das Almas do Cativeiro;
Legião ou Povo das Almas do Oriente;
Legião ou Povo das Almas dos Campos de Guerra;
Legião ou Povo das Almas dos Hospitais;
Legião ou Povo das Almas dos Templos;
Legião ou Povo das Almas dos Velórios.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino
das Almas. Entretanto, esta lista não é exaustiva, pois
Exu não é um ser limitado por território, credo, etnia, e
por transitar em todos os ambientes pode expandir seu
naipe de atributos e características conforme o
surgimento de novos nichos sociais e novas egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino das Almas:

Dificuldade de lidar com a raiva;


Inconstância psicológica (tendência a mudar de
convicção);
Olheiras;
Pessoas quietas, silenciosas;
Tendência a descontrole e violência;
Filhos de Tranca Rua das Almas geralmente são
arrogantes.
Obs.: O Reino das Almas é regido pela Lua,
relacionada à segunda-feira.
REINO DA LIRA

E
mbora “lira” seja o nome de um instrumento musical
de cordas dedilháveis, no contexto da Quimbanda
faz mais sentido a associação à cidade de nome
“Lira” no norte de Uganda, cuja localização geográfica e
abundância de água e alimentos favoreceram o
desenvolvimento de sua identidade particular naquela
região, envolvendo grandes tratados comerciais entre
diversos povos (ciganos, árabes, chineses, europeus, clãs
bantus, etc.).
A intensa movimentação comercial (pedras e metais
preciosos, cavalos árabes, pólvora, porcelanas,
tapeçarias, etc.) fomentou forte entretenimento (artes,
prostituição, etc.).
Daquele polo sócio-econômico-cultural africano, vieram
escravizados para a América no processo escravagista
europeu, aqueles que por terem vivenciado os dias de
glória de Lira, trazem as características que foram
associadas ao reino homônimo.
Em sua formação, o Reino da Lira expandiu-se e
agregou outros elementos. Na França, durante a Belle
Époque [17], homens abastados frequentavam casas
noturnas chamadas cabarés (em francês: cabaret),
estabelecimentos luxuosos onde havia apresentações
musicais, números circenses e danças sensuais
executadas por mulheres. Os cabarés eram casas onde
reinavam diversão, prostituição, luxo, luxúria, vícios e
conluio de banqueiros, políticos, policiais e criminosos,
que regulavam o poder local.
Os cabarés chegaram no Brasil através da colonização
europeia. Além das prostitutas, esses estabelecimentos
ofereciam outras atrações e com o tempo mulheres
negras e indígenas também integraram os cabarés
brasileiros, que frequentemente participaram nos
bastidores da história do Brasil, assim como as
prostitutas.
O Reino da Lira é um setor do astral composto por
todas as legiões que integram o mundo dos negócios, da
sedução e dos cabarés: artistas, intelectuais, prostitutas,
cafetões, cafetinas, banqueiros, políticos, fazendeiros,
jogadores, apostadores, artistas circenses, ciganos,
viciados em sexo e luxúria, assassinos passionais,
traficantes, dentre outros tipos. É o reino onde se lida
com troca, dinheiro, alegria, entretenimento, vícios,
enganação e subversão. A Lira causa a impressão de
que se está ganhando mais do que perdendo (mas na
realidade pode ser o oposto...).
São pontos de força do Reino da Lira: cabarés,
motéis, saunas gays, boates, discotecas, bares, casas de
aposta, porta de bancos, circos e afins, casas antigas,
casas de espetáculo, museus, etc. Entretanto as legiões
da Lira respondem também em quase todas as áreas
urbanizadas.
As entidades desse reino são espertas e astutas,
portadoras de caminhos para ganhos materiais e
satisfações carnais. Possuem aptidão para promover
golpes de sorte, podem erguer os adeptos da miséria
trazendo oportunidades de trabalho, bem como retirar
pessoas de vícios e de depressões.
Em contrapartida, são capazes de iludir, enevoar,
chafurdar os encarnados em vícios e luxúria
descontrolados, bem como levá-los à total ruína. Não
sentem piedade nem hesitam em escravizar e manipular
os encarnados, levando-os a atitudes insanas, além de
corromper todos os pilares de sua moralidade pessoal.
Mas o Reino da Lira não é somente o da
“promiscuidade” como pode parecer à primeira vista. Ele
pode ser considerado o reino da luxuria, prostituição,
crime, sangue etc., mas também é o reino da sabedoria,
da grandiosidade, e das riquezas culturais da
humanidade: filosofia e artes (música, escultura, pintura,
literatura, cinema, dança, teatro, fotografia, culinária,
artes digitais, etc.).
Essa dualidade pode ser bem observada na mitologia
grega, nos arquétipos de Dionísio e Apolo. Enquanto
Dionísio está relacionado à luxúria, ao êxtase da
embriaguez, às orgias e aos excessos (toda a
transgressão dos limites), Apolo está relacionado à
nobreza, à sobriedade, à temperança, à razão, à arte, à
poesia, à filosofia e à erudição (o lado luminoso da
existência).
Trazendo essa analogia para o mundo espiritual, no
Reino da Lira existem os espíritos conectados à
sabedoria e ao refinamento luciferianos, e aqueles
conectados ao crime, subversão, prostituição e
mercantilismo. Os dois grupos são essenciais na
dinâmica do mundo, e assim o Reino da Lira foi o
responsável “nos bastidores” pelo desenvolvimento de
muitas civilizações (através do pensamento, filosofia e
artes), bem como pelo rompimento de padrões e
costumes (através da chama luciferiana). Portanto, o
Reino da Lira é o responsável pelo avivamento do
espírito e pela evolução da consciência.
Dentre os Reinos da Quimbanda, a Lira é o mais
vampírico. Ela induz ao erro. Os espíritos desse reino
aplicam aos adeptos testes de “visão espiritual” que os
preparam para a vida, colocando em seus caminhos
pessoas e situações que mudam o seu foco sem que
percebam.
Nesse aspecto de distração, e novamente remetendo à
mitologia grega, a Lira na Quimbanda tem o mesmo
nome do instrumento criado por Hermes. Quando
Hermes roubou o gado de Apolo, ele criou a Lira para
fazer com que este deus esquecesse daquele feito.
Apolo ficou tão encantado com o instrumento que
abstraiu a raiva que sentia.
Sob a influência do Reino da Lira e seus espíritos,
podemos seguir correntes energéticas que conduzem à
iluminação pessoal, bem como podemos ser
escravizados pelos vícios, pela ilusão e pela cegueira
espiritual que não permite que se enxergue de onde vem
o controle de suas ações.
A Lira é envolvente: lida com o emocional e o mental. É
este reino que estabelece a linha tênue entre a
sabedoria e a loucura, que demanda equilíbrio entre
razão e emoção. Por estes motivos a Lira pode ser
considerada o reino responsável pela lapidação de um
adepto em seu estágio final (numa visão/terminologia
alquímica: a transformação do chumbo em ouro).
Em uma definição bem restrita, a Lira é a região boêmia
de uma cidade. Num sentido mais amplo, a Lira é um
reino que se manifesta circunstancialmente onde houver
movimentação, troca, comércio, malandragem,
entretenimento, vícios, subversão, tráfico, prostituição,
etc. Ex.:
- Quando se instala um quiosque de venda de coco na
praia, ali se manifesta a Lira no Reino da Kalunga
Grande (Praia);
- Quando se instala um comércio de velas ou flores no
cemitério (Kalunga Pequena), ali se manifesta a
Lira no Reino da Kalunga Pequena (cemitério);
- Em uma reserva florestal onde se paga pela
visitação, ali se manifesta a Lira na Mata.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
da Lira:

Legião ou Povo da Lira;


Legião ou Povo das Casas de Espetáculo;
Legião ou Povo das Praças;
Legião ou Povo do Comércio;
Legião ou Povo do Inferno;
Legião ou Povo do Lixo (ou Lixeira);
Legião ou Povo do Luar;
Legião ou Povo do Oriente (Ciganos);
Legião ou Povo do Ouro;
Legião ou Povo dos Cabarés;
Legião ou Povo dos Malandros.
Estes povos são equivalentes a sub-reinos do Reino da
Lira. Entretanto, esta lista não é exaustiva, pois Exu não
é um ser limitado por território, credo, etnia, e por
transitar em todos os ambientes pode expandir seu naipe
de atributos e características conforme o surgimento de
novos nichos sociais e novas egrégoras.
Algumas características dos filhos do Reino da Lira:

Adaptabilidade de comunicação com todos os


tipos;
Alegres;
Ambiciosos;
Animados;
Boêmios (nem todos);
Comunicativos;
Extrovertidos;
Facilidade para estabelecer conexões;
Facilidade para movimentar dinheiro;
Gananciosos;
Manipuladores;
Naturalmente sortudos;
Tendência a serem maliciosos.
Algumas observações sobre o Reino da Lira e seus
Exus/Pombagiras:

A Lira é uma composição de situações. Ela é onde


está: bancos, prostíbulos, tráfico, feira, etc.;
A Lira movimenta o dinheiro, mas enriquece o
destino final;
Autônomos trabalham bem com a Lira;
Pontos de força do Povo do Inferno (ligado ao
elemento fogo e aos trabalhos de blasfêmia):
alçapões, igrejas abandonadas, senzalas,
calabouços, locais de sofrimento de pessoas
religiosas;
Cruzeiro da Lira: Igreja;
Malandros: ponto de força na favela / regentes:
Zé Pilintra e Maria Navalha (ou Maria Farrapo,
ou Maria do Cais) / senhores das drogas /
protegem contra ladrões e enganadores;
Drogas: Zé Pilintra pode tirar a influência para que
elas não cheguem até a pessoa;
Pilintra: significa maltrapilho em terno de linho
(alguém que se passa pelo que não é);
Povo cigano: é preciso permissão para trabalhar
com eles / povo reservado, agressivo, protetor /
ligados a comunicação, entretenimento, comércio,
proteção / regentes: Exu Cigano e Pomba Gira
Cigana;
Os povos da Lira são relacionados a: corrupção /
enganação / roubo / movimento / alegria /
entretenimento / manipulação.
O Reino da Lira é regido pelo Sol, relacionado ao
domingo.
REINO DA KALUNGA
GRANDE (PRAIA)

U
ma praia é uma formação geológica composta por
partículas soltas de minerais na forma de areia,
cascalhos, fragmentos de rocha ou seixos ao longo
da margem de um corpo hídrico. Em outras palavras, é a
faixa arenosa em declive suave que confina com o mar,
com um rio ou com uma lagoa. Ou seja: as praias podem
ser oceânicas (margeando a orla marítima), fluviais
(margeando rios) e lacustres (margeando lagos);
portanto, a palavra praia aplica-se tanto à água doce
quanto à água salgada.
O Reino da Kalunga Grande (Praia) é chefiado por
Exu Rei da Praia e Pombagira Rainha da Praia, e o
termo “kalunga” é oriundo da religiosidade bantu, para
os quais este reino era associado aos mortos, sendo o
nkisi [18] Kalunga Ngombe a divindade regente deste
reino naquela cultura.
Considerando que os negros escravizados em seu trajeto
para o Brasil se referiam ao mar como “o grande rio”
(Kalunga Grande), depreende-se que o termo
“kalunga” pode ser aplicado tanto ao mar quanto a
rios.
O Reino da Kalunga Grande (Praia) é composto tanto
pelo mar quanto pelos cenários naturais circundantes:
ilhas, baías, faixa de areia, pedras, rios, cavernas, grutas,
mata, etc. Este é o reino mais suscetível à influência da
lua, devido à sua atuação nas marés, e também está
associado aos campos emocional e psíquico. O fluxo e
refluxo das marés e as ondulações da superfície da água
estabelecem analogia com as profundezas da mente
subconsciente/inconsciente, e as alterações emocionais.
As grandes massas de água salgada do planeta são
representadas pelos oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico,
Glacial Ártico e Glacial Antártico. Além desses oceanos,
existem lagos de águas salinas sem saída para os
oceanos, como o Mar Morto e o Mar Cáspio. Segundo
inúmeros mitos e lendas de antigas civilizações, os
mares sempre foram a morada de divindades e
espíritos.
Segundo relatos do plano espiritual, multidões de almas
encontram-se encarceradas no fundo dos mares, rios e
lagos. As falanges do Cruzeiro encarceram tais seres em
gigantescas prisões astrais fortemente guardadas por
Exus e Pombagiras do Reino da Praia, inacessíveis à
outras categorias de espíritos.
As entidades do Reino da Kalunga Grande (Praia) são
almas de pessoas que em vida trabalhavam embarcadas
(piratas, mercadores, etc.), viviam em embarcações, ou
cujo desencarne esteja relacionado a esse reino. Os
Exus e Pombagiras desse reino são mestres que
ascenderam através de mortes e sofrimentos em
afogamentos ou outras circunstâncias violentas nos
mares, rios, cavernas e matas costeiras.
Além de receber os espíritos dos náufragos, o mar já
engoliu cidades e civilizações inteiras, portanto, os
espíritos do Reino da Kalunga Grande (Praia) são
detentores de conhecimentos e informações acerca de
sociedades e civilizações perdidas, não registrados pela
história oficial.
A areia da praia é composta por grãos (micro cristais)
que são micropontos energéticos que transformam as
praias em grandes emissores e receptores de energia.
As areias e as águas formam gigantescos pontos de
força.
A água do mar, devido à sua concentração de sal, limpa
e desobstrui os centros psíquicos (chacras, etc.),
causando sensação de bem-estar. Entretanto, pelo fato
de a capacidade do sal de drenar energia não ser
seletiva, quando se está em uma proposta mágica não é
bom banhar-se no mar.
As entidades do Reino da Praia têm a faculdade de
conduzir os adeptos a descobrirem sua força interior para
saírem de labirintos psíquicos, já que o elemento água é
aquele relacionado às emoções. Em contrapartida, são
capazes de causar turbilhões psíquicos que conduzem as
pessoas a labirintos emocionais.
São entidades desprovidas de sentimentalismos, que se
atêm à condução dos adeptos às suas metas. Algumas
são festeiras e gostam de algazarras, outras são
silenciosas e pouco se manifestam no plano material.
Algumas características dos filhos do Reino da Kalunga
Grande (Praia):

Apresentam extrema instabilidade de humor;


Carismáticos/cativantes (fáceis de se gostar);
Costumam ser alegres;
Emocionalmente carentes e inconstantes;
Incubados, incógnitos, normalmente
incompreendidos;
Intuitivos;
Maleáveis / flexíveis;
Possuem dificuldade de se estabelecerem em um
só lugar;
Possuem dificuldade de se manter em um
relacionamento;
Possuem grande liberdade interna (psicológica e
mental: desapego de normas, padrões,
convenções, etc.);
Possuem senso de geolocalização apurado;
Possuem tendência a problemas psicológicos;
Possuem tendência a serem manipuladores
(choram com facilidade);
Possuem tendência ao alcoolismo;
Possuem uma carga emocional difícil de ser lidar,
por serem regidos por um elemento tão mutável
que é a água;
São geralmente bons negociadores;
São geralmente de baixa estatura.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
da Kalunga Grande (Praia):

Legião ou Povo da Ilha;


Legião ou Povo da Lira;
Legião ou Povo da Mata;
Legião ou Povo da Orla;
Legião ou Povo das Cachoeiras;
Legião ou Povo das Ondas;
Legião ou Povo das Pedras Costeiras;
Legião ou Povo das Profundezas;
Legião ou Povo do Cruzeiro;
Legião ou Povo do Lodo;
Legião ou Povo do Mar;
Legião ou Povo do Porto/Cais;
Legião ou Povo dos Marinheiros;
Legião ou Povo dos Piratas;
Legião ou Povo dos Quiosques
Legião ou Povo dos Rios;
Legião ou Povo dos Ventos.
Algumas observações sobre o Reino da Kalunga
Grande (Praia) e seus Exus/Pombagiras:
O mar e a praia são ambientes de grande
dinamismo;
A água do mar é de grande esgotamento
energético (jogar algo no mar aproveita essa
propriedade);
A praia é um ambiente impregnado de
provocação, promiscuidade, desejo, cobiça;
O elemento que rege o Reino da Kalunga
Grande (Praia) é a água, ligado às emoções e a
trabalhos relacionados a amor, dominação,
sedução e prosperidade, que são de competência
das entidades desse reino;
Comida para entidades desse reino é farofa com
peixes e camarão;
O Cruzeiro da Praia é o farol, ponto focal que
concentra almas para sua destinação. A faixa de
areia é a transição das almas até o farol
(Cruzeiro da praia). Obs.: Saquarema (RJ) possui
farol e cemitério;
A Mata da Praia faz a conexão entre o Reino das
Matas e o Reino da Kalunga Grande (Praia);
O porto é Lira na praia;
Na orla (acima da praia) ocorre a união entre os
Povos da Praia e os Povos da Lira;
Exu 7 Profundezas é o maior carcereiro do Reino
da Kalunga Grande (Praia) e trabalha com Exu
do Lodo;
Exu Tranca Ruas de Embaré é do Reino da
Kalunga Grande (Praia);
Pombagira Menina da Praia é muito boa para
encantamentos amorosos. Obs.: amarração não
“faz amar” e sim ficar juntos (geralmente se trata
de interesse);
Encruzilhada de curral – Encruzilhada em “T”
mais próxima da praia, com uma rua sem saída.
Ideal para trabalhos quando se tem um problema
muito sério com uma entidade e precisa se livrar
dela. No ritual chamar Sêo 7 Profundezas e Sêo
7 Cruzes (Exu do Lodo também);
Pontos de força no Reino da Kalunga Grande
(Praia): areia e dunas nas margens de corpos
hídricos, orla, encruzilhada em curral, entornos de
água doce ou salgada;

O Reino da Kalunga Grande (Praia) é regido por


Vênus, relacionado à sexta-feira.
GLOSSÁRIO
Calunga (ou Kalunga) grande – Oceano.
Calunga/Kalunga ou Calunga/Kalunga pequena –
Cemitério. Espaço delimitado que contém corpos
enterrados e Cruzeiro das Almas.
Campa – Pedra em cima do túmulo, encontrada onde
não há mausoléu.
Campinas – São pastos naturais onde predomina uma
vegetação rasteira. Possuem grande ocorrência de ervas
e geralmente são circundadas por rios e matas. São
locais apropriados para a instalação de vilarejos e
fazendas por serem terrenos pouco acidentados.
Campos de Guerra – São locais onde já ocorreram
conflitos envolvendo um grande número de pessoas.
Geralmente são descampados ou no entorno de fortes.
Catacumbas – São as escavações destinadas às
sepulturas. São cemitérios subterrâneos.
Cativeiro – É onde estão acorrentadas as almas. Pode
ser: as árvores dos cemitérios que foram plantadas para
adornar o local, a base do Cruzeiro das Almas, debaixo
de altares religiosos, em portas de delegacias e presídios.
Covas – Buracos abertos para enterro dos mortos. São
mais simples que as sepulturas.
Cruzeiro – Cruz de madeira ou concreto que marca um
local notável. Por extensão (no contexto da Quimbanda),
pode se referir a um marco que se destaca no horizonte.
É um ponto de esgotamento energético: ponto focal que
concentra espíritos para sua destinação. Ex.: o farol é um
Cruzeiro da Praia; um morro ou árvore que se destaque
pela altura é um Cruzeiro da Mata. É importante que se
tenha um cruzeiro no tempo para equilibrar o ambiente.

Encruzilhada – Cruzamento de vias/caminhos



em forma de “ ”, “X”, “T”, “Y” ou (pé-de-galinha),
podendo ser um local no mundo físico ou um intercâmbio
de vias energéticas traçado por Exus sobre qualquer
lugar. A encruzilhada é intrinsecamente ligada a outros
reinos: Encruzilhada da Praia, da Lira, da Mata, da
Kalunga, do Cruzeiro.
Lixo – No contexto de povos e pontos de força na
Quimbanda, são os locais onde se concentram pessoas
excluídas da sociedade (Ex.: prostitutas, ladrões,
estelionatários, viciados em drogas, abandonados pelas
famílias, mendigos, catadores de lixo, etc.). Geralmente
são pontos localizados nos antigos centros das cidades,
onde existem cabarés, bares, agiotas, ladrões, cafetões e
pequenos traficantes. Esse ambiente também pode
ocorrer na zona portuária. Mesmo com a presença dessas
populações, são lugares atraentes e podem se tornar
pontos comerciais expressivos. Alguns tipos de trabalho
podem ser realizados debaixo de pontes e viadutos sem
serem terem relação com esse Povo.
Lomba – No cemitério, pequeno morro ou a terra que
encobre as covas.
Mausoléu – Monumento funerário, geralmente
imponente ou de dimensões avantajadas, que abriga os
despojos de um ou vários membros de uma mesma
família.
Mironga – Palavra derivada do Quimbundo que significa
mistério. De forma geral, refere-se a qualquer segredo ou
informação oculta. Indica também o próprio ritual, ou
qualquer magia, além dos resultados da magia (Ex.:
mironga pode ser a magia de dinheiro ou o dinheiro em
si; a magia de amor, ou o amor em si).
Minas – São as cavidades abertas no solo para a
extração de carvão ou outros minérios.
Montanhas – São montes cujo sopé (base) é maior e a
parte mais alta é chamada de pico.
Oriente – As almas do Oriente são parte de um grupo
astral composto por espíritos incumbidos de direcionar o
aprendizado dos adeptos. Os pontos de força estão
localizados nos mirantes de estradas, nas praias
desertas, nos jardins no entorno de bibliotecas, nos
museus de arte e perante estátuas e obeliscos
comemorativos ou homenageantes. O alto das
montanhas também possui conexão com esse povo,
desde que as oferendas sejam colocadas voltadas para o
leste.
Pedras Costeiras – São as pedras que estão na costa
dos oceanos. Geralmente, Exu recebe nas pedras onde a
água não bate diretamente.
Pemba – Pedra similar a giz, usada para traçar, escrever
e desenhar.
Pirata – É um “marinheiro marginal” que, de forma
autônoma ou organizado em grupos, navega pelos mares
com o intuito de realizar saques e pilhagem a navios e a
cidades costeiras.
Serranias – São terrenos altos com grandes falhas,
umas mais abruptas e outras menos. Entretanto, as
serras são cadeias de montanhas e o agrupamento em
paralelo denomina-se cordilheira. Nas serras encontram-
se caminhos íngremes, perigosos e cansativos, devido à
presença de falhas. Esotericamente, as serras
representam a divisão entre o alto e o baixo, e o caminho
a ser percorrido para a evolução.
Tumbas – Pedras que marcam os túmulos (identificam os
mortos).
ANEXO: VISÃO DE MESTRE
JEAN FAVARO (NGANGA
NJIRA) SOBRE OS REINOS
DE QUIMBANDA

E
m termos de quimbanda, entendo que existem quatro
grandes pontos de forças, ou reinos, pelos quais se
desdobram todas as demais linhas: 1) Encruzilhada; 2)
Alma ou Calunga; 3) Matas; 4) Águas.
Algumas vertentes, correntes ou templos, com ajuda das
suas entidades, sistematizaram em termos de 7 ou 9 reinos,
que variam de acordo com o entendimento de cada lugar.
Assim como foi tentado fazer com a umbanda, em
compreender tudo em 7 linhas, não se chega a um consenso
objetivo sobre essa sistematização. Alguns forçam a barra
para formatar o culto em sete principais regências.
Eu vejo problemas quando passam a discriminar como
inferiores ou sem tradição sólida um lugar que não entende
dessa forma.
Por exemplo, por muitos anos, em diversas partes do Brasil,
ainda atualmente, registrados em diversos pontos cantados,
a linha ou povo do cruzeiro era analógica à encruzilhada
(pois se trata do mesmo lugar, onde ruas e avenidas se
cruzam). Posteriormente alguns lhe diferenciaram,
apresentando o cruzeiro como exclusivamente o reino do
cruzeiro das almas, com nenhuma relação com a
encruzilhada.
Para muitos macumbeiros que conheci, a linha das almas e
da calunga são análogas, e o cruzeiro das almas pode evocar
atributos singularizantes das entidades das almas.
Para muitos, o reino da lira se trata de um desdobramento
que compõe a linha da encruzilhada, que inclusive, muitas
vezes, não faz sentido uma diferenciação teológica radical –
que acaba sendo puramente teológica, pois na prática o que
importa é o resultado.
O povo das águas tem suas singularidades de acordo com
cada ponto de força de água (povo das cachoeiras, dos rios,
da praia, do mangue, do lodo, do brejo, etc.). E esse
raciocínio é válido para essas 4 grandes linhas evocadas no
começo do escrito.
Acredito que cada templo é uma encruzilhada aberta para as
entidades de cada linha se agruparem e formarem a coroa de
regências do lugar, que independente do grupo ou subgrupo
da cartografia cósmica, se tornam as principais forças do
terreiro.
Ao se limitar em 7 reinos pré-estabelecidos, muitas vezes por
terceiros que nada tem a ver com a sua corrente, é limitar a
expansão que as entidades podem trazer.
Se o terreiro que você frequenta não tem uma
sistematização sólida das linhas, e é flexível com essa
questão, não se preocupe, você não é menos esclarecido ou
fundamentado que aqueles que rugem que é necessária essa
partição – provavelmente você seja muito mais fiel a tradição
dos antigos.
Acho interessante o estudo das linhas e lugares sagrados,
reinos e das forças que lhes regem e como operam suas
diferenciações e possibilidades. As publicações disponíveis
devem ser filtradas em seus contextos e auxiliar a
esclarecer, é importante esse discernimento aos
interessados.
Mestre Jean
@encruzilhadadoaxe
@doutorcapapreta
https://www.facebook.com/jean.favaro.338
@doutorcapapreta
https://www.instagram.com/p/CaaqlR5vCw6/
https://www.instagram.com/p/Cacycr8JBD1/
APÊNDICE: ALGUMAS
CLASSIFICAÇÕES DE
REINOS, POVOS E SEUS
CHEFES

A
classificação da Quimbanda em reinos, que é
amplamente aceita atualmente, foi precedida por
classificações por linhas. Porém, não há consenso
sobre quais povos integram cada reino, bem como seu
número. Até mesmo em relação aos reinos, há quem
entenda que o reino “X” estaria incluído no reino “Y”, de
modo que haveria um grupo principal de reinos que se
desdobraria em outros. A mesma diversidade de
entendimentos ocorre em relação à “chefia” dos povos.
Algumas classificações atribuem a um determinado Exu a
chefia de cada povo, enquanto outras a atribuem a um
casal formado por um Exu e uma Pombagira, assim como
definem um Rei e uma Rainha para cada reino. Em
resumo: autores possuem visões diferentes entre si, e as
entidades não entram nessa discussão.
O exemplo 1 apresenta uma divisão da Quimbanda em
7 reinos (áreas extensas onde as entidades trabalham),
cada qual reunindo entidades que possuem
características em comum (estereótipos e
particularidades do reino a que pertencem) em 9 povos
(área determinada de cada reino), cada qual com seu
respectivo chefe. Esta classificação é localizada nos
seguintes livros:

Desvendando Exu – O Guardião dos Caminhos –


Diego de Oxóssi. Editora Arole Cultural;
Exu na Lei da Kimbanda – Osvaldo do Exu Rei
(Babalorixá Osvaldo Omotobàtálá);
O Livro Negro da Quimbanda: O Livro dos Espíritos
Gnósticos – Ordo Volucer Serpentis – Parzifal
Publicações.
O exemplo 2 apresenta uma classificação da
Quimbanda em 7 reinos, com povos que variam de 9 a
11, cada reino possuindo um Rei e uma Rainha, e cada
povo (ou legião) possuindo um casal de chefes. Esta
classificação é apresentada em:

Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta


(Danilo Coppini – Editora Via Sestra).
EXEMPLO 1
(Nome do Povo, Nome do Chefe)

Reino das Encruzilhadas

1. Povo da Encruzilhada da Kalunga,Exu Veludo


2. Povo da Encruzilhada da Lira, Exu 7 Encruzilhadas
3. Povo da Encruzilhada da Lomba, Exu das Almas
4. Povo da Encruzilhada da Mata, Exu Tiriri
5. Povo da Encruzilhada da Praça, Exu Morcego
6. Povo da Encruzilhada da Praia, Exu Mirim
7. Povo da Encruzilhada da Rua , Exu Tranca-Ruas
8. Povo da Encruzilhada do Espaço, Exu 7 Gargalhadas
9. Povo da Encruzilhada dos Trilhos, Exu Marabô

Reino dos Cruzeiros

1. Povo do Cruzeiro da Kalunga, Exu Kaminaloá


2. Povo do Cruzeiro da Lira, Exu 7 Cruzeiros
3. Povo do Cruzeiro da Mata, Exu Mangueira
4. Povo do Cruzeiro da Porteira , Exu 7 Portas
5. Povo do Cruzeiro da Praça, Exu Kirombó
6. Povo do Cruzeiro da Praia, Exu Meia Noite
7. Povo do Cruzeiro da Rua, Exu Tranca Tudo
8. Povo do Cruzeiro das Almas, Exu 7 Cruzes
9. Povo do Cruzeiro do Mar, Exu Kalunga (Kalunga Grande)

Reino das Matas

1. Povo da Mata da Praia, Exu das Matas


2. Povo da Sementeira, Exu Arranca Toco
3. Povo das Árvores, Exu Quebra Galho
4. Povo das Campinas, Exu das Campinas
5. Povo das Cobras, Exu 7 Cobras
6. Povo das Flores, Exu do Cheiro
7. Povo das Minas, Exu 7 Pedras
8. Povo das Serras / Serranias, Exu da Serra Negra
9. Povo dos Parques, Exu das Sombras
Reino dos Cemitérios

1. Povo da Lomba da Kalunga, Exu Corcunda


2. Povo da Mata da Kalunga, Exu Kalunga (Exu dos Cemitérios)
3. Povo das Catacumbas, Exu 7 Catacumbas
4. Povo das Caveiras, Exu Caveira
5. Povo das Covas, Exu 7 Covas
6. Povo das Mirongas e Trevas, Exu Capa Preta / Mironga
7. Povo das Portas da Kalunga, Exu Porteira
8. Povo das Tumbas, Exu 7 Tumbas
9. Povo dos Fornos, Exu da Brasa

Reino das Almas

1. Povo das Almas da Kalunga, Exu Tatá Caveira


2. Povo das Almas da Lomba, Exu 7 Lombas
3. Povo das Almas da Praia, Exu Giramundo
4. Povo das Almas das Igrejas e Templos, Exu 9 Luzes
5. Povo das Almas do Cativeiro, Exu Pemba
6. Povo das Almas do Mato, Exu 7 Montanhas
7. Povo das Almas do Oriente, Exu 7 Poeiras
8. Povo das Almas do Velório, Exu Marabá
9. Povo das Almas dos Hospitais , Exu Curadô

Reino da Lira

1. Povo da Lira, Exu 7 Liras


2. Povo do Comércio, Exu Chama Dinheiro
3. Povo do Lixo, Exu Ganga / Exu do Lixo
4. Povo do Luar, Exu Malé
5. Povo do Oriente, Exu Pagão / Exu do Oriente
6. Povo dos Cabarés, Exu do Cabaré
7. Povo dos Ciganos, Exu Cigano
8. Povo dos Infernos, Exu dos Infernos
9. Povo dos Malandros, Exu Zé Pelintra

Reino das Praias (Kalunga Grande)

1. Povo da Ilha, Exu do Côco


2. Povo da Pedreira, Exu da Pedra Preta
3. Povo das Cachoeiras, Exu das Cachoeiras
4. Povo do Lodo, Exu do Lodo
5. Povo do Mar, Exu Maré
6. Povo dos Baianos, Exu Baiano
7. Povo dos Marinheiros , Exu Marinheiro
8. Povo dos Rios, Exu dos Rios
9. Povo dos Ventos, Exu dos Ventos

Reino das Encruzilhadas


Povo Chefe
1. Povo da Encruzilhada da Exu Veludo
Kalunga
2. Povo da Encruzilhada da Lira Exu 7 Encruzilhadas
3. Povo da Encruzilhada da Exu das Almas
Lomba
4. Povo da Encruzilhada da Exu Tiriri
Mata
5. Povo da Encruzilhada da Exu Morcego
Praça
6. Povo da Encruzilhada da Exu Mirim
Praia
7. Povo da Encruzilhada da Rua Exu Tranca-Ruas
8. Povo da Encruzilhada do Exu 7 Gargalhadas
Espaço
9. Povo da Encruzilhada dos Exu Marabô
Trilhos

Reino dos Cruzeiros


Povo Chefe
1. Povo do Cruzeiro da Exu Kaminaloá
Kalunga
2. Povo do Cruzeiro da Lira Exu 7 Cruzeiros
3. Povo do Cruzeiro da Mata Exu Mangueira
4. Povo do Cruzeiro da Exu 7 Portas
Porteira
5. Povo do Cruzeiro da Praça Exu Kirombó
6. Povo do Cruzeiro da Praia Exu Meia Noite
7. Povo do Cruzeiro da Rua Exu Tranca Tudo
8. Povo do Cruzeiro das Exu 7 Cruzes
Almas
9. Povo do Cruzeiro do Mar Exu Kalunga (Kalunga Grande)

Reino das Matas


Povo Chefe
1. Povo da Mata da Praia Exu das Matas
2. Povo da Sementeira Exu Arranca Toco
3. Povo das Árvores Exu Quebra Galho
4. Povo das Campinas Exu das Campinas
5. Povo das Cobras Exu 7 Cobras
6. Povo das Flores Exu do Cheiro
7. Povo das Minas Exu 7 Pedras
8. Povo das Serras / Exu da Serra Negra
Serranias
9. Povo dos Parques Exu das Sombras

Reino dos Cemitérios


Povo Chefe
1. Povo da Lomba da Exu Corcunda
Kalunga
2. Povo da Mata da Kalunga Exu Kalunga (Exu dos
Cemitérios)
3. Povo das Catacumbas Exu 7 Catacumbas
4. Povo das Caveiras Exu Caveira
5. Povo das Covas Exu 7 Covas
6. Povo das Mirongas e Exu Capa Preta / Mironga
Trevas
7. Povo das Portas da Exu Porteira
Kalunga
8. Povo das Tumbas Exu 7 Tumbas
9. Povo dos Fornos Exu da Brasa

​Reino das Almas


Povo Chefe
1. Povo das Almas da Kalunga Exu Tatá Caveira
2. Povo das Almas da Lomba Exu 7 Lombas
3. Povo das Almas da Praia Exu Giramundo
4. Povo das Almas das Igrejas e Exu 9 Luzes
Templos
5. Povo das Almas do Cativeiro Exu Pemba
6. Povo das Almas do Mato Exu 7 Montanhas
7. Povo das Almas do Oriente Exu 7 Poeiras
8. Povo das Almas do Velório Exu Marabá
9. Povo das Almas dos Hospitais Exu Curadô
Reino da Lira
Povo Chefe
1. Povo da Lira Exu 7 Liras
2. Povo do Comércio Exu Chama Dinheiro
3. Povo do Lixo Exu Ganga / Exu do Lixo
4. Povo do Luar Exu Malé
5. Povo do Oriente Exu Pagão / Exu do Oriente
6. Povo dos Cabarés Exu do Cabaré
7. Povo dos Ciganos Exu Cigano
8. Povo dos Infernos Exu dos Infernos
9. Povo dos Malandros Exu Zé Pelintra

Reino das Praias (Kalunga Grande)


Povo Chefe
1. Povo da Ilha Exu do Côco
2. Povo da Pedreira Exu da Pedra Preta
3. Povo das Exu das Cachoeiras
Cachoeiras
4. Povo do Lodo Exu do Lodo
5. Povo do Mar Exu Maré
6. Povo dos Baianos Exu Baiano
7. Povo dos Exu Marinheiro
Marinheiros
8. Povo dos Rios Exu dos Rios
9. Povo dos Ventos Exu dos Ventos
EXEMPLO 2
Reino das Encruzilhadas
Rei: Exu Rei das 7 Encruzilhadas
Rainha: Pombagira Rainha das 7 Encruzilhadas
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Encruzilhada da Exu Veludo
Kalunga Pombagira das 7 Encruzilhadas

2. Povo da Encruzilhada da Lira Exu 7 Encruzilhadas


Pombagira das 7 Encruzilhadas
3. Povo da Encruzilhada da Exu das Almas
Lomba Pombagira das Almas

4. Povo da Encruzilhada da Exu Tiriri das Matas


Mata Pombagira das 7 Encruzilhadas

5. Povo da Encruzilhada da Exu Quebra Galho


Praça Pombagira Quebra Galho

6. Povo da Encruzilhada da Exu da Barra


Praia Pombagira das 7 Encruzilhadas

7. Povo da Encruzilhada da Rua Exu Tranca Ruas das Encruzilhadas


Maria Padilha das Encruzilhadas
8. Povo da Encruzilhada do Exu 7 Gargalhadas
Espaço Pombagira 7 Garagalhadas

9. Povo da Encruzilhada dos Exu Marabô


Trilhos Pombagira Maria dos Trilhos

Reino dos Cruzeiros


Rei: Exu Rei dos 7 Cruzeiros
Rainha: Pombagira Rainha dos 7 Cruzeiros
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo do Cruzeiro da Exu Kaminaloá
Kalunga
Pombagira Maria Mulambo do
Cruzeiro
2. Povo do Cruzeiro da Exu 7 Campas
Lomba Pombagira dos 7 Cruzeiros
3. Povo do Cruzeiro da Mata Exu Lobo
Pombagira da Figueira
4. Povo do Cruzeiro da Praça Exu Kirombó
Pombagira dos 7 Cruzeiros
5. Povo do Cruzeiro da Praia Exu Meia Noite
Pombagira dos 7 Cruzeiros
6. Povo do Cruzeiro da Rua Exu Tranca Tudo das Almas
Pombagira dos 7 Cruzeiros
7. Povo do Cruzeiro das Exu Tranca Rua das Almas
Almas Pombagira Maria Padilha das Almas
8. Povo do Cruzeiro de Lira Exu 7 Cruzeiros
Pombagira dos 7 Cruzeiros
9. Povo do Cruzeiro do Exu 7 Portas
Espaço Pombagira 7 Portas
10. Povo do Cruzeiro do Mar Exu Kalunga
Pombagira da Kalunga

Reino da Mata
Rei: Exu Rei das Matas
Rainha: Pombagira Rainha das Matas
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Mata da Exu das Matas
Praia Pombagira das Matas

2. Povo das Árvores Exu Mangueira


Pombagira das Matas
3. Povo das Campinas Exu das Campinas
Pombagira das Matas
4. Povo das Cobras Exu Cobra
Pombagira das Cobras
5. Povo das Flores Exu do Cheiro
Pombagira Rosa Vermelha
6. Povo das Minas Exu 7 Pedras
Pombagira das 7 Pedreiras
7. Povo das Panteras Exu Pantera Negra
Pombagira da Pantera
Negra
8. Povo das Raízes Exu Arranca Toco
Pombagira das Matas
9. Povo das Serranias Exu da Serra Negra
Pombagira das Matas
10. Povo dos Parques Exu Morcego
Pombagira Morcego

Reino dos Cemitérios (Kalunga Pequena)


Rei: Exu Rei da Kalunga / Rei do Cemitério / Exu Omulu Rei
Rainha: Pombagira Rainha da Kalunga / Rainha do Cemitério
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Kalunga da Exu Pimenta
Mata Pombagira Maria Pimenta
2. Povo da Lomba Exu Corcunda
Pombagira da Lomba
3. Povo da Mironga Exu Malê
Pombagira mirongueira
4. Povo das Catacumbas Exu 7 Catacumbas
Pombagira Maria Padilha das 7
Catacumbas ou Rainha das 7
Catacumbas
5. Povo das Caveiras Exu Caveira
Pombagira Rosa Caveira
6. Povo das Covas Exu 7 Covas
Pombagira Maria 7 Covas
7. Povo das Portas da Exu 7 Porteiras
Kalunga Pombagira das 7 Porteiras
8. Povo das Trevas Exu Rei das Trevas
Pombagira Rainha do Inferno
9. Povo das Tumbas Exu 7 Tumbas
Pombagira da Kalunga
10. Povo do Forno Exu Brasa
Pombagira do Forno

Reino das Almas


Rei: Exu Rei das Almas
Rainha: Pombagira Rainha das Almas
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo das Almas da Kalunga Exu das Almas
Grande Pombagira das Almas
2. Povo das Almas da Kalunga Exu Tatá Caveira
Pequena Pombagira Tatá Caveira

3. Povo das Almas da Lomba Exu 7 Lombas


Pombagira Maria Mulambo das 7
Lombas
4. Povo das Almas do Exu Pemba
Cativeiro Pombagira das Almas
5. Povo das Almas do Mato Exu das 7 Montanhas
Pombagira das 7 Montanhas
6. Povo das Almas do Oriente Exu 7 Poeiras
Pombagira 7 Poeiras
7. Povo das Almas dos Exu 7 Candeeiros
Campos de Guerra Pombagira Maria Quitéria
8. Povo das Almas dos Exu Curador
Hospitais Pombagira das Almas
9. Povo das Almas dos Exu 9 Luzes
Templos Religiosos Pombagira Alteza
10. Povo das Almas dos Exu Marabá
Velórios Pombagira Rainha das Almas

Reino da Lira
Rei: Exu Rei das 7 Liras
Rainha: Pombagira Rainha das 7 Liras
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Lira Exu 7 Liras
Pombagira 7 Saias
2. Povo do Comércio Exu Chama Dinheiro
Pombagira Maria Padilha Rica
3. Povo do Inferno Exu dos 7 Infernos
Pombagira Maria Padilha dos
Infernos
4. Povo do Lixo Exu Mulambo
Pombagira Mulambo
5. Povo do Luar Exu Lua Negra
Pombagira do Luar
6. Povo do Oriente Exu Pagão
Pombagira Pagã
7. Povo do Ouro Exu do Ouro
Pombagira do Ouro
8. Povo dos Cabarés Exu dos Cabarés
Pombagira dos Cabarés
9. Povo dos Ciganos Exu Cigano
Pombagira Cigana
10. Povo dos Malandros Exu Zé Pilintra
Pombagira Maria Navalha

Reino da Praia (Kalunga Grande)


Rei: Exu Rei das Praias
Rainha: Pombagira Rainha das Praias
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Ilha Exu do Côco
Pombagira da Praia
2. Povo das Cachoeiras Exu 7 Cachoeiras
Pombagira das 7 Cachoeiras
3. Povo das Ondas Exu 7 Ondas
Pombagira 7 Ondas
4. Povo das Pedras Exu da Pedra Preta
Costeiras Pombagira das 7 Pedreiras

5. Povo das Profundezas Exu do Poço


Pombagira do Poço
6. Povo do Lodo Exu do Lodo
Pombagira do Lodo
7. Povo do Mar Exu Marê
Pombagira Menina da Praia
8. Povo dos Marinheiros Exu Marinheiro
Pombagira da Praia
9. Povo dos Piratas Exu Pirata
Pombagira Maria do Cais
10. Povo dos Rios Exu dos Rios
Pombagira dos Rios
11. Povo dos ventos Exu Ventania
Pombagira Rosa dos Ventos
INCORPORAÇÃO

A
incorporação é um fenômeno mediúnico e
considerada um dos fundamentos da Quimbanda,
que é um culto necrosófico [19] e necromante [20]
baseado na arte de evocar e invocar espíritos dos mortos
que através de conhecimentos esotéricos burlaram a Lei
de Reencarnação para:

Amparar seus tutelados encarnados e prepará-los


para sua condição após o desencarne;
Incitar o fogo do conhecimento através da busca
espiritual;
Estimular o autoconhecimento e a intuição;
Estorvar a expansão dos sistemas religiosos
escravagistas;
Trazer informações acerca do mundo dos mortos;
No plano material, Exu utiliza-se do mecanismo da
incorporação para praticar sua ritualística. Nessa
prática, o espírito (a alma de um desencarnado) se
utiliza do corpo físico de uma pessoa encarnada (um
médium) para se expressar (com ou sem controle parcial
desse intermediador), se comunicar, transmitir
informações e conhecimentos, e praticar sua
magia/feitiçaria.
A prática da incorporação envolve estudo, dedicação,
autoconhecimento e acompanhamento, pois existem
etapas que podem levar anos para serem superadas pelo
adepto, e sem o devido suporte, pode haver transtornos
psíquicos.
Na prática, para que a ritualística flua de forma
harmônica deve-se observar alguns detalhes:

O ambiente ritualístico deve estar devidamente


equilibrado energeticamente;
Os corpos do adepto (o físico e os sutis) devem
estar “limpos” de energias estagnadas;
O estado mental do adepto deve estar controlado,
harmonizado e focado na ritualística;
As invocações e evocações devem ser conduzidas
corretamente para a aproximação do espiritual
com o físico;
A ritualística deve ser conduzida com dedicação e
conhecimento.
Para compreender a mecânica do fenômeno da
incorporação, é preciso ter um conhecimento mínimo
sobre:

Os corpos “sutis” que o ser humano possui além do


corpo físico (escudo energético, corpo astral, corpo
mental);
A nutrição dos corpos por “bioenergias [21]”, além
de nutrientes físicos;
A dinâmica dessas bioenergias em centros
específicos (chacras ou chakras) e canais de
distribuição (nadis) – Vide “Apêndice 4”.
Partindo do princípio que o corpo físico do ser humano
é um invólucro que abriga uma fagulha (espírito), este
corpo físico (denso) gera, através de uma dinâmica
energética, campos magnéticos que atraem ou repelem
energias exteriores.
Se o corpo físico não estiver devidamente suprido com
os nutrientes físicos, esta condição irá causar
desequilíbrios e doenças. Além da alimentação, esse
equilíbrio requer exercícios físicos, higiene e meditação.
Em nível de corpos sutis, os campos energéticos
dependem de uma dinâmica energética que envolve:

Determinadas energias (cuja denominação varia


conforme a cultura, sendo “Prana” um dos termos
mais conhecidos, da cultura hindu);
Centros energéticos, que se localizam sobre os
corpos sutis, para os quais existem vários
sistemas de classificação, sendo mais comum o de
7 principais, associados a plexos e glândulas
endócrinas do corpo físico;
Uma rede de “canais de distribuição” das energias
(os Nadis, da cultura hindu).
Alguns sistemas esotéricos descrevem os corpos (o
físico e os sutis) como coexistentes, de forma que os
mais sutis interpenetram os mais densos.
Como é possível essa interpenetração? Ex.:
consideremos uma caixa d’água. Naturalmente ela não
está vazia e sim cheia de ar; colocamos areia e por fim
água até enchê-la completamente. O que temos como
resultado? 3 tipos de matéria aparentemente ocupando
“o mesmo lugar no espaço”: água, areia e ar (a água
contém, habitualmente, volume considerável de ar). Na
verdade, as matérias ali contidas não estão “ocupando o
mesmo lugar no espaço”, e sim, sendo de densidades
diferentes, ocupam os espaços vazios entre uma e outra.
Este mesmo raciocínio de aplica à coexistência das
matérias correspondentes ao plano físico e aos
mundos invisíveis (que o ocultismo denomina planos),
que sendo de vibrações e frequências diferentes se
interpenetram, ocupando os espaços que existem entre
os “átomos” de cada plano (sólido, líquido, gasoso,
etérico, atômico, superetérico e subatômico).
Os corpos sutis que servem de veículo ao espírito
encarnado, podem se tornar mais ou menos densos
conforme as descargas mentais e emocionais do
adepto/médium, e as influências provindas de
desequilíbrios energéticos nos campos magnéticos
(escudo energético do adepto).
O caminho espiritual na Quimbanda brasileira é uma via
evolutiva que trabalha com o “escurecimento alquímico”
da alma, despertando suas fagulhas ígneas. O “escudo”
de um adepto segue a cor que seu espírito vibra e está
intimamente conectado com sua relação elementar.
A alquimia espiritual faz com que o “escudo” proteja
os adeptos de energias nocivas e fortaleça a simbiose
com seu Mentor Exu. O “escudo” não será um entrave
para a incorporação (e outras formas de contato), pois o
mesmo é composto tanto pela energia produzida pelos
corpos sutis do adepto quanto pela emissão energética
do Mentor Exu que o acompanha e que corrobora com a
filtragem das energias que alimentam seus corpos sutis
bem como com a descarga das mesmas.
Esse processo garante o funcionamento adequado dos
vórtices (chacras) e um contínuo estado evolutivo que,
ao longo dos anos através de forte disciplina, afasta a
possibilidade de descargas emocionais de qualquer
natureza.
Todo comportamento excessivo e paixões desenfreadas
por parte do adepto pode comprometer esse “escudo”,
gerando descargas que destroem a proteção e abrem
espaço para a “invasão” dos corpos sutis por energias
imundas. Por isso não se estimula o uso de
entorpecentes, psicotrópicos ou alucinógenos no
processo do despertar espiritual.
Quando um adepto inicia o processo de incorporação
de seu Mentor Exu, o escudo deve estar
completamente aberto para a vibração dessa energia.
Esse processo deve ser iniciado a partir do momento em
que o adepto compreenda a ação astral e física de seu
Mentor, bem como toda força dinâmica e receptiva que
envolve essa prática. Estando ciente, a incorporação
deve ser estimulada através de “giras de
desenvolvimento”. Essas giras (rituais destinados à
incorporação) visam harmonizar a energia do escudo
do adepto com as descargas do Exu. Conforme o
adepto for participando de tais práticas o escudo vai
equalizando ambas as energias, até que a simbiose
energética esteja completa.
É importante destacar que incorporar não significa que
o espírito do médium “sai” para que outro espírito
“entre”. Significa um processo em que uma consciência
externa (no caso, a de um espírito) se manifesta
através do corpo físico de um médium, de forma que
ambos utilizem de forma consentida este veículo. O
espírito do médium não se ausenta completamente de
sua matéria, apenas se desloca para que outro possa
compartilhar de suas funções humanas. Neste processo,
alguns chacras participam diretamente, como o chacra
existente na nuca, e o chacra umeral, existente sobre
as omoplatas, sendo ambos não descritos entre os 7
principais.
Conforme o adepto vai se desenvolvendo, o Exu vai
tomando mais espaço nessa relação e trabalhando com
suas energias na parte profunda de seu sistema nervoso
central. Assim, os níveis de consciência diminuem e a
“posse consentida” ocorre com maior amplitude. Quase
todos os adeptos passam por três fases ao longo dessa
jornada evolutiva:
Incorporação consciente – O adepto sente a
presença do espírito em sua matéria, todavia,
continua com a consciência plena de seus atos.
Vivencia dúvidas e dificuldade em permitir que o
espírito invocado possa se expressar. Muitas vezes,
por não entender plenamente o processo, não
gosta da sensação ou atribui essa manifestação a
algum transtorno psíquico. Esse estágio requer
muita tutela dos dirigentes para desenvolver o
adepto canalizador e acolher a entidade (Exu) que
está exercendo sua função. O perigo desse estágio
é a manipulação (interferência do
adepto/médium) que pode ocorrer, portanto,
recomenda-se que esses adeptos não deem
consultas de natureza alguma. As “giras de
desenvolvimento”, oferendas nos pontos de força
corretos, os banhos de ervas e os ensinamentos
esotéricos podem tornar esse estágio mais brando.

Incorporação semiconsciente – O adepto,


apesar de ter consciência, perde a plenitude da
mesma. O espírito começa a ter espaço para falar
e trabalhar com suas forças. Recomenda-se que
quando o adepto esteja nesse estágio ocorra o
assentamento desse espírito. Grande parte dos
adeptos “estaciona” nesse estágio por muitos
anos. A incorporação semiconsciente pode ser
“leve” ou “pesada” conforme o grau de
semiconsciência.

Incorporação inconsciente – O adepto ao


incorporar perde seus sentidos e o espírito ocupa-
os. Nesse estágio evolutivo, o Exu pode ser
testado pelo dirigente (se achar necessário) que
nenhum dano físico ou emocional é transferido ao
adepto. É a meta para todos os adeptos, pois não
existe a possibilidade de interferência no trabalho.

O trabalho de desenvolvimento da incorporação pode


utilizar o ponto riscado do Mentor Exu do adepto.
Cada vez que um Ponto de Exu é riscado, abre-se um
portal entre os diversos planos que possibilita a vinda
desse espírito. Dentro da ritualística de incorporação
abre determinadas “portas subconscientes” que facilitam
a simbiose espiritual entre os espíritos e os adeptos.
APÊNDICE 1: ALGUMAS
CATEGORIAS DE SERES
NO PLANO ESPIRITUAL

N
este Apêndice está apresentada uma relação
exemplificativa (não exaustiva) de categorias de
seres que se encontram no plano espiritual.
HUMANOS

Almas de seres humanos vivos durante o


sono – Pessoas conscientes ou não de estarem
projetados no Plano Espiritual.

Almas de seres humanos vivos e acordados –


Pessoas que possuem aptidão psíquica para se
projetarem conscientemente no Plano Espiritual.

Almas de pessoas desencarnadas – Almas que


ainda estão “vivas” no Plano Espiritual. Além das
“pessoas comuns” (muitos à espera da
reencarnação) podemos destacar:

- Obsessores ou quiumbas/kiumbas – São almas


desencarnadas que intencionalmente ou não,
influenciam os seres encarnados, podendo drenar
energia (vampirismo psíquico) e causar perturbações
espirituais e mentais, doenças, obstrução de
caminhos, desarmonia em relacionamentos, etc.;

- Espíritos justiceiros/vingadores – Morreram


com muito ódio no coração e buscam exercer seu
senso de justiça através de vingança;

- Os Exus e Pombagiras encontram-se nessa


categoria de almas de pessoas desencarnadas,
porém romperam com o ciclo de reencarnações
através de sua alquimia espiritual;

- Todos os outros seres desencarnados que integram


legiões e falanges. Ex.: Malandros, Ciganos,
Boiadeiros, Pretos Velhos, Caboclos, Marinheiros,
Piratas, Erês (Crianças), Mentores Espirituais, etc.
Sombras e Cascões – Cadáveres astrais de seres
humanos que além de terem desencarnado
fisicamente, já passaram pela morte astral,
estando em desintegração (a chamada “segunda
morte”). Podem ser considerados “vampiros
menores”, porque, ao terem oportunidade, buscam
prolongar sua existência sugando a vitalidade de
seres humanos.

- Sombras – Cadáveres astrais de seres humanos


que ainda retêm resíduos mentais, que vão se
esgotando até finalizar sua existência. Guardam a
aparência exata da pessoa quando encarnada,
possuem a sua memória, e todas as suas pequenas
particularidades. São capazes de comunicar,
retirando do médium uma inteligência temporária.
Podem ser utilizadas para fins de magia e feitiçaria.

- Cascões – São cadáveres astrais nos últimos


estágios de sua desintegração. Podem ser
reanimados por alguns momentos, caso se
aproximem do campo energético de algum médium,
numa espécie de arremedo de vida, no qual
ostentarão sua antiga personalidade, expressões,
caligrafia, etc. Assim como as sombras, são
responsivos a vibrações, podendo ser manipulados
magisticamente, se tornando cascões vitalizados
(animados por um elemental artificial).
NÃO HUMANOS

Espíritos da natureza (elementais) – São


entidades espirituais relacionadas com os
elementos [22] da natureza. Seus nomes populares
mais conhecidos são Gnomos (Terra), Ondinas
(Água), Salamandras (Fogo), Silfos (Ar), entre
outros: fadas, duendes, elfos, gênios, djinns, etc.
Estas nomenclaturas remetem predominantemente
ao folclore europeu, mas em cada cultura existem
seres equivalentes (no sentido de serem espíritos
da natureza). No folclore brasileiro e em várias
religiões afro-índio-brasileiras existe o conceito de
“encantados”, que são seres que se camuflam em
campos energéticos da natureza como: matas, rios,
cachoeiras, lagos, igarapés, poços, açudes, olhos
d’água, mares, pedreiras, campos abertos e até
mesmo em animais. Possuem o poder de deslocar-
se somente entre algumas dimensões, estando
num plano espiritual, e ao mesmo tempo na
natureza. Exemplos de encantados o folclore
brasileiro são a Cuca, o Boitatá, o Curupira, o Saci
Pererê, o Boto, a Iara, etc. Alguns tipos de
encantados (índios, caboclos, etc.) incorporam em
pessoas.
ARTIFICIAIS
As entidades artificiais consistem em uma massa
enorme, caótica, de entidades semi-inteligentes, e
praticamente incapazes de classificação e
posicionamento detalhado. Sendo inteiramente uma
criação do homem, estão a ele relacionados, exercendo
ação direta e incessante.
O desejo e o pensamento de uma pessoa atraem a
essência plástica dos planos extra físicos e modelam
instantaneamente em um ser vivo de forma condizente.
A forma não fica sob controle de seu criador, mas vive
uma existência autônoma cuja extensão é proporcional à
intensidade do pensamento que a criou, e tanto pode ser
de alguns minutos como de muitos dias.

Formas-Pensamentos – São formas astrais vivas


formadas consciente ou inconscientemente pelos
desejos e pensamentos humanos. Um pensamento
acompanhado de um desejo desencadeia em torno
do emissor uma aglomeração de matéria mental e
astral, que adquire forma, som, cor. Estas
construções atraem outras semelhantes por
afinidade e influenciam outras pessoas que
estejam em sintonia.

Larvas Astrais – São criaturas vampirizadoras do


campo emanado de sentimentos e pensamentos
de baixa vibração, dos quais se alimentam,
drenando energia e gerando desconforto na vida
das pessoas. Podem ser atraídas pelo desequilíbrio
espiritual ou emocional, e podem também ser
geradas através de magia e enviadas por alguém.
Em processos obsessivos as larvas se multiplicam e
vão crescendo em torno da aura da vítima,
implicando em desordens físicas e espirituais. Não
são seres palpáveis, nem espíritos, nem almas: são
um aglomerado de matéria grosseira originado e
plasmado por resquícios de pensamentos e
sentimentos de baixa vibração gerados pela vítima
ou por terceiros. Ex.: Quando se chega em um
ambiente onde acabou de ocorrer uma briga e se
sente “um clima pesado no ar”, este é um terreno
fértil para a formação de larvas astrais.
APÊNDICE 2: OS SERES
ENCANTADOS

N
o contexto do folclore brasileiro e das religiões afro-
índio-brasileiras, “encantado” é um termo genérico
que designa espíritos de homens e mulheres que
morreram ou então passaram diretamente deste mundo
para um mundo mítico, invisível, sem ter passado pela
experiência de morrer. Diz-se que “se encantaram”.
Entidades que nunca tiveram forma humana, mas já
habitaram a Terra como animais ou plantas e
encantaram-se antes ou depois que morreram, pois não
queriam perder essa conexão com a natureza. Seres que
já tiveram alguma encarnação e posteriormente
encantaram-se, tornando-se assim parte da natureza.
Seres que desapareceram misteriosamente, tornaram-se
invisíveis ou transformaram-se em um animal, planta,
pedra, ou até mesmo em seres mitológicos e do folclore
brasileiro como sereias, botos e curupiras.
De acordo com a mitologia Kalankó (indígenas de
Alagoas e Pernambuco), os encantados seriam ancestrais
que após morrerem, tornaram-se parte da natureza.
Um Encantado muito conhecido entre os indígenas
guarani é o Avati, um herói que por meio de sua morte
transformou-se em milho para salvar toda sua nação da
fome.
Os encantados acabam assumindo nomes de animais ou
locais da natureza.
Os fenômenos de suas manifestações são conhecidos
como “encantaria” e seus lugares de morada são
designados como “encantes”.
Apresentam-se em diferentes formas, podem ser
espíritos e terem corpos, não terem nascido ou nunca
terem morrido, classificam-se em famílias, podem
reportar-se a cenários naturais, reminiscências históricas,
referências literárias.
O imaginário sobre os encantados deriva claramente de
lendas e concepções de origem europeia, que ainda
persistem no repertório ocidental de histórias infantis
(que têm inspirado várias obras de arte em diversos
campos), mas que também foram influenciadas por
concepções de origem indígena, sobre lugares situados
“no fundo”, ou abaixo da superfície terrestre.
A crença nos encantados se refere a seres que são
considerados normalmente invisíveis às pessoas comuns,
mas podem se manifestar aos humanos de diversas
formas. Entretanto, não é qualquer pessoa que pode ver
os encantados, apenas “quem tem olho limpo”, o que
significa ter alguma relação espiritual próxima a eles. São
seres que se camuflam em campos energéticos da
natureza como: matas, rios, cachoeiras, lagos, igarapés,
poços, açudes, olhos d’água, mares, pedreiras, campos
abertos e até mesmo em animais.
Os seres encantados fazem parte de diversas
cosmologias, assumem ou sofrem alterações
características dependendo do povo a qual faz
referência. Ex.: no contexto da pajelança e encantaria
amazônica, são chamados “bichos do fundo” quando se
manifestam nos rios e igarapés, sob a forma de cobras,
peixes, botos e jacarés; são chamados de “oiaras”
quando se manifestam sob forma humana nos
manguezais e praias; podem ainda, permanecendo
invisíveis, incorporarem em pessoas, e neste caso se
chamam “caruanas”.
As pessoas “se encantam” porque são atraídas por
outros encantados para o “encante”. Para que alguém
seja levado ao encante por um encantado, é preciso que
este “se agrade” da pessoa por alguma razão. Existe a
ideia de que os grandes pajés são levados pelos
encantados para o encante, onde aprendem sua arte, e
neste caso, eles retornam à superfície como xamãs, para
praticar a pajelança.
Conforme essas cosmologias os encantados possuem o
poder de deslocar-se somente entre algumas dimensões,
estando num plano espiritual, e ao mesmo tempo na
natureza, portanto seus poderes vêm dela, mais
diretamente de cada elemento desse meio natural ao
qual estão ligados: terra, água e vegetação.
Ainda na cosmologia amazônica há os chamados
“fadistas”, pessoas que têm o fado (destino ou sina) de
se transformarem em animais todas as noites. Quando
mulheres, são a “matintaperera”, que pode se
transformar em várias espécies de animais, como porcos,
morcegos e aves, sendo capaz de voar; quando homens
são o “labisônio”, que só se transforma em porco e é
menos temido. Os fadistas são vistos como pessoas que
fizeram algum pacto em troca de algum tipo de
vantagem, e por isso, além de terem entregue a alma,
ainda são punidos com o “fado”. No caso da
matintaperera, acredita-se que a condição também possa
ser transmitida de avó para neta.
Nas religiões afro-índio-brasileiras as categorias de
entidades colocam em ação tipos que correspondem a
símbolos populares, interpretados segundo cada
segmento social que participa (símbolos de liberdade, de
humildade, de livre iniciativa, de malandragem, de
autoridade familiar, de chefia etc.). Dentre tais religiões,
que cultuam entidades espirituais (incluindo encantados)
estão: Candomblé de caboclo, Catimbó, Jurema, Tambor-
de-mina, Jarê, Catimbó, Terecô, Pajelança, Umbanda etc.
Com o tempo esses seres passaram a fazer parte das
falanges que auxiliam nas giras dos terreiros.
A Quimbanda carrega parte desse fundamento dos
povos de cuja mescla resultou (índios, negros e
europeus) e muitos Exus e Pombagiras conhecidos
atualmente são parte dessa herança. Neste caso, o
Reino das Matas e o Reino da Kalunga Grande
(Praia) são aqueles que englobam os ambientes
naturais de tais seres.
Em algumas religiões de encantaria, os encantados estão
reunidos em famílias, espíritos de reis, nobres, índios,
turcos, etc. Ex.: Princesa Doralice, Princesa Rosalina e o
Rei Sebastião (principalmente na religião do Tambor de
Mina).
Alguns personagens do folclore brasileiros
compreendidos como encantados:
Anhangá – Um espírito poderoso que protegia as matas,
os rios e os animais selvagens. Geralmente, aparecia
como um veado enorme, de cor branca, olhos vermelhos
como o fogo e chifres pontudos. Entretanto, também
podia ser um tatu, homem, boi ou pirarucu. Segundo a
lenda ele punia caçadores que maltratavam os animais e
a floresta, que podiam levar pauladas invisíveis,
chifradas e coices, ou cair no encanto de ilusões
mágicas, perdendo-se na mata ou até mesmo morrer.
Porém, era possível oferecer aguardente ou fumo de rolo
ao Anhangá, pedindo sua proteção.
Boitatá – Uma grande serpente de fogo, que protege os
animais e as matas de pessoas que pretendem fazer
algum mal e principalmente que ateiam fogo nas matas.
Segundo as lendas o Boitatá pode se transformar em
uma tora de madeira em chamas que mata os humanos
que incendiam as florestas. Portanto, é o guardião da
fauna e da flora.
Boto Cor-de-rosa – É a maior espécie de golfinho fluvial
entre as 4 existentes no planeta. No folclore amazônico,
é uma criatura encantada que tarde da noite pode
assumir a forma de um belo homem charmoso e sedutor,
que vai a festas vestido em terno branco em busca de
jovens bonitas e solitárias. Ele as seduz e as leva ao o
fundo do rio para engravidá-las. Os indígenas acreditam
que o espiráculo do boto não desaparece quando ele
está em sua forma humana, por isso, ele usa um chapéu
para escondê-lo. Segundo a crendice popular amazônica
as crianças cujo pai é desconhecido são filhos de Boto.
Caipora – Uma versão conhecida apresenta a caipora
como uma índia de baixa estatura, mas bastante forte. A
Caipora teria grandes cabelos, sendo que em algumas
versões eles são de cor avermelhada. Ela teria o corpo
com muitos pelos e usaria roupas indígenas. Em algumas
versões, a caipora montaria um porco-do-mato e
ressuscitaria animais durante sua função de protegê-los
de caçadores. Já outras versões afirmam que Caipora, na
verdade, seria um índio baixo e forte que monta um
porco-do-mato. Outras variações retratam caipora não
como um índio de baixa estatura, mas sim como um
índio gigante. Sua lenda é vista por alguns estudiosos
como uma variação da lenda do Curupira. A partir dessa
variação, o Curupira ficou representado como um
guardião da floresta, enquanto a Caipora ficou
representada como uma guardiã dos animais. Afirmam
que a Caipora em sua forma de índia era uma grande
apreciadora de fumo e cachaça.
Cuca – É descrita como uma bruxa temível, com garras
afiadas e, em algumas versões, tem cabeça de jacaré. A
popularidade desse personagem folclórico aumentou
quando ele foi inserido por Monteiro Lobato no clássico
infantil Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Curupira – Assim como a Cuca, o Curupira é outro
personagem do folclore brasileiro cujo objetivo é proteger
os animais e as árvores. É uma criatura travessa do
folclore indígena, com cabelos ruivos em chamas e pés
virados para trás, cujas pegadas enganam caçadores e
outros exploradores que destroem as florestas. Ele é
implacável, ou seja, sempre persegue e mata aqueles
que põem em perigo a natureza. Quando alguém
desaparece na floresta, as pessoas acreditam que a
culpa é do Curupira.
Iara – Mora na região amazônica. A mãe das águas (ou
mãe d’água), como é chamada, é uma linda sereia de
cabelos negros que atrai os pescadores com seu belo e
sedutor canto que ecoa pelas águas e matas enfeitiçando
os homens até o fundo dos rios, de onde nunca
conseguirão retornar (os poucos homens que conseguem
escapar da voz encantadora de Iara enlouquecem).
Jaci Jeterê – O nome Jaci Jaterê pode ser traduzido como
“pedaço da lua”. Acredita-se que ele é o responsável pela
criação do famoso Saci Pererê. Jacy Jaterê, em algumas
versões, é dito ser um rapaz pequeno, de pele e cabelos
claros como a Lua. Está sempre carregando um cajado
mágico que parece feito de ouro, com o qual hipnotiza
crianças que não dormem no meio da tarde, no período
da sesta. Ele costuma levá-las para um lugar secreto,
onde brincam até cansar, deixando os pais em desespero
pelo sumiço da criança. Contam que se você conseguir
pegar seu cajado, ele se joga no chão e grita feito
criança, e fará e encontrará o que você quiser em troca
de ter seu objeto de volta.
Saci Pererê – É descrito como um menino negro que só
tem uma perna, usa gorro vermelho e está sempre com
um cachimbo na boca. É conhecido por ser muito
brincalhão e por fazer muitas travessuras, como fazer
alimentos queimarem nas panelas ou esconder objetos. É
um personagem tão emblemático no folclore brasileiro
que foi criada uma data comemorativa exclusiva para ele
(31 de outubro, Dia do Saci), considerada uma
alternativa ao Halloween, objetivando que os brasileiros
celebrem a riqueza do folclore nacional.
Mula sem Cabeça – É uma mula sem cabeça que cospe
fogo pelo pescoço. Segundo a lenda, uma maldição é
lançada sobre qualquer mulher que tenha um
relacionamento romântico com um padre. Tal mulher se
transforma em uma mula sem cabeça que corre sem
parar pela floresta assustando pessoas e animais, ferindo
tudo que encontra em seu caminho.
Negrinho do Pastoreio – Mesclando mitos cristãos e
africanos, a lenda do Negrinho do Pastoreio nasceu no sul
do Brasil, e é uma triste herança da escravidão dos
negros. Segundo a lenda um menino foi castigado por
um fazendeiro por ter deixado um cavalo fugir. Assim, o
amarraram e o deixaram sobre um formigueiro. Na
manhã seguinte, quando voltou ao local, o fazendeiro
encontrou o menino ao lado de Nossa Senhora, e se
ajoelhou pedindo perdão. Com a bênção da santa, o
menino montou em um cavalo e saiu galopando pelos
pampas, onde até hoje as pessoas relatam tê-lo visto, e a
quem rezam pedindo ajuda quando precisam achar
algum objeto perdido.
APÊNDICE 3: SAUDAÇÕES
DE EXU E POMBAGIRA
As saudações são as palavras e expressões que
devemos usar para cumprimentar os Exus e
Pombagiras durante os rituais, bem como prestar-lhes
reverência em diversas circunstâncias (rituais,
oferendas, rezas, etc.). Todo espírito saudado
corretamente e com o devido respeito interage de forma
mais cordial.
Dentro do sincretismo em que a Quimbanda brasileira
se formou, as principais saudações usadas no culto de
Exu e Pombagira possuem raízes africanas. Estas são
apresentadas a seguir:

Agô – Palavra iorubá que significa “licença”. Pode


ser usada como um pedido de proteção, e de
desculpas por falhas cometidas.

Alupô – Palavra de origem nagô que significa


“Salve”. Alguns alegam se tratar de uma
corrupção da palavra “Lálùpo”, que seria algo
como “Abra Senhor do Epô”, ou ainda, “Abra
Senhor do Dendezeiro”, em alusão à importância
do dendezeiro e do azeite de dendê nos cultos
tradicionais da África. É uma saudação usada
costumeiramente no culto de Batuque para
glorificar o Senhor Bará, que foi absorvida pelo
culto de Exu na Quimbanda, devido a ambos os
seres apresentarem características semelhantes
(senhores dos caminhos, das encruzilhadas, das
chaves e do comércio), bem como possuírem
ferramentas e predileção por oferendas similares.

Alupandê – É uma variante de “Alupô”, também


usada como saudação em grupo (Salve a todos).

Babá Exu – Expressão originária do Candomblé


que foi absorvida pela Quimbanda para saudar os
Exus Reis ou o Exu chefe do templo/casa.
Significa “Pai Exu”, como pode simbolizar o “Pai
de todos os Exus”.

Cobá Exu – “Cobá” é uma corruptela da palavra


africana “Akobá”, assimilada pelo culto de Exu na
Quimbanda, que evoca e invoca a essência
revolucionária de Exu, que pode causar confusões
na vida dos adeptos, porém, são movimentações
necessárias para o desprendimento e renovação
vital. Existe a variação “Cobá Laroyê!” que
expressa “Salve o Senhor Revolucionário da
Encruzilhada!”.

Exu ê – Significa “Exu faz”, “Exu é!”, ou “Viva


Exu!”.

Laroiê/Laroyê – Palavra que vem do iorubá


Láàróyè (ou Oláàróyè), um epíteto do orixá Èṣù
que significa “aquele que deve ser honrado /
louvado / lembrado”. Na Quimbanda essa
expressão também carrega outros significados:
“Salve Exu!”, “Boa noite Exu, seja bem-vindo!”,
“Salve o Mensageiro Exu!”, “Salve o
Comunicador!”, “Salve o Perverso!”, “Boa noite
Perverso!”, “Salve o Malvado!”, “Salve o Senhor da
Encruzilhada!”. No culto cubano de Santeria,
“Laroyê” é o nome de um Exu dançarino e alegre
(Eleguá), amante do dinheiro, que habita na porta
das casas, também descrito como uma criança
rebelde.

Mamba – É o nome de cobra africana muito


venenosa. A saudação “Exu é Mamba!” é o pedido
de intervenção dos Exus em casos de injustiça ou
vingança.

Mojubá – Palavra iorubá que significa “meus


respeitos”. Assim como a palavra “Laroyê”, assume
outros significados dentro do sincretismo existente
na Quimbanda. Na expressão: “Exu é Mojubá”,
“Mojubá” soa como “Rei/Rainha” ou “Dono da
Coroa”. Portanto, temos duas saudações:

- “Exu Mojubá!” – Meus respeitos Exu!


- “Exu é Mojubá!” – Exu é Rei!
Saravá – É uma das saudações mais comuns nos
cultos afro-brasileiros, mas seu significado é muito
genérico. Significa desde um pedido de benção até
uma saudação mais profunda. Pode ser entendida
como “Saúdo o Senhor que movimenta a força e a
energia da natureza!”, bem como “Salve vossas
forças!”.
APÊNDICE 4: OS
CHACRAS
Todos os seres vivos absorvem, processam e exteriorizam
energia continuamente. Além do corpo físico, possuímos
corpos sutis (duplo etéreo, corpo astral, etc.), que
mobilizam energias, absorvendo-as e exteriorizando-as.
Essa mobilização é natural e automática, mas também
pode ser controlada através da intenção e da vontade.
Essa dinâmica de bioenergias pode ocorrer por todas as
partes do corpo, porém se concentra em centros
específicos chamados “chacras” (ou chakras, ou
centros de força), que se interconectam através de
nadis (canais energéticos) e “metabolizam” energia
vital, sendo que este equilíbrio rege nossa estabilidade
física, intelectual, emocional, mental e espiritual,
segundo tradições hindus, chinesas e tibetanas.
A palavra “chacra” vem do sânscrito e significa roda,
disco, centro, plexo, sendo usada para descrever os
centros ou vórtices energéticos existentes em
pessoas e outros seres do reino animal.
O Prana tem origem no sol que o irradia em todas as
direções, impregnando todos os seres.
Segundo os Upanishads o Prana é absorvido através do
processo respiratório e digestivo, e distribuído por todo o
corpo através dos nadis. Os chacras ajudam a distribuir
e a canalizar o Prana ao longo do sistema de nadis.
Histórico da Descrição dos chacras
Existem muitas referências sobre os chacras, muitas
vezes conflitantes e até equivocadas. É importante
conhecer a descrição dos chacras ao longo do tempo
para que se compreenda como se chegou ao
entendimento atual sobre eles.
As primeiras menções conhecidas sobre os chacras
surgiram em alguns Upanishads (textos integrantes da
Tradição Védica na Índia), que influenciaram tanto o
Budismo Tibetano na Tradição Vajrayana quanto o
Hinduísmo através da Tradição Sakta (uma tradição
onde o princípio feminino é o foco de adoração),
consistindo essa última, em várias vertentes esotéricas
do Hinduísmo, denominadas Tantras, que se
desenvolveram em meados do primeiro milênio d.C.
As menções subsequentes aos chacras surgiram no
Mahabharata, um texto épico hindu, provavelmente
escrito entre os séculos II a.C. e II d.C. e, mais tarde, por
volta de 150 d.C., nos Yoga Sutras de Patanjali,
considerado o codificador do Yoga Clássico.
Após surgir na Índia, o Budismo se expandiu e se
ramificou. Os chacras passaram a desempenhar um
papel importante nas práticas do Budismo Tibetano.
No Budismo Chinês da linha Mahayana, o sistema de
chacras passou a ser ensinado em combinação com o
Tai Chi, o Chi Kung entre outras práticas. Chineses,
coreanos, vietnamitas, e outros povos do sudeste
asiático passaram a reconhecer 3 chacras principais:

Dantian inferior (no abdômen inferior);


Dantian médio (no peito);
Dantian superior (na cabeça).
Entre 600 e 1.300 d.C., baseado nas primeiras escrituras,
o conceito de chacras passou a integrar um conjunto
complexo de ideias relacionadas a uma anatomia oculta.
Essas ideias passaram a ser veiculadas com mais
frequência em uma classe de textos chamada Āgamas
ou Tantras. Assim, os chacras passaram a ser abordados
nas práticas do que hoje chamamos Tantra Yoga.
Após 900 d.C. cada um dos muitos ramos do Tantra
articulou sistemas diferentes de chacras (em alguns
ramos mais de um). Surgiram sistemas de 5, 6, 7, 9, 10,
12, 21 ou mais chacras. Com o tempo, um sistema de 6
ou 7 chacras ao longo do eixo do corpo tornou-se o
modelo dominante, adotado pela maioria das escolas do
Yoga.
Gorakshashatakam é um texto de Yoga descrito pelo
mestre Gorakhnath por volta do século X. Nele, as
descrições dos chacras assemelham-se às dos
Upanishads, com informações adicionais,
principalmente a respeito das faculdades psíquicas que
acompanham o seu despertar.
Em 1.577, um guru indiano chamado Purnananda
Swami, publicou uma obra intitulada Shat-Chakra-
Nirupana (Descrição dos Seis Centros), que veio a ser
considerado um dos melhores tratados a respeito dos
chacras e dos nadis. Na verdade, o Shat-Chakra-
Nirupana é apenas uma seção (da Parte 6) de um
tratado bastante longo intitulado Tattva-cintamani.
O livro “Teoria dos Chakras: ponte para a consciência
superior” é o primeiro e até sua publicação (1981) o
único registro dos experimentos desenvolvidos no
Institute of Religious Psychology (Tokyo), que resultaram
na evidência eletrofisiológica da existência de uma rede
de chacras e de nadis. Seu autor, Hiroshi Motoyama,
PhD em Filosofia e Psicologia Clínica, foi eleito um dos
dez parapsicólogos mais importantes do mundo pela
UNESCO em 1974.
No Ocidente
A primeira referência escrita no ocidente acerca de algo
que pode ser associado aos chacras é atribuída ao
teósofo e místico alemão Johann Georg Gichtel (1638-
1710), discípulo de Jacob Böehme, em sua obra
Theosophia Practica. Escrita em 1696, nela consta a
descrição de cerca de 7 centros secretos de energia
existentes no corpo humano, que segundo Gichtel foi o
resultado de uma “iluminação interior” (provavelmente
clarividência).
Em 1919, o inglês John George Woodroffe (1865-
1936), publicou sob o pseudônimo Arthur Avalon, o
livro “The Serpent Power”, uma tradução comentada
sobre dois textos indianos, o “Paduka-Pancaka” e o
“Shat-Chakra-Nirupana”. Os sistemas de chacras
descritos nesses livros se popularizaram no
ocidente.
Em 1927, Charles Webster Leadbeater (1847-1934),
importante membro da Sociedade Teosófica, publicou
seu famoso livro “Os Chakras”, no qual apresentou um
sistema com diferenças dos descritos pelos hindus.
Obs.: Os sistemas de chacras que se
popularizaram no ocidente foram os descritos por
John George Woodroffe sob o pseudônimo de
Arthur Avalon, em seu livro The Serpent Power
(1919).
Nadis e Meridianos
Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), os canais que
conduzem bioenergias no conjunto de corpos (físico e
sutis) são chamados “meridianos”, cujas terminações,
na superfície do corpo constituem os pontos da
acupuntura, sendo citados na literatura pelo menos
desde 500 a.C.
Na tradição indiana, esses canais são chamados
“nadis”, palavra que vem do sânscrito e significa
“canaleta”, “córrego”, e por eles circula o Prana no
interior do corpo, partindo do centro dos chacras, que
por sua vez surgem em locais onde vários nadis se
cruzam.
Nos Upanishads (textos hindus dentre os quais são
descritos os chacras e os nadis) não há consenso
quanto ao número de nadis existentes no corpo
humano: o número que aparece com mais frequência é
72.000 (provavelmente simbólico). Destes, 10, 14 ou 15
— dependendo do texto — são considerados os mais
importantes.
Nas práticas do Yoga geralmente são mencionadas
apenas os 3 nadis principais: Sushumna, Ida e
Pingala, que se relacionam ao “despertar” da kundalini
[23]
.
A maioria das escrituras sobre Yoga e os outros
Upanishads concordam que Muladhara (o chacra
localizado no períneo) é o ponto de partida de
Sushumna, sendo o ponto terminal descrito no alto da
cabeça, por onde se acredita que o Prana e a Kundalini
entram e saem.
Quanto a Ida e Pingala, textos antigos afirmam que eles
começam um de cada lado do chacra Muladhara (no
períneo, Ida à esquerda do Sushumna, e Pingala à
direita), e alguns textos descrevem que eles terminam
nas narinas. Não está especificado se seguem em linhas
retas ou interseccionais.
Aparência, número e dinâmica dos chacras
Estima-se a existência de cerca de 88 mil chacras
distribuídos pelos corpos sutis. Contudo, apenas 30 são
considerados suficientemente importantes para
receberem um nome, e dentre estes, no ocidente, 7
costumam ser consagrados como principais, embora não
haja consenso sobre a determinação desses principais.
Este sistema de 7 chacras principais se consolidou e
passou a ser dominante em todo o mundo, inclusive nos
países asiáticos onde o conceito se originou (Índia,
China e Tibet). O sistema denominado “Cura Prânica”
ou “Terapia Prânica” considera 11 chacras principais.
Não há uma teoria unificada dos chacras, portanto não
existe unanimidade quanto as suas formas, tamanhos,
cores, significados, localização, órgãos e emoções
relacionados ou até mesmo quanto a melhor forma de
equilibrá-los. Os textos mais antigos contêm apenas
breves referências sobre o assunto. Mais tarde, outros
conteúdos foram sendo agregados e surgiram vários
sistemas para descrever os chacras.
Na maioria das pessoas, cada chacra principal
aparenta ter de 2 a 3 centímetros e fraca luminosidade.
Vistos de frente, se assemelham a discos achatados
contendo linhas espirais, com coloração variável assim
como raios (também chamados de pétalas no oriente),
que emanam de seu centro. Vistos de perfil, os chacras
se assemelham a funis. A boca na parte mais externa, o
ápice do cone praticamente ao nível da pele e o talo do
vórtice se insere em algum ponto do interior do corpo
físico. Essa forma varia conforme a idade, estado de
saúde e mobilizações bioenergéticas, fazendo com
que os chacras se expandam ou se contraiam, entre
outras possíveis modificações em sua aparência.
Internamente, os chacras se interligam a outras
estruturas dos corpos sutis por meio de canais chamados
nadis ou meridianos.
Os chacras absorvem e exteriorizam bioenergias.
Possuem movimento giratório, que pode ser no sentido
horário (dextrogiro – dakshinavartena), quando estão
exteriorizando energias para o ambiente; e anti-
horário (sinistrogiro – vamavartena), quando estão
absorvendo energias do ambiente. O giro ocorre natural
e automaticamente, mas pode ser controlado na medida
em que exercitamos a absorção e exteriorização
energética por eles através da vontade.
Atribuir cores fixas aos chacras é incorreto, pois elas
podem mudar a todo instante conforme o estado
emocional da consciência, que mobiliza bioenergias de
diversas frequências e dimensões. Quando bloqueados,
os chacras apresentam coloração escura ou pontos
negros. Quando totalmente equilibrados apresentam-se
todos com coloração branca. As formas, cores e
luminosidade dos chacras se ampliam com a evolução
consciência, e, segundo Leadbeater, refletem o
“desenvolvimento moral”.
Cada chacra emana um certo número de raios do seu
centro. Na tradição do Yoga, esses raios são chamados
de pétalas. A partir dos chacras inferiores, o número de
raios aumenta até chegar a centenas no chacra
coronário.
Os chacras possuem em seu interior selos (ou telas) que
permitem a passagem de energias de determinado
padrão. Segundo textos tradicionais, a abertura dos selos
para permitir a entrada de determinados padrões
energéticos é realizada por meio da meditação profunda.
Os chacras podem ser percebidos de duas maneiras:
Pela clarividência (sendo sujeitos a diferentes
percepções);
Por sensações que provocam no corpo físico e/ou nos
corpos sutis (certos fluxos de bioenergias podem
imprimir sensações, inclusive físicas, nos locais em que
se localizam os chacras).
Alinhamento dos chacras – É frequente ouvirmos falar
sobre “alinhamento de chacras”, “chacras desalinhados”,
etc. Os chacras não se situam todos na mesma direção
ao longo do corpo, portanto, neste contexto, “alinhar” se
refere a harmonizá-los, restaurar-lhes a frequência
vibratória correta, e desbloqueá-los energeticamente,
pois pensamentos e sentimentos de baixa frequência
tendem a obstruí-los.
Os chacras são responsivos, ou seja, sua condição muda
constantemente de acordo com fatores físicos,
psicológicos e bioenergéticos. Assim, em certos
momentos estarão “mais abertos” e em outros “mais
fechados”.
Com frequência, autores ocidentais associam os chacras
a metais, cristais, ervas, planetas, carta do tarô, orixás,
runas, Sephiroth da Cabala, arcanjos do Cristianismo,
nota musical, etc. Nenhuma dessas associações consta
dos textos originais sobre os chacras, escritos na Índia
ou Tibet. Na melhor das hipóteses, podem se referir a
experiências pessoais dos autores em contextos que
experimentaram, e não podem ser generalizados para
todas as pessoas.
O chacra cardíaco (quando considerado no sistema de
7 principais) é alinhado com a coluna vertebral, portanto,
está situado no centro do peito e não em cima do
coração como algumas pessoas acreditam. Sobre o
coração existe outro chacra.
O tratado Shat-Chakra-Nirupana descreve
explicitamente que cada chacra possui uma coloração
específica, um certo número de pétalas inseridas com
letras sânscritas, uma figura geométrica (yantra) dentro
do pericarpo do lótus, um animal, um bija-mantra [24] e
uma divindade, ou várias divindades específicas, cuja
iconografia representa os aspectos e poderes ligados ao
chacra. Aparentemente, tais detalhes podem parecer
meras representações simbólicas (como Leadbeater
afirma serem) de certas funções dos chacras, ou talvez
figuras passíveis de serem visualizadas para facilitar a
meditação.
Obs.: As referências às cores dos chacras sempre
remetem à suas cores predominantes, em
condições mais ou menos ideais, pois conforme já
explicado, vários fatores causam alterações em
sua aparência.
O chacra esplênico (mesentérico ou do baço), apesar
de sua importância para a saúde e para o sistema
imunológico (pois tem um papel de destaque na
absorção e decomposição do Prana), não tem especial
função no sistema de desenvolvimento espiritual e não
está ligado a nenhuma glândula endócrina, sendo talvez
esse o motivo de ser omitido nas escrituras hindus.
O destaque dado aos 7 chacras principais se dá
porque eles estão envolvidos com o desenvolvimento
espiritual do indivíduo e cada um deles está ligado a
um determinado plexo e à uma determinada glândula
endócrina do corpo físico. No entanto, existem muitos
outros (são centenas), como os localizados nas palmas
das mãos e pontas dos dedos (relacionados à
exteriorização de bioenergias); na nuca (relacionados a
processos mediúnicos, principalmente o acoplamento
com consciências extrafísicas); e o Chacra Umeral
(localizado nas omoplatas, também relacionado a
processos mediúnicos). Abaixo da coluna vertebral,
podem-se citar como exemplo os situados na planta dos
pés, responsáveis pela absorção de geoenergias (atala),
no dorso dos pés (vitala), na articulação superior da
perna com o pé (nitala), no joelho (sutala), na parte
inferior da coxa (mahatala), parte média da coxa
(talatala), e na parte superior da coxa (rasatala).
São considerados secundários (ou menores), porque
mobilizam menos as bioenergias, e porque não é
possível relaciona-los com órgãos ou glândulas do
corpo.
Exemplos de faculdades psíquicas que acompanham o
despertar dos chacras são: clarividência,
clariaudiência, telepatia, intuição, eloquência, comunhão
com o Todo, faculdade de cura psíquica (existe uma
estreita conexão entre o chacra Anahata e as mãos, o
que facilita a transmissão do Prana através da
imposição de mãos). Porém, ao longo do processo do
despertar ocorrem “efeitos colaterais”, por exemplo, o
despertar do chacra Muladhara libera todos os tipos de
emoções reprimidas, trazendo instabilidade emocional e
psíquica.
Ativação dos chacras
Ativar os chacras é fazer com que operem normalmente
ou potencializá-los quanto à mobilização das
bioenergias. Um chacra ativado faculta o bem-estar e
amplia as capacidades pessoais.
Os chacras são ativados naturalmente na medida em
que a pessoa tenha uma vida saudável e use bem seus
potenciais. Má qualidade de vida no que diz respeito a
hábitos, emoções, sentimentos, pensamentos, etc., reduz
a mobilização de energias pelos chacras, justificando
sua ativação intencional.
Uma abordagem tradicional para ativar os chacras está
descrita no Goraksha Shataka, um tratado redigido no
século X pelo guru Goraknath. A principal técnica nele
descrita é a da concentração sobre cada chacra
enquanto se fixa o olhar na ponta do nariz. Outros
métodos para a ativação combinam a concentração no
chacra com asanas (posturas físicas), pranayama
(controle da respiração), entoação de mantras (sons
entoados com finalidade de plasmar intenções), e
mudras (gestos que produzem grande energia psíquica).
É fundamental que tais práticas sejam realizadas sob a
orientação de um mestre.
Outra forma de fazer isso é usar a intenção e a
vontade para absorver e exteriorizar bioenergias de
forma intensa durante alguns minutos. Esse tipo de
exercício é chamado respiração ou pulsação dos chacras.
Diferentes sistemas e seus chacras principais
O sistema de 3 Dantians
Dantian é um termo de origem chinesa, que se refere a
um ponto focal importante para técnicas de meditação,
em práticas chinesas (como o Chi Kung e o Tai Chi
Chuan), e japonesas (como a Aikidô). É um conceito
análogo ao dos chacras no Hinduísmo e no Budismo,
porém especifica 3 centros como os mais importantes do
sistema energético humano, que apesar de
independentes, são interligados. São também
importantes na Medicina Tradicional Chinesa (MTC).
Dantian significa algo como “mar de Chi”, e para os
taoístas designam centros do corpo que possuem um
papel fundamental na dinâmica dos 3 principais pilares
que sustentam a vida: Chi (vitalidade), Jing (essência), e
Shen (espírito, consciência superior), que se relacionam
com os dantians. O equilíbrio e a circulação da energia
Chi em cada um dos três dantians proporciona uma
vida longa e saudável. Alguns textos aprofundam a
explicação do conceito de dantian, definindo 3 áreas
distintas de transformação da energia vital:

Dantian inferior – localizado dois dedos abaixo do


umbigo, é onde começa o processo de
transmutação de Jing em Chi. É associado à
energia física e à vitalidade;
Dantian médio – localizado no coração, é energia
criada a partir do alimento e ar e se relaciona com
nossas emoções e pensamentos. É onde o Chi é
transmutado em Shen;
Dantian superior – localizado entre as
sobrancelhas, um pouco acima, associado à
glândula pineal. É onde Shen é transmutado no
vazio (wu ji), conduzindo à Iluminação Espiritual.
Qualquer referência aos dantians provavelmente se
refere ao inferior, a menos que seja feita uma distinção,
pelas seguintes razões:
É a fonte primordial de Chi;
Os outros dantians não podem ser sentidos até
que energia suficiente tenha sido construída no
dantian inferior, de onde parte para os outros,
permitindo sua sensação;
É o centro do poder, em termos marciais.
O Sistema de Leadbeater
O reverendo Charles Webster Leadbeater (1847-
1934) foi um dos mais importantes membros da
Sociedade Teosófica, fundada por Helena Petrovna
Blavatsky em 1875. Após anos de treinamento yogue na
Índia, desenvolveu sua faculdade de clarividência e
pesquisou as dimensões suprafísicas e a constituição
sutil do homem, do que resultou seu livro “Os Chakras”
(1927).
As observações de Leadbeater sobre os chacras
diferem consideravelmente dos textos orientais
tradicionais. O principal ponto de controvérsia é ele não
ter percebido a existência dos diversos complementos
nos chacras, conforme descritos na literatura hindu
tradicional, sustentando que aquelas descrições eram
apenas simbólicas, e que os chacras observados por ele
em forma de discos de luzes multicoloridas eram os
verdadeiros.
Leadbeater dividiu os chacras em três grupos:

Inferiores (fisiológicos) – O 1º e o 2º chacras.


Possuem menos raios em relação aos outros, e
servem preliminarmente como receptores de duas
forças principais que penetram no corpo físico.
Essas duas forças são o fogo serpentino
(Kundalini), que vem da terra, e a vitalidade
(Prana), emanada do sol.
Médios (pessoais) – O 3º, o 4º e o 5º chacras. O
3º recebe forças provindas do plano astral inferior.
No 4º chacra, as forças provêm do astral superior;
no 5º, elas procedem do plano mental inferior.
Todos esses centros parecem estar ligados a certos
gânglios no corpo humano.
Superiores (espirituais) – O 6º e o 7º chacras –
São ativados apenas depois de atingido um
determinado grau de evolução espiritual.
Hiroshi Motoyama, autor de “Teoria dos Chakras”,
afirma ter percebido que os chacras que Leadbeater
verificou eram provavelmente aqueles do duplo etérico,
como ele mesmo denominou, e não os chacras de
dimensões superiores, como a astral.
Leadbeater e a substituição do chacra
Swadhistana (sacro, genésico ou sexual) pelo
Esplênico (do baço)
O 2º chacra (Swadhistana), além da função genital,
também controla o sistema urinário e as gônadas
(testículos no homem / ovários na mulher), e é
responsável pela vitalização do feto em formação (função
esta que divide com o chacra básico). O 1º e o 2º
chacras são estreitamente ligados devido ao fato de que
parte da energia Kundalini é veiculada do chacra
básico para o chacra sexual. Inclusive, alguns
tibetanos consideram esses dois chacras como um único
centro.
Devido à sua intensa atuação energética na área genital,
o chacra sexual normalmente é omitido por doutrinas
espiritualistas ocidentais, por conta de tabus envolvendo
a sexualidade. Muitas delas colocam o chacra esplênico
em seu lugar. É comum encontrar descrições que trocam
o nome desses dois chacras, chamando o esplênico de
sacro ou o sacro de chacra do baço. Alguns tiram o
bija-mantra do sacro e o colocam no baço, que nem
mesmo tem bija-mantra em sânscrito, e nem é
mencionado na Tradição Yogue como um centro
importante.
No Ocidente, quem mais divulgou a questão do chacra
do baço foi Leadbeater. Ele era um clarividente
respeitável, mas tinha restrições a questões sexuais,
talvez por ter sido reverendo. Então ele suprimiu o
estudo do chacra sexual (que dizia ser um centro
perigoso para o desenvolvimento espiritual da pessoa) e
o substituiu pelo chacra esplênico. A partir dele, outros
autores ocidentais fizeram o mesmo.
Em resumo, o chacra sacro, genésico ou sexual
(Swadhistana – 2º chacra) é no baixo ventre. O chacra
esplênico é no baço. São chacras diferentes.
O sistema de 7 chacras popularizado
Este sistema de 7 chacras segue majoritariamente o
que se popularizou no ocidente através das traduções
comentadas publicadas em 1919 por Arthur Avalon
(John George Woodroffe) de Shat-Chakra-Nirupana
e Paduka-Pancaka.
Os 7 chacras tradicionais são descritos ancorados à
coluna vertebral (ao nadi Sushumna), cada qual
representado com cor(es) específica(s), relacionado a
determinados órgãos, glândulas e plexos, e visualizado
através de clarividência com aspecto que lembra flores
de lótus com diferentes número de pétalas. Cada um
também é associado a determinado elemento (água,
terra, ar, fogo, éter) e a mantras.
Estas características atribuídas aos chacras são oriundas
das descrições dos textos tradicionais da Índia e Tibet.

Muladhara Chakra (Raiz / Básico) – Vermelho.


Elemento Terra. Base da sobrevivência,
materialidade, vida e prazer. Representado pelo
lótus de 4 pétalas. Localizado no cóccix e o único
(do sistema de 7) voltado para baixo. O mantra é
LAM. É o chacra o responsável pela absorção da
Kundalini (energia telúrica) e pelo estímulo direto
da energia no corpo e na circulação do sangue. É o
responsável pela vitalidade e pelos instintos
primitivos e impulsos de sobrevivência
(alimentação, sono, sexo, etc.). Quando em
desequilíbrio, causa medo, insegurança, indecisão
e estagnação. Relacionado às glândulas
suprarrenais, cólon e reto.

Swadhisthana Chakra (Sacro / Sexual) –


Laranja. Elemento Água. Mantra VAM. Lótus de 6
pétalas e localizado no baixo ventre. Correlação
física: testículos (homem) e ovários (mulher). Suas
funções principais são sexualidade, vitalidade e
criatividade. É o responsável pela energização dos
órgãos sexuais. Quando está bloqueado, causa
impotência sexual, apatia, desânimo e doenças
geniturinárias. Quando superexcitado causa
exacerbação da libido. Bem desenvolvido, estimula
o melhor funcionamento dos outros chacras e
ajuda no despertar da Kundalini. É o chacra da
troca sexual, da alegria e do magnetismo pessoal.
Responsável pelo impulso criativo e o
sexual/relacional. Especulam-se correlações do
mau funcionamento deste chacra com doenças do
sistema imunológico e psicopatologias.

Manipura Chakra (Umbilical / Gástrico / Plexo


Solar) – Amarelo. Elemento Fogo. Lótus de 10
pétalas. Seu mantra é RAM. Localizado cerca de 1
dedo acima do umbigo. É responsável pela
energização do sistema digestivo, e considerado o
chacra das emoções inferiores. Quando bloqueado,
causa enjoo, medo ou irritação. Quando bem
desenvolvido, facilita a percepção das energias
ambientais. Quando superexcitado, causa
egocentrismo, narcisismo e dificuldade de
assimilar/digerir. Quando desenergizado, causa
apatia e baixa a autoestima e a força de vontade.
Tem função vital na personalidade e no poder
pessoal. Relacionado ao pâncreas e ao estômago.

Anahata Chakra (Coração / Cardíaco) – Rosa ou


verde. Elemento Ar. Lótus de 12 pétalas. Mantra
YAM. Localizado no meio do peito (mediastino).
Energiza o sangue e o sistema cardiorrespiratório
(doenças cardíacas podem ser um indício deste
chacra desequilibrado ou enfraquecido). É o centro
de movimentação dos sentimentos, do amor e da
sabedoria nas relações emocionais, e o chacra
mais afetado pelo desequilíbrio emocional. Quando
saudável, potencializa a compaixão, o amor e o
perdão. Quando bloqueado, causa depressão,
angústia, instabilidade emocional, irritação ou
pontadas no peito. Relacionado com a glândula
timo.

Vishuddha Chakra (Laríngeo / Garganta) – Azul


celeste, azul-claro ou prateado. Elemento Éter.
Lótus de 16 pétalas. Mantra HAM. Localizado na
garganta e ligado à tireoide, às paratireoides,
aparelho fonador e órgãos respiratórios. É o chacra
responsável pela expressão criativa (comunicação)
do ser humano. Quando equilibrado, torna a pessoa
articulada e expressiva. É considerado um filtro
energético que bloqueia as energias emocionais,
para que elas não cheguem até os chacras da
cabeça. Bem desenvolvido, facilita a psicofonia e a
clariaudiência. Quando desequilibrado, a pessoa
pode falar demais ou dizer bobagens por querer
esconder o que sente, ou, no extremo oposto,
tende a falar pouco e “engolir sapos”.
Ajna Chakra (Frontal ou Terceiro Olho) – Azul-
índigo ou azul escuro. A Luz é considerada o seu
elemento. Lótus de 96 pétalas (2 partes de 48). Um
pouco acima entre as sobrancelhas. Relacionado à
capacidade não julgamento. O mantra é AUM-Om.
Fisicamente, é ele que revitaliza o sistema nervoso
e a visão. No campo psicológico, trabalha a
capacidade de concentração/cognição. Na tradição
hindu, ele é conhecido como “o terceiro olho”, pois
quando bem desenvolvido facilita a clarividência e
a intuição. Quando desequilibrado, pode causar
dores de cabeça, falta de concentração, tensão,
pesadelos, e distúrbios do sono. Relacionado à
glândula hipófise (pituitária). Acredita-se que esteja
em maior atividade em momentos de serenidade,
meditação e introspecção. Por vezes, sua atividade
cria uma palpitação na testa ou sensação de calor
(parece um coração batendo na testa).

Sahasrara Chakra (Coronário / Coroa) –


Violeta, branco ou dourado. Lótus de Mil Pétalas
(ou 972). O pensamento é considerado o seu
elemento. No topo da cabeça e voltado para cima.
Mantra Om. É o chacra por onde penetra a energia
cósmica, e se realiza a ligação com o
Universo/Deus/Todo, em busca da iluminação. É
responsável pela irrigação energética do cérebro e
quando bem desenvolvido, facilita a lembrança e a
assimilação das projeções da consciência.
Importante na telepatia, na mediunidade, nas
expansões da consciência e na recepção de
inspirações. Relacionado a fenômenos como a
psicofonia, a psicografia, e a projeção da
consciência. Relacionado à glândula pineal
(epífise). Quando em desequilíbrio, apresentamos
falta de inspiração e de esperança, confusão,
tristeza, alienação ou hesitação em servir ao bem
comum.
ATLAS

Representação tradicional da estrutura de um chacra


localizado no tronco
O sistema de 3 Dantians
As correntes de vitalidade no sistema de Leadbeater
Esquemas das dinâmicas dos Chacras
Os centros secretos de energia existentes no corpo
humano
Conforme descritos por Johann Georg Gichtel [1638-1710]
em Theosophia Practica [1696]
A primeira referência escrita no ocidente acerca dos
chacras
Os Chacras e as glândulas endócrinas

Esquemas dos chacras


Fonte: IBBIS – Instituto Brasileiro de Benemerência e
Integração do Ser
Mudras
DOUTRINA DE
QUIMBANDA

P
or definição, doutrina é o conjunto das ideias básicas
contidas num sistema filosófico, político, religioso,
econômico, etc. O sistema em questão terá seu
conjunto de práticas, e assim ocorre com a Quimbanda:
um culto necrosófico em que ocorrem invocações e
evocações de mortos; incorporação; prática oracular; uso
ritualístico de minerais, vegetais e animais, que inclui
sacrifícios; práticas devocionais, como oferendas;
práticas magísticas de ataque e de defesa, como
defumações, banimentos, confecção de óleos e pós, e
feitiços em geral; etc.
No caso da Quimbanda, ao se falar em doutrina, está se
referindo à doutrinação do adepto, e não das
entidades.
A Quimbanda brasileira resulta da interação cultural e
miscigenação de povos ameríndios nativos, africanos
e europeus, gerando sincretismos que se uniram de
forma opositora ao Cristianismo.
Espíritos rebeldes, inconformados, massacrados e
excluído se uniram em grupos compatíveis e se
organizaram em uma força de resistência e resgate,
burlando engrenagens e bloqueios éticos, morais e
espirituais na busca de seus objetivos e metas,
utilizando-se das práticas mencionadas acima.
A maioria dos escravizados capturados na África eram
prisioneiros de guerra, feiticeiros, assassinos, adúlteros,
indivíduos trocados por chefes tribais ou penhorados por
dívidas.
Os povos indígenas nativos tinham hábitos culturais
que foram duramente combatidos pelos padres jesuítas
(nudismo, poligamia, homossexualidade, canibalismo,
religiosidade “pagã”, etc.), que tentaram inicialmente a
persuasão, antes da perseguição declarada.
As feiticeiras ibéricas tiveram intenso contato com
índios e negros, de forma que todos esses
conhecimentos foram mesclados. Com frequência eram
adeptas de tradições que usavam a corrupção dos
elementos católicos para a realização de seus intentos
mágicos. Rezavam e praguejavam em nome da “cruz das
santas almas”, bem como faziam feitiços de amarração e
fidelidade. Esses feitiços tornaram-se extremamente
populares e requisitados, inclusive pelos senhores e
senhoras abastados da sociedade em formação.
Observando as características desses grupos descritos,
fica muito claro que num sistema “moralista” de valores
eurocêntricos e conservadores, trata-se de pessoas e
grupos que sempre se opuseram ao sistema [25].
Ao longo do processo histórico, as pessoas que foram
sendo atraídas para a Quimbanda, em sua maioria, de
alguma forma se sentem inadequadas ao sistema e
continuam buscando em um caminho espiritual a
resistência ao escravismo das “grandes religiões
reveladas” e à corrupção sociocultural, ou seja, um culto
opositor, um culto de resistência [26].
Na cultura brasileira a Quimbanda é a mais genuína e
representativa via espiritual (pela mescla
negra/indígena/europeia) que possui como tônica a
subversão ao sistema. Ela se desvinculou da
Umbanda justamente por não aceitar os ideais de
embranquecimento que foram inseridos naquela.
Pelo fato de que a Quimbanda é um culto que vai na
contramão do sistema vigente, é natural que os
espíritos que ingressam em suas legiões sejam
subversivos aos valores deste, sendo opositores,
contestadores, questionadores, livres-pensadores,
revolucionários, amorais, etc. Geralmente os espíritos
que trabalham na corrente da Quimbanda são antigos
xamãs, mestres caboclos, bruxos, alquimistas, feiticeiros,
guerreiros, assassinos, dentre outros que se encaixam na
vibração energética do culto exercendo suas forças nas
linhas de Exu e Pombagira. São espíritos com esses
atributos que “sentem o chamado de Maioral”.
Assim, a Quimbanda é um culto pagão, necrosófico,
necromante e necrólatra, no qual se cultuam espíritos
(almas de pessoas que já morreram), e, em algumas
vertentes, alguns deuses também (entidades ≠
divindades).
A essência da Quimbanda possui ênfase na liberdade de
pensamento e de expressão, na igualdade de direitos, na
“descorrupção” da mentalidade que foi moldada no ser
humano pelo Cristianismo, na desconstrução da visão e
mentalidade de rebanho e de submissão.
Enfatiza-se sempre o Cristianismo nesse contexto, pois
apesar das outras religiões abraâmicas (Judaísmo e
Islamismo), bem como outras religiões de massa
reveladas, terem o mesmo viés escravagista, foi o
Cristianismo que exerceu sua dominação perniciosa de
forma mais direta em nossa cultura, impregnada de
valores cristãos em todos os seus setores. Até mesmo
expressões “inocentes” como “vai com Deus” em uma
despedida carregam a bagagem de uma egrégora
específica.
Por todas as características inerentes à formação da
Quimbanda e sua natureza, não é compatível com a
condição de quimbandeiro ter uma mentalidade
discriminatória e intolerante em relação a identidade de
gênero, orientação sexual, idade, etnia, classe social; ter
posturas e atitudes eivadas de machismo, misoginia,
sexismo, xenofobia, capacitismo (preconceito contra
deficientes), moralismo; ser partidário de movimentos
discriminatórios (Supremacia Branca, Ku Klux Klan,
Neonazismo, etc.).
Por outro lado, existem filosofias/doutrinas libertárias que
dialogam bem com a natureza da Quimbanda, como
Thelema, Luciferianismo, Satanismo, e o pensamento
de Nietzsche expresso em suas obras.

THELEMA
Thelema pode ser considerada uma religião, uma
filosofia, uma proposta social ou a soma de tudo
isso. É um sistema metafísico completo, surgido em
1904 através do recebimento do Liber AL vel Legis
(O Livro da Lei) no Cairo pelo ocultista inglês Aleister
Crowley. Esse livro proclama a chegada de um Novo
Æon (Era) para a Humanidade. Nesse sistema, a
suprema Lei é a chamada Lei de Thelema, sintetizada
nos dizeres “Faze o que tu queres há de ser o todo da
Lei” e “Amor é a lei, amor sob vontade”. Estas palavras
conclamam a todos ao autoconhecimento que lhes
permitirá descobrir e realizar sua Verdadeira
Vontade, que significa sua verdadeira natureza, que
equivale à divindade dentro de cada indivíduo. Em
compensação, todos os direitos que não sejam a
realização dessa Grande Obra não passam de ilusões.
É um método através do qual se pode realizar o diálogo
entre si e o seu Deus, e através da Vontade chegar à
auto realização.
Todo homem e toda mulher é uma estrela, e o único
crime do Universo é a colisão entre estrelas. Essa é a
completa liberdade, incluindo liberdade moral, sexual,
política e filosófica, conforme compreendida por
Thelema.
Segundo Thelema, o Æon contemporâneo é o de
Hórus, centrado no Princípio da Criança, da
sobrevivência individual, cuja fórmula é o crescimento,
da consciência e do amor universal (Ágape), levando à
auto realização.
O Æon anterior foi o de Osíris e antes deste foi o de
Ísis. O Æon neolítico de Ísis é considerado como tendo
sido dominado pela ideia matriarcal de divindade, sua
fórmula envolvendo a devoção à Deusa-Mãe para a
obtenção da nutrição que ela providenciava.
O Æon clássico/medieval de Osíris teve como
dominante o princípio patriarcal, cuja formula de
redenção era o auto sacrifício e a submissão ao Deus-
Pai.
Não sendo um sistema religioso fechado, Thelema
aceita qualquer forma de crença e qualquer divindade
que o Thelemita cultue. Contudo, algumas divindades
são normalmente utilizadas para definir conceitos
comuns ao sistema Thelêmico, muitas vezes sendo
referidas nos textos sagrados ou ritualísticos. As
principais são:
- Babalon (Mulher Escarlate) – Outro arquétipo da
Grande Mãe, é uma contraparte de Nuit mais
próxima ao Humano. É considerada como a Grande
Prostituta Sagrada pois não recusa seu Amor
divino a pessoa alguma. É uma representação da
liberação da mulher e do impulso sexual.
- Chaos – Ideia irrepresentável do princípio básico de
tudo. O Chaos, tal como na mitologia grega (e em
todas, isso é arquetípico), é a matriz de onde
qualquer ideia, forma etc. pode surgir. De acordo com
o Credo da Missa Gnóstica, é o Pai de Vida e Único
Vice Regente do Sol sobre a Terra.
- Hadit – O globo solar alado de Hadit é a
representação da individualidade, o Self. Simboliza a
Serpente de Luz que deve se elevar para encontrar
Nuit e assim alcançar a plenitude. O Sol interior, a
fonte de toda a luz e sabedoria. Assemelha-se ao
conceito do Logos.
- Hoor-Paar-Krates (Harpócrates) – Irmão gêmeo
de Ra-Hoor-Khuit, é a metade passiva do deus
Hórus, o regente do Novo Æon. Sendo filho de Ísis
e Osíris gerado após a morte do pai, é tido como
uma criança espiritual, o Não Nascido. Também é
conhecido como o Deus do Silêncio.
- Ísis – Representação da Era matriarcal, é o
arquétipo da Grande Mãe e da Natureza, que
acolhe o filho em seu seio e o nutre. Representa o
primeiro Æon, quando o Ser Humano começava a
descobrir sua espiritualidade.
- Nuit – Deusa egípcia preenchida de estrelas, cujo
corpo forma a abóbada celeste é a representação do
Todo em um nível Macrocósmico. Sendo todo homem
e toda mulher uma estrela, Nuit simboliza a união de
toda a humanidade em nível espiritual. Costuma ser
representada também por um Círculo.
- Osíris – Representação da Era patriarcal, é o
arquétipo do Pai, aquele que educa o filho pela
recompensa/punição e lhe passa uma ética e uma
moral preestabelecidas, sacrificando-se por ele.
Representa o Æon anterior ao presente, quando o
Ser Humano precisava ser guiado.
- Ra-Hoor-Khuit – Irmão gêmeo de Hoor-paar-
kraat (Harpócrates), é a metade ativa do deus
Hórus, o regente do Novo Æon, quando o Ser
Humano não necessita mais dos arquétipos materno
e paterno. É o filho de Ísis e Osíris concebido no
mundo. Representa o próprio Ser Humano em sua
totalidade divina.
- To Mega Therion (A Grande Besta) – To Mega
Therion além de ser um dos nomes mágicos
adotados por Crowley, é também uma
representação do Ser Humano ainda preso a seus
instintos e preconceitos, mas pleno de seu potencial
divino.
LUCIFERIANISMO
O Luciferianismo é uma doutrina baseada na figura
de Lúcifer, que por sua vez é considerado como
portador da Luz do intelecto. O Luciferianismo
distingue Lúcifer de Satanás, no entanto, algumas
organizações satanistas se consideram luciferianas.
Divide-se em Luciferianismo tradicional ou teísta
(crença em Lúcifer como uma divindade) e
Luciferianismo simbólico (crença em Lúcifer como
arquétipo).
O arquétipo luciferiano é o arquétipo do
inconformismo, rebeldia e liberdade de pensamento,
que impulsionam o adepto à revolução, à libertação
das estruturas e limites que restringem a consciência;
à busca do conhecimento, satisfação e realização
pessoal, com isenção de tabus e hipocrisia; e à busca
da perfeição e do refinamento, do progresso espiritual
individual, e da autodivinização.
Existem vertentes que consideram Lúcifer como um
referencial dos atributos desse arquétipo, sem
desconsiderarem a possibilidade de sua existência
como uma divindade.
Em várias doutrinas encontrar a faceta luciferiana
dentro de nós é um fator importante no caminho da
Verdade, que nos trará consciência, autoconhecimento
e o livre-arbítrio. Portanto, o Luciferianismo (que não
é um sistema fechado) pode ser um “viés” dentro de
outros sistemas, como ocorre na Quimbanda
Luciferiana.
SATANISMO
O termo satanismo foi utilizado pelas religiões
abraâmicas para designar práticas religiosas que
consideravam estar em oposição direta ao deus
abraâmico.
A figura de Satanás foi tratada especialmente por
cristãos e muçulmanos de forma variável, como um
competidor rebelde em relação a Deus ou alguém
invejoso dos seres humanos e de Jesus, caracterizado
como anjo caído ou demônio, governador do submundo
penitencial.
Anton Szandor LaVey (nascido Howard Stanton
Levey / 11/04/1930 – 29/10/1997) fundou a primeira e
maior organização de suporte religioso ao satanismo, a
Church of Satan (Igreja de Satã), em 1966. Em
1969 publicou The Satanic Bible (A Bíblia
Satânica), o cânone sobre o satanismo laveyano,
descrevendo os conceitos básicos, a filosofia e os
rituais da religião satânica, e apresentando o satanismo
como uma forma de culto a si mesmo (autolatria ou
egoteísmo).
As doutrinas básicas deste satanismo se baseiam na
ideia de que Satanás é um arquétipo (e não uma
entidade), no individualismo, na autoindulgência e na
moral da pena do talião (“dente por dente, olho por
olho” / “trate os outros como lhe tratam”), com
influências ritualísticas e cerimoniais do ocultista
Aleister Crowley e de filosofias de pensadores como
Friedrich Nietzsche. Há fortes elementos
progressistas e libertários nas doutrinas satânicas
Diferente dos satanistas teístas, satanistas de LaVey
consideram Satanás como um símbolo da natureza
inerente do homem, e não como um deus ou ser
sobrenatural.
As Nove Declarações Satânicas (Retiradas da
Bíblia Satânica)

1. Satanás representa indulgência ao invés de


abstinência!
2. Satanás representa a existência vital ao invés de
sonhos espirituais fantasiosos!
3. Satanás representa sabedoria imaculada ao invés
de auto ilusão hipócrita!
4. Satanás representa bondade para quem a merece
ao invés de amor desperdiçado aos ingratos!
5. Satanás representa vingança ao invés de virar a
outra face!
6. Satanás representa responsabilidade para o
responsável ao invés de dar atenção a vampiros
psíquicos!
7. Satanás representa o homem como outro animal,
algumas vezes melhor, mas geralmente pior do
que aqueles que caminham sobre quatro patas, e
que, apesar de todo o “desenvolvimento
espiritual e intelectual”, tornou-se o animal mais
vicioso de todos!
8. Satanás representa todos os assim-chamados
pecados, pois levam à gratificação física, mental
ou emocional!
9. Satanás tem sido o melhor amigo que a Igreja já
teve, pois foi quem a manteve rica durante todos
esses anos!

NIETZSCHE
Friedrich Wilhelm Nietzsche (Reino da Prússia,
15/10/1844 – Império Alemão, 25/08/1900) foi um
filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor
prussiano do século XIX. Escreveu vários textos
criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea,
filosofia e ciência.
A cultura ocidental e suas religiões, assim como a
moral judaico-cristã, foram temas comuns em suas
obras. Nietzsche pretendeu ser o grande
“desmascarador” de todos os preconceitos e ilusões do
ser humano.
Sua filosofia envolve questionamento de qualquer
doutrina repressora, não importando o quão
socialmente predominantes essas ideias poderiam ser.
Considerava o Cristianismo e o Budismo como “as
duas religiões da decadência”, embora o Budismo
“cem vezes mais realista que o Cristianismo”.
Entre suas obras constam “Assim Falou Zaratustra”
(1883-85), “O Crepúsculo dos Ídolos” (1888), e “O
Anticristo” (1888), considerado uma das mais ácidas
críticas de Nietzsche ao Cristianismo,
Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo
repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas
distorções e confusões. Algumas delas:
- “Deus está morto. Viva perigosamente. Qual o
melhor remédio? – Vitória!”
- “A diferença fundamental entre as duas religiões da
decadência: o Budismo não promete, mas assegura.
O Cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada”.
- “Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar
luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é
necessária”.
- “O Cristianismo foi, até o momento, a maior
desgraça da humanidade, por ter desprezado o
corpo”.
- “A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo”.
- “Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos
de quem não sabe voar”.
- “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se
para não tornar-se também um monstro. Quando se
olha muito tempo para um abismo, o abismo olha
para você”.
- “A alma nobre tem reverência por si mesma”.
- “Não existem fenômenos morais, mas apenas uma
interpretação moral dos fenômenos”.
PRÁTICAS DEVOCIONAIS E
DE ELEVAÇÃO PESSOAL

A
s práticas devocionais objetivam conexão energética
com alguma divindade, entidade, etc. A Quimbanda
lida com mortos, portanto, quanto mais o adepto se
aperfeiçoa nessa conexão, mais ele se torna próximo de
seus Mestres (Exu e Pombagira), rumo a uma simbiose
com eles.
As práticas de elevação espiritual possuem um
caráter de solitude, na medida em que requerem
privacidade, reclusão e introspecção para sua realização.
Existem práticas que objetivam a aproximação das
entidades, através de cuidados para a manutenção de
um fluxo energético constante. Ex.: oferendas de
comidas, bebidas, incensos, etc.
ALGUMAS PRÁTICAS PROPOSTAS

Praticar meditação dentro do ponto riscado de


seu Mestre Pessoal.

Pingar 7 gotas de seu próprio sangue em suas


firmações para fortalecer a conexão com suas
entidades.
Riscar o ponto riscado de seu Mestre Exu com
carvão, pingar 7 gotas de seu próprio sangue e
colocar a folha por dentro da fronha de seu
travesseiro e dormir com ela por 7 noites. Esta
prática objetiva provocar contatos oníricos com o
Mestre Pessoal.

Meditação Zen (Zazen)


A prática do Zazen consiste basicamente em sentar-se
em uma posição confortável, com a coluna ereta, em
períodos de até 40 minutos, intercalados com
meditação andando (Kinhin) para estimular a
circulação. Durante esse tempo deve-se procurar
observar os pensamentos e sensações que surgem,
sem buscar reprimi-los, estimulá-los ou julgá-los.

Pranayama da respiração alternada


(Nāḍīśodhana)
Nāḍīśodhana prāṇāyāma é a respiração alternada. O
nome significa “purificação das nāḍīs”, que são os
canais da energia vital. É uma ótima técnica de
respiração que acalma, reduz o stress e a ansiedade, e
ajuda a preparar a mente para entrar em estado
meditativo (a meditação favorece a incorporação e a
conexão com as energias espirituais).
Sente-se confortavelmente com sua coluna ereta e os
ombros relaxados.
Apoie a palma da mão esquerda no seu colo. Coloque o
polegar direito contra a borda externa da narina direita,
fechando a narina. Esvazie o ar pela narina esquerda.
Inspire pela narina esquerda (conte até 4). Feche a
narina esquerda com o dedo anular. Soltando o
polegar, abra e expire o ar pela narina direita (conte
até 8).
Com a narina esquerda ainda fechada, inspire pela
narina direita (conte até 4). Agora, feche a narina
direita com o polegar e solte o dedo anular da narina
esquerda, expirando completamente pela narina
esquerda (até 8). Este é um ciclo completo.
Repita por cinco ciclos, aumentando gradualmente a
duração da prática ao longo do tempo à medida que
você se torna mais confortável até 12 minutos de
duração.
Depois de terminar a última expiração pela narina
esquerda, solte a mão direita para descansar no seu
colo.
Inspire e expire pelas duas narinas enquanto observa
os efeitos da sua prática.

Respiração Holotrópica
É uma técnica em que através da hiperventilação
(respiração acelerada e intensa) é possível criar um
estado de consciência expandido. Basicamente, o
método combina respirações curtas e intensas
seguidas de respirações longas e profundas.
É uma técnica de psicoterapia experimental que tem
como objetivo aumentar o autoconhecimento e
promover efeitos psicoterapêuticos.
O termo holotrópica tem origem grega e significa “se
mover em direção à totalidade”. A técnica surgiu nos
anos 1980 e foi criada pelo pesquisador e psiquiatra
Tcheco Stanislav Grof, juntamente com sua esposa
Christina Grof.
O principal benefício da respiração holotrópica é
atingir um estado de consciência expandido, o que
gera o relaxamento e equilíbrio emocional.
Contudo, esse tipo de respiração pode causar efeitos
adversos, como ataques de pânico e desmaios.
Yôga
Yôga é uma filosofia de vida que tem sua origem na
Índia, há mais de 5000 anos e que tem por objetivo a
união do corpo, mente e espírito, através de
concentração, meditação, respiração e disciplina.
Existem diferentes tipos e linhas de Yôga, porém, no
ocidente o mais difundido é o Hatha Yôga,
considerado o tipo mais clássico. Sua prática combina
exercícios de respiração (Pranayama) e posturas
corporais (Asanas). Pranayamas são conhecidos como
técnicas de respiração que elevam os níveis de energia
vital (prana), reduzindo a atividade mental, trazendo
calma e relaxamento profundo. Os Asanas permitem
que o indivíduo atinja um estado de contemplação, e,
portanto, não têm efeito apenas na parte física.

Mudras
A palavra em sânscrito mudra significa gesto das
mãos, mas também pode indicar posições dos olhos, do
corpo e técnicas de respiração, para obter benefícios
físicos, mentais e espirituais. Alguns mudras atuam no
sistema digestivo, outros no coração, outros no sistema
imunológico e outros visam reequilibrar um elemento
específico.
Esses gestos são frequentemente usados como
ferramentas para concentração e expansão da
consciência durante práticas meditativas. Também são
associados a alguns asanas durante a prática do
Yôga, complementando e até intensificando as
qualidades dessas posturas. Os mudras feitos com as
mãos, relacionam os 5 elementos da natureza a cada
dedo: o dedo mínimo representa a água; o anelar, a
terra; o médio, o éter; o indicador, o ar; e o polegar, o
fogo. As combinações dos dedos e a posição deles
(esticado, flexionado etc.) permitem uma grande
variedade de opções de conexão com as energias
primordiais do universo. Existem vários tipos de
mudras, e cada um deles traz benefícios diferentes,
conforme as nossas necessidades.

Jejum
Em várias religiões o jejum é adotado tradicionalmente
como uma prática de purificação física, mental e
espiritual que facilita a meditação por levar a estados
de calma e maior sensibilidade; em outras é visto como
uma prática de disciplina, doutrina e reflexão espiritual,
que possibilita o desenvolvimento de qualidades como
o autodomínio; em outras situações pode ser
considerado um ordálio da entrega à prática espiritual.
Pode ser executado abstendo-se de comer, ou
praticando uma mudança no hábito, por exemplo,
subtraindo uma das refeições diárias. Ao término do
jejum, o adepto pode passar uma vela pelo corpo e
coloca-la acesa em uma de suas firmações.

Prática do Templo Interior


Esta prática tem por objetivo a construção e a gestão
(através de concentração e visualização) de “um local”
extra físico (no Astral) que servirá de “ponto de
encontro” entre o adepto e seus Mestres espirituais,
de forma que apenas seres energeticamente ligados a
ele possam encontra-lo.
A prática deve ser realizada antes de dormir. Visualizar
um ambiente fechado (um salão, uma caverna, um
templo, etc.) com toda a parafernália que remeta o
adepto aos símbolos envolvidos em sua ritualística
e contato com seus Mestres (instrumentos
ritualísticos, símbolos sagrados, livros, vegetais,
animais totem [27], e o que mais for importante para o
adepto agregar).
Quanto mais elaborada e detalhada for a imagem, mais
fácil será a comunicação entre as consciências. Esse
nível de detalhamento deve incluir:
- Os detalhes do caminho de acesso até esse local, a
criação de um “mantra de acesso” ou senha. Esse
mantra de acesso deve ser escrito e queimado no
assentamento (ou caldeirão de altar) que venha a ter
no local;
- Uma criptografia [28] para saber se quem está ali é
de confiança, ou se é de fato o Mestre cujo contato
se almeja;
- A existência de um guardião (ou lanterneiro) que
dê acesso ao local mediante a senha.
Sempre que o adepto quiser buscar contato com seus
Mestres, deverá ser nesse local, cuja imagem ficará
mais nítida a cada momento de “recriação”.
ANEXO: ALGUNS MUDRAS

1. JNANA MUDRA
Gesto da Sabedoria ou Conhecimento Intuitivo. Equilibra
os dois hemisférios cerebrais e acalma o sistema
nervoso. Junte a ponta do polegar com a ponta do dedo
indicador formando um círculo, estique os outros dedos.
2. PADMA MUDRA
Gesto da Flor de Lotus. Abre o coração sutil, diminui a
carga de tensão sobre o coração físico e cria expansão
da caixa torácica. Junte os punhos, polegares e dedos
mínimos e abra os outros dedos.
3. MATANGI MUDRA
Gesto da Harmonia. Energiza a área do plexo solar e
facilita a sensação de autoestima. Entrelace todos os
dedos, estique e una os dedos médios em frente ao plexo
solar.
4. PRANA MUDRA
Gesto da Energia Vital ou Respiração. Facilita a expansão
dos pulmões e de todo o sistema respiratório. Junte o
polegar com os dedos mínimo e anular e estique os
dedos médio e indicador.
5. MANDALA MUDRA
Gesto da Integração. Facilita a experiência de integração
com todo o Universo. Repouse os quatro dedos da mão
direita sobre os da mão esquerda. Una os polegares
formando um círculo.
6. KINI MUDRA
Facilita um estado de equilíbrio da glândula pituitária que
consequentemente regula todo o sistema endócrino.
Junte as pontas de todos os dedos.
7. UTTARBODHI MUDRA
Gesto do Auto Fortalecimento. Ativa a glândula timo e
aumenta a autoestima, promovendo a saúde do sistema
imunológico. Entrelace os dedos para fora e estique os
indicadores para cima e os polegares para baixo,
colocando-os no esterno.
8. APANA MUDRA
Gesto da Digestão. Estimula e facilita a finalização do
processo de digestão, equilibrando a eliminação. As duas
mãos – polegar toca dedos médio e anular.
9. KARKATA MUDRA
Gesto do Caranguejo. Gesto do equilíbrio Sexual.
Estimula os canais de energia sexual, equilibra o sistema
glandular e melhora a concentração.
VEGETAIS NO CULTO DE
EXU & POMBAGIRA

É
comum se fazer referência ao uso de “ervas” na
Quimbanda (assim como em outras religiões/cultos),
entretanto, o termo “erva” se refere apenas às
plantas de pequeno porte cujo caule é fino e macio, não
sendo lenhoso nem apresentando casca (Ex.: hortelã).
Na prática são utilizadas folhas, flores, frutos, raízes,
caules/cascas, e favas/sementes, de vegetais de
diversos portes (árvores, arbustos, ervas, suculentas,
etc.) [29].
Para a utilização das plantas no culto, é importante
atentar aos melhores períodos para a colheita de cada
parte vegetal que será utilizada:

Manhã (entre 6:00 e 10:00 / no máximo 11:00):


folhas
Tarde (entre 12:00 e 17:00): cascas
Noite: raízes
As plantas utilizadas na ritualística da Quimbanda são
oriundas de biomas e tradições diversas, uma vez que
o próprio culto resulta da interação cultural e
miscigenação de povos ameríndios nativos, africanos
e europeus. Cada cultura envolvida elaborou sua
“botânica oculta” de acordo com os ecossistemas
locais, e o sincretismo ampliou classificações,
incorporando outros conceitos esotéricos, como relação
planetária e elemental. Os nomes populares das
plantas geralmente expressam qualidades superficiais.
Basicamente, as plantas são usadas para lavagem,
limpeza, energização, defumações, banhos,
sacudimentos, assentamentos, pós, unguentos, chás,
tinturas e oferendas.
Existem as que são relacionadas a processos de
desobstrução ligados aos planos físico, mental e
emocional; as que são conectadas a energias noturnas,
forças de cura e de morte, etc.
Na Quimbanda, as plantas consideradas “de Exu” são
geralmente venenosas, e/ou queimam, e/ou causam
prurido, e/ou possuem espinhos, e/ou possuem folhas
pontiagudas (ex. de exceção: arruda, cuja planta
fêmea possui folhas menores e arredondadas, e a planta
macho as apresenta maiores e alongadas). As plantas
carnívoras (insetívoras) e os cactos também são
considerados de Exu.
A forma das plantas pode distinguir seu uso para Exu ou
Pombagira. Ex.: as folhas pontiagudas são
consideradas de Exu e as mais arredondadas são de
Pombagira, como no exemplo da arruda.
As sementes são símbolos de ciclos de vida. São como
casulos de energia que precisam despertar para que a
força daquele vegetal aflore plenamente. Em muitas
espécies vegetais as sementes ficam alojadas em favas
(estruturas como vagens). Na Quimbanda algumas
sementes/favas cujo uso se destaca são a garra-de-
Exu ou garra-de-Pombagira (Martynia annua), a
garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens), o olho-
de-cabra (Abrus precatorius), o olho-de-boi (Dioclea
violacea), a fava-de-aridan (Tetrapleura tetraptera), o
alpiste (Phalaris canariensis), o bejerecum (Croton
lobatus), o pichuri / pixuri (Nectandra pichurim), o obì
(Cola acuminata), e o orobô (Carcinia kola).
As flores não são elementos usados para limpeza, mas
para harmonização, acalento e equilíbrio. A visão de
flores estabelece conexões subconscientes com as
emoções. Nelas se encontram os aparelhos reprodutores
das plantas.
A maioria das flores é considerada fria, em cujas
pétalas predomina a energia lunar e feminina. Emanam
códigos venusianos, como amor, paixão, desejo,
luxúria, repulsa, saudade, segredos.
Flores são utilizadas em banhos, defumações,
oferendas, etc., para atuação no campo
emocional/sentimental, suavizando energias.
Aplicando o conhecimento sobre as essências florais é
possível conquistar, alegrar, encantar, tranquilizar e
enamorar as pessoas. As flores também são utilizadas
para adornar os túmulos dos mortos, na intenção de
transmitir a eles palavras e pensamentos que talvez não
tenham sido expressos enquanto os mesmos estavam
encarnados.
Algumas flores muito utilizadas no culto de Exu e
Pombagira são a rosa (Rosa spp.), o cravo (Dianthus
caryophyllus), o girassol (Helianthus annuus), o jasmim
(Jasminum officinale), o lírio (Lilium spp.).
Cravos e girassóis são solares e podem integrar
oferendas aos Exus.
A rosa é considerada a rainha das flores, e a rosa
vermelha representa o amor, a paixão, a luxúria e o
desejo em suas várias formas: o vermelho é a cor da
excitação, da vitalidade, do movimento e da imponência;
o perfume inebria, conquista, exalta a sexualidade; os
espinhos remetem à cautela necessária ao lidar com os
impulsos de conquista (perfuram superficialmente, mas
causam dor suficiente para que não se esqueça). A rosa
vermelha é a flor associada à Pombagira por
excelência.
Os frutos são o receptáculo do espírito contido em cada
espécie. Antes de serem utilizados em práticas
ritualísticas (banhos, oferendas, etc.) requerem ser
purificados (água com vinagre de maçã) e
despertados (rezas).
O limão (Citrus limon) é uma fruta ácida, extremamente
conectada com Exu (usado inclusive em oferendas).
Propicia limpeza e formação de barreiras que impedem o
retorno de energias nocivas. É a única fruta que pode
ser misturada com plantas “quentes”.
A carambola (Averrhoa carambola) é uma fruta
conectada aos mortos e à ancestralidade. Quando
cortada, as fatias possuem forma de estrela. Pode ser
aplicada ao corpo para restabelecimento da saúde e boa
sorte.
A maçã (Malus domestica) é uma fruta feminina,
conectada ao amor, sabedoria, conhecimento, sedução,
revelação, magia e transmutação de energia de
ambientes. Utilizada em feitiços sentimentais.
Algumas outras frutas utilizadas no culto são:

Abacate (Persea americana) – limpeza material e


espiritual, inteligência, racionalidade, saúde;
Abacaxi (Ananas comosus) – vitalidade,
renovação, confiança, superação de barreiras
sentimentais. Sempre usado descascado;
Ameixa (Prunus domestica) – traz boa sorte e
longevidade;
Cereja (Prunus avium) – charme, atração,
fertilidade, erotismo;
Caju (Anacardium occidentale) – apreciado pelos
povos da Kalunga e da Mata. Pode ser servido aos
povos da Lira com melaço para atrair dinheiro;
Damasco (Prunus armeniaca) – vitalidade, força,
vigor sexual;
Figo (Ficus carica) – fruta masculina, simboliza a
bolsa escrotal, energia de prosperidade, fertilidade,
crescimento material/profissional, estabilidade
financeira;
Manga (Mangifera indica) – sexualidade, amor
incondicional, amparo espiritual, adoçamento e
renovação energética;
Melancia (Citrullus lanatus) – fartura e
prosperidade financeira;
Melão (Cucumis melo) – prosperidade, limpeza
astral e desfazimento de antigos feitiços;
Morango (Fragraria spp.) – evolução, adoçamento,
amadurecimento, despertar de sentimentos
ocultos;
Pera (Pyrus spp.) – simboliza a imortalidade,
sensualidade, delicadeza e união;
Pêssego (Prunus persica) – ampliação da
memória, ocultação de intenções, equilíbrio
pessoal e sedução masculina;
Romã (Punica granatum) – espiritualidade
conectada aos poderes ctônicos, dominação sexual
e amarração. As sementes simbolizam
prosperidade material e proteção;
Uva rubi (Vitis sp.) – prosperidade, vivacidade;
Uva verde (Vitis sp.) – renovação energética, força
para superar problemas de saúde, renovação de
votos de fidelidade.
As cascas de árvores podem ser utilizadas de 3 formas:

Banhos preparados por decocção;


Preparo de tinturas;
Preparo de pós, reduzindo-as a cinzas.
As raízes secas podem ser usadas em banhos,
garrafadas, defumações, pós (reduzidas a cinzas),
Adota-se uma classificação dos vegetais como sendo
quentes, mornos ou frios, que as religiões de matriz
africana herdaram e perpetuaram dos cultos tradicionais
da África. Se estabelecermos uma palavra-chave para
cada categoria dessas, será: Limpeza (plantas quentes),
harmonização (plantas mornas), e calmante (plantas
frias). Uma regra básica de sua utilização em banhos é a
sequência: 1) quentes / 2) mornas / 3) frias (se
necessário).
Aquelas classificadas como quentes são as mais usadas
pelos Exus, e possuem a propriedade de agredir as
estruturas energéticas, dissolver, diluir, consumir,
descarregar, e esterilizar, podendo esgotar a energia
vital se usadas em excesso. Tais plantas quentes
geralmente são as que causam queimaduras e
coceiras em contato com a pele e/ou possuem
espinhos (há exceções: a babosa possui espinhos e é
uma planta fria).
Alguns exemplos de plantas quentes são:

Aroeira (várias espécies/gêneros da Família


Anacardiaceae);
Arruda (Ruta graveolens);
Beladona (Atropa belladonna);
Buchinha-do-norte (Luffa operculata);
Cactos (Família Cactaceae);
Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta);
Dandá-da-costa (Cyperus rotundus);
Erva-de-bicho (Polygonium hydropiperoides);
Espada-de-santa-bárbara (Sansevieria
trifasciata);
Espada-de-são-jorge (Sansevieria guineenses);
Fumo/tabaco (Nicotiana tabacum);
Guiné (Petiveria alleacea);
Jurema-preta (Mimosa hostilis);
Lança-de-são-jorge (Sansevieria cylindrica);
Mamona-roxa (Ricinus communis);
Peregum-roxo (Cordyline terminalis);
Picão-preto (Bidens pilosa);
Picão-roxo (Ageratum conyzoides);
Pimenta-da-costa (Aframomum melegueta);
Pimenta-do-reino (Piper nigrum);
Pimenta-malagueta (Capsicum frutescens);
Pinhão-roxo (Jatropha gossypiifolia);
Quebra-demanda (Justicia gendarussa);
Urtiga (Urtica spp.).
Os banhos em que são usadas plantas quentes são de
intensa limpeza espiritual e descarrego, devem ser
realizados do pescoço para baixo (não banhar a
cabeça), e com intervalo de pelo menos 7 dias (ou de 3
dias em casos de necessidade extrema).
As plantas mornas ajudam a recompor as estruturas
energéticas agredidas pelas plantas quentes
(equilibrar), tornando-as magneticamente receptivas.
São plantas cuja energia de limpeza/combate é menor do
que na das plantas quentes, porém possuem
propriedades equilibradoras. Devem ser utilizadas após
banhos que desgastam a aura, e preparam o corpo para
receber o banho de plantas frias, caso seja necessário.
Alguns exemplos de plantas mornas são:

Abre-caminho (Lygodium volubile);


Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra) obs.: raízes mornas
& folhas frias;
Alevante/levante (Mentha arvensis):
Alfavaca (Ocimum gratissimum);
Artemísia (Artemisia vulgaris);
Bardana (Arctium lappa);
Café (Coffea arabica);
Calêndula (Calendula officinalis);
Canela-em-pau (Cinnamomum zeylanicum);
Capim-cidreira (Cymbopogon citratus);
Cipó-caboclo (Davila rugosa);
Folha-da-costa / folha-da-fortuna (Kalanchoe
sp.)
Folhas de laranjeira (Citrus aurantium);
Folhas de limoeiro (Citrus limon);
Girassol (Helianthus annuus);
Hibisco (Hibiscus spp.);
Hortelã (Mentha spp.);
Hortelã-pimenta (Mentha spicata);
Losna (Artemisia spp.);
Louro (Laurus nobilis);
Mangueira (Magifera indica);
Manjericão-roxo (Ocimum basilicum);
Peregum-verde (Dracena fragrans);
Pitangueira (Eugenia uniflora);
Romã (Punica granatum);
Sálvia-branca (Salvia apiana).
Sávia (Salvia officinalis).
As plantas frias são as espécies capazes de cessar a
ação das plantas quentes. São usadas para trazer
tranquilidade e plenitude, esfriar, acalmar, apaziguar,
controlar impulsos emotivos, estabelecer lucidez, bom
senso e amor próprio. O retorno da fluidez energética
estabelecido pelas plantas frias não se confunde com
harmonização. Muitas delas são utilizadas como
tempero.
Alguns exemplos de plantas frias são:

Alecrim (Rosmarinus officinalis);


Alfazema (Lavandula officinalis);
Algodoeiro (Gossypium herbaceum);
Anis-estrelado (Illicium verum);
Boldo (Plectranthus barbatus);
Camomila (Matricaria chammomilla);
Colônia (Alpinia zerumbet);
Dente-de-leão (Taraxacum officinale);
Erva-doce (Pimpinella anisum);
Incenso-bastardo (Plectranthus forsteri);
Jasmim (Jasminum spp.);
Macela (Achyrocline satureioides);
Maracujá (flor) (Passiflora incarnata);
Melissa (Melissa officinalis);
Mirra (folhas) (Commiphora spp.);
Valeriana (Valeriana officinalis);
Verbena (Verbena spp.).
As rosas vermelhas são quentes, uma vez que sua
coloração e seus espinhos denotam seu impulso
agressivo, quente e libertador; já as rosas brancas são
frias, ao simbolizar a inocência e a pureza, e acalmar os
sentidos.
Os banhos com plantas mornas e frias podem incluir a
cabeça, mas é preciso cuidado para não esfriar demais o
ori (cabeça), pois isso gera quizila, uma vez que Exu é
ígneo.
Existe um limiar muito tênue entre as plantas
consideradas quentes e as consideradas mornas, assim
como entre as consideradas mornas e as consideradas
frias, em decorrência da pluralidade regional e de como
as plantas respondem às diferentes manipulações
religiosas. As plantas podem ser misturadas para se
complementarem durante os trabalhos, mas para isso é
preciso ter domínio do assunto: nem sempre a utilização
conjunta de plantas quentes e plantas frias resultará
em um efeito morno. Tal combinação pode resultar em
anulação dos efeitos, pois há plantas frias que
bloqueiam os fluxos ígneos.
As plantas também podem ser solares (Ex.: espada-de-
são-Jorge, urtiga, mamona), ou lunares. As plantas
aquáticas (submersas, parcialmente submersas, e
flutuantes) e de beira d’água são, via de regra, lunares
(Ex.: erva-de-santa-luzia, aguapé, vitória-régia).
O preparo e a realização de banhos espirituais com
plantas devem ser entendidos como momentos de
devoção ao sagrado, portanto, para a obtenção de
sucesso e resultados é preciso entrega, concentração,
determinação, visualização e conexão com as energias
cuja presença/atuação foi solicitada para aqueles
momentos. Conforme o propósito almejado, os banhos
podem ser classificados em:

Energéticos – devem ser realizados com plantas


estimulantes (Ex.: guaraná) associadas a plantas
mornas (harmonizadoras), para momentos que
requerem restauração da força (física, mental,
espiritual). É recomendável que se tome um banho
de limpeza antes do energético;
De proteção – devem ser realizados com plantas
fortes e ricas em ferro (Ex.: mangueira)
associadas a plantas que naturalmente afastam
espíritos, para quando se necessita restaurar os
escudos energéticos após uma limpeza;
De limpeza/descarrego – realizados com plantas
quentes (agressivas) que dissolvem o que
estiver atacando o escudo energético do adepto. É
admissível o uso de bebidas alcoólicas nestes
banhos, e recomendável a realização de banho de
harmonização/equilíbrio após este.
De harmonização/equilíbrio – são realizados
com plantas mornas trabalhando
separadamente, como preparo para adventos em
que o adepto necessite de serenidade. O caldo de
cana, ou melaço, pode integrar tais banhos.
De pacificação – realizados exclusivamente com
plantas frias, para acalmar/pacificar os fluxos
energéticos dos corpos físico, elétrico e astral.
De atração – realizado com plantas capazes de
estimular o magnetismo pessoal.
As plantas podem ser utilizadas frescas ou secas
(desidratadas). Ao se usar plantas frescas, é possível
através de quinagem [30] ou maceração [31] extrair o
sangue negro [32]. Elas não necessitam de calor (fogo)
para liberarem suas propriedades. As plantas secas
possuem sua energia vital adormecida, e necessitam
passar por um processo ígneo para despertá-la, através
de infusão [33] ou decocção [34]. Plantas que foram
submetidas à decocção e à infusão estão
energeticamente esgotadas e devem ser despachadas na
terra, em locais como jardins, sopés de árvores, etc.,
para que ocorra harmonização com os elementais
daquelas espécies.
Cascas, raízes duras e sementes devem ser piladas
antes de serem submetidas à decocção, para que se
obtenha suas propriedades mágicas em banhos.
A secagem das plantas deve ser realizada
preferencialmente de forma natural, pendurando-as num
saquinho (ou amarradas em chumaço) em um varal ao
sol até que desidratem, ou deixando-as ao sol numa
fôrma.
Plantas frescas devem ser utilizadas no máximo em até
3 dias. As secas devem ser guardadas em potes de
vidros escuros (Ex.: frasco âmbar) ou até mesmo
pintados com spray preto.
Propriedades de algumas plantas
- A arruda é quente e noturna, possui regência
planetária de saturno, e ligação com Kalunga;
- A casca de araucária é utilizada para abertura de
caminhos (a araucária “busca” o sol, sobrepondo-se às
outras árvores);
- A mamona é utilizada tanto para Exu quanto para
Pombagira;
- A peroba rosa é usada para proteção;
- O cacto é usado para proteção (pó feito com os
espinhos de cacto);
- O caldo de cana é calmante no culto de Exu;
- O palo santo é equilibrador;
- São plantas abortivas: arruda, gengibre, canela,
buchinha-do-norte, casca de café, maconha;
- Vaso de cactos com turmalina negra é excelente
para proteção.
Tinturas
Para fins do tema em estudo, uma tintura é um extrato
alcoólico. No caso de tinturas de plantas, é uma forma
de extrair e preservar os princípios ativos das mesmas
(ervas, troncos, cascas, raízes, sementes, frutos, flores,
folhas), responsáveis pelas suas propriedades, por longos
períodos de tempo. No culto de Exu e Pombagira, as
tinturas são utilizadas para aplicação em objetos ou
locais para purificação; ou para serem utilizadas em
banho, diluídas em água.
A principal tintura de limpeza no culto é a de arruda,
capaz de consumir e repelir larvas astrais, energias
estagnadas e descargas emocionais deletérias. É usada
para limpeza/purificação do chão onde atos ritualísticos
serão realizados; de objetos ritualísticos a serem
utilizados (Ex.: velas); de animais que serão sacrificados;
assim como para abrir e fechar os pontos riscados (após
a ritualística, usar a tintura de arruda para “apagar” o
ponto riscado do chão).
A arruda fresca deve ser macerada ritualisticamente,
colocada em um vidro escuro e limpo a ser completado
com álcool 70°. Esta mistura repousará por 21 dias em
ambiente escuro, e após, será coada e novamente
armazenada em frasco escuro, estando pronta para uso e
podendo ser armazenada por até 2 anos.
Observações para outras tinturas: 1) quando se usa
plantas secas, não se faz a maceração (o restante do
procedimento é o mesmo) e o frasco dever ser agitado
todos os 21 dias; 2) tinturas com ervas frias, para serem
utilizadas em banhos, devem ser diluídas em água antes
de se aplicar na cabeça, por conta da agressividade do
álcool no chacra coronário; 3) se forem utilizadas
sementes, cascas e raízes, estas devem ser piladas antes
de ir para o álcool, e o tempo de descanso será de 28
dias, no mínimo.
ALGUMAS PLANTAS E SUA
UTILIZAÇÃO NO CULTO
DE EXU & POMBAGIRA
Alecrim (Rosmarinus officinalis) – Tem a
propriedade de fortalecer e clarear a mente,
estimular a memória e revitalizar as células
cerebrais, através da difusão de seu óleo no
ambiente.
Alfavaca / manjericão-de-folha-larga (Ocimum
basilicum) – Utilizada nos trabalhos afetivos que
envolvam sedução. Usada em banhos, óleos
mágicos e no tempero de certas oferendas. Os Reis
e Rainhas da Quimbanda sempre são agraciados
com folhas de Alfavaca.
Alpiste (Phalaris canariensis) – É considerado
quente e solar, capaz de limpar todos os canais por
onde correm as energias, promovendo mudanças
através de banhos e defumações. Utilizado em
oferendas são código para que os espíritos limpem
nossos caminhos, e ao mesmo tempo nos tragam
bons resultados. O banho de alpiste limpa, traz
vitalidade e o dom da palavra.
Amendoeira (Prunus dulcis) – Seus galhos são
usados para a limpeza do ambiente, e quando
amarrados em cruz aumentam o fluxo monetário
nos comércios. Seu óleo é base para diversos óleos
mágicos e seus frutos (amêndoas) são servidos em
oferendas. É estimulante de paixões e as folhas são
usadas em banhos e defumações para atrair as
correntes de Pombagira.
Amoreira – Amora é o nome popular dado a
diversas frutas de formato semelhante, mas
pertencentes a gêneros e famílias botânicas
diferentes. Em especial a amora-preta (Morus
nigra) é muito utilizada no culto às entidades da
Quimbanda. Possui poderes ocultos ligados aos
mortos. Tem poder de fortalecer as ligações
ancestrais e promover força aos adeptos. É usada
para delimitar território, atrair prosperidade e
quando ativadas em ataques espirituais, tomam
espaço, principalmente as amoreiras arbustivas
(que são de outros gêneros). As frutas são muito
apreciadas por Exu e Pombagira, por serem
receptáculos de energias de polaridade negativa,
que liberam ao entardecer. Um dos grandes usos
das folhas é para o sacudimento (bater as folhas no
corpo), pois sugam energias inertes.
Aridã (Tetrapleura tetraptera) – Árvore da
África central que alcança aproximadamente 30
metros de altura e produz favas com polpa carnuda
e sementes. Nos cultos africanos é uma das favas
consideradas mais sagradas, com propriedade de
combater feitiços, sendo utilizada em banhos e
integrando o assentamento de alguns orixás,
inclusive Exú. Pode ser combinada com outras
plantas sagradas, como a noz-moscada,
(Myristica fragrans), dandá-da-costa (Cyperus
sp.) orogbo (Garcinia kola), obi (Cola acuminata),
formando um pó para afastar maus fluidos, atrair
forças benfeitoras. Seu uso foi perpetuado na
Quimbanda, entrando na composição de pós com
finalidade de proteção. Tem o poder de cortar
feitiços.
Aroeira vermelha (Schinus therebenthifolius)
– É uma das plantas mais tradicionais dentro dos
cultos de origem africana. Sua folha é força pura e
além de ser usada em banhos de limpeza, seu
sumo é usado para o preparo do okutá de Exu.
Quando se sacrificam cabritos na Quimbanda,
costuma-se usar essas folhas no chão juntamente
com as folhas de mamona, como também
costuma-se dar folhas de aroeira e goiaba para os
cabritos comerem antes de serem sacrificados.
Essa prática foi herdada dos cultos africanos. Com
os galhos são feitos “bate folhas” nos adeptos e
com a casca da árvore banhos e defumações que
atraem poder ao ambiente.
Arrebenta Cavalo (Solanum aculeatissimum) –
É um mistério dentro da religião. O grande poder
dessa planta é agir nas correntes de Exu para
desarticulação de emboscadas. A Quimbanda
Brasileira entende que o uso de suas folhas gera
uma força de infiltração que pode desarticular os
planos dos inimigos. Para isso, usam-se sete folhas
dessa planta em banhos. As sementes dos frutos
podem ser secas, levadas ao fogo e trituradas para
compor um pó de Exu que é soprado na porta da
casa dos inimigos para quebrar suas proteções.
Arruda (Ruta graveolens) – Utilizada para
limpeza, descarrego e proteção. É usada em
banhos e rituais de “bate folhas” para proporcionar
limpeza de todas as energias que atacam o escudo
energético. É relacionada com o Reino da Kalunga.
É fundamental para os assentamentos de Exu, bem
como na confecção de licores e tintura. É abortiva
e pode causar hemorragia.
Azevinho (Ilex aquifolium) – Foi agregada ao
culto de Exu e Pombagira através de sincretismo.
No Livro de São Cipriano existem feitiços ligados à
fortuna e proteção envolvendo essa erva,
entretanto, a Quimbanda Brasileira usa outros tipos
de rituais para ativá-la. Suas folhas pontiagudas
são boas nos banhos de proteção e longevidade,
quando secas e trituradas formam um poderoso pó
que protege os comércios e atrai clientela. Os
frutos secos e triturados são um pó atrativo de
sorte, principalmente nos jogos de azar. As flores
brancas dessa planta são usadas em banhos e
defumações para despertar sexualidade e libido.
Bananeira (Musa paradisiaca) – Planta muito
usada nos cultos de Exu. Suas folhas são forragens
apropriadas para a entrega de oferendas, além de
fazer parte na confecção de algumas. Repleta de
poderes lunares, sua flor, popularmente conhecida
como “coração” ou “umbigo”, é muito usada em
rituais amorosos (amarrações e adoçamentos).
Dentro das práticas de magia obscura, após rito de
batismo, a bananeira pode ser um fetiche de
ataque espiritual. O pó feito das folhas da
bananeira, quando soprados nas encruzilhadas
abertas são atrativos de sorte e prosperidade.
Nossa tradição não serve os frutos (bananas) para
Exu.
Bardana (Arctium lappa) – Possui energias
conectadas à Vênus e um dos seus nomes
populares é “pega-moço”, porque suas flores
soltam uma espécie de carrapicho que gruda nas
roupas e os mesmos são usados em feitiços de
amarração. As folhas maceradas na água são
excelentes para banhos purificadores e possuem
forte energia de cura, já as raízes, após serem
secas ao sol, podem ser usadas para defumações
de limpeza de ambiente.
Beladona (Atropa belladonna) – Pelo seu amplo
uso nas práticas de bruxaria medieval, acabou
sendo inserida no culto de Exu. A natureza mágica
da Beladona está fortemente conectada com a
morte e a energia é associada ao Povo da Kalunga.
É uma planta cujo Elemental é feminino e pode
entorpecer conduzindo homens e mulheres à
loucura, principalmente através dos frutos. A
Quimbanda Brasileira adota os frutos e flores em
óleos mágicos para trabalhos de dominação
mental. As folhas, ministradas em pequenos
pedaços e em conjunto com outras folhas são
usadas em banhos revitalizantes. Nos trabalhos de
destruição, são usadas para enrolar os feitiços. As
raízes, após secas, podem compor uma defumação
que possibilita os estados de transe, mas assim
como as folhas, em pequena quantidade.
Bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima) –
Usada na antiguidade pelos Astecas, essa planta
produz brácteas de tons avermelhados que soltam
uma forte tintura vermelha considerada “sangue
vermelho vegetal” que possibilita força nos
assentamentos de Exu. Dentro da beleza dessa
planta, usada inclusive pelos cristitas em suas
comemorações, existe toxinas que podem provocar
irritações e inflamações. É uma expoente que
esconde na suposta beleza os perigos, portanto,
podem ser usadas como adorno nos pratos de Exu
e Pombagira para que os mesmos iludam os
inimigos e os façam cair em armadilhas.
Bredo-de-espinho (Amaranthus spinosus) –
Também conhecido como crista-de-galo é usada
na Quimbanda para trazer força e proteção. Suas
folhas são empregadas nos pratos servidos a Exu e
Pombagira, além de serem excelentes para os
banhos de força e poder. As raízes, após secas,
trituradas e piladas tornam-se um poderoso pó que
atrai riqueza e fartura, muito usado por comércios
e profissionais liberais. Quando apenas secas são
usadas em defumações para o mesmo fim.
Cactos (espécies da Família Cactaceae) – São
plantas espinhentas, que conseguem sobreviver
em ambientes extremamente quentes ou áridos,
por terem a capacidade de acumular água em seus
tecidos. Caracterizam-se por serem cilíndricos,
globosos, angulosos ou achatados, e possuem
variados tamanhos. Existem muitos usos mágicos
para tais plantas. Utiliza-se o caule picado em
banhos para que a energia da planta possa agir
nos adeptos que desejam endurecer seus espíritos
para enfrentar situações difíceis. Os espinhos secos
e triturados fazem um pó com qualidades de
proteção, entretanto, quando misturados com o pó
de canela formam um poderoso atrativo de boa
sorte.
Cajueiro (Anacardium occidentale) – É uma das
espécies apresentadas pelos índios Tupis ao longo
do processo de sincretismo, e é usada na
Quimbanda para ocultar as firmações de pontos.
Isso é realizado espalhando as folhas por cima dos
pontos riscados. A semente é uma iguaria servida
aos Maiorais e aos Reis e Rainhas. A casca e as
flores são usadas em banhos energéticos e podem
ser colocadas em garrafas de cachaça para
tonificar a mesma. A goma do cajueiro é um
elemento forte para feitiços de amarração.
Camapu (Physalis angulata) – É uma das
espécies apresentadas pelos índios Tupis ao longo
do processo de sincretismo. Os frutos são
extremamente apreciados pelos Exus,
principalmente por serem agridoces. A fruta é
envolta numa espécie de capa semelhante a um
balão inflado. Essa capa (espécie de palha) é usada
em banhos e defumações para promover proteção
aos adeptos.
Cambará (Lantana camara) – É uma espécie
com o poder de promover limpeza mental. O banho
com a raiz dessa planta é perfeito para quando o
adepto se sente muito indeciso e necessita de
serenidade para tomar certas decisões. Possui
fortes conexões com o Povo da Kalunga, por
possuir propriedades contra doenças ósseas e
musculares.
Cana-de-Açúcar (Saccharum spp.) – Faz parte
da História da Quimbanda no Brasil. Existem
inúmeros usos para a mesma, entretanto, a
destacamos como uma das oferendas que Exu
mais aprecia. O caldo pode ser servido dentro da
quartinha de Exu para clarear os pensamentos do
adepto e acima de tudo purificá-lo. O bagaço da
cana pode ser usado dentro dos assentamentos de
Exu para afugentar energias nocivas, e aproveitado
para a defumação das casas/templos com a
mesma finalidade. Quando misturado com canela
em pau e café torna-se um poderoso atrativo para
dinheiro.
Cansanção (Cnidoscolus sp.) – É conectada ao
elemento fogo, e seu uso na Quimbanda é
direcionado aos trabalhos de ataque espiritual.
Uma folha dessa espécie enrolada com itens
pessoais da vítima, colocada dentro do
assentamento de Exu e rezada, pode causar
enormes danos a mesma. Nos casos de extremo
ataque aos adeptos, costuma-se pilar as folhas
dessa espécie e acrescentar água de poço para se
fazer um banho.
Carqueja (Baccharis trimera) – É uma planta de
cura, muito usada pelos Exus do Reino da Mata. O
banho feito com as folhas possui propriedades
benéficas e pode ser usado sempre que o adepto
necessitar. O chá forte dessa planta pode ser
despejado em um buraco na mata com a foto dos
oponentes (inclusive sentimentais) para afastar
suas influências. Uma qualidade oculta e esotérica
da carqueja reside nas suas raízes, usadas para
diminuir a força dos oponentes. Após seca e moída
deve-se soprar na porta da casa da pessoa ou
perto de seu carro.
Carrapicho – Nome genérico de estruturas
vegetais que funcionam como unidades de
dispersão da planta (diásporos), ao grudarem nos
pelos dos animais e nas vestimentas (o que auxilia
no processo de disseminação da espécie). Diversas
espécies vegetais apresentam esse tipo de
estrutura, como o carrapicho-agulha do picão-
preto (Bidens pilosa), o capim-carrapicho
(Cenchrus echinatus), o carrapicho-de-carneiro
ou bardana (Arctium lappa), e o carrapicho-
beiço-de-boi (Desmodium adscendens). Esta
estrutura é utilizada em feitiços de amarração e
similares. O carrapicho rasteiro
(Acanthospermum australe) é usado na Quimbanda
para abrir e expandir novos caminhos. As folhas
são usadas em banhos, os caules são secos e
queimados dentro dos ambientes em que negócios
serão concretizados.
Catingueira (Caesalpinia pyramidalis) – É uma
espécie relacionada a força e proteção. Sua
madeira é forte e resistente, muito usada como
cercas e moirões. Essa característica está
fortemente associada aos Exus Porteira e
Tronqueira. Também possuem forte essência ígnea,
e, usada nas defumações protegem o ambiente
contra forças invasoras. As folhas mais velhas
possuem um odor muito forte e são usadas nos
feitiços de separação de casais e nos casos de
afastamento de pessoas indesejáveis.
Cebola Roxa (Allium cepa) – É uma espécie
muito utilizada nos cultos de Exu, principalmente
na confecção de oferendas. Utilizada também em
limpeza de ambiente e feitiços de maldição.
Existem propriedades afrodisíacas na cebola que
podem potencializar feitiços de sedução. Uma das
formas é fazer um pequeno buraco na parte
superior e cobrir de mel e rapadura e após servir à
Pombagira. Isso faz com que a vítima tenha seus
impulsos sexuais direcionados ao adepto.
Chorão (Salix babylonica) – Também é
conhecida como Salgueiro-chorão. Fortemente
conectada ao Povo da Kalunga, essa árvore é muito
comum nos cemitérios e na beira dos rios. Uma
tradição absorvida pela Quimbanda é de que os
galhos da planta foram usados como chicote para
açoitar Jesus, portanto, são usados para açoitar os
inimigos. Suas raízes são colocadas em alguidares
e deixadas dentro de lugares com energias
desarmônicas, pois possuem o poder de sorvê-las e
purificar o ambiente. As folhas do chorão integram
o pó feito para a massa de Exu, pois representam a
imortalidade.
Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia
pictada) – É uma das espécies mais usadas na
Quimbanda. Suas folhas possuem alto grau de
toxidade, entretanto, o banho e a defumação feitos
com as mesmas são muito potentes contra
energias nocivas oriundas de ataques voluntários e
involuntários. Usada nos comércios como
protetora, também atrai clientes. Uma coisa muito
importante é diferenciar as folhas “macho” (usadas
para Exu) e as folhas “fêmea” (usadas para
Pombagira). A “macho” tem manchas
esbranquiçadas e a “fêmea” não as possui, além
de ser de uma tonalidade mais clara. As folhas
“macho” são mais usadas nos trabalhos de limpeza
e abertura de caminhos e as “fêmeas” nos feitiços
sentimentais. Um feitiço poderoso para calar os
inimigos é feito com uma língua de boi e sete
folhas dessa planta.
Dinheiro-em-penca (Callisia repens) – É uma
espécie com fortes conexões com os Povos da Lira,
em especial o Povo Cigano. Como o próprio nome
expressa, é uma planta atrativa de lucros
monetários e suas folhas podem ser usadas em
banhos e defumações. O sumo dessa planta
acrescido de cachaça e espumante pode ser jogado
na frente do comércio para atrair clientes. Também
pode decorar os pratos de Exu e Pombagira quando
os pedidos forem relacionados à dinheiro.
Erva-de-bicho (Polygonum hydropiperoides) –
É uma das espécies de plantas quentes. Seu uso é
relacionado com a queima de energias nocivas
através de banhos e defumações.
Erva-de-lobo (Aconitum lycoctonum) – É uma
espécie incorporada aos cultos de Exu através da
troca de conhecimentos e experiências entre
grandes feiticeiros. Possui estreita ligação com
aspectos licantropos, podendo banir ou estimular
essas manifestações. O uso na Quimbanda
restringe-se apenas às defumações de suas folhas
e flores secas em determinados trabalhos que
necessitem dessa força de ataque letal. A tintura
dessa planta possui uma forte descarga venenosa
e pode paralisar suas vítimas. Portanto, pode-se
ungir a ponta dos lanceiros de Exu com tal
substância.
Figo-do-diabo (Opuntia ficus-indica) –
Pertencente à família Cactaceae, é considerado um
cacto com algumas propriedades diferentes.
Conhecido como figueira-da-índia, produz frutos
com espinhos, entretanto, muito suculentos e
doces. Tais frutos são uma poderosa iguaria servida
aos Exus como fonte de energia para atrair
prosperidade.
Figueira (Ficus spp.) – É uma das grandes
árvores de Exu. A figueira cujo fruto é comestível é
chamada de Ficus carica, entretanto, existem mais
de 700 espécies. É um grupo de espécies
consideradas sagradas por diversas religiões como
ponto de iluminação. Na Quimbanda a Figueira é
uma espécie de Cruzeiro das Almas e essa tradição
teve como origem os índios brasileiros que
alegavam que seus mortos habitavam embaixo
dessa árvore. Devido aos inúmeros sincretismos,
principalmente os promovidos pelas passagens
bíblicas, a figueira tornou-se uma morada para os
diabos e inclusive existem pontos cantados que
alegam que se balançarmos a Figueira, Exu vai cair.
As folhas da figueira são perfeitas para ocultar
feitiços e nos banhos promovem uma força de
proteção muito intensa. Os frutos são iguarias de
Exu, pois se assemelham à bolsa escrotal repleta
de espermatozoides. Banhos com figos ativam
libido e podem ajudar homens impotentes. A
madeira dessa árvore, quando queimada
naturalmente evoca a força das antigas feiticeiras
medievais.
Folha-da-fortuna (Bryophyllum calycinum) – É
uma espécie conhecida como folha-da-costa,
trazida pelos escravos africanos. É utilizada no
culto de Exu quando o adepto está sendo atacado
por correntes ígneas de oponentes carnais ou
espirituais. Podem ser servidas nos pratos de Exu
como forma de equilibrar as energias e promover o
crescimento em amplos aspectos.
Folha-do-fogo (Clidemia hirta) – É uma planta
que tem forte conexão com o culto ao Òrisá Sàngo.
Entretanto, o sincretismo a trouxe para dentro do
culto de Exu, principalmente por ser uma planta
com fortes poderes ígneos. Usada em banhos,
defumações e nos assentamentos de Exu e
Pombagira do Povo do Fogo ou do Forno.
Fumo / Tabaco (Nicotiana tabacum) – É uma
espécie de folha de poder. Originalmente usada
nos rituais indígenas, possui diversas funções
dentro do culto de Exu. A folha verde serve para
banhos de limpeza e purificação, já quando seca, é
usada nas práticas em que se evocam espíritos
através da fumaça, bem como despertam suas
forças ígneas. Quando as folhas secas são usadas
em defumação, estimulam energias de renovação
que propiciam novos rumos e novos começos.
Garra-de-Exu (Martynia annua) – É uma espécie
que produz uma fava (semente) importante para o
culto de Exu. Essa semente, conhecida como
garra-de-Exu ou garra-de-Pombagira é um dos
elementos usados dentro dos assentamentos para
gerar força e proteção. Entretanto, a raiz dessa
espécie é um forte agente usado contra ataques do
Povo das Cobras na forma de banhos e
defumações.
Garra-do-diabo (Harpagophytum
procumbens) – É uma espécie com fortes
conexões com os Povos da Kalunga, principalmente
pelo fato de conter em sua essência alívio para as
dores dos ossos. Os banhos feitos com as raízes
dessa planta são muito eficientes para afastar
espíritos de baixa vibração dos escudos
energéticos. As folhas são uma excelente forragem
para os pratos servidos aos Exus e Pombagiras dos
reinos da Kalunga e do Cruzeiro.
Guiné (Petiveria alliacea) – É uma das espécies
com propriedades tóxicas usada na Quimbanda. As
folhas são usadas em banhos de descarrego para
reforçar a ação dos escudos energéticos,
defumações para purificar ambientes e em ritos de
“bate folha”. As raízes secas se tornam um
poderoso pó de ataque espiritual.
Hortelã (Mentha spicata) – Através da difusão
de seu óleo no ambiente, ajuda aumentar a
irrigação sanguínea no cérebro, melhorando a
concentração e memorização.
Hortelã-pimenta (Mentha piperita) – É muito
usada pelos adeptos da Quimbanda Brasileira em
banhos para concentração, pois a ação esotérica
dessa espécie é extremamente equilibradora. O
chá proporciona calma e serenidade e estimula o
raciocínio.
Jaqueira (Artocarpus heterophyllus) – É
considerada uma árvore sagrada. Suas folhas
fazem parte do composto de folhas que assentam
Exu e o banho delas é indicado para atrair
correntes positivas ligadas à Justiça. Segundo
nosso entendimento, as folhas da Jaqueira
possuem fortes conexões com o Exu Marabô. Os
frutos dessa árvore são grandes e possuem
sementes (castanhas) que podem ser torradas e
oferecidas a Exu para abrir caminhos.
Jequiriti (Abrus precatorius) – É uma das
espécies mais venenosas do mundo. Suas
sementes contêm substâncias que provocam a
coagulação do sangue, entretanto, são muito
poderosas na confecção dos fios de Exu e
Pombagira. Conhecidas popularmente como olho-
de-cabra, também são usadas dentro dos
assentamentos de Exu como elemento de proteção
e fonte de feitiçaria mortal. Seu pó é usado em
ataques espirituais e suas raízes são usadas em
defumações para trazer boa sorte aos ambientes.
Seu pó quando polvilhado sobre um feitiço causa
cegueira espiritual, ocultando o intento para evitar
contra-ataques espirituais.
Junquinho (Cyperus difformis) – É uma espécie
pouco usada pelos praticantes da Quimbanda, pois
a grande maioria desconhece suas propriedades.
Junquinho é considerado uma praga, pois cresce
insistentemente em solos úmidos e invade os
espaços gramados. Suas folhas são excelentes
fontes energéticas que capacitam os adeptos se
reerguerem sob quaisquer circunstâncias. Nos
banhos confere força para sobreviver às piores
situações e, no âmbito esotérico, renova a fé
através das poderosas raízes.
Lágrima-de-nossa-senhora (Coix lacryma-jobi)
– É uma semente morna, usada para atrair
proteção, boa sorte, e ao mesmo tempo
descarregar energias nocivas. A semente quebrada
e fervida é usada em banhos de descarrego, e a
palha da planta (capiá) pode ser usada em banhos
e defumações.
Lanterna chinesa (Abutilon striatum) – Arbusto
que apresenta os ramos recurvados para baixo,
como se estes fossem pesados. As flores de
tonalidade alaranjada apresentam recortes, são
muito delicadas e bonitas, sustentadas por um
pedúnculo também pendente. É utilizada para
enfeitar os assentamentos para as Pombagiras.
Losna (Artemisia absinthiun) – Usada em
banhos de descarrego, limpeza e cura.
Mamona (Ricinus communis) – A mamona é
muito utilizada no culto de Exu e Pombagira, no
qual é conectada ao elemento fogo (é venenosa e
seus frutos possuem espinhos). Suas folhas são
usadas para forrar o local onde serão colocadas as
oferendas, assim como o chão onde será realizado
corte para Exu e Pombagira. Suas folhas são
usadas em banhos, ritos de “bate folha” e
defumações, as sementes são usadas em patuás
de Exu, como elemento nas oferendas e, quando
piladas, o sumo (óleo de rícino) é usado para
fortalecer e purificar o okutá dos assentamentos. A
mamona roxa é mais adequada para o culto,
entretanto, é difícil de se encontrar em áreas
urbanas. Tem alto potencial alergênico: suas
sementes são extremamente tóxicas e sua
ingestão pode causar a morte.
Mandioca (Manihot esculenta) – É uma espécie
fundamental no Culto de Exu e Pombagira. A
principal parte usada é a raiz, que produz uma
farinha considerada sangue branco e é a base de
todos os pratos de Exu e Pombagira. O poder
energético é imenso ao ponto de ser usada para
abertura dos Pontos Riscados. Além de ser usada
na forma de farinha, pode ser empregada na forma
natural. Após ser cozida é feito um purê que é a
base para se modelar formas como falos, tridentes,
partes do corpo e símbolos mágicos.
Mangueira (Mangifera indica) – Suas folhas
possuem a propriedade de descarregar energias
prejudiciais tanto do corpo do adepto quanto do
local, por isso são espalhadas pelo chão do templo
para que captem vibrações nocivas e promovam o
fortalecimento das energias telúricas. As folhas
possuem muito ferro as usadas devem estar
inteiras e sem manchas. Os galhos são usados em
ritos de “bate folhas” e as frutas, além de serem
servidas nas oferendas, são usadas nos feitiços de
adoçamento sentimental.
Mirra (Commiphora spp.) – Utilizada em
incensos e defumações para limpeza, descarrego,
proteção e afastar espíritos indesejados. Excelente
para meditação por estimular a intuição.
Obì (Cola acuminata) – Originário da África e
também chamado de noz-de-cola. A grande
maioria de atos feitos dentro dos cultos africanos é
confirmada através do obì, usado para a
comunicação com a ancestralidade. Obì também é
conhecido pela sua alta concentração de cafeína.
Existem diferentes tipos, que variam conforme a
cor e o número de gomos em que se divide:

- Obì àbátá funfun – obì de 4 partes com coloração


branca/clara. Não é simples encontra-lo.
- Obì àbátá pupá – obì vermelho (varia do rosa
claro até o vermelho escuro). Este é o principal obì
e o mais utilizado nos cultos africanos.
- Obì étà pupá (de três partes) – Não é possível
realizar consulta com este obì, no entanto ele é bem
aceito por Èṣù como oferenda.
- Obì Gbànja – obì de coloração avermelhada (varia
do rosa claro até o vermelho escuro), possuindo
apenas duas partes. Não se realiza consulta com esse
obì.

Olho-de-boi (Dioclea violacea) – É a semente de


uma planta trepadeira lenhosa, originária de
regiões da Guiana e Brasil, bem presente no
cerrado e na caatinga. A planta, considerada
ornamental, é um cipó e libera vagens recheadas
de castanhas amarronzadas grandes, que são
conhecidas como olho-de-boi ou mucunã,
conforme a região do Brasil. Esta semente além de
possuir propriedades fitoterápicas, é utilizada em
religiões e cultos de matriz africana, pelas
propriedades de dissipar energias nocivas,
especialmente de inveja e mau-olhado. O povo
Tupi-Guarani considera-o como olho-de-veado e
entende que ele amplia a visão espiritual. Um uso
muito popular é como alarme preventivo em casa,
dentro de um copo com água, considerando que: 1)
caso a água se torne escura ou lodosa, existem
pessoas vibrando nocivamente contra nós; 2) caso
a semente rache/estoure, é sinal de que atos
magísticos foram direcionados com intuito de
destruição; 3) caso a semente murche, é sinal de
que forças vampíricas estão atuando contra nós.
Também é utilizado em oferendas, na confecção de
colares e de pós.
Olho-de-cabra – Ver Jequiriti (Abrus
precatorius).
Olho-de-gato (Caesalpinia bonducella) – É
usada pelos adeptos da Quimbanda Brasileira
quando desejam ter percepções aguçadas acerca
de determinados assuntos, pois sua energia retira
os componentes fantasiosos e paranoicos do
pensamento. Também fortalece a fé e a força de
combate interno, proporcionando independência e
autonomia. Essa força se adquire através dos
banhos com as folhas e nas defumações.
Orobô (Carcinia kola) – semente africana que é
representante vegetal do sexo masculino, e tido
como um fruto quente. Em algumas tradições é
usado em consultas oraculares juntamente com
seu contraponto, o obì (fruto frio e feminino),
formando assim um par. Sua utilização promove
agitação, movimento, prosperidade e sorte.
Pau-d’alho (Gallesia integrifolia) – É uma
espécie muito procurada para a realização de
banhos fortes. Conectada com o Reino da
Encruzilhada, sua essência é usada para destruir
todas as energias inertes e dar movimento para a
vida. Seus galhos são usados em sacudimentos.
Perpétua (Gomphrena globosa) – É usada no
culto de Exu para atrair poderes de comunicação e,
como Exu é voz, acaba sendo uma planta muito
apropriada. Para isso, são usadas as flores em
banhos. Os banhos com as raízes dessa planta são
feitos para atrair saúde e longevidade. Essa planta
acabou estabelecendo fortes conexões com os
cemitérios onde são usadas para adornar túmulos
(a flor dificilmente murcha). Por esse motivo,
costuma-se adornar os pratos de Exus e
Pombagiras da Kalunga com tais flores.
Picão-preto (Bidens pilosa) – É uma espécie
usada para restabelecer a força do escudo
energético. Todas as partes dessa planta são
funcionais em banhos, entretanto, a flor pode ser
usada em feitiços de adoçamento sentimental para
restabelecer harmonia no relacionamento.
Picão-roxo (Ageratum conyzoides) – Também
conhecida como catinga-de-bode é uma espécie
usada em banhos de limpeza contra vampirismo
energético e promove uma forte proteção no
escudo energético. A defumação com essa planta
também promove energia e equilíbrio.
Pimenta-da-costa (Aframomum melegueta) –
Conhecida também como atarê, essa pimenta é
muito usada nos cultos de Exu, praticamente em
todos os rituais. Atarê é uma fava que possui
aproximadamente uns 50 grãos. A Quimbanda
costuma usar os grãos como forma de purificar o
hálito para rezar (invocar e evocar Exu),
sacralizando as palavras e tornando o som ígneo.
Dentro dos assentamentos simboliza riqueza e
fartura como também atraem correntes
afrodisíacas.
Pimenta-do-reino (Piper nigrum) – É uma
espécie que a maioria dos seguidores das religiões
afro-brasileiras não conecta às práticas de Exu,
entretanto, está muito relacionada com confusões,
atritos e separações. Pimenta do reino turva os
sentidos dos inimigos e abre espaço para a entrada
de diversas forças destruidoras em seus convívios.
Pimenta malagueta (Capsicum frutescens) – É
uma espécie nativa Brasileira que se faz muito
presente nos cultos de Exu. Desde a culinária, onde
a pimenta malagueta é usada no preparo do padê
de Exu, à prática de diversos feitiços. As folhas
dessa espécie são muito boas nos banhos de
limpeza proporcionando energia ígnea no escudo
do adepto.
Quaresmeira (Tibouchina granulosa) – Possui
amplo uso para gerar o equilíbrio, sendo usada em
banhos e defumações, para proporcionar condições
harmônicas. Não pode ser usada nos casos em que
o elemento ígneo esteja sendo invocado ou
evocado.
Salsa (Petroselinum crispum) – É uma espécie
muito conectada com a morte e os cultos fúnebres
desde a antiguidade. Carregada de simbolismos
que vieram para o Brasil através dos europeus. A
Quimbanda trabalha com a raiz dessa planta na
forma de óleo para ungir velas e instrumentos
ritualísticos nos trabalhos com forças ctônicas.
Com suas folhas se faz um banho para lavar a
cabeça dos adeptos após obrigações.
Tiririca (Cyperus rotundus) – É uma espécie
considerada daninha nas plantações, entretanto,
para os adeptos da Quimbanda é uma planta muito
poderosa em diversos aspectos. As folhas não são
usadas, entretanto, a raiz (similar a um pequeno
tubérculo) possui propriedades extremamente
regenerativas e tem grande poder de fazer com
que algo se espalhe crescendo rapidamente, ou
seja, ela produz um incrível efeito de crescimento.
Conjuntamente com outras ervas, age como forte
potencializadora. Conhecida entre os adeptos como
dandá-da-costa, entre os usos se destacam a
desodorização do hálito para que as palavras
recebam energia sagrada e o pó que, junto com a
pimenta do reino estimula as pessoas
desagradáveis se mudarem de perto dos templos e
da casa dos adeptos.
Unha-de-gato (Uncaria tomentosa) – Tem
fortes conexões com as batalhas e enfrentamentos.
Seus galhos possuem espinhos e não são
apropriados para o “bate folha”, entretanto, secos
e transformados em pó são soprados no corpo dos
adeptos para dar força e coragem. Essa espécie
possui elementos ocultos que, quando despertos,
transformam os espinhos em dardos repletos de
ódio usados nos trabalhos de destruição.
Urtiga (Urtica dioica) – Possui enzimas ricas em
ácido fórmico que produzem queimaduras. Repleta
de poderes ígneos, essa espécie é muito usada nos
cultos de Exu, sendo uma das principais folhas nos
assentamentos. Existe a urtiga branca e a
vermelha, sendo ambas conectadas ao culto. O
banho com as folhas é feito para proteção e
recuperação de doenças físicas e espirituais. Após
seca e transformada em pó, tem por finalidade a
proteção e o fortalecimento do escudo energético.
Quando manipuladas para o ataque, produzem nas
vítimas fortes dores de cabeça e feridas pelo corpo
e, para a defesa, tem poderes de devolver
maldições e encantamentos.
GLOSSÁRIO
Arbustos – Se parecem em muito com as árvores,
mas ramificam desde junto ao solo. Possuem
caules lenhosos. A principal diferença está na sua
altura: os maiores arbustos alcançam cerca de 6 m
de altura, enquanto árvores podem ultrapassar os
100 m.

Árvores – São plantas lenhosas de grande porte,


podendo ultrapassar os 100 m de altura. Possuem
um caule principal (tronco) com casca e
geralmente grosso que ramifica na parte superior
formando uma copa. Suas raízes podem ser muito
profundas ou superficiais.

Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo


subterrâneo, em mitologia são designados
ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos
(termo de origem latina.

Elementais – São entidades espirituais


relacionadas com os elementos da natureza (Fogo,
Terra, Água e Ar).

Elementos – Para os gregos, inicialmente os


elementos eram 4 (Empédocles): Terra, Fogo, Ar e
Água. Posteriormente, Aristóteles incluiu um 5º: o
Éter. Para os indianos também eram 5: Éter, Fogo,
Terra, Ar e Água. Para os chineses também eram 5,
mas com variações: Terra, Água, Fogo, Madeira e
Metal. As tradições esotéricas ocidentais (Europa)
consideram os 4 elementos (Terra, Água, Ar e Fogo)
que segundo a Alquimia produzem todos os
estados da matéria (sólido, líquido e gasoso). Os
símbolos alquímicos destes elementos são:

- Fogo: ☐
- Ar: ☐ ​
- Água: ☐
- Terra: ☐
Herbáceas – São plantas de pequeno porte cujos
caules são flexíveis, ou seja, não são lenhosos
como os caules dos arbustos e das árvores, nem
apresentam casca. Possuem ciclo de vida curto
(um ou poucos anos). Ex: grama, onze-horas,
milho, lírios-do-campo.

Ígneo – Relativo ao fogo, ou que é feito de fogo.


Lenhosa – É a designação dada às plantas que são
capazes de produzir madeira como tecido de
suporte dos seus caules, que são tipicamente
recobertos por uma camada espessa de casca.

Quizila (kizila, kijila) – Restrição, proibição, tabu,


interdito, regra de conduta. Termo banto
equivalente ao termo iorubá “ewó”. Na Quimbanda
existem preceitos que devem ser seguidos para
uma boa relação espiritual com as entidades,
assim como também existem quizilas que são
particulares de uma Legião ou Mestre específico.
Por extensão, refere-se às consequências e
desequilíbrios energéticos decorrentes das quebras
dos interditos.

Suculentas – São aquelas plantas que possuem as


folhas, as raízes ou o talo espessados para permitir
o armazenamento de água em quantidades muito
maiores que nas plantas normais, o que lhes
permite manter reservas do líquido durante
períodos prolongados, e sobreviver em ambientes
áridos e secos que para as outras plantas seriam
inabitáveis. Ex.: cacto, babosa, crassuláceas.

Telúrico – Relativo à terra ou ao solo.


APÊNDICE 1: ALGUMAS
OBSERVAÇÕES SOBRE A
NOMENCLATURA
BOTÂNICA
Para fins de entendimento deste tema, é útil
conhecer as categorias taxonômicas (táxons) de
família, gênero e espécie: uma espécie pertence
a um gênero que pertence a uma família.

O nome de uma espécie é sempre formado por


duas palavras em latim (algumas vezes três
palavras, no caso de subespécie), a primeira com
letra maiúscula e a segunda com letra
minúscula, e grafado em itálico (e no latim não
existem acentos). Ex.: Ruta graveolens (a arruda).

A notação “sp.” indica que naquele gênero existe


mais de uma espécie, mas não sabemos de qual
específica estamos falando. Ex.:

- Artemisia sp. = uma das várias espécies do gênero


Artemisia, porém sem especificar qual.
A notação “spp.” indica que naquele gênero
existem várias espécies, e estamos nos referindo a
todas, de forma genérica. Ex.:

- Commiphora erythraea = Mirra doce


- Commiphora mukul = Mirra indiana
- Commiphora myrrha = Mirra da Etiópia / Mirra da
Somália
Então, caso queiramos generalizar todas as espécies
de mirra, grafamos assim:
- Commiphora spp.
É preciso muita cautela ao se buscar uma
determinada planta apenas por seu nome popular,
pois este varia conforme regiões. Ex.:

- Mimosa pudica possui os nomes vulgares:


dormideira, sensitiva, malícia-de-mulher, maria-
fecha-porta, juquiri, dorme-dorme, arranha-gato, não-
me-toque, erva-viva;
- Lantana cambara possui os nomes vulgares: mal-
me-quer, flor-da-sorte, destino;
- Bidens pilosa possui os nomes vulgares: picão-
preto, pico-pico, fura-capa, piolho-de-padre, cuambu;
- A abóbora é assim denominada no Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, e denominada jerimum no Norte;
- No Nordeste, o inhame (também chamado de
cará) se refere ao Dioscorea cayanensis de origem
africana. Já o que no Sudeste é chamado de inhame,
ficou definido como taro (Colocasia esculenta), de
origem indiana e malasiana. Esta nomenclatura ficou
padronizada em 2002 pela Associação Brasileira de
Horticultura (ABH).
Existem muitas plantas com usos tradicionais e/ou
ritualísticos na África que por não terem se
adaptado no Brasil, tiveram seu uso substituído por
outra espécie do mesmo gênero, ou mesmo de
outra família. Ex.:
- A árvore irôco (Milicia excelsa, Família Moraceae)
aqui no Brasil é referida como a gameleira-branca
(Ficus gomelleira, Família Moraceae);
- A pimenta-africana (Xylopia aethiopica, Família
Annonaceae) teve seu uso aqui substituído pela
pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica, Família
Annonaceae);
- Tradicionalmente, na África, o acaçá e o ekó (o
acaçá quando desembrulhado) são embrulhados na
folha de eran (Thaumatococcus daniellii), da
Família Marantaceae. Esta planta não foi trazida para
o Brasil (ou não se adaptou) e aqui se utiliza folhas
de bananeira (Musa paradisiaca) para embrulhar o
acaçá. Neste caso, até as famílias são diferentes, e a
lógica é terem propriedades similares: ambas são
folhas com textura similar que quando passadas no
fogo se tornam maleáveis;
- O chamado coité (cuia feita com uma banda de
casca seca de coco) é uma adaptação local, pois
existe uma árvore chamada popularmente de coité
(Crescentia cujete), cujas cascas dos frutos
(cabaças) são utilizadas como cuias (o verdadeiro
coité);
- A banha-de-ori é obtida das sementes da árvore
karité (Butyrospermum parkii), originária da
África. Por aqui é muito comum que uma mistura de
manteiga de cacau (Theobroma cacao) com sebo
de carneiro seja comercializada como sendo banha-
de-ori;
- O wáji (índigo) é um pó azul extraído da
fermentação de folhas da árvore Lonchocarpus
cyanescens. No Brasil é comum ser substituído pelo
anil, obtido da árvore Indigofera suffruticosa. Ou
seja: anil é comercializado como wáji;
- O osùn é um pó vermelho extraído da árvore
Baphia nitida. No Brasil é comum sua substituição
pelo urucum (Bixa orellana). Ou seja: urucum é
comercializado como osùn.
APÊNDICE 2: OS TIPOS DE
SANGUE

A
s religiões de matriz africana herdaram o legado
sobre os tipos de sangue, representação da vida,
conforme a cosmogonia e mitologia dos cultos
tradicionais da África.
São considerados 3 reinos (mineral, vegetal e animal),
e cada reino possui as 3 qualidades de sangue:
vermelho, branco e negro.

Sangue Vermelho (èjé pupá)


Reino Minérios e minerais vermelhos (ou que quando
Mineral transformados em pó ficam vermelhos, como a hematita).
Ex.: cobre, bronze, estanho, latão, argila vermelha.
Reino Epò púpà (azeite de dendê), osùn (pó vermelho extraído
Vegetal
da árvore Baphia nitida), mel.
Reino Sangue vermelho de animais. Plumas, crinas e peles
Animal
que sejam vermelhos.
Sangue Branco (èjè funfun)
Reino Efún (pó de calcário), água, caulim, argila branca.
Mineral
Reino Sumo de plantas leitosas, ìyèrosùn (pó amarelado
Vegetal
resultante da ação de cupins na arvore ìròsùn (Eucleptes
franciscana), manteigas vegetais (banha de ori), qualquer
destilado que seja branco ou incolor (Ex.: emu / vinho de
palma).
Reino Saliva, sêmen, hálito, muco produzido pelo igbin
Animal (caramujo africano), clara de ovo, sebo de carneiro,
plumas, crinas e peles que sejam brancas ou albinas.
Sangue Negro (èjé dúdú)
Reino Ferro, carvão mineral, petróleo.
Mineral
Reino Seiva das plantas, carvão vegetal, wáji ou uáji (é o
Vegetal
índigo, pó extraído da fermentação de folhas da árvore
Lonchocarpus cyanescens).
Reino Cinzas de animais. Plumas, crinas e peles que sejam
Animal negras.

Obs.:
1) O sistema iorubá considera 5 cores: branco, preto,
vermelho, amarelo e incolor. O azul e o verde são
variações do preto. Laranja, abóbora, marrom,
castanho e coral são variações do vermelho;
2) O incolor é a noção do nada (destruição,
aniquilação). Os iorubas temiam o branco justamente
por ser a cor que mais se aproxima do incolor
(transparente), que carrega a noção da aniquilação
total [35];
3) Nem sempre a cor considerada é “o que se vê”. Ex.:
- O sal, apesar de branco, é considerado um
elemento negro, pois resulta do processo de
lixiviação das rochas, sendo fortemente ligado aos
orixás da terra. Como tal, é um elemento proibido
para os orixás funfuns (brancos);
- Quando se está em uma mata fechada à noite, sem
qualquer iluminação, o que se vê? Preto. É nessa
lógica que o verde é considerado variação do preto,
e por isso não cabe falar em “sangue verde” em
relação aos vegetais, nesse sistema;
4) O sangue vermelho animal é o que teve seu uso
mais difundido, por ser o mais fácil de ser manipulado.
A utilização do sangue negro vegetal com
propriedade envolve uma complexidade muito maior
de conhecimentos (botânico, farmacológico, religioso,
etc.);
5) Esse tema encontra-se nos trabalhos de
pesquisadores como Pierre Verger, Roger Bastide, Juana
Elbein dos Santos, Reginaldo Prandi; entretanto, seu
aprofundamento não permeia a bibliografia comum,
ocorrendo geralmente em complementos específicos,
como:
- “Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns: na Bahia
de Todos os Santos, no Brasil, e na Antiga Costa dos
Escravos, na África” de Verger, que complementa o
seu livro “Orixás”;
- O relatório nunca publicado decorrente do trabalho
de campo de Verger e Juana Elbein, na África em
1968;
- A tese de doutorado de Juana Elbein em etnologia
na Universidade de Sorbonne em 1972: “Os Nàgô e a
Morte: Pàde, Àsèsè e o Culto Égun na Bahia”.
ANEXO 1: ATLAS
BOTÂNICO
ANEXO 2: PLANTAS E
SUAS RELAÇÕES
ELEMENTAIS

Elemento Apresenta alguma(s) da(s) Exemplos


característica(s)
Plantas do Perfume penetrante
Frutos picantes
Fogo ☐
Cores avermelhadas como
indicativo
Galhos e frutos espinhosos Arruda
Folhas pontiagudas Pimenta
Sumo venenoso
Tóxicas ou alucinantes
Impróprias para consumo

Plantas do Ar ☐ Perfume desagradável


Frutos azedos
Tons azulados Flor-mil-
Folhas finas e sensíveis homens
Espécies geralmente altas

Plantas da Aroma ausente ou leve


(mesmo queimadas)
Água ☐ Frutos com acidez moderada Laranja-
O verde predomina nas lima
folhas

Plantas da Flores de perfume suave


Frutos açucarados
Terra ☐ Morango
Folhas geralmente onduladas
Presença de tons amarelos
Baseado em: “As Plantas Mágicas – Botânica Oculta” (Paracelso)
ANEXO 3:
ORGANOGRAFIA
BOTÂNICA E
CORRESPONDÊNCIA
PLANETÁRIA

As folhas e o caule indicam o planeta que domina


as plantas
Parte da planta Correspondência planetária
Raiz Saturno
Semente & casca Mercúrio
Lenho, tronco forte Marte
Folhas Lua
Flores Vênus
Fruto Júpiter
Baseado em: “As Plantas Mágicas – Botânica Oculta” (Paracelso)
ANEXO 4:PLANTAS E
SUAS REGENCIAS
PLANETÁRIAS [36]

As informações botânicas deste apêndice são baseadas


nas obras de Paracelso, Culpeper e Manfred Junius.
Paracelso, pseudônimo de Philippus Aureolus
Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (Suíça,
17/12/1493 — Áustria, 24/09/1541) – Médico,
alquimista, teólogo leigo e filósofo da Renascença
alemã. Foi pioneiro em vários aspectos da
"revolução médica" do Renascimento, e é
considerado o fundador da Toxicologia.

Nicholas Culpeper (Reino Unido, 18/10/1616 —


10/01/1654) – Botânico herbalista [37], médico e
astrólogo inglês. Os seus livros publicados, “The
English Physitian” (1652) e “Complete Herbal”
(1653), contêm um amplo repositório dos
conhecimentos farmacêuticos e sobre ervas
medicinais da época.

Manfred M. Junius (Alemanha, 23/11/1929 –


Austrália, 07/03/2004) – Médico, musicista,
pintor, compositor, e professor de Ayurveda.
Tinha interesse pela Alquimia, praticou espagiria
[38]
laboratorial e colaborou com médicos,
fitoterapeutas e institutos de pesquisa na área,
tendo sido gerente de produção de
medicamentos espagíricos no Australerba (Herbal
Products & Spagyric Laboratories / Austrália).

As horas planetárias são calculadas de acordo com o


movimento aparente do sol. Existe o arco diurno (do
nascer ao pôr-do-sol) e o arco noturno (do pôr-do-sol ao
nascer). Assim, são divididas em 12 horas diurnas e 12
noturnas perfazendo as 24.
A regência das horas segue um padrão fixo, uma
sequência planetária:
Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.
Esta sequência planetária é chamada de Ordem dos
Caldeus, ou Caldaica, pois surgiu na antiga Babilônia, e
se refere a ordem dos 7 planetas tradicionais, partindo
do mais lento ao mais rápido. Na Astrologia, os luminares
(sol e lua) são considerados planetas, pela característica
aparente de astros errantes (na perspectiva da Terra).
A primeira hora de cada dia é regida pelo planeta
regente principal. Por isso, a primeira hora do domingo é
regida pelo Sol, a primeira hora da segunda feira pela
Lua, e assim por diante, seguindo essa sequência.
Dentro desta sequência maior dos dias, encontramos a
ordem das horas planetárias.
Para calcular a sequência de planetas para as horas de
domingo, por exemplo, basta seguir a sequência
caldaica.
Assim, as 12 horas diurnas de domingo são: 1ª – Sol, 2ª –
Vênus, 3ª – Mercúrio, 4ª – Lua, 5ª – Saturno, 6ª – Júpiter,
7ª – Marte (a partir daqui repete-se a sequência) 8ª – Sol,
9ª – Vênus, 10ª – Mercúrio, 11ª – Lua e 12ª – Saturno.
Continuando a sequência obtemos as 12 horas noturnas.
Essa sequência prossegue de forma ininterrupta
originando a primeira hora de cada dia como a maior
influência que rege aquele dia todo.
A regência planetária também considera os dias da
semana:
Domingo Sol
Segunda-feira Lua
Terça-feira Marte
Quarta-feira Mercúrio
Quinta-feira Júpiter
Sexta-feira Vênus
Sábado Saturno
Plantas Regidas pelo Sol

O Sol é: quente / forte / seco / fogo / inflamatório /


elétrico / positivo / masculino / diurno / construtivo
/ expansivo / tônico / ação / eruptivo / febril /
cinético / sanguíneo.
Metal: ouro
Açafrão do prado Colchicum autumnale
Amendoeira Amygdalus communis
Alecrim Rosmarinus officinalis
Angélica silvestre Angelica sylvestris
Arruda Ruta graveolens
Calêndula Calendula officinalis
Camomila Matricaria camomila
Camomila romana Chamaemelum nobile
Centáurea menor Erythraea centaurium
Erva de São João Hypericum perforatum
Eufrásia Euphrasia officinalis
Flor da paixão Passiflora incarnata
Freixo Fraxinus excelsior
Girassol Helianthus annuus
Hortelã pimenta Mentha piperita
Laranja azeda (ou amarga) Citrus aurantium
Limão Citrus limonum
Louro Lauro nobilis
Mostrada branca Sinapis alba
Mostarda negra Sinapis nigra
Nogueira comum Juglans regia
Oliveira Olea europaea
Potentilla Potentilla tormentilla
Quelidónia-maior Chelidonium majus
Viperina Echium vulgare
Visco Viscum album
Videira Vitis vinifica
Zimbro Juniperus communis
Como aplicar essas informações?
Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta solar, ela
deve ser plantada, colhida e/ou ter a operação iniciada
preferencialmente em um domingo (dia regido pelo
sol). E, se possível, nos horários do sol. Desta
maneira aproveita-se melhor a impregnação astral e se
obtém um resultado mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas pela Lua

A Lua pode ser: feminina / negativa / magnética /


fria / úmida / fértil / mutável / inconstante / linfática
/ plástica / romântica / vagante / passiva / noturna /
atraente / apática / assimilativa / atônica /
cristalizante / diluente / sonhadora / fermentativa /
imaginativa / instintiva / letárgica / pacífica /
fleumática / reflexiva / rítmica / sedativa /
visionária / metamórfica / integrativa / periódica /
fluídica / purificante.
Metal: Prata.
Abobrinha Cucurbita pepo
Acanto Acanthus mollis
Aegean Wallflower / goiveiro Cheiranthus cheiri
Agrião Nasturtium officinale
Agrião dos prados Cardamine pratensis
Alface Lactuca sativa
Alfeneiro Ligustrum vulgare
Amor do Hortelão Galium aparine
Buquê de ouro Lysimachia vulgaris
Erva estrela Stellaria media
Lentilha d’água Lemna sp.
Língua de serpente Ophioglossum spp.
Lírio Lilium candidum
Lunária Botrychium lunaria
Madressilva Lonicera caprifolium
Madressilva das boticas Lonicera periclymenum
Margarida Bellis perennis
Medalha Lunaria annua
Mercurial Mercurialis annua
Onze horas Portulaca oleracea
Orelha de rato Hieracium pilosella
Papoula Papaver somniferum
Pepino Cucumis sativus
Quebra pedra Saxifraga sp.
Repolho Brassicae sp.
Sândalo branco Santalum album
Vulvária Chenopodium vulvaria

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta lunar, ela
deve ser plantada, colhida e/ou ter a operação iniciada
preferencialmente em uma segunda-feira (dia regido
pela lua). E, se possível, nos horários da lua. Desta
maneira aproveita-se melhor a impregnação astral e se
obtém um resultado mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas por Marte

Marte pode ser: imprevisto / acelerante / incisivo /


ácido / ativo / agudo / agressivo / amoroso /
antagônico / afrodisíaco / argumentativo /
adstringente / belicoso / corajoso / ardente /
cáustico / colérico / construtivo / cruel / destrutivo /
dominante / dinâmico / elétrico / emocional /
enérgico / exagerado / excitante / explosivo / febril
/ fogoso / fulminante / impetuoso / inflamatório /
ofensivo / penetrante / positivo / radioso / tônico /
rápido / vermelho / revolucionário / robusto /
sensual / severo / turbulento.
Metal: Ferro
Abacaxi Ananas sativus
Absinto Artemisia absinthum
Alho Allium sativum
Aloe succotrina Aloe succotrina
Arnica Arnica montana
Babosa Aloe vera
Berbéris Berberis vulgaris
Biancospino Crataegus oxycantha
Buxo Buxus sempervirens
Cardo estrelado Centaurea calcitrapa
Cebola Allium cepa
Coentro Coriandrum sativum
Erva de São Roberto Geranium robertianum
Erva gateira Nepeta cataria
Gentiana-amarela Gentiana sp.
Gratiola Gratiola officinalis
Hortelã pimenta Mentha piperita
Lúpulo Humulus lupulus
Manjericão de folha larga Ocimum basilicum
Margarida Bellis perennis
Mostarda Sinapis sp.
Norça Bryonia dioica
Noz vômica Strychnos vomica
Pimenta Capsicum sp.
Pinheiro Pinus sp.
Raiz-forte Cochlearia armoracia
Ruiva Rubia tinctorum
Sabina Juniperus sabina
Salsaparrilha Smilax papyracea
Tabaco Nicotiana tabacum
Tanchagem Plantago major
Urtiga Urtica dioica
Valeriana Valeriana officinalis

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta regida por
marte, ela deve ser plantada, colhida e/ou ter a
operação iniciada preferencialmente em uma terça-
feira (dia regido por marte). E, se possível, nos
horários de marte. Desta maneira aproveita-se
melhor a impregnação astral e se obtém um resultado
mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas por Mercúrio

Mercúrio pode ser: frio / seco / terrestre /


melancólico / nervoso / impulsivo / egocêntrico /
maléfico com os maléficos / benéfico com os
benéficos / sua ação é nervosa e excitável /
variante e variável / ativo / abstrativo /
compreensivo / conector / coordenador / corrosivo /
crítico / debilitante / depressivo / perturbante /
diurno ou noturno / dualístico / malicioso /
imaginativo / veloz / impulsivo / engenhoso /
intelectual / introspectivo / irregular / lógico /
inteligente / neurótico / mentiroso / obsessivo /
persuasivo / racional / espasmódico / espirituoso /
Sob alguma lesão tende ao estresse de trabalho,
insônia, inquietação, desordens nervosas e falta de
serenidade
Metal: Mercúrio (Hydrargyrum / Hidrargírio /
Hidrargiro / Azougue / Prata-viva)
Abrótamo Artemisia abrotanum
Aipo ou salsão Apium graveolens
Alcaçuz ou regaliz Glycyrrhiza glabra
Amora Morus sp.
Aveia-comum Avena sativa
Avelã Corylus avellana
Avenca Adianthum capillus
Azaleia Rhododendron simsii
Briônia branca Bryonia alba
Calaminta Calamintha officinalis
Cenoura selvagem Daucus carota
Cominho Carum carvi
Dulcamara Solanum dulcamara
Endívia Cichorium endivia
Endro Anethum graveolens
Erva-alheira Aliaria officinalis
Erva-campeira Inula helenium
Erva-doce ou anis Pimpinela anisum
Funcho Foeniculum vulgare
Fura-paredes Parietaria officinalis
Lavanda ou alfazema Lavandula vera
Língua-de-cão Cynoglossum officinale
Lírio-de-maio ou lírio-do-vale Convallaria majalis
Madressilva Lonicera caprifolium
Mandrágora Mandragora officinarum
Manjerona Origanum majorana
Marroio-branco ou hortelã-do- Marrubium vulgare
maranhão
Murta Myrtus communis
Noz-vômica Strychnos Nux Vomica
Patinaca ou cherovia Pastinaca sativa
Salsa Petroselinum sativum
Segurelha Satureja hortensis
Trevo Trifolium sp.
Valeriana Valeriana officinalis

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta regida por
mercúrio, ela deve ser plantada, colhida e/ou ter a
operação iniciada preferencialmente em uma quarta-
feira (dia regido por mercúrio). E, se possível, nos
horários de mercúrio. Desta maneira aproveita-se
melhor a impregnação astral e se obtém um resultado
mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas por Júpiter


Júpiter pode ser: aéreo / alterativo /
autoindulgente / revigorante / antiespasmódico /
balsâmico / benevolente / confortante /
conservador / corpulento / diurno / elétrico /
enriquecedor / expansivo / forte / afortunado / fértil
/ pleno / generoso / quente / masculino / restituidor
de saúde / moderado / úmido / nutritivo / otimista /
expansivo / positivo / religioso ou espiritualizado /
sanguíneo / sociável / temperado.
Metal: Estanho
Acelga Beta vulgaris subsp. orientalis
Agrimônia Agrimonia sp.
Anis ou erva-doce Pimpinela anisum
Aspargo Asparagus officinalis
Atanásia Tanacetum vulgare
Azedinha Rumex acetosa
Beijo de frade Impatiens balsamina
Betônica Betonica officinalis
Borragem Borago officinalis
Cana-de-açúcar Saccharum officinarum
Canela Cinnamomum zeylanicum
Carvalho vermelho Quercus robur
Castanheira Castanea vesca
Cerefólio Anthriscus cerefolium
Chicória do café Cichorium intybus
Chicória ou endíva Cichorium endivia
Cinco em rama Potentilla reptans
Cocleária Cochlearia officinalis
Craveiro Dianthus caryophyllus
Damasqueiro Prunus armeniaca
Dente-de-leão Taraxacum officinale
Erva benta Geum urbanum
Figueira Fícus carica
Ginseng Panax ginseng
Hissopo Hyssopus officinalis
Hortelã pimenta Mentha piperita
Jasmim Jasminum sp.
Líquen ou musgo-da-islândia Cetraria islandica
Meliloto Melilotus officinalis
Mirra Commiphora myrrha
Mirtilo Vaccinium myrtillus
Polipodio Polypodium sp.
Pulmonária Pulmonária officinalis
Rosa rubra Rosa galica
Sálvia Salvia officinalis
Sempre viva Sempervivum tectorum
Tomate Solanum lycopersicum

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta regida por
júpiter, ela deve ser plantada, colhida e/ou ter a
operação iniciada preferencialmente em uma quinta-
feira (dia regido por júpiter). E, se possível, nos
horários de júpiter. Desta maneira aproveita-se
melhor a impregnação astral e se obtém um resultado
mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas por Vênus

Vênus pode ser: amoroso / belo / benéfico /


benigno / descuidado / alegre / congestionante /
conservante / diurético / emocional / expansivo /
erótico / feminino / fértil / amante das loucuras /
glutão / gracioso / harmonioso / quente e úmido /
histérico / indiscreto / indulgente / desordenado /
irregular / lânguido / letárgico / lascivo / libidinoso /
linfático / magnético / musical / negativo / noturno /
nutritivo / pacífico / apaixonado / passivo /
relaxante / sedentário / calmante / consolador.
Metal: Cobre
Agripalma / cardíaca Leonurus cardiaca
Alcachofra Cynara scolymus
Alfeneiro Ligustrum vulgare
Aliso / amieiro Alnus glutinosa
Amora-silvestre Rubus fruticosus
Anchusa Anchusa sp.
Anil Indigofera suffruticosa
Aquiléia / mil-folhas Achilea millefolium
Artemísia / erva-de-são-joão Artemisia vulgaria
Aspargo Asparagus officinalis
Atanásia / catinga-de-mulata Tanacetum vulgare
Azedinha Oxalis acetosella
Azevinho Ilex aquifolium
Bardana Arctium lappa
Bétula Betula sp.
Búgula / jujuba Ajuga reptans
Castanha-portuguesa Castanea sativa
Centeio Secale cereale
Cravo-da-índia Eugenia caryophyllata
Dedaleira Digitalis purpurea
Erva-de-são-roberto Geranium robertianum
Erva-gateira Nepeta cataria
Escrofolária Scrophularia nodosa
Feijão Phaseolus vulgaris
Filipêndula Filipendula ulmaria
Fumária Fumaria officinalis
Ginja / cereja-ácida Prunus cerasus
Grão-de-bico Cicer arietinum
Groselheira / uva-crispa Ribes grossularia
Hera-terrestre Clechoma hederacea
Hortelã pimenta Mentha piperita
Hortelã-verde / hortelã-peluda Mentha spicata
Hortelãzinho / poejo Mentha pulegium
Maçã Pyrus malus
Macieira Malus domestica
Malva-branca Althaea officinalis
Margarida Bellis perennis
Morango-silvestre Fragaria vesca
Nectarina / pêssego Persica vulgaris
Orquídea Orchis sp.
Papoula Papaver sp.
Pêra Pyrus communis
Primavera Primula officinalis
Rosa-chá Rosa damascena
Sabugueiro Sambucus nigra
Sanícula Sanicula europea
Saponária Saponaria officinalis
Senécio Senecio vulgaris
Tanchagem Plantago major
Tomilho Thymus vulgaris
Trigo Triticum vulgare
Vara-dourada Solidago virga aurea
Verbena Verbena officinalis
Violeta Viola odorata

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta regida por
vênus, ela deve ser plantada, colhida e/ou ter a
operação iniciada preferencialmente em uma sexta-
feira (dia regido por vênus). E, se possível, nos
horários de vênus. Desta maneira aproveita-se
melhor a impregnação astral e se obtém um resultado
mais potente, energeticamente.

Plantas Regidas por Saturno

Saturno pode ser: inibidor da sexualidade / anti-


inflamatório / ascético / adstringente / austero /
árido / ávido / crônico / coagulante / frio / seco /
constante / cristalizante / deformante /
degenerante / retardante / destrutivo / castigante /
diurético / terrestre / punitivo / frígido / frugal /
grave / limitante / maléfico / malicioso / nervoso /
neurótico / obstinado / paciente / permanente /
perverso / pessimista / fleumático / reclusivo /
repressivo / rígido / reumático / secreto / solitário.
Metal: Chumbo
Abrunheiro Prunus spinosa
Álamo Populus nigra
Amaranto / caruru Amaranthus sp.
Amor-perfeito Viola tricolor
Asplênio Asplenium sp.
Azevinho Ilex aquifolium
Beladona Atropa belladona
Bistorta Polygonum bistorta
Bolsa-de-pastor Capsella Bursa pastoris
Cavalinha Equisetum arvense
Cebola Allium cepa
Centeio Secale cereale
Cevada Hordeum vulgare
Cicuta-maior Conium maculatum
Confrei / consólida Symphytum officinale
Erva de lobo Aconitum lycoctonum
Erva-de-bicho Polygonum persicaria
Faia Fagus sylvatica
Fidalguinhos Centaurea cyanus
Fumária Fumaria officinalis
Gualtéria Gaultheria procumbens
Hera-terrestre Hedera helix
Joio Lolium temulentum
Linho Linum usitatissimum
Maconha Cannabis sativa
Meimendro Hyoscyamus niger
Milho Zea mays
Olmo Ulmus campestris
Orelha-de-judas Auricularia auriculata-judae
Podagraria Aegopodium podagraria
Psillium Plantago psillium
Quebra-pedra Centerach officinarum
Sanguinária Polygonum aviculare
Selo de Salomão Polygonatum multiflorum
Sorva Sorbus domesticus
Tamarindo Tamarix sp.
Teixo Taxus baccata
Verbasco Verbascum thapsus

Como aplicar essas informações?


Ex.: Se deseja trabalhar com uma planta regida por
saturno, ela deve ser plantada, colhida e/ou ter a
operação iniciada preferencialmente em um sábado
(dia regido por saturno). E, se possível, nos horários
de saturno. Desta maneira aproveita-se melhor a
impregnação astral e se obtém um resultado mais
potente, energeticamente.
MINERAIS NO CULTO DE
EXU E POMBAGIRA

A
lém de vegetais e animais, no culto de Exu e
Pombagira utilizam-se minerais (rochas, minérios,
metais e cristais), tanto na montagem de
assentamentos quanto em outras práticas (ex.:
confecção de amuletos, feitiços, etc.).
Arquetipicamente, os minerais de modo geral são
relacionados à estrutura, à organização e à
atemporalidade (ou à imobilidade por grandes períodos
de tempo). Foram se formando, se alterando e sofrendo
reações na crosta terrestre ao longo de milênios, sendo
por isso capazes de estocar informações por um longo
período de tempo. Ex.: chips de quartzo na computação;
lápides e pedras mortuárias, que preservariam
características de um espírito ligado a elas.
As pedras e cristais podem estar em estado bruto ou
lapidados, e, quando se combina o uso de vegetais e
minerais, é preciso compreender a ação de cada um,
para que estabeleçam uma sinergia na busca do
resultado almejado, e não ocorra conflito ou
antagonismo entre suas propriedades. Por exemplo,
as drusas emanam energia (e atuam na intuição) e os
geodos concentram energia [39]. Alguns cristais possuem
aspectos próprios bem definidos, e, neste caso, sua
programação e utilização deve ir ao encontro desses
aspectos. Já os cristais neutros e transparentes (ex.:
quartzo) “aceitam” um leque maior de programações
possíveis.
Os metais que se utilizam no culto de Exu e Pombagira
são: ferro, prata, ouro, chumbo, mercúrio (azougue)
e bronze, que podem ser utilizados sólidos ou em pó
(em amuletos, anéis etc.). Metais que tiveram uso em
finalidades específicas podem ser recolhidos e utilizados
para manifestar os arquétipos daquelas finalidades. Ex.:
arame farpado (restrição), pregos de caixão (finalização).
Seguindo esta lógica, um mineral que esteja intimamente
relacionado a um arquétipo pode ter este aspecto
arquetípico utilizado em poções, pós, incensos, amuletos,
etc.
Todo tipo de pedra e cristal pode ser utilizado no culto de
Exu e Pombagira, porém, os essenciais são o okutá
(proveniente de rio, mar ou floresta) e yangui (laterita),
sendo este último, terra fossilizada, extremamente rica
em ferro e alumínio.
O okutá é o centro energético do assentamento de uma
entidade. Deve ter sido moldado pela ação da natureza,
como a correnteza e o atrito nos rios arredondando sua
forma. Pedras pontiagudas são consideradas okutá
masculino, pedras arredondadas regulares são
consideradas okutá feminino.
Como Exu é ígneo, as pedras de origem magmáticas
(vulcânicas / Ex.: pedra-pomes, basalto) são perfeitas
para desempenhar essa função de “coração do
assentamento”, pois o fogo é o elemento mais presente
na ressurreição de um espírito. Mas as outras
procedências mencionadas também têm o seu poder:
uma pedra de rio, rolada naturalmente pelo atrito do
movimento da água (seixo rolado), está conectada ao
poder do lodo e da lama do fundo dos rios. Possuem a
propriedade de atrair a ancestralidade, devido à sua
idade geológica e resistência contínua às adversidades
ambientais. Já as pedras roladas encontradas no mar
(geralmente de origem vulcânica) possuem em sua
essência a energia da Kalunga Grande (Praia).
Enfim, cada pedra emana uma energia própria e
individual pulsando através de uma determinada faixa
vibratória. Nem todas as pedras são apropriadas para
serem consagradas como okutás, pois nestes casos,
suas emanações não as permitem ser um receptáculo.
Por isso, o seu aceite ou recusa como integrante de um
assentamento será determinado através de oráculo.
A retirada do okutá de seu ambiente original requer
protocolos, que envolvem oferendas, e saudações
conforme as entidades tutelares dos reinos e pontos
de força de onde se pretende retirá-los: Exu Rei das
Matas, Pombagira Rainha das Matas, Exu Rei das
Praias, Pombagira Rainha das Praias, Exu do Lodo,
Pombagira do Lodo, Exu dos Rios, Pombagira dos
Rios, Povos da Mata, Povos da Praia; além, é claro,
dos Mestres pessoais.
Quanto ao yangui, trata-se de uma herança da
cosmogonia iorubá, na qual a laterita é a matéria-
prima da geração de Èsú (orixá), sendo esta protoforma
chamada de Èsú-Yangi (ou seja, a primeira matéria/forma
de existência individual de Èsú). E cada pedaço de
yangui representa uma ancestralidade de Èsú e uma
conexão direta com o Pai Ancestral de Todos os Èsús,
assim como através de cada pedaço dessa pedra o
antigo responderá, pois a yangui representa o processo
de expansão e multiplicação.
Esse fundamento, apesar de originário dos cultos a
orixás, foi incorporado pela Quimbanda, concebendo
yangui como o receptáculo eletivo para reavivar a força
do Exu (neste contexto, a entidade), buscando toda a
sua energia ancestral para o estabelecimento de uma
alma que já se encontra em estágio avançado de
evolução. É como se ritualisticamente se puxasse da
Terra a força de todos aqueles que a ela já retornaram,
reavivando toda sua trajetória. Essa alma (Exu ou
Pombagira) se utilizará desse meio para estabelecer
uma via de acesso entre o mundo dos vivos e dos
mortos. É um dos contextos que reafirmam a
Quimbanda como um culto necrosófico [40].
As pedras podem ser utilizadas em banhos, mas é
preciso que se atente à regência planetária de planta
e pedras para que não haja conflito no intento. No caso
do uso em banhos, as pedras devem estar ativadas (por
atrito ou fogo) para emanar ao invés de absorver. Para
a ativação de pedras e cristais, deixá-las em água
corrente, depois secar, colocar no fogo do caldeirão,
depois passar na fumaça do incenso.
Pedras disformes podem ser utilizadas em
assentamentos e firmações, porém deve-se priorizar
pedras que tenham ponta e base, entendendo-se que a
ponta é positiva e a base negativa. Considerando
sempre que no culto “positivo” e “negativo” não
possuem a conotação de “bem” e “mal”, mas sim de
“dinâmico” e “receptivo”.
Quanto mais utilizadas as pedras e cristais, mais
potentes elas ficam, porém, requerem limpezas
periódicas. Devem ser armazenadas individualmente
embrulhadas em pano preto ou recipiente de vidro
preto (ou pintado de preto, ou embrulhado em pano
preto).
Pedras absorvem a energia do ambiente, portanto,
aquelas utilizadas em rituais específicos devem ser
guardadas após os mesmos, conforme já descrito.
Itens a serem utilizados em rituais devem ser
consagrados, e consagrar é destinar a uma força, unir
ao sagrado. A consagração já ocorre na mente e na
intenção, o que não exclui a possibilidade/necessidade
da ritualização do ato. Itens naturais já são
consagrados por si só. Objetos consagrados possuem a
energia de quem os consagrou, portanto, quanto maior a
afinidade, melhor é o resultado. Um objeto sagrado uma
vez maculado nunca mais se torna sagrado.
Os amuletos podem ser ocultos (ex.: patuás) ou
expostos (ex.: brincos, anéis, pingentes). Os amuletos
que ficam expostos têm como finalidade encantamentos,
e os que ficam ocultos têm finalidade de proteção e
defesa.
Propriedades de algumas pedras e cristais

Obsidiana floco de neve: possui pontos brancos, é


vulcânica e mantém a estabilidade. Muito utilizada
em espelhos negros;
Obsidiana: dinamizadora, relacionada a forças
ctônicas;
Olho de gato: atrai sorte no jogo;
Pedra da lua: está ligada a intuição, possui
regência fria e ligação com Kalunga e Almas;
Pedra pomes: origem vulcânica;
Pedras que potencializam outras: Obsidiana
(estabilidade energética) e Hematita;
Turmalina negra: drena outros cristais (sempre
usar sozinha, pois anula pedras próximas);
Vassoura de bruxa: limpeza espiritual.
Regência Planetária de pedras/cristais

Sol: olho de gato, olho de tigre, ágata de fogo,


yangui, topázio, diamante amarelo;
Lua: selenita, quartzo;
Marte: heliotropo, rubi, granada;
Mercúrio: opala de fogo, ágata;
Júpiter: ametista, safira;
Vênus: esmeralda, âmbar;
Saturno: turmalina negra, ônix, obsidiana; pérola
negra.
Regência Planetária de Metais

Sol: ouro;
Lua: prata;
Marte: ferro;
Mercúrio: mercúrio / alumínio;
Júpiter: estanho;
Vênus: cobre;
Saturno: chumbo.
Em Magia Cerimonial / Magia Planetária, os metais
possuem associações com as inteligências dos planetas,
portanto, são representantes clássicos dos arquétipos
planetários:

Sol: revelação das sombras, criatividade e poder,


individualidade, vitalidade, ambições;
Lua: inconsciente, equilíbrio mental, imaginação,
intuição, instinto, mudanças, inteligência,
memória;
Marte: campo profissional, guerras, iniciativa,
disputas, energia, dinamismo, agressividade,
entusiasmo;
Mercúrio: comunicação, comércio, socialização,
razão, auto expressão, fala, escrita, racionalidade;
Júpiter: relações de poder, boa fortuna, expansão,
otimismo, indulgência, extravagância,
religiosidade/misticismo;
Vênus: atração, amor, paixão, sociabilidade, artes,
beleza;
Saturno: finalizações, colheitas, reinício e novos
ciclos, cautela, lealdade, disciplina, limites,
responsabilidade, conservadorismo.
É preciso bom senso na combinação de pedras e
cristais, pois algumas são incompatíveis entre si, e o
número de unidades a serem utilizadas pode levar em
conta os significados dos números conforme a
Numerologia.
Quando estudamos os rituais e as fórmulas mágicas,
observamos muitas citações numéricas: número de
velas, número de cigarros ou charutos, número de folhas
de determinada planta para um banho ou oferenda,
número de repetições de rezas, etc. A Numerologia
também se aplica a nomes e datas de nascimento,
para conhecimento de potenciais e tendências, através
das características dos aspectos positivos e negativos
dos números. Os números revelam traços
comportamentais relevantes até para a escolha da
legião espiritual a ser evocada para os trabalhos
mágicos.
Existem diversas correntes de Numerologia, e a
utilizada aqui é um sistema híbrido, com predominância
da Pitagórica. São considerados os números de 1 a 9.
Aos subsequentes se realiza a soma dos algarismos para
a redução a um dígito, com exceção de 11, 22 e 33,
considerados Números Mestres (que não são somados
para se reduzir a um número de apenas um dígito, de 1 a
9).
Normalmente se utiliza número ímpar de itens na
Quimbanda, sendo os mais utilizados: 1, 3, 7, 9, 11, 13.

Significado dos Números

Número 1

- Aspectos positivos: Carrega força por ser


indivisível. Estimula atos de concordância e perdão.
Pode corroborar o processo de autoconhecimento.
Somado aos elementos ígneos emana forte energia
de liderança. Palavras-chaves: Começo, Recomeço,
Renovação, Soberania.
- Aspectos negativos: carrega aspectos solitários,
narcisistas, egoístas, impaciência e autoritarismo.

Número 2

- Aspectos positivos: carrega a dualidade (sol/lua,


bem/mal, positivo/negativo, masculino/feminino, dia/
noite, Exu/Pombagira). Traz a ciência, ativa a
memória e carrega luz para todas as situações. Aflora
sentimentos e relacionamentos harmoniosos,
gentileza e tranquilidade. Forte ação no campo
amoroso e usado para reforçar relacionamentos, bem
como encontrar um par compatível. Ativa o alívio
para situações de solidão. Ligado a decisão e
equilíbrio.
- Aspectos negativos: associado a práticas
obscuras. Atrai a maldade de espíritos sinistros. Gera
confusões mentais capazes tanto de separar casais,
amigos e sócios, quanto de amarrar as mesmas
coisas. Produz falta de gentileza e ausência de
romantismo.

Número 3

- Aspectos positivos: é o número que carrega a


força do sagrado, da perfeição e do poder. Na forma
ascendente simboliza crescimento, dinamismo,
prazer e purificação. É o número do destino.
Proporciona aos casais mais intimidade, senso de
equilíbrio e bases sólidas para a realização de
projetos.
- Aspectos negativos: número manipulador e
punitivo. Pode ser usado para causar separações e
vinganças furiosas, pois quando desestabilizado
tende a não manter mais a solidez nos
relacionamentos. Pode gerar falta de
responsabilidade.

Número 4

- Aspectos positivos: número da solidez,


estabilidade, base, compreensão e sensibilidade.
Carrega a energia dos 4 elementos, fases da lua,
estações do ano, direcionamento da vida, graça e
beleza. Capacidade de marcar eventos, como tornar
um compromisso real.
- Aspectos negativos: ruptura, ira, vingança,
soberba e loucura. Pode tornar a pessoa obsessiva,
sufocante, materialista e compulsiva.

Número 5

- Aspectos positivos: harmonia, sagrada união,


partilha correta de bens, sentidos humanos, atração
de dinheiro, proteção. Poder de afastar energias
indesejadas e pensamentos derrotistas. Sua energia
pode ser utilizada nos casos de dificuldade de firmar
relacionamentos e criar raízes.
- Aspectos negativos: amargura, arrependimento
agudo, sofrimento e falta de caminhos. Vitimar
alguém com essa energia a deixará sem criatividade
e livre arbítrio.

Número 6

- Aspectos positivos: ligado à geração, à


fecundidade e ao trabalho com sucesso. Exerce
grande influência nos relacionamentos pela solidez
que apresenta, principalmente pela ligação aos
mistérios masculinos e femininos. Harmonia plena,
consolidação de projetos, mudanças de rumos
almejando a felicidade.
- Aspectos negativos: Pode neutralizar os aspectos
positivos. Desestrutura o que está consolidado. Gera
amargura e depressão. Afasta a reciprocidade.
Número 7

- Aspectos positivos: é o número mais exaltado


dentro do culto de Exu e Pombagira. Fortalece
energias físicas, mentais e espirituais. Promove
sensibilidade e cordialidade. Faz valer os juramentos.
Modifica pensamentos e formas de ação.
- Aspectos negativos: Potencialização de energia
destrutiva. Geralmente os aspectos negativos deste
número se manifestam em pessoas egoístas,
mesquinhas e insensíveis, analíticas em excesso.

Número 8

- Aspectos positivos: usado para invocar e evocar


justiça, solidez, liderança e conservação das
estruturas familiares. É a força do 7 acrescida do 1.
Número dos conquistadores, pessoas carinhosas e
surpreendentes.
- Aspectos negativos: sendo o número da justiça é
usado para prisões, mortes, julgamentos ilícitos, ira e
angústia. O inverso da justiça não é a injustiça, e sim
um caminho de duras penas físicas e espirituais.
Autoritarismo, violência, agressividade física e verbal.
Traços de superficialidade.

Número 9

- Aspectos positivos: energia usada para incitar a


honestidade e a lealdade. Bloqueia energias oriundas
da traição. Faz com que as pessoas sejam mais
unidas, tolerantes, e saibam ouvir seus parceiros.
Carrega a força para vencer as ilusões do cotidiano.
Usado quando um parceiro não tem segurança para
firmar um relacionamento e precisa amadurecer para
tal.
- Aspectos negativos: carrega a força de
invocação/evocação dos mortos para vinganças,
separações e guerras. Promove a mentira, a
intolerância e a hipersensibilidade que leva alguém a
se enojar do parceiro.

Número 11

- Aspectos positivos: incita a longevidade dos


relacionamentos. Fortalece as relações já existentes,
promove estabilidade e cumplicidade para os casais.
Fundamental nos processos precedidos por crises.
Quando multiplicado por 2 (22) as forças espirituais
codificam como sendo um pedido de mudanças sob
pena de término (tudo ou nada).
- Aspectos negativos: Deteriora lentamente
relacionamentos consolidados, o que é precocemente
percebido pelas variações de humor.

Tabela Pitagórica
Correspondência entre os números base e as letras do
alfabeto
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V W X Y Z

Uso da terra no culto de Exu e Pombagira


A terra é utilizada no culto para diversas finalidades,
entre as quais sua incorporação em assentamentos.
Neste caso se considera, conforme a necessidade, a terra
apanhada nos pontos de força relativos aos diferentes
reinos da Quimbanda. Além de assentamentos, para a
realização de feitiços pode ser necessário a obtenção de
terras de locais específicos (Ex.: terra de formigueiro,
terra de pegada, terra de aterro sanitário, etc.). A terra
(solo) por si têm grande poder de drenagem de energias.

Uso do Enxofre no culto de Exu e Pombagira


O enxofre é um mineral que em temperatura ambiente
se apresenta sólido e tem cor amarela. Encontra-se em
depósitos sedimentares, fontes termais e regiões
vulcânicas, e é classificado na tabela periódica como
“não metal”. Pode ser utilizado em pedra ou em pó, no
âmbito de limpeza, banimento e defumações, sendo um
poderoso desagregador de energias acumuladas,
paradas, paralisadas. Ele entra na composição da pólvora
e sua reação com o fogo produz dióxido de carbono, um
gás extremamente tóxico. Pode ser utilizado na ativação
de pontos riscados, como elemento ígneo, ao mesmo
tempo em que filtra energias nocivas/indesejáveis. Pode
ser salpicado ou soprado aleatoriamente dentro do ponto
riscado.

Uso do carvão no culto de Exu e Pombagira

Existe o carvão mineral, o carvão vegetal e o carvão


animal.

Carvão mineral é um combustível fóssil


encontrado no subsolo, uma rocha de origem
orgânica que ocorre como camadas em bacias
sedimentares, resultante do acúmulo de grandes
quantidades de restos vegetais (troncos, raízes,
galhos e folhas de árvores gigantes), em um
ambiente saturado de água (pântanos). O tempo e
a pressão da terra que foram se acumulando sobre
o material transformaram-no em uma massa negra
homogênea – as jazidas de carvão.

Carvão vegetal é o resultado de um processo


chamado pirólise (transformação por aquecimento
de uma mistura ou de um composto orgânico em
outras substâncias) que procura reproduzir o que
ocorre na natureza para que se forme o carvão
mineral. Neste processo a matéria prima é a
lenha.

Carvão animal é o mesmo que o carvão vegetal,


porém feito de matéria prima de origem animal
(geralmente ossos e carcaças).
Na prática, o carvão usado comercialmente em larga
escala é o vegetal.
O carvão é um elemento altamente poroso que filtra e
absorve as energias nocivas. É usado como combustível
em defumações, mas também entra como elemento em
práticas mágicas. É um equilibrador do elemento ígneo.
Uso do sal no culto de Exu e Pombagira
O sal possui grande capacidade de desagregar energias,
sendo um purificador energético. Entretanto, essa
capacidade não é seletiva: ele drena qualquer energia, e
seu uso em banhos pode levar a um esgotamento
energético. Portanto, após um banho de sal grosso deve-
se tomar imediatamente após, um segundo banho,
fundamentado com ervas de harmonização. Sal em
excesso também dissipa todas as energias espirituais
acumuladas em um objeto mágico ou assentamento.
GLOSSÁRIO
Cristal – Corpo formado por um elemento ou
composto químico sólido e limitado por superfícies
planas, geralmente dispostas com simetria, que
denuncia uma estrutura interna regular e periódica.

Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo


subterrâneo, em mitologia são designados
ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos
(termo de origem latina.

Drusa – Cavidade irregular ou fratura atapetada


por cristais que muitas vezes crescem
perpendicularmente às paredes. A drusa pode ser
oca, ter líquidos ou ser completamente preenchida
por minerais, não sendo raro apresentar camadas
de minerais diferentes da parede para o centro, à
semelhança de geodos que são mais globulares.

Geodo – Cavidade revestida por minerais que não


chegam a completá-la, e cuja forma externa
aproxima-se de uma esfera.

Laterita – A laterita é um tipo de solo muito


alterado com grande concentração de hidróxidos
de ferro e alumínio. Em um dos ìtán (conjunto de
histórias da mitologia iorubá passadas de geração
em geração pela tradição oral), Èṣù devora sua
mãe e, em seguida, é perseguido por seu pai
Òrúnmìlà que o corta em pedaços de Yangí, ou
seja, pedaços de laterita. Então, como modo de
reconciliação com seu pai, cada Yangí poderia ser
utilizado por Òrúnmìlà como sendo o verdadeiro
Èṣù. A laterita torna-se uma representação de Èṣù
e pedaços de laterita incrustados no chão indicam
o local de adoração ao orixá. O mito de Èṣù-Yangí,
ao mesmo tempo em que aborda os aspectos
mitológicos da cultura iorubá, retrata
características do solo daquelas regiões [41].

Metal – Elemento, substância ou liga metálica


caracterizados pela sua boa condutividade térmica
e elétrica, geralmente apresentando uma cor
prateada ou amarelada, e uma elevada dureza.
Mineral – Corpo natural sólido e cristalino formado
em resultado da interação de processos físico-
químicos em ambientes geológicos.

Minério – Agregado de minerais rico em um


determinado mineral ou elemento químico cuja
extração é econômica e tecnologicamente viável. O
minério é constituído de minerais de minério (ou
minerais de interesse econômico) e ganga (ou
minerais que não possuem interesse econômico).
Os minerais dos quais são extraídos metais e
outros produtos com valor econômico são
chamados de minerais de minério.

Necrosófico – Baseado na Necrosofia (=


sabedoria/gnose dos mortos).

Numerologia Pitagórica – Cada filósofo grego


apontava um elemento que estaria presente em
todas as coisas e seres (a arché, princípio formador
do universo). Pitágoras (Grécia, c [42]. 570 – c. 495
a.C.) considerou o número como sendo essa
arché. Daí a harmonia da natureza reflete a
harmonia dos números. Essas considerações
levaram os gregos a uma construção teórica, de
onde nasce a Numerologia Pitagórica, que
considera cada número possuindo um valor
metafísico que revela características internas das
pessoas e podem influenciar seus destinos.
Pitágoras acreditava que o número se constituía do
acordo entre um elemento indeterminado ou
ilimitado (predominante nos números pares) e
outro determinante ou limitante (predominante
nos números ímpares), e a partir daí todas as
coisas se originavam. Daí os pitagóricos
consideravam os números ímpares perfeitos,
por serem os que em sua distribuição sempre
possuíam o elemento limitante. Pitágoras e os
pitagóricos tinham a base da sua filosofia e modo
de vida no culto ao número.

Rocha – Rocha é um agregado sólido que ocorre


naturalmente e é constituído por um ou mais
minerais ou mineraloides (materiais de origem
geológica que apresentam características
semelhantes às dos minerais, mas não são
cristalinos ou, caso sejam, não possuem uma
composição química suficientemente uniforme
para serem considerados com um mineral
específico).

Seixo – Fragmento de rocha de diâmetro variável,


transportado pela água, cujo atrito permanente
que lhe arredonda as arestas.
------ Anexo 1: Atlas de Minerais e
Cristais ----
Anexo 2: Tabela de Pedras e suas
Finalidades
ANEXO 3: REGÊNCA
PLANETÁRIA
(Conteúdo do arquivo de apoio: Pedras e suas
Representações Planetárias / Autoria: Ophiiis)

É comum quando falamos de regência planetária vir à


cabeça uma associação com os signos, mas quando
falamos de pedras, a regência planetária está atrelada à
ação que há em sua essência. Conhecer sobre os
planetas nos auxilia a identificar quais pedras usar para
cada finalidade.
Um breve resumo sobre a ação de cada planeta

Sol – Sua influência é considerável, é o pai, o


gerador universal em nosso mundo.

- Aspectos positivos: Magnanimidade,


generosidade, vitalidade, representa o eu interior,
ânimo, grandiosidade, alegria de viver, liderança,
autoridade, nobreza, criatividade, capacidade de
organização.
- Aspectos negativos: Orgulho, arrogância,
vaidade, excessiva autoconfiança, autoritarismo,
presunção.
Mercúrio – O mais próximo do Sol, representa a
infância com seu trasbordamento de vitalidade e
ação.
- Aspectos positivos: Paciência, eloquência,
inteligência, rapidez de raciocínio, comunicabilidade,
astúcia, diplomacia.
- Aspectos negativos: Inveja, tendência a
trapacear, cinismo, descontrole nervoso, capacidade
crítica exacerbada.
Vênus – Representa a juventude feminina com
todas as suas faceirices, suas seduções e seus
perigos – é a deusa do amor em todas suas
modalidades.

- Aspectos positivos: Temperança, graça, ternura,


estética, charme, bom gosto, amor, leveza, rege as
artes, a cultura, os pequenos prazeres, cuidados com
a aparência, rege o matrimônio, senso de valor.
- Aspectos negativos: Luxúria, rege as paixões
carnais desenfreadas, amoralidade, incapacidade de
se lidar com os impulsos sexuais, sensualidade.
Lua – De grande importância para o homem, é na
verdade a matriz astral de todas as produções
terrestres de que o Sol é o pai vivo. Tudo o que
chega à Terra passa pela Lua e tudo o que parte da
Terra, pela Lua, do mesmo modo, passa.

- Aspectos positivos: Humildade, representa as


emoções, maternidade, sensibilidade, intuição,
imaginação, receptividade, boa memória, fertilidade.
- Aspectos negativos: Preguiça, irracionalidade,
inconstância, indecisão, rege as instabilidades, os
humores teimosia, timidez.
Marte – O mais próximo da Terra. É a própria
imagem do homem de guerra. Possui a coragem, a
energia, a cólera e a violência.
- Aspectos positivos: Diligência, coragem,
determinação, energia, iniciativa, liderança, força.
- Aspectos negativos: Ira, impulsividade,
agressividade, brutalidade, egoísmo, espírito
vingativo, instinto destrutivo, ambição.
Júpiter – Calmo e metódico é a imagem do homem
de razão e de vontade, no qual as violências e
arrebatamentos da juventude estão domados,
sendo verdadeiramente senhor de si mesmo.

- Aspectos positivos: Caridade, justiça,


generosidade, aspirações, busca pelo que é superior,
rege o pensamento filosófico, jovialidade,
indulgência, ordem, crescimento, evolução,
representa a mente superior.
- Aspectos negativos: Gula, ambição, arrogância,
megalomania, autoindulgência.
Saturno Indica o homem triste, porém de grande
experiência. Sua energia conduz a um
comportamento restritivo-pessimista e acompanha
a introversão e o isolamento.

- Aspectos positivos: Castidade, Sabedoria,


responsabilidade, senso de organização, paciência,
representa a ação do tempo, a reflexão profunda,
amadurecimento, experiência, solidez, disciplina, e
rege a forma.
- Aspectos negativos: Avareza, voluptuosidade,
ambição, egoísmo, severidade, crueldade, rigidez
excessiva, mesquinhez, rege a tristeza e as
limitações.
Deste modo, encerra-se o Septenário Astrológico,
determinado por muitos autores como uma fase ou ciclo.
Como se vê Sol, Mercúrio, Marte, Júpiter e Saturno
representam os diferentes estágios da vida humana,
desde a infância até a velhice, além de indicar o caráter
moral e intelectual em cada um destes períodos que o
ente humano atravessa. Quanto à Lua e Vênus,
especificamente, estes se relacionam com o feminino,
representando suas duas grandes modalidades; a
maternidade e o amor. Do oitavo planeta em diante, os
chamados trans-saturninos, inicia-se uma nova série
que representa outro ciclo mais elevado de influências
astrais.
Assim, temos uma trilogia intimamente ligada às forças
que constantemente impelem à mudança psicológica; à
transformação que leva ao desenvolvimento:

Urano – Representa a energia explosiva do


redemoinho caótico. É a força que se manifesta em
mudanças súbitas, nos planos do ser. É o intelecto
ligado aos planos superiores da iniciação.

Netuno – Representa a sublimação e o preparo ao


retorno da espiritualidade incorporal, pois sua força
age através do mais puro amor, levado ao
idealismo que transcende em beleza.

Plutão – Representa o grande princípio masculino.


Muitos astrólogos são concordes em afirmar que
Plutão simboliza dimensão tão complexa que está
envolto em uma aura misteriosa. Está relacionado
aos mais profundos ideais espirituais. Representa,
também, o impulso vital em busca da forma. Marca
os passos evolutivos da humanidade.
Os Planetas Metálicos da Alquimia

Saturno (Chumbo) – “O Ancião dos Dias” –


Influencia os seres humanos no período que vai dos
56 até os 63 anos de idade. Representa a “Espada
da Justiça”.

- Males Físicos: pele, dentes, cabelos,


endurecimento nas mãos, dificuldade de respiração,
inibição do crescimento, pedras na bexiga, rins e
vesícula, arteriosclerose, cãibras, cólicas,
ressecamento do corpo, distúrbios no apetite,
abcessos e alcoolismo.
- Males Espirituais: angústia, preocupação,
arrependimento, falta de energia e de entusiasmo,
delírio, temores, descontrole emocional, sentimentos
e emoções exageradas.
Júpiter (Estanho) – “Tonante e Guerreiro” –
Influencia os seres humanos no período que vai dos
49 até os 56 anos de idade. Representa o “Corno
da Abundância [43]”. Nesse ciclo colhe-se o produto
de todo o trabalho efetuado. Júpiter entrega o cetro
aos reis e o cajado aos mendigos.

- Males Físicos: digestão, absorção de alimentos,


fígado, língua, dentes, palidez, debilidade na voz,
garganta, dor de cabeça, falta de ar, dores nas costas
e artrite.
- Males Espirituais: falta de talento musical, medo
da dor e do frio, falta de jovialidade, espírito belicoso,
ansiedade, falta de amizades e desesperança.
Marte (Ferro) – “Belicoso e Terrível” – Influencia
os seres humanos no período que vai de 42 até os
49 anos de idade. A força marciana promove a
estruturação e a estabilidade do lar. É o ciclo do
trabalho intenso.

- Males Físicos: falta de energia e disposição geral,


anemia, retenção de urina, flatulência, dores no
pescoço e males degenerativos.
- Males Espirituais: fraqueza espiritual, falta de
combatividade, covardia, fala de entusiasmo e desejo
de morte.
Sol (Ouro) – É o centro gravitacional de todos os
planetas. É o astro que dá vida a todos os planetas.
Influencia os seres humanos no período que vai dos
21 até os 42 anos de idade. Nesse período
definimos nossa vocação e o que devemos ser sob
a luz do Sol.

- Males Físicos: falta de vitalidade, nervos, frio


excessivo, reumatismo, nevralgias, dor nos olhos,
mau hálito, doenças venéreas, anemia profunda, dor
de cabeça, doenças vasculares, sinusite, câncer,
cistos, paralisia senil, tumores uterinos, pressão alta,
hérnia e laringite.
- Males Espirituais: insucessos, fracassos,
desânimo, falta de inspiração, insegurança, falta da
autoridade, depressão profunda, perda do sentido da
vida, perda da autoconfiança, complexo de
inferioridade, medos exagerados, pesadelos e
neurastenia.
Vênus (Cobre) – Representa o Amor e a Ternura.
Influencia os seres humanos no período que vai dos
14 até os 21 anos de idade. É o período da
inquietude emocional e do estímulo sexual.

- Males Físicos: fraqueza, prevenção de doenças


causadas por algas, fungos e germes, estimulante
sexual, sangue, pernas e braços, circulação, varizes,
hemorroidas, ulcerações nos membros, esclerose
múltipla, subnutrição, distúrbios menstruais, fígado,
palidez, infecções, contusões, enfisema, gripe,
palpitações, hérnia, nevralgia, pele, olho, língua e
bochechas.
- Males Espirituais: saudade, infelicidade, frieza,
falta de hospitalidade, frio interior, tristeza, rejeição e
cólera.
Mercúrio (Hydrargyrum / Hidrargírio /
Hidrargiro / Azougue / Prata-viva) – É a
representação do “Gênio vivo do Terceiro Logos” –
Influencia os seres humanos no período que vai dos
7 até os 14 anos de idade. É o ciclo do estudo, da
escola.

- Males Físicos: flatulência, úlceras do estômago e


do duodeno, cálculos biliares, colites, enjoos,
vômitos, urticária, pruridos, herpes, eczemas,
nevralgias, dores nas pernas, suor excessivo, pressão
baixa, depressão, cansaço físico, fraqueza, paralisia e
doenças da boca e da garganta.
- Males Espirituais: submissão, docilidade
exagerada, indiferença, escândalos, indisciplina,
indolência, desânimo, depressão e tendências
suicidas.
Lua (Prata) – Representa o “Menino de beleza
inefável” – Influencia os seres humanos no período
que vai do nascimento até os 7 anos de idade.
Nesse ciclo é onde se desfruta toda a felicidade do
lar.

- Males Físicos: envelhecimento precoce, frieza,


olhos, flatulência, excesso de consumo de açúcar,
metabolismo, membros, tosse, garganta, dor de
cabeça no lado esquerdo, estômago, intestinos,
cãibras no estômago e dor ao urinar.
- Males Espirituais: ideias ultrapassadas, talento
oculto, desinteresse, indocilidade, insensibilidade,
dependência, sensação de desamparo, distúrbios
amorosos e de afetividade, medos e fobias diversas,
falta de energia e de entusiasmo.
Todas essas informações servirão de base para uma
busca muito mais aprofundada, vale lembrar que essa é
uma forma de enxerga a ação dos planetas, existem
diversos autores que podem vir a mudar alguns pontos
em específico, porém, o sentido será muito parecido.
Vamos agora a uma breve lista de algumas pedras com
suas respectivas influencias planetária e seus usos
mágickos.

Azabache
Nome popular: âmbar das bruxas, âmbar negro.
Planeta: saturno
Poderes: proteção, prevenção de pesadelos, sorte,
adivinhação e saúde.
Ciência popular: O Azabache é madeira fossilizada com
milhões de anos de idade. É uma pedra negra, como o
vidro. Por ser negro, o azabache está relacionado com
a terra.
Uso mágico: O azabache é receptivo e, portanto,
absorve energias, em especial as negativas. Isto o
converte numa substância protetora.
As feiticeiras do mar e as mulheres dos pescadores na
antiga Grã-Bretanha apreciavam o azabache como um
grande protetor magico – era queimado em casa para
proteger os seus maridos e ausentes.
Obs.: azabache pode ser facilmente confundida com
ônix.

Azurita
Nome popular: lapis linguis
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: psiquismo, sonhos, adivinhação, cura.
Uso mágico: A azurita, pedra bela e de cor azul escura,
foi muito utilizada em magia para aumentar os poderes
psíquicos. Umas das formas de utiliza-la é colocar uma
pedra de azurita de baixo do travesseiro para ter
sonhos proféticos.

Citrino
Planeta: sol
Elemento: fogo
Poderes: prevenção de pesadelos, proteção e
psiquismo
Uso mágico: o citrino usa-se de noite para afastar o
medo, para evitar pesadelos e para assegurar um bom
descanso.

Esfena
Nome popular: Titanite
Planeta: Mercúrio
Elemento: ar
Poderes: poderes mentais e espiritualidade.
Uso mágico: É excelente para estudar, teorizar e
debater. A esfena também se utiliza para estimular a
iluminação espiritual durante a meditação e os rituais
místicos.

Granada
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: proteção e força
Ciência popular: No século XIII, as granadas eram
usadas para afastar insetos.
Uso mágico: A granada é uma pedra de cor vermelho
ardente, muito usada para aumentar a força corporal, a
resistência e o vigor.
Selenita
Planeta: Lua
Elemento: água
Poderes: reconciliação, energia.
Uso mágico: A selenita é um mineral claro, com capas,
que superficialmente se assemelha a calcita.
Também chamada de Selene, a antiga deusa da lua,
troca-se entre amantes para alcançar a reconciliação.
Essas foram algumas pedras com diferentes funções e
diferentes representações planetárias. Ficou claro como é
importante saber a qual planeta uma pedra é associada,
pois, sabendo disso, fica muito mais fácil saber qual a
sua função mágica, evitando problemas por mau uso.
ANEXO 4: A MAGIA DAS
PEDRAS
(Conteúdo do arquivo de apoio: A Magia das
Pedras / Autoria: Ophiiis)
As pedras, cristais e metais contêm energia. É esta
energia que nos permite praticar magia.
Como carregar as pedras?
Antes de usá-las em uma magia, as pedras devem
carregar-se ou programar-se com energia. Isto faz-se
simplesmente sustentando a pedra na sua mão projetora
(dominante), visualizando a sua necessidade magica e
vertendo a energia do seu corpo para a pedra.
Esta energia é o poder pessoal. Reside dentro de nós,
podemos transferir esta energia para a pedra, velas,
metais ou outros objetos mágicos. O movimento desta ou
daquela forma de energia está no centro da magia.
Veja o poder que flui do seu corpo, através da sua mão
projetiva até à pedra. Carregue-a com a energia de sua
necessidade mágica: amor, dinheiro, poder, saúde.
Quando sabe que a pedra está vibrando com o seu poder
pessoal, significa que está carregada. Este simples
processo, levado à risca antes de cada ritual, aumentará
os efeitos da magia da sua pedra.
A energia das pedras
Há dois tipos básicos de energia dentro das pedras. Estes
dois tipos contêm todas as diversas vibrações que
encontram nas pedras: as que atraem o amor, as que
repelem a negatividade, etc. estas são as energias
dinâmicas e as receptivas
As pedras dinâmicas são brilhantes, externas,
agressivas e elétricas. Possuem energias fortes e
vigorosas que afastam o mal, superam a inércia e criam
o movimento. As pedras dinâmicas a destruir as doenças,
fortalecem a mente consciente e infundem coragem e
determinação. Usa-se para estimular a energia física,
para atrair a sorte e o êxito. Em magia pode usar-se para
criar uma força adicional nos rituais.
As pedras dinâmicas conectam-se com a mente
consciente. Muitas vezes são pesadas ou densas,
ocasionalmente opacas, e são vermelhas, alaranjadas,
amarelas, douradas ou claras. Também podem brilhar o
resplandecer como o sol. Exemplos de pedras e minerais
projetores incluem o rubi, o diamante, a lava, o
topázio e a rodocrosita.
As pedras dinâmicas estão associadas com o sol,
mercúrio, marte, urano e os elementos fogo e ar.
Também estão relacionadas com as estrelas, visto que
as estrelas são sóis distantes.
As pedras receptivas são o complemento natural das
pedras dinâmicas. São relaxantes, calmantes, internas e
magnéticas, que estimulam a meditação, a
espiritualidade, a sabedoria e o misticismo.
Estas pedras estimulam a comunicação entre a mente
consciente e a inconsciente e permitem o
desenvolvimento da consciência psíquica. As pedras
receptivas são usadas frequentemente com o propósito
de assentamento, para estabilizar e reafirmar as nossas
raízes com a terra.
As pedras receptivas possuem uma ampla gama de
cores: verde, azul, azul esverdeado, púrpura, cinzenta,
rosada, negra e branca. Também podem ser
opalescentes ou translucidas e podem estar
naturalmente esburacadas.
Os exemplos de pedras receptivas incluem a pedra da
lua, a água marinha, a esmeralda, as pedras
esburacadas, o quartzo rosa, a turmalina rosa, a
kunzita, o lápis lazúli e a sugilita. Estão vinculadas
com a lua, vênus, saturno, netuno, júpiter e os
elementos terra e água.
Nem todas as pedras se encaixam com facilidade nestas
categorias, mas mesmo assim, é um bom sistema que
nos ajuda a relacionar as pedras com seus poderes
básicos.
Algumas pedras contêm uma mescla dessas energias,
como o lápis-lazúli. Outras podem ter usos que
contradizem esta simples classificação, de modo que use
seu julgamento para determinar os seus poderes básicos.
Lembre-se, essa forma de avaliação não é correta em
100% dos casos. A prática em tentar reconhecer todo
tipo de pedra, levará à perfeição, podendo assim,
discernir se ela é dinâmica ou receptiva antes mesmo de
senti-la.
Formatos e seus significados
Cada pedra traz consigo um formato geométrico
específico, alguns abstratos e outros mais conhecidos,
tais como: coração, ovo, comprida e etc. o objetivo é
trazer entendimento a respeito das formas mais
utilizadas e conhecidas dentro da magia.

Redonda: simbolizam o poder receptivo, do


magnetismo e do sagrado feminino. Está vinculada
com o sistema reprodutor feminino. Estas pedras
são a chave da espiritualidade, da consciência
psíquica em desenvolvimento;
Compridas e Delgadas: Obviamente são
símbolos fálicos, ainda que necessariamente isso
não inclua os cristais de quartzo ou outras pedras
cristalinas. São dinâmicas e representam a
eletricidade. São pedras de energia e podem ser
colocadas num altar com este fim;
Quadradas: Simbolizam a terra, a prosperidade e
a abundância, de modo que são usadas em
trabalhos desse tipo. Também estimulam a
estabilidade e a sensatez;
Coração: obviamente usadas em magia para
estimular ou atrair o amor. Podem ser usadas para
trazer o amor à sua vida ou para aumentar o amor
interior;
Triangulares: Tem ação protetora;
Formato de L: Trazem boa sorte;
Pirâmide: Raras de se encontrar na natureza,
porém, fácil de encontrar em lojas específicas.
Concentram e liberam energia através de ponta
até o objetivo mágico.
A limpeza das pedras
As pedras são submetidas a uma ampla gama de
energias antes de chegar à sua casa. Antes de usa-las
em magia, muitos praticantes levam com afinco o
quesito limpeza ou uma purificação das pedras.
É um processo simples que retira as impurezas e
influencias pesada e às prepara para o uso. É
aconselhável fazer com uma pedra de cada vez.
Enterre-as a pelo menos 30 cm de profundidade em um
solo com bastante vegetação e deixa-as por pelo menos
uma semana inteira, o alto poder absortivo da terra irá
retirar as impurezas dela. Após retirada, limpe que uma
tintura de arruda e guarde em um pano negro defumado
com mirra e sândalo.
ANEXO 5: A PEDRA DE
PODER
(Conteúdo do arquivo de apoio: A Pedra de Poder /
Autoria: Ophiiis)
Material Necessário:

- 1 caldeira ou panela para pôr no fogo (pequena)


- 1 garrafa de vinho
- 1 incenso de folha de laranjeira
- 1 incenso de sálvia branca
- 1 incenso de sândalo
- 1 lâmina (para cortar o dedo)
- 1 saco pequeno de carvão
- 1 taça
- 1 toalha preta de ± 1 m x 1 m
- 7 pedras variadas (devem ter ± o mesmo tamanho)
- 7 velas brancas
Ativação das pedras:

- Coloque-as em uma bacia de ágata;


- Deixe-as repousarem 1 noite sob a luz da lua cheia,
lembrando que elas não podem pegar a luz do sol.
Tem que pôr e tirar ainda com a lua aparente durante
a noite;
- Após feito isso, embrulhe-as em um pano negro
individualmente, ou guarde-as em uma caixa bem
fechada de maneira que fiquem a uma certa
distância umas das outras;
- Na noite seguinte, lave-as em água corrente
abundante. O mais apropriado seria numa cachoeira,
mas em todo caso pode ser em uma torneira em que
saia bastante água;
- Enquanto a água bate nessas pedras, manuseie
bem cada uma delas para gerar o atrito necessário a
uma boa ativação do elemento oculto dentro do
mineral;
- Feita essa ativação, você irá se preparar para iniciar
o ritual.
Iniciando o ritual:

- Limpe muito bem o ambiente onde irá realizar o


ritual, evitando deixar sujeira ou bagunça no
ambiente;
- Faça um banimento de energias nocivas no local;
- Acenda os incensos e deixe que o aroma perfume o
local;
- Abra a toalha negra e passe a mesma pela fumaça
do incenso, pedindo para que a mesma seja
purificada;
- De antemão, deixe a caldeira/panela já com o
carvão em brasa e de fácil acesso para você;
- Coloque as 7 velas de maneira linear à sua frente,
em cima da toalha (não acenda ainda);
- Pegue cada uma das pedras e passe pelo incenso;
- Após, deixe-as alguns segundos dentro do caldeirão
como carvão em brasa (é recomendado o uso de
algum pegador para auxiliar no manuseio da
pedra após ela estar quente);
- Acenda cada uma das velas, após colocar cada
pedra em frente a elas;
- Abra a garrafa de vinho;
- Passe a taça pela fumaça do incenso e após,
coloque a taça no centro, entre você e as pedras;
- Ao ofertar o vinho, recite as seguintes palavras:
“sagrados espíritos que habitam no interior
destes minerais, peço-lhes que se apresentem
a mim”;
- Sente-se diante do ritual e inicie sua meditação
(pode se utilizar música no ambiente);
- Conduza sua meditação com coerência ao que está
sendo proposto.
Existem duas formas se saber qual/quais foi/foram a(s)
pedra(s) que gerou/geraram conexão:
1 – A vela da pedra que acabou primeiro;
2 – Por visualização e intuição durante o ritual.
É normal ocorrer de ser mais de uma pedra, assim como
não ser nenhuma delas.
Após identificada a pedra, pegue-a na mão dominante,
faça um corte em seu dedo polegar e sele o contrato
com o espírito/elemental regente, passando seu sangue
pela pedra;
Ao final do ritual, guarde as outras pedras para usos
futuros;
A pedra escolhida deverá ser guardada em separado e
usada em rituais nas quais ela seja apropriada. Por ex.:
caso sua pedra seja um quartzo rosa, usá-la em rituais
amorosos é sempre bem indicado.
FIOS DE CONTA NO
CULTO DE EXU &
POMBAGIRA
N
o contexto da Quimbanda (assim como em vários
outros cultos) os fios de conta não são apenas
adornos, e sim artefatos de proteção, que portam as
bênçãos dos espíritos (como os Mestres Pessoais), e
protegem o campo energético do adepto (com as
energias com que foram carregados) durante suas
práticas ritualísticas e/ou cotidianas, conforme o caso.
São elaborados conforme a necessidade do adepto,
levando em consideração as etapas de sua ascensão no
culto, quais as suas entidades tutelares e a que reinos
pertencem, etc.
Embora seja frequente os fios de conta serem
chamados de “guias”, considera-se essa denominação
pejorativa, por motivos históricos: no tempo da
escravidão esse termo designava o negro mais manso
que era colocado no início da fila de escravizados e a
conduzia, por conhecer melhor os caminhos e oferecer
nenhuma probabilidade de se rebelar. Por isso, usar o
termo “guia” é reavivar a condição do negro humilhado e
massacrado física e psicologicamente.
As contas (ou miçangas) são pequenos objetos de
forma arredondada ou cilíndrica de vidro, cristal,
porcelana ou resina com um furo central, que são a base
para a confecção dos fios religiosos. Possuem diversas
cores, tamanhos e formas.
Outros elementos podem ser inseridos (símbolos que
remetem ao Reino), conforme o nível de conhecimento
do adepto sobre seus Mestres pessoais e seu grau
evolutivo no culto. Ex.:

Sementes/favas (guaraná, olho-de-boi, etc.);


Minerais (pedras, cristais e metais);
Partes de animais, como penas, dentes/presas,
vértebras (ex.: as de cabrito têm função de
sustentação);
No caso de Exu que já tenha comido cabrito, pode-
se colocar a arcada no fio.
Em resumo, os fios de conta representam entidades e
cargos; e possuem as funções de identidade, proteção
e energização dos corpos (físico, espiritual). Ex.: fio de
7 pernas é para quem já tem 7 anos de batizado.
Não é recomendável usar fios de nylon para os colares
ritualísticos, pois sendo um material sintético não retém
a energia do sumo das ervas, do sangue e outros
elementos. É preferível que se utilize o fio de algodão
chamado “cordonê”.
Não há consenso quanto ao tamanho: uns adotam até a
altura do coração, outros até a altura do estômago, e
outros até a altura do umbigo.
Na egrégora do Templo Caminhos da Serpente, o
primeiro fio de contas (do batismo) é o “básico”,
composto apenas por contas vermelhas e contas
pretas, e a firma, também vermelha e preta. As
contas devem seguir um padrão de 7, sendo 25
sequências de 7 contas pretas, alternadas com 25
sequências de 7 contas vermelhas, totalizando 50
sequências.
Firmas são pequenos objetos cilíndricos de vidro ou
porcelana que se destacam por ser um marco de início e
fim dos fios de conta. A firma é um elemento
indispensável a todos os fios de contas e exercem a
função de equilibrar energia (algo como um disjuntor) e
estabelecer conexão com as entidades.
As firmas podem ser únicas ou em múltiplos de 7, neste
caso, para adeptos já iniciados em todos os Reinos da
Quimbanda. Também podem ser substituídas por outros
elementos. Ex.: ossos (animais ou humanos), sementes,
pedras, cristais, etc., sendo que o uso de ossos não é
para principiantes, especialmente ossos humanos.
Não é recomendável que os fios de conta sejam
comprados prontos, pois sua confecção manual deve
envolver intenção mágica, ornamentação e estética
personalizadas, e doação de energia pessoal,
principalmente ao fechar o fio com sete nós.
Os fios de conta devem ter seu uso restrito à liturgia do
culto, ou seja, não devem ser impregnados com “coisas
mundanas”: sair de casa, transar, etc. Para tais
situações, usar amuletos, e não o fio de contas.
Para a utilização de contas coloridas, é preciso aplicar
o conhecimento das cores relacionadas aos reinos de
seus Mestres Pessoais.

Azul escuro – Reino da Kalunga Grande


(Praia). Para cada sequência de 7 contas pretas e
7 contas vermelhas, coloca-se 1 conta azul escura;
Branco – Reino das Almas. Para cada sequência
de 7 contas pretas e 7 contas vermelhas, coloca-se
1 conta branca (transparente não é considerado
branco!);
Cinza – Reino do Cruzeiro. Para cada sequência
de 7 contas pretas e 7 contas vermelhas, coloca-se
1 conta cinza;
Dourada / amarela – Reino da Lira. Para cada
sequência de 7 contas pretas e 7 contas
vermelhas, coloca-se 7 contas douradas/amarelas;
Roxo – Reino da Kalunga Pequena
(Cemitério). Para cada sequência de 7 contas
pretas e 7 contas vermelhas, coloca-se 3 contas
roxas;
Verde escuro – Reino das Matas. Para cada
sequência de 7 contas pretas e 7 contas
vermelhas, coloca-se 1 conta verde escura;
O Preto (relacionado à terra) se relaciona a todos os
reinos:
Preto/azul escuro – Povos do Reino da Kalunga
Grande (Praia);
Preto/branco – Reino das Almas;
Preto/cinza – Reino do Cruzeiro;
Preto/dourado – Reino da Lira;
Preto/prata/dourado/amarelo – Povo cigano;
Preto/roxo – Reino da Kalunga Pequena (Cemitério);
Preto/verde – Reino das Matas;
Preto/vermelho – Reino das Encruzilhadas – No caso
de Exu nativo do Reino das Encruzilhadas, para
cada sequência de 7 contas pretas e 7 contas
vermelhas, adiciona-se 1 conta vermelha e 1 conta
preta que se destaquem pelo tamanho e/ou forma.
Alguns Povos podem ter fios apenas com contas
pretas. Ex.: Povo do Inferno, Povo das Trevas, Povo das
Sombras, Povo das Catacumbas, Povo do Lodo, etc.
As cores “extras” podem considerar o Reino e também o
Ponto de Força da entidade. Ex.:

No caso de um Exu que é nativo do Reino das


Almas e cujo Ponto de Força é o Cruzeiro das
Almas, ao fio podem ser acrescidas contas cinzas
seguidas de brancas;
No caso de um Exu nativo do Reino da
Encruzilhada cujo Ponto de Força é a
Encruzilhada da Lira, ao fio podem ser
acrescidas 1 conta preta, 1 conta vermelha e 1
conta dourada intercalando as sequências de 7
contas pretas e 7 contas vermelhas.
As firmas devem ter a cor relacionada ao reino a que a
entidade pertence. E essas cores se referem não apenas
às contas, mas também aos elementos a serem
utilizados. Ex.: Itens prateados (Ex.: hematita) podem
ser utilizados para os Povos do Cruzeiro; itens
amarelos, vermelhos e dourados para Povos da Lira
e da Encruzilhada.
Os elementos podem ser utilizados em quantidades
levando em conta a Numerologia [44], e deve-se utilizar
números ímpares.
Também devem representar características/atributos das
entidades, ou a condição do adepto. Ex.:

Para a Rainha da Lira, utilizar ouro, dourado,


amarelo, vermelho;
Para a Malandragem utilizar dados;
Para Exus de Encruzilhada usar facas, punhais;
Para Exus do Reino das Matas pode-se utilizar
dentes/presas de animais;
Caveiras são utilizadas em fios cujas entidades
sejam dos Reinos da Kalunga Pequena
(Cemitério), Kalunga Grande (Praia), Almas e
Cruzeiro;
Crânios são símbolos que todas as Legiões
utilizam, portanto, podem ser usados como
marcações nos fios de contas;
Para Exu do Lodo pode-se usar coisas
submersas, como conchas e pedras vulcânicas
(Ex.: basalto, obsidiana); pedra da lua, ônix.
Sementes/favas são geralmente usadas por Exus
e Pombagiras do Reino da Mata e da Kalunga
Pequena (Cemitério), em alusão à
ancestralidade. Possuem poder dinâmico e
receptivo. Podem rachar ao receber cargas nocivas.
As mais usadas em fios de conta são: garra-de-
exu ou garra-de-pombagira (Martynia annua),
garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens),
olho-de-cabra (Abrus precatorius).
A montagem do fio de contas deve ser entendida como
um momento de devoção ao sagrado, portanto, requer
entrega, concentração, determinação, visualização e
conexão com as energias cuja presença/atuação foi
solicitada para aqueles momentos.
Deve-se acender uma vela e pensar na entidade.
Durante a confecção, a energia corre em sentido horário,
e o ideal é diferenciar frente e verso.
Após a montagem deve ser feita a consagração [45].

Limpar o fio de contas com tintura de limpeza (de


arruda);
Colocá-lo em um banho com ervas de Exu
(mamona, aroeira), gengibre, cachaça;
Riscar o ponto da entidade;
Colocar uma oferenda com o fio de contas sobre a
comida e deixar por meia hora a 45min., enquanto
medita (neste caso, com oferenda, realizar o sopro
com tabaco e o sopro líquido);
Depois que a vela apagar, retirar, beijar e colocar
no pescoço (e despachar a oferenda devidamente);
Se for o caso de haver assentamento, passar óleo
de consagração e colocar no assentamento.
Há situações em que a consagração é realizada
diretamente por entidades, através de seus poderes. De
qualquer forma, não cabe em Quimbanda se falar em
guias serem “cruzadas”, pois este conceito remete a uma
forma de bênção através do sinal da cruz cristão.
Observações sobre cuidados com os fios de contas:

Os fios de conta não devem ser tocados por


profanos ao culto, pois serão descarregados de
suas bênçãos;
Quando não estiverem em uso no corpo, os fios de
conta devem nas firmações, para manutenção
energética;
Não se deve usar o fio de contas durante relações
sexuais, por conta das trocas energéticas entre os
pares;
Quando for o caso de se alterar a composição do
fio de contas, inserindo novos elementos, os
antigos devem ser mantidos.
Tipos diferenciados de fios de conta:

Brajá – É um longo colar, confeccionado com


pares de búzios abertos, que são encaixados
uns nos outros. Forma um fio semelhante a uma
espinha de peixe, ou escamas de cobra. É usado
diagonalmente, simbolizando a ligação do ancestre
(pelas costas) com o descendente (pela frente).
Originário de cultos tradicionais da África.

Lagdba / Legdba / Laguidbá – Colar que, em


cultos tradicionais da África, é atribuído
principalmente a Obaluaiê/Omolu. É associado à
terra e aos ancestrais. É originalmente
confeccionado com rodelas de chifre de búfalo.
Este colar demonstra o grau hierárquico elevado de
quem o usa.
OFERENDAS NO CULTO
DE EXU & POMBAGIRA

A
s oferendas representam um conjunto de elementos
e itens que agradam a entidade ou a força que está
sendo oferendada, além de potencializar a
manifestação daquela entidade.
Representam também oferta de energia através de
itens que possuem intrinsecamente códigos espirituais
associados a cada tipo de propósito nos trabalhos
espirituais.
Assim como no plano material/físico os alimentos são
geradores de energia e fonte de regeneração, os Exus e
Pombagiras (assim como outras entidades
desencarnadas) eventualmente necessitam de fontes de
energia para atuar no plano material e intervir nas
vidas das pessoas. Esse mecanismo foi percebido e
entendido em várias culturas antigas: africana, celta,
grega, egípcia, suméria, hindu, americana (pré-
colombianas), etc.
O ato de oferendar agracia e fortalece os vínculos entre
os encarnados e divindades ou entidades (espíritos de
mortos) através da entrega de certos itens que carregam
em suas essências o poder dos quatro elementos
formadores (Fogo, Ar, Água e Terra). Portando, as
oferendas devem conter representantes dos 4
elementos:

Terra: comida / flores


Fogo: vela
Água: bebida
Ar: incenso / charuto
O 5º elemento é a energia de quem está ofertando.
O principal elemento de Exu e Pombagira é o fogo, que
prevalece sobre os demais. Sem o fogo direto ou
indireto (a bebida alcoólica, a fumaça quente dos
charutos e cigarros, comida apimentada, plantas
vermelhas e/ou tóxicas) nenhum outro código será
recebido. Esse é o argumento para considerarmos um
erro grotesco servir água para Exu (com a justificativa de
resfriar a matéria).
Itens que devem/podem constar das oferendas:

Alguidares;
Bebidas;
Comidas;
Incenso;
Objetos variados (Ex.: moedas);
Perfumes;
Plantas (flores, sementes, folhas, raízes, favas,
frutos);
Pós;
Sangue animal;
Tabaco (in natura, cigarros, charutos, cigarrilhas);
Taças;
Velas.
A “comida padrão” de Exu e Pombagira é basicamente
a farofa amarela, pimenta e carne. Outros elementos
e ingredientes podem/devem entrar, mas isso já envolve
especificidades. A comida não deve conter itens cozidos
em água (Ex.: arroz).
A farinha de mandioca foi criada pelos índios
brasileiros, mas, através do sincretismo, esse item
passou a ser o ingrediente fundamental do “padê” para
Exu (a farofa). Esse processo foi uma
adaptação/transformação da Umbanda de um ritual do
Candomblé chamado “Ìpàdé”, no qual Èṣù (orixá) é
uma das principais divindades envolvidas. E assim a
farofa para Exu/Pombagira passou a ser conhecida
como padê.
Na Quimbanda existe o entendimento que o preparo
das oferendas para Exu e Pombagira envolve arte e
senso estético, desde a escolha dos materiais até a
decoração de cada oferenda. Cada Exu tem suas
particularidades, porém, alguns itens são permanentes
nas receitas. Mas a sustentação do prato tem sempre
como base a farinha com azeite de dendê e
pimenta.
A farinha de mandioca deve preferencialmente ser
crua e grossa, por ser mais macia e absorver melhor os
óleos e temperos.
A farinha de milho também é um cultivo dos povos
ameríndios inserido no culto de Exu. Historicamente
para tais povos, o milho sempre foi considerado
sagrado, portador de abundância e prosperidade.
Estabelecendo uma comparação, a mandioca “cresce
para baixo”, portanto, sua farinha deve ser priorizada em
trabalhos mais internos, de aterramento; o milho “cresce
para cima”, portanto, sua farinha dever ser priorizada
para objetivos mais externos, como prosperidade
material. Os grãos (no caso do milho) se multiplicam e
carregam a simbologia da fartura.
Em alguns casos, as farinhas são misturadas, mas como
regra geral pode-se estabelecer que as farofas de
farinha de mandioca se destinam às entidades de
Cemitério, Almas e Cruzeiro; e as de farinha de
milho às entidades de Mata, Encruzilhada e Lira.
Entidades de Praia aceitam bem ambas.
Outro item indispensável para a farofa de Exu é a
cebola. Deve-se priorizar a cebola roxa, que possui
menos teor de água, e ela pode ser flambada (no gin,
conhaque ou uísque), para remover o máximo de sua
água.
Quanto às carnes, estas podem ser (conforme as
especificidades) bovinas, suínas, de aves, peixes e
miúdos.

As carnes bovinas se destinam às entidades que


trazem a energia de Encruzilhada, Mata, Praia e
Lira;
As carnes suínas se destinam às entidades que
trazem a energia de Cemitério, Almas e
Cruzeiro;
A carne de peixe (de escamas, ex.: tambaqui)
pode ser ofertada às entidades da Praia e da
Mata;
Comida para entidades do Reino da Kalunga
Grande (Praia) é farofa com peixes e camarão;
Para as entidades de Mata podem ser ofertados
todos os tipos de carne;
De carne bovina pode-se utilizar fígado,
contrafilé, alcatra, coração de alcatra, etc. (o
fígado é o mais recomendado em pedidos de
proteção e limpezas);
Coxas e miúdos de frango são geralmente para
Pombagira;
Coxas de frango podem ser para Exu;
Utilizando-se carne malpassada (mais crua) o
código é que o pedido seja atendido mais
rapidamente;
Utilizando-se carne bem passada, o código é que
o atendimento ao pedido seja mais meticuloso,
mais caprichado;
As carnes podem ser temperadas (alecrim, folha
de louro, manjericão, colorau/urucum) e devem ser
fritas no azeite de dendê, com pimenta dedo-
de-moça picada;
Embutidos são partes do porco moídas com
temperos fortes (páprica, pimenta, cebola) e
acondicionadas dentro de uma tripa lavada, um
item culinário que veio de Portugal no processo de
colonização. São apreciados por alguns espíritos (é
uma particularidade).
As comidas para Exu e Pombagira podem ser brancas,
pretas e vermelhas.
As comidas brancas são para pedidos de paz e proteção.
As comidas pretas são para equilibrar os ganhos e
gastos.
As comidas vermelhas são para ações externas, como
abertura de caminho, amor, etc.
Outros itens que podem fazer parte da farofa:

Óleo de pimenta – poder ígneo;


Pimenta picada;
Salsinha;
Cebolinha;
Ovos cozidos esfarelados – Símbolo do nascimento,
criação, fertilidade e harmonia;

Açafrão, Curry, Páprica – Temperos que conectam a


oferenda às Linhas do Oriente (Povo da Lira);

Búzios – Simbolizam dinheiro, prosperidade e


comércio;
Moedas – Simbolizam riqueza, pedido de ajuda
financeira.
Itens que podem complementar a oferenda de farofa
salgada:

Batatas – A batata é considerada um dos alimentos


mais resistentes às adversidades. São usadas
como complemento nos pratos de Exu e
Pombagira para carregar de força, resistência e
energia. Deve-se utilizar a batata calabresa, frita
no azeite de dendê mexendo no sentido horário,
até que suas cascas estejam levemente torradas;
Pimentas inteiras (malagueta ou dedo-de-moça) –
Elemento ígneo e símbolo de dinamismo;
Ataré (pimenta-da-costa) – fogo, proteção e
ancestralidade;
Ovos cozidos inteiros – Símbolo de nascimento,
criação, fertilidade e harmonia;
Ovos crus – Absorção de energias nocivas;
Feijão Preto – O feijão foi introduzido nos cultos
afro-brasileiros ao longo do processo de
colonização. A tradição de servir o orixá Ogum com
feijão preto torrado foi absorvida pela
Quimbanda e modificada para servir Exu. O feijão
deve ser torrado no azeite de dendê. Isso
garante ao prato servido a Exu, velocidade, força e
proteção;
Pipoca – O milho de pipoca a ser servido nas
oferendas deve ser estourado no azeite de dendê.
Simboliza a alquimia da vida e da morte, usada
para transmutar as polaridades e reverter as
situações difíceis;
Milho – O grão de milho é símbolo da fartura e da
reconstrução. É frito no óleo de dendê e levemente
torrado;
Obi (vermelho de quatro gomos) – Semente
sagrada nas tradições africanas, foi incorporada ao
culto de Exu na banda da ancestralidade. Sua
presença no prato simboliza a boa sorte nas quatro
direções e reforça a presença dos antigos mestres;
Orogbô – Utilizado em pó na comida para o
aumento de perseverança. Antes de fazer o pó, a
semente é descascada;
Frutas – Costuma-se usar frutas ácidas e cítricas,
como limão, laranja, maracujá e kiwi. Porém, outras
frutas foram introduzidas nessa relação: uva,
maçã, melancia, jaca, groselha, figo, ameixa,
jabuticaba, carambola, mamão, caju, manga, etc.
Não se usa banana, pois pode gerar quizila por
esta ter sido usada como forma de humilhação e
racismo junto aos escravos. O limão é servido em
rodelas, cortado em cruz ou inteiro e decorado com
cravos-da-índia espetados. Quanto à jaca, Exu
aprecia seus caroços assados e passados no azeite
de dendê, ou a farofa feita com esses caroços. A
carambola (geralmente para Pombagira) cortada
tem aparência de estrelas de cinco pontas, o que
remete à ancestralidade. Dentro de uma oferenda,
frutas costumam emanar forças de cura e
harmonia.
Cana-de-açúcar – A cana é o caule de uma
gramínea. Pode ser cortada em pequenos pedaços,
moldados como se fossem lanças e colocados
circularmente em torno da oferenda.
Em resumo: feijão preto, milho, lentilha e grãos no
geral são fritos no azeite de dendê antes de servir. O
processo de torrar e fritar remente à transmutação.
Grãos e frutas são servidos à parte do prato principal.
Não se costuma utilizar sal devido seu poder drenador.
O USO DO FUMO/TABACO
(CHARUTOS, CIGARROS, CIGARRILHAS E
CACHIMBOS)
O uso das folhas de fumo como charutos e cigarros
remonta, aproximadamente, ao séc. XVII na Europa.
Entretanto, seu uso terapêutico pelos nativos americanos
tem registros anteriores ao séc. XIV.
A fumaça do tabaco é um potente conector com o
mundo ancestral. Os africanos tiveram contato com o
tabaco através dos portugueses, e adequaram-no às
suas práticas espirituais. Os cachimbos (do kimbundo
“kixima” – coisa oca), também usados pelos índios
americanos, representavam o receptáculo sagrado e
comunitário. No uso do fumo em seu contexto místico e
espiritual suas principais funções são expelir as energias
nocivas, descarregar o corpo físico e espiritual das
pessoas, e dar-lhes boas-vindas.
Em oferendas são utilizados cigarros, cigarrilhas e
charutos, conforme as particularidades das entidades.
Espíritos com a última encarnação mais distante
preferem formas mais rústicas, como pedaços de fumo,
por se tratarem de práticas ancestrais.
Espíritos com último desencarne mais recente podem
preferir elementos mais elaborados, como cigarros (de
palha ou industrializados), cigarrilhas e charutos
mais finos.
O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
O uso de bebidas alcoólicas dentro de cultos
necrosóficos ocorre em diversas regiões e culturas. Na
Quimbanda brasileira, as bebidas alcóolicas (assim
como o fumo) são “peças da engrenagem” ritualística.
Os índios nativos do Brasil ritualizavam e celebravam os
mortos com bebidas de baixo teor alcoólico fermentadas
artesanalmente a partir de frutas, raízes, folhas e
sementes (Ex.: cauim dos Tupinambás, obtido da
fermentação alcoólica da mandioca ou milho).
Nos cultos tradicionais da África a bebida alcoólica
eletiva era o vinho de palma, (chamado “emu” em
iorubá e “mandijevo”, “marufo” e “maruvo” em
Angola), obtido a partir da fermentação alcoólica da
seiva do dendezeiro.
No processo de colonização do Brasil, a cachaça obtida
da fermentação e destilação da cana-de-açúcar
começou a ser produzida em algum engenho do litoral,
supostamente entre 1516 e 1532.
Como os engenhos funcionavam a base de mão-de-obra
escrava (nativa e africana), não tardou para que a
cachaça fosse inserida no contexto sociorreligioso desses
povos.
Dessa forma, as bebidas usadas tradicionalmente foram
substituídas, e atualmente, quando usamos a palavra
“marafo” estamos nos referindo à cachaça ou pinga e
não ao vinho de palma.
O culto de Exu e Pombagira dentro da Quimbanda
brasileira carrega a mescla de práticas e heranças
ancestrais oriundas de ameríndios, europeus e
africanos que, ao longo de sua estruturação como
caminho espiritual (e mesmo como sistema mágico),
absorveu, se apropriou e ressignificou muitos elementos.
Portanto, o uso da cachaça como substituto do marafo
é apenas um exemplo de adaptação.
A cachaça, com seu alto teor alcoólico, era tida como
uma “água de fogo” cujo poder incitava, evocava e
invocava a força dos Espíritos. A cana-de-açúcar
tornou-se tão presente na religiosidade que foi
considerada o elemento doce que mais agrada os Exus
(trata-se do caule de uma gramínea, e da mesma família
botânica do milho), assim como a garapa (caldo de
cana), uma das bebidas que apaziguariam tais espíritos.
Ao longo dos séculos a espiritualidade foi sendo moldada
em Legiões que se agruparam por compatibilidade
ancestral e afinidade energética, o que fez com que
outros tipos de bebidas (tanto destiladas quanto
fermentadas) fossem inseridos: uísque, gin, vodka,
licores, absinto, vermute, champanhe, vinho,
conhaque (vinho destilado), etc., porém, a bebida de
base do culto sempre será a cachaça.
As bebidas alcoólicas são carregadas de energia do
elemento fogo, portanto, capazes de consumir
emanações adversas e ativar o elemento nos
receptáculos e imagens. São úteis no processo de
abertura de caminhos e portas astrais. Nas guerras
astrais, as bebidas são importantes ferramentas de
manipulação de falanges que turvam, embriagam e
confundem os oponentes.
Existe o entendimento que determinadas bebidas podem
ser temperadas para sinalizar a Exu ou à Pombagira
um propósito específico. Alguns elementos que podem
ser utilizados: canela-em-pau, cravo-da-índia, anis-
estrelado, mel, cardamomo, aroeira-vermelha, carqueja-
doce, catuaba (casca), emburana (sementes), sassafrás,
gengibre, pau-ferro, atarè (pimenta-da-costa), outras
pimentas, etc. Porém, para utilizar esses temperos em
bebidas é necessário o conhecimento do código
transmitido por cada um deles, e das particularidades
da entidade (Ex.: a que reino pertence).
O copo ou a taça são receptáculos que fazem analogia a
um útero, no qual pedidos, desejos e segredos são
transmutados. Antes de serem utilizados de forma
ritualística devem ser purificados espiritualmente com a
fumaça de charuto ou o incenso.

O SOPRO COM O FUMO/TABACO

Quando a fumaça do tabaco é soprada pelo adepto em


oferendas, pontos riscados ou assentamentos, repele as
energias nocivas. Além disso, por vir aquecida pela
brasa, aquece também o hálito que é um intermediário
da comunicação espiritual com entidades e divindades, e
neste caso, como o hálito e a saliva estão sendo
carreador pelo ar (elemento relacionado ao plano
mental), isto transmite aos espíritos informações sobre
nossos conteúdos mentais.

O SOPRO COM A BEBIDA ALCOÓLICA

Soprar a bebida é colocar um pouco dela na boca


enquanto vibram-se as intenções e, com os lábios
entreabertos, soprar com grande pressão em oferendas,
imagens, assentamentos, firmações ou pontos riscados
(soprar, e não cuspir!). Esse ato reproduz
metaforicamente o ato de despertar vida em algo
inanimado, como é relatado em diversas lendas nas
quais os Deuses criaram o homem a partir do barro e
sopraram seu hálito divino concedendo-lhes vida
material. Além disso, este sopro carreia a saliva contendo
o código genético do adepto, o que estabelece conexões
ancestrais. No caso do sopro líquido, como o hálito e a
saliva estão sendo carreador pela água (elemento
relacionado ao plano emocional), isto transmite aos
espíritos informações sobre nossos conteúdos
emocionais.
Tabaco & bebida alcoólica:

O tabaco e a bebida alcoólica são usados


para regular, modificar a velocidade,
dissolver, espalhar, conectar e controlar as
descargas de energia ígnea.
Exu e Pombagira perfuram os campos
com a fumaça, mas penetram na alma das
pessoas através da bebida.
A água e o fogo são antagônicos, portanto,
o fogo líquido (bebida alcoólica) flui
transmutando pela via onde existe mais
vulnerabilidade, que é a emocional.
O USO DAS VELAS

Velas são usadas em praticamente todas as tradições


mágico-religiosas, em práticas destinadas a diversas fins:
devoção, cura, destruição, abertura de caminhos, etc.
Nas práticas mágico-religiosas a vela é um instrumento
que direciona o desejo de quem a acende
potencializando-o através do elemento fogo.
Vela simboliza o fogo e a terra. As matérias-primas
mais antigas são a gordura animal e a cera de abelha
(esta tem a vantagem de não emitir cheiro). No séc. XIX
começou-se a utilizar parafina, que por ser derivada do
petróleo possui muita energia ígnea [46] e ctônica [47], e
polaridade dinâmica. Em princípio a cor da vela não
influencia a ativação, entretanto, podem ajudar como
códigos no direcionamento das intenções:

Amarela: criatividade, expansão e abertura de


caminhos;
Azul: sensibilidade psíquica, clarividência;
Branca: cor neutra, pode ser usada para qualquer
fim;
Dourada: riqueza e prosperidade material;
Marrom: riquezas da terra, abertura de caminhos,
situações de disputa judicial ou comercial;
Prateada: atração de dinheiro e afastamento de
concorrentes;

Preta: ocultamento, rituais de ataque, proteção,


fortalecimento da fé e poderes obscuros;

Rosa: adoçamento de relações;


Roxa: conexão com poderes obscuros dos mortos,
especialmente espíritos do Reino da Kalunga;
Verde: conexão com os espíritos do Reino das
Matas;
Vermelha: usada para questões amorosas, sexuais
e de sedução; também em disputas, incitação de
combates e destruição de inimigos.
Como regra geral, nos trabalhos com Exu e Pombagira
se utilizam velas bicolores (vermelha e preta), que
antes de serem usadas devem ser limpas espiritualmente
com tintura de arruda.
Observações sobre velas:

Não apagar velas soprando-as. Molhar as pontas


dos dedos para apaga-las;
Não apagar velas em feitiços: elas devem se
consumir até o final;
Não acender nada (Ex.: cigarros) na chama de uma
vela que foi acesa para um Exu/Pombagira;
Para fixar a vela em uma superfície, mantê-la na
posição vertical, aquecer sua base com
isqueiro/fósforo, e depois fixa-la na superfície
desejada. Nunca tombá-la para que caiam gotas de
parafina derretida e então fixa-las;
Em superfícies irregulares ou quando não se deseja
fixar as velas diretamente no chão, pode-se usar
moedas como base (fixar a vela na moeda e então
depositar na superfície). Não usar esse
procedimento em trabalhos de ataque e/ou
destruição.

PREPARANDO & MONTANDO A OFERENDA: UM


EXEMPLO

A farofa salgada básica (para cada alguidar)

≅ 200 g de farinha de mandioca ou farinha de


milho (ou ambas);
≅ 100 ml de azeite de dendê;
≅ 200 ml de cachaça ou outro destilado ;
[48]

01 cebola roxa picada;


07 pimentas dedo-de-moça picadas;
03 rosas vermelhas;
03 cravos vermelhos;
01 charuto;
01 cigarrilha.
(≅ símbolo de aproximadamente)
Remover os “cabinhos” (partes que as conectam ao
caule) de 14 pimentas dedo-de-moça. Não retirar as
sementes (que representam expansão e procriação). 7
serão espetadas em cada uma das oferendas durante
suas montagens finais (no caso de uma oferenda para o
casal “Exu & Pombagira”). Pimentas espetadas “para
cima”: o código é “emanar”. Pimentas espetadas “para
baixo”: o código é: “drenar”.
Cortar 2 pimentas dedo-de-moça em rodelas finas.
Remover todos os espinhos das rosas.
Cortar as duas cebolas roxas em rodelas e separar
quantidades suficientes para decorar ambas as farofas (7
ou 9 rodelas em cada). ⅓ destas cebolas será usado
picado para refogar os miúdos de frango para a
Pombagira, e a carne para o Exu. As carnes e os
miúdos devem ser frescos (sem sal).
A etapa seguinte será realizada em duas partes (a fritura
da carne do Exu e a fritura dos miúdos da Pombagira /
a feitura da farofa do Exu e a feitura da farofa da
Pombagira):
Em uma panela de tamanho adequado aquecer o azeite
de dendê (≅ 200ml). Quando este ferver, colocar as
rodelas de pimenta e a cebola picada. Acrescentar o
bife/fígado, deixando bem passado ou malpassado
conforme o intento. Retirar e reservar.
No azeite de dendê quente que ficou na panela,
acrescentar a farinha de mandioca, de milho, ou
ambas, e também a cachaça, mexendo com colher de
pau de forma que fique uma farofa amarelo avermelhada
e úmida. Retirar e reservar.
Na mesma panela aquecer o azeite de dendê (≅
200ml). Quando este ferver, colocar as rodelas de
pimenta e a cebola picada. Acrescentar os miúdos de
frango, deixando bem passado ou malpassado conforme
o intento. Retirar e reservar.
No azeite de dendê quente que ficou na panela,
acrescentar a farinha de mandioca, de milho, ou
ambas, e também a bebida da Pombagira (vinho
branco, vinho rosé, espumante, etc.), mexendo com
colher de pau de forma que fique uma farofa amarelo
avermelhada e úmida. Retirar e reservar.
Em seguida começa a montagem das oferendas dentro
dos alguidares.
O alguidar, ou oberó, é uma tigela feita de barro, cuja
boca é muito maior do que a base. É nesse recipiente
que são montadas as oferendas de Exu, pois a força fica
concentrada e não se espalha. Esotericamente simboliza
a terra que foi modelada pela água, secou ao vento e foi
queimada no fogo. É o simbolismo do grande útero que
concede a vida e a realização dos desejos e
necessidades. Também pode portar a energia de espirais
crescentes e decrescentes, conforme a intensão.
Antes de usar o alguidar deve-se lavá-lo em água
corrente e depois com alguma bebida destilada ou
com banho de ervas (o banho que for tomar conforme
o objetivo). Pode-se usar carvão para gravar pontos
riscados e potencializar ainda mais as oferendas ou
besuntar a peça com azeite de dendê ou óleo de
rícino (de mamona). Quando o prato é servido para
apaziguar a ira de Exu (último caso), pode-se untar o
alguidar com banha de orì (manteiga de Karité).
Deve-se forrar o alguidar com folhas de mamona, de
bananeira, ou de couve (folhas de verde mais escuro
são mais ricas em ferro), assim como a comida pode ser
servida diretamente na folha, sem o alguidar. Não se
deve forrar com alface por sua propriedade
calmante/sonífera, mas esta pode ser utilizada para
forrar oferendas para Maioral. As folhas antes de serem
utilizadas devem passar pela limpeza física (lavar em
água corrente) e pela purificação espiritual (a tintura de
arruda ou o sopro com cachaça).
Deve-se defumar o ambiente do preparo da comida e da
oferenda, e ativar os pontos riscados, que devem ser
utilizados conforme a destinação das oferendas (os
Mestres individuais ou outros). O uso dos pontos deve ser
cauteloso e a ativação dos mesmos é necessária para o
correto direcionamento energético. Caso não se saiba o
ponto específico de seus Mestres, utilizar o tridente
quadrado para Exu, e o tridente arredondado para
Pombagira. Os pontos podem ser riscados (desenhados)
com pemba, efun ou giz, e a ativação pode ser com
pólvora, enxofre, fogo, sopro com fumo, sopro com
bebida alcoólica, sopro com pós (como o sopro dos 7
metais: mistura-se os pós de ouro, prata, bronze, cobre,
ferro, chumbo e estanho e esse pó é soprado dentro do
ponto riscado). A ativação também pode ser através de
sangue (de animal ou o próprio), mas este método
requer absoluta segurança espiritual, caso contrário,
poderá ocorrer vampirização.
Um código para pedido de prosperidade é soprar no
ponto riscado com pó de chave e de pedra yangui.
A montagem da oferenda atende à dualidade de
polaridades: sendo montada uma oferenda para um
casal “Exu & Pombagira”, a oferenda para Exu é
montada à direita (dinâmico) de quem faz, e a oferenda
para Pombagira é montada à esquerda (receptivo) de
quem faz.
Em cada “unidade”:
A comida (no alguidar ou na folha) é colocada no
centro à frente;
A vela é colocada à direita do alguidar;
A bebida é colocada no copo ou taça à esquerda do
alguidar;
O charuto (ou cigarro) é colocado em cima da boca
do copo (ou taça) à esquerda do alguidar;
A garrafa é colocada à esquerda do alguidar, atrás
do copo (ou taça);
O incenso é colocado à direita da vela;
A flor é colocada à frente do alguidar, ou à sua
direita, na oferenda do Exu; e à frente do alguidar
ou à sua esquerda, na oferenda da Pombagira.
A montagem do alguidar deve seguir a ordem:

O chão onde as oferendas serão arriadas dever ser


limpo fisicamente e purificado com cachaça ou
tintura de arruda, e forrado com folhas de mamona
ou de bananeira;
Forrar o alguidar com folha de mamona ou
bananeira;
Colocar a farofa no alguidar de forma que fique
bem prensada e plana (e não fofa);
Espetar as 7 pimentas dedo-de-moça com a ponta
para cima ou para baixo (conforme o intento) e
circularmente em sentido anti-horário na farinha;
Colocar a carne no centro/topo da farofa,
internamente ao círculo de pimentas;
Arrumar as rodelas de cebola roxa ao redor da
carne;
Acrescentar outros itens, se for o caso (moedas,
etc.);
Arriar o alguidar (a comida dever ofertada de
morna a quente);
Acender a vela;
Se utilizar incenso, posicioná-lo à direita da vela;
Acender o charuto/cigarrilha e fazer o sopro com
fumaça;
Servir a bebida alcoólica no copo/taça e fazer o
sopro líquido;
Depositar o charuto/cigarrilha na boca do
copo/taça, com o fundo virado para a oferenda;
Depositar as flores à frente do alguidar, ou à sua
direita, na oferenda do Exu; e à frente do alguidar
ou à sua esquerda, na oferenda da Pombagira;
Se posicionar de joelhos à frente das oferendas e
fazer as rezas e pedidos.
Como regra geral, esta sequência descrita, se for
realizada por adepto homem, deve ser feita primeiro na
oferenda do Exu, e em seguida, na oferenda da
Pombagira; e se for realizada por adepta mulher, deve
ser feita primeiro na oferenda da Pombagira, e em
seguida, na oferenda do Exu. Mas como ocorre em
muitas situações, isso envolve particularidades, e essa
ordem pode ser diferente considerando a entidade
“frenteira” [49] da pessoa, ou seja, o mais importante é
priorizar a ordem de compatibilidade e afinidade
energética com a polaridade do espírito. Neste contexto,
considerar que as entidades que carregam em seu nome
o nº 7 são tanto dinâmicas quanto negativas.
Obs.: é possível consagrar uma pedra para uso pessoal
colocando-a no meio da comida da oferenda. Depois
removê-la e guardá-la embrulhada em um pano preto.
O preparo e a montagem das oferendas devem ser
realizados com foco, atenção, concentração e
devoção, para que se mantenha a energia e a conexão,
de forma que as estrutura energéticas que compõe a
oferenda sejam absorvidas pelas entidades conforme a
codificação transmitida. O conjunto do processo por si
constitui um ordálio [50] para a obtenção de um
resultado.
O acender das velas deve ser acompanhado com
saudações para Exu e Pombagira, como por exemplo:
“Laroyê Exu!”, “Laroyê Pombagira!”.
Todas essas etapas e procedimentos devem seguir o
princípio “cantar & encantar”, ou seja, devem ser
acompanhadas pela verbalização e por pontos
cantados, que são uma forma de direcionar energias
para sintonizar a frequência de nossos mentores
espirituais e nos harmonizarmos para estabelecer essa
conexão. Neste caso, os pontos de interesse são os de
chamada, para evocar a presença de Exu e Pombagira
no ambiente. Ao sentir a presença da entidade, fazer os
pedidos.
Obs.: O adepto não deve comer os
alimentos/ingredientes que foram utilizados nas
oferendas até que elas sejam despachadas, pois existe o
entendimento que quando as entidades estão
“comendo”, a ingestão de alimentos da mesma natureza
por parte do adepto irá interferir no processo.
Sobre o tempo de permanência das oferendas:

Se a oferenda for no templo, pode ficar por 3 dias,


acendendo-se velas todos os dias;
Pode-se despachar no dia seguinte;
A rigor, quando as velas findam, o portal
energético começa a se fechar por ausência de
energia ígnea, portanto, já é possível despachar.
Sobre a natureza dos pedidos: as ofertas devem ser
recorrentes até a obtenção de um propósito/objetivo
almejado. É contraproducente fazer vários pedidos
diferentes em uma mesma oferenda, principalmente se
envolverem naturezas antagônicas (Ex.: na mesma
situação de oferenda pedir prosperidade para alguém e a
morte de outro).

O DESPACHO DAS OFERENDAS

Findo o tempo necessário, os itens sólidos (cigarro,


charuto, flores) devem ser posicionados nos alguidares,
que devem ser embrulhados com morim preto (aprox.
0,70m x 0,70m) dando-se nós em cada par de pontas
opostas.
Transportar os itens a serem despachados até um ponto
de força (Cruzeiro, Encruzilhada ou Estrada), cujo
respectivo guardião deve ser “pago” com 7 moedas
correntes, ao se pedir permissão para utilizar daquele
local para fins de despacho:

Cruzeiro:

Pagar Exu Rei do Cruzeiro & Pombagira Rainha do


Cruzeiro;

Encruzilhada:

Pagar Exu Rei da Encruzilhada & Pombagira Rainha da


Encruzilhada;

Estrada:
Pagar Exu Tranca Rua Estradeiro, e saudar
também Exu das Almas & Pombagira das Almas.
Uma opção é, ao despachar, sempre priorizar o sopé de
uma árvore (direto na terra).
Despejar as bebidas (conteúdo da garrafa, copo/taça)
realizando um círculo (primeiro em sentido anti-horário e
depois em sentido horário), e dentro desse círculo
depositar o alguidar envolto no morim preto.
Repetir esta etapa com a outra oferenda.
Uma vez que o alguidar foi forrado com as folhas de
mamona ou bananeira, uma alternativa ecológica é
remover o conteúdo do alguidar junto com as folhas, de
forma a não deixar este no local do despacho, bem como
as garrafas vazias.

OBSERVAÇÕES SOBRE A ÁGUA DA CHUVA NA


QUIMBANDA

Não se pode fazer oferenda em pontos de força em


dias com chuva;
Não se utiliza água de chuva no culto pois ela vem
carregada de Prana [51];
Não se utiliza água de chuva em banhos;
Não se pega terra para Exu em dia de chuva;
Chuva aterra a energia.
DEFUMAÇÃO, BANIMENTO
E LIMPEZA NO CULTO DE
EXU & POMBAGIRA
Defumação – É a fumigação (ato de provocar
vapor, fumaça, gás, etc.) de um ambiente ou
objeto a fim de criar um microcosmo propício
para determinado fim (não apenas limpeza),
através da queima de plantas secas e/ou outros
elementos, que podem ser resinas, minerais e
partes de animais (sempre secos).

Banimento – É o ato de banir (expulsar), e no


contexto ritualístico, se refere à eliminação da
energia que já serviu ao seu propósito, e, portanto,
é desejável que seja findada. O termo também se
aplica ao ato de “expulsar” alguma entidade
indesejada, mas na Quimbanda não se usa
banimento no trabalho com Exu, e sim limpeza e
defumação.
Na defumação ocorre a incineração de ingredientes
oriundos do elemento Terra (ervas, minerais, cinzas)
através do elemento Fogo (brasas) e sua expansão pelo
elemento Ar. Utilizando o carvão em brasas é possível
queimar as ervas, resinas, etc., para a produção de uma
fumaça “sacralizada” que pode ter como objetivo
limpeza e purificação espiritual, energização do
ambiente, consagração de itens, etc. É possível
defumar ambientes, pessoas e objetos.
A defumação é praticada há milênios em contextos
religiosos, utilizando diferentes elementos conforme a
civilização e cultura; e como prática recorrente dentro do
culto de Exu, possui seu protocolo de procedimentos.
Para realizar a defumação é necessário:

O recipiente que comportará os elementos a serem


utilizados, que pode ser um alguidar de barro,
um turíbulo, ou ainda uma alternativa feita de
forma artesanal, utilizando uma lata de leite em pó
na qual foram realizados diversos furos ao redor e
adicionadas correntes para que possa ser suspensa
e balançada (na prática esta é a opção mais
funcional);
Carvão vegetal;
Os itens a serem queimados, que podem ser partes
de plantas e animais secos, resinas, minerais.
Uma vez definido o recipiente, inicia-se por fazer o
carvão ficar em brasas (geralmente com a adição de
álcool, que é mais seguro na forma de gel) e em seguida
se acrescentam os itens a serem queimados.
Uma alternativa sem carvão é, num alguidar, utilizando
como combustível o defumador Mãe Maria (que
queima sem brasa), acrescentar os itens.
A defumação deve ser realizada ao mesmo tempo em
que se reza e/ou canta, para que a intensão possa ser
conduzida pelo elemento Ar.
Na defumação de limpeza/descarrego é preciso que o
ambiente esteja aberto, e esta deve ser realizada a partir
do cômodo mais interno em direção à porta, e depois
fechá-la.
O recipiente em que está ocorrendo a queima deve ser
deixado do lado de fora da porta, do lado direito. Esta é a
etapa em que o feitiço está “curiando”, ou seja, sua
ação está em andamento.
A defumação para prosperidade se faz da entrada
para os fundos (o que desejamos expulsar levamos para
fora, o que desejamos que venha é trazido para dentro).
A defumação de limpeza deve ser realizada durante a
lua minguante, de preferência em um sábado (dia
regido por saturno). A defumação de harmonização
deve ser realizada durante a lua crescente, de
preferência em uma quinta-feira (dia regido por
júpiter).
Para se conectar com energia dos Povos da Lira, a
defumação deve ser feita em um domingo (dia regido
pelo sol).
A utilização de incensos, assim como charutos,
também é considerada defumação.
O fumo / tabaco é uma planta quente e uma espécie
de folha de poder. Originalmente usada nos rituais
indígenas, possui diversas funções dentro do culto de
Exu. A folha verde serve para banhos de limpeza e
purificação, já quando seca, é usada nas práticas em que
se evocam espíritos através da fumaça, bem como
despertam suas forças ígneas. Quando as folhas secas
são usadas em defumação, estimulam energias de
renovação que propiciam novos rumos e novos começos.
Quando a fumaça do tabaco é soprada pelo adepto em
pontos riscados ou nos assentamentos, repele as
energias nocivas. Além disso, por vir aquecida pela
brasa, aquece também o hálito que é um intermediário
da comunicação espiritual com entidades e
divindades.
Durante a incorporação com Exu, o tabaco torna-se uma
arma mágica, purificando o campo energético do adepto
e desobstruindo o fluxo entre seus centros psíquicos
(também conhecidos como chacras). É um elemento
purificador e reequilibrador.
Sempre que se for realizar procedimentos de limpeza
espiritual (como defumações, por exemplo) é importante
antes limpar o chão, o que pode ser feito se utilizando
waji, sal grosso, ou arruda, dissolvidos em água e
passados no chão.
Também pode se utilizar a principal tintura de limpeza
de culto de Exu & Pombagira, que é de arruda, capaz
de consumir e repelir larvas astrais, energias estagnadas
e descargas emocionais deletérias. É usada para
limpeza/purificação do chão onde atos ritualísticos serão
realizados; de objetos ritualísticos a serem utilizados
(Ex.: velas); de animais que serão sacrificados; assim
como para abrir e fechar os pontos riscados (após a
ritualística, usar a tintura de arruda para apagar o ponto
riscado do chão).
Para a confecção da tintura, a arruda fresca deve ser
macerada ritualisticamente, colocada em um vidro
escuro e limpo a ser completado com álcool 70°. Esta
mistura repousará por 21 dias em ambiente escuro, e
após, será coada e novamente armazenada em frasco
escuro, estando pronta para uso e podendo ser
armazenada por até 2 anos.
O uso de pólvora também é considerado defumação
(porém deve ser evitado onde houver firmações e
assentamentos).
Pólvora é a designação de qualquer mistura pouco
explosiva de substâncias, que queima com rapidez,
usada como carga propelente em armas de fogo, ou
agentes explosivos em atividades de mineração e/ou
desobstrução, e também em fogos de artifício. A primeira
dessas misturas, existente no oriente desde o século IX
(d.C.), convencionou-se chamar pólvora negra no
ocidente. Esse primeiro explosivo químico conhecido,
consiste em uma mistura de enxofre (S), carvão vegetal
(C) e nitrato de potássio (salitre, KNO3). O enxofre e o
carvão atuam como combustíveis, enquanto o salitre é
um oxidante.
Com base em textos taoístas, a pólvora foi uma
descoberta chinesa feita por alquimistas que buscavam
elixires para a longevidade. Esse pó tem uma grande
capacidade explosiva e pode gerar uma onda de pressão
muito alta.
O contato das religiões com a pólvora tem origem
incerta, entretanto, acredita-se que na África tenha
ocorrido mais precisamente na região de Uganda onde se
localiza a cidade de Lira. O intenso comércio que existiu
naquela região provavelmente trouxe de outras regiões a
famigerada fundanga (pólvora na língua kikongo). A
palavra equivalente em iorubá é tuyo, que significa
expelir (deslocar, jogar para fora). No Brasil, essa palavra
passou por transformações fonéticas e se tornou tuia. Os
índios Guaranis chamavam-na de “língua de fogo” em
alusão a língua da serpente.
Fundanga, Tuia, Língua de Fogo, Pó Preto, Pó de
Fogo, enfim, a pólvora alcançou um lugar de destaque
nos ritos afro e afro-brasileiros. Entende-se que todos os
seus componentes possuem estreita ligação com o culto
de Exu e a queima desses elementos de forma agressiva
possui diversas funções.
A pólvora (fundanga) ao explodir desloca uma
poderosa energia ígnea que afasta, corrói e drena todas
as energias que estão atacando o “escudo astral” do
adepto. Todo parasita astral (larvas) sofre um forte golpe
quando a pólvora é queimada, entretanto, quando se
trata de um vampirismo efetuado por seres obscurecidos,
após o violento golpe que a queima da pólvora
proporciona, estes costumam tentar agredir o adepto que
efetua a ritualística. Por este motivo, o uso da pólvora
para limpeza de corpos, ambientes ou objetos deve ser
feito com todo respaldo necessário para a proteção
espiritual.
Uma opção de defumação de limpeza é colocando
pólvora e enxofre em um alguidar no centro da casa.
O enxofre é um mineral que em temperatura ambiente
se apresenta sólido e tem cor amarela. Encontra-se em
depósitos sedimentares, fontes termais e regiões
vulcânicas, e é classificado na tabela periódica como não
metal. Pode ser utilizado em pedra ou em pó, no âmbito
de limpeza, banimento e defumações, sendo um
poderoso desagregador de energias acumuladas,
paradas, paralisadas. Ele entra na composição da
pólvora e sua reação com o fogo produz dióxido de
carbono, um gás extremamente tóxico. Pode ser utilizado
na ativação de pontos riscados, como elemento ígneo, ao
mesmo tempo em que filtra energias
nocivas/indesejáveis. Pode ser salpicado ou soprado
aleatoriamente dentro do ponto riscado.
As circunstâncias que demonizaram o enxofre
remontam às antigas tradições que cultuavam deuses e
deusas que habitavam os vulcões. Encontram-se
estreitas relações entre os arquétipos relacionados ao
fogo destruidor, à forja, à luz, aos novos caminhos, aos
planos ctônicos, a violência e a dança sensual. Ao longo
do processo de demonização, os deuses e deusas do
vulcão tornaram-se expoentes do mal, da desgraça e do
diabo. Portanto, as montanhas de fogo, dantes sagradas,
tornaram-se locais amaldiçoados e o cheiro que existia
nesses locais foram associados com odores demoníacos.
O culto hebreu descreve o vale do Hinnon ou
Gehinnon, que teoricamente se localiza fora de
Jerusalém. Segundo aquela tradição, tal localidade teria
sido sítio de adoração dos deuses cananeus (como
Moloch) em cujos relatos, crianças eram sacrificadas
sendo jogadas nas fogueiras dedicadas a aquele deus.
Com o fortalecimento do povo hebreu, o culto de Moloch
foi demonizado, bem como o local onde o mesmo ocorria,
que foi transformado em um terreno para incineração de
lixo e de “corpos impuros”, como os de ladrões e
assassinos. O enxofre era usado naquele local para
manter o fogo aceso por mais tempo e purificar o
ambiente, evitando contaminações. E assim, o enxofre
foi associado ao cheiro da própria morte e,
consequentemente, do diabo.
Cascas de alho e de cebola são alternativas para o uso
direto do enxofre (dependendo da situação), por
produzirem menos gases tóxicos do que o seu uso direto,
ao mesmo tempo em que são ricos neste elemento.

Casca de alho – Repleta de energia ígnea e de


enxofre, tem poder de dissolver, libertar e
desintoxicar, afastando obsessores vampíricos.
Excelente em defumações para casos de
vampirismo, em que se sente cansado ao chegar
em casa.

Casca de cebola roxa – A cebola roxa deve ser


priorizada nos trabalhos com Exu por ter menos
teor de água do que as outras variedades (doce,
branca, amarela, etc.). Assim como a casca do
alho, é um poderoso agente de limpeza espiritual.
Defumar com pimentas secas muitas vezes é
necessário, principalmente quando o local ou corpo que
será esfumaçado está sob grave ataque magístico. A
fumaça da pimenta (fruto) é muito tóxica em termos
respiratórios e pode comprometer o trabalho, assim,
pode-se substituir o fruto por folhas de pimenteira.
Mesmo assim, às vezes é preciso que se use os frutos,
afinal, são o receptáculo do espírito oculto das plantas.
Para isso é importante avaliar as condições de ventilação
do local (questão de bom-senso e experiência).
Uso do carvão no culto de Exu e Pombagira
Existe o carvão mineral, o carvão vegetal e o carvão
animal.
Carvão mineral é um combustível fóssil
encontrado no subsolo, uma rocha de origem
orgânica que ocorre como camadas em bacias
sedimentares, resultante do acúmulo de grandes
quantidades de restos vegetais (troncos, raízes,
galhos e folhas de árvores gigantes), em um
ambiente saturado de água (pântanos). O tempo e
a pressão da terra que foram se acumulando sobre
o material transformaram-no em uma massa negra
homogênea – as jazidas de carvão.

Carvão vegetal é o resultado de um processo


chamado pirólise (transformação por aquecimento
de uma mistura ou de um composto orgânico em
outras substâncias) que procura reproduzir o que
ocorre na natureza para que se forme o carvão
mineral. Neste processo a matéria prima é a
lenha.

Carvão animal é o mesmo que o carvão vegetal,


porém feito de matéria prima de origem animal
(geralmente ossos e carcaças).
Na prática, o carvão usado comercialmente em larga
escala é o vegetal.
O carvão é um elemento altamente poroso que filtra e
absorve as energias nocivas. É usado como
combustível em defumações, mas também entra
como elemento em práticas mágicas. É um equilibrador
do elemento ígneo.

Uso do sal no culto de Exu e Pombagira

O sal possui grande capacidade de desagregar energias,


sendo um purificador energético. Entretanto, essa
capacidade não é seletiva: ele drena qualquer energia.
Sal em excesso também dissipa todas as energias
espirituais acumuladas em um objeto mágico ou
assentamento.
Algumas sugestões para defumações:

Para atrair boa sorte: abre caminhos / fortuna /


louro / canela;
Para manifestar calma e harmonia: casca ou flor de
laranja (secas);
Quando se quer ocultar algo ou algum intento: usar
breu em defumações;
Em defumações durante oferendas: mirra &
sândalo;
Para uma limpeza mais agressiva (casa muito
“pesada”): folha de fumo seca / folha de comigo-
ninguém-pode seca / casca ou folha de aroeira /
folha de goiabeira (dar uma torrada nas folhas);
Para equilibrar ambientes:

- Ex.1: sândalo;
- Ex.2: guiné / canela / casca de eucalipto;
- Ex.3: canela / anis estrelado / casca de laranja
desidratada;
- Ex.4: canela em pó / folha de louro / casca de
eucalipto.

Exemplos de elementos para limpeza e proteção


espiritual: enxofre, pólvora, sal grosso, casca de
alho, casca de cebola roxa, arruda, pimenta,
beladona, eucalipto, sálvia branca, guiné, alecrim,
colônia, folha de bambu, urtiga, oliveira.
Exemplos de elementos para harmonia: alfazema,
benjoim, mirra, olíbano, verbena, cascas de frutas
cítricas, hortelã, rosa branca.
Exemplos de elementos para prosperidade e
abertura de caminhos: canela, louro, fortuna,
noz moscada, cravo-da-índia, abre-caminho, anis-
estrelado, levante, manjericão, obì, orogbo.
Exemplos de elementos para atratividade:
violeta, sândalo, patchouli, jasmim, canela,
almíscar, rosa vermelha.
APÊNDICE: INCENSOS

T
ecnicamente, incenso é alguma resina gomosa
(substância viscosa, odorífera, insolúvel na água,
solúvel em álcool e éter) produzida por certos
vegetais. Em tais espécies, durante o tempo de calor e
seca são feitas incisões no tronco e ramos, dos quais
brota continuamente a resina, que se solidifica
lentamente ao contato com o ar.
O termo incenso é também com frequência usado como
sinônimo para o olíbano, uma das resinas descritas
adiante.
Existem comercialmente muitas opções de incensos em
cubos e varetas, muitos dos quais compostos apenas
por essências sintéticas, sem qualquer valor real em
termos de função espiritual.
Os incensos considerados nobres são as resinas de
determinadas árvores, como o supracitado olíbano. Mas
existem outras árvores de cujos caules se obtêm outras
resinas: âmbar, mirra, breu, assafétida, copal, elemí,
estoraque, gálbano, mastique, sangue-de-dragão,
etc.
Exemplo: quando a casca da árvore estoraque (Styrax
sp.) é cortada, emana uma goma, um fluido cremoso que
escorre e endurece em forma de gotas. Esta é a origem
do Benjoim, do qual se obtém um resinoide da
extração da resina por solvente. Desta espécie se obtém
o óleo absoluto de âmbar, o âmbar resinoide, e o
benjoim. O Benjoim da Sumatra e o Benjoim do Sião
são as duas variedades mais importantes cultivadas por
suas gomas-resinas.
Segue uma lista de árvores que são fontes de resinas:

Assafétida (Ferula assafoetida) – Também


conhecida como férula, funcho-gigante ou esterco-
do-diabo, é uma planta originária da Ásia Central
muito utilizada na Medicina Tradicional Chinesa e
na Ayurvédica. A partir de um corte no caule brota
um líquido leitoso, que rapidamente se solidifica e
se transforma numa espécie de goma ou massa
resinosa, que ao secar em contato com o ar
adquire um tom castanho avermelhado. Nesta fase,
esta resina começa a exalar um odor considerado
desagradável, semelhante ao de uma mistura
concentrada de alho e cebola, devido à
constituição sulfurosa de seus componentes. Como
incenso, é largamente utilizado na Índia.

Bálsamo de Tolu (Myroxylon balsamum) – É


uma árvore de grande porte, da família das
leguminosas, encontrada principalmente na região
norte da América do Sul, com casca bastante
espessa e enrugada que produz uma resina, após
cortes na casca da madeira, da qual se extrai o
óleo. O bálsamo apresenta-se como massa seca,
resinosa, friável, de cor castanho-avermelhada,
que amolece por ligeiro aquecimento.

Bálsamo do Peru (Myroxylon pererae) – Árvore


tropical de grande porte, da família das
leguminosas, que produz uma resina, após cortes
na casca da madeira, da qual se extrai o óleo.
Benjoim (Styrax sp.) – Árvore tropical da família
​Styracaceae, nativa da Sumatra, e cultivada
também em Java, Camboja, Vietnã, China e
Tailândia, que produz uma resina, após cortes na
casca da madeira, da qual se extrai o óleo.

Breu branco / Breu preto (Protium


heptaphyllum) – Árvore de médio porte, que
produz uma resina, após cortes na casca da
madeira, da qual se extrai o óleo. Conhecido como
"olíbano brasileiro". Dependendo da variedade
da árvore, da idade e outros fatores, a resina pode
apresentar uma cor acinzentada quase negra,
recebendo o nome de breu negro. Mas está é a
única diferença, já que tanto a resina branca
quanto a escura possuem as mesmas
propriedades.

Cânfora (Cinnamomum camphora) – Conhecida


como canforeira, é uma árvore do mesmo gênero
da que produz a canela. É nativa do Extremo
Oriente, particularmente Taiwan, Japão e sudeste
da China. Esta árvore é a origem da cetona
conhecida como cânfora, uma substância branca,
cristalina, com um forte odor característico e
obtida a partir da seiva. A extração é feita pela
oxidação do pineno (parte principal da essência de
terebentina). Apresenta-se em grandes massas
brancas, grano-cristalinas, translúcidas de cheiro
particular penetrante e de um sabor um tanto
amargo. O óleo de cânfora é obtido por destilação
a vapor da madeira desta espécie. É pouco solúvel
na água, dissolvendo-se facilmente no álcool, éter
e demais solventes orgânicos. Volatiliza-se desde a
temperatura comum. Conhecida desde a
antiguidade, a cânfora é utilizada no preparo de
medicamentos, e como incenso em rituais orientais
(Budismo, Xintoísmo, etc.).

Copaíba (Copaifera spp.) – Árvore de até 30m


originária da região amazônica. Da copaíba se
extrai tanto óleo vegetal como essencial (do
vegetal se destila o essencial), e são bastante
distintos na aparência. O essencial é líquido,
transparente e de aroma mais suave e perfumado.
Já o vegetal é quase uma resina líquida, sendo
mais encorpado, oleoso, mais escuro e com um
aroma mais resinoso.

Copal (Protium copal) – Copal é o nome dado à


resina extraída da casca da árvore Protium copal,
originária do sul do México. Foi muito usado como
incenso durante cerimônias religiosas na civilização
Maia, onde misturado a sangue de sacrifícios
rituais, obtinham visões na fumaça emanada.
Ainda é usado como incenso por vários povos
indígenas do México e da América Central, como
na cerimônia da “tenda do suor” (Temazcal).
Segundo aqueles povos o copal tem forte relação
com a lua, devido a coloração da resina ser
amarelada ou esbranquiçada, conforme o tempo de
formação.

Elemí (Canarium spp.) – É uma resina coletada


nas Ilhas Filipinas, de árvores do gênero Canarium,
principalmente a Canarium Luzonicum. É
conhecida popularmente como manila. Na condição
fresca, esta resina é macia, extremamente
pegajosa e aromática, com uma fragrância frutada,
notas de limão vibrantes e notas de pimenta preta
e pinho. Atualmente seus principais usos são para
produções de vernizes e tintas (devido a sua
grande facilidade de diluir em álcool), e de óleos
essenciais e incensos naturais.

Gálbano (Ferula galbaniflua) – Planta da família


Apiaceae originária do Oriente Médio e do Oeste da
Ásia, cultivado na Turquia, Irã, Líbano e
Afeganistão. Sua resina é usada como incenso
desde a Antiguidade. A goma é colhida através da
incisão das raízes da planta, sendo destilada para a
obtenção de óleo essencial e tratada com
solventes para a obtenção de uma resina. O sabor
é amargo, acre, desagradável, com peculiar odor
aromático.

Ládano / Cistus / Rock Rose (Cistus ladanifer)


– Arbusto originário da França, Espanha e Marrocos.
Era um dos artigos aromáticos naturais mais
usados por vários povos antigos: egípcios, romanos
e gregos conheciam suas propriedades
terapêuticas e o usavam na cosmética, medicina e
práticas religiosas. O óleo é extraído de goma
(resina) retirada das flores.

Mastique / Almecega (Pistacia lentiscus) – O


mastique (também grafado “mástique” ou
“mástica”) ou almecega (ou almácega) é uma
goma-resina obtida de uma árvore (lentisco) que
embora ocorra em todo o Mediterrâneo, a
variedade que produz a resina mastique cresce
apenas na parte Sul da ilha grega de Quios (ou
Quio, ou Chios). A goma-resina é vendida no
mercado na forma de gotas ou lágrimas
arredondadas, com cerca de 5 mm de diâmetro. É
amarelo-clara, brilhante, ficando mais opaca com o
tempo. Pode ser quebradiça, mas amolece em
baixas temperaturas. É muito apreciada por suas
propriedades aromáticas e medicinais, e para a
produção da resina são feitas incisões no tronco da
árvore durante o verão, e com isso ela libera um
látex viscoso que em contato com ar endurece. Os
romanos a mastigavam para limpar os dentes e
refrescar o hálito. Os “Conhecimentos e Práticas do
Cultivo de Mástique na Ilha de Quio” foram
declarados pela UNESCO em 2014 como Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade.

Mirra (Commiphora spp.) – Árvore espinhosa


com flores avermelhadas, cuja casca produz uma
resina, da qual se extrai o óleo. É um artigo
aromático de grande importância desde a
Antiguidade, já tendo sido utilizada em
embalsamamento. Existem mais de uma espécie:

- Mirra da Etiópia / Mirra da Somália (Commiphora


myrrha)
- Mirra doce (opoponax) (Commiphora erythraea)
- Mirra indiana (Commiphora mukul)
Olíbano (Boswellia spp.) – Também conhecido
como franquincenso, é uma resina aromática
obtida de árvores do gênero Boswellia, de
ocorrência na África e Ásia (Oriente Médio, Somália,
Etiópia, Líbano e China). O olíbano era um dos
artigos aromáticos mais utilizados na antiguidade
pelos egípcios. Era usado como incenso, na
preparação de cosméticos e para tratar vários
problemas de saúde. Muito usado para meditação
por possuir substâncias psicoativas.

Palo santo (Bursera graveolens) – Árvore de 7-


18m originária do Peru, Bolívia e Equador, da
mesma família da mirra e do olíbano. Conhecido
como a "árvore dos xamãs", o Palo santo é
muito usado pelos povos indígenas da América do
Sul, onde sua madeira ou seu óleo são queimados
e empregados em rituais religiosos e usos
medicinais. Umas das maiores curiosidades sobre
essa árvore sagrada é que seu óleo essencial é
extraído dos galhos e coração da madeira, porém
mortos. Descobriu-se que quanto maior for o
tempo em que a árvore estiver morta, mais
concentrado e poderoso é o óleo essencial
encontrado em seu interior.

Pinho (Pinus spp.) – Existem inúmeras espécies


de pinheiro, e várias são usadas para extração de
óleo essencial ou de resinas, cujas propriedades
terapêuticas na Aromaterapia são praticamente as
mesmas, assim como seu aroma. Da espécie Pinus
pinaster (pinheiro bravo) se extrai uma resina
de cuja destilação resulta o óleo de terebintina,
um analgésico eficaz para dores musculares entre
outras, integrando a composição de várias
pomadas e cremes analgésicos. A Terebintina é
amplamente utilizada como solvente de tintas,
vernizes e outros produtos (também chamada de
aguarrás).

Sangue-de-dragão (Dracaena draco) –


Conhecida também como dragoeiro, essa árvore é
nativa dos arquipélagos das Canárias, Madeira,
Açores e Cabo Verde, ocorrendo localmente na
costa africana vizinha. O óleo é obtido de
resina/seiva extraída do tronco através de cortes. É
uma resina de cor vermelho escuro, que dá a
impressão que a árvore está “sangrando”, daí o
seu nome. Já era utilizado pelos antigos gregos,
romanos e árabes, com fins medicinais e
ritualísticos. Na Aromaterapia, suas aplicações são
similares às da mirra e do olíbano.
Em sua utilização em
cosmética/farmacologia/aromaterapia, destas resinas é
extraído, com uso de solvente, um óleo absoluto
(geralmente chamado de oleoresina) que difere dos
óleos essenciais (que resultam de destilação) por ter
frações de ceras e resinas, e serem naturalmente
viscosos.
Este texto não se destina a abordar as propriedades
dessas resinas, óleos absolutos e essenciais no
campo terapêutico, apenas elencar fontes de resinas.
Ao optar por incensos em cubos e varetas, deve-se
verificar sua composição, para descartar aqueles feitos
apenas com essências artificiais. Existem algumas boas
marcas artesanais, com componentes únicos (arruda,
canela, palo santo, estoraque, olíbano, mirra, sálvia,
etc.), e compostos:

Instituto Ananda:

Cânfora, Olíbano, Mirra, Arruda, Alfazema, Pinho,


Benjoim, Sal Marinho, Carvão Ativado;
Cânfora, Sal Marinho, Carvão Ativado, Alecrim,
Mirra, Olíbano, Arruda, Alfazema, Pinho, Benjoim;
Cânfora, Sal Marinho, Carvão, Mirra, Arruda,
Alfazema, Alecrim, Benjoim;
Mirra, Olíbano, Benjoim, Almecega (Breu Branco),
Pinho, Sal Marinho, Carvão Ativado;
Óleo Essencial de Alecrim, Flor de Alfazema,
Olíbano, Benjoim, Arruda, Carvão, Sal Marinho e
Alecrim em Folhas;
Olíbano, Almecega (Breu Branco), Benjoim,
Benjoeiro, Mirra, Alfazema, Alecrim, Arruda, Palo
Santo, Carvão Ativado, Sal Marinho;
Resina de Almecega (Breu Branco), Óleo Essencial
de Erva Cidreira, Sal Marinho, Carvão Ativado;
Resina de Benjoim, Resina de Almecega (Breu
Branco), Sal Marinho, Carvão Ativado, Sálvia;
Resina de Benjoim, Resina de Mirra, Alecrim,
Alfazema, Cravo, Sálvia, Sal Marinho, Carvão
Ativado;
Resina de Mirra, Breuzinho, Benjoim, Arruda,
Olíbano, Benjoeiro, Sal Marinho, Carvão Ativado.
Fênix Incensos:

Sal grosso, guiné em pó, resina de breu branco,


carvão vegetal, e resina de olíbano;
Alecrim, Arruda, Guiné, Mirra, Breu Branco, Olíbano
e Benjoim, carvão vegetal;
Cipó-dos-Sonhos: Resina de Breu Branco, bagaço
de Jagube e Chacrona [52], Carvão vegetal, e
resina de olíbano.
Existem os chamados Massala, que é um termo
genérico originalmente utilizado na culinária indiana para
descrever uma mistura de temperos (ervas, especiarias e
aromatizantes), acrescentada em preparações de pratos.
Massala não é uma essência, mas uma mistura de
especiarias. Na verdade, ela é um tipo de incenso
indiano com menos carvão e com alta concentração de
resina e pó de sândalo. A massala tem como grande
característica o seu cheiro mais forte e intenso do que
um incenso indiano comum.
Existe o Defumador Mãe Maria, composto de 7 ervas e
que não precisa de braseiro para queimar, e pode ser
utilizado como substrato para a queima de outros
elementos.
É possível fazer incenso artesanalmente em bastão,
utilizando por exemplo, sálvia branca:
Para preparar este incenso natural, é preciso alguns
ramos de sálvia. Eles deverão ser colhidos a partir do
caule (nunca da raiz), próximos a uma gema apical [53]
para que a planta volte a crescer e germinar, produzindo
novos ramos. Também não utilizar ramos úmidos pois
irão virar foco de bolor e apodrecer.
Sempre colher os ramos em um dia mais quente e sob a
luz do sol, para garantir que os ramos estarão mais
secos. Remover e descartar todas as folhas que
apresentarem algum sinal de doenças e/ou bolor.
Juntar os ramos escolhidos, enrolá-los com uma corda
natural (como algodão, linho, etc.), e amarrar bem firme,
formando um bastão – é importante apertar bastante
porque a sálvia irá encolher um pouco depois de seca (irá
perder água no processo de desidratação). E quanto mais
o fio estiver apertado, mais lentamente as ervas irão
queimar quando o incenso estiver pronto.
Pendurar o feixe feito em um local escuro e seco, onda
haja uma boa circulação de ar, até que tenham
desidratado o suficiente para queimar (isso poderá
demorar algumas semanas).
Para utilizar este incenso natural, basta acender uma das
extremidades e deixar queimar por 2 minutos. Quando o
fogo pegar bem, apaga-lo lentamente soprando e
espalhar sua fumaça pelo ambiente, fazendo a
defumação.
Pode-se associar outros elementos à sálvia, por exemplo,
palo santo.
ATLAS
CONFECÇÃO DE ÓLEOS E
PÓS NO CULTO DE EXU &
POMBAGIRA
O uso de óleos e pós em diversas linhas e vertentes de
magia, feitiçaria e bruxaria atravessa os séculos.
Como a Quimbanda resulta da interação cultural e
miscigenação de povos ameríndios nativos, africanos
e europeus, os elementos utilizados em sua prática
derivam de usos tradicionais desses povos, incluindo
muitos exemplos de ressignificação. Por exemplo, nos
cultos tradicionais africanos, o azeite de dendê é
considerado um elemento frio, e o mel um elemento
quente, atributos que foram invertidos em diversos
contextos afro-brasileiros, nos quais o azeite de dendê
é considerado quente, e o mel é considerado frio [54].
Da herança europeia, parte do simbolismo oculto nos
elementos usados na feitiçaria é baseada na chamada
Doutrina (ou Teoria) das Assinaturas, segundo a qual
na natureza a forma, o aspecto geral, a textura e a cor de
minerais, vegetais e animais poderiam ser indícios de
suas propriedades ocultas.
Paracelso [55] foi um grande defensor e disseminador
dessa doutrina (cujos princípios já apareciam descritos
na obra de Galeno [56] e na Medicina Tradicional
Chinesa).
Della Porta [57] enfatizou-a no âmbito vegetal. Ele
estudava os vegetais e anotava os sinais que indicariam
as propriedades ocultas que estariam gravadas na casca,
na raiz, nas sementes, nas folhas, nas flores, nos frutos,
no caule, na haste, no bulbo ou no talo da planta.
Também suas características de crescimento e forma de
interação com o mundo permitiriam compreender sua
atuação na saúde física e emocional. Ex.:

Aipo ou salsão (Apium graveolens) – Possui talo


branco e rígido. Devido a essa “grande
semelhança” com um osso, estaria indicado no
tratamento de doenças ósseas;
Ginseng (Panax ginseng) – Sua raiz costuma
lembrar o corpo humano. No caso do corpo
masculino, com a estrutura fálica presente e
muitas vezes exagerada. Por isso, é considerado
afrodisíaco;
Abóbora (Cucurbita spp.) – Sua semente é muito
parecida com a proglote de uma tênia, sendo
então, utilizada para tratamento da teníase;
Noz (Juglans regia) – Uma noz parece um pequeno
cérebro, com hemisférios esquerdo e direito, e as
rugosidades do córtex. Seria bom para as funções
cerebrais;
Feijões por terem formato de rins, seriam bons
para os mesmos; figos por parecerem uma bolsa
escrotal seriam bons para a fertilidade masculina;
azeitonas seriam boas para os ovários; o tomate
(assim como o coração) tem quatro câmaras e é
vermelho, então seria bom para o coração, etc.).
Até aqui mencionamos a “lógica” da Doutrina das
Assinaturas com relação a atuação na saúde, mas ela
se expande e possui desdobramentos no imaginário
popular, atribuindo propriedades ocultas a objetos
inanimados. Ex.:

Assim como as chaves abrem portas, são


utilizadas (e seu pó) para abertura de caminhos;
Moedas são utilizadas com a finalidade de atrair
abundância financeira;
Ímãs são utilizados para atrair intentos.
Nesse contexto é preciso levar em consideração que
certas combinações de elementos, objetos, gestos, etc.,
estabelecem “códigos espirituais” que podem
suplantar a fé ou a intenção, pelas mensagens que
transmitem e são identificadas e compreendidas pelo
plano espiritual de forma específica.
O conhecimento das atribuições mágicas dos
elementos e das afinidades e/ou antagonismos entre
eles também provém de orientações espirituais dos
Mestres desencarnados e de processos de gnose de
adeptos.
A realização da feitura de óleos e pós deve ser entendida
como um momento de devoção ao sagrado, portanto,
para a obtenção de sucesso e resultados é preciso
entrega, concentração, determinação, força, preparo
(banhos de limpeza, etc.), visualização e conexão com os
Mestres cuja presença/atuação foi solicitada para
aqueles momentos.
PÓS
Os pós possuem atuação no ambiente, criando
microcosmos. Em relação aos óleos, atuam em maior
escala, de forma rápida, porém de curta duração,
através do elemento ar.
Podem ser utilizados de diversas formas: soprados (e
assim vão carregados de intenções); jogados; colocados
dentro de feitiços ou objetos (Ex.: carteiras, contratos);
queimados em defumações; polvilhados em objetos
ritualísticos; e dissolvidos em banhos.
Considerando que quase tudo o que existe na natureza
pode ser transformado em pó, o processo começa com a
escolha dos elementos. Ex.: Ervas secas, bichos secos,
penas, sementes, favas, carcaças, ossos, chifres de bode,
de cabrito, de boi, de búfalo (chifres são símbolo de
hierarquia e poder, e potencializadores mágicos em
ataques).
Alguns elementos precisam ser torrados antes de serem
pilados, seja pela sua consistência, seja pela sua natureza.
Ex.: bichos secos, penas; ossos às vezes precisam ir ao
fogo várias vezes com álcool, para depois serem pilados
para virar pó e serem peneirados (pode-se utilizar peneira
de açúcar de confeiteiro). Há também elementos que
precisam ser ralados ou lixados.
Antes de pilar qualquer material é preciso conhecer não
apenas as suas propriedades mágicas, como também as
físicas, pois existem elementos tóxicos (Ex.: a fava olho-de-
cabra possui toxinas que podem levar à morte). Ao
manipular tais elementos, deve-se usar máscara e luvas.
Importante observar que não basta seu preparo mecânico
e o pó está pronto para uso. É necessária sua ativação,
que pode ser feita deixando os frascos dentro do ponto
riscado de uma entidade escolhida pela atuação em
consonância com o intento do pó. Para isso o ponto riscado
já deve ter sido devidamente ativado, com o sopro do
tabaco e da bebida, as rezas, e contendo as 7 velas
vermelho e pretas acesas.
Os pós podem ser feitos em pilões de madeira ou de
pedra. Os de madeira devem ser reservados para o uso de
apenas um elemento sempre, devido a porosidade da
madeira reter resíduos. Os de pedra podem ser utilizados
para elementos diversos, pois ao serem lavados, os
resíduos são completamente removidos.
Pode-se colocar pedras (Ex.: brita) para ajudar a pilar,
desde que se lembre de retirar a pedra posteriormente.
Utilizar um pincel para retirar o pó do pilão.
Quando é gerada uma quantidade pequena de pó, é
admissível que se agregue um pó base para aumentar o
volume. O pó base pode ser obtido de pilar pemba ou
yangui, devendo-se priorizar este último por sua íntima
relação com o culto de Exu e Pombagira. A relação entre
o pó base e o pó reagente dever ser 3:1 (3 partes de pó
base para 1 parte do pó reagente). Ex.: 12g de pó base +
4g de pó de bicho peçonhento.
A confecção de um pó estabelece a união de elementos
transformando-os em um único, ou seja, aqueles elementos
utilizados vibrarão em conjunto. Em se tratando de um pó
de vegetais, é necessária a utilização de um veículo
potencializador compatível tanto com os propósitos e
intentos, quanto com as características das plantas como
quentes, frias ou mornas. As proporções devem ser de
70% das plantas escolhidas e 30% de veículo, que pode
ser de pó de:

Carvão vegetal – usado nos pós de limpeza e pós


minguantes (de ataque espiritual), por drenar
energia. As intenções determinam a ação do carvão;
Canela – usada em todos os pós atrativos
(financeiros e sentimentais);
Cravo – usado nos pós de proteção;
Efún – usado quando é necessário forte
apaziguamento interno, paz, harmonia e
tranquilidade, por ser um elemento frio;
Osùn – atrai a força da ancestralidade, amplia o
poder espiritual, livra de infortúnios, e é energético.
Os pós devem ser armazenados em vidros escuros
(como frasco âmbar), ou pintados de preto, ou ter o vidro
guardado num saquinho de pano preto, num local sem
movimentação. Podem também ser guardados em
cabaças. Quando guardados há muito tempo, é necessário
que sejam “despertados” (agitando o frasco/cabaça).
Exemplos de pós combinados:

Pó para harmonizar: canela, hortelã, alecrim, casca


ou folha de laranjeira;
Pó de zorra (para gerar confusão): casa de
marimbondo, barata, cinzas de cinzeiro de boteco ou
de festa, etc.;
Pó para abertura financeira: canela, louro, abre-
caminho;
Pó para desfazer magias nocivas: osùn (como base) e
quebra-demanda.
Exemplos do pó de alguns elementos e suas
propriedades:

Pó de anis-estrelado – favorece os impulsos


sentimentais, incita a paixão, abre os caminhos em
direção à vitória;
Pó de aridan – corta feitiços e é usado para proteção
e encantamento;
Pó de bejerecum (pimenta-de-macaco) – impede o
escoamento energético e a ação de obsessores e
vampiros;
Pó de búzios – atrai boa sorte e intuição;
Pó de cânfora – desobstrui canais energéticos, afasta
energias nocivas, equilibra pensamentos e melhora a
disposição física;
Pó de carvão – absorve energias nocivas;
Pó de enxofre – eficaz na limpeza e desobstrução
energética;
Pó de feijão preto – atrai cura através das correntes
dos mortos;
Pó de grãos de mostarda – afasta obsessores;
Pó de milho torrado – atrai a força de Exu e
Pombagira para abertura de caminhos;
Pó de nó-de-cana – desfaz enroscos e confusões;
Pó de obí – favorece a intuição e a conexão com o
divino;
Pó de orobô – combate injustiças, favorece alegria,
bem-estar;
Pó de ossos – prepara os corpos físico, astral e
mental para novas energias, restaura após ataques
espirituais;
Pó de patchouli – gera sorte e bons caminhos, atrai
dinheiro, emprego, movimento evolutivo, afasta as
consequências da maledicência;
Pó de penas – usado para limpeza espiritual e
libertação de vícios;
Pó de pichuri – pode ser usado no preparo do okutá,
interrompe vampirismo, afasta larvas astrais e
espíritos obsessores;
Pó de sândalo – desperta a inteligência, favorece a
auto estima, afasta o medo e a agressividade
excessiva;
Pó de wáji – promove a conexão com os ancestrais
noturnos, protege contra a negatividade.
Obs.:

Considerando a relatividade de “benéfico” e


“maléfico”: Benéfico para quem? / Maléfico para
quem?
Não misturar itens de destruição com os demais:
pilão, caldeirão, panela de ferro, colher de pau
utilizados para fazer magia de destruição devem ser
separados para serem utilizados somente para esta
finalidade;
Pode-se utilizar um canudo para soprar pó, que pode
ser feito de galho de mamona;
Em caso de pó de destruição, pode-se colocar
algodão na ponta do canudo para soprar. Também
pode-se fazer um canudo de papel com reza de
maldição para dentro para se soprar pós malditos;
Patas de animais como coelho, faisão e galinha-
d’angola podem ser utilizadas;
Penas para pó:

- Penas de gavião, faisão e galinha-d’angola são


utilizadas para axé, caminhos e prosperidade;
- Penas de urubu são utilizadas para limpeza, boa sorte
e harmonização (Ex.: utilizar 3 penas de urubu para
passar na pessoa, depois queimá-las para dissipar a
energia ruim.
ÓLEOS
O que foi explicado acima sobre a Doutrina das
Assinaturas e sobre os elementos que podem ser
utilizados em pós é passível de aplicação na elaboração
e confecção de óleos.
Em comparação com os pós, os óleos possuem poder
agregador energético, e sua atuação é mais
direcionada e em menor escala, pois sua utilização se
dá diretamente em objetos ou no próprio corpo
(dependendo da finalidade do óleo). Podem ser usados
praticamente em tudo (Ex.: corpo, janelas, beirais de
portas, objetos ritualísticos). Óleos têm a desvantagem
de não agirem de forma disfarçada, já que deixam
vestígios onde foram utilizados.
Para a confecção dos óleos, deve-se utilizar como óleo
base o azeite de oliva extra virgem ou óleo mineral
puro. Pode-se colocar quase tudo: metais, moedas, ouro,
prata, ervas frescas ou secas, pedras e extratos.
Antes de irem picadas ao pilão (previamente limpo e
defumado), as plantas devem ter sido separadas
(removidas as partes com imperfeições ou não
saudáveis) e lavadas em água corrente, e depois
purificadas com a aspersão de uma solução de água
com um pouco de vinagre (preferencialmente de maçã).
No caso de utilização de ervas (ou partes de plantas
no geral), estas podem ser utilizadas secas ou frescas.
Devem ser piladas e deixadas em maturação no óleo
por pelo menos 14 dias. Este processo pode ser
acelerado quando se ferve o óleo e se coloca as ervas
picadas. Para harmonizar, deixar por 15 dias antes do
uso. Ervas frescas liberam mais propriedades que as
secas. Uma maneira mais rápida de extração das
propriedades é ferver o óleo e colocar as ervas picadas.
Quando o elemento a ser acrescentado ao óleo é metal
(moedas, etc.) não faz diferença ferver o óleo, sendo
suficiente a sua maturação por 7 dias.
Não se deve ferver o óleo em panela que se usa para
cozinhar, e deve-se mexer preferencialmente com colher
de pau. Uma técnica sugerida é mexer 70 vezes em
sentido anti-horário (para desprogramar) e depois 70
vezes em sentido horário para programar sua
intenção. Colocar o objeto e deixar descansar ou colocar
o objeto e mexer girando. Aplicar sempre os
conhecimentos sobre regência planetária e fase
lunar.
Após findar o tempo de preparo/maturação, o óleo
deverá ser coado em um pano de preferência sem uso e
previamente defumado com mirra, e acondicionado em
um frasco escuro com tampa/rolha. Em seguida
seguir os procedimentos descritos para a ativação dos
pós no ponto riscado ativado seu Mestre
Exu/Pombagira, enquanto reza conforme seus intentos.
Assim como os pós, os óleos devem ser armazenados
fora da incidência de luz solar, em vidros escuros
(como frasco âmbar), ou pintados de preto, ou ter o
vidro guardado num saquinho de pano preto, num local
sem movimentação. Quando guardados há muito tempo,
é necessário que sejam “despertados”, dando 3 tapas
no fundo do frasco.
Exemplos de óleos e suas utilizações

Os óleos para passar no corpo podem ter como


objetivo prosperidade, proteção, e conexão com
sua entidade;
Óleo para proteção: arruda, guiné, olho-de-boi;
Óleo para atrair boa sorte:
- Moedas (podem voltar à circulação após utilizadas);
- Pó de chave;
- Peça de ouro;
- Ervas: fortuna, dinheiro-em-penca, mamona, pingo-
de-ouro, abre-caminho.

Óleo de destruição (manusear com luvas!):

- Vidro de colisão (com sangue é melhor ainda);


- Terra de cemitério, de hospital, de manicômio, etc.;
- Fel de animal;
- Animais peçonhentos;
- Cobra;
- Cabelo de defunto.

Óleo de consagração :
[58]

- 500 ml de óleo;
- 7 búzios (preferencialmente negros);
- 1 galho de arruda;
- Pó de yangui (volume aproximado de uma caixa de
fósforo);
- 7 folhas de guiné;
- 1 folha de mamona;
- 1 olho-de-Exu ou olho-de-cabra;
- 7 bolinhas de pimenta-da-costa (atarê).
Obs.:

Óleos podem ser utilizados em tudo (tênis, cama,


colchão, travesseiro, escova de cabelo, maçaneta,
comida, etc.), inclusive em si mesmo. Pode-se
passar no peito, nas mãos, nos pulsos, em regiões
de fluidez venosa;
Não se deve passar óleo na cabeça, a menos que
seja óleo da sua entidade;
Óleos de entidade são usados em dias de
incorporação;
Óleos podem ser utilizados para vestir as velas e
para fixar pó em amuletos: primeiro besunta-se o
amuleto com óleo posteriormente sopra-se o pó;
É importante etiquetar os frascos para se evitar
uso errôneo.
GLOSSÁRIO: PÓS E
OLEOS
Bejerecum (Croton lobatus) – é uma semente
aromática de cor preta e interior vermelho. Afasta
a negatividade.

Efún – pó de calcário. É um representante do


sangue branco do reino mineral.

Osùn – pó vermelho extraído da árvore Baphia


nitida. É um representante do sangue vermelho
do reino vegetal. É comum a comercialização de
urucum como sendo osùn.

Pichuri / Pixuri (Nectandra pichurim) – é uma


árvore nativa da região norte do Brasil. Seus frutos
são bagas ovoides. É considerada a noz-moscada
brasileira.

Obì (Cola acuminata) – Originário da África e


também chamado de noz-de-cola. A grande
maioria de atos realizados dentro dos cultos
africanos são confirmados através do obì, usado
para a comunicação com a ancestralidade. Obì
possui alta concentração de cafeína. Existem de
diferentes tipos, que variam conforme a cor e o
número de gomos em que se divide:
- Obì àbátá funfun – obì de 4 partes com coloração
branca/clara. Não é simples encontra-lo.
- Obì àbátá pupá – obì vermelho (varia do rosa
claro ao vermelho escuro). Este é o principal obì e
o mais utilizado nos cultos africanos.
- Obì étà pupá (de três partes) – Não é possível
realizar consulta com este obì, no entanto ele é bem
aceito por Èṣù como oferenda.
- Obì Gbànja – obì de coloração avermelhada (varia
do rosa claro ao vermelho escuro), possuindo apenas
duas partes. Não se realiza consulta com esse obì.

Orobô (Carcinia kola) – semente africana que é


representante vegetal do sexo masculino, e tido
como um fruto quente. Em algumas tradições é
usado em consultas oraculares juntamente com
seu contraponto, o obì (fruto frio e feminino),
formando assim um par. Sua utilização promove
agitação, movimento, prosperidade e sorte.

Wáji / uáji – é o índigo, pó extraído da


fermentação de folhas da árvore Lonchocarpus
cyanescens). É um representante do sangue
negro no reino vegetal. É comum a
comercialização de anil (obtido da árvore
Indigofera suffruticosa) como sendo wáji.
APÊNDICE: FASES DA LUA
E TRABALHOS MÁGICOS

E
xistem dias, horas e fases lunares capazes de
ampliar ou reduzir a energia de determinados rituais,
portanto, deve-se levar em consideração os
momentos em que as forças espirituais se manifestam
com maior intensidade, favorecendo o alcance do
objetivo.
As fases lunares são o aspecto como vemos a Lua, o que
depende da sua posição em relação ao Sol e à Terra. Na
verdade, o que vemos é a luz do Sol refletida pela
superfície lunar, porque a Lua não tem luz própria.
As duas maiores divisões para trabalhos mágicos são as
fases crescente e minguante. Trabalhos de natureza
benéfica e construtiva (saúde, riqueza, sucesso,
progresso), bem como a energização de amuletos e
talismãs, são realizados preferencialmente quando a lua
está crescente ou cheia. Quando a lua está
minguando o período é propício para magia destrutiva
e para rituais de natureza mais materialista. A fase
escura (lua nova) é o período mais agourento,
propício para trabalhos de destruição e morte. Também
faz diferença os rituais ou feitiços serem realizados de
dia ou à noite.

Lua Nova
Fase em que a Lua não está visível no céu, antes de
renascer em seu novo ciclo. Período de instabilidade
energética, mistério, insegurança, reclusão. Fase ideal
para manifestar tudo o que seja novo (Ex.: ideias,
empreendimentos, projetos, etc.). Fase que favorece
rituais que envolvam vingança, domínio sentimental
visando conquistas materiais, e ataques para
separação de casais.

Lua Crescente
Fase em que a lua começa a renascer. Propícia aos
rituais de crescimento, expansão e atração do que se
deseja (Ex.: sucesso profissional e financeiro, fartura,
abundância e prosperidade, fortalecimento de
relacionamentos, harmonização de situações e
ambientes, etc.). Fase para feitiços sentimentais mais
brandos e recomeço de antigos relacionamentos. Os
Povos das Matas, das Encruzilhadas e da Lira se
utilizam das energias dessa fase para abrir novos
caminhos e promover mudanças.

Lua Cheia
Período em que a lua está em seu ponto mais alto de
energia e poder. Propícia aos rituais de fortalecimento,
preenchimento, fertilidade, virilidade e sexualidade,
comunicação, brilho, sucesso e visibilidade, firmação
de contratos e parcerias, conquista e domínio,
definição de situações amorosas e realização de
uniões. Momento de maior equilíbrio entre as forças
positivas (dinâmicas) e as negativas (receptivas), e
mais propício a consolidações, bem como a realização
de ataques para derrubar estruturas sólidas.

Lua Minguante
Fase em que a lua diminui seu brilho até “desaparecer”
(na lua nova). Momento propício para o encerramento
do que não é mais necessário, reversão de situações
indesejadas, banimento de energias e situações
inconvenientes, libertações, finalizações, cura física,
etc. Propicia o fortalecimento interno para a finalização
de situações nocivas, e pode ser usada para ocultar
intenções. Os Povos do Cruzeiro, das Almas, da Kalunga
e da Praia se utilizam das energias dessa fase para
promover limpeza física, mental e espiritual dos
adeptos.
Anexo: Horas Planetárias
O CONCEITO DE MAIORAL

E
m todas as tradições espirituais e correntes
religiosas existe a concepção de um Ser Supremo,
cuja compreensão encontra-se além de descrições e
representações exotéricas [59]. Na Quimbanda brasileira
este ser é chamado de Maioral.
Não existe uma única concepção sobre Maioral, mas
como ideia central, existe o entendimento de que se
trata de uma força ordenadora/coordenadora do Reino
de Exu; o grande governante e mantenedor daquele
reino, que rege as legiões de Exus e Pombagiras; o
vórtice central cuja energia se expande ou se concentra
através da ação de Exu e Pombagira.
A elaboração do conceito de Maioral teve início no
sincretismo ocorrido entre os Exus (como almas de
mortos) e os seres “não-nascidos” descritos na
Demonologia.
Conforme descrito em mais detalhes no “Capítulo 1 –
Breve História da Quimbanda”, Aluízio Fontenelle,
um escritor umbandista, publicou em 1951 seu livro
intitulado “Exu”, no qual comparou (estabelecendo
paralelos e equivalências) os Exus com os demônios da
Goetia, descritos em grimórios medievais.
O primeiro passo desse sincretismo umbandista foi
classificar 3 Exus que assumiriam os “Tronos Maiorais”.
Lúcifer foi correlacionado com “Exu Lúcifer”,
Beelzebuth/Beelzebub com “Exu Mor” e
Astaroth/Ashtaroth com “Exu Rei das Sete
Encruzilhadas”. A partir dessa tríade, os demais Exus
foram classificados e renomeados segundo a
demonologia dos antigos grimórios.
Após a descrição demoníaca de Aluízio Fontenelle,
tudo que foi publicado posteriormente absorveu e
replicou esse contexto. Muitos livros foram publicados
corroborando cada vez mais essas associações. Com o
movimento “Neo-Umbanda” e “Umbanda
Esotérica”, essas classificações deixaram de ser
aplicadas e aos poucos Exu deixou de ser demonizado e
acabou sendo humanizado, adquirindo, por exemplo, o
status e a alcunha de “guardião”.
ALGUNS ENTENDIMENTOS EXISTENTES

Maioral seria a entidade regente da


casa/templo. Este é o entendimento de vertentes
mais “ortodoxas”.
Maioral seria um Demônio com o qual o feiticeiro
tem afinidade, e em relação ao qual desenvolve
um trabalho mágico de fortalecimento. Ex: Carlos
de Dantalian; Thiago de Beelzebuth.

Para alguns templos/vertentes, o título de Maioral


é atribuído à tríade de regentes do Inferno,
conforme descrita no Grimorium Verum e no
Grand Grimoire (Lúcifer, Belzebu, Astaroth),
ou a um deles individualmente, por afinidade.

Maioral seria algo equivalente ao conceito de


“Sagrado Anjo Guardião – SAG” [60] em
Thelema; algo como uma consciência deificada do
praticante/adepto.
No antigo conceito de “Linhas da Quimbanda”,
a Maioral se subordinariam os regentes ou
comandantes das linhas:

- Linha das Almas ​ ​– Exu Omulu


- Linha Nagô ​ ​– Exu Gererê
- Linha Mista ​ ​– Exu das Campinas
- Linha dos Cemitérios ​ ​– Exu Caveira
- Linha Mossurubi ​ ​– Exu Kaminaloá
- Linha Malei ​ ​– Exu Rei
- Linha dos Caboclos Quimbandeiros ​– Exu Pantera
Negra
Neste sistema, descrito por José Maria Bittencout,
em seu livro “No Reino dos Exus” (2004), Sua
Alteza Lúcifer, seria o chefe supremo no Reino dos
Exus, o Maioral da Magia Negra, cujos poderes e
forças são obedecidos in loco por seus comandados, e
se apresentaria em 3 manifestações distintas (assim
como a Santíssima Trindade Cristã): Lúcifer,
Beelzebuth e Astaroth.
Em um entendimento, Maioral se trata de um
portal de manifestação de forças que agrupa em
sua essência os 4 elementos formadores da
estrutura cósmica: Terra, Água, Ar e Fogo, sendo
o próprio espírito amorfo que constrói e destrói a
forma dos demais elementos. Neste caso as
associações seriam: Terra (Belial – destruidor dos
grilhões físicos) / Água (Leviathan – abolicionista
das formas astrais) / Ar (Beelzebuth – libertador
do pensamento) / Fogo (Lúcifer – portador da
sabedoria).

Na Quimbanda Luciferiana é comum que o título


“Lúcifer” seja atribuído à divindade máxima que
rege os 7 Reinos da Quimbanda, o qual é
chamado respeitosamente de Vossa Santidade
Maioral dos Infernos (V.S.M.I.).

Maioral seria um ser criado a partir da fagulha dos


antigos deuses obscuros, que atuaria como um
grande canalizador de forças demoníacas; uma
força amorfa que como um funil captaria as
energias do macrocosmo e as distribuiriam no
microcosmo (neste caso, o Reino de Exu).

Maioral é “algo” em essência muito distante das


dinâmicas humanas, portanto, no ordenamento das
diretrizes e condução de um templo, sua vontade é
transmitida por entidades específicas, tidas como
“anciãs” (Ex. Kizombas). Na prática de um templo,
o “chão” é da entidade chefe, e a “casa” é de
Maioral.
Obs.: A “escolha” dos seres denominados “demônios”
nestas associações com conceitos de Maioral é uma
arbitrariedade decorrente das afinidades e dos estudos
de quem elaborou cada sistema. Ex:

Maioral como portal de manifestação de forças


com a essência dos 4 elementos, sendo as
associações: Belial (Terra) / Leviathan (Água) /
Beelzebuth (Ar) / Lúcifer (Fogo);
Anton Szandor La Vey, em sua Bíblia Satânica
(1969), menciona os 4 Príncipes Coroados do
Inferno e suas associações com elementos assim:
Satã (Fogo) / Lúcifer (Ar) / Belial (Terra) /
Leviathan (Água); considerando os mesmos 4
seres que no “Livro da Magia Sagrada de
Abramelin, o Mago”, escrito por volta de 1600,
foram descritos como os 4 Príncipes Superiores
(do Inferno).
O BAPHOMET/BAFOMÉ E A IMAGEM DE MAIORAL
NA QUIMBANDA

A maioria dos templos/terreiros de Quimbanda usa a


imagem de Baphomet/Bafomé (ou alguma variante
muito similar) para representar Maioral.
Isto decorre do sincretismo religioso na formação do
culto, e no caso específico desta imagem, da influência
de Éliphas Lévi [61], que em seu livro “Dogma e Ritual
da Alta Magia” (1854), apresenta Baphomet na forma
iconográfica que se perpetuou a partir de então.
No processo formador da Quimbanda, esta imagem
chegou ao Brasil concomitantemente aos grimórios.
Como a imagem é chocante (com elementos humanos e
animais, masculinos e femininos), não tardou em ser
associada a imagem do próprio diabo ou ainda, o
demônio e suas legiões. Dessa forma, foi a imagem
usada para representar os atributos de Maioral e a
amplitude de seus poderes na Quimbanda.
Mas o que representa exatamente o Baphomet e qual a
sua origem?
Uma das imagens de presença mais marcante no
universo ocultista contemporâneo (frequentemente
interpretada como uma rebuscada representação do
diabo católico), recebe o nome de Baphomet.
Baphomet é uma palavra e o símbolo de um ídolo pagão
que surge no contexto da Ordem dos Cavaleiros
Templários, embora apareça antes mesmo dos seus
julgamentos pela Inquisição. Em 1265, o trovador
Olivier Le Templier (provavelmente templário) escrevia
em Ira et dolor:
“Então é fútil lutar contra os Turcos, agora que Jesus Cristo não se opõe
mais a eles. Eles derrotaram os Francos, os Tártaros, os Armênios e os
Persas, e continuam vencendo. Diariamente, eles nos impõem novas
derrotas; pois Deus, que costumava olhar por nós, está dormindo, e
Bafometz favorece o sultão com seu poder.”
Esta passagem deu margem a explicação errônea que
Baphomet (independentemente da grafia) seria
simplesmente uma forma dos Infiéis se referirem a
Maomé.
O processo inquisitório movido contra os Templários
continha inúmeras acusações, sendo uma especialmente
notória, referente à adoração a um tipo de ídolo, utilizado
pelos acusados em seus rituais supostamente nefastos.
Na época das acusações, dizia-se que em cerimônias
secretas os Templários veneravam um demônio
desconhecido, que aparecia sob a forma de um gato, um
crânio recheado de grãos ou uma cabeça com três
rostos. Entretanto, nada fora mencionado
especificamente sob a denominação Baphomet.
Nas confissões (obtidas sob tortura) tratava-se sempre
de uma cabeça (e apenas uma cabeça), e não havia
consenso sobre as práticas a ela associadas. Baphomet
sem dúvida não é o verdadeiro nome daquele objeto a
que os Templários nunca nomearam em seus
depoimentos. Apenas falavam em cabeça e ídolo. A
chave do enigma poderia encontrar-se na aldeia de
Anzeghem, na atual Bélgica, onde se encontra uma
velha igreja templária dedicada a São João Baptista, na
qual existe uma cabeça de madeira, muito antiga, com
barba e um cabo que se enfia na nuca para a apresentar
à veneração dos fiéis. Na verdade, trata-se de um
relicário que contém um fragmento do crânio de São
João Baptista, um dos personagens mais venerados
pelos Templários.
Mas com a execução dos templários, a história de
Baphomet estava apenas começando.
A figura de Éliphas Lévi pode ter sido a primeira a
associar diretamente o bode ao ídolo Templário.
Provavelmente, por sua bagagem católica, a imagem
Bíblica do sacrifício do Bode Expiatório tenha lhe
servido de inspiração. No Egito, o bode não possuía uma
importância religiosa expressiva, exceto neste culto
sacrificial, na cidade de Djedet (em grego: Mendes).
Daí a denominação “Bode de Mendes” escolhida por
Lévi.
A visão de Éliphas Lévi sobre Baphomet é um
compilado de várias ideias. O andrógino divino, a
sacralidade da energia sexual, a ideia da divindade
integrada ao mundo, conceitos da Alquimia e da Cabalá,
etc.; e condensa um conjunto de opostos, em
propriedades masculinas e femininas, diurnas e
noturnas, sugerindo o equilíbrio da criação através do
retorno à androginia primordial. Baphomet é a relação
intrínseca entre tudo que vive; o nome dado a um
mistério; a divindade da força vital da Terra.
Um dos documentos Rosa-Cruzes autênticos é “O
Anfiteatro da Eterna Sabedoria”, (Amphitheatrum
sapientiae aeternae) de Heinrich Khunrath, que foi
manuscrito em 1598 e publicado na Alemanha em 1609,
após a morte do autor. O manuscrito continha
inicialmente 7 lâminas alegóricas que serviam como
ferramentas de meditação para compreender a Iniciação
(conforme a Tradição Esotérica Ocidental). Depois de sua
morte, alguns de seus discípulos publicaram o
manuscrito. Infelizmente eles não compreendiam o
significado das lâminas e inepciamente adicionaram à
publicação 5 lâminas destituídas de significado. Assim, a
menos que se saiba quais são as lâminas originais e
quais as que foram adicionadas, o documento tem pouco
valor.
Uma das lâminas deste documento (“O Andrógino”, ou
“O Hermafrodita”, ou “A Pedra Filosofal”) é referida
por Éliphas Lévi como uma das fontes para a sua
concepção do Bode de Mendes (Baphomet/Bafomé):
"O bode que é representado no nosso frontispício, traz na fronte o signo
do pentagrama, com a ponta para cima, o que é suficiente para fazer
dele um símbolo de luz; faz com as mãos o sinal do ocultismo, e mostra
em cima a lua branca de Chesed e embaixo a lua preta de Geburah.
Este sinal exprime o perfeito acordo da misericórdia com a justiça. Um
dos seus braços é feminino, o outro é masculino, como no andrógino
de Khunrath, cujos atributos tivemos de reunir aos do nosso bode,
pois que é um único e mesmo símbolo. O facho da inteligência que
brilha entre seus chifres é a luz mágica do equilíbrio universal; é
também a figura da alma elevada acima da matéria, como a chama
está presa ao facho. A cabeça horrenda do animal exprime o horror do
pecado de que só o agente material, único responsável, deve para
sempre sofrer a pena: porque a alma é impassível por sua própria
natureza, e só chega a sofrer, materializando-se. O caduceu, que está
em lugar do órgão gerador, representa a vida eterna; o ventre coberto
de escamas é a água; o círculo que está em cima é a atmosfera; as
penas que vem depois são o emblema do volátil; depois, a humanidade
é representada pelos dois seios e os braços andróginos desta esfinge
das ciências ocultas.”
Éliphas Lévi também forneceu o modelo para outras
imagens associadas ao Baphomet. Em “Dogma e
Ritual da Alta magia” ele tece uma discussão sobre o
pentagrama invertido, que em 1897 o cultista francês
Stanislas de Guaita ilustra em “Le Clef de la Magie
Noire” (A Chave da Magia Negra). Este foi o símbolo
que Anton Szandor LaVey passou a chamar de “Sigilo
de Baphomet” ao adotá-lo como símbolo de sua Igreja
de Satã, fundada em 1969.
Etimologicamente, já foi sugerido que “Baphomet”
proviria da união de dois vocábulos gregos, “Baphe” e
“Metis”, significando “Batismo de Sabedoria”; em outra
hipótese viria da conjunção de “Baphe” e “Metros”, algo
como “Batismo (de sangue) da Mãe”; e em doutrinas
gnósticas seriam “Baphe” e “Metios”, formando a
expressão “Tintura de Sabedoria”. Para Éliphas Lévi, o
nome Baphomet tem um significado cabalístico, um
anagrama (Tem ohp ab) do latim Templi omniu pacis
abbas (O pai do templo, paz universal dos homens),
sugerindo que o Templo em questão fosse o de Salomão.
Éliphas Lévi assim descreve o Baphomet:
“Figura panteística e mágica do absoluto. O facho colocado entre os
dois chifres representa a inteligência equilibrante do ternário; a cabeça
de bode, cabeça sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do
touro e do burro, representa a responsabilidade só da matéria e a
expiação, nos corpos, dos pecados corporais. As mãos são humanas,
para mostrar a santidade do trabalho; fazem o sinal do esoterismo em
cima e em baixo, para recomendar o mistério aos iniciados e mostram
dois crescentes lunares, um branco que está em cima, o outro preto
que está em baixo, para explicar as relações do bem e do mal, da
misericórdia e da justiça. A parte baixa do corpo está coberta, imagem
dos mistérios da geração universal, expressa somente pelo símbolo do
caduceu. O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o
semicírculo que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até
o peito, devem ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e,
assim, só traz da humanidade os sinais da maternidade e do trabalho,
isto é, os sinais redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o
signo do microcosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da
inteligência humana que, colocado assim, embaixo do facho, faz da
chama deste uma imagem da revelação divina”.
Maçons, Satanistas, Thelemitas, Wiccanos, Magistas do
Caos, etc., todos esses grupos têm os Templários como
referência de uma organização que possuía
conhecimentos arcanos, e cujo legado simbólico inclui o
Baphomet.
Peter J. Carroll, em seu “Liber Null e Psiconauta”
(onde o termo Magia do Caos aparece pela primeira
vez), diz sobre Baphomet:
“Baphomet é o campo de energia psíquica gerado pela totalidade dos
seres vivos deste planeta. Desde o æon Xamânico, foi representado de
diversas formas, como Pã, Pangenitor, Pamphage, Pai de Todos,
Destruidor de Tudo, como Shiva-Kali (falo criador e mãe abominável e
destruidora), como Abraxas (deus polimorfo que é tanto bom quanto
mau), como o diabo de cabeça animalesca do sexo e da morte, como o
maligno Arconte sobre este mundo, como Ishtar ou Astarte (deusa do
amor e da guerra), como Anima Mundi (ou Alma do Mundo), ou
simplesmente como “Deusa”. Outras representações incluem a Águia,
ou Barão Samedi, ou Thanateros, ou Cernuno (o deus cornudo dos
celtas).”
A representação de Éliphas Lévi para o Baphomet foi
livremente inspirada em várias referências.
Aparentemente, além do “Andrógino de Khunrath”,
houve influências de ornamentos arquitetônicos de
construções relacionadas aos Templários, como o
pequeno diabo que ornamenta o portal da Igreja de
Saint-Merri, em Paris (o clero local afirma que aquela
estatueta data apenas do início do século XIX); e as
gárgulas [62] grotescas da Comenda Templária de
Saint Bris le Vineux que pertencia à Ordem (por sinal,
semelhantes ao diabo de Saint-Merri).
A imagem de Baphomet é visivelmente carregada de
significados esotéricos tão amplos que dão margem à
diversas interpretações, de forma que cada corrente
filosófica percebe nela atributos diferentes. Seu
repertório de traços demoníacos e símbolos não cristãos
tornou-a o receptáculo perfeito para a morada do
“inimigo de Deus”.
A Igreja cristã apropriou-se dessa imagem como um
ícone para propagar o medo que sua doutrina
necessitava para manter-se viva. A imagem de
Baphomet tornou-se a de Satã/Lúcifer, cultuado pelos
bruxos em suas ritualísticas de Sabbat Negro, onde o
deus adorado era o bode negro, também conhecido
como Mestre Leonardo.
Para a Quimbanda, Maioral é um Ser amorfo, portanto,
todas as imagens ou gravuras são apenas abstrações
para facilitar o entendimento, mas ao se analisar a
imagem de Baphomet, encontram-se vários elementos
importantes que podem ser associados a Maioral. A
imagem possui:
Asas: Representam o elemento ar, associado ao
“Maioral Beelzebuth”. As asas são a expressão da
liberdade que quebra as barreiras mentais.
Escamas: Representam o elemento água, associado ao
“Maioral Leviathã”. As escamas são armaduras que
garantem a movimentação no astral amorfo, ou seja, a
libertação de tudo que escraviza no astral.
Cascos: Representam o elemento terra, associado ao
“Maioral Belial”. Os cascos são fortes e as fendas
garantem o equilíbrio sob qualquer circunstância. Esse é
o símbolo da força necessária para destruir as correntes
aprisionadoras do ego: os vícios, as falhas, o
sentimentalismo, o apego, a necessidade de
autoafirmação, etc.
Tocha/Archote: Representa o elemento fogo, associado
ao “Maioral Lúcifer”. Esse elemento é responsável pela
busca da iluminação interior e espiritual, pelo êxito
decorrente do sacrifício na jornada espiritual.
A cabeça do bode indica uma relação direta com a
bestialidade, com o caos, instintos animais, agressivos,
que o homem tenta sufocar e as Leis aprisionar. É uma
forma de entender que apesar da aparência, somos
animais e devemos saciar nossos instintos.
A tocha sobre a cabeça lembra-nos que tais instintos
devem ser submetidos à vontade, e controlados e
manipulados conforme a necessidade.
Os chifres também são uma expressão do lado animal e
da dualidade energética (pela força de penetração e por
sua abertura em forma de receptáculo) que todos os
adeptos possuem. Indicam a ancestralidade, o poder, a
coroa e a proteção ao archote de Lúcifer, afinal, “é a
luz que cega os profanos”. Os chifres do bode são um
símbolo de fertilidade e procriação, mostrando a ligação
com a Terra e todas as disputas que ocorrem nela. Numa
visão mais esotérica, tais chifres são símbolos
relacionados aos poderes infernais, pois representam o
aspecto lunar e não solar como os do carneiro.
Apesar de Maioral possuir a chama de Lúcifer em sua
essência, protege-a de profanos tolos.
Seus chifres demonstram que na Terra é Imperador e
possui poderes receptivos e dinâmicos, masculinos e
femininos, positivos e negativos, construindo ou
destruindo conforme a necessidade. Na concepção de
Éliphas Lévi estes aspectos estão relacionados à
androginia (em seu contexto na Alquimia), mas isto
pode ser interpretado também como a posse do domínio
sobre ambas as energias.
Diversas culturas pagãs tinham o bode como um animal
sagrado representante de fertilidade procriadora. No
entanto, a figura de animal expiatório, elaborada nas
religiões semitas, concentrou simbolicamente a redenção
de seus pecados nesses animais. A religião cristita fez do
bode a própria figura do diabo, retirando a divindade
desse animal sagrado e repleto de energia sexual.
Na imagem tradicional, um pentagrama representa o
centro energético frontal (chacra Ajna), entretanto, no
entendimento sinistro, apenas o pentagrama
invertido pode representar o caminho para o
inconsciente, pois a ponta que representa o espírito
deve estar voltada para o submundo (para baixo),
região onde nossas sombras habitam, de forma que
ocorra o autoconhecimento.
Os braços musculosos remetem ao aspecto guerreiro,
forte e onipotente, que na Quimbanda portam os garfos
(tridentes) eternos no culto.
As mãos, posicionadas para cima e para baixo, podem
ser interpretados: 1) Como o postulado hermético “O que
está em cima é como o que está embaixo, e o que está
embaixo é como o que está em cima”; 2) “O que está em
cima e o que está embaixo são mistérios que só os
iniciados enxergarão!”. Como apenas dois dedos
apontam o caminho (Luz ou Escravidão), uma
conclusão possível é que o caminho oculto deve ser
preservado.
Os seios na imagem de Maioral são representações do
oceano primordial e honrarias ao ser que deu origem à
sagrada linhagem, como forma de embate aos dogmas e
comportamentos preestabelecidos. Também representam
um Ser que, através de uma força nutriz, protege
eternamente os Seus escolhidos.
Na barriga da imagem encontra-se o falo representado
pelo Caduceu de Hermes/Mercúrio. O falo aparece de
forma peculiar, pois salta de um manto que cobre as
pernas do ídolo. O mesmo atravessa um semicírculo que
divide a imagem. Esse semicírculo pode representar o
arco zodiacal. O falo fecunda e age como um totem para
forças além-matéria, e é como um cetro de poder
regendo o equilíbrio dinâmico de duas forças.
Esotericamente, em paralelo ao falo (eixo central) está
representado o desenho da Árvore da Morte (Otz
Daath).
O manto cobre aquilo que não deve ser visto, que ainda
se forma ou que nunca existiu. Cobre as pernas
entrecruzadas de Maioral, numa espécie de posição de
autoridade, assentado sobre a Terra, de onde rege seus
reinos, povos, legiões e escravos.
Em uma concepção microcósmica, o fogo luciférico
sob a forma serpentina adormecida no chackra básico
(muladhara) quando desperto flui ascendentemente
pelos nadis (canais) Ida e Pingala até atingir o
chackra coronário (sahasrara), resultando na
Iluminação do indivíduo.
Essa imagem possui duas cobras entrelaçadas que
posicionam suas cabeças como se estivessem na
iminência do confronto/guerra. Essas duas serpentes
representam as duas polaridades em embate,
comunhão e procriação. Além disso, também
representam a unidade de Luz e Trevas em um mesmo
corpo (base de toda nossa crença).
Outro conceito interessante é a associação das duas
serpentes com as correntes lunares e solares,
denominadas de Ob e Od (veneno e antídoto).
Conforme tais considerações, a imagem de Baphomet
torna-se admissível para representar Maioral na
Quimbanda.
Alguns consideram a imagem de Baphomet como a
representação de Lúcifer como Maioral.
Alguns consideram a imagem de Baphomet como a
representação de Beelzebuth como Maioral, o que
pode ser corroborado pela forma de bode como aquele
aparece descrito no Grimorium Verum.
Independentemente de tais associações feitas com a
imagem de Baphomet serem coerentes ou
fantasiosas/romantizadas, o fato é que tais sincretismos
passam a ser chancelados coletivamente, adquirindo
o poder energético condensado em egrégoras por
séculos.
Uma abordagem interessante é ter a imagem de
Baphomet como referência do magista/quimbandeiro
perfeito que o adepto almeja ser, com base nos conceitos
herméticos contidos naquela imagem, que sintetiza o
arquétipo de perfeição e o domínio sobre os 4
elementos (Terra, Ar, Fogo e Água).
ANEXO 1: MAIORAL, POR
DANILO COPPINI
A “Quimbanda Brasileira” é uma forma de culto
diferenciada. Primeiramente, essa classificação
demoníaca baseada em grimórios medievais não é base
doutrinária adequada para nosso culto de Exu. Sob nosso
entendimento, Maioral é um grande Portal composto por
forças que estão além da compreensão profana. Maioral
é a expressão máxima da unificação de todas as culturas
e de todos os Reinos, Legiões e Povos da Quimbanda.
Maioral, ou o Grande Dragão Negro, é a antítese de todas
as religiões que acorrentam e submetem os seres
humanos aos dogmas comportamentais, ou seja, tudo
que é tido como tabu ou pecado não faz parte dessa
energia. Maioral é o buraco negro que suga as lágrimas
do medo e transforma-as em energia e vitalidade.
Maioral é o grande trono que está na escuridão de nossos
subconscientes, habitando nas nossas “feridas” e
traumas. Maioral acorrenta e liberta segundo nossa força
de buscar o que está além dos nossos sentidos, Maioral é
o Reino dos antigos deuses demonizados e vencidos pela
cegueira humana, cuja principal função é iluminar a
jornada daqueles que se atrevem ajoelhar-se diante sua
Luz. Maioral é a força que se rebelou quando o homem
foi preso nos invólucros materiais (corpo físico), aquele
que deu ao homem o direito de aprender e apreciar as
artes, literatura, ciência, dança, como também, a guerra
e a destruição. Maioral é a quintessência de muitos seres
unificados que lutam para extinguir as formas de
aprisionamento da psique humana dos que o buscam,
como o ódio, a paixão, a ilusão, a soberba material, a
cobiça desenfreada e a luxúria, todavia, alimenta as
fornalhas qliphóticas que incendeiam a alma dos
moribundos cegos e limitados. De tal forma, não
podemos limitar Maioral apenas a Lúcifer, Beelzebuth e
Astaroth como fazem os profanos. Maioral são todos os
antigos deuses fundidos na chama de Lúcifer!
Maioral agrupa em sua essência os quatro elementos
formadores da estrutura cósmica: O fogo, a água, o ar e
a terra, e é o próprio espírito amorfo que faz e destrói a
forma dos demais elementos. Maioral é o perturbador do
equilíbrio cósmico, gerador de todo movimento que não
permite a estagnação e, consequentemente, a expansão
do Reino de Escravidão. Maioral é a chama que ilumina o
caminho, mas apenas aqueles que o buscam poderão ver
essa luz.
Danilo Coppini, em
“Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta”,
de sua autoria.
ANEXO 2: MAIORAL, POR
MESTRE JEAN DO CAPA
PRETA
@doutorcapapreta
https://www.instagram.com/p/CZJNN6KuOAG/

O
objetivo deste breve texto é apresentar nosso
entendimento ao respeito da força que reside no
conceito Maioral e sua majestosa iconografia.
De modo geral, a composição dessa figura evoca a força
dos quatro elementos (fogo, ar, água e terra), sua
quintessência (o espírito), os dois movimentos cósmicos
concomitantes de criação e destruição (solve et coagula),
e a fuga de qualquer padrão de humanidade ideal para
representar o divino, entre outros. Enfim, se trata da
mais verdadeira reprodução do sagrado que se aproxima
de um absoluto, sintetizado nos limiares de um ícone
panteístico.
Um Deus sob esta aparência pode ser horrendo e
repulsivo numa sociedade monoteísta, mas seria
considerado natural em modos de vida politeístas, cujas
representações do sagrado sempre foram repletas de
hibridez com animais e toda a natureza. Essa imagem
também arrasta a supremacia das formas divinas não
cristãs.
Por meio desta representação, com seus significados,
sentidos e séculos de imaginário coletivo que demonizou
a natureza e a magia, enriquecida com a cosmovisão
afro-brasileira e seus feiticeiros, Maioral, o Deus da
Quimbanda, se apresenta à sociedade.
Maioral se manifesta por meio de toda a quimbanda:
iniciados, entidades e suas extensões. Cada tradição tem
a sua abordagem e fundamentação para interagir de
modo direto e consciente com essa força e lhe
especificar. De todo o modo, entendo que a potência
primordial que brilha na coroa Maioral é o Imperador
Lucifér, nosso Deus, dono de todo conhecimento e poder
deste mundo, estrela guia do povo de Exu. Na
Quimbanda Nagô, no alto comando Maioral também se
personifica pelo Deus Belzebu (sua segunda pessoa) e
pelo Deus/Deusa Astaroth (sua terceira pessoa).
Maioral, nosso Deus Maior, é também o Diabo, fonte
inesgotável do fogo da guerra, do instinto animal, do
viver selvagem e da magia negra. O seu rosto é a
transgressão consciente que liberta!
Laroye Exu!
Mestre Jean do Capa Preta
ANEXO 3: BAPHOMET -
PROJETO DAEMONS
Em 10/2022
@projetodaemons
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GLOSSÁRIO
Arquétipo – Do grego arché (original, antigo) e
typós (padrão, modelo). A ideia de arquétipo
existe desde a Antiguidade, particularmente no
pensamento de Platão, porém, foi através do
trabalho do psicanalista suíço Carl Gustav Jung
(que descreveu, entre outros, os arquétipos Self,
Anima, Animus, Persona e Sombra) que o
conceito adquiriu sua dimensão contemporânea. O
ser humano é dotado de uma estrutura psíquica
que contém imagens primordiais, universais e
atemporais. A antropologia, através da observação
das narrativas e comportamento de diversos
povos, também contribuiu com a tese ao identificar
semelhanças entre elementos mitológicos de
diferentes culturas (inclusive tribos arcaicas
isoladas) que seriam variações de um mesmo
motivo encontradas em várias culturas. Arquétipos
também são associados a experiências universais,
como nascimento e morte. Os arquétipos são como
formas vazias (irrepresentáveis) preenchidas por
imagens em função de características culturais e
históricas específicas, ou seja, um mesmo
arquétipo pode ser representado por diferentes
imagens, em diferentes culturas e em diferentes
momentos (Ex.: o deus grego Hermes e o deus
romano Mercúrio / a deusa grega Afrodite e a
deusa romana Vênus / o orixá Èṣù e o inquice
Pambu Njila). O mitólogo Joseph Campbell,
baseado nas ideias de Jung sobre arquétipo,
desenvolveu ampla pesquisa em mitologia e
religião, que resultou na tese de que as narrativas
humanas seguem um único padrão, que ele
identifica como monomito ou a jornada do
herói: é a aventura de um protagonista (o herói)
que sai de seu universo conhecido para se
arriscar em um universo desconhecido, onde
supera adversidades, obstáculos e desafios, ganha
força e sabedoria e retorna ao mundo comum de
onde partiu, depois de uma transformação que
impactará esse mundo de origem. Principais
arquétipos dentro da Jornada do Herói:

1) Herói – o protagonista mais ativo, que representa o


ego (transcendência do ego/separação), responsável
por integrar todos os arquétipos, aquele que se auto
sacrifica, que passa obrigatoriamente por um
crescimento/aprendizado (transformação), que
enfrenta a morte, atuando como protagonista do
enredo;
2) Mentor – o self, o deus interno, relacionado à
imagem de um dos pais, tem a função dramática de
ensinar, motivar, inventar, presentear, plantar e
iniciar;
3) Guardião de limiar – representa as neuroses e tem
como função criar obstáculos e testar o herói;
4) Arauto – aquele que anuncia as mudanças e desafia
o herói;
5) Camaleão – representa o animus/anima (arquétipos
do masculino no feminino e de feminino no
masculino, segundo Jung) e tem a função dramática
de projetar o ideal interior e trazer dúvidas;
6) Aliado – tem a função de humanizar o herói e
acrescer outras dimensões a sua personalidade,
tornando-o mais aberto e equilibrado;
7) Sombra – representa traumas, culpas e emoções
negadas ou escondidas, tem a função dramática de
desafiar o herói e é geralmente o principal
antagonista;
8) Pícaro – representa a antítese do ego, tem como
função dramática questionar o status quo, trazer para
o real e gerar o alívio cômico.
Na mitologia, na psicologia e nas artes são
identificáveis inúmeros arquétipos relacionados à
personalidade humana: rei, guerreiro, mago,
salvador, amante, pai, mãe, donzela, sacerdotisa,
ancião, cuidador, trapaceiro, competidor, covarde,
excêntrico, inocente, comediante, malandro, mártir,
rebelde, justiceiro, etc.; símbolos arquetípicos: sol,
lua, água, mar, rio, fogo, espiral, vulcão, árvore, formas
geométricas, espada, cálice, cores, números, etc.; de
situação: jornada, missão, tarefa, nascimento, morte,
luto, renascimento, transformação, ascensão, queda,
etc.

Demônio – Palavra que vem do latim dæmon,


emprestado do grego δαίμων (daimon). Na Grécia,
os daimones eram a personificação de elementos
da natureza, aspectos da mente humana e
aspectos sociais. Eram intermediários entre os
homens e os deuses, podendo pertencer a várias
classes dependendo das características e funções.
Não possuíam moralidade ou conceitos de bem e
mal, apenas agindo de acordo com suas qualidades
intrínsecas. Nos Versos Áureos, atribuídos a
Pitágoras (c [63]. 570 a.C. – c. 495 a.C.), são feitas
referências a eles numa hierarquia de seres.
Sócrates (c. 470 a.C. – 399 a.C.) dizia ouvir a voz
de um daimon que o inspirava. Para o filósofo
romano Apuleio (c. 125 – c. 170) os homens mais
elevados e sábios estariam em contato com
daimones superiores. Aproximadamente nessa
época surgiram os primeiros esboços de definições
para Teurgia e Goetia. Embora ainda sem uma
distinção precisa entre essas duas práticas, os
daimones estavam presentes em ambas.
Posteriormente, os detentores dos poderes políticos
das religiões de massa e escravagistas
(particularmente correntes místicas e religiosas do
pensamento judaico-cristão e muçulmano)
atribuíram características, propriedades e funções
maléficas para o termo demônio. Os dæmons
eram descritos na cultura árabe como gênios ou
djinns, entidades eternas que no Corão são
descritos como bons ou maus, possuindo livre-
arbítrio assim como os humanos.

Demonolatria – É a Adoração aos Demônios, que


envolve a prestação de cultos, negociações e
oferendas.

Demonologia – É o estudo minucioso e


sistemático a respeito dos Demônios. A palavra
deriva da junção dos vocábulos gregos δαίμων
(daimon) e λογία (logia) que significam
respectivamente demônio e estudo.

Egrégora – Do grego egrêgorein (velar, vigiar) é


um conceito do ocultismo que define a força
espiritual resultante da soma de pensamentos e
sentimentos de uma coletividade, formando uma
entidade autônoma.

Evocação – Forma de se ter contato com um ser,


entidade, consciência ou inteligência na qual este é
exteriorizado de quem o evoca.
Gnosticismo – foi um movimento filosófico
religioso que se originou na Ásia Menor, e tem
como base as filosofias que floresciam na
Babilônia, Egito, Síria e Grécia. Este conjunto de
correntes filosófico-religiosas sincréticas
mimetizou-se com o Cristianismo nos primeiros
séculos de nossa era, sendo declarado como um
pensamento herético. Foi devido ao Gnosticismo
estabelecer contraste e oposição à Igreja Cristã
em formação, que os Pais da Igreja, em processo
de defesa e apologia, apresentaram os Cânones
do Antigo Testamento e do Novo Testamento
como norma, e os Concílios como regra e credo a
serem adotados. Pode-se falar em um
Gnosticismo pagão e em um Gnosticismo
cristão, porém o pensamento gnóstico mais
significativo foi uma vertente heterodoxa do
Cristianismo primitivo. O Gnosticismo cristão
provém dos meios dissidentes do judaísmo,
sobretudo helenístico, e distingue-se
fundamentalmente em dois grupos: 1) A “Escola
Sírio-Egípcia”, não dualista (que inclui Basilides
e Valentim), defende que a queda da alma
independe de qualquer agente externo; 2) A
“Escola Persa ou do Leste”, dualista, situada no
Irã (cujos expoentes são os maniqueus e os
mandeus), defende o dualismo ontológico onde
coexistem ab æterno (desde sempre e para
sempre) o bem e o mal, a luz e as trevas. Não
existe um sistema gnóstico único e uniforme, e
dentre as seitas e grupos gnósticos pode-se citar
os Ofitas, Cainitas, Carpocracianos,
Borboritas, Borgomilos, Paulicianos e Cátaros.
Os Gnósticos exibiam profunda compreensão do
idioma grego koiné, e emprestaram várias ideias e
termos do Platonismo, incluindo conceitos como
hipóstase (a realidade, a existência), ousia
(essência, substância, ser), e demiurgo (princípio
organizador). Valentim é considerado o maior
mestre entre os gnósticos, e o seu sistema o mais
completo em metafísica teológica da gnose. A
descoberta e a tradução da Biblioteca de Nag
Hammadi (Egito) trouxeram enorme impacto
sobre entendimento do Gnosticismo a partir de
1945.

Grimórios – Livros de anotações de experimentos


mágicos, que listam e descrevem demônios,
entidades, espíritos, gênios, etc.; suas hierarquias,
os procedimentos ritualísticos e parafernália
necessários para se operar com eles; trazem
compilações de práticas mágicas e resultados de
experiências. Há grimórios que são cópias exatas
de outros; há os que atribuem utilizações
diferentes a demônios que constam em outros
grimórios; há aqueles cujas diferenças de outros
decorrem de erros de cópias ou adaptações, e há
aqueles cujas diferenças decorrem de novos
contatos e suas particularidades. Geralmente são
de autoria desconhecida, apresentando uma
autoria mítica e uma datação incoerente
(incompatível com a realidade). Alguns exemplos
de grimórios:

- Lemegeton Clavicula Salomonis (A Chave Menor


de Salomão / séc. XVII), composto por 5 livros (Ars
Goetia, Ars Theurgia Goetia, Ars Paulina, Ars
Almadel, e Ars Notoria);
- Grimorium Imperium (O Livro dos Antigos
Espíritos – séc. XVII);
- Grimório do Papa Honório (séc. XVIII);
- Grimorium Verum (Grimório Verdadeiro / séc.
XVIII);
- Le Grand Grimoire (O Grande Grimório / séc. XIX);
- La Poule Noire: ou la Poule aux Oeufs d’or (A
Galinha Preta: ou a Galinha com Ovos de Ouro / séc.
XIX).
Segundo a narrativa da Chave Menor de Salomão,
este rei teria subjugado os 72 dæmons e os prendido
em uma urna, criando um sistema de evocação
estruturado para se utilizar da energia dos mesmos
conforme a necessidade. Esta alegoria dos dæmons
presos em uma urna deu origem ao conto de Aladin e a
lâmpada mágica. Diferentemente dos grimórios, os
compêndios (como o Dictionnaire Infernal /
Dicionário Infernal / séc. XIX), apresentam definições,
informações e correspondências gerais, mas não
estabelecem procedimentos para a prática da magia).
Invocação – Forma de se ter contato com um ser,
entidade, consciência ou inteligência, na qual este
é chamado para dentro de quem o invoca.
Sophia (em grego: Σοφία) – É um conceito
presente na religião e filosofia helenística,
Platonismo, Gnosticismo, e no Cristianismo
Ortodoxo, Esotérico e Místico. Significa,
literalmente, “a que detém a sabedoria” (em
grego: σοφός; "sofós"). Na Tradição Gnóstica,
Sophia é uma figura feminina, análoga à alma
humana e simultaneamente um dos aspectos
femininos de Deus. Os gnósticos afirmam que ela é
a sizígia de Jesus (algo como o seu complemento
feminino) e o Espírito Santo da Trindade. Nos
textos da Biblioteca de Nag Hammadi, Sophia é
o mais baixo dos Æons ou a expressão antrópica
da emanação da luz de Deus, sendo a responsável
pela criação do mundo material, ou uma das
responsáveis, dependendo da tradição gnóstica.
APÊNDICE: NOTAS SOBRE
DEMONOLOGIA
Considerações Gerais

Este apêndice tem por objetivo contextualizar e


trazer esclarecimentos apenas sobre os
demônios/inteligências/seres não nascidos cujos
arquétipos são associados com o conceito de
Maioral na Quimbanda em algumas
linhas/vertentes, embora esta seja um culto
distinto da Demonolatria.

As correntes místicas e religiosas do pensamento


judaico-cristão e muçulmano foram responsáveis
pela destruição quase total de toda fonte
verossímil de informações acerca dos deuses
antigos, e criaram seus demônios (deturpando o
termo) sobre os pilares das religiões e das culturas
que as precederam. O processo de demonização
que uma cultura inflige sobre outras, objetivando
dominar e influenciar os indivíduos de uma
sociedade e do mundo, existe desde as primeiras
grandes correntes místicas e religiosas da
humanidade.

Na Grécia antiga havia a associação de demônios a


fenômenos da natureza, a certos locais e a
comportamentos humanos e isso não passou
despercebido pelo Cristianismo que associou
demônios aos pecados capitais, às doenças físicas
e mentais, às pragas e todas as mazelas. A
imagem do diabo clássico foi inspirada em deuses
como Pã e Cernnunos. E à medida em que ocorria
a conversão dos povos ao Cristianismo, os
atributos positivos de seus deuses eram
incorporados ao Deus cristão, e os negativos ao
Diabo.

Os seres que chegaram à atualidade sob a


denominação de demônios derivam de divindades,
espíritos, inteligências e entidades de culturas mais
antigas que possuem características contrárias aos
preceitos morais e religiosos de determinadas
sociedades, culturas e religiões dominantes. Tais
seres representaram, em seus contextos originais,
obstáculos para correntes que precisavam se impor
para defender seus próprios interesses ou de elites
dominantes (Ex.: Catolicismo e Islamismo). Muitos
desses demônios são antigos deuses de povos
conquistados, ou inimigos dos judeus. Segundo o
Ars Goetia (A Arte da Goetia dos 72 espíritos
infernais. Conforme evocados e controlados pelo
Rei Salomão) em sua “Parte I – Os 72 Espíritos”:
“Estes são espíritos Goéticos, são entidades
muitíssimo primitivas, e que foram adoradas
durante os primórdios da humanidade. São
deuses esquecidos que se tornaram
demônios após a influência cristã; mas isto é
uma hipótese; a experiência demonstrará a
verdade. [...]”
O processo de demonização costuma ser
empreendido por grandes religiões monoteístas
quando diante de potenciais ameaças contra suas
bases dogmáticas, litúrgicas, religiosas e
principalmente financeiras (Ex.: a “Santa”
Inquisição, as Cruzadas e o fanatismo islâmico
contemporâneo). Observe-se que demonizar
culturas e religiões diferentes de um sistema
dominante vigente é um mecanismo atemporal e
perene.

Durante a Idade Média e o início da Idade Moderna


houve um movimento disperso e simultâneo na
organização, categorização, catalogação e
diagramação sistemática das hierarquias infernais.
Foi quando surgiram os primeiros demonólogos
“profissionais”, alguns cristãos, outros ocultistas, e
outros isentos, que se limitavam a reunir dados
para seus trabalhos. A influência judaico-cristã
sobre os ocultistas daquele período foi outro fator
determinante para malignizar o conceito de
demônio, considerando que, principalmente na
Idade Média, orientações religiosas e
comportamentos “diferentes” poderiam resultar
em tortura, forca ou fogueira (ou todos juntos).

O Dicionário Infernal (Dictionnaire Infernal –


Jacques Auguste Simon Collin de Plancy /
Ilustrações: Louis Le Breton – séc. XIX) é um dos
mais conhecidos compêndios sobre demônios,
práticas mágicas, feitiçaria, e personagens do
ocultismo. Outro compêndio bastante conhecido é
Praeatigiis Daemonum com seu anexo
Pseudomonarchia Daemonum (1577) de
Johann Weyer, um discípulo instruído
pessoalmente por Cornélio Agrippa [64]. Weyer foi
um dos poucos que ousaram criticar a Inquisição, a
caça às bruxas e o Malleus Maleficarum [65] em
sua época. Este livro apresenta uma lista de 69
demônios muito parecida com a de 72 dæmons
do Ars Goetia, em uma ordem diferente.

O Ars Goetia (A Arte da Goetia dos 72 espíritos


infernais. Conforme evocados e controlados pelo
Rei Salomão) é um dos livros que integram o
Lemegeton Clavicula Salomonis, que são: Ars
Goetia, Ars Theurgia Goetia, Ars Paulina, Ars
Almadel, e Ars Notoria. O Lemegeton é um
grimório do séc. XVII, cuja autoria mítica é
atribuída ao Rei Salomão, sendo conhecido como
"A Chave Menor de Salomão". Nele, há
descrições detalhadas dos espíritos, das condições
necessárias para invocá-los e submetê-los à
vontade do conjurador, dos preparativos para as
invocações, e de como confeccionar os
instrumentos necessários para a execução de tais
rituais.

O Grimorium Verum (séc. XVIII) apresenta uma


hierarquia infernal e orienta sobre a execução de
invocações e conjurações. Suas primeiras edições
foram em francês e italiano, sendo esta última
considerada mais completa, por ter mais conteúdo.
Apresenta uma hierarquia semelhante à do
grimório Segredos do Inferno. Nele, os grandes
imperadores do Inferno são Lúcifer, Beelzebuth
e Astaroth.

O Grimório do Papa Honório (séc. XVIII) lista 7


espíritos infernais, com seus nomes e poderes,
associados aos dias da semana. Desta lista
constam Lúcifer (segunda-feira) e Astaroth
(quarta-feira).
O Grimorium Verum, o Grand Grimoire e o
Grimório do Papa Honório formam um conjunto
coerente de entidades e descreve o Inferno de
formas compatíveis entre si. No Ars Goetia as
hierarquias se estabelecem em cargos de nobreza
(Rei, Duque, Conde, Marquês, etc.); na hierarquia
do Grimorium Verum, Imperadores regem
Mestres, que regem Servos; na hierarquia do
Grand Grimoire, Imperadores regem Mestres, que
regem 18 dæmons do Ars Goetia.

O Dragão Vermelho (Le Dragon Rouge), o


Grand Grimoire e Os Segredos do Inferno são
compostos quase que totalmente pelo mesmo
conteúdo (tanto os textos, quanto as ilustrações e
complementos). Éliphas Lévi, em seu Dogma e
Ritual da Alta Magia assinala que O Dragão
Vermelho seria uma falsificação propositalmente
desfigurada do Grand Grimoire.
LÚCIFER
Lúcifer nas Religiões Abraâmicas
A Teoria dos anjos caídos (ou decaídos) é baseada em
interpretação equivocada do Livro de Isaías, Capítulo 14,
Versículo 12. Segundo esta teoria, Lúcifer [66] teria
liderado uma rebelião de anjos, que teria arrastado
com ele (os anjos caídos).
Tal capítulo trata-se de uma profecia sobre o fim do exílio
na Babilônia. Os judeus estavam cativos na Babilônia
e o profeta Isaías (um líder dos judeus na época) prevê o
fim do exílio e a queda do rei da Babilônia (fato é que os
judeus não estavam satisfeitos com aquela situação e
torciam contra o governo vigente).
A partir do versículo 4 o autor daquele capítulo começa
uma espécie de cântico que vai até o versículo 21, todo
dirigido ao rei Nabucodonosor. O versículo que deu
margem à interpretação de que existe um ser chamado
“Lúcifer” é o 12. Seguem os versículos de 12 a 15, da
chamada “Bíblia de Jerusalém”, cuja tradução é
atualmente considerada a mais fidedigna e foi realizada
por uma numerosa comissão:
12. Como caíste do céu, ó estrela d'alva, filho da aurora! Como foste
atirado à terra, vencedor das nações!
13. E, no entanto, dizias no teu coração: 'Hei de subir até o céu,
acima das estrelas de Deus colocarei o meu trono, estabelecer-
me-ei na montanha da Assembleia, nos confins do Norte.
14. Subirei acima das nuvens, tornar-me-ei semelhante ao
Altíssimo.'
15. E, contudo, foste precipitado ao Xeol, nas profundezas do
abismo".
No livro atribuído a Isaías, o autor (cuja verdadeira
identidade se desconhece) está se referindo ao rei da
Babilônia (Nabucodonosor) que seria derrubado de
volta à terra, já que havia se engrandecido demais, se
equiparando a Deus.
Os Pais da Igreja, nos primórdios do Cristianismo,
interpretaram a queda da Estrela d’alva (na Vulgata –
tradução da Bíblia para o latim feita por São Jerônimo –
traduzida como “lucifer”) como sendo a do Príncipe dos
demônios. Orígenes (um dos Pais da Igreja), embora não
tenha sido o primeiro a interpretar erroneamente tais
passagens, foi quem desenvolveu teorias a respeito,
originando a confusão.
Antes da tradução de São Jerônimo já havia algumas
interpretações equivocadas sobre essa passagem de
Isaías. Jerônimo oficializou a confusão, mas não foi o
único responsável por ela.
Note-se que o Livro de Isaías pertence ao Antigo
Testamento e foi escrito em hebraico. A palavra hebraica
que foi traduzida como “lucifer” por São Jerônimo é
“heilel ”.
Isaías 14:12 tornou-se uma fonte para a concepção
popular do tema “anjo caído”. O judaísmo rabínico
rejeitou qualquer crença em anjos rebeldes ou caídos. Os
especialistas em crítica textual (mesmo os religiosos) são
unânimes em afirmar que aquela passagem de Isaías
aborda um contexto político da época.
A Septuaginta [67] traduz “heilel ”em grego como
“Eosphoros” (portador do amanhecer), o nome grego
antigo para a estrela da manhã.
A palavra “lucifer” vem do latim “lux”, que significa luz, e
“ferre” ou “fero”, que significa “levar”, “portar”. Significa,
portanto, “portador da luz”. A tradução de “heilel ”como
"lucifer" foi abandonada nas traduções modernas. Na
tradução da Bíblia de Jerusalém está traduzido como
Estrela d’alva. Outras versões traduzem como “estrela da
manhã”, “estrela brilhante”, “astro brilhante”. Algumas
traduções mais antigas ainda seguem a tradução de São
Jerônimo, e traduzem a palavra hebraica “heilel ” para a
palavra latina “lucifer”.
Esta palavra “heilel ” aparece outras vezes no Antigo
Testamento, duas vezes no Livro de Jó, e uma vez nos
Salmos, e nessas passagens a palavra “heilel ” está se
referindo ou às estrelas, ou ao amanhecer.
No Novo Testamento, São Jerônimo também traduziu
algumas passagens como “lucifer”: uma foi na Primeira
Epístola de Pedro, 1:19 (nesta passagem, a estrela da
manhã à qual Pedro está se referindo é Jesus); e a outra
em Apocalipse, 2:28. Nas traduções em português,
normalmente encontra-se “estrela da manhã”.
Há outras passagens no Novo Testamento em que já se
nota a formação de um princípio de teoria por parte dos
autores que defendem a existência de Lúcifer nos textos
bíblicos: 1) Apocalipse 12:9: “Foi expulso o grande
Dragão, a antiga serpente, o chamado Diabo ou Satanás,
sedutor de toda a terra habitada — foi expulso para a
terra, e seus Anjos foram expulsos com ele”; 2) Segunda
Epístola aos Coríntios, atribuída a Paulo, 11:14: “E não é
de estranhar! Pois o próprio Satanás se transfigura em
anjo de luz”; 3) Lucas 10:18, onde Jesus diz: “Eu via
Satanás cair do céu como um relâmpago! ”
O Islamismo também acredita em Lúcifer. O Alcorão
não só faz referência, como se serve em grande medida,
das escrituras judaicas e cristãs (hoje conhecidas como
Bíblia). Na 38ª Surata, versículos 72-78, Allah está se
referindo à criação de Adão. Ele diz assim:
72. Quando o tiver plasmado e alentado com o Meus Espírito,
prostrai-vos ante ele.
73. E todos os anjos se prostraram, unanimemente.
74. Menos Lúcifer, que se ensoberbeceu e se contou entre os
incrédulos.
75. (Deus lhe) perguntou: Ó Lúcifer, o que te impede de te
prostrares ante o que criei com as Minhas Mãos? Acaso, estás
ensoberbecido ou é que te contas entre os altivos?
76. Respondeu: Sou superior a ele; a mim me criaste do fogo, e a
ele de barro.
77. (Deus lhe) disse: Vai-te daqui, porque és maldito.
78. E a Minha maldição pesará sobre ti, até ao Dia do Juízo!
Esta citação, com algumas poucas mudanças na forma,
se repete várias vezes no Alcorão.
A utilização da palavra “Lúcifer” nas traduções em
português do Corão é uma escolha equivocada, pois o
original é “Eblis”. Os estudiosos clássicos do Islamismo
consideram “Eblis” um anjo; enquanto os estudiosos
contemporâneos tendem a considera-lo um gênio, ou
espírito (Djinn).
Embora os estudiosos contemporâneos não considerem
“Eblis” (que é traduzido como Lúcifer) um anjo caído, e
sim um ser criado por Deus, assim como Adão (só que
em vez de criado do barro foi criado do fogo), parece que
a lenda de Lúcifer serviu de inspiração para esse
modelo.
Uma obra que ajudou a popularizar essa teoria sobre
Lúcifer e anjos caídos foi “O Inferno”, de Dante
Alighieri, livro que faz extensas descrições de Lúcifer e
seu cortejo de “diabinhos”.
O importante a deixar registrado aqui é que o arquétipo
que Lúcifer representa é algo que preexiste em muito
ao Cristianismo, o qual dele se apropriou para nomear o
seu “Diabo”.
Lúcifer foi identificado com o Diabo no cristianismo e na
literatura popular cristã, como em Inferno (de Dante
Alighieri / séc. XIV), Lúcifer (de Joost van den Vondel
/ séc. XVII) e Paraíso Perdido (de John Milton / séc.
XVII). O Cristianismo medieval primitivo distinguia
bastante entre Lúcifer e Satanás. Enquanto Lúcifer,
como o Diabo, está fixado no inferno, Satanás executa
os desejos de Lúcifer como seu vassalo. Os teólogos, no
entanto, não fizeram distinção entre Lúcifer e Satanás,
considerando Lúcifer como o nome primordial de
Satanás.

O Arquétipo Luciferiano
É o arquétipo do inconformismo, rebeldia e liberdade de
pensamento, que impulsionam o adepto à revolução, à
libertação das estruturas e limites que restringem a
consciência; à busca do conhecimento, satisfação e
realização pessoal, com isenção de tabus e hipocrisia; e à
busca da perfeição, do refinamento, do progresso
espiritual individual, e da autodivinização.
O arquétipo luciferiano é recorrente em vários mitos
de vários povos de várias épocas, personificado em um
ser divino, sob diferentes nomes conforme a época e o
lugar. Aparece na filosofia, na literatura e nas artes.
Em todas as mitologias e cosmogonias, constam como
princípios energias positivas: plenitude, movimento, luz,
ordem; e energias negativas: nada, vazio, trevas, caos,
inércia (considerando aqui inércia não como ausência de
movimento, mas sim inércia de criação). O arquétipo
luciferiano sempre aparece subvertendo a ordem.
Lúcifer é a personificação de toda liberdade condenada
por dogmas vigentes (cujo verdadeiro significado é muito
anterior à teologia ortodoxa judaico-cristã), de busca
pelo saber dos deuses, tal como se manifesta na
mitologia grega em Prometeu (o titã que se apoderou
do fogo sagrado do Olimpo para doar à espécie humana),
Eosphoros, Hesperos e Hespérides [68].
Lúcifer é uma das várias figuras do folclore associadas
ao planeta Vênus. No folclore romano, Lúcifer
("portador da luz" em latim) era o nome do planeta
Vênus. O nome grego para este planeta era
Phosphorus (portador da luz, do archote) ou
Eosphoros (portador da aurora), quando se referiam à
Estrela d’alva (manhã), e, alternadamente, Hesperos,
quando se referia à Estrela Vésper (poente). Portanto,
Phosphorus (Lúcifer), Eosphoros e Hesperos são 3
aspectos do mesmo deus.
Vênus como deusa romana personifica um arquétipo
equivalente ao das deusas mesopotâmicas Ishtar e
Inanna, e na mitologia suméria, o tema sobre um ser
celestial lutando pelo lugar mais alto do céu e sendo
lançado ao submundo (assim como no mito da descida
de Inanna ao submundo) tem paralelo com o
movimento de Vênus (planeta) à medida que progride
em seu ciclo sinódico, no qual desenha um pentagrama
no céu ao redor da Terra ao longo de oito anos.
Neste caso, parece haver uma relação entre Vênus,
Lúcifer, e o “demoníaco”. Considerando que para os
cristãos Lúcifer é o “Príncipe da Luxúria Espiritual”, e
que a luxúria [69] é o defeito capital relacionado à Vênus
na Cabala Hermética [70].
No Livro de Enoch (um apócrifo [71] e pseudoepígafo [72])
ocorre uma narrativa em que Arcanjos observaram do
céu os feitos dos anjos caídos, liderados pelos Vigilantes
Samyaza e Azazel, que vieram à Terra para conviver
com os humanos, aos quais transmitiram
“conhecimentos proibidos”. Ensinaram inúmeras artes,
como metalurgia, astrologia, astronomia e magia.
Prometeu é um dos mais instigantes personagens que
remetem à Lúcifer. Foi um dos Titãs da segunda
geração, gigantes que regeram a Terra antes dos deuses
olímpicos. Segundo alguns mitos, Prometeu criou a
espécie humana e foi seu defensor. Roubou o fogo de
Héstia para dá-lo aos mortais. Zeus, que temia que os
mortais se tornassem tão poderosos quanto os deuses
então o puniu, prendendo-o acorrentado no cume do
Monte Cáucaso, onde uma ave de rapina diariamente
devorava seu fígado (que se regenerava durante a noite),
até que anos mais tarde o herói Héracles abateria a
águia e libertaria Prometeu de seus grilhões.
Na mitologia escandinava, o arquétipo luciferiano é
personificado em Loki, que representa forças que
ameaçam a ordem divina e cósmica. Ele é o portador da
Luz/Fogo e ao mesmo tempo possui imenso potencial
destrutivo. Seu nome se refere a “logi” (fogo, chama) ou
ao verbo “lúka” (ou lukijan) significando “trancar”, o que
remete ao seu papel no Ragnarök (fim do mundo
existente), o fogo final no qual o mundo e seus deuses
irão arder. Ele é o trapaceiro que constantemente desafia
os deuses e sua ordem e lei estabelecidas. Mas é
também o iniciador da humanidade, a quem concede a
dádiva do fogo divino, assim como Prometeu, de cuja
punição teve uma semelhante: foi acorrentado a rochas,
enquanto sobre sua cabeça uma serpente goteja veneno
em seu rosto.
No Palo Mayombe, culto afro-cubano de origens
congolesas, o arquétipo luciferiano encontra-se em
Nkuyu (um espírito de seu panteão, cujo nome significa
“luz do mundo”) também conhecido como Lucero
(portador da luz). É o espírito da floresta que abre o véu
para que os mortos adentrem o mundo dos vivos, e
espírito do vento que traz uma profusão de ancestrais
atrás de si, na forma de vaga-lumes e estrelas, por isso,
para ele são sagradas as faíscas das forjas dos ferreiros,
bem como os fenômenos cintilantes em meio a
vegetação (o vaga-lume cintila por conta das substâncias
luciferina e luciferase existentes em seu organismo). A
ele são dedicados o fósforo e o enxofre.
O mais expressivo arquétipo luciferiano entre os
maias e astecas é personificado por Quetzalcoatl (a
“Serpente Emplumada” / Kukulkan para os maias). Deus
asteca dos ventos, da fertilidade e do aprendizado, criou
o homem dotado de Inteligência e forneceu-lhe as
sementes do cacau (o alimento dos deuses) para o
preparo do xocoatl.
Na mitologia celta, o arquétipo luciferiano encontra-
se em Lugh, o deus de características solares, do
conhecimento, da revolução, da liberdade, da colheita,
das artes e da guerra, tendo características venusianas,
marciais e mercuriais. O deus celta Cernunnos [73] foi
transformado em Lucifuge Rofocale [74] pelos
demonologistas cristãos.
A Stregheria (antiga bruxaria italiana) considera
Lúcifer como irmão e esposo da Deusa Diana, de cuja
união nasceu Aradia, a deusa que teria ensinado a
bruxaria de seus pais aos homens para libertá-los da
opressão cristã. Na Stregheria, Lúcifer é denominado
Dianus Lucifero (um deus tríplice: 1 – o deus cornífero
da sexualidade e fertilidade; 2 – o deus encapuzado
ceifador das colheitas; 3 – o deus ancião da sabedoria e
do conhecimento) e não tem relação com o conceito
demonizado judaico-cristão, e sim com os cultos pagãos
da Antiguidade (especialmente gregos e romanos) e aos
deuses da sabedoria, da fertilidade, da vida, da morte, da
natureza, da luz, da saúde.
Lúcifer está “camuflado” sob o nome Luciftias no
sistema mágico Enochiano, transmitido no séc. XVI ao
mago inglês John Dee e seu assistente Edward Kelley.
No estudo cabalista da Via Sinistra, Lúcifer é
identificado com Samael, consorte de Lilith. Segundo a
Cabala Qliphotica (estudo do Sistema Qliphotico),
Samael é a terceira qliphah, e sua contraparte na
Árvore da Vida é Hod. Enquanto a sephirah Hod está
ligada ao intelecto, ao astral superior, ao aspecto
mercurial, Samael representa a inteligência proibida.
Seu nome significa Veneno de Deus. Este veneno
significa que todos os conceitos que se tem sobre o que
é sagrado, bem e mal, certo e errado, são destruídos e
corroídos pelo conhecimento que ele tem a oferecer.
Quem adentra esta qliphah consegue enxergar além do
véu da mediocridade, e pode destruir todas as ilusões
artificiais. Isto leva ao conhecimento proibido, ao
intelecto obscuro. Esta nova perspectiva é muitas vezes
confundida com a loucura (muitos podem perder a
sanidade neste processo), porém a genialidade vem da
inteligência agregada ao pensamento fora do padrão. É
por isso que em Samael ocorre a verdadeira iniciação
ao Caminho da Mão Esquerda, da qual o adepto
emerge conhecedor de sua verdadeira vontade, isenta
de julgamentos moralistas.
Em teorias cabalísticas, Lúcifer está situado em Daat,
a Sephirah falsa ou invisível, dimensão diferenciada das
demais Sephiroth da Árvore da Vida, onde jaz a
armadilha do intelecto puramente lógico/racional. A
palavra Daath é circunstancialmente comparada com a
palavra grega gnosis (conhecimento). Nesse esquema
cabalístico Daat fica ao nível do Véu do Abismo, o que
estabelece importante metáfora em relação a estados de
consciência.
Na versão de Zecharia Sitchin da Teoria dos Antigos
Astronautas, o arquétipo luciferiano encontra-se em
Enki (um dos extraterrestres Anunnaki mitologicamente
conhecidos como os deuses mesopotâmicos), que teria,
através da manipulação genética em antropoides
primitivos, criado uma espécie aperfeiçoada, dotada de
inteligência, cognição e criatividade (o ser humano
atual), porém ainda com resquícios de servilismo.
No Mitraísmo, o arquétipo luciferiano é representado
em Mitra, o deus da sabedoria, da prosperidade, da
fertilidade, da justiça, mantenedor da harmonia; que foi
posteriormente transformado em um deus solar marcial
adorado pelos soldados da Roma antiga.
O arquétipo luciferiano também é encontrado no
Gnosticismo, no Catarismo, no Zoroastrismo (ou
Mazdeísmo), no deus Seth da mitologia egípcia (uma
divindade do caos que confrontou a enéade [75]), e, na
mitologia do período védico na Índia, encontram-se os
Asuras, que são forças caóticas (enquanto os Devas são
luz, os Asuras são caos) que foram posteriormente
demonizados pelos sacerdotes brâmanes.
O arquétipo luciferiano tem seu aspecto feminino
personificado em várias divindades mitológicas. São
expressões luciferianas todas as deusas do amor, do
desejo, do prazer, do sexo, da beleza, da harmonia, da
sabedoria, das artes e da natureza. Ex.: Afrodite (grega)
/ Vênus (romana), Hera (grega) / Juno (romana),
Athena (grega) / Minerva (romana), Musas (gregas),
Hathor (egípcia), Frigga/Freya (escandinava), Iduna
(escandinava), Lakshmi (hindu), Habondia (celta),
Druantia (celta), Inanna (sumeriana) / Ishtar
(babilônica) / Astarte (fenícia), Xochiquetzal (asteca),
Ixtab (maia), Mama Coca (Inca), Erzulie (loa vodou),
Nu Gua (China), Benzaiten (Japão), Oxum (África),
Shub-Niggurath (divindade fictícia da literatura de H. P.
Lovecraft).
BELZEBU / BELZEBUB /
BEELZEBUTH
Beelzebuth era um Deus cultuado por antigos povos
que habitavam a cidade de Ecrom, chamados de
filisteus, que depositavam oferendas perecíveis ao que
eles chamavam Senhor dos Exércitos. Com o tempo as
oferendas apodreciam e por isso os israelitas zombavam
dessa divindade, denominando-lhe “senhor das moscas”,
pois esses insetos infestavam as oferendas.
A palavra Beelzebuth, encontrada na Bíblia se relaciona
com o termo Baal-Zebub, o deus filisteu. Este termo
Baal-Zebub teve sua pronúncia corrompida pelos
israelitas, tornando-se Beelzebu (com significado literal
e pejorativo de deus das moscas, e aparecendo na
literatura rabínica com o significado de senhor do
esterco). Posteriormente passou a ser usado como
príncipe dos demônios e surgiu também no Novo
testamento.
Em Canaã, Pérsia e Síria o nome Baal [76] era muito
comum para designar suas divindades e seus rituais e
cultos envoltos em orgias sexuais e sacrifícios. Na Síria
era tido como o deus das tempestades e trovões. Muitos
demonólogos consideram Beelzebuth a divindade mais
reverenciada do povo de Canaã, capaz de livrar o povo
das moscas que destruíam suas colheitas e de
proporcionar prosperidade, fartura e boas colheitas em
troca de adoração e das ofertas que eram feitas em seu
nome. Os aramaicos disseminaram seu culto por todo o
Mediterrâneo como do deus da fertilidade, da
prosperidade, dos trovões e também da morte e da
crueldade.
O primeiro demônio listado na Chave Menor de
Salomão é Baal, o deus semita, informação esta que se
segue nos demais grimórios como o do conhecido
Mago Abramelin. A partir de 1522 surge Beelzebuth
no livro Segredos do Inferno, cuja autoria é atribuída
a Salomão.
Outros livros falam sobre Bael, Beelzebuth e Baal
como seres distintos, como o dicionário infernal
(Dictionnaire Infernal – Jacques Auguste Simon
Collin de Plancy).
Em todos esses grimórios e compêndios existe a
referência a um demônio ou divindade relacionada aos
antigos povos do oriente médio e a associação entre
esses nomes que nos mostra que todos eles são
variações de apenas um.
ASTAROTH
O nome Astaroth é derivado da deusa fenícia Astarte,
um equivalente da babilônica Ishtar e da suméria
Inanna. Ele é mencionado na Bíblia Hebraica nas formas
Ashtoreth (singular) e Ashtaroth (plural, em referência
a várias estátuas dela).
A estrela de oito pontas era o símbolo mais comum da
antiga deusa suméria Inanna e sua semítica oriental
equivalente, Ishtar, geralmente associada com o planeta
Vênus.
As diversas deusas ligadas às estrelas foram
“demonizadas” por culturas que acreditavam que todos
os conhecimentos sobre o destino deveriam vir do “Deus
único”. Neste sentido, Astaroth parece ser uma síntese
de diversas Deusas das estrelas, que podiam prever e
tecer os destinos, e perderam seu culto ao serem
sobrepujadas pelo poder sacerdotal dominante. Várias
passagens bíblicas fazem referência à Astarote como
deusa dos sidônios (Líbano).
É através de textos cabalísticos que Astaroth é mais
conhecido como um Arquidemônio de poderes
inimagináveis, e sendo do gênero masculino. Na Idade
Média, em alguns fragmentos de escritos hebraicos
relacionados a Demonologia, pode-se encontrar (Ex.:
Livro de Abramelin) Astaroth sendo demônio
masculino, além de Asmodeus, Beelzebuth, dentre
outros, o que se popularizou ainda mais em outros
grimórios posteriormente.
Na antiga cidade de Canaã (correspondente à área do
atual Estado de Israel, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia,
do Líbano, de parte da Jordânia, e de parte da Síria),
incluíram em suas adorações aos deuses pagãos o culto
a esta Divindade como uma Deusa chamada Astarote.
Astaroth possui como principais ajudantes 3 demônios
chamados Aamon, Pruslas e Barbatos.

Atributos: História, divinação, previsão, profecia.


Poderes: Descobrir segredos, falar sobre a queda
dos espíritos, responder sobre passado, presente e
futuro.
BELIAL
Belial é um demônio presente na mitologia cananita,
que a ele se referia como o adversário do “povo
escolhido”. É citado em textos cabalistas como o líder de
um dos universos criados antes do nosso, que se
autodestruiu devido ao tamanho poder e maldade que
continha. Nos manuscritos atribuídos a Salomão é
mencionado como um dos espíritos que não voltou ao
local de origem após suas urnas terem sido quebradas.
Ao invés disso, entrou em uma escultura na Babilônia e
respondia perguntas mediante sacrifícios recebidos. Esta
escultura possivelmente era a de um carneiro dourado
(por vezes atribuída a Baal) que, conforme o relato do
Êxodo, foi vista sendo adorada pelas pessoas por Moisés
enquanto este descia do Monte Sinai com as tábuas dos
mandamentos.
Seu nome aparece no Antigo Testamento várias vezes,
em algumas como substantivo próprio, se referindo ao
Deus Belial, e em outras como simples adjetivo,
sinônimo de vil, indigno, mal, blasfemo, impuro ou
contrário às leis de Deus (o deus deles...).
Na lenda da queda dos anjos costuma-se dizer que
Belial foi um dos primeiros anjos que teria aderido à
revolta de Lúcifer, e o que mais arrastou outros consigo,
com seu proselitismo. Também está estabelecido que o
único local onde lhe foi prestado culto abertamente foi
em Sodoma, o que teria motivado a destruição da
cidade.
Em 1473 foi publicado o livro “Das Buch Belial” (O
Livro de Belial), obra que teve seu nome inscrito no
Index Librorum Prohibitorum (Lista de Livros
Proibidos da Igreja Católica) no séc. XVI. Seu conteúdo
mais notório são as xilogravuras ilustrando os encontros
de Belial com Salomão. Seu autor (Jacobus de Téramo
/ 1349 – 1417), foi bispo da Igreja Católica. Os
personagens principais desta obra são: Lúcifer, Belial,
Jesus e Salomão. Apesar do caráter “cristão” da
escritura, ao “demônio” é garantido o direito de “se
apoderar dos corpos e das almas dos condenados até o
dia do juízo final”.
Tradicionalmente Belial governa 50 legiões de espíritos,
embora o livro Pseudomonarchia Daemonum, de
Weyer, afirme que são 80 legiões.
Outros nomes: Beliaal, Beliar, Belhor, Belu, Beliel, Berial.

Atributos: Astúcia, persuasão, convencimento,


proselitismo.
Poderes: Distribui cargos, faz com que amigos ou
inimigos façam favores, concede familiares.
LEVIATÃ / LEVIATHAN
Leviatã é uma criatura marinha bastante comum no
imaginário dos navegantes europeus da Idade Média.
Durante as grandes navegações do século XIV e
XV, Leviatã personificou o medo do Mar e do
desconhecido. Seu nome vem do hebraico, e significa
algo como “serpente enrolada, torcida”, uma referência
tanto à sua natureza animalesca quanto ao seu aspecto
oculto (um monstro do caos primitivo). Seu
arquétipo refere-se à brutalidade, ferocidade e aos
impulsos mais selvagens e incontidos da humanidade. De
acordo com a tradição cabalística o Leviatã simboliza
Samael. Para os antigos hebreus, Leviatã é o arquétipo
de guerra contra Jerusalém, ou seja, sinônimo de
inimigo mortal da doutrina imposta.
Sua descrição visual é sempre a de uma criatura abissal
de proporções gigantescas (o grande dragão do abismo
das águas). É mencionado no Velho Testamento da Bíblia
como o maior dos seres aquáticos, e descrito de
diferentes formas em diferentes passagens.
Segundo a mitologia fenícia, seria um monstro em forma
de crocodilo e já se encontrava nos escritos de Ugarit
(antiga cidade da costa mediterrânea ao norte da Síria)
que Leviatã combateu o deus Mot, senhor da morte e
das secas, acabando por perecer sob a espada de um
servo do deus Baal.
Em sua origem histórico-mitológica o Leviatã talvez
esteja associado à Tiamat [77] mesopotâmica.
O Livro de Jó (capítulos 40 e 41) faz a descrição mais
impressionante do Leviatã, como o maior e o mais
poderoso dos monstros aquáticos, remetendo à imagem
de um dragão. No Livro de Isaías (capítulo 27) é descrito
como uma serpente tortuosa.
O teólogo e bispo alemão Peter Binsfield em seu livro
De confessionibus maleficorum et sagarum (Das
Confissões dos Magos e das Bruxas – 1589) fez uma
associação de demônios (os 7 Príncipes do Inferno)
com os 7 pecados capitais: Asmodeus – Luxúria /
Azazel – Ira / Belphegor – Preguiça / Belzebu – Gula /
Leviatã – Inveja / Lúcifer – Soberba / Mammon –
Ganância. Leviatã seria responsável por fazer os
homens tornarem-se hereges, promoveria a inveja e
levaria à obsessão por bens materiais.
Sébastien Michaelis, inquisidor francês e prior da
Ordem Dominicana, publicou em 1612 seu “Histoire
admirable de la possession et conversion d'une
penitente” (Admirável história da posse e conversão de
um penitente), que apresenta uma classificação dos
demônios que se difundiu na literatura esotérica. Nela, os
demônios de elite são divididos em 3 categorias: 8
demônios na 1ª, 5 na 2ª e 3 na 3ª. Leviatã seria situado
na 1ª categoria, como um demônio caracterizado por
induzir ao paganismo, ateísmo, e ceticismo irreligioso.
O Dicionário Infernal (Dictionnaire Infernal –
Jacques Auguste Simon Collin de Plancy /
Ilustrações: Louis Le Breton – séc. XIX) descreve a
hierarquia do Inferno dividida em 5 grupos : 1º) Príncipes
e altos dignitários, 2º) Ministros, 3º) Embaixadores, 4º)
Executores da Justiça no Inferno, 5º) Gestores de várias
funções na “Casa dos Príncipes”. Nessa divisão Leviatã
está como Ministro de Gabinete, no papel de Grande
Almirante, dirigindo a marinha do Inferno e sendo
também o “Demônio Mestre do Oceano” e “ Rei dos
animais”, cargos que lhe conferem a prerrogativa de não
poder ser ferido por arma humana quando se materializa.
Conforme Anton Szandor La Vey em sua Bíblia
Satânica (1969), Leviatã é um dos “Quatro Príncipes
Coroados do Inferno”, o qual representa o elemento água
e rege o Oeste.
Em “The Marriage of Heaven and Hell” (O
Casamento do Céu e do Inferno – séc. XVIII), William
Blake descreve Leviatã como uma terrível serpente
marinha.
Na cultura popular, alguns fundamentalistas bíblicos
associam Leviatã ao Monstro do lago Ness, que seria
um criptídeo [78] aquático alegadamente visto no Lago
Ness (Escócia). A sua existência (ou não) ainda causa
debates entre céticos e crentes, e é um dos mistérios da
criptozoologia [79]. O Monstro do Lago Ness (ou
Nessie, como foi apelidado) é descrito como uma
espécie de serpente ou réptil marinho, semelhante ao
plesiossauro, um sauropterígeo [80] pré-histórico. Em
2003, o governo da Escócia declarou a não existência da
criatura.
Nos tratados de filosofia política, Leviatã simboliza o
Estado, como um monstro sem freios e sem piedade;
tirano arbitrário; cruel e totalitário; que pretende dominar
os corpos e as consciências; que se atribui direito
absoluto, de vida e de morte, sobre todas as criaturas
que submete.
O arquétipo que Leviatã personifica é associado ao
elemento água (o grande elemento mágico criativo da
emoção), relacionado ao caos, ao inconsciente e à senda
emocional do ser humano (a energia emocional é a
grande chave da magia). Simboliza a continuidade da
ação do caos que existia antes do mundo. Leviatã nada
no oceano negro, de onde emerge a força para
despertar, superar limites, e derrotar a egrégora das
doutrinas manipuladoras, dogmáticas e escravagistas.

Anexo 4: Resumos & Complementos


Ponto Riscado de V.S. Maioral de acordo
com a Tradição
ANEXO 5: ICONOGRAFIA
FONTES / SUGESTÕES
BIBLIOGRÁFICAS

N
esta seção estão listados livros, artigos,
websites,contas do Instagram, canais do Youtube e
páginas do Facebook com conteúdo que de alguma
forma corrobora o teor do material de apoio da Mentoria
do Templo Caminhos da Serpente (e vale como sugestões
de leitura); ou que (em alguns casos) contêm
material/informação que foi utilizado no desenvolvimento
das apostilas, cuja fonte deve ser citada.

❖ Livros:
A Bíblia dos Cristais – Judy Hall – Ed. Pensamento.

- Vol. 1 – O Guia Definitivo dos Cristais – 2006.


- Vol. 2 – Com a Descrição de 200 Novos Cristais de
Cura – 2011.
- Vol. 3 – Mais de 250 Pedras Recém-Descobertas –
2015.
A Revolução Luciferiana – Adriano Camargo
Monteiro – Ed. Madras – 2007.

Chakras, Kundaliní e Poderes Paranormais:


revelações inéditas sobre os centros de força do
corpo e sobre o despertamento do poder interno
– Mestre DeRose –– Ed. Egrégora – 3ª Edição –
2018.

Conhecimento Prático com Cristais C/Cd: Seu


workshop completo sobre cristais em um único
livro – Judy Hall – Ed. Pensamento – 2013.

Curso de Ervas e Plantas Mágicas – Danilo


Coppini – Ed. Devainy – 2021.

Dicionário dos Demônios: Edição comemorativa


de 10 anos – Michelle Belanger – Ed. Darkside
Books – 2022.

Encantaria Brasileira: O livro dos Mestres,


Caboclos e Encantados – Reginaldo Prandi – Ed.
Pallas – 2006.

Grimório das Bruxas – Ronald Hutton – Ed.


Darkside Books – 2021.

Grimório Oculto: Uma jornada mágica da


Alquimia à Wicca – John Michael Greer – Ed.
Darkside Books – 2021.
Grimório para o Aprendiz de Feiticeiro: Magia
para o dia a dia – Oberon Zell—Ravenheart – Ed.
Madras – 2011.

Liber Luciferi: Teoria e prática do Luciferianismo –


Adriano Camargo Monteiro – Clube de Autores –
2020.

O Candomblé Bem Explicado: Nações Bantu,


Iorubá e Fon – Odé Kileuy & Vera de Oxaguiã
[organização: Marcelo Barros] – Ed. Pallas – 2009.
O Livro das Pedras – Robert Simmons & Naisha
Ahsian – Ed. Madras.

O Livro de Baphomet – Julian Vayne & Nikki Wyrd


– Ed. Penumbra – 2017.

Os Chakras: Os centros magnéticos vitais do ser


humano – C.W. Leadbeater – Ed. Pensamento –
1960.

Palo Mayombe: O jardim de sangue e ossos –


Nicholaj de Mattos Frisvold – Ed. Penumbra –
2018.

Práticas de Quimbanda – Volume I – Danilo


Coppini – Editora Via Sestra.

Quimbanda: Fundamentos e práticas ocultas –


Volumes I e II – Danilo Coppini – Editora Via
Sestra – 2ª ed. – 2019.

Quimbanda: O culto da chama vermelha e preta –


Danilo Coppini – Editora Via Sestra – 4ªed. – 2019.

Rituais com Ervas, banhos, defumações e


benzimentos – Adriano Camargo – Ed. O Erveiro –
2017.

Teoria dos Chakras: ponte para a consciência


superior – Hiroshi Motoyama – Ed. Pensamento –
1988.

The Serpent Power: The Secrets of the Tantric and


Shaktic Yoga – Arthur Avalon (Sir John Woodroffe)
– 1919.
Trilogia As Folhas Sagradas – Diego de Oxóssi –
Ed. Arole Cultural – 2019.

- Vol. 1 – O Poder das Folhas


- Vol. 2 – A Magia das Folhas
- Vol. 3 – O Segredo das Folhas

❖ E-book:
Elucidando Chacras – Série “Elucidando” – Vol. 6 –
Cesar de Souza Machado – 3ª Ed. –
Metaconsciência. Disponível em:
https://elucidando.metaconsciencia.com/

❖ Artigos (localizáveis em websites de busca):


Centros de Força. Entenda como funcionam os
chacras e as nadis. A diferença entre o sistema
hindu e o de Leadbeater – Dr. Elzio Ferreira de
Souza – Pela Associação Médico-Espírita do Brasil.

Gnosis-Gnosticismo. Uma introdução – Joaquim


Carreira das Neves – Universidade Católica
Portuguesa – Cadernos do Ceil: Revista
Multidisciplinar de Estudos sobre o Imaginário –
Nº 1 (2011) – Págs. 109-133.

❖ Websites:
Alquimia Operativa
https://alquimiaoperativa.com/
Morte Súbita inc.
https://mortesubita.net/
Dæmons
https://daemons.com.br/
Penumbra Livros
https://penumbralivros.com.br/

Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra


http://temploespiritualcaboclopanteranegra.blogspot.
com/
https://templopanteranegra.com.br/kimbanda/
Scribatus
https://scribatus.wordpress.com/
Os Mistérios de Baphomet
https://scribatus.wordpress.com/2012/03/20/baphom
et/

❖ Contas do Instagram
Caminhos da Serpente

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Doutor Capa Preta


@doutorcapapreta
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Projeto Dæmons
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❖ Canais do YouTube
Tradição – Mário Filho
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Corrente 49 – Culto Brasileiro de Exu e Pombagira
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Nkisi e Bakuro
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[1]
Autóctone – Que se origina da região onde é encontrado, onde se
manifesta.
[2]
Santidade – um movimento indígena que teve como base rituais
católicos, inclusive utilizando a mesma nomenclatura da Igreja Católica em
seus cargos hierárquicos. Dela veio o termo Santé (a ritualística da
Santidade, que envolvia a devoção aos santos católicos) que posteriormente
aparece na Cabula, na Macumba e na Umbanda. Foi um movimento de
resistência contra as tropas da Coroa e fizeram revoluções contra os
portugueses, e por este aspecto político foi tão perseguido. Durou de
aproximadamente 1570 até o séc. XVII.
[3]
Ajogun – Senhores da guerra / anti-orixás, anti-divindades, anti coisas
boas, a reunião de coisas ruins / quem os controla são Èsù e Ìyàmi Òsòròngà
/ quem perde Àse fica à mercê dessas forças, que são: Ikú (a morte), Àrùn (a
doença), Òfò (a perda), Ègba (a paralisia), Òran (grandes problemas), Èpè
(maldição), Èwòn (a prisão), e Èse (aflição).
[4]
Lourenço Braga era um autor radicalmente contra qualquer aproximação
com as raízes negras da Umbanda, afirmando que as práticas de origem
africana só deveriam ser feitas “depois de ficar provado haver de fato
necessidade de lançar mão desse recurso extremo”. Todas as teorias
racistas que se difundiam no início do século XX, especialmente as que se
desenvolveram com a eugenia, influenciaram o trabalho de Lourenço Braga,
que dizia que os africanos eram maus e queriam prejudicar seus
semelhantes e que a Umbanda “redimiria” as práticas fetichistas e maléficas
praticadas pelos negros, especialmente ao aproximar a Umbanda do
cristianismo de viés espírita.

[5]
A Revolta dos Malês (do iorubá "ìmàle": "muçulmano") foi uma revolta
popular de escravizados africanos ocorrida durante o Império do Brasil, em
Salvador (capital da Bahia) em 24/01/1835, considerada como o maior
levante de escravizados da história do Brasil. Os revoltosos foram para a
batalha vestindo um abadá branco, tipicamente muçulmano, e portando
amuletos malês. Os reais objetivos da revolta são incertos, mas pode-se
dizer que se pretendia criar uma rebelião escrava generalizada e
provavelmente instituir em Salvador um governo malê, liderado por
muçulmanos. O levante era entendido por seus participantes como uma luta
da "terra de negro" contra a "terra de branco", o que significava que a
revolta era uma luta dos africanos (escravos ou não) contra os “brasileiros"
(mesmo escravos). Para os revoltosos, os mulatos e crioulos, livres ou
escravos, seriam pertencentes à "terra de branco", e, portanto, seus
inimigos em potencial. A revolta acabou em menos de vinte e quatro horas
devido à repressão brutal da polícia. Os rebeldes que sobreviveram sofreram
penas variadas: deportação forçada à África (para libertos que estavam
presos como suspeitos, mas sem provas concretas), condenações à morte, e
açoites.
[6]
Epíteto – Palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome
para qualificá-lo.
[7]
Necrosófico – Baseado na Necrosofia (= sabedoria/gnose dos mortos).
[8]
Necromancia é a prática de magia envolvendo a comunicação com os
mortos.
[9]
Egrégora – Do grego egrêgorein (velar, vigiar) é um conceito do ocultismo
que define a força espiritual resultante da soma de pensamentos e
sentimentos de uma coletividade, formando uma entidade autônoma.
[10]
As classificações da Umbanda em linhas das quais se tem registro foram
estabelecidas a partir de critérios pessoais por: Leal de Souza (1933),
Waldemar L. Bento (1939), Lourenço Braga (1942), Florisbela Maria de Souza
Franco (1949), Oliveira Magno (1950), Byron Torres de Freitas & Tata
Tancredo Da Silva Pinto (1951) e Aluízio Fontenelle (1952). Durante o 1º
Congresso de Espiritismo de Umbanda, em 1941, também foi realizada uma
discussão que resultou em uma classificação.

[11]
Lourenço Braga foi um autor radicalmente contra qualquer
aproximação com as raízes negras da Umbanda, afirmando que as práticas
de origem africana só deveriam ser feitas “depois de ficar provado haver de
fato necessidade de lançar mão desse recurso extremo”. Todas as teorias
racistas que se difundiam no início do século XX, especialmente as que se
desenvolveram com a eugenia, influenciaram o trabalho de Lourenço Braga,
que dizia que os africanos eram maus e queriam prejudicar seus
semelhantes e que a Umbanda “redimiria” as práticas fetichistas e maléficas
praticadas pelos negros, especialmente ao aproximar a Umbanda do
Cristianismo de viés espírita.
[12]
Aluízio Fontenelle foi a primeira pessoa que definiu a Quimbanda
como “trabalhos com Exu” e comparou (estabelecendo paralelos e
equivalências) os Exus com os demônios da Goetia, descritos nos
grimórios medievais. E assim ele reforçou a ideia de que Exu é o Diabo.
[13]
Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, em mitologia
são designados ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos (termo de
origem latina).
[14]
Estrutura formada pelas copas das árvores.
[15]
Totem: animal, planta ou objeto que serve como símbolo sagrado de um
grupo social (clã, tribo) e é considerado como seu ancestral ou divindade
protetora.
[16]
Remontando às tradições africanas, os itãs (histórias, lendas, versos,
crônicas, relatos) e os oriquís (rezas ou louvações em forma de versos ou
poemas) de Ossayn dizem explicitamente que o FOGO e o FERRO são
inimigos da mata. Trazendo a interpretação dessas afirmações para um nível
prático, conclui-se que o fogo de velas pode causar incêndios nas matas, e
as motosserras podem derrubá-las.
[17]
A Belle Époque (“bela época” em francês) foi um período na história da
Europa, que começou no fim do século XIX e durou até à eclosão da Primeira
Guerra Mundial (1914). A expressão também designa o clima intelectual e
artístico daquele período, considerado uma era de ouro da beleza, inovação
e paz entre os países europeus. Novas invenções facilitavam a vida em
todos os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência: os
cabarés, o cancã, o cinema, etc., e novos estilos artísticos como o
Impressionismo e a Art Nouveau.
[18]
Nkisis (ou inquices) são divindades da cultura bantu que possuem
correspondências com os orixás da cultura iorubá e os voduns da cultura
jeje.
[19]
Necrosófico: Baseado na Necrosofia (= sabedoria/gnose dos mortos).
[20]
Necromancia é a prática de magia envolvendo a comunicação com os
mortos.
[21]
Várias culturas ao longo da História empregaram termos diferentes para
descrever as bioenergias: o Prana dos hindus (palavra em sânscrito para a
energia vital), que os japoneses chamam de Ki, os chineses de Chi, os
antigos egípcios de Sah, os gregos de Pneuma, os kahunas (Polinésia) de
Mana; e em outros contextos, “energia biopsíquica”, “energia
metapsíquica”, “energia vital”, “fluido magnético”, “fluido
psíquico”, “fluido vital”, “magnetismo animal”, “energia orgônica
(orgônio)”, “od”, etc. A dinâmica dessas energias no corpo varia conforme
estados emocionais e fisiológicos.
[22]
Elementos – Para os gregos, inicialmente os elementos eram 4
(Empédocles): Terra, Fogo, Ar e Água. Posteriormente, Aristóteles incluiu um
5º: o Éter. Para os indianos também eram 5: Éter, Fogo, Terra, Ar e Água.
Para os chineses também eram 5, mas com variações: Terra, Água, Fogo,
Madeira e Metal. As tradições esotéricas ocidentais (Europa) consideram os
4 elementos (Terra, Água, Ar e Fogo) que segundo a Alquimia produzem
todos os estados da matéria (sólido, líquido e gasoso).
[23]
Kundalini é uma energia física, de natureza neurológica e manifestação
sexual. Significa serpentina, aquela que tem a forma de uma serpente. Sua
aparência é descrita como uma energia ígnea, enroscada três vezes e meia
dentro do chacra Muladhara, o centro de força situado entre a base da
coluna e os órgãos genitais (no períneo). É tão poderosa que o Hinduísmo a
considera uma deusa, a Mãe Divina, a Shakti Universal. Todo o sistema do
Yoga, de qualquer ramo, apoia-se no conceito da Kundalini.
[24]
Bija-mantra significa mantra-semente. É um mantra entoado e
mentalizado (por meio da meditação) especificamente em um chacra para
lhe imprimir uma determinada frequência vibratória, ativando-o. Ou seja, é
uma senha vibratória para evocação de uma determinada frequência
espiritual. Conforme os textos tradicionais a correspondência de chacras e
bija-mantras é a seguinte: 7º – Sahasrara: OM / 6º – Ajna: AUM-OM / 5º –
Vishuddha: HAM / 4º – Anahata: YAM / 3º – Manipura: RAM / 2º –
Svadhisthana: VAM / 1º – Muladhara: LAM
[25]
Sistema é o conjunto das instituições econômicas, morais, políticas de
uma sociedade, a que os indivíduos se subordinam, seja voluntariamente,
seja pela coerção. Seja de forma consciente ou inconsciente. Os valores e
interesses vigentes no sistema são estabelecidos e impostos por grupos que
detêm o poder e do qual não abrem mão a qualquer custo. A grande massa
segue inconsciente em meio à hipocrisia dos falsos valores vigentes e a
manipulação e controle midiático através do medo/pânico/terror.
Representam a massa de manobra de elites minoritárias em número, mas
que detêm o controle social.
[26]
Cultos de Resistencia são aqueles que, através de sincretismos, apesar
da pressão das religiões dominantes, mantiveram essências de suas fontes
originais.
[27]
Animais considerados sagrados em determinada sociedade ou contexto
espiritualista, cujas características o ser humano almeja absorver e
manifestar. Ex.: cobra, pantera, formiga, águia, etc.
[28]
Criptografia é um mecanismo de segurança e privacidade que torna
determinada comunicação ininteligível para quem não tem acesso aos
códigos da mensagem, ou a senha.
[29]
Vide Glossário.
[30]
Quinagem – Processo no qual as plantas são colocadas em uma bacia e
amassadas com uma pedra de rio (seixo rolado).
[31]
Maceração – Processo no qual as plantas após serem picadas ou
amassadas são colocadas em uma bacia ou balde com água, e com as mãos
serão amassadas, torcidas e esfregadas.
[32]
Vide “Apêndice 2 – Os Tipos de Sangue”.
[33]
Infusão – Processo no qual se aquece a água até sua fervura, e então
se apaga o fogo e adiciona-se as plantas, deixando em repouso por até 15
minutos. Usar no banho após amornar.
[34]
Decocção – Processo no qual as plantas são colocadas na água ainda
em temperatura ambiente, e então levadas ao fogo, deixando-se a mistura
ferver por 15 minutos. Usar no banho após amornar.
[35]
Para os iroubás a cor mais temida era o branco, e não o negro. E isto
está relacionado ao seguinte entendimento: 1) Tudo começa no escuro. A
vida começa no escuro (a semente começa a germinar no escuro da terra; o
bebê inicia sua vida no escuro do útero; etc.). O universo é negro, e dele
vem a luz das estrelas. E por aí vai. 2) O branco é o fim de tudo e onde tudo
termina: a velhice, quando os cabelos ficam brancos; as articulações
enrijecem; quando a pessoa morre e a pele fica pálida e gelada. É a cor
associada aos anciões, à decrepitude, à perda da memória, do viço, da
ereção. E por aí vai. E é a cor que mais se aproxima do transparente, que
representa, naquela cosmogonia, a aniquilação total.
[36] Adaptado parcialmente do conteúdo do website “Alquimia Operativa”.

Disponível em:
https://alquimiaoperativa.com/
[37]
Um herbalista conhece o cultivo, entende os ciclos da natureza, sabe
as melhores formas de colheita, entende dos usos culinários, tem
compreensão do campo energético e vibracional e da linguagem das
plantas.

[38]
Espargiria (ou Alquimia Espargírica) é a aplicação da Alquimia na
produção de medicamentos.
[39]
Vide Glossário.
[40]
Vide Glossário.
[41]
Baseado em Juana Elbein dos Santos (antropóloga e coordenadora
geral da Sociedade de Estudos da Cultura Negra no Brasil – SECNEB, autora
do livro “Os Nàgô e a Morte: Pàde, Àsèsè e o Culto Égun na Bahia”, que foi
tese de doutorado em etnologia na Universidade de Sorbonne em 1972), e
Reginaldo Prandi (sociólogo e professor, autor de “Mitologia dos Orixás” e
“Encantaria Brasileira”.
[42]
Circa é um advérbio da língua latina comumente utilizado quando se
quer assinalar uma referência temporal aproximada, sendo equivalente a
"por volta de" ou "aproximadamente".
[43]
Cornucópia: um símbolo representativo de fertilidade, riqueza e
abundância. Na mitologia greco-romana era representada por um vaso em
forma de chifre, com uma abundância de frutas e flores se espalhando
dele.
[44]
Ver “Numerologia” no “Capítulo 6 – Minerais no culto de Exu &
Pombagira”.
[45]
Consagrar é destinar a uma força, unir ao sagrado. A consagração já
ocorre na mente e na intenção, o que não exclui a
possibilidade/necessidade da ritualização do ato.
[46]
Ígneo – Relativo ao fogo, ou que é feito de fogo.
[47]
Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, em mitologia
são designados ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos (termo de
origem latina).
[48]
Se for a farofa para a Pombagira, pode ser a bebida que será servida a
ela: espumante, vinho branco, vinho rosé, etc., conforme a particularidade
da entidade.
[49]
É a entidade que atua mais diretamente com o médium e que dá a
autorização para que outras entidades possam se manifestar.
[50]
Provação, teste de aptidão e de perseverança.
[51]
O Prana dos hindus, que os japoneses chamam de Ki, os chineses de
Chi, trata-se de uma energia vital originária do sol. Práticas meditativas de
determinadas tradições orientais devem ser realizadas ao nascer do sol, por
ser o período do dia em que a concentração de Prana na atmosfera está em
seu ápice. Portanto, o Prana é uma energia solar, e os cultos relacionados
aos mortos são em essência lunares. A água da chuva cai do céu
impregnada de Prana.
[52]
Jagube e Chacrona são, respectivamente, os nomes populares do cipó
e da folha que compõem a AYAHUASCA (bebida fermentada psicoativa e
enteógena usada tradicionalmente entre os povos indígenas da bacia
amazônica como uma medicina espiritual ou xamãnica).
[53]
A gema apical (ou terminal) se localiza no ápice do vegetal e tem
como principal função gerar o crescimento vertical dos vegetais.
[54]
A compreensão dessas afirmações depende do entendimento mais
aprofundado do que é “gun” e “eró” na tradição africana. “gun” são
elementos e substâncias quentes, que têm a propriedade de agitar e
movimentar o corpo humano com o seu uso; e “eró” são elementos e
substâncias frias, que tem a propriedade de acalmar, apaziguar e
refrescar, produzindo tranquilidade e paz a quem faz uso delas. Pelo fato
de ser doce, costuma-se atribuir ao mel a propriedade de apaziguar. Porém,
além de ser o produto de movimento intenso das abelhas (e movimento
produz calor), o mel ao ser ingerido é absorvido rapidamente, e
imediatamente atua no cérebro, causando agitação. É um elemento muito
dinâmico, portanto, quente. Talvez pelo fato de ser vermelho, costuma-se
atribuir ao azeite de dendê a propriedade de ser quente. Porém, ao se
alimentar de algo a base de azeite de dendê, rapidamente sucede uma
condição de sonolência, torpor, relaxamento (a condição chamada de
“quebranto”). Portanto, é um elemento frio, que apazigua.

[55]
Paracelso, pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus
Bombastus von Hohenheim, (Suíça, 17/12/1493 — Áustria, 24/09/1541) –
Médico, alquimista, teólogo leigo e filósofo da Renascença alemã. Foi
pioneiro em vários aspectos da "revolução médica" do Renascimento, e é
considerado o fundador da Toxicologia.

[56]
Cláudio Galeno, mais conhecido como Galeno de Pérgamo, (129-
217) – Proeminente médico e filósofo romano de origem grega. Investigou
anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi o mais
destacado médico de seu tempo e o primeiro que conduziu pesquisas
fisiológicas. Foi também precursor da prática da vivissecção e
experimentação com animais. Fez muitas descobertas importantes:
distinguiu as veias das artérias, o sangue venoso do arterial; propôs pela
primeira vez que o corpo é controlado pelo cérebro, distinguindo nervos
sensoriais e motores; descobriu que os rins processam a urina e demonstrou
que a laringe é responsável pela emissão da voz.
[57]
Giovanni Battista Della Porta (1535 – 1615) – Estudioso italiano,
polímata e dramaturgo que viveu em Nápoles no Renascimento. Passou a
maior parte de sua vida em empreendimentos científicos. Sua obra mais
famosa é Magia Naturalis (Magia Natural), publicada em 1558, na qual ele
aborda os assuntos que pesquisava (filosofia natural, filosofia oculta,
astrologia, alquimia, matemática, meteorologia, etc.).

[58]
O óleo de consagração agrega energia; pode ser usado em amuletos,
imagens, armas mágicas, no corpo; pode ser destinado a entidades
(principalmente se for a sua); pode ser usado em trabalhos espirituais para
atrair a entidade. Exemplo de uso: quando for a uma entrevista para
emprego, passar em pontos do corpo de fluidez energética, centros
psíquicos, chakras, etc.: pulsos, palmas das mãos, peito do pé, centro do
peito, umbigo, atrás das orelhas, atrás dos joelhos, topo da cabeça, etc.

[59]
“Exotérico” refere-se ao que é transmitido publicamente, sem
restrições; enquanto “esotérico” refere-se aos ensinamentos de uma
doutrina reservados apenas a seus iniciados.
[60]
O termo Sagrado Anjo Guardião (S.A.G.) aparece no livro “A Magia
Sagrada de Abramelin, o Mago”, significando algo como “a voz de Deus”
dentro do indivíduo, ou seu “Eu Superior”. Acredita-se que aquela obra
tenha sido a principal responsável pela disseminação do conceito de anjos
da guarda em nível popular.
[61]
Éliphas Lévi (1810 – 1875), pseudônimo de Alphonse Louis
Constant, foi um escritor e mago cerimonialista francês, considerado um
dos ocultistas mais influentes do século XIX.
[62]
Em arquitetura, as gárgulas são desaguadouros, ou seja, a parte saliente
das calhas de telhados destinadas a escoar águas pluviais a certa distância
da parede, e que na Idade Média eram ornadas com figuras monstruosas
(humanas ou animalescas) frequentes na arquitetura gótica. Acredita-se que
as gárgulas eram colocadas nas catedrais medievais para indicar que o
diabo nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas, mesmo nos
locais sagrados.
[63]
Circa é um advérbio do Latim comumente utilizado quando se quer
assinalar uma referência temporal aproximada, sendo equivalente a "por
volta de" ou "aproximadamente".
[64]
Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim (Alemanha, 14/09/1486
— França, 18/02/1535) também conhecido como Henrique Cornélio
Agrippa, foi um intelectual polímata e influente escritor do esoterismo da
Renascença, na corrente do Cristianismo Hermético da época. Interessou-se
por Hermetismo, Teurgia e Cabala Cristã, Goetia, Alquimia, Astrologia e
outros temas relacionados aos movimentos rosacrucianos, teosóficos, etc.
Agrippa é mais conhecido por ser o autor do tratado mais abrangente e
famoso sobre Hermetismo da Renascença: De Occulta Philosophia libri tres
(Três livros de Filosofia Oculta).
[65]
Malleus Malleficarum (traduzido como “O Martelo das Feiticeiras”) – É
um manual inquisitorial publicado na Alemanha no séc. XV pelos
dominicanos Heinrich Kraemer e James Sprenger, em cumprimento à Bula
Papal Summis Desiderantis Affectibus de Inocêncio VIII (sobre um manual de
combate aos praticantes de heresias) que se tornou o guia dos inquisidores
a partir de então. Embora no período existam outros manuais, este é dos
mais cruéis. Foi um marco na demonização da mulher e das práticas
religiosas populares, sendo o manual da maioria dos inquisidores durante a
"caça às bruxas".
[66]
A palavra latina “lucifer” só passa a ser acentuada e capitalizada
(grafada com maiúscula) ao nomear “Lúcifer” como um ser, ou como o
planeta Vênus.
[67]
Septuagina – É a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego,
realizada em etapas entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
Foi usada como base para diversas traduções da Bíblia, e ficou conhecida
como a Versão dos Setenta (Septuaginta – palavra latina que significa
setenta), devido a uma lenda sobre sua origem, na qual 72 eruditos judeus
(6 de cada uma das 12 tribos) teriam trabalhado nela e completado a
tradução em 72 dias. Apesar de trabalharem individualmente, o produto
final teria sido concordante. O relato é fictício, mas o nome Seputaginta
popularizou. Em sentido estrito, a Seputaginta se refere a uma família de
manuscritos em versões gregas, e inclui alguns livros não encontrados na
bíblia hebraica.

[68]
As Hespérides (não são deusas, e sim ninfas) passeiam pelos céus,
encarregando-se de iluminar todo o mundo com a luz da tarde, portanto,
fazem parte do ciclo do dia: Hemera traz o dia, as Hespérides trazem o
entardecer e Nix fecha o ciclo com a noite. As 3 deusas Hespérides são: 1)
Egle – a radiante – deusa da luz avermelhada da tarde / 2) Erítia – a
esplendorosa – deusa do esplendor da tarde / 3) Héspera – a crepuscular –
deusa do crepúsculo vespertino. Junto de Hemera (o Dia), compunham o
séquito de Hélio (o Sol), de Eos (a Aurora) e de Selene (a Lua).
[69]
Em português, luxúria teve seu sentido deturpado e focado num aspecto
físico e sexual, porém a luxúria tem efeito na esfera espiritual quando as
emoções dominam a mente. Os sinônimos mais precisos são obsessão,
fixação.
[70]
A Cabala Hermética é baseada na Cabala judaica, adaptada para a
Alquimia durante o período medieval, e posteriormente utilizada por
filósofos herméticos, neo-pagãos e outros grupos esoteristas/ocultistas
ligados à Tradição Esotérica Ocidental ou Hermética.
[71]
Apócrifo – Que não é do autor a que se atribui.
[72]
Pseudoepígrafo – Texto ao qual é atribuída falsa autoria.
[73]
O deus cornífero celta, deus da fertilidade.
[74]
De acordo com o Grande Grimoire, Lucifuge Rofocale é o Primeiro-
Ministro do Inferno, e Lúcifer lhe conferiu o poder sobre todas as riquezas e
tesouros do mundo. É considerado um outro aspecto de Lúcifer. O nome
Lucifuge (ou Lucífugo) deriva das palavras latinas lux (luz) e fugio (fugir),
significando "aquele que foge da luz". Rofocale tem duas possíveis
interpretações: 1) seria um anagrama para Focalor, o nome de outro
demônio; 2) estaria intimamente associado à própria natureza de Lucifuge:
assim como Lucifuge traz um conceito inverso de Lucifer (portador da luz),
o nome Rofocale seria derivado de Lucifer invertido, ou seja, Reficul.
[75]
Enéade é um termo grego para os nove deuses e deusas que eram a
base de mitos de criação do antigo Egito.
[76]
Os “Baals” eram deuses nacionais ou patronos de cidades-estados no
Oriente Médio.
[77]
Tiamat é uma deusa das mitologias suméria e babilônica associada ao
oceano. Na maioria das vezes, Tiamat é descrita como uma serpente
marinha ou um dragão.
[78]
Criptídeo ou Criptido – Termo usado na criptozoologia para se referir
a uma criatura cuja existência é sugerida mas para a qual não existe
comprovação científica.
[79]
Criptozoologia – Estudo de animais hipotéticos, lendários, mitológicos
ou supostamente avistados por poucas pessoas, porém ainda oficialmente
desconhecidos pela ciência.
[80]
Um grupo extinto de répteis aquáticos marinhos, que descendiam de
répteis terrestres.

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