Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
QUIMBANDA
Templo Caminhos da Serpente
Tata Caratu
Rogerio Giusto
CONTENTS
Title Page
Apresentação
Breve História da Quimbanda
Apêndice 1 Linhas & Reinos
Apêndice 2: Literatura que Abordou a Quimbanda até a
Década de 1970
Reinos da Quimbanda
Reino das Encruzilhadas
Reino Das Matas
Reino Da Kalunga Pequena (Cemitério)
Reino Das Almas
Reino Da Lira
Reino Da Kalunga Grande (Praia)
Glossário
Anexo: Visão de Mestre Jean Favaro (Nganga Njira) sobre
os Reinos de Quimbanda
Apêndice: Algumas Classificações de Reinos, Povos e
seus Chefes
Exemplo 1
Exemplo 2
Incorporação
Apêndice 1: Algumas Categorias de Seres no Plano
Espiritual
Apêndice 2: Os Seres Encantados
Apêndice 3: Saudações de Exu e Pombagira
Apêndice 4: Os Chacras
Atlas
Doutrina de Quimbanda
Práticas Devocionais e de Elevação Pessoal
Anexo: Alguns Mudras
Vegetais no Culto de Exu & Pombagira
Algumas Plantas e sua Utilização no Culto de Exu &
Pombagira
Glossário
Apêndice 1: Algumas Observações Sobre a Nomenclatura
Botânica
Apêndice 2: Os Tipos de Sangue
Anexo 1: Atlas Botânico
Anexo 2: Plantas e suas Relações Elementais
Anexo 3: Organografia Botânica e Correspondência
Planetária
Anexo 4:Plantas e suas regencias planetárias[36]
Minerais no Culto de Exu e PombagirA
Glossário
Anexo 3: Regênca Planetária
Anexo 4: A Magia das Pedras
Anexo 5: A Pedra de Poder
Fios de Conta no Culto de Exu & Pombagira
Oferendas no Culto de Exu & Pombagira
Defumação, Banimento e Limpeza no Culto de Exu &
Pombagira
Apêndice: Incensos
Atlas
Confecção de óleos e Pós no Culto de Exu & Pombagira
Pós
Óleos
GlossáriO: Pós e Oleos
Apêndice: Fases da Lua e Trabalhos Mágicos
O Conceito de Maioral
Anexo 1: Maioral, por Danilo Coppini
Anexo 2: Maioral, por Mestre Jean do Capa Preta
Anexo 3: Baphomet - Projeto Daemons
Glossário
Apêndice: Notas sobre Demonologia
Lúcifer
Belzebu / Belzebub / Beelzebuth
Astaroth
Belial
Leviatã / Leviathan
Anexo 5: Iconografia
Fontes / Sugestões Bibliográficas
APRESENTAÇÃO
Com o advento da era digital muitos segmentos e
tradições espiritualistas, ocultistas, etc. que antes eram
de difícil acesso (em muitos casos perseguidos e
ofuscados pelas religiões de massa), ganharam
visibilidade. Com a Quimbanda não foi diferente:
atualmente existe uma profusão de páginas da web,
contas de Instagram e canais no Youtube relacionados.
Isto é parcialmente bom e ruim. Bom pela divulgação e
visibilidade; ruim porque como em relação a tudo o que
ganha holofotes na mídia, existe muito material de
qualidade duvidosa e muita deturpação.
O Templo Caminhos da Serpente foi pioneiro ao
proporcionar em 2021 uma mentoria de Quimbanda,
cujo formato inicial foi com turmas tendo aulas online
em encontros quinzenais. A partir desse projeto piloto
se percebeu a necessidade de registrar o conteúdo das
aulas em material escrito. E assim, posteriormente, os
temas abordados na mentoria foram compilados, de
forma ampliada buscando agregar as referências
externas, o que resultou no presente volume.
É importante destacar que estamos tratando da
Quimbanda brasileira, aquela resultante da mescla
negra/indígena/europeia e que pode ser considerada a
mais genuína e representativa via espiritual no Brasil
que tem como essência a subversão à hegemonia das
religiões de massa, em especial ao Cristianismo; e que
foca seu culto à ancestralidade nas figuras de Exu e
Pombagira. Por esse motivo, constata- se neste material
a ausência de ênfase em Nkisis e outras divindades da
cosmogonia bantu. Por outro lado, houve a preocupação
de, em volume único, atrelar aos temas o máximo de
complementos, através de apêndices e anexos.
A abordagem de muitos dos temas apresentados
representa o entendimento da egrégora do Templo
Caminhos da Serpente, que possui viés luciferiano.
Consideramos que, sendo a Quimbanda um culto
necromante e necrosófico, a diversidade de
entendimento e ritualística que possa existir entre as
diferentes linhas, vertentes, famílias, etc., não redunda
em considerar esta ou aquela a “certa” ou a “errada”.
Na prática, é valido o que foi chancelado pelos Mestres
Espirituais, os Poderosos Mortos.
O Templo Caminhos da Serpente, através de sua
egrégora espiritual, de sua liderança sacerdotal e de
seus adeptos, deseja que este material de alguma
forma contribua para despertar a chama luciferiana no
âmago daqueles que sentem o chamado de Maioral.
Laroyê Exu!
Templo Caminhos da Serpente
Tata Caratu
Janeiro / 2023
BREVE HISTÓRIA DA
QUIMBANDA
A
palavra Kimbanda:
Linha Cassange
Linha Caxambu
Linha Cruzada
Linha da Costa
Linha das Almas
Linha das Minas
Linha de Angola
Linha de Cabinda
Linha de Caboclo
Linha de Quimbanda
Linha de Umbanda
Linha do Congo
Linha do Mar
Linha Jeje
Linha Moçambique
Linha Mojolo
Linha Mussurumim
Linha Omolocô
Linha Rebolo
- Pomba-Gira do povo
- Pomba-Gira da classe média
- Pomba-Gira da alta sociedade
De acordo com o meio social, classifica-se:
- Pomba-Gira rica
- Pomba-Gira pobre
- Pomba-Gira jovem
- Pomba-Gira velha
- Pomba-Gira dos prazeres.
A IMPORTÂNCIA DA ANCESTRALIDADE
C
onforme exposto nos textos anteriores, até as
décadas de 1970-1980, tudo o que havia sido escrito
sobre Quimbanda, foi por autores umbandistas.
Desde o início do desenvolvimento umbandista, o
conceito das Sete Linhas faz parte do corpus doutrinário
daquela religião. É possível localizar pelo menos 8
proposições, de autores diferentes, sem que haja um
consenso entre elas.
Alguns destes autores umbandistas se propuseram a
“organizar” também a Quimbanda em linhas.
Uma conformação inicial de estrutura dos reinos
começou a se desenvolver a partir da ideia das Sete
Linhas de Quimbanda apresentadas por Lourenço Braga
em 1941:
Almas
Cruzeiros
Encruzilhadas
Kalunga Grande (Praia)
Kalunga Pequena (Cemitério)
Lira
Matas
Normalmente é aceito que a Quimbanda compreende
sete grandes reinos, dentro dos quais existem entidades
que possuem características em comum (estereótipos e
particularidades do reino a que pertencem) que
constituem os povos (ou legiões). De acordo com o
templo ou tradição literária, cada um dos Sete Reinos
comporta 7, 9 ou mais Povos/Falanges. Cada reino tem
um Exu Rei, ou um “casal” Exu Rei e Pombagira Rainha.
Assim como cada povo tem um Exu chefe ou um “casal”
de chefes (Exu e Pombagira).
Linhas de Quimbanda designavam fundamentos,
ritualísticas e a tradição de “famílias” de Quimbanda,
sem se tratarem de reinos, e sim das falanges de Exu e
Pombagira (e outras entidades) e a forma de cultuá-los.
Atualmente as linhas não são mais falanges, e sim as
vertentes que caracterizam tradições distintas (Nagô,
Malei, Xambá, Luciferiana, etc.).
Não há consenso quanto aos povos, qualitativa ou
quantitativamente.
Ex.:
Exu – 1951
O Espiritismo no Conceito das Religiões e a Lei de
Umbanda – 1952
A Umbanda Através dos Séculos – 1950
Umbanda: 320 pontos cantados – 1957
Lourenço Braga
Almas
Cruzeiros
Encruzilhadas
Kalunga Grande (Praia)
Kalunga Pequena (Cemitério)
Lira
Matas
Existe mais de um entendimento do que seria o “primeiro
reino”. Ex.: para os negros bantu, após a morte, os
espíritos se dividiam em dois grupos: os que perdiam sua
individualidade e os que iam para o mato. Isto remeteria
ao entendimento de que o Reino das Matas seria o
primeiro reino. Já para os negros iorubás um dos locais
de culto a Èṣù (orixá) é nas encruzilhadas (lembrando
que o nome “Èṣù” chegou com os iorubás, já no séc.
XVIII, de onde derivou o nome “Exu”), o que remeteria
ao entendimento de que o Reino das Encruzilhadas
seria o primeiro reino. Considerando o processo histórico
e cronológico da vinda de negros e europeus por via
marítima, há quem considere o Reino da Kalunga
Grande (Praia) como sendo o primeiro na formação da
Quimbanda brasileira.
Também existe um entendimento mais simples, que
considera apenas 2 reinos: o Reino das Almas e o
Reino dos Cruzeiros, principalmente entre adeptos que
praticam Umbanda e Quimbanda (Quimbanda como a
“esquerda da Umbanda”).
Linhas de Quimbanda designavam fundamentos,
ritualísticas e a tradição de “famílias” de Quimbanda,
sem se tratarem de reinos, e sim das falanges de Exu
e Pombagira (e outras entidades) e a forma de cultuá-
los.
Atualmente as linhas não são mais falanges, e sim as
vertentes que caracterizam tradições distintas (Nagô,
Malei, Xambá, Luciferiana, etc.).
Normalmente é aceito que a Quimbanda compreende
sete grandes reinos, dentro dos quais existem
entidades que possuem características em comum
(estereótipos e particularidades do reino a que
pertencem) que constituem os povos (ou legiões). De
acordo com o templo ou tradição literária, cada um dos
Sete Reinos comporta 7, 9 ou mais Povos/Falanges.
Cada reino tem um Exu Rei, ou um “casal” Exu Rei e
Pombagira Rainha. Assim como cada povo tem um
Exu chefe ou um “casal” de chefes (Exu e
Pombagira).
Não há consenso quanto aos povos, qualitativa ou
quantitativamente, pois Exu não é um ser limitado por
território, credo, etnia, e por transitar em todos os
ambientes pode expandir seu naipe de atributos e
características conforme o surgimento de novos
nichos sociais e novas egrégoras.
No contexto da Quimbanda, reinos são setores do
plano astral que agrupam legiões de seres de mesma
frequência (energia) tutelados e governados por um ser
hierarquicamente superior, que carrega o título de
“Rei”.
A partir desta divisão em reinos (que não se sabe onde
e quando exatamente surgiu), os antigos ensaios de
divisão em linhas foram inseridos nos reinos,
representadas pelas falanges, legiões ou povos.
É importante que na prática não se confunda pontos de
força com reinos.
Um ponto de força é uma região neste plano material
onde o fluxo dos reinos pode ser melhor canalizado.
Estes locais possuem dinâmicas energéticas que
possibilitam o acesso aos reinos, sendo condutores para
eles. Cada Exu/Pombagira possui seu(s) ponto(s) de
força dentro de seu respectivo reino, onde seus
trabalhos se realizam de forma mais eficaz/eficiente.
Tais dinâmicas podem ocorrer em cenários naturais
(matas, cachoeiras, rios, florestas, lagos, pedreiras, ilhas,
cavernas, praias, morros, etc.) ou decorrentes de
intervenções humanas (estradas, ruas, monumentos,
pontes, templos, comércios, hospitais, cemitérios,
prostíbulos, etc.). Nestes locais a consciência humana
exterioriza cargas que espelham as manifestações que
ali ocorrem no plano astral, endossando-as e
estabelecendo canais por onde certos habitantes daquele
plano podem ser evocados.
Alguns reinos são fortemente ligados entre si:
A
s encruzilhadas são os locais onde ocorre o
entroncamento e direcionamento energético
encaminhando as almas ao seu destino, ou seja, onde
os espíritos encontram rumo correto no reino dos mortos.
Antigas tradições e culturas utilizavam a encruzilhada
como local sagrado para cultos e oferendas, objetivando o
contato com a ancestralidade e com forças/divindades.
A demonização das antigas tradições realizada pelas
religiões abraâmicas fez com que a adoração nas
encruzilhadas se tornasse associada ao mal e ao diabo.
Como símbolo que une o físico ao espiritual, entende-se
que a linha horizontal representa o mundo espiritual e a
linha vertical o físico. O centro é o ponto de maior força e
poder, onde ocorre a interseção entre dois mundos.
O Reino das Encruzilhadas funciona como intercâmbio
para todos os demais reinos. É o reino mais poluído por
fatores humanos (lixo, esgoto, luz elétrica, etc.).
A relação de Exu com as encruzilhadas remonta à relação
de Èṣù (Exu orixá) com as mesmas nos cultos
tradicionais da África. A Encruzilhada aparece para
Èṣù, o ponto predileto, de onde um único caminho reparte-
se em três. Èṣù é o centro de toda comunicação,
controlador dos caminhos e ordenador de todas as coisas
que existem. Èṣù torna-se o regente da encruzilhada na
horizontal e vertical, sendo o grande vínculo entre os
homens e os espíritos, e fica à esquerda dos caminhos
controlando tudo que por eles passam.
Voltando a Exu (entidade), a encruzilhada é o grande
portal que lhe possibilita estar em qualquer lugar, o que faz
dela um dos locais mais importante para o seu culto, afinal,
Exu direcionará conforme a necessidade.
Na prática magística, as encruzilhadas são locais onde
ocorrem descargas energéticas, a limpeza e a quebra de
pragas e maldições, além da “abertura ou fechamento de
caminhos”.
Agressividade;
Facilidade para aprender coisas muito diferentes
entre si (aprendem de tudo);
Falta de foco por excesso de versatilidade;
Indecisão / inconstância;
Se irritam facilmente mas retrocedem rapidamente e
não guardam rancor;
Versatilidade.
Algumas características de Exus/Pombagiras de
Encruzilhadas:
O
Reino das Matas é composto predominantemente
por povos originários da mata (índios nativos),
outras pessoas que habitavam as matas, bem como
povos ribeirinhos.
Neste reino estão as almas de antigos caçadores,
guerreiros, feiticeiros e xamãs; e da mescla africana,
Kimbandas, Ngangas, Mulôjis (feiticeiros Kimbundos)
e Ndokis (feiticeiros Quicongos). Todos esses seres são
almas detentoras de profundos conhecimentos acerca
dos reinos mineral, vegetal e animal.
Alguns entendem que quem morre na mata pode ser
arrebatado para este reino.
Os chefes de falanges são índios nativos, e são muito
comuns nomes associados a animais e plantas, que são
considerados totens [15].
No caso de animais: Exu Cobra Coral, Caboclo Pantera
Negra, Exu Pantera Negra, Exu Pantera Vermelha, Exu
Formiga, Exu Sapo, Exu Coruja, Exu Morcego, Pombagira
Aranha, etc.
No caso de árvores ou outras plantas: Exu mangueira,
Pombagira da Figueira, Exu Cipó, etc.
Nos pontos de força da mata se encontram totens:
cobra, sapo, morcego, aranha, formiga, etc.
Em templos que possuem assentamentos desses
totens não se pode matar ou maltratar os respectivos
animais, o mesmo valendo para o adepto cujo mestre
seja relacionado a um totem. Ex.: Em casa onde se
tenha assentamento de Exu Formiga não se mata
formiga.
E sendo o caso de árvores, aquela espécie não pode ser
podada. Tais entidades possuem conexão com as
energias dessas espécies totens.
Os Reinos das Matas e das Praias se convergem,
portanto, é comum que no “casal” Exu/Pombagira um
seja de Matas e outro de Praia.
Bosques e parques urbanos não são representantes do
Reino das Matas, e sim do Reino da Lira (embora
possam ser apropriados para arriar oferendas). O Reino
das Matas se caracteriza pela pouca intervenção
antrópica/humana (campinas costumam ser resultantes
da intervenção humana). Quanto mais inóspito,
preservado e de difícil acesso ao local, mais fácil é
chamar suas entidades, embora a energia não seja
soterrada por estruturas e intervenções humanas.
O Reino da Lira pode permear o Reino das Matas. Ex.:
nas reservas e parques onde se paga para entrar, ali se
encontra a Lira.
É comum que as entidades desse reino preservem o
jeito nativo de falar, utilizando um jargão diferenciado
baseado em suas línguas nativas (tupi, guarani, etc.).
Gostam de coisas simples (animais secos, peles, penas,
etc.) e artefatos nativos úteis (lanças, arcos, facas, etc.).
Adotam comportamento e vestimentas simples; são
entidades agressivas (principalmente com quem é
estranho à essência deles), porém são fáceis de se lidar
quando se conquista sua confiança; são silenciosos e
vorazes como os predadores que habitam nas matas
escuras; não costumam ser traiçoeiros; são fiéis, de bom
coração e não costumam guardar rancor; prezam pela
verdade no coração do adepto; não possuem referências
da tecnologia atual (quando se manifestam precisam ser
apresentados a referências contemporâneas).
Conhecedores da guerra e da morte, não se curvam a
nada e enfrentam todo tipo de feitiço com força e
determinação. São selvagens e assassinos quando
necessário, mas também ótimos conselheiros capazes de
reconciliar os piores inimigos.
O Reino das Matas é o mais “completo” em termos de
abrangência de atuação: suas entidades trabalham em
grupo e atuam em feitiçaria, contato ancestral, possuem
muita facilidade para a abertura e desobstrução de
caminhos (Ex.: Exu Arranca-Toco atua na remoção de
obstáculos do caminho para criar algo novo), e por terem
amplo conhecimento acerca de venenos e antídotos, são
os que melhor dominam a cura (saúde) e a morte
(conhecem poções e pós poderosos); bradam forte em
seus filhos e não se corrompem por luxo algum.
As entidades deste reino muitas vezes possuem nomes
irreverentes:
K
alunga (ou calunga) é uma palavra do idioma bantu
cuja definição assemelha-se a “necrópole”, “terra
dos mortos” ou “mundo dos ancestrais”.
Quando os negros africanos escravizados eram trazidos
para o Brasil, atravessavam o “grande rio” (mar), ao qual
se referiam como “Kalunga Grande”, pois era o local
para onde se destinavam os cadáveres daqueles que
morriam no trajeto.
Por extensão, a concepção de local de destino dos
mortos (cemitérios) nos espaços continentais e meios
urbanos recebeu a denominação de “Kalunga
Pequena”, cuja concepção se mesclou ao modelo
europeu, com túmulos, tumbas, lápides, catacumbas,
mausoléus e cruzes.
Desta forma duas concepções foram estabelecidas para
kalunga: o mar (Kalunga Grande), e os cemitérios
(Kalungas Pequenas).
Kalunga, como cemitério, é definida basicamente
como um espaço delimitado que possui corpos
enterrados e Cruzeiro das Almas. É o local de chegada
e partida do morto. Sua terra é a mais absortiva, onde a
matéria se decompõe. É o reino da Quimbanda de
maior negatividade, absorção e densidade
energética, impregnado dos sentimentos que as
pessoas levam (local de descargas tristes e pesadas).
Em culturas antigas, rituais crematórios de monarcas e
grandes autoridades eram efetuados em embarcações
nas águas do mar para que suas cinzas encontrassem o
caminho do reino dos mortos. Em países orientais ainda
existem tradições de cremação às margens de rios.
Em relação aos cemitérios, a diferença é que nestes os
corpos são sepultados. São também habitat de seres que
exercem o papel de decompositores, e se alimentam de
matéria orgânica em decomposição, ou seja, a morte de
uns seres viabiliza a sobrevivência de outros.
Para os ocidentais, o cemitério é um local associado ao
sofrimento e à tristeza, entretanto, os africanos
acreditavam que era do mundo dos ancestrais
(kalunga) que emanava força e sabedoria para os vivos.
As entidades que compõem o Reino da Kalunga
Pequena são muito obscuras, e parte de suas forças
reside na nostalgia, nos sentimentos e ressentimentos,
nas angústias e no desespero. Possuem amplos
conhecimentos sobre lançamentos de feitiços que levam
as pessoas à loucura, e magias carreadoras de epidemias
e desgraças. Quando zelados e cultuados corretamente
são capazes de curar e transmitir imensa herança
ancestral.
Só um ser da Kalunga (cemitério) é capaz de
desmanchar um feitiço feito nela.
O Reino da Kalunga Pequena possui grande
diversidade de pontos de força, de entidades e de
Exus nativos. As entidades deste reino costumam ser
mais “rígidas”, sérias, e algumas vezes de difícil diálogo.
Não toleram mentiras.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
da Kalunga Pequena:
Obs.:
N
o contexto da Quimbanda costuma-se referir às
entidades como “espíritos”, o que gera certa
confusão no entendimento dos conceitos de “alma”
e “espírito”.
Na compreensão da constituição do ser humano, o
espírito é a fagulha divina que existe além das barreiras
limitantes do ciclo de encarnações, e a alma é a parte
dessa fagulha que vaga nesse ciclo, em corpos
físicos/materiais, construindo e destruindo convicções em
sua busca pela libertação.
Ou seja, cada alma contém um espírito. A alma é o
repositório dos impulsos, sentimentos, emoções etc., que
foram gerados no corpo físico; e o espírito é a essência
que existe além das barreiras do ciclo de encarnações,
na qual se transmutaram os conhecimentos e as
experiências nele vivenciadas (amor, felicidade, ódio,
rancor, combates, dores emocionais etc.), como uma
bagagem de gnose perene.
No Plano Astral a alma “envolve” o espírito,
apresentando a forma e as características do seu corpo
físico.
Conforme informações transmitidas pelas entidades,
quando alguém desencarna passa por um turbilhão
emocional no qual os primeiros impulsos a aflorarem são
os de medo, tristeza, raiva, ódio e dores. Muitas almas
permanecem perdidas e encarceradas nesse limbo
sentimental/emocional/psíquico.
Outras tornam-se extremamente agressivas,
direcionando fúria, rancor e ódio numa busca instintiva
de destruição aleatória e inespecífica. Estas são
denominadas vampiros astrais, obsessores ou
kiumbas, que se alimentam do derramamento de
sangue, dos vícios e da energia de seres humanos que
vibram em sintonia com eles (vícios, brigas, depressões
etc.) e estão suscetíveis aos seus ataques. Estas almas
podem ser cooptadas e usadas para propósitos obscuros
por Mestres espirituais.
Há aqueles cujas almas, ao desencarnar, são atraídos
pelos vórtices da Quimbanda (Cruzeiros) e integrados
a um de seus 7 Reinos, conforme as particularidades de
suas vibrações e bagagem de experiências. Por terem se
tornando vitoriosos e poderosos em suas vidas, são
lapidados por Mestres espirituais até que suas essências
sobrepujem todas as suas fraquezas e moralidades, se
tornando aptos ao trabalho espiritual e a burlar o ciclo de
encarnações. Raríssimos são os espíritos que
imediatamente após desencarnaram ascenderam ao
posto de Exu.
No “Apêndice 1” é apresentada uma relação
exemplificativa (não exaustiva) de categorias de seres
que se encontram no plano espiritual, entre as quais
obsessores (que procuram lugares e seres para drenar
energia), justiceiros (que morreram com ódio e com
fixação na busca de vingança) e larvas astrais.
Como a grande maioria dos seres que se manifestam na
Quimbanda são almas (no sentido de que são pessoas
que já morreram), pode-se entender o Reino das Almas
como um “macro reino” que permeia e engloba todos os
reinos. Ou seja: o Reino das Almas é em todo lugar, e o
que possui a maior população. É composto por todos os
lugares e energias que realizam encaminhamento
quando uma pessoa desencarna e inicia seu processo de
caminhada em busca dos portais espirituais (Cruzeiros).
Existem entidades que, quando da transição
(desencarne) de alguém, o direcionam para o Cruzeiro
das Almas. Seres aptos a guiar aqueles que estão sob o
choque do desencarne sempre existem em hospitais,
igrejas, mesquitas, centros espíritas, terreiros e velórios.
Por outro lado, existe também o aprisionamento e
escravização de almas nas correntes sinistras deste
reino.
Os soberanos do Reino das Almas são Exu Rei das
Almas e Pombagira Rainha das Almas. São seres que
conhecem todo tipo de dor, sofrimento, adversidade e
impulso dos quais os seres humanos são passíveis, pois
os vivenciaram ao longo de suas jornadas.
As mais conhecidas e abrangentes legiões de Exu e
Pombagira deste reino são as de Exu Tranca Rua das
Almas e Maria Padilha das Almas, responsáveis pelo
encarceramento de muitas almas e esgotadores e
libertadores dos impulsos nocivos. Eles são os
condutores das almas para o Cruzeiro (Exu Caveira
também faz esse trabalho). Exu Tranca Rua das Almas
se tornou um grande espírito guardião das entradas de
muitas casas, templos e terreiros, devido ao seu domínio
sobre as almas.
O Reino das Almas possui pouca variedade de Exus
nativos, dentre eles: Exu das Almas, Rei das Almas,
Rainha das Almas, Exu Nove luzes, Exu sombra,
Pombagira das Almas. Apesar dos Caveiras
trabalharem com as almas, não são Exus nativos do
Reino das Almas, e sim da Kalunga Pequena
(cemitério). Tranca Ruas é uma entidade nativa das
Encruzilhadas.
Pontos de força do Reino das Almas: igrejas,
acostamentos de estradas, terreiros, centros espíritas,
hospitais, porões, alçapões, senzalas, presídios e
manicômios (inclusive os abandonados), necrotérios,
marcos de chacina (por guerra ou crimes), velórios,
capelas funerárias, Cruzeiro das Almas nos cemitérios,
(senzalas, porões e alçapões também são pontos de
força do inferno).
Outro domínio das legiões integrantes do Reino das
Almas são os picos altos, as cordilheiras e os
desfiladeiros, devido a crenças antigas de que as almas
deveriam buscar tais locais para transcender e encontrar
seu descanso eterno.
O Reino das Almas se estende além dos locais físicos e
perceptíveis, pois suas legiões são compostas por
espíritos que têm força e influência sobre as emoções. As
entidades deste reino são ótimas para ataques psíquicos
e para trabalhar com manipulação, encaminhamento,
esgotamento da mente, assim como libertação de vícios.
São especialistas na realização de emboscadas e
aniquilação de demandas vindas de inimigos.
As entidades deste reino conhecem os centros
energéticos dos seres humanos, possuem domínio
sobre os corpos astrais e a psique, sabem lidar com os
sentimentos e desejos de todas as almas, por
conhecerem os segredos da vida de da morte. São
grandes mestres no ensino do controle sobre tudo que
fere, acorrenta e escraviza. Por trazerem conhecimentos
de milhares de existências, também atuam no
crescimento material e na evolução intelectual.
Os Exus do Reino das Almas são espíritos em
constante contato com os seres humanos, conhecendo
cada fenda em sua alma, porém, são os mais difíceis de
se convencer a fazer o que se quer: é preciso que eles
respeitem muito o solicitante para isso.
Quando se tem muita afinidade com o Reino das
Almas, suas entidades costumam entregar ao adepto
um cordão branco em algum sonho lúcido.
O Reino das Almas e o Reino da Kalunga Pequena
(cemitério) são fortemente interligados, e isto remete
ao costume de os templos e igrejas serem sempre
construídos nos lugares mais altos das cidades e seus
cemitérios serem feitos ao lado ou atrás dos mesmos.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
das Almas:
E
mbora “lira” seja o nome de um instrumento musical
de cordas dedilháveis, no contexto da Quimbanda
faz mais sentido a associação à cidade de nome
“Lira” no norte de Uganda, cuja localização geográfica e
abundância de água e alimentos favoreceram o
desenvolvimento de sua identidade particular naquela
região, envolvendo grandes tratados comerciais entre
diversos povos (ciganos, árabes, chineses, europeus, clãs
bantus, etc.).
A intensa movimentação comercial (pedras e metais
preciosos, cavalos árabes, pólvora, porcelanas,
tapeçarias, etc.) fomentou forte entretenimento (artes,
prostituição, etc.).
Daquele polo sócio-econômico-cultural africano, vieram
escravizados para a América no processo escravagista
europeu, aqueles que por terem vivenciado os dias de
glória de Lira, trazem as características que foram
associadas ao reino homônimo.
Em sua formação, o Reino da Lira expandiu-se e
agregou outros elementos. Na França, durante a Belle
Époque [17], homens abastados frequentavam casas
noturnas chamadas cabarés (em francês: cabaret),
estabelecimentos luxuosos onde havia apresentações
musicais, números circenses e danças sensuais
executadas por mulheres. Os cabarés eram casas onde
reinavam diversão, prostituição, luxo, luxúria, vícios e
conluio de banqueiros, políticos, policiais e criminosos,
que regulavam o poder local.
Os cabarés chegaram no Brasil através da colonização
europeia. Além das prostitutas, esses estabelecimentos
ofereciam outras atrações e com o tempo mulheres
negras e indígenas também integraram os cabarés
brasileiros, que frequentemente participaram nos
bastidores da história do Brasil, assim como as
prostitutas.
O Reino da Lira é um setor do astral composto por
todas as legiões que integram o mundo dos negócios, da
sedução e dos cabarés: artistas, intelectuais, prostitutas,
cafetões, cafetinas, banqueiros, políticos, fazendeiros,
jogadores, apostadores, artistas circenses, ciganos,
viciados em sexo e luxúria, assassinos passionais,
traficantes, dentre outros tipos. É o reino onde se lida
com troca, dinheiro, alegria, entretenimento, vícios,
enganação e subversão. A Lira causa a impressão de
que se está ganhando mais do que perdendo (mas na
realidade pode ser o oposto...).
São pontos de força do Reino da Lira: cabarés,
motéis, saunas gays, boates, discotecas, bares, casas de
aposta, porta de bancos, circos e afins, casas antigas,
casas de espetáculo, museus, etc. Entretanto as legiões
da Lira respondem também em quase todas as áreas
urbanizadas.
As entidades desse reino são espertas e astutas,
portadoras de caminhos para ganhos materiais e
satisfações carnais. Possuem aptidão para promover
golpes de sorte, podem erguer os adeptos da miséria
trazendo oportunidades de trabalho, bem como retirar
pessoas de vícios e de depressões.
Em contrapartida, são capazes de iludir, enevoar,
chafurdar os encarnados em vícios e luxúria
descontrolados, bem como levá-los à total ruína. Não
sentem piedade nem hesitam em escravizar e manipular
os encarnados, levando-os a atitudes insanas, além de
corromper todos os pilares de sua moralidade pessoal.
Mas o Reino da Lira não é somente o da
“promiscuidade” como pode parecer à primeira vista. Ele
pode ser considerado o reino da luxuria, prostituição,
crime, sangue etc., mas também é o reino da sabedoria,
da grandiosidade, e das riquezas culturais da
humanidade: filosofia e artes (música, escultura, pintura,
literatura, cinema, dança, teatro, fotografia, culinária,
artes digitais, etc.).
Essa dualidade pode ser bem observada na mitologia
grega, nos arquétipos de Dionísio e Apolo. Enquanto
Dionísio está relacionado à luxúria, ao êxtase da
embriaguez, às orgias e aos excessos (toda a
transgressão dos limites), Apolo está relacionado à
nobreza, à sobriedade, à temperança, à razão, à arte, à
poesia, à filosofia e à erudição (o lado luminoso da
existência).
Trazendo essa analogia para o mundo espiritual, no
Reino da Lira existem os espíritos conectados à
sabedoria e ao refinamento luciferianos, e aqueles
conectados ao crime, subversão, prostituição e
mercantilismo. Os dois grupos são essenciais na
dinâmica do mundo, e assim o Reino da Lira foi o
responsável “nos bastidores” pelo desenvolvimento de
muitas civilizações (através do pensamento, filosofia e
artes), bem como pelo rompimento de padrões e
costumes (através da chama luciferiana). Portanto, o
Reino da Lira é o responsável pelo avivamento do
espírito e pela evolução da consciência.
Dentre os Reinos da Quimbanda, a Lira é o mais
vampírico. Ela induz ao erro. Os espíritos desse reino
aplicam aos adeptos testes de “visão espiritual” que os
preparam para a vida, colocando em seus caminhos
pessoas e situações que mudam o seu foco sem que
percebam.
Nesse aspecto de distração, e novamente remetendo à
mitologia grega, a Lira na Quimbanda tem o mesmo
nome do instrumento criado por Hermes. Quando
Hermes roubou o gado de Apolo, ele criou a Lira para
fazer com que este deus esquecesse daquele feito.
Apolo ficou tão encantado com o instrumento que
abstraiu a raiva que sentia.
Sob a influência do Reino da Lira e seus espíritos,
podemos seguir correntes energéticas que conduzem à
iluminação pessoal, bem como podemos ser
escravizados pelos vícios, pela ilusão e pela cegueira
espiritual que não permite que se enxergue de onde vem
o controle de suas ações.
A Lira é envolvente: lida com o emocional e o mental. É
este reino que estabelece a linha tênue entre a
sabedoria e a loucura, que demanda equilíbrio entre
razão e emoção. Por estes motivos a Lira pode ser
considerada o reino responsável pela lapidação de um
adepto em seu estágio final (numa visão/terminologia
alquímica: a transformação do chumbo em ouro).
Em uma definição bem restrita, a Lira é a região boêmia
de uma cidade. Num sentido mais amplo, a Lira é um
reino que se manifesta circunstancialmente onde houver
movimentação, troca, comércio, malandragem,
entretenimento, vícios, subversão, tráfico, prostituição,
etc. Ex.:
- Quando se instala um quiosque de venda de coco na
praia, ali se manifesta a Lira no Reino da Kalunga
Grande (Praia);
- Quando se instala um comércio de velas ou flores no
cemitério (Kalunga Pequena), ali se manifesta a
Lira no Reino da Kalunga Pequena (cemitério);
- Em uma reserva florestal onde se paga pela
visitação, ali se manifesta a Lira na Mata.
Exemplos de legiões (ou povos) que integram o Reino
da Lira:
U
ma praia é uma formação geológica composta por
partículas soltas de minerais na forma de areia,
cascalhos, fragmentos de rocha ou seixos ao longo
da margem de um corpo hídrico. Em outras palavras, é a
faixa arenosa em declive suave que confina com o mar,
com um rio ou com uma lagoa. Ou seja: as praias podem
ser oceânicas (margeando a orla marítima), fluviais
(margeando rios) e lacustres (margeando lagos);
portanto, a palavra praia aplica-se tanto à água doce
quanto à água salgada.
O Reino da Kalunga Grande (Praia) é chefiado por
Exu Rei da Praia e Pombagira Rainha da Praia, e o
termo “kalunga” é oriundo da religiosidade bantu, para
os quais este reino era associado aos mortos, sendo o
nkisi [18] Kalunga Ngombe a divindade regente deste
reino naquela cultura.
Considerando que os negros escravizados em seu trajeto
para o Brasil se referiam ao mar como “o grande rio”
(Kalunga Grande), depreende-se que o termo
“kalunga” pode ser aplicado tanto ao mar quanto a
rios.
O Reino da Kalunga Grande (Praia) é composto tanto
pelo mar quanto pelos cenários naturais circundantes:
ilhas, baías, faixa de areia, pedras, rios, cavernas, grutas,
mata, etc. Este é o reino mais suscetível à influência da
lua, devido à sua atuação nas marés, e também está
associado aos campos emocional e psíquico. O fluxo e
refluxo das marés e as ondulações da superfície da água
estabelecem analogia com as profundezas da mente
subconsciente/inconsciente, e as alterações emocionais.
As grandes massas de água salgada do planeta são
representadas pelos oceanos: Pacífico, Atlântico, Índico,
Glacial Ártico e Glacial Antártico. Além desses oceanos,
existem lagos de águas salinas sem saída para os
oceanos, como o Mar Morto e o Mar Cáspio. Segundo
inúmeros mitos e lendas de antigas civilizações, os
mares sempre foram a morada de divindades e
espíritos.
Segundo relatos do plano espiritual, multidões de almas
encontram-se encarceradas no fundo dos mares, rios e
lagos. As falanges do Cruzeiro encarceram tais seres em
gigantescas prisões astrais fortemente guardadas por
Exus e Pombagiras do Reino da Praia, inacessíveis à
outras categorias de espíritos.
As entidades do Reino da Kalunga Grande (Praia) são
almas de pessoas que em vida trabalhavam embarcadas
(piratas, mercadores, etc.), viviam em embarcações, ou
cujo desencarne esteja relacionado a esse reino. Os
Exus e Pombagiras desse reino são mestres que
ascenderam através de mortes e sofrimentos em
afogamentos ou outras circunstâncias violentas nos
mares, rios, cavernas e matas costeiras.
Além de receber os espíritos dos náufragos, o mar já
engoliu cidades e civilizações inteiras, portanto, os
espíritos do Reino da Kalunga Grande (Praia) são
detentores de conhecimentos e informações acerca de
sociedades e civilizações perdidas, não registrados pela
história oficial.
A areia da praia é composta por grãos (micro cristais)
que são micropontos energéticos que transformam as
praias em grandes emissores e receptores de energia.
As areias e as águas formam gigantescos pontos de
força.
A água do mar, devido à sua concentração de sal, limpa
e desobstrui os centros psíquicos (chacras, etc.),
causando sensação de bem-estar. Entretanto, pelo fato
de a capacidade do sal de drenar energia não ser
seletiva, quando se está em uma proposta mágica não é
bom banhar-se no mar.
As entidades do Reino da Praia têm a faculdade de
conduzir os adeptos a descobrirem sua força interior para
saírem de labirintos psíquicos, já que o elemento água é
aquele relacionado às emoções. Em contrapartida, são
capazes de causar turbilhões psíquicos que conduzem as
pessoas a labirintos emocionais.
São entidades desprovidas de sentimentalismos, que se
atêm à condução dos adeptos às suas metas. Algumas
são festeiras e gostam de algazarras, outras são
silenciosas e pouco se manifestam no plano material.
Algumas características dos filhos do Reino da Kalunga
Grande (Praia):
E
m termos de quimbanda, entendo que existem quatro
grandes pontos de forças, ou reinos, pelos quais se
desdobram todas as demais linhas: 1) Encruzilhada; 2)
Alma ou Calunga; 3) Matas; 4) Águas.
Algumas vertentes, correntes ou templos, com ajuda das
suas entidades, sistematizaram em termos de 7 ou 9 reinos,
que variam de acordo com o entendimento de cada lugar.
Assim como foi tentado fazer com a umbanda, em
compreender tudo em 7 linhas, não se chega a um consenso
objetivo sobre essa sistematização. Alguns forçam a barra
para formatar o culto em sete principais regências.
Eu vejo problemas quando passam a discriminar como
inferiores ou sem tradição sólida um lugar que não entende
dessa forma.
Por exemplo, por muitos anos, em diversas partes do Brasil,
ainda atualmente, registrados em diversos pontos cantados,
a linha ou povo do cruzeiro era analógica à encruzilhada
(pois se trata do mesmo lugar, onde ruas e avenidas se
cruzam). Posteriormente alguns lhe diferenciaram,
apresentando o cruzeiro como exclusivamente o reino do
cruzeiro das almas, com nenhuma relação com a
encruzilhada.
Para muitos macumbeiros que conheci, a linha das almas e
da calunga são análogas, e o cruzeiro das almas pode evocar
atributos singularizantes das entidades das almas.
Para muitos, o reino da lira se trata de um desdobramento
que compõe a linha da encruzilhada, que inclusive, muitas
vezes, não faz sentido uma diferenciação teológica radical –
que acaba sendo puramente teológica, pois na prática o que
importa é o resultado.
O povo das águas tem suas singularidades de acordo com
cada ponto de força de água (povo das cachoeiras, dos rios,
da praia, do mangue, do lodo, do brejo, etc.). E esse
raciocínio é válido para essas 4 grandes linhas evocadas no
começo do escrito.
Acredito que cada templo é uma encruzilhada aberta para as
entidades de cada linha se agruparem e formarem a coroa de
regências do lugar, que independente do grupo ou subgrupo
da cartografia cósmica, se tornam as principais forças do
terreiro.
Ao se limitar em 7 reinos pré-estabelecidos, muitas vezes por
terceiros que nada tem a ver com a sua corrente, é limitar a
expansão que as entidades podem trazer.
Se o terreiro que você frequenta não tem uma
sistematização sólida das linhas, e é flexível com essa
questão, não se preocupe, você não é menos esclarecido ou
fundamentado que aqueles que rugem que é necessária essa
partição – provavelmente você seja muito mais fiel a tradição
dos antigos.
Acho interessante o estudo das linhas e lugares sagrados,
reinos e das forças que lhes regem e como operam suas
diferenciações e possibilidades. As publicações disponíveis
devem ser filtradas em seus contextos e auxiliar a
esclarecer, é importante esse discernimento aos
interessados.
Mestre Jean
@encruzilhadadoaxe
@doutorcapapreta
https://www.facebook.com/jean.favaro.338
@doutorcapapreta
https://www.instagram.com/p/CaaqlR5vCw6/
https://www.instagram.com/p/Cacycr8JBD1/
APÊNDICE: ALGUMAS
CLASSIFICAÇÕES DE
REINOS, POVOS E SEUS
CHEFES
A
classificação da Quimbanda em reinos, que é
amplamente aceita atualmente, foi precedida por
classificações por linhas. Porém, não há consenso
sobre quais povos integram cada reino, bem como seu
número. Até mesmo em relação aos reinos, há quem
entenda que o reino “X” estaria incluído no reino “Y”, de
modo que haveria um grupo principal de reinos que se
desdobraria em outros. A mesma diversidade de
entendimentos ocorre em relação à “chefia” dos povos.
Algumas classificações atribuem a um determinado Exu a
chefia de cada povo, enquanto outras a atribuem a um
casal formado por um Exu e uma Pombagira, assim como
definem um Rei e uma Rainha para cada reino. Em
resumo: autores possuem visões diferentes entre si, e as
entidades não entram nessa discussão.
O exemplo 1 apresenta uma divisão da Quimbanda em
7 reinos (áreas extensas onde as entidades trabalham),
cada qual reunindo entidades que possuem
características em comum (estereótipos e
particularidades do reino a que pertencem) em 9 povos
(área determinada de cada reino), cada qual com seu
respectivo chefe. Esta classificação é localizada nos
seguintes livros:
Reino da Lira
Reino da Mata
Rei: Exu Rei das Matas
Rainha: Pombagira Rainha das Matas
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Mata da Exu das Matas
Praia Pombagira das Matas
Reino da Lira
Rei: Exu Rei das 7 Liras
Rainha: Pombagira Rainha das 7 Liras
Povo (ou legião) Chefes
1. Povo da Lira Exu 7 Liras
Pombagira 7 Saias
2. Povo do Comércio Exu Chama Dinheiro
Pombagira Maria Padilha Rica
3. Povo do Inferno Exu dos 7 Infernos
Pombagira Maria Padilha dos
Infernos
4. Povo do Lixo Exu Mulambo
Pombagira Mulambo
5. Povo do Luar Exu Lua Negra
Pombagira do Luar
6. Povo do Oriente Exu Pagão
Pombagira Pagã
7. Povo do Ouro Exu do Ouro
Pombagira do Ouro
8. Povo dos Cabarés Exu dos Cabarés
Pombagira dos Cabarés
9. Povo dos Ciganos Exu Cigano
Pombagira Cigana
10. Povo dos Malandros Exu Zé Pilintra
Pombagira Maria Navalha
A
incorporação é um fenômeno mediúnico e
considerada um dos fundamentos da Quimbanda,
que é um culto necrosófico [19] e necromante [20]
baseado na arte de evocar e invocar espíritos dos mortos
que através de conhecimentos esotéricos burlaram a Lei
de Reencarnação para:
N
este Apêndice está apresentada uma relação
exemplificativa (não exaustiva) de categorias de
seres que se encontram no plano espiritual.
HUMANOS
N
o contexto do folclore brasileiro e das religiões afro-
índio-brasileiras, “encantado” é um termo genérico
que designa espíritos de homens e mulheres que
morreram ou então passaram diretamente deste mundo
para um mundo mítico, invisível, sem ter passado pela
experiência de morrer. Diz-se que “se encantaram”.
Entidades que nunca tiveram forma humana, mas já
habitaram a Terra como animais ou plantas e
encantaram-se antes ou depois que morreram, pois não
queriam perder essa conexão com a natureza. Seres que
já tiveram alguma encarnação e posteriormente
encantaram-se, tornando-se assim parte da natureza.
Seres que desapareceram misteriosamente, tornaram-se
invisíveis ou transformaram-se em um animal, planta,
pedra, ou até mesmo em seres mitológicos e do folclore
brasileiro como sereias, botos e curupiras.
De acordo com a mitologia Kalankó (indígenas de
Alagoas e Pernambuco), os encantados seriam ancestrais
que após morrerem, tornaram-se parte da natureza.
Um Encantado muito conhecido entre os indígenas
guarani é o Avati, um herói que por meio de sua morte
transformou-se em milho para salvar toda sua nação da
fome.
Os encantados acabam assumindo nomes de animais ou
locais da natureza.
Os fenômenos de suas manifestações são conhecidos
como “encantaria” e seus lugares de morada são
designados como “encantes”.
Apresentam-se em diferentes formas, podem ser
espíritos e terem corpos, não terem nascido ou nunca
terem morrido, classificam-se em famílias, podem
reportar-se a cenários naturais, reminiscências históricas,
referências literárias.
O imaginário sobre os encantados deriva claramente de
lendas e concepções de origem europeia, que ainda
persistem no repertório ocidental de histórias infantis
(que têm inspirado várias obras de arte em diversos
campos), mas que também foram influenciadas por
concepções de origem indígena, sobre lugares situados
“no fundo”, ou abaixo da superfície terrestre.
A crença nos encantados se refere a seres que são
considerados normalmente invisíveis às pessoas comuns,
mas podem se manifestar aos humanos de diversas
formas. Entretanto, não é qualquer pessoa que pode ver
os encantados, apenas “quem tem olho limpo”, o que
significa ter alguma relação espiritual próxima a eles. São
seres que se camuflam em campos energéticos da
natureza como: matas, rios, cachoeiras, lagos, igarapés,
poços, açudes, olhos d’água, mares, pedreiras, campos
abertos e até mesmo em animais.
Os seres encantados fazem parte de diversas
cosmologias, assumem ou sofrem alterações
características dependendo do povo a qual faz
referência. Ex.: no contexto da pajelança e encantaria
amazônica, são chamados “bichos do fundo” quando se
manifestam nos rios e igarapés, sob a forma de cobras,
peixes, botos e jacarés; são chamados de “oiaras”
quando se manifestam sob forma humana nos
manguezais e praias; podem ainda, permanecendo
invisíveis, incorporarem em pessoas, e neste caso se
chamam “caruanas”.
As pessoas “se encantam” porque são atraídas por
outros encantados para o “encante”. Para que alguém
seja levado ao encante por um encantado, é preciso que
este “se agrade” da pessoa por alguma razão. Existe a
ideia de que os grandes pajés são levados pelos
encantados para o encante, onde aprendem sua arte, e
neste caso, eles retornam à superfície como xamãs, para
praticar a pajelança.
Conforme essas cosmologias os encantados possuem o
poder de deslocar-se somente entre algumas dimensões,
estando num plano espiritual, e ao mesmo tempo na
natureza, portanto seus poderes vêm dela, mais
diretamente de cada elemento desse meio natural ao
qual estão ligados: terra, água e vegetação.
Ainda na cosmologia amazônica há os chamados
“fadistas”, pessoas que têm o fado (destino ou sina) de
se transformarem em animais todas as noites. Quando
mulheres, são a “matintaperera”, que pode se
transformar em várias espécies de animais, como porcos,
morcegos e aves, sendo capaz de voar; quando homens
são o “labisônio”, que só se transforma em porco e é
menos temido. Os fadistas são vistos como pessoas que
fizeram algum pacto em troca de algum tipo de
vantagem, e por isso, além de terem entregue a alma,
ainda são punidos com o “fado”. No caso da
matintaperera, acredita-se que a condição também possa
ser transmitida de avó para neta.
Nas religiões afro-índio-brasileiras as categorias de
entidades colocam em ação tipos que correspondem a
símbolos populares, interpretados segundo cada
segmento social que participa (símbolos de liberdade, de
humildade, de livre iniciativa, de malandragem, de
autoridade familiar, de chefia etc.). Dentre tais religiões,
que cultuam entidades espirituais (incluindo encantados)
estão: Candomblé de caboclo, Catimbó, Jurema, Tambor-
de-mina, Jarê, Catimbó, Terecô, Pajelança, Umbanda etc.
Com o tempo esses seres passaram a fazer parte das
falanges que auxiliam nas giras dos terreiros.
A Quimbanda carrega parte desse fundamento dos
povos de cuja mescla resultou (índios, negros e
europeus) e muitos Exus e Pombagiras conhecidos
atualmente são parte dessa herança. Neste caso, o
Reino das Matas e o Reino da Kalunga Grande
(Praia) são aqueles que englobam os ambientes
naturais de tais seres.
Em algumas religiões de encantaria, os encantados estão
reunidos em famílias, espíritos de reis, nobres, índios,
turcos, etc. Ex.: Princesa Doralice, Princesa Rosalina e o
Rei Sebastião (principalmente na religião do Tambor de
Mina).
Alguns personagens do folclore brasileiros
compreendidos como encantados:
Anhangá – Um espírito poderoso que protegia as matas,
os rios e os animais selvagens. Geralmente, aparecia
como um veado enorme, de cor branca, olhos vermelhos
como o fogo e chifres pontudos. Entretanto, também
podia ser um tatu, homem, boi ou pirarucu. Segundo a
lenda ele punia caçadores que maltratavam os animais e
a floresta, que podiam levar pauladas invisíveis,
chifradas e coices, ou cair no encanto de ilusões
mágicas, perdendo-se na mata ou até mesmo morrer.
Porém, era possível oferecer aguardente ou fumo de rolo
ao Anhangá, pedindo sua proteção.
Boitatá – Uma grande serpente de fogo, que protege os
animais e as matas de pessoas que pretendem fazer
algum mal e principalmente que ateiam fogo nas matas.
Segundo as lendas o Boitatá pode se transformar em
uma tora de madeira em chamas que mata os humanos
que incendiam as florestas. Portanto, é o guardião da
fauna e da flora.
Boto Cor-de-rosa – É a maior espécie de golfinho fluvial
entre as 4 existentes no planeta. No folclore amazônico,
é uma criatura encantada que tarde da noite pode
assumir a forma de um belo homem charmoso e sedutor,
que vai a festas vestido em terno branco em busca de
jovens bonitas e solitárias. Ele as seduz e as leva ao o
fundo do rio para engravidá-las. Os indígenas acreditam
que o espiráculo do boto não desaparece quando ele
está em sua forma humana, por isso, ele usa um chapéu
para escondê-lo. Segundo a crendice popular amazônica
as crianças cujo pai é desconhecido são filhos de Boto.
Caipora – Uma versão conhecida apresenta a caipora
como uma índia de baixa estatura, mas bastante forte. A
Caipora teria grandes cabelos, sendo que em algumas
versões eles são de cor avermelhada. Ela teria o corpo
com muitos pelos e usaria roupas indígenas. Em algumas
versões, a caipora montaria um porco-do-mato e
ressuscitaria animais durante sua função de protegê-los
de caçadores. Já outras versões afirmam que Caipora, na
verdade, seria um índio baixo e forte que monta um
porco-do-mato. Outras variações retratam caipora não
como um índio de baixa estatura, mas sim como um
índio gigante. Sua lenda é vista por alguns estudiosos
como uma variação da lenda do Curupira. A partir dessa
variação, o Curupira ficou representado como um
guardião da floresta, enquanto a Caipora ficou
representada como uma guardiã dos animais. Afirmam
que a Caipora em sua forma de índia era uma grande
apreciadora de fumo e cachaça.
Cuca – É descrita como uma bruxa temível, com garras
afiadas e, em algumas versões, tem cabeça de jacaré. A
popularidade desse personagem folclórico aumentou
quando ele foi inserido por Monteiro Lobato no clássico
infantil Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Curupira – Assim como a Cuca, o Curupira é outro
personagem do folclore brasileiro cujo objetivo é proteger
os animais e as árvores. É uma criatura travessa do
folclore indígena, com cabelos ruivos em chamas e pés
virados para trás, cujas pegadas enganam caçadores e
outros exploradores que destroem as florestas. Ele é
implacável, ou seja, sempre persegue e mata aqueles
que põem em perigo a natureza. Quando alguém
desaparece na floresta, as pessoas acreditam que a
culpa é do Curupira.
Iara – Mora na região amazônica. A mãe das águas (ou
mãe d’água), como é chamada, é uma linda sereia de
cabelos negros que atrai os pescadores com seu belo e
sedutor canto que ecoa pelas águas e matas enfeitiçando
os homens até o fundo dos rios, de onde nunca
conseguirão retornar (os poucos homens que conseguem
escapar da voz encantadora de Iara enlouquecem).
Jaci Jeterê – O nome Jaci Jaterê pode ser traduzido como
“pedaço da lua”. Acredita-se que ele é o responsável pela
criação do famoso Saci Pererê. Jacy Jaterê, em algumas
versões, é dito ser um rapaz pequeno, de pele e cabelos
claros como a Lua. Está sempre carregando um cajado
mágico que parece feito de ouro, com o qual hipnotiza
crianças que não dormem no meio da tarde, no período
da sesta. Ele costuma levá-las para um lugar secreto,
onde brincam até cansar, deixando os pais em desespero
pelo sumiço da criança. Contam que se você conseguir
pegar seu cajado, ele se joga no chão e grita feito
criança, e fará e encontrará o que você quiser em troca
de ter seu objeto de volta.
Saci Pererê – É descrito como um menino negro que só
tem uma perna, usa gorro vermelho e está sempre com
um cachimbo na boca. É conhecido por ser muito
brincalhão e por fazer muitas travessuras, como fazer
alimentos queimarem nas panelas ou esconder objetos. É
um personagem tão emblemático no folclore brasileiro
que foi criada uma data comemorativa exclusiva para ele
(31 de outubro, Dia do Saci), considerada uma
alternativa ao Halloween, objetivando que os brasileiros
celebrem a riqueza do folclore nacional.
Mula sem Cabeça – É uma mula sem cabeça que cospe
fogo pelo pescoço. Segundo a lenda, uma maldição é
lançada sobre qualquer mulher que tenha um
relacionamento romântico com um padre. Tal mulher se
transforma em uma mula sem cabeça que corre sem
parar pela floresta assustando pessoas e animais, ferindo
tudo que encontra em seu caminho.
Negrinho do Pastoreio – Mesclando mitos cristãos e
africanos, a lenda do Negrinho do Pastoreio nasceu no sul
do Brasil, e é uma triste herança da escravidão dos
negros. Segundo a lenda um menino foi castigado por
um fazendeiro por ter deixado um cavalo fugir. Assim, o
amarraram e o deixaram sobre um formigueiro. Na
manhã seguinte, quando voltou ao local, o fazendeiro
encontrou o menino ao lado de Nossa Senhora, e se
ajoelhou pedindo perdão. Com a bênção da santa, o
menino montou em um cavalo e saiu galopando pelos
pampas, onde até hoje as pessoas relatam tê-lo visto, e a
quem rezam pedindo ajuda quando precisam achar
algum objeto perdido.
APÊNDICE 3: SAUDAÇÕES
DE EXU E POMBAGIRA
As saudações são as palavras e expressões que
devemos usar para cumprimentar os Exus e
Pombagiras durante os rituais, bem como prestar-lhes
reverência em diversas circunstâncias (rituais,
oferendas, rezas, etc.). Todo espírito saudado
corretamente e com o devido respeito interage de forma
mais cordial.
Dentro do sincretismo em que a Quimbanda brasileira
se formou, as principais saudações usadas no culto de
Exu e Pombagira possuem raízes africanas. Estas são
apresentadas a seguir:
P
or definição, doutrina é o conjunto das ideias básicas
contidas num sistema filosófico, político, religioso,
econômico, etc. O sistema em questão terá seu
conjunto de práticas, e assim ocorre com a Quimbanda:
um culto necrosófico em que ocorrem invocações e
evocações de mortos; incorporação; prática oracular; uso
ritualístico de minerais, vegetais e animais, que inclui
sacrifícios; práticas devocionais, como oferendas;
práticas magísticas de ataque e de defesa, como
defumações, banimentos, confecção de óleos e pós, e
feitiços em geral; etc.
No caso da Quimbanda, ao se falar em doutrina, está se
referindo à doutrinação do adepto, e não das
entidades.
A Quimbanda brasileira resulta da interação cultural e
miscigenação de povos ameríndios nativos, africanos
e europeus, gerando sincretismos que se uniram de
forma opositora ao Cristianismo.
Espíritos rebeldes, inconformados, massacrados e
excluído se uniram em grupos compatíveis e se
organizaram em uma força de resistência e resgate,
burlando engrenagens e bloqueios éticos, morais e
espirituais na busca de seus objetivos e metas,
utilizando-se das práticas mencionadas acima.
A maioria dos escravizados capturados na África eram
prisioneiros de guerra, feiticeiros, assassinos, adúlteros,
indivíduos trocados por chefes tribais ou penhorados por
dívidas.
Os povos indígenas nativos tinham hábitos culturais
que foram duramente combatidos pelos padres jesuítas
(nudismo, poligamia, homossexualidade, canibalismo,
religiosidade “pagã”, etc.), que tentaram inicialmente a
persuasão, antes da perseguição declarada.
As feiticeiras ibéricas tiveram intenso contato com
índios e negros, de forma que todos esses
conhecimentos foram mesclados. Com frequência eram
adeptas de tradições que usavam a corrupção dos
elementos católicos para a realização de seus intentos
mágicos. Rezavam e praguejavam em nome da “cruz das
santas almas”, bem como faziam feitiços de amarração e
fidelidade. Esses feitiços tornaram-se extremamente
populares e requisitados, inclusive pelos senhores e
senhoras abastados da sociedade em formação.
Observando as características desses grupos descritos,
fica muito claro que num sistema “moralista” de valores
eurocêntricos e conservadores, trata-se de pessoas e
grupos que sempre se opuseram ao sistema [25].
Ao longo do processo histórico, as pessoas que foram
sendo atraídas para a Quimbanda, em sua maioria, de
alguma forma se sentem inadequadas ao sistema e
continuam buscando em um caminho espiritual a
resistência ao escravismo das “grandes religiões
reveladas” e à corrupção sociocultural, ou seja, um culto
opositor, um culto de resistência [26].
Na cultura brasileira a Quimbanda é a mais genuína e
representativa via espiritual (pela mescla
negra/indígena/europeia) que possui como tônica a
subversão ao sistema. Ela se desvinculou da
Umbanda justamente por não aceitar os ideais de
embranquecimento que foram inseridos naquela.
Pelo fato de que a Quimbanda é um culto que vai na
contramão do sistema vigente, é natural que os
espíritos que ingressam em suas legiões sejam
subversivos aos valores deste, sendo opositores,
contestadores, questionadores, livres-pensadores,
revolucionários, amorais, etc. Geralmente os espíritos
que trabalham na corrente da Quimbanda são antigos
xamãs, mestres caboclos, bruxos, alquimistas, feiticeiros,
guerreiros, assassinos, dentre outros que se encaixam na
vibração energética do culto exercendo suas forças nas
linhas de Exu e Pombagira. São espíritos com esses
atributos que “sentem o chamado de Maioral”.
Assim, a Quimbanda é um culto pagão, necrosófico,
necromante e necrólatra, no qual se cultuam espíritos
(almas de pessoas que já morreram), e, em algumas
vertentes, alguns deuses também (entidades ≠
divindades).
A essência da Quimbanda possui ênfase na liberdade de
pensamento e de expressão, na igualdade de direitos, na
“descorrupção” da mentalidade que foi moldada no ser
humano pelo Cristianismo, na desconstrução da visão e
mentalidade de rebanho e de submissão.
Enfatiza-se sempre o Cristianismo nesse contexto, pois
apesar das outras religiões abraâmicas (Judaísmo e
Islamismo), bem como outras religiões de massa
reveladas, terem o mesmo viés escravagista, foi o
Cristianismo que exerceu sua dominação perniciosa de
forma mais direta em nossa cultura, impregnada de
valores cristãos em todos os seus setores. Até mesmo
expressões “inocentes” como “vai com Deus” em uma
despedida carregam a bagagem de uma egrégora
específica.
Por todas as características inerentes à formação da
Quimbanda e sua natureza, não é compatível com a
condição de quimbandeiro ter uma mentalidade
discriminatória e intolerante em relação a identidade de
gênero, orientação sexual, idade, etnia, classe social; ter
posturas e atitudes eivadas de machismo, misoginia,
sexismo, xenofobia, capacitismo (preconceito contra
deficientes), moralismo; ser partidário de movimentos
discriminatórios (Supremacia Branca, Ku Klux Klan,
Neonazismo, etc.).
Por outro lado, existem filosofias/doutrinas libertárias que
dialogam bem com a natureza da Quimbanda, como
Thelema, Luciferianismo, Satanismo, e o pensamento
de Nietzsche expresso em suas obras.
THELEMA
Thelema pode ser considerada uma religião, uma
filosofia, uma proposta social ou a soma de tudo
isso. É um sistema metafísico completo, surgido em
1904 através do recebimento do Liber AL vel Legis
(O Livro da Lei) no Cairo pelo ocultista inglês Aleister
Crowley. Esse livro proclama a chegada de um Novo
Æon (Era) para a Humanidade. Nesse sistema, a
suprema Lei é a chamada Lei de Thelema, sintetizada
nos dizeres “Faze o que tu queres há de ser o todo da
Lei” e “Amor é a lei, amor sob vontade”. Estas palavras
conclamam a todos ao autoconhecimento que lhes
permitirá descobrir e realizar sua Verdadeira
Vontade, que significa sua verdadeira natureza, que
equivale à divindade dentro de cada indivíduo. Em
compensação, todos os direitos que não sejam a
realização dessa Grande Obra não passam de ilusões.
É um método através do qual se pode realizar o diálogo
entre si e o seu Deus, e através da Vontade chegar à
auto realização.
Todo homem e toda mulher é uma estrela, e o único
crime do Universo é a colisão entre estrelas. Essa é a
completa liberdade, incluindo liberdade moral, sexual,
política e filosófica, conforme compreendida por
Thelema.
Segundo Thelema, o Æon contemporâneo é o de
Hórus, centrado no Princípio da Criança, da
sobrevivência individual, cuja fórmula é o crescimento,
da consciência e do amor universal (Ágape), levando à
auto realização.
O Æon anterior foi o de Osíris e antes deste foi o de
Ísis. O Æon neolítico de Ísis é considerado como tendo
sido dominado pela ideia matriarcal de divindade, sua
fórmula envolvendo a devoção à Deusa-Mãe para a
obtenção da nutrição que ela providenciava.
O Æon clássico/medieval de Osíris teve como
dominante o princípio patriarcal, cuja formula de
redenção era o auto sacrifício e a submissão ao Deus-
Pai.
Não sendo um sistema religioso fechado, Thelema
aceita qualquer forma de crença e qualquer divindade
que o Thelemita cultue. Contudo, algumas divindades
são normalmente utilizadas para definir conceitos
comuns ao sistema Thelêmico, muitas vezes sendo
referidas nos textos sagrados ou ritualísticos. As
principais são:
- Babalon (Mulher Escarlate) – Outro arquétipo da
Grande Mãe, é uma contraparte de Nuit mais
próxima ao Humano. É considerada como a Grande
Prostituta Sagrada pois não recusa seu Amor
divino a pessoa alguma. É uma representação da
liberação da mulher e do impulso sexual.
- Chaos – Ideia irrepresentável do princípio básico de
tudo. O Chaos, tal como na mitologia grega (e em
todas, isso é arquetípico), é a matriz de onde
qualquer ideia, forma etc. pode surgir. De acordo com
o Credo da Missa Gnóstica, é o Pai de Vida e Único
Vice Regente do Sol sobre a Terra.
- Hadit – O globo solar alado de Hadit é a
representação da individualidade, o Self. Simboliza a
Serpente de Luz que deve se elevar para encontrar
Nuit e assim alcançar a plenitude. O Sol interior, a
fonte de toda a luz e sabedoria. Assemelha-se ao
conceito do Logos.
- Hoor-Paar-Krates (Harpócrates) – Irmão gêmeo
de Ra-Hoor-Khuit, é a metade passiva do deus
Hórus, o regente do Novo Æon. Sendo filho de Ísis
e Osíris gerado após a morte do pai, é tido como
uma criança espiritual, o Não Nascido. Também é
conhecido como o Deus do Silêncio.
- Ísis – Representação da Era matriarcal, é o
arquétipo da Grande Mãe e da Natureza, que
acolhe o filho em seu seio e o nutre. Representa o
primeiro Æon, quando o Ser Humano começava a
descobrir sua espiritualidade.
- Nuit – Deusa egípcia preenchida de estrelas, cujo
corpo forma a abóbada celeste é a representação do
Todo em um nível Macrocósmico. Sendo todo homem
e toda mulher uma estrela, Nuit simboliza a união de
toda a humanidade em nível espiritual. Costuma ser
representada também por um Círculo.
- Osíris – Representação da Era patriarcal, é o
arquétipo do Pai, aquele que educa o filho pela
recompensa/punição e lhe passa uma ética e uma
moral preestabelecidas, sacrificando-se por ele.
Representa o Æon anterior ao presente, quando o
Ser Humano precisava ser guiado.
- Ra-Hoor-Khuit – Irmão gêmeo de Hoor-paar-
kraat (Harpócrates), é a metade ativa do deus
Hórus, o regente do Novo Æon, quando o Ser
Humano não necessita mais dos arquétipos materno
e paterno. É o filho de Ísis e Osíris concebido no
mundo. Representa o próprio Ser Humano em sua
totalidade divina.
- To Mega Therion (A Grande Besta) – To Mega
Therion além de ser um dos nomes mágicos
adotados por Crowley, é também uma
representação do Ser Humano ainda preso a seus
instintos e preconceitos, mas pleno de seu potencial
divino.
LUCIFERIANISMO
O Luciferianismo é uma doutrina baseada na figura
de Lúcifer, que por sua vez é considerado como
portador da Luz do intelecto. O Luciferianismo
distingue Lúcifer de Satanás, no entanto, algumas
organizações satanistas se consideram luciferianas.
Divide-se em Luciferianismo tradicional ou teísta
(crença em Lúcifer como uma divindade) e
Luciferianismo simbólico (crença em Lúcifer como
arquétipo).
O arquétipo luciferiano é o arquétipo do
inconformismo, rebeldia e liberdade de pensamento,
que impulsionam o adepto à revolução, à libertação
das estruturas e limites que restringem a consciência;
à busca do conhecimento, satisfação e realização
pessoal, com isenção de tabus e hipocrisia; e à busca
da perfeição e do refinamento, do progresso espiritual
individual, e da autodivinização.
Existem vertentes que consideram Lúcifer como um
referencial dos atributos desse arquétipo, sem
desconsiderarem a possibilidade de sua existência
como uma divindade.
Em várias doutrinas encontrar a faceta luciferiana
dentro de nós é um fator importante no caminho da
Verdade, que nos trará consciência, autoconhecimento
e o livre-arbítrio. Portanto, o Luciferianismo (que não
é um sistema fechado) pode ser um “viés” dentro de
outros sistemas, como ocorre na Quimbanda
Luciferiana.
SATANISMO
O termo satanismo foi utilizado pelas religiões
abraâmicas para designar práticas religiosas que
consideravam estar em oposição direta ao deus
abraâmico.
A figura de Satanás foi tratada especialmente por
cristãos e muçulmanos de forma variável, como um
competidor rebelde em relação a Deus ou alguém
invejoso dos seres humanos e de Jesus, caracterizado
como anjo caído ou demônio, governador do submundo
penitencial.
Anton Szandor LaVey (nascido Howard Stanton
Levey / 11/04/1930 – 29/10/1997) fundou a primeira e
maior organização de suporte religioso ao satanismo, a
Church of Satan (Igreja de Satã), em 1966. Em
1969 publicou The Satanic Bible (A Bíblia
Satânica), o cânone sobre o satanismo laveyano,
descrevendo os conceitos básicos, a filosofia e os
rituais da religião satânica, e apresentando o satanismo
como uma forma de culto a si mesmo (autolatria ou
egoteísmo).
As doutrinas básicas deste satanismo se baseiam na
ideia de que Satanás é um arquétipo (e não uma
entidade), no individualismo, na autoindulgência e na
moral da pena do talião (“dente por dente, olho por
olho” / “trate os outros como lhe tratam”), com
influências ritualísticas e cerimoniais do ocultista
Aleister Crowley e de filosofias de pensadores como
Friedrich Nietzsche. Há fortes elementos
progressistas e libertários nas doutrinas satânicas
Diferente dos satanistas teístas, satanistas de LaVey
consideram Satanás como um símbolo da natureza
inerente do homem, e não como um deus ou ser
sobrenatural.
As Nove Declarações Satânicas (Retiradas da
Bíblia Satânica)
NIETZSCHE
Friedrich Wilhelm Nietzsche (Reino da Prússia,
15/10/1844 – Império Alemão, 25/08/1900) foi um
filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor
prussiano do século XIX. Escreveu vários textos
criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea,
filosofia e ciência.
A cultura ocidental e suas religiões, assim como a
moral judaico-cristã, foram temas comuns em suas
obras. Nietzsche pretendeu ser o grande
“desmascarador” de todos os preconceitos e ilusões do
ser humano.
Sua filosofia envolve questionamento de qualquer
doutrina repressora, não importando o quão
socialmente predominantes essas ideias poderiam ser.
Considerava o Cristianismo e o Budismo como “as
duas religiões da decadência”, embora o Budismo
“cem vezes mais realista que o Cristianismo”.
Entre suas obras constam “Assim Falou Zaratustra”
(1883-85), “O Crepúsculo dos Ídolos” (1888), e “O
Anticristo” (1888), considerado uma das mais ácidas
críticas de Nietzsche ao Cristianismo,
Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo
repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas
distorções e confusões. Algumas delas:
- “Deus está morto. Viva perigosamente. Qual o
melhor remédio? – Vitória!”
- “A diferença fundamental entre as duas religiões da
decadência: o Budismo não promete, mas assegura.
O Cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada”.
- “Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar
luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é
necessária”.
- “O Cristianismo foi, até o momento, a maior
desgraça da humanidade, por ter desprezado o
corpo”.
- “A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo”.
- “Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos
de quem não sabe voar”.
- “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se
para não tornar-se também um monstro. Quando se
olha muito tempo para um abismo, o abismo olha
para você”.
- “A alma nobre tem reverência por si mesma”.
- “Não existem fenômenos morais, mas apenas uma
interpretação moral dos fenômenos”.
PRÁTICAS DEVOCIONAIS E
DE ELEVAÇÃO PESSOAL
A
s práticas devocionais objetivam conexão energética
com alguma divindade, entidade, etc. A Quimbanda
lida com mortos, portanto, quanto mais o adepto se
aperfeiçoa nessa conexão, mais ele se torna próximo de
seus Mestres (Exu e Pombagira), rumo a uma simbiose
com eles.
As práticas de elevação espiritual possuem um
caráter de solitude, na medida em que requerem
privacidade, reclusão e introspecção para sua realização.
Existem práticas que objetivam a aproximação das
entidades, através de cuidados para a manutenção de
um fluxo energético constante. Ex.: oferendas de
comidas, bebidas, incensos, etc.
ALGUMAS PRÁTICAS PROPOSTAS
Respiração Holotrópica
É uma técnica em que através da hiperventilação
(respiração acelerada e intensa) é possível criar um
estado de consciência expandido. Basicamente, o
método combina respirações curtas e intensas
seguidas de respirações longas e profundas.
É uma técnica de psicoterapia experimental que tem
como objetivo aumentar o autoconhecimento e
promover efeitos psicoterapêuticos.
O termo holotrópica tem origem grega e significa “se
mover em direção à totalidade”. A técnica surgiu nos
anos 1980 e foi criada pelo pesquisador e psiquiatra
Tcheco Stanislav Grof, juntamente com sua esposa
Christina Grof.
O principal benefício da respiração holotrópica é
atingir um estado de consciência expandido, o que
gera o relaxamento e equilíbrio emocional.
Contudo, esse tipo de respiração pode causar efeitos
adversos, como ataques de pânico e desmaios.
Yôga
Yôga é uma filosofia de vida que tem sua origem na
Índia, há mais de 5000 anos e que tem por objetivo a
união do corpo, mente e espírito, através de
concentração, meditação, respiração e disciplina.
Existem diferentes tipos e linhas de Yôga, porém, no
ocidente o mais difundido é o Hatha Yôga,
considerado o tipo mais clássico. Sua prática combina
exercícios de respiração (Pranayama) e posturas
corporais (Asanas). Pranayamas são conhecidos como
técnicas de respiração que elevam os níveis de energia
vital (prana), reduzindo a atividade mental, trazendo
calma e relaxamento profundo. Os Asanas permitem
que o indivíduo atinja um estado de contemplação, e,
portanto, não têm efeito apenas na parte física.
Mudras
A palavra em sânscrito mudra significa gesto das
mãos, mas também pode indicar posições dos olhos, do
corpo e técnicas de respiração, para obter benefícios
físicos, mentais e espirituais. Alguns mudras atuam no
sistema digestivo, outros no coração, outros no sistema
imunológico e outros visam reequilibrar um elemento
específico.
Esses gestos são frequentemente usados como
ferramentas para concentração e expansão da
consciência durante práticas meditativas. Também são
associados a alguns asanas durante a prática do
Yôga, complementando e até intensificando as
qualidades dessas posturas. Os mudras feitos com as
mãos, relacionam os 5 elementos da natureza a cada
dedo: o dedo mínimo representa a água; o anelar, a
terra; o médio, o éter; o indicador, o ar; e o polegar, o
fogo. As combinações dos dedos e a posição deles
(esticado, flexionado etc.) permitem uma grande
variedade de opções de conexão com as energias
primordiais do universo. Existem vários tipos de
mudras, e cada um deles traz benefícios diferentes,
conforme as nossas necessidades.
Jejum
Em várias religiões o jejum é adotado tradicionalmente
como uma prática de purificação física, mental e
espiritual que facilita a meditação por levar a estados
de calma e maior sensibilidade; em outras é visto como
uma prática de disciplina, doutrina e reflexão espiritual,
que possibilita o desenvolvimento de qualidades como
o autodomínio; em outras situações pode ser
considerado um ordálio da entrega à prática espiritual.
Pode ser executado abstendo-se de comer, ou
praticando uma mudança no hábito, por exemplo,
subtraindo uma das refeições diárias. Ao término do
jejum, o adepto pode passar uma vela pelo corpo e
coloca-la acesa em uma de suas firmações.
1. JNANA MUDRA
Gesto da Sabedoria ou Conhecimento Intuitivo. Equilibra
os dois hemisférios cerebrais e acalma o sistema
nervoso. Junte a ponta do polegar com a ponta do dedo
indicador formando um círculo, estique os outros dedos.
2. PADMA MUDRA
Gesto da Flor de Lotus. Abre o coração sutil, diminui a
carga de tensão sobre o coração físico e cria expansão
da caixa torácica. Junte os punhos, polegares e dedos
mínimos e abra os outros dedos.
3. MATANGI MUDRA
Gesto da Harmonia. Energiza a área do plexo solar e
facilita a sensação de autoestima. Entrelace todos os
dedos, estique e una os dedos médios em frente ao plexo
solar.
4. PRANA MUDRA
Gesto da Energia Vital ou Respiração. Facilita a expansão
dos pulmões e de todo o sistema respiratório. Junte o
polegar com os dedos mínimo e anular e estique os
dedos médio e indicador.
5. MANDALA MUDRA
Gesto da Integração. Facilita a experiência de integração
com todo o Universo. Repouse os quatro dedos da mão
direita sobre os da mão esquerda. Una os polegares
formando um círculo.
6. KINI MUDRA
Facilita um estado de equilíbrio da glândula pituitária que
consequentemente regula todo o sistema endócrino.
Junte as pontas de todos os dedos.
7. UTTARBODHI MUDRA
Gesto do Auto Fortalecimento. Ativa a glândula timo e
aumenta a autoestima, promovendo a saúde do sistema
imunológico. Entrelace os dedos para fora e estique os
indicadores para cima e os polegares para baixo,
colocando-os no esterno.
8. APANA MUDRA
Gesto da Digestão. Estimula e facilita a finalização do
processo de digestão, equilibrando a eliminação. As duas
mãos – polegar toca dedos médio e anular.
9. KARKATA MUDRA
Gesto do Caranguejo. Gesto do equilíbrio Sexual.
Estimula os canais de energia sexual, equilibra o sistema
glandular e melhora a concentração.
VEGETAIS NO CULTO DE
EXU & POMBAGIRA
É
comum se fazer referência ao uso de “ervas” na
Quimbanda (assim como em outras religiões/cultos),
entretanto, o termo “erva” se refere apenas às
plantas de pequeno porte cujo caule é fino e macio, não
sendo lenhoso nem apresentando casca (Ex.: hortelã).
Na prática são utilizadas folhas, flores, frutos, raízes,
caules/cascas, e favas/sementes, de vegetais de
diversos portes (árvores, arbustos, ervas, suculentas,
etc.) [29].
Para a utilização das plantas no culto, é importante
atentar aos melhores períodos para a colheita de cada
parte vegetal que será utilizada:
- Fogo: ☐
- Ar: ☐
- Água: ☐
- Terra: ☐
Herbáceas – São plantas de pequeno porte cujos
caules são flexíveis, ou seja, não são lenhosos
como os caules dos arbustos e das árvores, nem
apresentam casca. Possuem ciclo de vida curto
(um ou poucos anos). Ex: grama, onze-horas,
milho, lírios-do-campo.
A
s religiões de matriz africana herdaram o legado
sobre os tipos de sangue, representação da vida,
conforme a cosmogonia e mitologia dos cultos
tradicionais da África.
São considerados 3 reinos (mineral, vegetal e animal),
e cada reino possui as 3 qualidades de sangue:
vermelho, branco e negro.
Obs.:
1) O sistema iorubá considera 5 cores: branco, preto,
vermelho, amarelo e incolor. O azul e o verde são
variações do preto. Laranja, abóbora, marrom,
castanho e coral são variações do vermelho;
2) O incolor é a noção do nada (destruição,
aniquilação). Os iorubas temiam o branco justamente
por ser a cor que mais se aproxima do incolor
(transparente), que carrega a noção da aniquilação
total [35];
3) Nem sempre a cor considerada é “o que se vê”. Ex.:
- O sal, apesar de branco, é considerado um
elemento negro, pois resulta do processo de
lixiviação das rochas, sendo fortemente ligado aos
orixás da terra. Como tal, é um elemento proibido
para os orixás funfuns (brancos);
- Quando se está em uma mata fechada à noite, sem
qualquer iluminação, o que se vê? Preto. É nessa
lógica que o verde é considerado variação do preto,
e por isso não cabe falar em “sangue verde” em
relação aos vegetais, nesse sistema;
4) O sangue vermelho animal é o que teve seu uso
mais difundido, por ser o mais fácil de ser manipulado.
A utilização do sangue negro vegetal com
propriedade envolve uma complexidade muito maior
de conhecimentos (botânico, farmacológico, religioso,
etc.);
5) Esse tema encontra-se nos trabalhos de
pesquisadores como Pierre Verger, Roger Bastide, Juana
Elbein dos Santos, Reginaldo Prandi; entretanto, seu
aprofundamento não permeia a bibliografia comum,
ocorrendo geralmente em complementos específicos,
como:
- “Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns: na Bahia
de Todos os Santos, no Brasil, e na Antiga Costa dos
Escravos, na África” de Verger, que complementa o
seu livro “Orixás”;
- O relatório nunca publicado decorrente do trabalho
de campo de Verger e Juana Elbein, na África em
1968;
- A tese de doutorado de Juana Elbein em etnologia
na Universidade de Sorbonne em 1972: “Os Nàgô e a
Morte: Pàde, Àsèsè e o Culto Égun na Bahia”.
ANEXO 1: ATLAS
BOTÂNICO
ANEXO 2: PLANTAS E
SUAS RELAÇÕES
ELEMENTAIS
A
lém de vegetais e animais, no culto de Exu e
Pombagira utilizam-se minerais (rochas, minérios,
metais e cristais), tanto na montagem de
assentamentos quanto em outras práticas (ex.:
confecção de amuletos, feitiços, etc.).
Arquetipicamente, os minerais de modo geral são
relacionados à estrutura, à organização e à
atemporalidade (ou à imobilidade por grandes períodos
de tempo). Foram se formando, se alterando e sofrendo
reações na crosta terrestre ao longo de milênios, sendo
por isso capazes de estocar informações por um longo
período de tempo. Ex.: chips de quartzo na computação;
lápides e pedras mortuárias, que preservariam
características de um espírito ligado a elas.
As pedras e cristais podem estar em estado bruto ou
lapidados, e, quando se combina o uso de vegetais e
minerais, é preciso compreender a ação de cada um,
para que estabeleçam uma sinergia na busca do
resultado almejado, e não ocorra conflito ou
antagonismo entre suas propriedades. Por exemplo,
as drusas emanam energia (e atuam na intuição) e os
geodos concentram energia [39]. Alguns cristais possuem
aspectos próprios bem definidos, e, neste caso, sua
programação e utilização deve ir ao encontro desses
aspectos. Já os cristais neutros e transparentes (ex.:
quartzo) “aceitam” um leque maior de programações
possíveis.
Os metais que se utilizam no culto de Exu e Pombagira
são: ferro, prata, ouro, chumbo, mercúrio (azougue)
e bronze, que podem ser utilizados sólidos ou em pó
(em amuletos, anéis etc.). Metais que tiveram uso em
finalidades específicas podem ser recolhidos e utilizados
para manifestar os arquétipos daquelas finalidades. Ex.:
arame farpado (restrição), pregos de caixão (finalização).
Seguindo esta lógica, um mineral que esteja intimamente
relacionado a um arquétipo pode ter este aspecto
arquetípico utilizado em poções, pós, incensos, amuletos,
etc.
Todo tipo de pedra e cristal pode ser utilizado no culto de
Exu e Pombagira, porém, os essenciais são o okutá
(proveniente de rio, mar ou floresta) e yangui (laterita),
sendo este último, terra fossilizada, extremamente rica
em ferro e alumínio.
O okutá é o centro energético do assentamento de uma
entidade. Deve ter sido moldado pela ação da natureza,
como a correnteza e o atrito nos rios arredondando sua
forma. Pedras pontiagudas são consideradas okutá
masculino, pedras arredondadas regulares são
consideradas okutá feminino.
Como Exu é ígneo, as pedras de origem magmáticas
(vulcânicas / Ex.: pedra-pomes, basalto) são perfeitas
para desempenhar essa função de “coração do
assentamento”, pois o fogo é o elemento mais presente
na ressurreição de um espírito. Mas as outras
procedências mencionadas também têm o seu poder:
uma pedra de rio, rolada naturalmente pelo atrito do
movimento da água (seixo rolado), está conectada ao
poder do lodo e da lama do fundo dos rios. Possuem a
propriedade de atrair a ancestralidade, devido à sua
idade geológica e resistência contínua às adversidades
ambientais. Já as pedras roladas encontradas no mar
(geralmente de origem vulcânica) possuem em sua
essência a energia da Kalunga Grande (Praia).
Enfim, cada pedra emana uma energia própria e
individual pulsando através de uma determinada faixa
vibratória. Nem todas as pedras são apropriadas para
serem consagradas como okutás, pois nestes casos,
suas emanações não as permitem ser um receptáculo.
Por isso, o seu aceite ou recusa como integrante de um
assentamento será determinado através de oráculo.
A retirada do okutá de seu ambiente original requer
protocolos, que envolvem oferendas, e saudações
conforme as entidades tutelares dos reinos e pontos
de força de onde se pretende retirá-los: Exu Rei das
Matas, Pombagira Rainha das Matas, Exu Rei das
Praias, Pombagira Rainha das Praias, Exu do Lodo,
Pombagira do Lodo, Exu dos Rios, Pombagira dos
Rios, Povos da Mata, Povos da Praia; além, é claro,
dos Mestres pessoais.
Quanto ao yangui, trata-se de uma herança da
cosmogonia iorubá, na qual a laterita é a matéria-
prima da geração de Èsú (orixá), sendo esta protoforma
chamada de Èsú-Yangi (ou seja, a primeira matéria/forma
de existência individual de Èsú). E cada pedaço de
yangui representa uma ancestralidade de Èsú e uma
conexão direta com o Pai Ancestral de Todos os Èsús,
assim como através de cada pedaço dessa pedra o
antigo responderá, pois a yangui representa o processo
de expansão e multiplicação.
Esse fundamento, apesar de originário dos cultos a
orixás, foi incorporado pela Quimbanda, concebendo
yangui como o receptáculo eletivo para reavivar a força
do Exu (neste contexto, a entidade), buscando toda a
sua energia ancestral para o estabelecimento de uma
alma que já se encontra em estágio avançado de
evolução. É como se ritualisticamente se puxasse da
Terra a força de todos aqueles que a ela já retornaram,
reavivando toda sua trajetória. Essa alma (Exu ou
Pombagira) se utilizará desse meio para estabelecer
uma via de acesso entre o mundo dos vivos e dos
mortos. É um dos contextos que reafirmam a
Quimbanda como um culto necrosófico [40].
As pedras podem ser utilizadas em banhos, mas é
preciso que se atente à regência planetária de planta
e pedras para que não haja conflito no intento. No caso
do uso em banhos, as pedras devem estar ativadas (por
atrito ou fogo) para emanar ao invés de absorver. Para
a ativação de pedras e cristais, deixá-las em água
corrente, depois secar, colocar no fogo do caldeirão,
depois passar na fumaça do incenso.
Pedras disformes podem ser utilizadas em
assentamentos e firmações, porém deve-se priorizar
pedras que tenham ponta e base, entendendo-se que a
ponta é positiva e a base negativa. Considerando
sempre que no culto “positivo” e “negativo” não
possuem a conotação de “bem” e “mal”, mas sim de
“dinâmico” e “receptivo”.
Quanto mais utilizadas as pedras e cristais, mais
potentes elas ficam, porém, requerem limpezas
periódicas. Devem ser armazenadas individualmente
embrulhadas em pano preto ou recipiente de vidro
preto (ou pintado de preto, ou embrulhado em pano
preto).
Pedras absorvem a energia do ambiente, portanto,
aquelas utilizadas em rituais específicos devem ser
guardadas após os mesmos, conforme já descrito.
Itens a serem utilizados em rituais devem ser
consagrados, e consagrar é destinar a uma força, unir
ao sagrado. A consagração já ocorre na mente e na
intenção, o que não exclui a possibilidade/necessidade
da ritualização do ato. Itens naturais já são
consagrados por si só. Objetos consagrados possuem a
energia de quem os consagrou, portanto, quanto maior a
afinidade, melhor é o resultado. Um objeto sagrado uma
vez maculado nunca mais se torna sagrado.
Os amuletos podem ser ocultos (ex.: patuás) ou
expostos (ex.: brincos, anéis, pingentes). Os amuletos
que ficam expostos têm como finalidade encantamentos,
e os que ficam ocultos têm finalidade de proteção e
defesa.
Propriedades de algumas pedras e cristais
Sol: ouro;
Lua: prata;
Marte: ferro;
Mercúrio: mercúrio / alumínio;
Júpiter: estanho;
Vênus: cobre;
Saturno: chumbo.
Em Magia Cerimonial / Magia Planetária, os metais
possuem associações com as inteligências dos planetas,
portanto, são representantes clássicos dos arquétipos
planetários:
Número 1
Número 2
Número 3
Número 4
Número 5
Número 6
Número 8
Número 9
Número 11
Tabela Pitagórica
Correspondência entre os números base e as letras do
alfabeto
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V W X Y Z
Azabache
Nome popular: âmbar das bruxas, âmbar negro.
Planeta: saturno
Poderes: proteção, prevenção de pesadelos, sorte,
adivinhação e saúde.
Ciência popular: O Azabache é madeira fossilizada com
milhões de anos de idade. É uma pedra negra, como o
vidro. Por ser negro, o azabache está relacionado com
a terra.
Uso mágico: O azabache é receptivo e, portanto,
absorve energias, em especial as negativas. Isto o
converte numa substância protetora.
As feiticeiras do mar e as mulheres dos pescadores na
antiga Grã-Bretanha apreciavam o azabache como um
grande protetor magico – era queimado em casa para
proteger os seus maridos e ausentes.
Obs.: azabache pode ser facilmente confundida com
ônix.
Azurita
Nome popular: lapis linguis
Planeta: Vênus
Elemento: Água
Poderes: psiquismo, sonhos, adivinhação, cura.
Uso mágico: A azurita, pedra bela e de cor azul escura,
foi muito utilizada em magia para aumentar os poderes
psíquicos. Umas das formas de utiliza-la é colocar uma
pedra de azurita de baixo do travesseiro para ter
sonhos proféticos.
Citrino
Planeta: sol
Elemento: fogo
Poderes: prevenção de pesadelos, proteção e
psiquismo
Uso mágico: o citrino usa-se de noite para afastar o
medo, para evitar pesadelos e para assegurar um bom
descanso.
Esfena
Nome popular: Titanite
Planeta: Mercúrio
Elemento: ar
Poderes: poderes mentais e espiritualidade.
Uso mágico: É excelente para estudar, teorizar e
debater. A esfena também se utiliza para estimular a
iluminação espiritual durante a meditação e os rituais
místicos.
Granada
Planeta: Marte
Elemento: Fogo
Poderes: proteção e força
Ciência popular: No século XIII, as granadas eram
usadas para afastar insetos.
Uso mágico: A granada é uma pedra de cor vermelho
ardente, muito usada para aumentar a força corporal, a
resistência e o vigor.
Selenita
Planeta: Lua
Elemento: água
Poderes: reconciliação, energia.
Uso mágico: A selenita é um mineral claro, com capas,
que superficialmente se assemelha a calcita.
Também chamada de Selene, a antiga deusa da lua,
troca-se entre amantes para alcançar a reconciliação.
Essas foram algumas pedras com diferentes funções e
diferentes representações planetárias. Ficou claro como é
importante saber a qual planeta uma pedra é associada,
pois, sabendo disso, fica muito mais fácil saber qual a
sua função mágica, evitando problemas por mau uso.
ANEXO 4: A MAGIA DAS
PEDRAS
(Conteúdo do arquivo de apoio: A Magia das
Pedras / Autoria: Ophiiis)
As pedras, cristais e metais contêm energia. É esta
energia que nos permite praticar magia.
Como carregar as pedras?
Antes de usá-las em uma magia, as pedras devem
carregar-se ou programar-se com energia. Isto faz-se
simplesmente sustentando a pedra na sua mão projetora
(dominante), visualizando a sua necessidade magica e
vertendo a energia do seu corpo para a pedra.
Esta energia é o poder pessoal. Reside dentro de nós,
podemos transferir esta energia para a pedra, velas,
metais ou outros objetos mágicos. O movimento desta ou
daquela forma de energia está no centro da magia.
Veja o poder que flui do seu corpo, através da sua mão
projetiva até à pedra. Carregue-a com a energia de sua
necessidade mágica: amor, dinheiro, poder, saúde.
Quando sabe que a pedra está vibrando com o seu poder
pessoal, significa que está carregada. Este simples
processo, levado à risca antes de cada ritual, aumentará
os efeitos da magia da sua pedra.
A energia das pedras
Há dois tipos básicos de energia dentro das pedras. Estes
dois tipos contêm todas as diversas vibrações que
encontram nas pedras: as que atraem o amor, as que
repelem a negatividade, etc. estas são as energias
dinâmicas e as receptivas
As pedras dinâmicas são brilhantes, externas,
agressivas e elétricas. Possuem energias fortes e
vigorosas que afastam o mal, superam a inércia e criam
o movimento. As pedras dinâmicas a destruir as doenças,
fortalecem a mente consciente e infundem coragem e
determinação. Usa-se para estimular a energia física,
para atrair a sorte e o êxito. Em magia pode usar-se para
criar uma força adicional nos rituais.
As pedras dinâmicas conectam-se com a mente
consciente. Muitas vezes são pesadas ou densas,
ocasionalmente opacas, e são vermelhas, alaranjadas,
amarelas, douradas ou claras. Também podem brilhar o
resplandecer como o sol. Exemplos de pedras e minerais
projetores incluem o rubi, o diamante, a lava, o
topázio e a rodocrosita.
As pedras dinâmicas estão associadas com o sol,
mercúrio, marte, urano e os elementos fogo e ar.
Também estão relacionadas com as estrelas, visto que
as estrelas são sóis distantes.
As pedras receptivas são o complemento natural das
pedras dinâmicas. São relaxantes, calmantes, internas e
magnéticas, que estimulam a meditação, a
espiritualidade, a sabedoria e o misticismo.
Estas pedras estimulam a comunicação entre a mente
consciente e a inconsciente e permitem o
desenvolvimento da consciência psíquica. As pedras
receptivas são usadas frequentemente com o propósito
de assentamento, para estabilizar e reafirmar as nossas
raízes com a terra.
As pedras receptivas possuem uma ampla gama de
cores: verde, azul, azul esverdeado, púrpura, cinzenta,
rosada, negra e branca. Também podem ser
opalescentes ou translucidas e podem estar
naturalmente esburacadas.
Os exemplos de pedras receptivas incluem a pedra da
lua, a água marinha, a esmeralda, as pedras
esburacadas, o quartzo rosa, a turmalina rosa, a
kunzita, o lápis lazúli e a sugilita. Estão vinculadas
com a lua, vênus, saturno, netuno, júpiter e os
elementos terra e água.
Nem todas as pedras se encaixam com facilidade nestas
categorias, mas mesmo assim, é um bom sistema que
nos ajuda a relacionar as pedras com seus poderes
básicos.
Algumas pedras contêm uma mescla dessas energias,
como o lápis-lazúli. Outras podem ter usos que
contradizem esta simples classificação, de modo que use
seu julgamento para determinar os seus poderes básicos.
Lembre-se, essa forma de avaliação não é correta em
100% dos casos. A prática em tentar reconhecer todo
tipo de pedra, levará à perfeição, podendo assim,
discernir se ela é dinâmica ou receptiva antes mesmo de
senti-la.
Formatos e seus significados
Cada pedra traz consigo um formato geométrico
específico, alguns abstratos e outros mais conhecidos,
tais como: coração, ovo, comprida e etc. o objetivo é
trazer entendimento a respeito das formas mais
utilizadas e conhecidas dentro da magia.
A
s oferendas representam um conjunto de elementos
e itens que agradam a entidade ou a força que está
sendo oferendada, além de potencializar a
manifestação daquela entidade.
Representam também oferta de energia através de
itens que possuem intrinsecamente códigos espirituais
associados a cada tipo de propósito nos trabalhos
espirituais.
Assim como no plano material/físico os alimentos são
geradores de energia e fonte de regeneração, os Exus e
Pombagiras (assim como outras entidades
desencarnadas) eventualmente necessitam de fontes de
energia para atuar no plano material e intervir nas
vidas das pessoas. Esse mecanismo foi percebido e
entendido em várias culturas antigas: africana, celta,
grega, egípcia, suméria, hindu, americana (pré-
colombianas), etc.
O ato de oferendar agracia e fortalece os vínculos entre
os encarnados e divindades ou entidades (espíritos de
mortos) através da entrega de certos itens que carregam
em suas essências o poder dos quatro elementos
formadores (Fogo, Ar, Água e Terra). Portando, as
oferendas devem conter representantes dos 4
elementos:
Alguidares;
Bebidas;
Comidas;
Incenso;
Objetos variados (Ex.: moedas);
Perfumes;
Plantas (flores, sementes, folhas, raízes, favas,
frutos);
Pós;
Sangue animal;
Tabaco (in natura, cigarros, charutos, cigarrilhas);
Taças;
Velas.
A “comida padrão” de Exu e Pombagira é basicamente
a farofa amarela, pimenta e carne. Outros elementos
e ingredientes podem/devem entrar, mas isso já envolve
especificidades. A comida não deve conter itens cozidos
em água (Ex.: arroz).
A farinha de mandioca foi criada pelos índios
brasileiros, mas, através do sincretismo, esse item
passou a ser o ingrediente fundamental do “padê” para
Exu (a farofa). Esse processo foi uma
adaptação/transformação da Umbanda de um ritual do
Candomblé chamado “Ìpàdé”, no qual Èṣù (orixá) é
uma das principais divindades envolvidas. E assim a
farofa para Exu/Pombagira passou a ser conhecida
como padê.
Na Quimbanda existe o entendimento que o preparo
das oferendas para Exu e Pombagira envolve arte e
senso estético, desde a escolha dos materiais até a
decoração de cada oferenda. Cada Exu tem suas
particularidades, porém, alguns itens são permanentes
nas receitas. Mas a sustentação do prato tem sempre
como base a farinha com azeite de dendê e
pimenta.
A farinha de mandioca deve preferencialmente ser
crua e grossa, por ser mais macia e absorver melhor os
óleos e temperos.
A farinha de milho também é um cultivo dos povos
ameríndios inserido no culto de Exu. Historicamente
para tais povos, o milho sempre foi considerado
sagrado, portador de abundância e prosperidade.
Estabelecendo uma comparação, a mandioca “cresce
para baixo”, portanto, sua farinha deve ser priorizada em
trabalhos mais internos, de aterramento; o milho “cresce
para cima”, portanto, sua farinha dever ser priorizada
para objetivos mais externos, como prosperidade
material. Os grãos (no caso do milho) se multiplicam e
carregam a simbologia da fartura.
Em alguns casos, as farinhas são misturadas, mas como
regra geral pode-se estabelecer que as farofas de
farinha de mandioca se destinam às entidades de
Cemitério, Almas e Cruzeiro; e as de farinha de
milho às entidades de Mata, Encruzilhada e Lira.
Entidades de Praia aceitam bem ambas.
Outro item indispensável para a farofa de Exu é a
cebola. Deve-se priorizar a cebola roxa, que possui
menos teor de água, e ela pode ser flambada (no gin,
conhaque ou uísque), para remover o máximo de sua
água.
Quanto às carnes, estas podem ser (conforme as
especificidades) bovinas, suínas, de aves, peixes e
miúdos.
Cruzeiro:
Encruzilhada:
Estrada:
Pagar Exu Tranca Rua Estradeiro, e saudar
também Exu das Almas & Pombagira das Almas.
Uma opção é, ao despachar, sempre priorizar o sopé de
uma árvore (direto na terra).
Despejar as bebidas (conteúdo da garrafa, copo/taça)
realizando um círculo (primeiro em sentido anti-horário e
depois em sentido horário), e dentro desse círculo
depositar o alguidar envolto no morim preto.
Repetir esta etapa com a outra oferenda.
Uma vez que o alguidar foi forrado com as folhas de
mamona ou bananeira, uma alternativa ecológica é
remover o conteúdo do alguidar junto com as folhas, de
forma a não deixar este no local do despacho, bem como
as garrafas vazias.
- Ex.1: sândalo;
- Ex.2: guiné / canela / casca de eucalipto;
- Ex.3: canela / anis estrelado / casca de laranja
desidratada;
- Ex.4: canela em pó / folha de louro / casca de
eucalipto.
T
ecnicamente, incenso é alguma resina gomosa
(substância viscosa, odorífera, insolúvel na água,
solúvel em álcool e éter) produzida por certos
vegetais. Em tais espécies, durante o tempo de calor e
seca são feitas incisões no tronco e ramos, dos quais
brota continuamente a resina, que se solidifica
lentamente ao contato com o ar.
O termo incenso é também com frequência usado como
sinônimo para o olíbano, uma das resinas descritas
adiante.
Existem comercialmente muitas opções de incensos em
cubos e varetas, muitos dos quais compostos apenas
por essências sintéticas, sem qualquer valor real em
termos de função espiritual.
Os incensos considerados nobres são as resinas de
determinadas árvores, como o supracitado olíbano. Mas
existem outras árvores de cujos caules se obtêm outras
resinas: âmbar, mirra, breu, assafétida, copal, elemí,
estoraque, gálbano, mastique, sangue-de-dragão,
etc.
Exemplo: quando a casca da árvore estoraque (Styrax
sp.) é cortada, emana uma goma, um fluido cremoso que
escorre e endurece em forma de gotas. Esta é a origem
do Benjoim, do qual se obtém um resinoide da
extração da resina por solvente. Desta espécie se obtém
o óleo absoluto de âmbar, o âmbar resinoide, e o
benjoim. O Benjoim da Sumatra e o Benjoim do Sião
são as duas variedades mais importantes cultivadas por
suas gomas-resinas.
Segue uma lista de árvores que são fontes de resinas:
Instituto Ananda:
Óleo de consagração :
[58]
- 500 ml de óleo;
- 7 búzios (preferencialmente negros);
- 1 galho de arruda;
- Pó de yangui (volume aproximado de uma caixa de
fósforo);
- 7 folhas de guiné;
- 1 folha de mamona;
- 1 olho-de-Exu ou olho-de-cabra;
- 7 bolinhas de pimenta-da-costa (atarê).
Obs.:
E
xistem dias, horas e fases lunares capazes de
ampliar ou reduzir a energia de determinados rituais,
portanto, deve-se levar em consideração os
momentos em que as forças espirituais se manifestam
com maior intensidade, favorecendo o alcance do
objetivo.
As fases lunares são o aspecto como vemos a Lua, o que
depende da sua posição em relação ao Sol e à Terra. Na
verdade, o que vemos é a luz do Sol refletida pela
superfície lunar, porque a Lua não tem luz própria.
As duas maiores divisões para trabalhos mágicos são as
fases crescente e minguante. Trabalhos de natureza
benéfica e construtiva (saúde, riqueza, sucesso,
progresso), bem como a energização de amuletos e
talismãs, são realizados preferencialmente quando a lua
está crescente ou cheia. Quando a lua está
minguando o período é propício para magia destrutiva
e para rituais de natureza mais materialista. A fase
escura (lua nova) é o período mais agourento,
propício para trabalhos de destruição e morte. Também
faz diferença os rituais ou feitiços serem realizados de
dia ou à noite.
Lua Nova
Fase em que a Lua não está visível no céu, antes de
renascer em seu novo ciclo. Período de instabilidade
energética, mistério, insegurança, reclusão. Fase ideal
para manifestar tudo o que seja novo (Ex.: ideias,
empreendimentos, projetos, etc.). Fase que favorece
rituais que envolvam vingança, domínio sentimental
visando conquistas materiais, e ataques para
separação de casais.
Lua Crescente
Fase em que a lua começa a renascer. Propícia aos
rituais de crescimento, expansão e atração do que se
deseja (Ex.: sucesso profissional e financeiro, fartura,
abundância e prosperidade, fortalecimento de
relacionamentos, harmonização de situações e
ambientes, etc.). Fase para feitiços sentimentais mais
brandos e recomeço de antigos relacionamentos. Os
Povos das Matas, das Encruzilhadas e da Lira se
utilizam das energias dessa fase para abrir novos
caminhos e promover mudanças.
Lua Cheia
Período em que a lua está em seu ponto mais alto de
energia e poder. Propícia aos rituais de fortalecimento,
preenchimento, fertilidade, virilidade e sexualidade,
comunicação, brilho, sucesso e visibilidade, firmação
de contratos e parcerias, conquista e domínio,
definição de situações amorosas e realização de
uniões. Momento de maior equilíbrio entre as forças
positivas (dinâmicas) e as negativas (receptivas), e
mais propício a consolidações, bem como a realização
de ataques para derrubar estruturas sólidas.
Lua Minguante
Fase em que a lua diminui seu brilho até “desaparecer”
(na lua nova). Momento propício para o encerramento
do que não é mais necessário, reversão de situações
indesejadas, banimento de energias e situações
inconvenientes, libertações, finalizações, cura física,
etc. Propicia o fortalecimento interno para a finalização
de situações nocivas, e pode ser usada para ocultar
intenções. Os Povos do Cruzeiro, das Almas, da Kalunga
e da Praia se utilizam das energias dessa fase para
promover limpeza física, mental e espiritual dos
adeptos.
Anexo: Horas Planetárias
O CONCEITO DE MAIORAL
E
m todas as tradições espirituais e correntes
religiosas existe a concepção de um Ser Supremo,
cuja compreensão encontra-se além de descrições e
representações exotéricas [59]. Na Quimbanda brasileira
este ser é chamado de Maioral.
Não existe uma única concepção sobre Maioral, mas
como ideia central, existe o entendimento de que se
trata de uma força ordenadora/coordenadora do Reino
de Exu; o grande governante e mantenedor daquele
reino, que rege as legiões de Exus e Pombagiras; o
vórtice central cuja energia se expande ou se concentra
através da ação de Exu e Pombagira.
A elaboração do conceito de Maioral teve início no
sincretismo ocorrido entre os Exus (como almas de
mortos) e os seres “não-nascidos” descritos na
Demonologia.
Conforme descrito em mais detalhes no “Capítulo 1 –
Breve História da Quimbanda”, Aluízio Fontenelle,
um escritor umbandista, publicou em 1951 seu livro
intitulado “Exu”, no qual comparou (estabelecendo
paralelos e equivalências) os Exus com os demônios da
Goetia, descritos em grimórios medievais.
O primeiro passo desse sincretismo umbandista foi
classificar 3 Exus que assumiriam os “Tronos Maiorais”.
Lúcifer foi correlacionado com “Exu Lúcifer”,
Beelzebuth/Beelzebub com “Exu Mor” e
Astaroth/Ashtaroth com “Exu Rei das Sete
Encruzilhadas”. A partir dessa tríade, os demais Exus
foram classificados e renomeados segundo a
demonologia dos antigos grimórios.
Após a descrição demoníaca de Aluízio Fontenelle,
tudo que foi publicado posteriormente absorveu e
replicou esse contexto. Muitos livros foram publicados
corroborando cada vez mais essas associações. Com o
movimento “Neo-Umbanda” e “Umbanda
Esotérica”, essas classificações deixaram de ser
aplicadas e aos poucos Exu deixou de ser demonizado e
acabou sendo humanizado, adquirindo, por exemplo, o
status e a alcunha de “guardião”.
ALGUNS ENTENDIMENTOS EXISTENTES
O
objetivo deste breve texto é apresentar nosso
entendimento ao respeito da força que reside no
conceito Maioral e sua majestosa iconografia.
De modo geral, a composição dessa figura evoca a força
dos quatro elementos (fogo, ar, água e terra), sua
quintessência (o espírito), os dois movimentos cósmicos
concomitantes de criação e destruição (solve et coagula),
e a fuga de qualquer padrão de humanidade ideal para
representar o divino, entre outros. Enfim, se trata da
mais verdadeira reprodução do sagrado que se aproxima
de um absoluto, sintetizado nos limiares de um ícone
panteístico.
Um Deus sob esta aparência pode ser horrendo e
repulsivo numa sociedade monoteísta, mas seria
considerado natural em modos de vida politeístas, cujas
representações do sagrado sempre foram repletas de
hibridez com animais e toda a natureza. Essa imagem
também arrasta a supremacia das formas divinas não
cristãs.
Por meio desta representação, com seus significados,
sentidos e séculos de imaginário coletivo que demonizou
a natureza e a magia, enriquecida com a cosmovisão
afro-brasileira e seus feiticeiros, Maioral, o Deus da
Quimbanda, se apresenta à sociedade.
Maioral se manifesta por meio de toda a quimbanda:
iniciados, entidades e suas extensões. Cada tradição tem
a sua abordagem e fundamentação para interagir de
modo direto e consciente com essa força e lhe
especificar. De todo o modo, entendo que a potência
primordial que brilha na coroa Maioral é o Imperador
Lucifér, nosso Deus, dono de todo conhecimento e poder
deste mundo, estrela guia do povo de Exu. Na
Quimbanda Nagô, no alto comando Maioral também se
personifica pelo Deus Belzebu (sua segunda pessoa) e
pelo Deus/Deusa Astaroth (sua terceira pessoa).
Maioral, nosso Deus Maior, é também o Diabo, fonte
inesgotável do fogo da guerra, do instinto animal, do
viver selvagem e da magia negra. O seu rosto é a
transgressão consciente que liberta!
Laroye Exu!
Mestre Jean do Capa Preta
ANEXO 3: BAPHOMET -
PROJETO DAEMONS
Em 10/2022
@projetodaemons
https://www.instagram.com/p/CjdfL0CLUTN/
GLOSSÁRIO
Arquétipo – Do grego arché (original, antigo) e
typós (padrão, modelo). A ideia de arquétipo
existe desde a Antiguidade, particularmente no
pensamento de Platão, porém, foi através do
trabalho do psicanalista suíço Carl Gustav Jung
(que descreveu, entre outros, os arquétipos Self,
Anima, Animus, Persona e Sombra) que o
conceito adquiriu sua dimensão contemporânea. O
ser humano é dotado de uma estrutura psíquica
que contém imagens primordiais, universais e
atemporais. A antropologia, através da observação
das narrativas e comportamento de diversos
povos, também contribuiu com a tese ao identificar
semelhanças entre elementos mitológicos de
diferentes culturas (inclusive tribos arcaicas
isoladas) que seriam variações de um mesmo
motivo encontradas em várias culturas. Arquétipos
também são associados a experiências universais,
como nascimento e morte. Os arquétipos são como
formas vazias (irrepresentáveis) preenchidas por
imagens em função de características culturais e
históricas específicas, ou seja, um mesmo
arquétipo pode ser representado por diferentes
imagens, em diferentes culturas e em diferentes
momentos (Ex.: o deus grego Hermes e o deus
romano Mercúrio / a deusa grega Afrodite e a
deusa romana Vênus / o orixá Èṣù e o inquice
Pambu Njila). O mitólogo Joseph Campbell,
baseado nas ideias de Jung sobre arquétipo,
desenvolveu ampla pesquisa em mitologia e
religião, que resultou na tese de que as narrativas
humanas seguem um único padrão, que ele
identifica como monomito ou a jornada do
herói: é a aventura de um protagonista (o herói)
que sai de seu universo conhecido para se
arriscar em um universo desconhecido, onde
supera adversidades, obstáculos e desafios, ganha
força e sabedoria e retorna ao mundo comum de
onde partiu, depois de uma transformação que
impactará esse mundo de origem. Principais
arquétipos dentro da Jornada do Herói:
O Arquétipo Luciferiano
É o arquétipo do inconformismo, rebeldia e liberdade de
pensamento, que impulsionam o adepto à revolução, à
libertação das estruturas e limites que restringem a
consciência; à busca do conhecimento, satisfação e
realização pessoal, com isenção de tabus e hipocrisia; e à
busca da perfeição, do refinamento, do progresso
espiritual individual, e da autodivinização.
O arquétipo luciferiano é recorrente em vários mitos
de vários povos de várias épocas, personificado em um
ser divino, sob diferentes nomes conforme a época e o
lugar. Aparece na filosofia, na literatura e nas artes.
Em todas as mitologias e cosmogonias, constam como
princípios energias positivas: plenitude, movimento, luz,
ordem; e energias negativas: nada, vazio, trevas, caos,
inércia (considerando aqui inércia não como ausência de
movimento, mas sim inércia de criação). O arquétipo
luciferiano sempre aparece subvertendo a ordem.
Lúcifer é a personificação de toda liberdade condenada
por dogmas vigentes (cujo verdadeiro significado é muito
anterior à teologia ortodoxa judaico-cristã), de busca
pelo saber dos deuses, tal como se manifesta na
mitologia grega em Prometeu (o titã que se apoderou
do fogo sagrado do Olimpo para doar à espécie humana),
Eosphoros, Hesperos e Hespérides [68].
Lúcifer é uma das várias figuras do folclore associadas
ao planeta Vênus. No folclore romano, Lúcifer
("portador da luz" em latim) era o nome do planeta
Vênus. O nome grego para este planeta era
Phosphorus (portador da luz, do archote) ou
Eosphoros (portador da aurora), quando se referiam à
Estrela d’alva (manhã), e, alternadamente, Hesperos,
quando se referia à Estrela Vésper (poente). Portanto,
Phosphorus (Lúcifer), Eosphoros e Hesperos são 3
aspectos do mesmo deus.
Vênus como deusa romana personifica um arquétipo
equivalente ao das deusas mesopotâmicas Ishtar e
Inanna, e na mitologia suméria, o tema sobre um ser
celestial lutando pelo lugar mais alto do céu e sendo
lançado ao submundo (assim como no mito da descida
de Inanna ao submundo) tem paralelo com o
movimento de Vênus (planeta) à medida que progride
em seu ciclo sinódico, no qual desenha um pentagrama
no céu ao redor da Terra ao longo de oito anos.
Neste caso, parece haver uma relação entre Vênus,
Lúcifer, e o “demoníaco”. Considerando que para os
cristãos Lúcifer é o “Príncipe da Luxúria Espiritual”, e
que a luxúria [69] é o defeito capital relacionado à Vênus
na Cabala Hermética [70].
No Livro de Enoch (um apócrifo [71] e pseudoepígafo [72])
ocorre uma narrativa em que Arcanjos observaram do
céu os feitos dos anjos caídos, liderados pelos Vigilantes
Samyaza e Azazel, que vieram à Terra para conviver
com os humanos, aos quais transmitiram
“conhecimentos proibidos”. Ensinaram inúmeras artes,
como metalurgia, astrologia, astronomia e magia.
Prometeu é um dos mais instigantes personagens que
remetem à Lúcifer. Foi um dos Titãs da segunda
geração, gigantes que regeram a Terra antes dos deuses
olímpicos. Segundo alguns mitos, Prometeu criou a
espécie humana e foi seu defensor. Roubou o fogo de
Héstia para dá-lo aos mortais. Zeus, que temia que os
mortais se tornassem tão poderosos quanto os deuses
então o puniu, prendendo-o acorrentado no cume do
Monte Cáucaso, onde uma ave de rapina diariamente
devorava seu fígado (que se regenerava durante a noite),
até que anos mais tarde o herói Héracles abateria a
águia e libertaria Prometeu de seus grilhões.
Na mitologia escandinava, o arquétipo luciferiano é
personificado em Loki, que representa forças que
ameaçam a ordem divina e cósmica. Ele é o portador da
Luz/Fogo e ao mesmo tempo possui imenso potencial
destrutivo. Seu nome se refere a “logi” (fogo, chama) ou
ao verbo “lúka” (ou lukijan) significando “trancar”, o que
remete ao seu papel no Ragnarök (fim do mundo
existente), o fogo final no qual o mundo e seus deuses
irão arder. Ele é o trapaceiro que constantemente desafia
os deuses e sua ordem e lei estabelecidas. Mas é
também o iniciador da humanidade, a quem concede a
dádiva do fogo divino, assim como Prometeu, de cuja
punição teve uma semelhante: foi acorrentado a rochas,
enquanto sobre sua cabeça uma serpente goteja veneno
em seu rosto.
No Palo Mayombe, culto afro-cubano de origens
congolesas, o arquétipo luciferiano encontra-se em
Nkuyu (um espírito de seu panteão, cujo nome significa
“luz do mundo”) também conhecido como Lucero
(portador da luz). É o espírito da floresta que abre o véu
para que os mortos adentrem o mundo dos vivos, e
espírito do vento que traz uma profusão de ancestrais
atrás de si, na forma de vaga-lumes e estrelas, por isso,
para ele são sagradas as faíscas das forjas dos ferreiros,
bem como os fenômenos cintilantes em meio a
vegetação (o vaga-lume cintila por conta das substâncias
luciferina e luciferase existentes em seu organismo). A
ele são dedicados o fósforo e o enxofre.
O mais expressivo arquétipo luciferiano entre os
maias e astecas é personificado por Quetzalcoatl (a
“Serpente Emplumada” / Kukulkan para os maias). Deus
asteca dos ventos, da fertilidade e do aprendizado, criou
o homem dotado de Inteligência e forneceu-lhe as
sementes do cacau (o alimento dos deuses) para o
preparo do xocoatl.
Na mitologia celta, o arquétipo luciferiano encontra-
se em Lugh, o deus de características solares, do
conhecimento, da revolução, da liberdade, da colheita,
das artes e da guerra, tendo características venusianas,
marciais e mercuriais. O deus celta Cernunnos [73] foi
transformado em Lucifuge Rofocale [74] pelos
demonologistas cristãos.
A Stregheria (antiga bruxaria italiana) considera
Lúcifer como irmão e esposo da Deusa Diana, de cuja
união nasceu Aradia, a deusa que teria ensinado a
bruxaria de seus pais aos homens para libertá-los da
opressão cristã. Na Stregheria, Lúcifer é denominado
Dianus Lucifero (um deus tríplice: 1 – o deus cornífero
da sexualidade e fertilidade; 2 – o deus encapuzado
ceifador das colheitas; 3 – o deus ancião da sabedoria e
do conhecimento) e não tem relação com o conceito
demonizado judaico-cristão, e sim com os cultos pagãos
da Antiguidade (especialmente gregos e romanos) e aos
deuses da sabedoria, da fertilidade, da vida, da morte, da
natureza, da luz, da saúde.
Lúcifer está “camuflado” sob o nome Luciftias no
sistema mágico Enochiano, transmitido no séc. XVI ao
mago inglês John Dee e seu assistente Edward Kelley.
No estudo cabalista da Via Sinistra, Lúcifer é
identificado com Samael, consorte de Lilith. Segundo a
Cabala Qliphotica (estudo do Sistema Qliphotico),
Samael é a terceira qliphah, e sua contraparte na
Árvore da Vida é Hod. Enquanto a sephirah Hod está
ligada ao intelecto, ao astral superior, ao aspecto
mercurial, Samael representa a inteligência proibida.
Seu nome significa Veneno de Deus. Este veneno
significa que todos os conceitos que se tem sobre o que
é sagrado, bem e mal, certo e errado, são destruídos e
corroídos pelo conhecimento que ele tem a oferecer.
Quem adentra esta qliphah consegue enxergar além do
véu da mediocridade, e pode destruir todas as ilusões
artificiais. Isto leva ao conhecimento proibido, ao
intelecto obscuro. Esta nova perspectiva é muitas vezes
confundida com a loucura (muitos podem perder a
sanidade neste processo), porém a genialidade vem da
inteligência agregada ao pensamento fora do padrão. É
por isso que em Samael ocorre a verdadeira iniciação
ao Caminho da Mão Esquerda, da qual o adepto
emerge conhecedor de sua verdadeira vontade, isenta
de julgamentos moralistas.
Em teorias cabalísticas, Lúcifer está situado em Daat,
a Sephirah falsa ou invisível, dimensão diferenciada das
demais Sephiroth da Árvore da Vida, onde jaz a
armadilha do intelecto puramente lógico/racional. A
palavra Daath é circunstancialmente comparada com a
palavra grega gnosis (conhecimento). Nesse esquema
cabalístico Daat fica ao nível do Véu do Abismo, o que
estabelece importante metáfora em relação a estados de
consciência.
Na versão de Zecharia Sitchin da Teoria dos Antigos
Astronautas, o arquétipo luciferiano encontra-se em
Enki (um dos extraterrestres Anunnaki mitologicamente
conhecidos como os deuses mesopotâmicos), que teria,
através da manipulação genética em antropoides
primitivos, criado uma espécie aperfeiçoada, dotada de
inteligência, cognição e criatividade (o ser humano
atual), porém ainda com resquícios de servilismo.
No Mitraísmo, o arquétipo luciferiano é representado
em Mitra, o deus da sabedoria, da prosperidade, da
fertilidade, da justiça, mantenedor da harmonia; que foi
posteriormente transformado em um deus solar marcial
adorado pelos soldados da Roma antiga.
O arquétipo luciferiano também é encontrado no
Gnosticismo, no Catarismo, no Zoroastrismo (ou
Mazdeísmo), no deus Seth da mitologia egípcia (uma
divindade do caos que confrontou a enéade [75]), e, na
mitologia do período védico na Índia, encontram-se os
Asuras, que são forças caóticas (enquanto os Devas são
luz, os Asuras são caos) que foram posteriormente
demonizados pelos sacerdotes brâmanes.
O arquétipo luciferiano tem seu aspecto feminino
personificado em várias divindades mitológicas. São
expressões luciferianas todas as deusas do amor, do
desejo, do prazer, do sexo, da beleza, da harmonia, da
sabedoria, das artes e da natureza. Ex.: Afrodite (grega)
/ Vênus (romana), Hera (grega) / Juno (romana),
Athena (grega) / Minerva (romana), Musas (gregas),
Hathor (egípcia), Frigga/Freya (escandinava), Iduna
(escandinava), Lakshmi (hindu), Habondia (celta),
Druantia (celta), Inanna (sumeriana) / Ishtar
(babilônica) / Astarte (fenícia), Xochiquetzal (asteca),
Ixtab (maia), Mama Coca (Inca), Erzulie (loa vodou),
Nu Gua (China), Benzaiten (Japão), Oxum (África),
Shub-Niggurath (divindade fictícia da literatura de H. P.
Lovecraft).
BELZEBU / BELZEBUB /
BEELZEBUTH
Beelzebuth era um Deus cultuado por antigos povos
que habitavam a cidade de Ecrom, chamados de
filisteus, que depositavam oferendas perecíveis ao que
eles chamavam Senhor dos Exércitos. Com o tempo as
oferendas apodreciam e por isso os israelitas zombavam
dessa divindade, denominando-lhe “senhor das moscas”,
pois esses insetos infestavam as oferendas.
A palavra Beelzebuth, encontrada na Bíblia se relaciona
com o termo Baal-Zebub, o deus filisteu. Este termo
Baal-Zebub teve sua pronúncia corrompida pelos
israelitas, tornando-se Beelzebu (com significado literal
e pejorativo de deus das moscas, e aparecendo na
literatura rabínica com o significado de senhor do
esterco). Posteriormente passou a ser usado como
príncipe dos demônios e surgiu também no Novo
testamento.
Em Canaã, Pérsia e Síria o nome Baal [76] era muito
comum para designar suas divindades e seus rituais e
cultos envoltos em orgias sexuais e sacrifícios. Na Síria
era tido como o deus das tempestades e trovões. Muitos
demonólogos consideram Beelzebuth a divindade mais
reverenciada do povo de Canaã, capaz de livrar o povo
das moscas que destruíam suas colheitas e de
proporcionar prosperidade, fartura e boas colheitas em
troca de adoração e das ofertas que eram feitas em seu
nome. Os aramaicos disseminaram seu culto por todo o
Mediterrâneo como do deus da fertilidade, da
prosperidade, dos trovões e também da morte e da
crueldade.
O primeiro demônio listado na Chave Menor de
Salomão é Baal, o deus semita, informação esta que se
segue nos demais grimórios como o do conhecido
Mago Abramelin. A partir de 1522 surge Beelzebuth
no livro Segredos do Inferno, cuja autoria é atribuída
a Salomão.
Outros livros falam sobre Bael, Beelzebuth e Baal
como seres distintos, como o dicionário infernal
(Dictionnaire Infernal – Jacques Auguste Simon
Collin de Plancy).
Em todos esses grimórios e compêndios existe a
referência a um demônio ou divindade relacionada aos
antigos povos do oriente médio e a associação entre
esses nomes que nos mostra que todos eles são
variações de apenas um.
ASTAROTH
O nome Astaroth é derivado da deusa fenícia Astarte,
um equivalente da babilônica Ishtar e da suméria
Inanna. Ele é mencionado na Bíblia Hebraica nas formas
Ashtoreth (singular) e Ashtaroth (plural, em referência
a várias estátuas dela).
A estrela de oito pontas era o símbolo mais comum da
antiga deusa suméria Inanna e sua semítica oriental
equivalente, Ishtar, geralmente associada com o planeta
Vênus.
As diversas deusas ligadas às estrelas foram
“demonizadas” por culturas que acreditavam que todos
os conhecimentos sobre o destino deveriam vir do “Deus
único”. Neste sentido, Astaroth parece ser uma síntese
de diversas Deusas das estrelas, que podiam prever e
tecer os destinos, e perderam seu culto ao serem
sobrepujadas pelo poder sacerdotal dominante. Várias
passagens bíblicas fazem referência à Astarote como
deusa dos sidônios (Líbano).
É através de textos cabalísticos que Astaroth é mais
conhecido como um Arquidemônio de poderes
inimagináveis, e sendo do gênero masculino. Na Idade
Média, em alguns fragmentos de escritos hebraicos
relacionados a Demonologia, pode-se encontrar (Ex.:
Livro de Abramelin) Astaroth sendo demônio
masculino, além de Asmodeus, Beelzebuth, dentre
outros, o que se popularizou ainda mais em outros
grimórios posteriormente.
Na antiga cidade de Canaã (correspondente à área do
atual Estado de Israel, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia,
do Líbano, de parte da Jordânia, e de parte da Síria),
incluíram em suas adorações aos deuses pagãos o culto
a esta Divindade como uma Deusa chamada Astarote.
Astaroth possui como principais ajudantes 3 demônios
chamados Aamon, Pruslas e Barbatos.
N
esta seção estão listados livros, artigos,
websites,contas do Instagram, canais do Youtube e
páginas do Facebook com conteúdo que de alguma
forma corrobora o teor do material de apoio da Mentoria
do Templo Caminhos da Serpente (e vale como sugestões
de leitura); ou que (em alguns casos) contêm
material/informação que foi utilizado no desenvolvimento
das apostilas, cuja fonte deve ser citada.
❖ Livros:
A Bíblia dos Cristais – Judy Hall – Ed. Pensamento.
❖ E-book:
Elucidando Chacras – Série “Elucidando” – Vol. 6 –
Cesar de Souza Machado – 3ª Ed. –
Metaconsciência. Disponível em:
https://elucidando.metaconsciencia.com/
❖ Websites:
Alquimia Operativa
https://alquimiaoperativa.com/
Morte Súbita inc.
https://mortesubita.net/
Dæmons
https://daemons.com.br/
Penumbra Livros
https://penumbralivros.com.br/
❖ Contas do Instagram
Caminhos da Serpente
@caminhosdaserpente
❖ Canais do YouTube
Tradição – Mário Filho
https://www.youtube.com/@TradicaoMarioFilho/videos
Questionando Crenças
https://www.youtube.com/@QuestionandooEspiritism
o
❖ Páginas do Facebook
Caminhos da Serpente
https://web.facebook.com/caminhosdaserpente7
Corrente 49 – Culto Brasileiro de Exu e Pombagira
https://web.facebook.com/correnteltj49/
Nkisi e Bakuro
https://web.facebook.com/minkisideangola
[1]
Autóctone – Que se origina da região onde é encontrado, onde se
manifesta.
[2]
Santidade – um movimento indígena que teve como base rituais
católicos, inclusive utilizando a mesma nomenclatura da Igreja Católica em
seus cargos hierárquicos. Dela veio o termo Santé (a ritualística da
Santidade, que envolvia a devoção aos santos católicos) que posteriormente
aparece na Cabula, na Macumba e na Umbanda. Foi um movimento de
resistência contra as tropas da Coroa e fizeram revoluções contra os
portugueses, e por este aspecto político foi tão perseguido. Durou de
aproximadamente 1570 até o séc. XVII.
[3]
Ajogun – Senhores da guerra / anti-orixás, anti-divindades, anti coisas
boas, a reunião de coisas ruins / quem os controla são Èsù e Ìyàmi Òsòròngà
/ quem perde Àse fica à mercê dessas forças, que são: Ikú (a morte), Àrùn (a
doença), Òfò (a perda), Ègba (a paralisia), Òran (grandes problemas), Èpè
(maldição), Èwòn (a prisão), e Èse (aflição).
[4]
Lourenço Braga era um autor radicalmente contra qualquer aproximação
com as raízes negras da Umbanda, afirmando que as práticas de origem
africana só deveriam ser feitas “depois de ficar provado haver de fato
necessidade de lançar mão desse recurso extremo”. Todas as teorias
racistas que se difundiam no início do século XX, especialmente as que se
desenvolveram com a eugenia, influenciaram o trabalho de Lourenço Braga,
que dizia que os africanos eram maus e queriam prejudicar seus
semelhantes e que a Umbanda “redimiria” as práticas fetichistas e maléficas
praticadas pelos negros, especialmente ao aproximar a Umbanda do
cristianismo de viés espírita.
[5]
A Revolta dos Malês (do iorubá "ìmàle": "muçulmano") foi uma revolta
popular de escravizados africanos ocorrida durante o Império do Brasil, em
Salvador (capital da Bahia) em 24/01/1835, considerada como o maior
levante de escravizados da história do Brasil. Os revoltosos foram para a
batalha vestindo um abadá branco, tipicamente muçulmano, e portando
amuletos malês. Os reais objetivos da revolta são incertos, mas pode-se
dizer que se pretendia criar uma rebelião escrava generalizada e
provavelmente instituir em Salvador um governo malê, liderado por
muçulmanos. O levante era entendido por seus participantes como uma luta
da "terra de negro" contra a "terra de branco", o que significava que a
revolta era uma luta dos africanos (escravos ou não) contra os “brasileiros"
(mesmo escravos). Para os revoltosos, os mulatos e crioulos, livres ou
escravos, seriam pertencentes à "terra de branco", e, portanto, seus
inimigos em potencial. A revolta acabou em menos de vinte e quatro horas
devido à repressão brutal da polícia. Os rebeldes que sobreviveram sofreram
penas variadas: deportação forçada à África (para libertos que estavam
presos como suspeitos, mas sem provas concretas), condenações à morte, e
açoites.
[6]
Epíteto – Palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome
para qualificá-lo.
[7]
Necrosófico – Baseado na Necrosofia (= sabedoria/gnose dos mortos).
[8]
Necromancia é a prática de magia envolvendo a comunicação com os
mortos.
[9]
Egrégora – Do grego egrêgorein (velar, vigiar) é um conceito do ocultismo
que define a força espiritual resultante da soma de pensamentos e
sentimentos de uma coletividade, formando uma entidade autônoma.
[10]
As classificações da Umbanda em linhas das quais se tem registro foram
estabelecidas a partir de critérios pessoais por: Leal de Souza (1933),
Waldemar L. Bento (1939), Lourenço Braga (1942), Florisbela Maria de Souza
Franco (1949), Oliveira Magno (1950), Byron Torres de Freitas & Tata
Tancredo Da Silva Pinto (1951) e Aluízio Fontenelle (1952). Durante o 1º
Congresso de Espiritismo de Umbanda, em 1941, também foi realizada uma
discussão que resultou em uma classificação.
[11]
Lourenço Braga foi um autor radicalmente contra qualquer
aproximação com as raízes negras da Umbanda, afirmando que as práticas
de origem africana só deveriam ser feitas “depois de ficar provado haver de
fato necessidade de lançar mão desse recurso extremo”. Todas as teorias
racistas que se difundiam no início do século XX, especialmente as que se
desenvolveram com a eugenia, influenciaram o trabalho de Lourenço Braga,
que dizia que os africanos eram maus e queriam prejudicar seus
semelhantes e que a Umbanda “redimiria” as práticas fetichistas e maléficas
praticadas pelos negros, especialmente ao aproximar a Umbanda do
Cristianismo de viés espírita.
[12]
Aluízio Fontenelle foi a primeira pessoa que definiu a Quimbanda
como “trabalhos com Exu” e comparou (estabelecendo paralelos e
equivalências) os Exus com os demônios da Goetia, descritos nos
grimórios medievais. E assim ele reforçou a ideia de que Exu é o Diabo.
[13]
Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, em mitologia
são designados ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos (termo de
origem latina).
[14]
Estrutura formada pelas copas das árvores.
[15]
Totem: animal, planta ou objeto que serve como símbolo sagrado de um
grupo social (clã, tribo) e é considerado como seu ancestral ou divindade
protetora.
[16]
Remontando às tradições africanas, os itãs (histórias, lendas, versos,
crônicas, relatos) e os oriquís (rezas ou louvações em forma de versos ou
poemas) de Ossayn dizem explicitamente que o FOGO e o FERRO são
inimigos da mata. Trazendo a interpretação dessas afirmações para um nível
prático, conclui-se que o fogo de velas pode causar incêndios nas matas, e
as motosserras podem derrubá-las.
[17]
A Belle Époque (“bela época” em francês) foi um período na história da
Europa, que começou no fim do século XIX e durou até à eclosão da Primeira
Guerra Mundial (1914). A expressão também designa o clima intelectual e
artístico daquele período, considerado uma era de ouro da beleza, inovação
e paz entre os países europeus. Novas invenções facilitavam a vida em
todos os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência: os
cabarés, o cancã, o cinema, etc., e novos estilos artísticos como o
Impressionismo e a Art Nouveau.
[18]
Nkisis (ou inquices) são divindades da cultura bantu que possuem
correspondências com os orixás da cultura iorubá e os voduns da cultura
jeje.
[19]
Necrosófico: Baseado na Necrosofia (= sabedoria/gnose dos mortos).
[20]
Necromancia é a prática de magia envolvendo a comunicação com os
mortos.
[21]
Várias culturas ao longo da História empregaram termos diferentes para
descrever as bioenergias: o Prana dos hindus (palavra em sânscrito para a
energia vital), que os japoneses chamam de Ki, os chineses de Chi, os
antigos egípcios de Sah, os gregos de Pneuma, os kahunas (Polinésia) de
Mana; e em outros contextos, “energia biopsíquica”, “energia
metapsíquica”, “energia vital”, “fluido magnético”, “fluido
psíquico”, “fluido vital”, “magnetismo animal”, “energia orgônica
(orgônio)”, “od”, etc. A dinâmica dessas energias no corpo varia conforme
estados emocionais e fisiológicos.
[22]
Elementos – Para os gregos, inicialmente os elementos eram 4
(Empédocles): Terra, Fogo, Ar e Água. Posteriormente, Aristóteles incluiu um
5º: o Éter. Para os indianos também eram 5: Éter, Fogo, Terra, Ar e Água.
Para os chineses também eram 5, mas com variações: Terra, Água, Fogo,
Madeira e Metal. As tradições esotéricas ocidentais (Europa) consideram os
4 elementos (Terra, Água, Ar e Fogo) que segundo a Alquimia produzem
todos os estados da matéria (sólido, líquido e gasoso).
[23]
Kundalini é uma energia física, de natureza neurológica e manifestação
sexual. Significa serpentina, aquela que tem a forma de uma serpente. Sua
aparência é descrita como uma energia ígnea, enroscada três vezes e meia
dentro do chacra Muladhara, o centro de força situado entre a base da
coluna e os órgãos genitais (no períneo). É tão poderosa que o Hinduísmo a
considera uma deusa, a Mãe Divina, a Shakti Universal. Todo o sistema do
Yoga, de qualquer ramo, apoia-se no conceito da Kundalini.
[24]
Bija-mantra significa mantra-semente. É um mantra entoado e
mentalizado (por meio da meditação) especificamente em um chacra para
lhe imprimir uma determinada frequência vibratória, ativando-o. Ou seja, é
uma senha vibratória para evocação de uma determinada frequência
espiritual. Conforme os textos tradicionais a correspondência de chacras e
bija-mantras é a seguinte: 7º – Sahasrara: OM / 6º – Ajna: AUM-OM / 5º –
Vishuddha: HAM / 4º – Anahata: YAM / 3º – Manipura: RAM / 2º –
Svadhisthana: VAM / 1º – Muladhara: LAM
[25]
Sistema é o conjunto das instituições econômicas, morais, políticas de
uma sociedade, a que os indivíduos se subordinam, seja voluntariamente,
seja pela coerção. Seja de forma consciente ou inconsciente. Os valores e
interesses vigentes no sistema são estabelecidos e impostos por grupos que
detêm o poder e do qual não abrem mão a qualquer custo. A grande massa
segue inconsciente em meio à hipocrisia dos falsos valores vigentes e a
manipulação e controle midiático através do medo/pânico/terror.
Representam a massa de manobra de elites minoritárias em número, mas
que detêm o controle social.
[26]
Cultos de Resistencia são aqueles que, através de sincretismos, apesar
da pressão das religiões dominantes, mantiveram essências de suas fontes
originais.
[27]
Animais considerados sagrados em determinada sociedade ou contexto
espiritualista, cujas características o ser humano almeja absorver e
manifestar. Ex.: cobra, pantera, formiga, águia, etc.
[28]
Criptografia é um mecanismo de segurança e privacidade que torna
determinada comunicação ininteligível para quem não tem acesso aos
códigos da mensagem, ou a senha.
[29]
Vide Glossário.
[30]
Quinagem – Processo no qual as plantas são colocadas em uma bacia e
amassadas com uma pedra de rio (seixo rolado).
[31]
Maceração – Processo no qual as plantas após serem picadas ou
amassadas são colocadas em uma bacia ou balde com água, e com as mãos
serão amassadas, torcidas e esfregadas.
[32]
Vide “Apêndice 2 – Os Tipos de Sangue”.
[33]
Infusão – Processo no qual se aquece a água até sua fervura, e então
se apaga o fogo e adiciona-se as plantas, deixando em repouso por até 15
minutos. Usar no banho após amornar.
[34]
Decocção – Processo no qual as plantas são colocadas na água ainda
em temperatura ambiente, e então levadas ao fogo, deixando-se a mistura
ferver por 15 minutos. Usar no banho após amornar.
[35]
Para os iroubás a cor mais temida era o branco, e não o negro. E isto
está relacionado ao seguinte entendimento: 1) Tudo começa no escuro. A
vida começa no escuro (a semente começa a germinar no escuro da terra; o
bebê inicia sua vida no escuro do útero; etc.). O universo é negro, e dele
vem a luz das estrelas. E por aí vai. 2) O branco é o fim de tudo e onde tudo
termina: a velhice, quando os cabelos ficam brancos; as articulações
enrijecem; quando a pessoa morre e a pele fica pálida e gelada. É a cor
associada aos anciões, à decrepitude, à perda da memória, do viço, da
ereção. E por aí vai. E é a cor que mais se aproxima do transparente, que
representa, naquela cosmogonia, a aniquilação total.
[36] Adaptado parcialmente do conteúdo do website “Alquimia Operativa”.
Disponível em:
https://alquimiaoperativa.com/
[37]
Um herbalista conhece o cultivo, entende os ciclos da natureza, sabe
as melhores formas de colheita, entende dos usos culinários, tem
compreensão do campo energético e vibracional e da linguagem das
plantas.
[38]
Espargiria (ou Alquimia Espargírica) é a aplicação da Alquimia na
produção de medicamentos.
[39]
Vide Glossário.
[40]
Vide Glossário.
[41]
Baseado em Juana Elbein dos Santos (antropóloga e coordenadora
geral da Sociedade de Estudos da Cultura Negra no Brasil – SECNEB, autora
do livro “Os Nàgô e a Morte: Pàde, Àsèsè e o Culto Égun na Bahia”, que foi
tese de doutorado em etnologia na Universidade de Sorbonne em 1972), e
Reginaldo Prandi (sociólogo e professor, autor de “Mitologia dos Orixás” e
“Encantaria Brasileira”.
[42]
Circa é um advérbio da língua latina comumente utilizado quando se
quer assinalar uma referência temporal aproximada, sendo equivalente a
"por volta de" ou "aproximadamente".
[43]
Cornucópia: um símbolo representativo de fertilidade, riqueza e
abundância. Na mitologia greco-romana era representada por um vaso em
forma de chifre, com uma abundância de frutas e flores se espalhando
dele.
[44]
Ver “Numerologia” no “Capítulo 6 – Minerais no culto de Exu &
Pombagira”.
[45]
Consagrar é destinar a uma força, unir ao sagrado. A consagração já
ocorre na mente e na intenção, o que não exclui a
possibilidade/necessidade da ritualização do ato.
[46]
Ígneo – Relativo ao fogo, ou que é feito de fogo.
[47]
Ctônico – Os deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, em mitologia
são designados ctônicos (termo de origem grega) ou telúricos (termo de
origem latina).
[48]
Se for a farofa para a Pombagira, pode ser a bebida que será servida a
ela: espumante, vinho branco, vinho rosé, etc., conforme a particularidade
da entidade.
[49]
É a entidade que atua mais diretamente com o médium e que dá a
autorização para que outras entidades possam se manifestar.
[50]
Provação, teste de aptidão e de perseverança.
[51]
O Prana dos hindus, que os japoneses chamam de Ki, os chineses de
Chi, trata-se de uma energia vital originária do sol. Práticas meditativas de
determinadas tradições orientais devem ser realizadas ao nascer do sol, por
ser o período do dia em que a concentração de Prana na atmosfera está em
seu ápice. Portanto, o Prana é uma energia solar, e os cultos relacionados
aos mortos são em essência lunares. A água da chuva cai do céu
impregnada de Prana.
[52]
Jagube e Chacrona são, respectivamente, os nomes populares do cipó
e da folha que compõem a AYAHUASCA (bebida fermentada psicoativa e
enteógena usada tradicionalmente entre os povos indígenas da bacia
amazônica como uma medicina espiritual ou xamãnica).
[53]
A gema apical (ou terminal) se localiza no ápice do vegetal e tem
como principal função gerar o crescimento vertical dos vegetais.
[54]
A compreensão dessas afirmações depende do entendimento mais
aprofundado do que é “gun” e “eró” na tradição africana. “gun” são
elementos e substâncias quentes, que têm a propriedade de agitar e
movimentar o corpo humano com o seu uso; e “eró” são elementos e
substâncias frias, que tem a propriedade de acalmar, apaziguar e
refrescar, produzindo tranquilidade e paz a quem faz uso delas. Pelo fato
de ser doce, costuma-se atribuir ao mel a propriedade de apaziguar. Porém,
além de ser o produto de movimento intenso das abelhas (e movimento
produz calor), o mel ao ser ingerido é absorvido rapidamente, e
imediatamente atua no cérebro, causando agitação. É um elemento muito
dinâmico, portanto, quente. Talvez pelo fato de ser vermelho, costuma-se
atribuir ao azeite de dendê a propriedade de ser quente. Porém, ao se
alimentar de algo a base de azeite de dendê, rapidamente sucede uma
condição de sonolência, torpor, relaxamento (a condição chamada de
“quebranto”). Portanto, é um elemento frio, que apazigua.
[55]
Paracelso, pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus
Bombastus von Hohenheim, (Suíça, 17/12/1493 — Áustria, 24/09/1541) –
Médico, alquimista, teólogo leigo e filósofo da Renascença alemã. Foi
pioneiro em vários aspectos da "revolução médica" do Renascimento, e é
considerado o fundador da Toxicologia.
[56]
Cláudio Galeno, mais conhecido como Galeno de Pérgamo, (129-
217) – Proeminente médico e filósofo romano de origem grega. Investigou
anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi o mais
destacado médico de seu tempo e o primeiro que conduziu pesquisas
fisiológicas. Foi também precursor da prática da vivissecção e
experimentação com animais. Fez muitas descobertas importantes:
distinguiu as veias das artérias, o sangue venoso do arterial; propôs pela
primeira vez que o corpo é controlado pelo cérebro, distinguindo nervos
sensoriais e motores; descobriu que os rins processam a urina e demonstrou
que a laringe é responsável pela emissão da voz.
[57]
Giovanni Battista Della Porta (1535 – 1615) – Estudioso italiano,
polímata e dramaturgo que viveu em Nápoles no Renascimento. Passou a
maior parte de sua vida em empreendimentos científicos. Sua obra mais
famosa é Magia Naturalis (Magia Natural), publicada em 1558, na qual ele
aborda os assuntos que pesquisava (filosofia natural, filosofia oculta,
astrologia, alquimia, matemática, meteorologia, etc.).
[58]
O óleo de consagração agrega energia; pode ser usado em amuletos,
imagens, armas mágicas, no corpo; pode ser destinado a entidades
(principalmente se for a sua); pode ser usado em trabalhos espirituais para
atrair a entidade. Exemplo de uso: quando for a uma entrevista para
emprego, passar em pontos do corpo de fluidez energética, centros
psíquicos, chakras, etc.: pulsos, palmas das mãos, peito do pé, centro do
peito, umbigo, atrás das orelhas, atrás dos joelhos, topo da cabeça, etc.
[59]
“Exotérico” refere-se ao que é transmitido publicamente, sem
restrições; enquanto “esotérico” refere-se aos ensinamentos de uma
doutrina reservados apenas a seus iniciados.
[60]
O termo Sagrado Anjo Guardião (S.A.G.) aparece no livro “A Magia
Sagrada de Abramelin, o Mago”, significando algo como “a voz de Deus”
dentro do indivíduo, ou seu “Eu Superior”. Acredita-se que aquela obra
tenha sido a principal responsável pela disseminação do conceito de anjos
da guarda em nível popular.
[61]
Éliphas Lévi (1810 – 1875), pseudônimo de Alphonse Louis
Constant, foi um escritor e mago cerimonialista francês, considerado um
dos ocultistas mais influentes do século XIX.
[62]
Em arquitetura, as gárgulas são desaguadouros, ou seja, a parte saliente
das calhas de telhados destinadas a escoar águas pluviais a certa distância
da parede, e que na Idade Média eram ornadas com figuras monstruosas
(humanas ou animalescas) frequentes na arquitetura gótica. Acredita-se que
as gárgulas eram colocadas nas catedrais medievais para indicar que o
diabo nunca dormia, exigindo a vigilância contínua das pessoas, mesmo nos
locais sagrados.
[63]
Circa é um advérbio do Latim comumente utilizado quando se quer
assinalar uma referência temporal aproximada, sendo equivalente a "por
volta de" ou "aproximadamente".
[64]
Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim (Alemanha, 14/09/1486
— França, 18/02/1535) também conhecido como Henrique Cornélio
Agrippa, foi um intelectual polímata e influente escritor do esoterismo da
Renascença, na corrente do Cristianismo Hermético da época. Interessou-se
por Hermetismo, Teurgia e Cabala Cristã, Goetia, Alquimia, Astrologia e
outros temas relacionados aos movimentos rosacrucianos, teosóficos, etc.
Agrippa é mais conhecido por ser o autor do tratado mais abrangente e
famoso sobre Hermetismo da Renascença: De Occulta Philosophia libri tres
(Três livros de Filosofia Oculta).
[65]
Malleus Malleficarum (traduzido como “O Martelo das Feiticeiras”) – É
um manual inquisitorial publicado na Alemanha no séc. XV pelos
dominicanos Heinrich Kraemer e James Sprenger, em cumprimento à Bula
Papal Summis Desiderantis Affectibus de Inocêncio VIII (sobre um manual de
combate aos praticantes de heresias) que se tornou o guia dos inquisidores
a partir de então. Embora no período existam outros manuais, este é dos
mais cruéis. Foi um marco na demonização da mulher e das práticas
religiosas populares, sendo o manual da maioria dos inquisidores durante a
"caça às bruxas".
[66]
A palavra latina “lucifer” só passa a ser acentuada e capitalizada
(grafada com maiúscula) ao nomear “Lúcifer” como um ser, ou como o
planeta Vênus.
[67]
Septuagina – É a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego,
realizada em etapas entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
Foi usada como base para diversas traduções da Bíblia, e ficou conhecida
como a Versão dos Setenta (Septuaginta – palavra latina que significa
setenta), devido a uma lenda sobre sua origem, na qual 72 eruditos judeus
(6 de cada uma das 12 tribos) teriam trabalhado nela e completado a
tradução em 72 dias. Apesar de trabalharem individualmente, o produto
final teria sido concordante. O relato é fictício, mas o nome Seputaginta
popularizou. Em sentido estrito, a Seputaginta se refere a uma família de
manuscritos em versões gregas, e inclui alguns livros não encontrados na
bíblia hebraica.
[68]
As Hespérides (não são deusas, e sim ninfas) passeiam pelos céus,
encarregando-se de iluminar todo o mundo com a luz da tarde, portanto,
fazem parte do ciclo do dia: Hemera traz o dia, as Hespérides trazem o
entardecer e Nix fecha o ciclo com a noite. As 3 deusas Hespérides são: 1)
Egle – a radiante – deusa da luz avermelhada da tarde / 2) Erítia – a
esplendorosa – deusa do esplendor da tarde / 3) Héspera – a crepuscular –
deusa do crepúsculo vespertino. Junto de Hemera (o Dia), compunham o
séquito de Hélio (o Sol), de Eos (a Aurora) e de Selene (a Lua).
[69]
Em português, luxúria teve seu sentido deturpado e focado num aspecto
físico e sexual, porém a luxúria tem efeito na esfera espiritual quando as
emoções dominam a mente. Os sinônimos mais precisos são obsessão,
fixação.
[70]
A Cabala Hermética é baseada na Cabala judaica, adaptada para a
Alquimia durante o período medieval, e posteriormente utilizada por
filósofos herméticos, neo-pagãos e outros grupos esoteristas/ocultistas
ligados à Tradição Esotérica Ocidental ou Hermética.
[71]
Apócrifo – Que não é do autor a que se atribui.
[72]
Pseudoepígrafo – Texto ao qual é atribuída falsa autoria.
[73]
O deus cornífero celta, deus da fertilidade.
[74]
De acordo com o Grande Grimoire, Lucifuge Rofocale é o Primeiro-
Ministro do Inferno, e Lúcifer lhe conferiu o poder sobre todas as riquezas e
tesouros do mundo. É considerado um outro aspecto de Lúcifer. O nome
Lucifuge (ou Lucífugo) deriva das palavras latinas lux (luz) e fugio (fugir),
significando "aquele que foge da luz". Rofocale tem duas possíveis
interpretações: 1) seria um anagrama para Focalor, o nome de outro
demônio; 2) estaria intimamente associado à própria natureza de Lucifuge:
assim como Lucifuge traz um conceito inverso de Lucifer (portador da luz),
o nome Rofocale seria derivado de Lucifer invertido, ou seja, Reficul.
[75]
Enéade é um termo grego para os nove deuses e deusas que eram a
base de mitos de criação do antigo Egito.
[76]
Os “Baals” eram deuses nacionais ou patronos de cidades-estados no
Oriente Médio.
[77]
Tiamat é uma deusa das mitologias suméria e babilônica associada ao
oceano. Na maioria das vezes, Tiamat é descrita como uma serpente
marinha ou um dragão.
[78]
Criptídeo ou Criptido – Termo usado na criptozoologia para se referir
a uma criatura cuja existência é sugerida mas para a qual não existe
comprovação científica.
[79]
Criptozoologia – Estudo de animais hipotéticos, lendários, mitológicos
ou supostamente avistados por poucas pessoas, porém ainda oficialmente
desconhecidos pela ciência.
[80]
Um grupo extinto de répteis aquáticos marinhos, que descendiam de
répteis terrestres.