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Contexto histórico e espiritual

Em 1500, antes de Cabral, milhões de índios povoando o


Brasil.
- Não havia posse da terra, apenas uso coletivo e
controlado – para não esgotar os recursos, quando um
local começava a apresentar sinal de esgotamento da
terra e da caça; mudavam-se para outro local.
- A hierarquia social acontecia por merecimento,
conhecimento e necessidade e não por posses materiais.
- Inexistia noção de pecado;
- Sexualidade e nudez eram naturais;
- Ninguém ficava desamparado ou passava necessidades
(órfãos, viúvas e idosos)
Os Portugueses entram em choque ao entrar em contato
com essa cultura mais livre.
No início da colonização houve escravidão de muitos
Mistério Caboclo
indígenas e chacinas coletivas dos povos originários.
A Linha de Caboclo é a egrégora mentora da Umbanda,
sendo muitas vezes os Guias Chefes dos terreiros
também guias chefes e/ou mentores dos médiuns.
Termo “Caboclo”
Dicionário Português
caboclo
/ô/
substantivo masculino
BRASIL
1. filho de pais de etnias diferentes, sendo um indígena
e outro branco, e que tem a pele acobreada e os
cabelos negros e lisos.
2. mestiço de branco com indígena.

Na Umbanda
Guia de caracterização e arquétipo indígena nativo do
local, homem simples, homem da terra que pode ser
mestiço ou não.

Grau Caboclo
Mistério Caboclo
Arquétipo do ser totalmente integrado à natureza.
Prega esse retorno à uma vida mais natural (perdida
pela vida urbana), simples e consciente de que fazemos
parte da natureza e não somos “donos” dela (filosofia
indígena).
Escolheram ser caboclos por já terem profundo amor,
harmonia e respeito à natureza e a todos os seres,
elementos e fenômenos naturais do planeta.
Espíritos de alto grau de evolução pedem para ingressar no
Grau Caboclo.
Por isso, nunca condenam nenhuma religião
Caboclo é DOUTRINADOR por excelência!
Profundo conhecedor das ervas.
Cura do corpo físico, mental, emocional, energético e
espiritual.
Grau sustentado por Oxóssi com Guias trabalhando nas
vibrações de todos os Orixás (Caboclos de Oxalá, Oxum,
Xangô, Oxum, Iansã...)
Trabalha muito com elementais e encantados da natureza.
Arquétipo do Caboclo

Guerreiro, homem/mulher forte, corajoso, destemido,


desbravador, caçador, inteligente, perspicaz, vai direto ao
ponto.
Transmite aos consulentes e seus médiuns força, energia,
retidão, ética, simplicidade, verdade, humildade,
fraternidade, persistência.
É essa energia que ele traz para seu médium e o
consulente.
Sublinhas de Caboclos:

Caboclo Quimbandeiro / Africano / Feiticeiro

Especialistas em cortar demanda, magia negra, trabalham


numa parceria muito forte e próxima às linhas da
Esquerda (Exu e Pombagira). São sérios, falam pouco.
PAJÉ / XAMÃ

Especialidade: CURADORES

Caboclos Velhos (Entrecruzamento com


Obaluaiê/Nanã/Omolú) com muito conhecimento de
CURA) ou (Oxóssi/Ossain) que trabalham mais magia do
que doutrinação.
Usam muito maraca, cachimbo, danças, músicas, cantos,
pedras, ervas, líquidos, etc.
Desenvolvem trabalhos xamânicos de cura dentro da
Umbanda.
CACIQUE

Em alguns terreiros mais antigos Cacique é considerado o


Dirigente da casa, do terreiro. São os Caboclos verdadeiros
mentores da Umbanda, se apresentando como linha de
frente e de comando dentro da religião, sendo na maioria
das vezes quem responde pela “chefia” e responsabilidade
do que é realizado dentro de uma Tenda de Umbanda.
Não significa ter sido Cacique na vida encarnada.
Incorporação dos Caboclos

“Mantêm uma postura ereta, andar e movimentos rápidos


e vigorosos, com saltos, dedo indicador em riste, braços
tensos ou cruzados sobre o peito e batidas que ativam o
chacra cardíaco e equilibram as emoções do médium.
Fortes e aguerridos, verbalizam seus brados que emitem
energias que limpam, diluem e descarregam dos corpos
energéticos de seus médiuns, dos consulentes e dos
terreiros os acúmulos negativos ali agregados” - livro Guias
Espirituais de Umbanda – Lurdes Vieira.
SAUDAÇÃO: Okê, Caboclo!

OFERENDA: Similar a Oxóssi, acrescenta elementos da


linha que o caboclo segue.
Oferenda Padrão: todas as frutas, ervas, moranga, milho
verde, água de coco ou cerveja branca dentro das matas,
velas verdes e das cores do guia, charuto.
“Curiador” / BEBIDAS
Água, água de coco, cerveja branca.

FUMOS
Charuto e cachimbo

Obs.: Lembrando que há Guias que trabalham com


elementos específicos (segundo seus Mistérios).
MISTÉRIO CABOCLO POR RUBENS SARACENI

Caboclo é um grau, manifestador de um Mistério.


É uma das linhas de trabalho de Umbanda.
São espíritos que foram incorporados as hierarquias regidas
pelos Orixás Intermediadores, vindos de todas as religiões e
de diversas formações teológicas e culturais.
Cada uma dessas religiões recebeu uma ou mais linhas de
trabalhos espirituais dentro da Umbanda, cuja característica
mais marcante é a incorporação de espíritos.
As religiões que vão desaparecendo da face da terra, vão se
condensando no astral e os espíritos que evoluíram nelas
vão vendo seus campos de ação junto aos encarnados
serem reduzidos, dificultando o trabalho de amparo aos
seus afins ainda atrasados. Quando os regentes planetários
criaram a Umbanda e codificaram-na como “espiritualista”,
abriram-na para todos os espíritos que quisessem atuar por
meio dela junto aos encarnados.
O que foi codificado, é que as religiões antigas teriam a
oportunidade de criarem linhas de trabalhos espirituais e
magísticos, que atuariam sob a regência dos Orixás, mas
recorreriam aos seus próprios conhecimentos e aos
mistérios das divindades intermediárias que os regiam.
Assim, surgiram muitas linhas de trabalhos e todas foram
englobadas no grau de linhas de Caboclos, de Pretos
Velhos, de Exus e de Pomba giras.

CABOCLO - SER QUE LIDA COM OS ASPECTOS POSITIVOS


DOS ORIXÁS.

Teoricamente, o Orixá outorga a muitos a capacidade de


manifestar seu mistério. Depende de cada um, a capacidade
de realizar um bom trabalho e evoluir mais rápida ou mais
lentamente. O médium pode colaborar muito com a
evolução de seus guias espirituais.
Assim, surgiram muitas linhas de trabalhos e todas foram
englobadas no grau de linhas de Caboclos, de Pretos
Velhos, de Exus e de Pomba giras.

CABOCLO - SER QUE LIDA COM OS ASPECTOS POSITIVOS


DOS ORIXÁS.

Teoricamente, o Orixá outorga a muitos a capacidade de


manifestar seu mistério. Depende de cada um, a capacidade
de realizar um bom trabalho e evoluir mais rápida ou mais
lentamente. O médium pode colaborar muito com a
evolução de seus guias espirituais.
Cultos Irmãos da Umbanda
De sua raiz indígena a Umbanda recebe o amor à natureza
e influência do xamanismo caboclo e pajelança, bem como
o uso do fumo que é considerado erva sagrada para os
índios.
O Catimbó, Jurema ou Linha dos Mestres da Jurema,
também realiza trabalhos com entidades espirituais de
forma muito parecida com esta, sob influência direta do
Toré, que é uma prática essencialmente indígena.
O Toré e a Jurema são vivos ainda hoje nas tribos Kariri –
Chocó, considerados os guardiões da Jurema.
O uso de chás, banhos de ervas e defumações é algo em
comum para indígenas, africanos e europeus.
Em muitas Tendas de Umbanda se vê o uso do Maracá
(chocalho indígena) e outros elementos como penachos e
cocares, usados pelas entidades incorporadas, que dá todo
um ar indígena para Umbanda.
A primeira manifestação de Umbanda que se tem notícia é
do Caboclo das Sete Encruzilhadas que justifica chamar-se
“caboclo” por ter sido índio em uma encarnação aqui no
Brasil, esclarece ainda que em outra encarnação foi o Frei
Católico Gabriel Malagrida, queimado na Santa Inquisição.
São os Caboclos verdadeiros mentores da Umbanda, se
apresentando como linha de frente e de comando dentro
da religião, sendo na maioria das vezes quem responde
pela “chefia” e responsabilidade do que é realizado dentro
de uma Tenda de Umbanda.
Desta forma percebendo que existe uma cultura indígena
forte dentro da Umbanda, na qual destacamos três pontos
que se ressaltam, nesta raiz:
XAMANISMO

1O Xamanismo é a prática realizada por aborígines do


mundo inteiro como siberianos, australianos, indianos,
africanos ou índios das três Américas. Consiste no uso de
poderes psíquicos para, em estado alterado de consciência,
encontrar respostas, realizar curas ou profecias. Muitas
vezes para entrar neste estado, de transe, usam a ingestão
de bebida ou fumo que lhes propicie ampliar sua
consciência, sair do corpo em busca de respostas ou
receber, incorporar, a presença de um animal de poder ou
energia poderosa, para auxiliar sua tribo.
Aqui no Brasil os Pajés são considerados xamãs e a
pajelança um xamanismo; da mesma forma, os rituais
onde está presente a bebida de poder também é visto
como prática xamânica. Podemos lembrar aqui do Santo
Daime, Ayuaska, Peiote, Jurema e até a Canabis Ativa
(Maconha) sagrada para a religião Rastafari, da Jamaica,
onde tal erva é fumada apenas em ritual e não é
compartilhada para não adeptos.
TORÉ

O Toré, que é ainda praticado no Brasil pela tribo dos


Kariri-xocó, consiste de uma dança realizada com a infusão
da bebida feita à base de Jurema, que pode ser mais ou
menos enteógena (alucinógena para os psicólogos e
leigos), palavra que significa “Encontro com Deus”. Os
índios reverenciam uma divindade como um gênio que é o
Espírito da Jurema, diferente de Cabocla Jurema. Da
árvore de Jurema os índios usam as folhas, sementes e o
tronco, para fazerem bebidas, maracás (chocalho) e
cachimbos, onde o fumo também é misturado com folhas
de jurema.
CATIMBÓ OU LINHA DA JUREMA

O Catimbó ou Linha da Jurema é muito praticado no


Nordeste, principalmente Pernambuco, consiste em um
culto que combina as tradições do Toré com a Magia
Europeia, onde a presença afro se percebe menos. A
palavra Catimbó pode ser derivada ou deturpada de
Caximbo, não se sabe ao certo sua origem, no entanto
tornou-se sinônimo de Magia de uma forma pejorativa, as
vezes confundida com Magia Negra, o mesmo caso do que
aconteceu com a palavra Macumba. Por isso muitos
“catimbozeiros” preferem ser chamados de “Juremeiros”
ou simplesmente de Mestre que é como se identificam os
espíritos guias e também os dirigentes do culto.
Seu ritual lembra um pouco a Umbanda, no entanto cada
médium costuma trabalhar apenas com um ou dois
Mestres Espirituais, que pode ser índio, preto-velho,
baiano, marinheiro e outros. Todo o trabalho é feito com o
uso da Marca (Caximbo) por parte dos espíritos e sempre
com o uso da bebida de Jurema, antes e durante as
incorporações. Para fazer parte deste culto o neófito passa
por uma iniciação chamada “Tombo da Jurema” onde sob
um preparo especial de bebida de jurema este médium sai
em espírito e vai encontrar seus mestres no astral onde
em espírito vão aprender sobrea arte da Jurema. Muitas
entidades da Jurema se apresentam na Umbanda e vice
versa, o mestre de Jurema mais conhecido por aqui é “Seu
Zé Pelintra”, que por sua origem externa à Umbanda vem
em qualquer linha, caboclo, preto-velho, baiano ou exu.
Seu ritual lembra um pouco a Umbanda, no entanto cada
médium costuma trabalhar apenas com um ou dois
Mestres Espirituais, que pode ser índio, preto-velho,
baiano, marinheiro e outros. Todo o trabalho é feito com o
uso da Marca (Caximbo) por parte dos espíritos e sempre
com o uso da bebida de Jurema, antes e durante as
incorporações. Para fazer parte deste culto o neófito passa
por uma iniciação chamada “Tombo da Jurema” onde sob
um preparo especial de bebida de jurema este médium sai
em espírito e vai encontrar seus mestres no astral onde
em espírito vão aprender sobrea arte da Jurema. Muitas
entidades da Jurema se apresentam na Umbanda e vice
versa, o mestre de Jurema mais conhecido por aqui é “Seu
Zé Pelintra”, que por sua origem externa à Umbanda vem
em qualquer linha, caboclo, preto-velho, baiano ou exu.
Texto do Livro História da Umbanda,
de Alexandre Cumino, Editora Madras.

“Catimbó quer dizer cachimbo, usado pelo mestre. O


catimbó não é religião. Não tem ritos maiores, como o
candomblé baiano, o xangô pernambucano, sergipano ou
alagoano, ou a macumba carioca. Com breve liturgia o
mestre defuma os assistentes com o fumo de seu
cachimbo e recebe o espírito de um mestre defunto,
Mestre Carlos, Xaramundi, Pinavaruçu, Faustina, Anabar
indígenas, negros feiticeiros, como Pai Joaquim, bons e
maus. Todos acostam, receitam e aconselham. Cada um
deles é precedido pelo canto da linha, melodia privativa
que anuncia a vinda do Mestre ou da Mestra. Não há
indumentária especial, escolas de filhas de santo, comidas
votivas, decoração, bailado, instrumentos musicais.
O mestre é o curandeiro, o bruxo. Há naturalmente,
apresença de elementos negros e ameríndios, nomes de
tuxauas e de orixás, rezas católicas, num sincretismo
inevitável e lógico. O catimbó é prestigioso nos arredores
das grandes cidades, consultório infalível para pobres e
ricos, embora sem a espetaculosidade sonora do
candomblé, da macumba e dos xangôs nordestinos.
Na Pajelança amazônica intervêm animais conselheiros,
mutuns, boiúnas, cavalos marinhos, cobras, jacarés, ao lado
de mestres e mestras. O catimbó aproxima-se velozmente
do baixo-espiritismo, perdendo a ciência dos remédios
vegetais e a técnica de São Cipriano e da Bruxa de Évora.
Representa, como nenhuma outra entidade, o elemento da
bruxaria europeia, da magia branca, clássica, vinda da
Europa, herdeira dos bruxos que o Santo Ofício queimou e
sacudiu as cinzas no mar. O mestre é uma sobrevivência
do feiticeiro europeu e não
um colega do babalorixá, babalawô ou pai-de-terreiro
banto ou sudanês. Catimbó não é sinônimo de Candomblé,
macumba, xangô, grupo de Umbanda, casa de mina,
tambor de crioulo, etc. É uma presença da velha feitiçaria
deturpada, diluída, misturada, bastarda, mas reconhecível
e perfeitamente identificável.

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