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Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas

Rota do Património Mundial


Histórico e Cultural de Portugal
Escola Básica e Secundária de Miragaia

2020 / 2021

Curso Profissional Técnico de Receção


Diretor de Curso | Prof. Gabriel Silva

Relatório
Prova de Aptidão Profissional
Orientadora PAP | Prof.ª Ana Velhote

26 de julho| 2021

Discente: Bruna Rafaela Marques Pereira

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Agradecimentos

Aos meus pais e irmãs, por todo o apoio e carinho.

Um grande agradecimento pela disponibilidade de todos os meus Formadores e em


especial à minha Orientadora da Prova de Aptidão Profissional, a Professora Ana
Velhote, que me levou a conhecer e a apreciar ainda mais o meu país.

Porto. 2021

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Introdução

No âmbito da minha prova de avaliação profissional decidi efetuar um estudo


pormenorizado sobre o Património Histórico e Cultural do Portugal e o seu impacto a
nível turístico.

Deste modo irei apresentar os principais pontos de interesse no domínio patrimonial,


nas áreas da cultura, da natureza e dos valores e costumes existentes em Portugal.

Neste sentido a abordagem feita incide sobre os monumentos arquitetónicos, as


paisagens naturais e valores e tradições considerados Património da Humanidade no
nosso país.

Vamos iniciar esta viagem pelo Norte do país e progressivamente vamos dirigir-nos
para Sul.

Atravessando o Atlântico, passamos nas belas Ilhas dos Açores e da Madeira.

A longa História deste país possui outros testemunhos de valorização da nossa


civilização e que são portadores de interesse cultural relevante, sendo merecedores de
especial proteção e valorização, que também vou referir e que são classificados como
Património Cultural Imaterial.

É claro que uma viagem tão imensa, vai provocar apetite, e, neste país com uma vasta
cultura gastronómica, não seria de bom tom, deixar de referir os pratos típicos de cada
uma das regiões que vamos visitar!

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Património da Humanidade em Portugal

A Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural foi adotada em


1972 na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO), tendo como objetivo proteger o património cultural e
natural ao longo dos anos para que a história e cultura nunca se percam. A UNESCO já
efetuou 25 classificações de Património da Humanidade, entre centros históricos, sítios
arqueológicos, paisagens culturais, parques naturais e património intangível ou
imaterial. Estes contributos portugueses para a história mundial são de visita obrigatória
e um bom pretexto para conhecer o país de norte a sul.

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Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga


Data de inscrição | julho 2019
Categoria | Património Cultural
Localização | Monte Espinho, cidade de Braga

Fig.1 Escadaria do Bom Jesus de Braga | mundo dos viajantes.com

Localizado nas encostas do Monte Espinho, com vista para a cidade de Braga, no norte
de Portugal, o sítio constitui uma paisagem cultural que remete para Jerusalém (Israel) –
representa um monte sagrado coroado com uma igreja.

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O Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga foi construído e ampliado ao longo de


mais de 600 anos principalmente em estilo barroco italiano, e ilustra a tradição europeia
de criação de Sacri Monti (montanhas sagradas), promovida pela Igreja Católica no
Concílio de Trento no século XVI, em reação à Reforma Protestante. O conjunto
monumental do Bom Jesus está localizado num percurso de via-sacra, que leva até a
encosta oeste do monte. Inclui uma série de capelas que abrigam esculturas evocativas
da morte e ressurreição de Cristo, assim como as fontes, as esculturas alegóricas e os
jardins formais. A via-sacra culmina na igreja, que foi construída entre 1784 e 1811.

Os edifícios de granito têm fachadas de gesso caiadas de branco, emolduradas por


rochas. A célebre Escadaria dos Cinco Sentidos, com paredes, degraus, fontes, estátuas
e outros elementos ornamentais, é considerada a obra barroca mais emblemática do
Bem.

Após a imensa subida um bacalhau à narcisa, um arroz de pica no chão, um cabrito


assado ou umas papas de sarrabulho, mas sempre rematado por uma boa fatia de pudim
de abade de priscos… tudo acompanhado pelo belo vinho verde da região!

Fig. A. Pudim Abade de Priscos | vortexmag

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Centro Histórico de Guimarães


Data de Inscrição | 1 de junho de 2001
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Guimarães

Fig.2 Praça da Oliveira - Padrão do Salado | www.visit Portugal.com

Guimarães tem um alto valor simbólico para a identidade portuguesa, por ter sido aqui
que Portugal teve origem no séc. XII. A cidade, muito bem preservada, reflete a
evolução da arquitetura civil desde a Idade Média até ao séc. XIX. As técnicas
especializadas de construção que aí se desenvolveram foram aplicadas no mundo
inteiro, nas colónias portuguesas, em África e no Novo Mundo.
O Centro Histórico da cidade de Guimarães encerra nas suas ecléticas edificações parte
significativa da história do território português. Desde as habitações “terreiras”- casas
simples de um só piso, às habitações de um e dois sobrados, das nobres “casas-torre” ao
imponente Paço Ducal, a cidade guarda um conjunto arquitetónicos de ímpar valor
patrimonial datado dos séculos XIII, XIV e XV.

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Pelo século XVI regista-se a criação de novas tipologias habitacionais no aglomerado


urbano, caracterizadas pela singularidade formal e decorativa das fachadas, pela
qualidade das cantarias e pela ostentação de pedras de armas. No século XVII, a par da
crescente diversidade de tipologias construtivas, surge a uniformização de volumetria e
altura dos edifícios, a supressão de cornijas e assentamento direto de coberturas sobre o
topo das fachadas, criando um singular e característico efeito de avanço de beirais sobre
o traçado dos arruamentos.
Excecionalmente preservado, através de um trabalho continuado de boa gestão
urbanística, o centro Histórico de Guimarães ascendeu à categoria de Património
Mundial em 2001.
A reabilitação do Centro Histórico de Guimarães, classificado Património Mundial pela
UNESCO em 2001, teve também o condão de despertar e animar sectores de atividade
como o turismo, o lazer e a restauração, que lhe conferem hoje características ímpares
na oferta de diversão noturna, atraindo para o Largo da Oliveira e para a Praça Santiago
– os dois mais nobres espaços do Centro Histórico – centenas de jovens que se
misturam com o número crescente de visitantes que a cidade recebe.
Para aqui confluem pessoas de todas as idades, com maior incidência no verão, época
em que, para além da habitual oferta de lazer proporcionada pelos diversos bares e
restaurantes que ali se localizam, acontecem espetáculos culturais, cinema ao ar livre e a
recriação de mercados medievais.

E no final da visita, sopa de nabos. vitela assada, cabrito, rojões, bacalhau assado, a
terminar com as iguarias vimaranenses como toucinho do céu, tortas de Guimarães ou
douradinhas, tudo acompanhado por um vinho verde branco ou tinto!

Fig. B. Toucinho do céu | massa madre blog

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Região do Douro Vinhateiro


Data de Inscrição | 1 de junho de 2001
Categoria | Património Cultural
Localização | Região do Douro, Trás-os-Montes e Alto Douro

Fig.3 Douro Vinhateiro | deposiphotos

As vinhas que produzem o famoso Vinho do Porto crescem no grandioso vale do Rio
Douro, a mais antiga região vinícola demarcada do mundo. As suas caraterísticas e o
trabalho do Homem que moldou o vale em socalcos durante séculos transformaram-na
numa paisagem única e de grande beleza.
O Alto Douro Vinhateiro é uma zona particularmente representativa da paisagem que
caracteriza a vasta Região Demarcada do Douro, a mais antiga região vitícola
regulamentada do mundo. A paisagem cultural do Alto Douro combina a natureza
monumental do vale do rio Douro, feito de encostas íngremes e solos pobres e
acidentados, com a ação ancestral e contínua do Homem, adaptando o espaço às
necessidades agrícolas de tipo mediterrâneo que a região suporta.

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Esta relação íntima entre a atividade humana e a natureza permitiu criar um ecossistema
de valor único, onde as características do terreno são aproveitadas de forma exemplar,
com a modelação da paisagem em socalcos, preservando-a da erosão e permitindo o
cultivo da vinha. A região produz o famoso Vinho do Porto, representando o principal
vetor de dinamização da tecnologia, da cultura, das tradições e da economia locais. O
grande investimento humano nesta paisagem de singular beleza tornou possível a
fixação das populações desde a longínqua ocupação romana, e dele resultou uma
realidade viva e em evolução, ao mesmo tempo testemunho do passado e motor do
futuro, solidamente ancorado na otimização dos recursos naturais e na preservação das
ambiências.

Manancial de vistas e boas refeições, o cruzamento geográfico destas regiões implica


variedade gastronómica e caso opte por um cruzeiro, poderá saborear como entrada
enchidos e queijos das diversas regiões, de onde saliento o presunto de Lamego, além
de bôlas e azeitonas. Um cabrito assado em forno de lenha, um cozido à transmontana
ou uma posta mirandesa, para sobremesa cavacas de Resende, biscoito da Teixeira e um
final adocicado por Vinho do porto e um rebuçado da régua!

E porque não subir o Douro num barco cruzeiro?

Fig. C. Vinho do Porto | Grandes Escolhas.com

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Parque Arqueológico do Vale do Côa e Siega Verde


Data de Inscrição | 1 de junho de 1998
Categoria | Património Cultural
Localização | Situado ao longo das margens do rio Côa, nos municípios de Vila Nova
de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Pinhel.

Fig.4 Pintura rupestre do Côa |

No Vale do Rio Côa encontra-se uma imensa galeria ao ar livre de arte rupestre, ao
longo de uma área com 17 km, mas com uma leitura concentrada no moderno edifício
do Museu do Côa. Esta excecional concentração de gravuras rupestres do Paleolítico
superior (de 22 000 a 10 000 anos a.C.) constitui o exemplo mais importante das
primeiras manifestações da criação humana, até agora desconhecido a um nível
semelhante em qualquer outra parte do mundo.
São considerados o conjunto de arte rupestre paleolítica ao ar livre mais importante da
Península Ibérica.

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Centro Histórico do Porto | Ponte D. Luiz I |


Mosteiro da Serra do Pilar
Data de Inscrição | 1 de junho de 1996
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade do Porto

Fig.5 Ribeira portuense banhada pelo rio Douro, vista de Vila Nova de Gaia |

A cidade do Porto desenvolve-se sobre as colinas que dominam o estuário do rio Douro
e forma uma paisagem urbana construída numa história já milenar em que a diversidade
da arquitetura civil e religiosa testemunha o percurso de um Centro Histórico que
remonta às épocas Romana, Medieval, Renascentista, Barroca e Neoclássica.
Construído sobre terrenos acidentados numa feliz articulação do traçado orgânico de
arruamentos e casario com o rio referencial, o Centro Histórico adquire um valor
panorâmico singular, reforçado na profusão de monumentos como a Sé Patriarcal, a
Igreja de Santa Clara ou o edifício da Bolsa.

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Classificado como Património Mundial desde 1996, o Centro Histórico do Porto encerra
uma riqueza monumental e paisagística e capta a diversidade de soluções de concepção
urbana das cidades da Europa Ocidental e Atlântico-Mediterrâneas da época medieval
aos inícios da modernidade.
Todo o casario que se vê na colina descendo até à Ribeira, junto ao Rio Douro, e a zona
ribeirinha de Vila Nova de Gaia retratam a história desta cidade ligada à atividade
marítima desde o tempo dos romanos. A Sé e a Torre dos Clérigos, símbolos do Porto, a
riqueza dos edifícios, as igrejas barrocas, a Bolsa neoclássica e as próprias gentes
tornam esta paisagem urbana excecional, herdeira de uma história milenar.

Contudo caso perca a sua entidade muito própria e a sua eclética arquitetura devido à
excessiva pegada provocada pelo turismo excessivo e descontrolado, poderá perder o
título, pois este começa a transformar as suas profundas e únicas características.

As ruas ingremes do Porto, vão provocar-lhe o apetite. Logo vai querer provar a típica
Francesinha ou umas belas Tripas à Moda do Porto, e característica portuense, um caldo
verde (sopa) após o prato principal. No final, para sobremesa, uns papos de anjo em
calda, uma aletria ou umas trouxas de ovos acompanhadas por um belo cálice de vinho
do Porto!

Fig. D. Aletria | Pinterest

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Universidade de Coimbra, Alta e Sofia


Data de Inscrição | a 7 de junho de 2019 foi aprovado o alargamento do sítio
"Universidade de Coimbra, Alta e Sofia" para incluir o
Museu Nacional de Machado de Castro
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Coimbra

Fig.6 Universidade de Coimbra | fonte: notícias UC

Fundada em 1290, a Universidade de Coimbra é a mais antiga de Portugal e uma das


mais antigas na Europa. Com particular incidência no séc. XVIII determinou o
desenvolvimento do caráter estudantil da cidade, a nível urbano, arquitetónico, artístico
e social. Disso são exemplo o Paço das Escolas, os Colégios da Graça e de Jesus, a
Biblioteca Joanina, o Jardim Botânico, a Alta de Coimbra, a Rua da Sofia e as tradições
e práticas académicas seculares. Desde a sua origem, a universidade tem sido um polo
difusor de conhecimento científico e uma referência da língua e cultura portuguesa em
todo o mundo.

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Nas tradicionais tascas da cidade podem encontrar-se os mais variados petiscos como
moelas, ossos, pica-pau, acompanhados por vinho do lavrador. Nos restaurantes da
região destaca-se a chanfana, o leitão assado à moda da Bairrada ou o arroz de lampreia.
Para sobremesa um pudim das Clarissas, o pastel de Santa Clara os crúzios, o bolo de
Santo António, queijadinha de Pereira ou mesmo os biscoitos Académicos.
Recentemente foram criados dois doces que pretendem homenagear acontecimentos
ligados à história de Coimbra: os Sonhos de Pedro e Inês, numa alusão ao
trágico romance de D. Pedro e D. Inês de Castro e a Rosa da Rainha em honra de Dona
Isabel de Aragão, a Rainha Santa Isabel.
Anualmente realiza-se uma Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra, que
ajuda a não perder esta ancestral gastronomia!

Fig. E. Queijadinha de Pereira | fonte: Tripadvisor

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Mosteiro de Alcobaça
Data de Inscrição | 1 de junho de 1989
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Alcobaça

Fig.6 Mosteiro de Alcobaça | caminhosdeportugal.com

Uma das primeiras fundações monásticas cistercienses em território português, o


Mosteiro de Alcobaça tornou-se a principal casa desta Ordem religiosa, graças a uma
continuada política de proteção régia, iniciada pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso
Henriques. As dependências medievais ainda conservadas fazem deste Mosteiro um
conjunto único no mundo, a que acrescem as edificações posteriores, dos séculos XVI a
XVIII, como importante testemunho da evolução da arquitetura portuguesa.
É uma das mais importantes abadias cistercienses europeias, um símbolo de Cister. Foi
fundada no séc. XII, por doação do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a
Bernardo de Claraval. A Igreja, iniciada pela cabeceira como era prática corrente, com

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três naves à mesma altura, o transepto de duas naves e o deambulatório, formam um


conjunto que impressiona pela simplicidade, grandeza e austeridade.

“quem passa por Alcobaça não passa sem lá voltar”, já diz a canção.

Uma refeição aconchegante como um belo perdiz ou frango na Púcara, ou um cherne à


Frei João, acompanhado por vinhos e para sobremesa uma doçaria de facto divinal, pela
ancestralidade das receitas conventuais da zona, como cornucópias, torresmo do céu,
castanhas de ovos, pitos de gila e maçã, baba real ou tiaras de dona Inês e segredos de
D. Pedro, acompanhadas por um licor também conventual, como a Ginja de Alcobaça.
Para terminar uma maçã de Alcobaça, de sabor e perfume únicos.
Anualmente, junto ao Mosteiro, decorre a Mostra Internacional de Doces e Licores
Conventuais!

Fig. F. Cornucópia | amaisgulosa.blogspot.pt

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Mosteiro da Batalha
Data de Inscrição | 28 de maio de 1983
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Batalha

Situado no centro histórico da vila da Batalha e uma obra-prima do génio criativo, o


Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi erguido por vontade de D. João I, como
agradecimento pela vitória dos portugueses sobre os espanhóis na Batalha de
Aljubarrota no ano de 1385. É o grande monumento do gótico final português, onde
surgiu um dos primeiros exemplos do estilo manuelino. Testemunho da troca de
influências nas artes, é um dos mais belos conjuntos monacais da Europa do fim da
Idade Média.

Fig.7 Mosteiro da Batalha |

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Monumento memorial da batalha de Aljubarrota e panteão régio, cuja construção teve


início em finais do século XIV com o patrocínio de D. João I, o Mosteiro dominicano
da Batalha é o mais significativo edifício do gótico português. As suas vastas
dependências constituem hoje um excelente exemplo da evolução da arquitetura
medieval até ao início do século XVI, desde a experiência inédita do tardo-gótico à
profusão decorativa.

Após a Batalha, para descanso do guerreiro, é seguir a Rota Gastronómica Serrana com
as tradicionais morcelas de arroz ou sangue, o célebre tachadéu (fritada de pedaços de
porco servida em tacho de barro) e a tibornada (bacalhau assado com batatas a murro),
bacalhau com migas, capado grelhado, cabidela serrana tudo com pão saloio e com
vinho desta zona. Nos doces um parrameiro (pãozinho muito macio em forma de
ferradura), um pastel de feijão, uma cavaca, bolos de Palma, bolos de Perna ou um
pudim da Batalha (pequenos pastéis)!

Fig. G. Pudim da Batalha | Padaria da Batalha

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Convento de Cristo
Data de Inscrição | 1 de junho de 1983
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Tomar

O Convento da Ordem de Cristo – cuja construção decorreu entre os séculos XII e XVII
– o monumento, inscrito na lista de Património Mundial da UNESCO, integra alguns
dos mais expressivos testemunhos da história da arquitetura portuguesa, como a Charola
românica da igreja, o claustro de D. João III e a famosa janela manuelina da Sala do
Capítulo.

Fig.8 Convento de Cristo |

Pelo significado histórico e pela importância artística, o Convento da Ordem de Cristo e


Castelo Templário formam um conjunto monumental único. As intervenções ao longo
dos séculos refletem artisticamente a história de Portugal, com testemunhos da arte

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românica, da simbologia templária, dos estilos gótico e manuelino, próprios do tempo


dos Descobrimentos, prosseguindo com a arte do renascimento, depois o maneirismo
nas suas várias facetas e por fim o barroco dos ornamentos arquitetónicos.

Após a visita, couves à D. Prior, lampreia, sável, bacalhau, cabrito, dobrada, cabidelas,
morcelas de arroz, coelho na abóbora e feijoada de caracóis são manjares a ter em conta.
Nos arredores, a mexida (papas de farinha de milho com petingas assadas), o bucho da
Junceira, ou o requentado de feijão com couves e migas.

Para sobremesa, uma especialidade exclusiva, fatias de Tomar, castanhas doces,


queijadas de amêndoa, doce de chila e fios de ovos, e ainda os provocadores Bolos de
Cama e Beija-me Depressa!

Fig. H. Fatias de Tomar | cm-tomar.pt

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Real Edifício de Mafra


(Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada)
Data de Inscrição | 7 de julho de 2019
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Mafra

Fig.9 Convento de Mafra | cm.mafra.pt

Situado a 30 km a noroeste de Lisboa, o Palácio foi construído em 1711 por iniciativa


do Rei D. João V e concebido como uma representação da monarquia e do Estado. Este
impressionante edifício quadrangular inclui os Palácios do Rei e da Rainha, a Basílica
em estilo barroco italiano, o Convento franciscano e a Biblioteca com 36,000 volumes.

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Fig.10 Biblioteca do Convento de Mafra | fotografia de Adriano Lopes

O conjunto monumental inclui ainda o Jardim do Cerco em composição geométrica e a


Tapada. O Real Edifício de Mafra é uma das obras mais admiráveis realizadas pelo Rei
João V, que ilustra o poder e a alcance do Império Português. D. João V adotou
modelos arquiteturais e artísticos em estilo barroco italiano e encomendou obras de arte
que tornam Mafra um exemplo excecional deste estilo de arquitetónico.

Depois das vistas, um cozido à portuguesa, uma mão de vaca com grão, pezinhos de
coentrada ou pratos de caça. Para sobremesa, os doces típicos, o Frade, um pastel de
feijão e amêndoas e, para acompanhar, a freira, um doce de ovos.

Anualmente ocorre o Festival do Pão, em elogio ao pão de Mafra.

Fig. H. Freira e Frade | www.viaggiando.com.br

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Paisagem Natural e Cultural de Sintra


Data de Inscrição | 1 de junho de 1995
Categoria | Paisagem Cultural
Localização | cidade de Sintra

Fig.11 Palácio da Pena | guia de Sintra

No século XIX, Sintra foi um dos primeiros locais na Europa onde a arquitetura
romântica europeia foi ensaiada. O Rei consorte D. Fernando de Saxe-Goburgo Gotha,
casado com a rainha D. Maria II, transformou as ruínas de um mosteiro em castelo,
reunindo de forma genial esta nova sensibilidade, que se exprimiu pela utilização de
elementos góticos, egípcios, islâmicos e renascentistas, envolvido por um parque de
vegetação exuberante conjugando essências locais e exóticas, ao gosto da época.

O mesmo modelo foi seguido noutros palácios e residências de prestígio da Serra de


Sintra sendo construídas segundo o mesmo modelo deste Palácio e fizeram deste local
um exemplo único de parques e jardins que influenciou e serviu de inspiração a diversas
paisagens europeias.

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Apesar da exuberância onírica e mística desta paisagem e monumentos únicos, não


esquecer de provar os doces típicos de Sintra, o famoso travesseiro de Sintra, uma
massa folhada recheada com doce de ovos e amêndoa e queijadas da sapa.

Fig. I Travesseiros de Sintra | horizont Portugal.blog

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Mosteiro dos Jerónimos | Torre de Belém


Data de Inscrição | 1 de junho de 1983
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Lisboa

Fig.12 Mosteiro dos Jerónimos | mundo português.blog

O Mosteiro dos Jerónimos é uma notável peça de arquitetura mandada construir pelo
Rei D. Manuel I no início do séc. XVI. É considerado a “joia” do estilo manuelino,
exclusivamente português, integrando elementos arquitetónicos do gótico final e do
renascimento e associando-lhe uma simbologia régia que o torna digno de admiração.

D. Manuel I ordenou também a construção da Torre de Belém, concretizando um plano


inovador e eficaz na defesa do rio e na proteção de Lisboa, cruzando-a com outras
estruturas defensivas à entrada do estuário. Símbolo do prestígio do Rei, é decorada

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com motivos próprios do Manuelino constituídos por nós, cordas, esferas armilares,
cruzes da Ordem Militar de Cristo e elementos naturalistas.

Fig.13 Torre de Belém sobranceira ao rio Tejo | Dicas de Lisboa e Portugal

Cidade imensa para visitar e teremos fome, ameijoas à Bolhão Pato, pataniscas de
bacalhau, sopa de fava rica, iscas (bife de fígado) com elas (batatas), meia desfeita
(bacalhau e grão-de-bico misturados), perdiz à Convento de Alcântara, meia-unha (mão
de vaca com grão) e claro, terminar com um pastel de Belém, ainda morno, polvilhado
com canela!

Fig. J. Pastel de Belém | Receitas sem fronteiras.blog

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Centro Histórico de Évora


Data de Inscrição | 1 de junho de 1986
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Évora

Situada na planície alentejana, na confluência de três importantes bacias hidrográficas –


Tejo, Sado e Guadiana, e ponto de cruzamento milenar de vias e rotas comerciais da
península, Évora adquiriu, desde a Antiguidade, uma importância política e social para
todas as civilizações que marcaram o atual território português, possuindo como polo
urbano a riqueza de dois mil anos de História.

Fig.14 Centro Histórico de Évora | e-cultura.pt

Da presença romana subsistem um sistema viário e uma malha urbana ainda verificáveis
no cadastro atual e a antiga urbe legou-nos a monumentalidade do Templo Romano de
Diana.
Da ocupação muçulmana crescida à sombra das muralhas tardo-romanas subsiste o
traçado tortuoso de alguns arruamentos da parte antiga do casco histórico.

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Na Idade Média, Évora adquiriu uma posição de destaque no Reino Português e cresceu
até aos limites da Cerca Nova, a segunda cinta de muralhas, datando do mesmo período
o início da construção da Sé Catedral, monumento que constituiu o primeiro estaleiro do
gótico português. A instituição da Universidade em 1556 reforçou a dimensão cultural
da cidade e traduziu-se numa produção artística, arquitetónica e paisagística
cosmopolita ainda hoje patente em conventos e palácios renascentistas, maneiristas e
barrocos que legitimam a classificação do Centro Histórico como Património da
Humanidade desde 1986.

Évora, com origens na época romana, teve a sua idade de ouro no século XV, quando
foi residência dos reis de Portugal. O seu carácter único vem das casas caiadas de
branco, das decorações interiores em azulejo e dos balcões de ferro forjado tornando-a
num conjunto urbano representativo de um período histórico (séculos XVI a XVIII).
Os seus monumentos tiveram uma influência decisiva na arquitetura portuguesa no
Brasil.

Apesar do calor intenso, uma boa refeição cai sempre bem. Para entrada queijos
curados, enchidos, azeitonas, presunto. A cozinha tradicional alentejana tem como base
porco, borrego, azeite, coentros e pão, que fazem surgir pratos como sopas de cação,
beldroegas, tomate ou de toucinho, um ensopado de borrego, um cozido à portuguesa à
moda do Alentejo, pratos de caça e a incontornável açorda à alentejana, perfumada com
coentros e hortelã. Tudo acompanhado por um vinho branco ou tinto alentejano.
Sobremesa de tradição conventual, feita à base de ovos, amêndoas e gila - pão de rala,
encharcadas, barrigas de freira ou queijadas de Évora!

Fig. K. Queijadas de Évora | Cookidoo.blog

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Elvas e as suas Fortificações


Data de Inscrição | 1 de junho de 1986
Categoria | Património Cultural
Localização | cidade de Elvas

Fig.15 Forte da Graça | Embarque na Viagem.blog

Designa-se por Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e as suas Fortificações o conjunto


histórico-cultural classificado como Património Mundial da UNESCO em 2012,
localizado na cidade de Elvas, em Portugal. O sítio classificado foi fortificado de forma
extensiva entre os séculos XVII e XIX, e representa o maior sistema de fortificações
abaluartadas do mundo. No interior das muralhas, a cidade inclui grandes casernas e
outras construções militares bem como igrejas e mosteiros.

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Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas

Perto da linha de fronteira, encontramos em Elvas a maior fortificação abaluartada do


mundo, com cerca de 10 km de perímetro e uma área de 300 hectares. Testemunho
único da evolução das conceções estratégicas militares, integra vários monumentos: o
castelo, dois fortes, três fortins, as muralhas e o grandioso Aqueduto da Amoreira, com
os seus 7 km e 843 arcos.

Sabores tradicionais com de bacalhau dourado e uma variedade de pratos de marisco


vindos diariamente da Costa Alentejana, migas e o ensopado de borrego, o gaspacho
(pela proximidade com Espanha) e os pratos de caça. Um vinho branco ou tinto
alentejano e para sobremesa, ameixas de Elvas e uma fatia de Sericaia.

Fig. L. Ameixas de Elvas | portugalnummapa.com

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Centro Histórico de Angra do Heroísmo


Data de Inscrição | 26 de maio de 1983
Categoria | Paisagem Cultural
Localização | cidade de Angra do Heroísmo na Ilha Terceira

Fig.16 Câmara Municipal de Angra do Heroísmo | Lifeccoler

Outrora porto de escala obrigatório para atravessar o Atlântico, foram muitas as


influências de gentes e culturas, deixando na cidade um legado artístico inigualável de
arquitectura, escultura, talha, porcelana, azulejaria e mobiliário. Embora tenha sido
abalada por um terramoto em 1980, a cidade conserva ainda grandes monumentos como
por exemplo as fortalezas de S. Sebastião, de S. Filipe, a Sé Catedral, a Igreja da
Misericórdia ou o Palácio dos Capitães-Generais.

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Fig.17 Vista sobre a Zona Histórica de Angra do Heroísmo | Wikipédia

O ar do mar abre o apetite e temos de provar uma alcatra em massa sovada, qualquer
prato de peixe porque é muito fresco, linguiça, morcela ou torresmos, ou queijos de leite
de vaca, que pastam ao ar livre. Um vinho verdelho (uma casta muito tradicional e
antiga) que acompanha bem os salgados e os doces como o bolo Dona Amélia (milho
escuro, de noz e noz-moscada), biscoitos de orelha ou o doce de vinagre (vinagre,
açúcar, ovos e ervas doces).

Fig. M. Biscoitos de Orelha | http://artesanato.azores.gov.pt

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Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico


Data de Inscrição | 1 de junho de 2004
Categoria | Paisagem Cultural
Localização | Ilha do Pico

Fig.18 Paisagem da cultura da vinha na Ilha do Pico | caisdopico.pt

Mais um belo exemplo da capacidade de adaptação do Homem, conseguindo produzir


um vinho de excelente qualidade com origem num terreno rochoso, de origem
vulcânica, aparentemente improdutivo. As vinhas plantadas em pequenos cubículos
separados por muros de pedra negra, que se estendem até ao mar, formam uma
paisagem inigualável.

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Fig.19 Pormenor dos muros na cultura da vinha na Ilha do Pico | in vino viajas.com

Para ter folego para a maravilhosa paisagem, uma linguiça, um caldo de carne, um
polvo guisado, torresmos com inhame, caldos de peixe ou pratos de marisco,
acompanham bem o verdelho.
Para sobremesa arroz-doce, bolo de figos, rosquilhas ou bolo de massa sovada.

Fig.N Massa Sovada | https://azoresgastronomia.weebly.com

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Floresta Laurissilva da Madeira


Data de Inscrição | 1 de junho de 1999
Categoria | Património Natural
Localização | Ilha da Madeira

Fig.20 Vista da Floresta Laurissilva | visitmadeira.pt

São quase 15.000 hectares de floresta húmida subtropical, ocupando cerca de 20% do
território total da ilha (floresta indígena). Deve o seu nome ao tipo de árvores e arbustos
de folhagem persistente, com folhas verde-escuras e planas - família das Lauráceas,
representando a mais extensa e bem preservada Laurissilva das ilhas atlânticas.

Já existia aquando da chegada dos navegadores portugueses e é considerada uma


relíquia do Terciário. Localizada costa Norte, dos 300 aos 1300 metros de altitude, e na
costa Sul persiste em alguns locais de difícil acesso, dos 700 aos 1200 metros. Contem
espécies vegetais e animais únicas à escala planetária e habitats naturais representativos
e importantes para a conservação da diversidade biológica.

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A floresta Laurissilva está incluída na área de Parque Natural da Madeira e é Reserva


Biogenética do Conselho da Europa, Património Mundial Natural da UNESCO e integra
a Rede Natura 2000. É uma raridade a nível Mundial.

Fig.O O logótipo escolhido para associar a Laurissilva ao reconhecimento


da UNESCO como um bem de Valor Universal Excecional é da autoria do
escultor Ricardo Velosa | https://ifcn.madeira.gov.pt

A terminar esta viagem pelo Parque Natural da Madeira, Bolos do Caco (pão de trigo
servido quentes com manteiga de alho e salsa), marisco ou lapas grelhadas com muito
alho, uma sopa de tomate e cebola com um ovo escalfado, açorda (grandes pedaços de
pão, alho, azeite, segurelha e água bem quente e ovo escalfado. Espetadas de lombo de
vaca, carne de vinho e alhos, grelhados de galinha, costeletas de porco ou bife e ainda o
picado de vitela, em que todos picam/comem diretamente da travessa. Devidamente
harmonizado o vinho da Madeira (seco, meio seco, meio doce e doce) acompanha bem
qualquer um destes pratos.

Acompanhado de uma poncha (aguardente de cana-de-açúcar, mel, sumo de limão e de


laranja), para a sobremesa, queijadas (pastéis de requeijão, ovos e açúcar), bolo e broas
de mel, um pudim de maracujá ou frutas frescas,

Fig. P. Pudim de Maracujá | Somos Madeira

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Património Cultural Imaterial da Humanidade

As Listas do Património Cultural Imaterial da Humanidade foram estabelecidas pela


UNESCO para garantir a melhor proteção dos importantes patrimónios culturais
intangíveis em todo o mundo e a consciência da sua importância. Através de um
compêndio dos diferentes tesouros orais e imateriais da humanidade em todo o mundo,
o programa tem como objetivo chamar a atenção para a importância da salvaguarda do
património intangível, que foi identificado pela UNESCO como um componente
essencial e um repositório de diversidade cultural e da expressão criativa.
O programa tem atualmente duas listas. A maior, Lista Representativa do Património
Cultural Imaterial da Humanidade, junta "práticas e expressões [que] ajudam a
demonstrar a diversidade desse património e aumentar a consciencialização sobre a sua
importância." A mais pequena, Lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade
com Necessidade Urgente de Salvaguarda, é composta por elementos culturais que
causa preocupação às comunidades e aos países que consideram necessárias medidas
urgentes para mantê-los vivos.

 Fado;
 Dieta Mediterrânica;
 Cante Alentejano;
 Falcoaria;
 Figurado de Estremoz;
 Carnaval de Podence;
 Fabrico de Chocalhos;
 Olaria de Bisalhães.

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Fado
Data de Inscrição | 27 de novembro de 2011
Categoria | Património Cultural Imaterial

Fig.21 O Fado, quadro de José Malhoa

O Fado é um género artístico que combina a música com a poesia, sendo


amplamente praticado em várias comunidades de Lisboa. Constitui uma síntese
multicultural dos bailes cantados afro-brasileiros, de géneros tradicionais de
música e dança locais, de tradições musicais das zonas rurais do país trazidas
para a cidade pelas sucessivas vagas de imigrantes, e de correntes de canções
urbanas cosmopolitas do início do século XIX. O Fado é, geralmente,
interpretado por um único cantor, masculino ou feminino, tradicionalmente
acompanhamento por uma guitarra acústica e uma ou mais guitarras
portuguesas.

O Fado é cantado por artistas profissionais em concertos ou nas “casas de fado”,


e por fadistas amadores em inúmeras associações comunitárias nos diferentes
bairros lisboetas. A transmissão do conhecimento é realizada pelos mais velhos
nos espaços tradicionais, frequentemente através de várias gerações das mesmas
famílias. A disseminação do Fado, através da emigração e do circuito da

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“música do mundo”, reforçou a sua imagem enquanto símbolo da identidade


portuguesa, dando origem a um intercâmbio intercultural com outras tradições
musicais” (Comissão Nacional da Unesco).

Fig.22 Guitarra portuguesa, fadista, na parede o característico xaile, guitarra acústica

Cantado a solo e acompanhado por viola e guitarra portuguesa, o Fado nasceu


nos bairros históricos de Lisboa - Mouraria, Alfama, Bairro Alto e Madragoa,
ligado à fatalidade do destino e ao amor, cantado de forma intensa e com alma.
Hoje é uma música do mundo, símbolo reconhecido de Portugal

Fig 23 Amália Rodrigues (Lisboa, 23 de julho de 1920 - 6 de outubro de 1999) cantora, atriz e
fadista aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está
sepultada no Panteão Nacional | Jornal Expresso

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DIETA MEDITERRÂNICA
Data de Inscrição | 4 de dezembro de 2013
Categoria | Património Cultural Imaterial

A Dieta Mediterrânica abrange um conjunto de competências, conhecimentos, rituais,


símbolos e tradições relativos ao cultivo, colheita, pesca, criação de animais,
conservação, processamento, confeção e, em especial, partilha e consumo dos
alimentos. Comer juntos está na base da identidade cultural e da continuidade das
comunidades em toda a bacia do Mediterrâneo. É um momento de troca social e
comunicação, uma afirmação e renovação da identidade da família, do grupo ou da
comunidade.

Fig.24 Pirâmide da Dieta Mediterrânica em http://livrosietc.blogspot.com

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A Dieta Mediterrânica enfatiza valores como a hospitalidade, a vizinhança, o diálogo


intercultural e a criatividade, bem como um modo de vida pautado pelo respeito pela
diversidade. Desempenha um papel vital em espaços culturais, festivais e celebrações,
reunindo pessoas de todas as idades, condições e classes sociais. Abarca o artesanato e a
produção de recipientes tradicionais de transporte, preservação e consumo de alimentos,
incluindo pratos de cerâmica e copos.
As mulheres desempenham um papel importante na transmissão do conhecimento
relativo à Dieta Mediterrânica: salvaguarda das suas técnicas, respeito pelos ritmos
sazonais e eventos festivos, transmissão às novas gerações dos valores associados a este
elemento patrimonial. Os mercados desempenham igualmente um papel fundamental
como espaços para cultivar e transmitir a Dieta Mediterrânica mediante práticas diárias
de troca, concórdia e respeito mútuo.

O azeite virgem, a sazonalidade dos produtos, o solo, o sol além do modo tradicional de
vida destas regiões, como viver em família e partilhar refeições, são fatores importantes
para esta dieta.

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CANTE ALENTEJANO
CANTO POLIFÓNICO DO ALENTEJO
Data de Inscrição | 27 de novembro de 2014
Categoria | Património Cultural Imaterial

O Cante Alentejano é um género de canto tradicional em duas partes, executado por


grupos corais amadores no sul de Portugal e nas comunidades migrantes na Área
Metropolitana de Lisboa. O repertório é constituído por melodias e poesia oral (modas),
e é executado sem instrumentos musicais. Os grupos de Cante reúnem até trinta
cantadores que se dividem em três papéis: o “ponto” inicia a moda, seguido pelo “alto”,
duplica a melodia uma terceira ou uma décima acima, muitas vezes adicionando
ornamentos. Todo o grupo coral se junta em seguida, cantando os versos restantes em
terceiras paralelas.

Fig.25 Escultura de Homenagem | wikipédia

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O alto é a voz orientadora, que se ouve acima do grupo em toda a música. Existe um
vasto repertório de poesia tradicional, bem como versos contemporâneos. As letras
exploram tanto os temas tradicionais como a vida rural, a natureza, o amor, a
maternidade ou a religião, como as mudanças no contexto cultural e social.

O Cante constitui um aspeto fundamental da vida social das comunidades alentejanas,


permeando reuniões sociais em espaços públicos e privados. A transmissão entre os
membros mais velhos e mais jovens ocorre principalmente nos ensaios dos grupos
corais. Para os seus praticantes e apreciadores o Cante encarna um forte sentido de
identidade e de pertença. Reforça também o diálogo entre diferentes gerações, géneros e
indivíduos de diferentes origens, contribuindo assim para a coesão social.

Fig.26 As mulheres no Cante Alentejano | As Papoilas d’A-de-corvo | AlentejoTurismo

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FALCOARIA, PATRIMÓNIO HUMANO VIVO


Data de Inscrição | 1 de dezembro de 2016
Categoria | Património Cultural Imaterial

Fig.27 Prática de falcoaria | omirante.pt

Sendo originalmente um método de obtenção de alimentos, a prática da falcoaria tem


evoluído ao longo do tempo no sentido de se associar à conservação da natureza, ao
património cultural e às atividades sociais dentro e entre comunidades. Seguindo o seu
próprio conjunto de tradições e princípios éticos, os falcoeiros treinam, fazem voar e
criam aves de rapina (que abrangem, além dos falcões, aves como as águias e outros
accipitrídeos), desenvolvendo um vínculo com as aves e tornando-se os seus principais
protetores.
Esta prática, presente em muitos países do mundo, pode variar no que se refere a
determinados aspetos como, por exemplo, o tipo de equipamento utilizado, mas os
métodos permanecem similares. Os falcoeiros veem-se como um grupo, podendo viajar

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semanas seguidas executando a sua prática e partilhando à noite as suas histórias.


Consideram que a falcoaria estabelece uma relação com o passado, particularmente nas
comunidades onde a prática constitui uma das poucas ligações com o ambiente natural e
a cultura tradicional e uma forma de caça natural. Os conhecimentos e competências são
transmitidos de forma intergeracional no seio da família mediante sistemas de tutoria
formal, aprendizagem, ou cursos de formação ministrados em clubes e escolas. Em
alguns países, os futuros falcoeiros devem obter aprovação num exame nacional.

Os Encontros e Festivais constituem oportunidades para as comunidades partilharem os


seus conhecimentos, promoverem a sensibilização e promoverem a diversidade.

Fig.28 Falcão | Associação Portuguesa de Falcoaria

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PRODUÇÃO DE FIGURADO EM BARRO DE ESTREMOZ


Data de Inscrição | 7 de dezembro de 2017
Categoria | Património Cultural Imaterial

A produção de Figurado em Barro de Estremoz envolve um processo de produção que


dura vários dias: os elementos das figuras são montados antes de serem cozidos num
forno elétrico, pintados pelo artesão e cobertos com um verniz incolor. As figuras em
argila seguem temas específicos, sendo vestidas com a indumentária regional do
Alentejo ou com as roupas da iconografia religiosa cristã. A produção de figuras de
barro em Estremoz remonta ao século XVII, e as características estéticas muito
distintivas das figuras tornam-nas imediatamente identificáveis. Esta arte encontra-se
fortemente ligada à região do Alentejo, pelo que a grande maioria das figuras retrata
elementos naturais, atividades e eventos locais, tradições e devoções populares.

Fig.29 Produção de figurado em barro de Estremoz | https://unescoportugal.mne.gov.pt

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A viabilidade e o reconhecimento da arte são assegurados pelos artesãos através de


seminários educativos não-formais e iniciativas pedagógicas, bem como pelo Centro
UNESCO para a Valorização e Salvaguarda do Boneco de Estremoz. São organizadas
feiras a nível local, nacional e internacional. Os conhecimentos e competências são
transmitidos nas oficinas familiares e em contextos profissionais, onde os artesãos
ensinam o básico do seu ofício através de iniciativas de formação não-formal. Os
artesãos estão ativamente envolvidos nas atividades de sensibilização organizadas em
escolas, museus, feiras e outros eventos.

Fig.30 Figurado de Barro | radiocampanario.com

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FESTAS DE INVERNO | CARNAVAL DE PODENCE


Data de Inscrição | 12 de dezembro de 2019
Categoria | Património Cultural Imaterial

O Carnaval de Podence, também conhecido como Entrudo Chocalheiro, é uma prática


social relacionada com o fim do inverno e o início da primavera. Entre Domingo-Gordo
e Terça-Feira de Carnaval, na pequena aldeia transmontana de Podence, no concelho de
Macedo de Cavaleiros, saem pelas ruas, em saltos e correrias, os Caretos, personagens
mascarados com fatos preenchidos com franjas de lã colorida, máscaras de lata ou couro
e chocalhos à cintura.
O Careto de Podence é conhecido pelo seu comportamento performativo, “as
chocalhadas” de que são alvo principal as mulheres, um ato simbólico que remete para
uma origem remota e uma possível ligação a antigos rituais agrários e de fertilidade.
Hoje, estes mascarados, que visitam as casas de vizinhos e familiares, num ritual de
convivialidade, são sobretudo emigrantes, constituindo-se, por isso, o Entrudo
Chocalheiro como um momento essencial da vida dos descendentes de Podence, que
regressam no Carnaval para dar continuidade à prática que herdaram de pais e avós.
Refletindo o contexto atual, é também hoje comum a participação de jovens raparigas.

Fig.31 Carnaval de Podence | wikipédia

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A participação inicia-se na infância, quando as crianças começam a vestir fatos


semelhantes aos dos caretos e a imitar o seu comportamento.
A Associação Grupo de Caretos de Podence tem tido um importante papel garantindo a
continua viabilidade do Carnaval ao longo das últimas quatro décadas. Segundo a
Unesco, o Carnaval de Podence “é uma prática social associada ao final do inverno e à
chegada da primavera.” As festividades acontecem ao longo de três dias nas ruas e casas
da vila, onde os vizinhos se visitam.
Os caretos são homens que usam uma máscara com um nariz feito de couro, latão ou
madeira pintada com cores vivas de amarelo, vermelho ou preto. Também vestem
fantasias coloridas, com capuz, feitos de colchas de lã vermelha, verde e amarela, e
carregam pequenos sinos e chocalhos.
Segundo a Unesco, a Associação Grupo de Caretos de Podence “desempenha um papel
fundamental para garantir a viabilidade contínua do Carnaval.”

Fig.32 Pormenor de máscara | viralagenda.com

O Carnaval de Macedo de Cavaleiros está ainda associado ao Festival do Grelo, que


mostra ementas com o tradicional legume transmontano: grelos cozidos como
acompanhamento de fumeiro ou carnes grelhadas, arroz de grelos ou migas, ou a
reinvenção da cozinha tradicional, apresentando propostas inovadoras como empadas,
bolos ou gelados de grelos.

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MANUFATURA DE CHOCALHOS
Data de Inscrição | 1 de dezembro de 2015
Categoria | Património Cultural Imaterial / A necessitar de salvaguarda urgente

O chocalho português é um instrumento de percussão idiofone com um badalo interno


único, normalmente pendurado numa cinta de couro ao redor do pescoço de um animal.
É utilizado tradicionalmente pelos pastores para localizar e controlar os seus rebanhos,
criando uma sonoridade inconfundível nas zonas rurais. Os chocalhos são feitos
manualmente em ferro, que é martelado a frio e dobrado na bigorna até ficar em forma
de taça. Pequenos pedaços de cobre ou estanho são colocados à volta do ferro, que é
depois envolto numa mistura de barro e palha. A peça é cozida e, em seguida,
mergulhada em água gelada para uma rápida refrigeração. Por fim, a argila queimada é
removida, o cobre ou estanho que recobre o ferro é polido e o tom do sino é afinado. O
conhecimento técnico é transmitido no seio da família, de pais para filhos.
Em Portugal, a localidade de Alcáçovas é o principal centro de fabrico de chocalhos e
os seus habitantes orgulham-se deste património. No entanto, esta prática é cada vez
menos sustentável devido às recentes mudanças socioeconómicas. Novos métodos de
pastagem requerem cada vez menos pastores e a maioria dos chocalhos são agora
produzidos usando técnicas industriais mais baratas. Atualmente, existem apenas 11
oficinas e 13 fabricantes de chocalhos, 9 dos quais têm mais de 70 anos de idade.

Fig.33 Chocalhos | canelaehortelã.com

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PROCESSO DE CONFEÇÃO DA LOUÇA


PRETA DE BISALHÃES
Data de Inscrição | 29 de novembro de 2016
Categoria | Património Cultural Imaterial / A necessitar de salvaguarda urgente

Fig.34 Louça de Bisalhães | vivadouro

Bisalhães, em Portugal, é conhecida como “a terra dos produtores de potes e panelas”


ou, mais especificamente, o local onde é produzido o barro preto. Executada com fins
decorativos e para confeção dos alimentos, a prática tradicional encontra-se inscrita no
brasão de armas da aldeia e constitui parte integrante da identidade da comunidade,
sendo os antigos métodos ainda hoje utilizados para criar peças semelhantes às do
passado. A produção de louça preta comporta vários passos. Primeiro, a argila é
esmagada com um martelo de madeira num tanque de pedra antes de ser peneirada.
Depois de acrescentar água, o barro é amassado, as várias partes da peça moldadas e a
peça é alisada com um seixo e decorada com diversos motivos. Finalmente, as peças são
cozidas em fornos ao ar livre. A divisão do trabalho tem evoluído ao longo do tempo,
sendo a preparação da argila atualmente executada pelos homens, enquanto as mulheres
procedem à decoração. Além disso, a argila usada no processo é hoje proveniente de
fábricas de telha locais em vez de ser extraída de poços. Transmitida quase
exclusivamente através de laços de parentesco, o futuro da prática encontra-se em
perigo devido a um número decrescente de artesãos, diminuto interesse das gerações

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mais novas para continuar a tradição e a procura generalizada de recipientes alternativos


produzidos de forma industrial.

Fig.35 Jorge Ramalho, Oleiro de Bisalhães | cozedura das peças | wikimedia commons

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Conclusão

Conclui este projeto com bastante satisfação, superando os objetivos a que me propus,
apesar das dificuldades telemáticas e da Pandemia Covid 19 em que nos encontramos.
No entanto a conceção do trabalho mostrou-se aliciante, divertida, enriquecedora dos
meus conhecimentos e consegui cumprir os prazos por mim estabelecidos.

Espero com este trabalho mostrar um pouco do meu belo país, pois isto é uma singela
gota de água no vasto universo de Património Cultural e Natural que possuí.

Julho.2021

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